SOBRE O MUNDO

Do livro “O Livro Aberto”

Este mundo existe há bilhões de anos, mas a Cabalá não fala de 6.000 anos que normalmente contamos em nosso mundo, mas de 6.000 níveis que descrevem a ascensão da alma de volta à sua raiz, para o lugar de onde veio.

Os 6.000 anos que os judeus contam são a extensão de tempo da descida e ascensão das almas. Ao final dos 6.000 anos, todas as almas deverão estar corrigidas e subir de volta à sua raiz. O mundo em si continuará a existir quando esses 6.000 anos terminarem.

O tempo é apenas uma sensação interna e não existe  por si só. A sensação de tempo é uma seqüência subjetiva de eventos que se concatenam por meio de causa e efeito. Baal HaSulam escreve no Talmud Esser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot) que tempo e espaço são termos que existem apenas em relação aos humanos, que, de fato, o tempo não existe.

No momento em que alguém cruza a barreira entre causa e conseqüência e começa a ascensão espiritual, o presente e o futuro se fundem  em uma coisa só. Até mesmo as leis da física começaram a revelar que existem processos nos quais o fim vem antes do começo, ou seja, que o tempo não passa de um conceito interno, psicológico dentro de nós.

A humanidade foi criada para descobrir seu estado mais elevado, o ponto mais elevado. A obtenção do objetivo depende de com o que nos identificamos: com nossa alma ou com nosso corpo? Isso determina nosso ponto de vista sobre a vida e nosso corpo.

Nossas almas estão unidas em conjunto. Quando uma pessoa descobre o mundo superior, percebe como é forte a união entre ela e as outras almas. No momento, tudo que podemos perceber é o nosso corpo, esse é o porquê de pensarmos que estamos divididos em vários corpos. Mas a alma é uma estrutura que existe em cada um de nós – a mesma alma dentro de todos nós, é por isso  que quando uma pessoa começa a se identificar com sua alma as muralhas entre ela e as outras almas desmoronam porque ela pode ver e sentir que possui algo em comum com todas as pessoas e todas as nações – um corpo espiritual coletivo.

Quando tudo finalmente estiver corrigido, todos estarão unidos em uma alma coletiva, sentindo aquele vínculo e vivendo nele. Se pudéssemos ver o estado futurístico, corrigido, veríamos que não há diferença entre uma pessoa e outra. Tornando-se conhecido ao homem, aquele fato começa a ditar seu ponto de vista ao mundo.

A Cabalá afirma que não é necessário ferir as pessoas para faze-las “boas”, morais, mas devemos abrir seus olhos para como a realidade é construída. Então, naturalmente, elas irão querer sentir-se bem do íntimo de sua natureza egoísta, e por essa razão não prejudicarão uma à outra. A humanidade precisa chegar exatamente a esse estado.

Tudo neste mundo foi criado com um propósito. Não existem coincidências. Todo nosso planeta e o universo inteiro foram feitos de substância corpórea, mas em precisa conformidade com as forças espirituais superiores. Cada detalhe é feito de forças, e cada força espiritual possui um objeto corpóreo que corresponde a ela. É por isso que o homem estuda o espiritual, porque é a origem do mundo corpóreo. O homem começa a entender porque tudo é ordenado como é, porque neste mundo tudo resulta do mundo espiritual.

Além do mais, qualquer força espiritual está ligada a sua conseqüência em nosso mundo. É por isso que quando ascendemos para o mundo espiritual e corrigimos alguma coisa lá, alteramos imediatamente a conseqüência que provém daquela coisa, aqui neste mundo.

Por toda a história da humanidade, a providência compeliu o homem a estudar o mundo à sua volta. Os animais não precisam perceber o mundo, apenas o homem, que precisa perceber o mundo à sua volta simplesmente para existir. O homem precisa descobrir o mundo que o circunda para melhorar sua situação, para sustentar a crescente população, para a alimentar e vestir. O homem precisa evoluir, desenvolver a ciência para saber como tirar proveito da natureza para seu próprio benefício. Sem a ciência, a humanidade teria sido incapaz de sobreviver e permaneceria no nível de não mais do que uma tribo primitiva até hoje. O homem precisa atingir um tal estado no qual é mestre de seu próprio destino, e a natureza não permitirá a ele que permaneça em seu nível bestial. A natureza o obrigará a participar ativamente da liderança do mundo. Essa é a diferença essencial entre o nível de “homem” e aquele de um “animal”.

Diferente da ciência convencional, a Cabalá permite que o homem perceba ou compreenda as forças espirituais apenas de acordo com o nível de correção interna do homem. É por isso que não existe o perigo que a você seja permitido estudar  Cabalá  se  você  for  impróprio  para  isso,  incorreto,  ou  seja,  se  tiver intenções “impuras”. Diferente de outras ciências, na Cabalá ninguém pergunta se você é bom ou mau, ou com que propósito você “invadiu” essa área, como você usará o conhecimento que está para obter, mas o princípio guia é abrir a porta, deixar você entrar e ver por si mesmo. Não existem comissões de investigação na Cabalá para ver quão leal uma pessoa é ao Criador, mas a pessoa adquire a habilidade de interferir na providência de acordo com sua correção. Apenas com os atributos corrigidos Dele, a pessoa pode começar a fazer parte da providência e a se tornar envolvida nas ações desta.

É por isso que é impossível tirar proveito das forças superiores e prejudica- las. Isso contradiz a própria natureza, ou seja, não existe a possibilidade de causar qualquer dano, porque logo que você corrigir sua intenção para melhor, mesmo apenas um pouquinho, você poderá manipular a força superior precisamente naquela medida. É por isso que não existem proibições sobre estudar Cabalá. Ela jamais pode ser usada para infligir dano, e em toda a história humana não existe um só testemunho de um ato como esse.

Os líderes do mundo não são pessoas livres mas são como fios condutores das forças superiores. Eles não podem ser culpados pessoalmente por suas ações, porque de uma forma ou de outra agem conforme lhes é ditado de cima – eles também não são escolhidos por nós. O homem possui a habilidade de escolher apenas quando adentra a espiritualidade, mas antes disso ele é como o resto da humanidade, como um “rebanho de animais.”

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