A REENCARNAÇÃO

Do livro “O Livro Aberto”

As almas descem aos corpos físicos de acordo com uma ordem fixa e predeterminada. Toda vez, elas retornam a este mundo em um corpo novo. As características físicas de cada geração são similares às daquela que a precedeu,  mas as almas de cada geração vêm ao mundo com experiência acumulada das gerações anteriores. Elas têm novos poderes que adquiriram durante sua estada  “lá em cima”.

É por isso que em cada geração existe uma série de desejos, objetivos de vida, que caracterizam aquela geração. Em cada geração, descem almas com novos desejos latentes. Os desejos determinam como a ciência, a cultura, a arte e os relacionamentos sociais daquela geração irão se desenvolver.

Tudo é determinado de cima, mesmo antes das almas descerem a este mundo e determinarem a direção do desenvolvimento daquela geração. Olhando para os atributos das almas que descem ao mundo, é possível prever todos os detalhes do desenvolvimento de uma determinada geração, incluindo todos os eventos importantes que acontecerão, até os últimos detalhes, pois, antes de mais nada, as informações espirituais nas almas incluem tudo!

Mesmo que determinada geração não desenvolva o desejo de descobrir a verdadeira realidade – o Criador, ainda faz um certo progresso naquela direção quando experimenta dor e tormentos que são enviados a ela pelo Criador. Portanto, cada geração acumula experiência ao relacionar-se com seu egoísmo e, como resultado, começa a sentir aquela dor. Mas, nesse ponto, ainda é uma dor inconsciente porque a verdadeira razão para ela, que deriva de nossa natureza egoísta, não foi compreendida até aquele momento.

Conseqüentemente, a memória acumulada do tormento de todas as gerações trará o entendimento de que recebemos benevolência apenas de cima. Quando sentimos aquela benevolência apenas através de nossos vasos egoístas, a sentimos como absoluta maldade! A evolução das gerações nos levará à percepção da verdadeira realidade!

Tipos diferentes de almas descem durante cada era histórica, porque precisam de tipos diferentes de providência. Elas precisam da providência que se adequará aos tipos de almas que estarão no mundo naquele momento.

É por isso que em cada geração existem pessoas que conduzem-nos ao progresso espiritual. Elas escrevem livros, estabelecem grupos de discípulos, tudo isso para nos transmitir o método que melhor se adequará ao tipo de alma atual, pelo qual a verdadeira realidade nos é revelada, e a atingimos.

Em seu “Prefácio ao Zohar”, Baal HaSulam escreve que as almas descem a este mundo por um período de seis mil anos. Em cada geração, as almas são caracterizadas por qualidades cada vez piores e mais grosseiras.

Cada geração precisa de sua própria correção. Durante os dois primeiros milênios, as almas que desciam eram de fato tão puras que sequer precisavam da Torah para cumprirem com sua parte. Elas evoluíam neste mundo sem qualquer necessidade por um meio de revelação e compreensão da espiritualidade. Foi um tempo de obtenção de experiências e tormento neste mundo. O fato de terem existido neste mundo foi suficiente para avançarem rumo à correção espiritual. A dor acumulada pressionou as almas a saírem daquela situação dolorosa. A força motriz do desenvolvimento humano é de fato o desejo de se livrar da dor.

Nos próximos dois milênios, elas precisaram apenas da Torah revelada e do cumprimento físico das mitzvot (N.T.: mandamentos, preceitos) para sua evolução espiritual.

Elas se relacionavam com as mitzvot como ações que tinham a ver com o mundo físico. O cumprimento mecânico das mitzvot foi suficiente para que fossem purificadas e avançassem rumo à correção.

Mas a compreensão do objetivo das almas não acaba aqui. O número de almas é limitado: existem 600.000 almas. Cada vez, as almas descem ao mundo para realizarem, novamente, um outro progresso espiritual.

Quando nos referimos a uma alma como grosseira ou não grosseira nos referimos à duração de tempo que resta até que ela atinja o fim da correção. A alma que precisa de maior correção é considerada mais grosseira.

A era do declínio das almas durou até o século XVI, e terminou quando o ARI escreveu que do seu tempo em diante o estudo da Cabalá não seria apenas desejável, mas um dever para cada um: homens, mulheres e crianças de todas as nações.

É explicado que as almas alcançaram um determinado grau de evolução, de maneira que cada alma, ao usar o sistema exclusivo que o ARI desenvolveu, será capaz de atingir a compreensão completa da realidade, a compreensão da origem da  luz  e  do  fim  de  sua  própria  correção.  Conseqüentemente,  todas  almas poderiam compreender o propósito para o qual vieram a este mundo, para desempenhar seu destino neste mundo.

Só essa condição, já necessita da compreensão da verdadeira realidade, que a sabedoria da Cabalá possibilita. Essa compreensão acontecerá apenas quando toda a humanidade encontrar as leis da verdadeira estrutura do mundo, a origem delas; nesse momento, o tormento e a dor desaparecerão do mundo.

Quando compreendermos como a realidade nos afeta e como nos relacionamos com ela, desistiremos de corromper o que não devemos; não perderemos as oportunidades de se fazer o que precisa ser feito, e todas nossas ações serão conscientes e corretas – de acordo com a lei do universo. Então, este mundo e o mundo que descobriremos coexistirão em completa harmonia.

Mas, neste meio tempo, somos apenas capazes de errar. Apenas em retrospecto podemos ver que corrompemos ao invés de corrigirmos. Hoje, não há como evitarmos o erro. A humanidade está num beco sem saída, e indo em frente infligindo dor e fazendo o mal cada vez mais.

Nossa dor continuará a aumentar até que finalmente toda a humanidade compreenda que há apenas um caminho: o caminho do crescimento espiritual. Precisamos compreender isso: não temos outra alternativa, além de começarmos a estudar as leis do mundo superior, experimenta-las e entende-las, pois somos uma parte inseparável dele.

Este entendimento mudará dramaticamente nossa situação, e nos fará atingir níveis espirituais mais elevados. Começaremos a agir de maneira consciente, a partir de uma perspectiva mais ampla, a compreender o objetivo  final e começaremos a trabalhar juntos, e não como indivíduos que não se importam com ninguém além de si mesmos.

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