CAPÍTULO 5

Do livro “Sabedoria Maravilhosa”

OS MATERIAIS DE PESQUISA DA CABALA

A Cabala sempre foi ensinada através de livros. Os primeiros livros  sobre a Cabala foram escritos há milhares de anos. Adão escreveu o livro Raziel Hamalaach (O Anjo Raziel), e o Patriarca Abraão escreveu o livro Sefer Yetzira (Livro da Criação). O Zohar foi escrito por volta de 1.900 anos atrás. Todos estes livros estão disponíveis até os dias de hoje.

O principal livro, fundamental, que estudamos é chamado Talmud Eser Sefirot (O Estudo dos 10 Sefirot). Consiste de seis volumes e mais de 2.000 páginas que representam as leis do sistema da criação em termos científicos. Quando as estudamos, recebemos uma iluminação especial, uma Providência especial do Alto.

O motivo para o estudo desta grande obra é o fato de ela ter sido escrita de uma maneira dirigida para as pessoas desta geração. Ao longo da história, os Cabalistas escreveram materiais que eram dirigidos a gerações específicas. Os materiais das diferentes gerações na verdade apresentam o mesmo conteúdo, mas foram apresentados de uma forma que era mais fácil para que aquela geração compreendesse.

Mas mesmo que não compreendamos uma única palavra do que lemos, mesmo que não tenhamos idéia alguma sobre o mundo espiritual, a aproximação ao Criador começa com a primeira lição. Quando os Cabalistas escrevem livros, é porque já alcançaram um determinado nível espiritual. Quando lemos os livros, desejando de algum modo ter contato com  esse mundo a partir do qual o Cabalista escreveu, somos envolvidos em uma iluminação desse lugar. Não a sentimos, mas ela aos poucos nos prepara para a fase em que começamos a sentir mais e mais aquilo que os  livros  descrevem.

É assim que uma pessoa inicia o processo de ingresso no mundo espiritual. Claro que, não é tão simples como apresentado aqui. Por exemplo, no Bnei Baruch, existe todo um sistema que abrange o estudo de artigos e lições específicas e o cumprimento de um conjunto específico de conteúdos.

Sucintamente, temos todo um sistema, o Sistema da Criação, nos aguardando. O sistema da criação é tudo à nossa volta: o que é percebido, e o que não é percebido. As nossas emoções contém aquilo que percebemos com os nossos cinco sentidos, bem como algo mais. Esse algo mais é aquilo que não podemos sentir hoje – um “sexto sentido” – um sentido adicional que será desenvolvido em nós no futuro. Chamamos à informação percebida por esse sentido, “O Sistema da Criação.”

O texto do livro genuíno de Cabala descreve precisamente como funciona o mecanismo que opera a realidade. Usando gráficos e fórmulas, ele apresenta a “sala de comando da realidade”, muito parecido com um manual de usuário. Estas orientações visuais nos ensinam como as leis funcionam na espiritualidade, e como podemos influenciá-las com a mente e a vontade, consequentemente afetando os resultados que voltarão a afetar-nos.

 

O ZOHAR

Em hebraico, Zohar significa “esplendor,” como em: “Os justos sentam- se com suas coroas em suas cabeças, e regozijam no  esplendor  da Divindade.” A sensação do Criador (a Luz) na alma coletiva, é chamada “Divindade,” de acordo com o Zohar. Sempre que os livros de Cabala digam, “Assim foi escrito no livro…” referem-se ao Zohar.

Aparentemente, todos os outros livros não são considerados livros, porque a palavra “livro” (Sefer em hebraico) vem da palavra Sefira, que por sua vez vem da palavra “safira”, radiância, uma revelação (da Luz, O Criador). Isto só se encontra no Zohar.

O Zohar é um importante livro Cabalista, mas é escrito de uma maneira oculta, tornando a sua compreensão impossível até que uma pessoa tenha atingido o mundo espiritual. Por esta razão, não iniciamos com o Livro  do Zohar. Em vez disso, existem introduções e livros escritos por Yehuda Ashlag (conhecido também como Baal HaSulam) que nos ensinam como entender o que está escrito no Zohar.

O Livro do Zohar não é um livro através do qual se alcança a espiritualidade; ele foi escrito para aqueles que já a alcançaram. Para compreendê-lo adequadamente, precisamos estudar primeiro diversos outros livros, tais como: A Ciência da Cabala, Introdução ao Livro do Zohar, Prefácio ao Livro do Zohar e Introdução ao Livro do Zohar. Sem antes adquirir o conhecimento claro e correto destes materiais introdutórios, o livro nos permanecerá incompreensível.

Baal HaSulam leva em consideração esta questão na Introdução  ao Livro do Zohar (item 61): “Devemos indagar também por que o comentário ao Zohar não foi revelado antes da época do Ari. Por que não foi revelado aos  seus predecessores? E, o mais desconcertante de tudo, porque não foram as palavras do Ari e o comentário ao Zohar revelados até aos dias de hoje?”

Em primeiro lugar, porque o Zohar foi ocultado? A resposta é que, o mundo passou por três fases de desenvolvimento durante 6.000 anos da sua existência. Os primeiros 2.000 anos são denominados Tohu, os 2.000 seguintes, Torah, e os últimos 2.000, Os Dias do Messias. É importante observar aqui que os 6.000 anos de existência nada têm a ver com a idade do mundo. Eles dizem respeito ao período durante o qual os seres humanos evoluíram espiritualmente.

Durante os primeiros 2.000 anos, as almas que desceram eram sublimes, com desejos pequenos e Luzes pequenas. O desejo era apenas limitado à existência física. Não lhes foi dada a Torah, pois para essas almas a simples existência era suficiente para a sua correção.

Nos 2.000 seguintes, as almas desceram com desejos mais evoluídos, em que precisavam de Luz maior para a sua correção, a Luz da Torah. Mais para o final do período dos 6.000 anos, no terço restante, desceram as almas mais grosseiras. Tais almas necessitam das maiores Luzes para a sua  correção – a Luz da Cabala. Antes desse período, a Cabala não foi necessária, do mesmo modo que a Torah não foi necessária nos primeiros dois mil anos.

Durante a época do Ari (final do século XVI), nos aproximamos do final da correção da parte principal, a terceira e última fase do desenvolvimento das almas. Como resultado, a sabedoria sublime foi revelada através da alma do Ari. As almas das primeiras gerações estavam num nível mais alto do que as  da última, mas quanto maior é a correção necessária, consequentemente maior é o alcance e a adesão ao Criador.

Durante os últimos 2.000 anos, principalmente a partir da época do Ari, as almas que desceram a este mundo tornaram-se cada vez mais grosseiras e egoístas. Elas devem, portanto, estudar e implementar a Cabala para a sua correção. Isto é fácil de ver, pois hoje os nossos desejos manifestam-se de  uma forma galopante, comparado a algumas centenas de anos atrás.

O Zohar foi escrito da forma que foi, propositadamente, como o próprio livro lhe dirá. Apenas aqueles que já compreenderam a realidade espiritual podem saber o que está escrito nele e olhar o texto como uma representação das situações espirituais. Eles vêem as representações e as identificam com estados espirituais a que pertencem. Nós não podemos fazer isso, pois ainda não temos a visão espiritual.

Os escritos do Ari, porém, apontam para almas mais desenvolvidas de ciclos posteriores, e, portanto para nós parecem diferentes. Mas o mais adequado para nós são os escritos de Yehuda Ashlag, Baal HaSulam. Estes são destinados à nossa geração, motivo pelo qual nos parecem como livros- texto sistemáticos, tal como em qualquer outra ciência, muito parecidos com os textos que estudamos em uma faculdade.

Oferecem perguntas e respostas, interpretações do significado das palavras, e uma clara divisão das matérias, diferenciados por tópicos. Também nos mostra como executar o tópico pertinente a discussão. Existem artigos especiais que acompanham esses livros, os quais especificam como devemos nos relacionar com o nosso próprio estudo.

A nossa geração não tem problema nenhum em abordar o estudo imediato da Cabala. Ao contrário de todas as outras ciências, esta sabedoria não requer estudo prévio. É suficiente para que uma pessoa sinta que a vida é difícil, tenha um sentimento de inquietação, veja a vida como não tendo sentido, ou simplesmente comece a questionar o sentido da vida. A pessoa pode então iniciar a estudar os livros e começar a avançar.

No segundo item da sua Introdução ao Estudo das Dez Sefirot, o texto mais complexo do estudo da Cabala, Baal HaSulam especifica a pessoa para quem ele escreve o livro. Ele o dirige apenas, aqueles que sentem o ardor da questão, “Qual o sentido da minha vida?”

Ele acrescenta ainda no item 155 que, ao estudar, mesmo o aluno não compreendendo o conteúdo do livro, o texto lhe revelará formas de se comportar a fim de alcançar a espiritualidade.

 

O ESTUDO DAS DEZ SEFIROT

O livro, Shaar HaGilgulim, descreve como o Ari, em seu leito da morte, proibiu a todos os seus discípulos, exceto Chaim Vital, de estudar Cabala. Chaim Vital, na aquela época, não alcançou completamente a Cabala, e assim decidiu não editar ou publicar os escritos do Ari.

Três gerações mais tarde, Rav Tzemach, Rav Paprish e Shmuel, filho de Chaim Vital, começaram aos poucos a desenterrar os escritos do Ari, a separá- los e a publicá-los em forma de livro. Porém, nenhum deles tinha a obra completa, e assim não puderam entender e compilar corretamente, o sistema da Cabala do Ari.

Foi somente no Estudo das Dez Sefirot, que o sistema foi processado de forma completa. Por essa razão, nós não estudamos os outros livros que Rav Tzemach, Rav Paprish, e Shmuel Vital publicaram, embora às vezes retiremos excertos dos mesmos, como foi feito pelo Baal HaSulam no Estudo das dez Sefirot. Além do Estudo das dez Sefirot, nenhum outro livro (aqui não me refiro a artigos e cartas sobre o trabalho espiritual) contém qualquer outra compilação sistemática da ciência da Cabala.

 

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