CAPÍTULO 11
Do livro “Sabedoria Maravilhosa”
INTENÇÃO – O NOSSO TRABALHO
O nosso trabalho inicia-se com a busca do simples reconhecimento de uma notável verdade. Esta verdade é que não existe ninguém, além Dele. Quando começamos a estudar, nós somos atraídos para muitos elementos diferentes e confusos da Cabala. Estudamos muitos artigos que abordam a Cabala por duas direções diferentes. Por um lado, a Cabala é apresentada de uma maneira completamente científica e factual. Por outro, a Cabala é apresentada de uma forma mais emocional, “sentimental”. Ainda assim, no final, ambas as direções levam a uma única e fundamental conclusão: não existe ninguém além Dele.
No entanto, descobrir esta verdade fundamental não é tarefa fácil, pois ela nos golpeia. Em nossas pesquisas, nós lemos a este respeito e faz sentido. As nossas mentes não têm dificuldade nenhuma em imaginar que por trás de tudo, sim, não existe ninguém, mas Ele. Mas quando colocamos os livros de lado, ou desligamos a aula do computador e retornamos às nossas vidas diárias, nós encontramos numerosas situações que nos distraem deste princípio.
O estudante da Cabala retorna a ser o trabalhador diário com uma esposa ou um marido, com um emprego, filhos, parentes, amigos, passatempos, e todos os problemas que os acompanham. Os mais nobres conceitos aprendidos na aula ou na leitura, de repente voam pela janela quando o telefone toca ou um esposo frustrado começa a descrever uma pequena catástrofe. A mais profunda sabedoria parece se desvanecer no ar quando um chefe nervoso entra no escritório reclamando sobre um pequeno erro.
Com o passar dos meses e até mesmo de anos, o estudante percebe que existe uma espécie de guerra entre o espiritual e o material. Por um lado, toda a frase escrita ou lecionada pelo professor parece trazer novas revelações. Mas as acrobacias cotidianas para lidar com os problemas da vida, frustrações, e até mesmo as alegrias parecem anular o material.
Esta luta decorre alegremente até ao dia em que o Criador envia um pensamento que inicia o processo de cura. O que é este pensamento? É a mesma essência que o estudante começou a estudar há muito tempo atrás, que não existe ninguém além Dele.
Como é que este pensamento se manifesta? Ele vem até nós através de uma aula, de um artigo, ou às vezes de uma simples reflexão, “Talvez esses obstáculos que nos detêm são realmente enviados por Ele”. À medida que o estudante se aprofunda neste conceito, o desejo de pesquisar, de testar, de encontrar, aumenta. Este é o início de um processo que o irá guiar a uma incrível jornada de descobertas.
Pode-se comparar este processo a um tribunal judicial. Os nossos tribunais são estabelecidos com um único propósito: atribuir responsabilidade a alguém. A sua função é atribuir culpa por uma manifesta ação que tenha ocorrido. Em tribunais de pequenas causas, por vezes existe somente um juiz que investiga os fatos de uma matéria e determina quem é o responsável. Isto é exatamente em que o estudante da Cabala se torna – num juiz.
O que é que o estudante julga? O estudante julga toda e qualquer ação perturbadora que ele ou ela percebe, para que possa determinar quem é o responsável por essa ação. A pessoa designa responsabilidade para essas ocorrências em sua vida que parecem distraí-la do Criador. A quem o estudante designa a culpa destas ações perturbadoras e por vezes devastadoras? Não existe ninguém além Dele; o juiz coloca a responsabilidade onde a culpa pertence, aos pés do Criador.
Estudantes aprendem que é o Criador Quem envia obstáculos para detê-los de seus caminhos. Mas por que o Criador deseja detê-los? Estudantes trabalham muito, estudam muitas vezes noite adentro, ou bem cedo pela manhã antes do trabalho. Eles atendem muitas palestras e aulas para ouvir o seu professor explicar estas profundas escrituras. O estudante pode até mesmo, pertencer a um grupo que tenham escolhido estudar juntos. Parece que, mesmo com todo este esforço, a última coisa que o Criador quereria fazer seria tentar dissuadir os Seus estudantes, e mesmo assim isto é o que acontece exatamente.
O estudante se questiona, “Como é possível que eu avance?” e então aprende que o Criador está lhe proporcionando a própria solução para este problema. Os problemas são de fato a solução! O estudante percebe que os problemas são os mesmos degraus da escada para subir e avançar em direção ao Criador.
No princípio, a pessoa é apresentada com aborrecimentos pequenos, distrações que removem a atenção da pessoa do Criador. Mas à medida que o processo de atribuição de responsabilidades se inicia, o nosso juiz acha que, no início, não é assim tão difícil trazer o Criador até o primeiro plano. Sim, o Criador esteve por trás deste ou daquele problema.
Mas à medida que o estudante progride, as tarefas se tornam mais árduas. Os obstáculos se tornam mais e mais fortes em relação à própria força e realizações. Parece que, quanto mais se supera, mais difíceis os obstáculos se tornam. E as suposições são exatamente corretas. Mais cedo ou mais tarde, os obstáculos atingem tal nível, que não existe maneira do estudante poder fazer aquela valiosa atribuição de culpa. Porém, o Criador proporcionou também uma solução para isto.
Voltemos ao nosso exemplo do tribunal para examinarmos a solução do Criador. Tal como apresentado anteriormente, num tribunal judicial, problemas menores são tratados somente por um juiz. Mas para situações de maior importância, o tribunal inevitavelmente seleciona um júri para ajudar a determinar a atribuição da responsabilidade. O juiz na verdade, se anula com o respeito de atribuir culpa e aceita a opinião do júri sem preconceito. Por outras palavras, independentemente da opinião pessoal do juiz, ele anula-se e aceita a decisão do grupo.
Agora vemos o verdadeiro valor do grupo de estudantes. Todos, num grupo de estudantes Cabalistas sabem de suas responsabilidades para com o grupo. Esta responsabilidade é para ajudar qualquer um ou a todos os membros, neste tipo de circunstância. Quando aquele evento inevitável ocorre, e o estudante simplesmente não tem poder interior para atribuir a responsabilidade ao Criador, o grupo interfere e lembra ao estudante que “não existe ninguém além Dele”. O estudante afortunado realinha-se novamente com o seu objetivo, alcançar o Criador, e progredir em direção à meta, aquele primeiro momento de equivalência de forma.
Existe uma lei que governa a natureza e a humanidade rigidamente, e a Fonte desta lei é uma Força poderosa chamada “o Criador.” Em momentos difíceis nós nos voltamos a Ele. Mas às vezes sentimos que se queremos mudar algo em nossas vidas, isto significa que discordamos das Suas ações, que não somos gratos a ele. Então qual é o verdadeiro apelo da alma, aquele que o Criador ouve e responde?
Ao contrário de cientistas comuns, os Cabalistas sentem o que os não Cabalistas não sentem, e tendo desenvolvido um sentido extra, estudam o sistema da criação. Mas este poder tem um objetivo imutável: levar o sistema todo da criação até à perfeição. Como resultado, Ele age em tudo o que não está num estado de perfeição, e empurra em direção à perfeição. Este processo trabalha em todas as partes da criação por igual, e nós sentimos isso como dor e agonia.
Pode-se comparar isto como à pressão que os pais colocam em seus filhos pelo único desejo de felicidade de seus filhos. Mas, enquanto cresce e se desenvolve, a criança sente a pressão como dor. Assim que a criança obtém os atributos adequados, as pressões desaparecem e a criança é feliz e grata.
Da Sua perspectiva, tudo na realidade é já perfeito tanto quanto pode ser. No entanto, enquanto nós não formos perfeitos, a Sua Providência não pode ser sentida como perfeita. O Criador criou deliberadamente a nossa situação corrupta inicial, para nos dar uma chance de escolher por nós mesmos a perfeição como algo desejável e alcançável. Como? Através do método chamado “a sabedoria da Cabala.”
A natureza não nos concedeu poderes para nos mudarmos a nós mesmos. É por isso, que nós não devemos pedir a Ele para mudar a Sua Orientação, mas para nos mudar a nós, para que então possamos sentir a Sua Perfeita Orientação. A única forma de progresso que existe, é voltarmo-nos para as Forças Superiores, por ajuda. Quando nos voltamos para esta força, não quebramos a Sua Lei. Pelo contrário, nós realizamos a única ação que podemos realizar.
Mas o apelo deve vir de uma clara consciência daquilo que estamos pedindo – é para nós mesmos, para satisfazermos os nossos desejos neste mundo, ou é por um apelo pela ascensão espiritual? Nós agora rezamos a Ele porque nos sentimos mal, por uma motivação egoísta, e desejamos nos sentir bem.
Então, nós condenamos a Sua Inteira Orientação com aquele apelo? Claro que sim! Mas a questão é, o que o seu coração sente? Não importa se você chora, grita ou permanece silencioso. O Criador sente o que vai ao coração, muito antes de nós. Quando nós pedimos para mudarmos a nós mesmos, não porque nos sentimos mal, mas porque sofremos nos nossos corações quando amaldiçoamos o Criador, este é já um pedido que não é auto-orientado, para mim, mas uma prece verdadeira a Ele. Para tal pedido, o Criador responde imediatamente!
Certamente, jamais iremos pedir ao Criador correção se não sentirmos a necessidade, para isso. Nós vemos como as pessoas rezam a Deus, pedindo as mais diversas coisas. Mas, este não é o pedido de correção de que falamos, não é uma prece como nós a entendemos. A verdadeira prece é um forte desejo de correção das nossas propriedades para alcançar o Criador, por Amor a Ele.
Nós chegamos a este tipo de prece, bem devagar, ao longo de anos. Primeiro, nós devemos cultivá-la dentro de nós. De início, tem-se os desejos deste mundo, depois pelo Superior, pelo Criador, direcionados mais e mais ao objetivo. No processo, nós mudamos constantemente a definição do Criador, do objetivo e da correção.
Baseados num novo entendimento, a prece de um indivíduo sofre orientações diferentes. Assim que o indivíduo compreende completamente o objetivo, é alcançado – a prece dá frutos e a pessoa ascende ao Criador. Se o indivíduo fala do coração, então todo o apelo ao Criador é novo, apesar de as palavras serem as mesmas. Visto que o coração mudou, a prece torna-se tão nova, que às vezes as mesmas palavras soam estranhas ao suplicante.
Nós não falamos do Criador, mas de como nós entendemos as Suas Propriedades. Por isso, as nossas noções mudam constantemente. Por “nossas noções” entendemos as idéias que pertencem aqueles que trabalham na sua correção interna e que aspiram a ser como o Criador.
Então o que devemos pedir? Peça tudo o que puder, qualquer coisa que a sua mente o deixará atingir – e o Criador lhe dará tudo, quer dizer tudo o que é necessário à realização do invocador.
Uma pessoa nunca sabe como agir quando procura a verdade espiritual, mas se quer crescer espiritualmente, o Criador dá ao buscador tudo o que é necessário.
Os sentimentos nos nossos corações são as preces. Mas a prece mais poderosa, como Baal HaSulam escreve, é o sentimento no coração durante o estudo, o desejo de entender o material, quer dizer de se assemelhar com as suas próprias propriedades. Obviamente, o que é realmente importante aqui é o objetivo.
O objetivo é a única coisa que as criaturas adquirem, além do desejo de se deleitarem no Criador. O Criador fez a criatura com um desejo inerente de se deleitar Nele, em Sua Luz. A criatura só sente uma coisa: a ausência ou a presença deste deleite. Nem sequer se sente a si mesma, mas somente o prazer e a sua quantidade e qualidade.
A razão é que, somente pode sentir-se a si mesma em relação a algo oposto a si. Por isso, a criatura não pode desenvolver-se apenas de uma sensação de prazer. Tal sentimento existe no inanimado, no vegetativo e no animado (incluindo o ser humano animado).
A capacidade de sentir o Criador é o que diferencia os humanos das outras formas da criação. Seria mais correto dizer, que a pessoa que sente o Criador é chamado “Homem.” Na linguagem da Cabala, Homem é o Recipiente (Kli) que sente não apenas o prazer, mas também a fonte do prazer. É necessário desenvolver a vontade nesta extensão, porque o inanimado, o vegetativo e o animado são diferentes uns dos outros somente na medida do seu desejo de receber.
A medida do desejo causa mudanças na sua qualidade. O desejo de receber (que está além do inanimado) traz vida, com ele. Uma maior vontade de prazer cria animais e gera movimento com o intuito de procurar prazer, a sensação do ser como uma entidade individual.
Prazer, só é possível na fronteira entre duas sensações opostas. A sensação de oposição entre a criatura e Criador cria o objetivo. A criatura é um desejo de prazer. Somente o objetivo permite duas situações: o objetivo para mim, que é o estado corporal, e o objetivo pelo Criador, que é o estado espiritual, porque neste, uma pessoa torna-se similar ao Criador.
Um objetivo para o Criador é a única coisa que precisamos adquirir do Criador, da Luz. Este objetivo nos direciona para o propósito da criação e nos torna equivalentes a Ele. Por causa disso, a Cabala é a “sabedoria do objetivo.” E o objetivo é bastante diferente da ação.
Um ato físico por si só, não faz nenhuma diferença no Mundo Superior! É dito, que uma ação sem intenção é como um corpo sem alma, e, portanto é considerado um ato sem vida, negado da intenção espiritual “pelo Criador”.
Mas o objetivo surge gradualmente, de acordo com o progresso de cada um no estudo da Cabala.
A sabedoria da Cabala é sobre as intenções, e sobre como mudar o coração para o Mundo Superior. Se uma pessoa inicia os estudos e não consegue adicionar a intenção correta pelo Criador, esse período é chamado de Lo Lishma (não pelo Seu nome), não pelo Criador, isto quer dizer que nesse período as ações do estudante são todas para ele.
Mas se uma pessoa não faz nada para desenvolver os seus objetivos, aí a pessoa não trabalha nem para Lo Lishma (não pelo Seu nome), mas simplesmente exerce um ato sem vida. No entanto, a pessoa não deverá parar de fazê-lo, porque a certa altura o objetivo para Lo Lishma (não pelo Seu nome) virá, e Lishma (pelo Seu nome) virá a seguir. Atos físicos são sempre justificados, mas você tem de aspirar a não ficar limitado por eles.
Uma pessoa não pode sentir o seu próprio coração ou a sua verdadeira situação. Estes estão em princípio ocultos e só são revelados gradualmente, de acordo com a nossa habilidade para corrigir os nossos desejos originais. É muito fácil abrir um livro de preces e lê-lo, mas é muito difícil alcançar crescimento espiritual com o qual os sentimentos no coração de uma pessoa, irão se assemelhar à palavra escrita; quando o coração reconhece e vive as palavras como a verdade autêntica.
Quando estudamos Cabala, nós ampliamos a iluminação da Luz Superior. Como resultado, começamos a nos sentir pior, e os nossos espíritos declinam. Mas, devemos entender que este é um estado de correção; caso contrário, não nos teria sido mostrado do Alto que nós somos maus. Nós ainda não nos sentimos como maus, e não estamos num estado de Reconhecimento do Mal, dentro de nós.
Se, começamos a estudar Cabala, nós veremos a nossa real situação, que é caracterizada pelas palavras “oração é o trabalho do coração.” Isto, quer dizer que a oração envolve trabalhar com os desejos do coração, corrigindo-os. Nesse momento, começamos a entender o verdadeiro significado das palavras que dizemos, e iremos saber o que temos de fazer.
Ficará claro que a oração prece é o nosso trabalho na tela, sobre a natureza. Somente um coração corrigido, que sente as suas duas situações extremas – a sua condição original quando estava distante do Criador e a sua atual, quando está preenchido pelo Criador – somente tal coração pode sentir a benção do Criador e abençoá-Lo.
Os seus sentimentos durante os seus estudos – sobre si e sobre o Criador – são as suas preces mais honestas! Isto foi o que o Rav de Kotzk escreveu em seu livro, Yosher Divrey Emet (Honestidade e Palavras da Verdade). É por isso que você não precisa dos textos de preces adequados. O mais correto, é como você se sente em relação ao Criador.
O seu entendimento da interpretação dos termos da Cabala irão se aprofundar de acordo com a extensão dos novos sentimentos que surgirão dentro de si. Por exemplo, você verá que Faraó são as características incorretas da pessoa; que Exílio é quando a pessoa se distancia do mundo espiritual; que Liberdade é a libertação da autoridade de sua própria natureza, e assim por diante.
Você será capaz de ver que todas as preces nos livros de orações e Salmos, foram escritos por pessoas que passaram por estas situações – Cabalistas em altos níveis espirituais. É por isso, que também nós, em nossos próprios níveis, podemos usar estas preces como expressões práticas dos nossos pensamentos e desejos.
Mas, então e a mente? A oração é o trabalho do coração, mas a mente nem sempre concorda com esta sensação. Por exemplo, uma pessoa tem de fazer um teste muito importante e difícil, e isso a aterroriza. Todo o seu ser pode até chorar, “Eu não quero aquele teste!” Mas, a sua mente ajuda-a a entender o quão importante é passar aquele teste. Por isso, ela se volta para o Criador com um pedido consciente para fazer o teste e passar.
A mente pode nos ajudar a decidir se podemos ou não fazer o esforço. Nós podemos influenciá-la e convencê-la a obedecer-nos. Por fim, nós faremos o esforço e do Alto nós receberemos novos desejos e emoções.
Sentimentos é o que eu experiencio na minha vontade. A mente completa corrige e avalia os sentimentos, e é por isso que ela pode mudar a atitude de uma pessoa a respeito deles. Então, todas as coisas que afetam a mente – amigos, grupo e professor – são o que determinam o futuro de uma pessoa. Cabala nos ensina a mudar a maneira como nos relacionamos com os nossos sentimentos para que “verdadeiro” e “falso” tenha poder sobre nós, ao invés de “amargo” e “doce.”
Em termos Cabalísticos, uma prece é o pedido por correção, do inferior e ascensão do desejo de ser corrigido ao Partzuf Superior (elevar MAN). Se o inferior souber o que pedir, sabe exatamente o que quer, e o que quer ser (quer dizer que dentro dele já existe um desejo suficientemente atormentado, e somente aquele desejo), naquele ponto o Superior responde e o inferior é elevado.
Este processo envolve todos os mundos, Partzufim e Sefirot do nosso mundo (a situação em que nos encontramos agora) através do mundo de Ein Sof (infinito; a situação que não podemos sentir), embora você esteja tanto nela quanto você está no nosso mundo. Isto é a total plenitude, realização e satisfação.
O teste e a prova de que a pessoa foi atendida pelo Criador, tem equivalência a Ele, e depois entra no mundo espiritual, é somente na real sensação do Criador, da Luz, da equivalência e unidade. Esta sensação é sempre íntima e pessoal, e é impossível transmiti-la a uma pessoa que não a sente. É por isso que se diz, “Prove e veja que o Senhor é bom.”
Enquanto a pessoa não tiver adquirido uma tela e não tiver sentido a Luz interna do Partzuf, chamada Taamim (sabores), ela pensa que não está se afastando de sua própria natureza, mas antes caindo mais fundo nela.
Porque a Luz do Criador influencia a pessoa a uma maior extensão, a pessoa considera os atributos (isso ainda está inalterado) restantes como piores. Assim, a pessoa pensa que não é a Luz que é mais forte, mas que ela mesma está mudando para pior. Mas, embora cada passo do caminho parecer indicar que a situação está piorando a pessoa que caminha a estrada verá o seu fim.
Se eu observo uma qualidade negativa em mim e, sofro por ela estar em mim, devo eu pedir ao Criador com toda a minha força, ajuda para corrigi-la? Ou, será melhor tentar ignorar esta característica porque “a pessoa está onde os seus pensamentos estão,” e pensar somente na grandeza do Criador, sobre como tudo vem Dele, incluindo aquela qualidade, e tentar ver a Sua Providência em tudo. Afinal, Ele criou-me desta maneira, então porque devo eu corrigir-me?
O Criador criou-nos opostos a Ele para que desejemos ser como Ele, precisamente por esta situação oposta. Este é o propósito de todos os pedidos. Por isso, nós devemos enaltecer o Criador, sabendo em nossos corações que o atributo do Criador é o mais elevado e perfeito.
Mas, se tudo o que fazemos é choramingar sobre as desgraças sem formar uma decisão clara de que devemos ser como o Criador, pelo menos de alguma maneira, então os nossos pedidos são somente para nós, sem preocupação pelo propósito da criação.
No entanto, não se pode determinar quais serão os pedidos ao Criador, ou enaltecer o Criador de forma independente, porque tais pedidos são diretamente estendidos de dentro, do coração, mesmo antes que se saiba o seu significado. O desejo, qualquer desejo do coração é chamado de “prece”. Quando uma pessoa reza para ser capaz de justificar o Criador sobre qualquer circunstância, essa pessoa é chamada de Tzadik, quer dizer justa, aquela que justifica o Criador.
Os nossos esforços são necessários para que uma atitude correta aos atributos e características do Criador se formem consciente e propositadamente em nós, para que queiramos aderir ao Criador. Nós não somos o Criador, e não podemos mudar nada em nós. Tudo o que podemos fazer, é preparar-nos para querer mudar. Esta é a nossa oração.
Tudo começa no Mundo Superior e depois descende ao nosso mundo. Os nossos movimentos mecânicos (assim como tudo o que ocorre na natureza) não têm efeito algum no Mundo Superior, porque o nosso mundo é meramente uma consequência deste, isto quer dizer, que segue os mandamentos da Orientação que vem do Alto.
Qualquer coisa que acontece neste mundo é uma consequência das forças, mandamentos e influências que descendem do Alto. A única coisa que ascende do nosso mundo ao Mundo Superior são os desejos que vêm do fundo dos nossos corações. Somente eles evocam respostas no Mundo Superior. É assim que eles o influenciam. Como resultado, eles também influenciam o que descende até nós. Os desejos do fundo do coração de uma pessoa são chamados de “oração”.
Todos os nossos desejos, sem exceção, são divididos de acordo com objetivos de desejos para mim e desejos para o Criador. O Criador determina os nossos desejos e não podemos mudá-los, porque o Criador quer que nós os corrijamos. Quando se fala sobre a correção dos desejos, a idéia não é mudar o desejo, ou suprimi-lo, mas mudar o objetivo inicial de para mim para o objetivo desejado, para o Criador.
A Orientação Superior existe somente para este propósito – de constantemente nos abastecer com desejos, para que aos poucos os possamos digerir e chegar à percepção de que eles precisam ser corrigidos. Todas as ações espirituais são na verdade correções da intenção dos nossos desejos. Para que nos deleitemos no Criador, na Sua Luz, devemos mudar os nossos objetivos de para mim (para receber) para o Criador (para dar).
É muito difícil manter pensamentos sobre o Criador. Você pode sentir que nada está acontecendo, ou que a sua situação não está mudando. Mas na realidade, se o tempo passa você passa por algo, porque em qualquer momento ocorrem mudanças em si. Quando o objetivo é superar uma parte do seu desejo preliminar, de deleite para si mesmo e corrigir o seu uso, só lhe fará bem estar imerso em pensamentos sobre o Criador.
Você lembrará o Criador na extensão das suas observações internas, embora elas ainda não estejam na sua consciência. Você pode acelerar o processo somente através da intensidade de pensamento, através da leitura de textos de Rav Baruch Ashlag e dos escritos de Baal HaSulam.
Intensidade de pensamento e poder de pensamento são na verdade determinados pelo tempo que se está conectado em pensamento com o objeto da contemplação. Adquire-se isto através da prática, ao tentar manter os seus pensamentos invencíveis, apesar das perturbações. Você deverá passar por tudo isto por si mesmo, assim como não existe ninguém mais sábio, senão o experiente. A Cabala é um método prático que a pessoa deve experimentar por si própria.
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