A LIBERDADE DE ESCOLHA

Do livro “O Livro Aberto”

O Baal HaSulam (Rabino Yehuda Ashlag) escreveu um ensaio intitulado “A Liberdade”. Devemos agora tentar investigar em profundidade a questão da liberdade e esclarecer o sentido deste artigo.

A liberdade (em hebraico: Herut), independência, como o Baal HaSulam explica para nós em seu ensaio, existe como uma necessidade básica humana. Mas por outro lado precisamos conferir e ver: há liberdade em alguma de nossas ações?

Se nascemos com todos os parâmetros dados adiantadamente: nossas emoções, sensações, caráter, cada pessoa “sob seu signo”, assim por dizer, e visto que é dito: “Não existe sequer uma folha de grama abaixo que não tenha um anjo acima que a afete e diga: cresça!”, podemos então sequer falar de algum tipo de escolha?

Se toda a natureza à nossa volta, todas as mudanças cosmológicas, as mudanças sociais, não dependem de nenhum de nós, existe alguma liberdade de escolha?

A vida nos é dada, independentemente de nosso desejo, não na época que escolhemos, em condições iniciais que não definimos. Surgimos numa família que não escolhemos, numa sociedade que não escolhemos… assim, o que podemos escolher então?

Se todos esses parâmetros são predefinidos, sobre qual liberdade de escolha podemos falar? Existe uma certa medida de liberdade de escolha? E se não existe, sobre o que então devemos falar, escrever, ou mesmo pensar? Nós apenas seguimos ordens e desempenhamos nosso fim por meio das leis da natureza? E se é assim, é impossível entender com qual propósito existe o mundo que nos cerca?

O Rabino Yehuda Ashlag mostra neste ensaio, que existe um componente da realidade que está dentro de nós, que através dele podemos afetar tudo mais,  se soubermos como alcança-lo e controla-lo. Saberemos então precisamente como o alterarmos para melhor ou para pior, iremos parar de ser completamente dependentes da natureza.

Precisamos aprender a entender as características singulares, a natureza desse componente “livre”, e também a entender exatamente do que precisamos, qual é o nosso objetivo. A medida de nosso controle deste componente, nossa habilidade de altera-lo em si, depende desse entendimento.

Se agirmos assim, poderemos realmente mudar nossa situação neste mundo por nós mesmos e nos tornarmos independentes da natureza, de quando não sabíamos o que iria acontecer um minuto a frente.

Essa habilidade é dada ao homem como uma força primordial, a diferença essencial que o separa do resto do universo. É por isso que é dito na Torah que os dez mandamentos foram “esculpidos (heb: harut) nas tábuas”, e nossos sábios explicam que devemos ler essas palavras não como harut (esculpido), mas como herut (liberdade), ou seja, liberdade e independência. Em hebraico, essas duas palavras são escritas do mesmo jeito.

Com isso, nossos sábios querem salientar que o significado da outorga da Torah, é que se esculpirmos eles (N.T.: os mandamentos) na pedra (e conseqüentemente em nosso coração de pedra – o ponto mais egoísta do homem), se mantermos o seu significado genuíno, espiritual, eles nos trarão à situação espiritual chamada de “liberdade.” Por esta razão nos foi outorgada a Torah.

Após isso, o Baal HaSulam escreve que essa instrução – de não ler como esculpido, mas como liberdade – exige uma interpretação muito mais profunda. Não podemos entender que conexão há entre a outorga da Torah e a liberdade do homem. Qual é o significado da liberdade que recebemos quando observamos os dez mandamentos? É essa, a liberdade com a qual sonhei? A liberdade do homem é representada principalmente pela liberdade da morte. Se o homem fosse imortal, isso alteraria significativamente sua atitude com relação a si mesmo, ao mundo, à vida. Então, não chamaríamos esta realidade de “vida”…

Para entendermos que a liberdade é essencialmente a liberdade da morte, precisamos entender completamente o significado de “liberdade”. Se avaliarmos o mundo à nossa volta de maneira geral, veremos que o inanimado, o vegetativo e o animal (incluindo o homem), não podem tolerar o cativeiro.

Todas as formas de vida sofrem com a limitação de sua mobilidade, de sua liberdade de se desenvolver, da liberdade de se expressarem. É por isso que o Baal HaSulam diz que a humanidade fez esforços tão grandes para atingir a liberdade.

Mas se perguntarmos às pessoas, o que exatamente é a liberdade de  escolha, ou tentarmos pensar por nós mesmos por um momento o que esse termo significa, veremos que de fato não podemos definir claramente o que é a  liberdade:  A liberdade  para  trabalhar?  Para  descansar?  Para  ter  filhos? Para se

 

mover? O que a liberdade significa? Como ela é representada e por que o Baal HaSulam buscou a resposta a essa pergunta?

Ele quer nos mostrar que todas nossas ambições por sermos livres não têm nada a ver com o termo “liberdade”. A liberdade, no seu sentido verdadeiro, é a ausência de qualquer limitação, ou seja, a ausência da morte, de qualquer tipo de fim, ela é a total compreensão, o prazer eterno, onde tudo é perfeito.

Se juntarmos todos estes requisitos, então provavelmente poderemos de alguma maneira chegar a uma situação que pode ser chamada de “liberdade,” ou seja, sem limitações. É por isso que o Rabino Ashlag diz que precisamos primeiro vir a conhecer a situação espiritual que é representada pela palavra “liberdade”, e apenas depois decidirmos se devemos, ou não, nos achegar a ela, e quais esforços  e sacrifícios estamos dispostos a fazer por ela.

Se examinarmos uma pessoa, perceberemos que realiza suas ações cotidianas como um dever. Ela não possui escolha com relação a elas, porque tanto nossa natureza interna quanto a externa nos afetam através de duas forças: o prazer e a dor. Qualquer um que sinta este impacto sobre ele – plantas, animais, pessoas – se sente negado da liberdade de escolha, porque não pode escolher a dor ou rejeitar o prazer de jeito nenhum. Assim, a essência de nossa natureza é desejo por prazer. É por isso que se fizermos uma escolha, ela sempre objetivará atingir o máximo de prazer com o mínimo de esforço.

Suponhamos que realmente não queira ir trabalhar de manhã, chego em casa cansado à noite, mas, pelo menos, sei que assim posso sustentar minha família. Faço um cálculo simples, que tenho de sofrer o dia inteiro para sobreviver e o fato é que substituo a minha dor – meus esforços – pelo que preciso para sobreviver.

O Rabino Ashlag escreve que a única diferença entre homem e animal é que o homem pode olhar para o “futuro”, fazer uma análise prévia dos eventos futuros. Por esta razão, o homem é capaz de aceitar mais sofrimento se vê algum lucro futuro em compensação por seu sofrimento atual.

Os animais, crianças pequeninas, e pessoas pouco desenvolvidas não são capazes de fazer seus cálculos a partir da antecipação do futuro, eles carecem da sensação do futuro, e assim, agem apenas baseados no ganho momentâneo.

Mas em todo caso, todo corpo que existe em nosso mundo faz esse cálculo, porque sente sua vida como uma série de prazeres que são  recebidos ou dores  que se vão, e vive apenas pelo cálculo da dor e do prazer e não possui um plano  de conduta determinado.

Cada um de nós tem seu próprio caráter, atributos de nascença, valores e conceitos que adquirimos durante a vida, nossa educação e nossos sentidos, pressão social, individualidade, etc.

Isso cria um sistema em nós, um mecanismo através do qual agimos e calculamos.

Portanto, porque todos nossos atributos são predefinidos de dentro, e todas as circunstâncias são predefinidas de fora, verifica-se que o homem não possui liberdade de escolha. Nós então não podemos afirmar que o homem possui a habilidade de fazer qualquer escolha livre, livre da influência de dados internos  ou externos que foram predefinidos e predeterminados.

O Baal HaSulam afirma que nem mesmo entende por que a humanidade não tentou se concentrar nesse problema até agora. Deve ser porque a humanidade é incapaz de lidar, de resolver o problema. Se os religiosos crêem que existe um Criador que criou tudo e que estamos todos sob Seu controle, que tudo acontece sob Sua direção, e que realizam tudo contra si mesmos, ou mesmo, a partir da liberdade de escolha deles próprios, então podem justificar sua  existência.

Mas se nos referirmos ao público não-religioso, é bastante difícil discutir o significado de nossas vidas. Porque se uma pessoa está realmente cônscia de que todas as suas ações são predeterminadas e que tudo está nas mãos da natureza, tanto interna quanto externa, então todo o sentido de sua vida está perdido. Nesse caso, ela não é nada além de algo que existe em algum lugar entre a natureza interna e a externa.

Para que entendamos isso, precisamos entender que toda nossa natureza está focada em um só desejo – o de obter prazer. Esse desejo por prazer é criado pelo Criador: “existência a partir da ausência”. É criado porque o Criador quer nos dar prazer, porque Sua natureza é de absoluta perfeição, Sua natureza O compele  a doar e para isso Ele teve de criar o homem, o desejo de receber prazer.

O prazer que o Criador quer dar às criaturas é determinado por um só atributo – a perfeição, ou seja, o estado do Criador. É precisamente isso que Ele tenta passar para nós. O Criador é perfeito e singular. Além desse estado, não há nada completo. A partir dessa perfeição, Ele deseja dotar a criação com essa perfeição, é a única coisa que Ele pode doar – Sua perfeição. É por isso que o propósito da criação é chegar ao estado espiritual perfeito do Criador.

Para que a criação seja capaz de alcançar um estado espiritual perfeito como esse do Criador, o Criador criou a criação e a permitiu “interpretar” Sua situação,  a situação de perfeição. Essa reação é chamada de “desejo por prazer”. A habilidade de perceber um nível espiritual completo, ou menos que completo, é a própria essência de nossa natureza, na qual o nível espiritual do Criador significa perfeição total e a ausência completa da sensação do Criador significa o nível de imperfeição completa.

Gostemos disso ou não, aspiramos por uma coisa só – por sentir o Criador, ou como é denominado na Cabalá: por sentir a luz. Naturalmente, nosso objetivo é chegar ao nível do Criador, se unir com Ele, receber Seus atributos. Após a correção, temos de estar no mesmo nível espiritual que o Criador. É impossível que existam dois estados de perfeição que se assemelhem um ao outro. Existe apenas uma perfeição, e por definição, ela inclui tudo, e portanto não há nada que possa ser como ela.

Assim, podemos apenas reagir à presença ou ausência de prazer. Junto com a sensação de perfeição, a sensação de prazer, ou a falta dela, surge uma nova ferramenta: a mente. Essa ferramenta nos ajuda a atingir novos estados espirituais (níveis de perfeição que sentimos como prazer) de maneira mais rápida e eficaz.

A mente humana é resultado do desenvolvimento do nosso desejo por prazer. É criada e controlada por nosso desejo, como um equipamento adicional, para buscar e descobrir novas maneiras de obter prazer. Vemos isso na natureza à nossa volta: se a força do desejo por prazer é pequena, a mente também não é desenvolvida. Quanto maior o desejo de doar, mais desenvolvida é a mente.

A humanidade está se desenvolvendo não porque quer ser mais inteligente, mas porque quer prazeres maiores. A busca por prazer estimula a humanidade a desenvolver a mente, a ciência e tudo mais. Dizem que “o amor e a fome governam o mundo”. Isso significa que nossa busca por prazer e o desejo de evitar a dor controlam todos nossos movimentos e, de fato, o mundo. Nossa mente se desenvolve de acordo com a medida de nossa dependência do desejo de receber prazer.

Nosso desenvolvimento depende diretamente da nossa sensação de dor. Quanto mais uma pessoa sofre, mais ela deseja obter, mais ela sente a necessidade de obter habilidades intelectuais superiores, e mais nossa mente se desenvolve.

O oposto também é verdade. É possível que uma pessoa possua fantásticas habilidades analíticas e intelectuais inatas, mas se obter tudo na vida sem nenhum esforço, sua mente não se desenvolverá, mas regredirá. É por isso que não vale a pena invejar pessoas ricas que vivem completamente como animais, porque essa sociedade está em declínio espiritual. A história de nosso povo prova constantemente a eficiência da busca constante por uma maneira de existir sob condições impossíveis.

Assim, o pensar é apenas uma função adicional, e se desenvolve como um processo paralelo, para nos ajudar a obter prazer. Nossa natureza básica é apenas  a busca por prazer, que, de fato, definimos dentro de nós de maneira inconsciente como a percepção da perfeição do Criador.

Para entendermos exatamente como essa ambição se desenvolve em nós, para que sejamos capazes de atingir o nível espiritual da perfeição, o Rabino Ashlag divide os fenômenos de nosso mundo, espiritual e físico, em quatro elementos distintos que afetam nosso desenvolvimento. O primeiro elemento – a “base” – é o fundamento, o genoma do homem.

O segundo elemento – as leis pelas quais nossa essência, a base, se desenvolve. Existem dados predefinidos em nossa essência. Por exemplo: quando colocamos uma semente no solo, sabemos exatamente através de quais leis ela se desenvolverá. As leis e a essência do desenvolvimento determinam seu resultado final, desde que seja afetada apenas por elementos internos.

Contudo, o Baal HaSulam afirma que existem também dois elementos externos da evolução. Existem condições externas que me afetam, que determinam como tenho de me corrigir de acordo com essas condições externas. Assim, além  de mim mesmo (ou seja, minha essência, que é o primeiro elemento), e além de meu plano interno (o segundo elemento), também existe um elemento externo que influencia o programa interno.

Esse elemento externo, que afeta meu plano de desenvolvimento interno, opera por suas próprias leis de desenvolvimento, as leis de desenvolvimento da sociedade, da natureza e do universo. Todas estas leis me afetam também, ou seja, existem elementos internos que não mudam, que são predefinidos, e também existe um terceiro elemento em mim, que muda sob a influência do ambiente externo, e existe um ambiente externo que muda de acordo com suas próprias leis de desenvolvimento predefinidas, e assim isso me afeta também.

Não posso mudar meus elementos internos e externos predefinidos. Sou também incapaz de mudar condições externas que mudam de acordo com suas próprias leis de evolução, que não posso sequer compreender. Posso apenas influenciar essa força externa que afeta minha parte interna. Mas, a Torah diz que através disso posso corrigir a mim mesmo, controlar a mim mesmo e  as percepções de meu mundo.Através de minha interação com meu ambiente, controlarei o caminho do progresso espiritual.

Nota-se que existe uma determinada maneira através da qual posso fazer diferença. Isso significa que não sou um robô, agindo por parâmetros predefinidos, eu tenho a liberdade de escolher! E quando posso influenciar aquele elemento, posso, de fato, mudar tudo, exceto os parâmetros fixados da  alma. Então, o que fica comigo? O meu caminho fica comigo, tudo que deve me acontecer no curso de minha vida!

O primeiro elemento, aquele que determina o nível espiritual do homem, a base, é nossa substância básica que recebemos do Criador. O Criador criou-a: “existência a partir da ausência”. Essa substância primitiva é predeterminada e predefinida para nós e dentro de nós.

Nossa essência é como uma semente. Contudo, não estamos no nível das plantas, mas acima dele. É por isso que podemos examinar e estudar o ciclo de vida da semente e controla-lo: nós a semeamos, e ela começa a se tornar uma nova vida, ou apodrece e morre.

Somos, no entanto, incapazes de analisar nosso próprio ciclo de vida da mesma maneira, porque ele resulta do mesmo nível espiritual em que estamos. Apenas se conseguirmos transcender o nível de nosso mundo, rumo a um nível mais elevado, ao mundo espiritual, seremos capazes de ver o que acontece  conosco em seguida, em nossas encarnações futuras.

Quando a semente apodrece, e nada de material sobra dela, quando se torna terra, ou seja, inanimada, apenas então a nova forma de vida começa a se desenvolver. A forma anterior neste meio tempo desaparece completamente, e tudo que resta é o espírito – a força que gera o início de uma nova vida.

Se estivéssemos no mesmo nível que essa semente seríamos incapazes de avaliar e analisar aquele ciclo de vida e as mudanças pelas quais passa. A semente morre, se deteriora completamente e desaparece, em comparação à sua vida anterior… e então começa a crescer novamente. Quando a nova semente cresce, todos os atributos fundamentais da vida anterior permanecem na nova vida, por mais que nada de físico tenha restado. Tudo apodrece, mas a partir da força espiritual que permaneceu, da alma, emerge um novo embrião. Assim começa um novo ciclo de vida.

Mas, o que é isso que resta do estado anterior e passa para o próximo? O que acontece com a semente é muito parecido com o que acontece conosco, com nosso corpo físico. Nosso corpo apodrece, obtemos um novo, e a alma, nosso potencial espiritual, permanece na semente como os genes, a força da informação, e passa do estado anterior, do antigo corpo para o novo, através da extirpação física.

Há uma amputação física: o antigo corpo morre e apodrece, um novo corpo nasce a partir do antigo, e da semente que se deteriorou há agora uma nova semente. Por que podemos ver a transição de uma vida passada para uma nova vida na semente, mas não podemos identifica-la em nós mesmos? É porque estamos observando o ciclo de vida de dentro de nosso mundo, enquanto estamos no mesmo nível em que o processo está ocorrendo.

Nossas almas passam por um processo um pouco diferente. Porque a alma não é animal, ela não segue de mãos dadas com o corpo, mas constitui uma parte do Criador acima. A alma não é um produto deste mundo, enquanto que a semente não possui nada além de uma série de dados genéticos fixados.

Uma alma que vem do Criador é chamada de “tela”, ou “luz refletida”. É uma parte do Criador, atributos espirituais que não possuem raízes nem paralelos em nosso mundo, porque são totalmente altruístas. E apesar de até agora sermos incapazes de sentir esses atributos dentro de nós, é apenas através deles que brilha a luz tênue que nos dá o espírito de vida.

É por isso que, logo que a alma é separada do corpo, ela se move para um corpo diferente. Não é necessário esperar o corpo físico desaparecer, para que a

 

alma adentre outro corpo. Um corpo que é solto da alma, perde todo o contato  com ela. Apesar de todas as religiões e crenças atribuírem singularidade e sublimidade ao corpo físico, o Rabino Yehuda Ashlag disse de maneira muito simples: “Não poderia me importar menos com onde o meu saco de ossos será enterrado”.

Lembro-me como meu rabino, quando lhe perguntaram onde queria que enterrasse sua última esposa, respondeu de maneira simples: “O que importa? No cemitério mais próximo”. A propósito, como seu pai, ele não se preocupou de jeito nenhum com um local de enterro “respeitável” para si mesmo.

Forças espirituais que vão de uma parte anterior para uma posterior no  ciclo são chamadas de “base”, o banco de dados espiritual, a essência. Se ela era uma semente de trigo permanecerá uma semente de trigo. Se ela era uma determinada alma, permanecerá aquela alma, mas em outro corpo.

Em qual corpo a alma virá? No mais apropriado para o plano gravado naquela alma. Os atributos internos da alma, sua estrutura e seu caminho para correção determinam os atributos do corpo físico no qual ela virá.

Conforme o que foi dito acima, podemos descobrir que as diferenças em atributos, caráter, necessidades e aspirações, que os desejos que as pessoas obtêm de nascença, são todos determinados pelos atributos internos da alma, pela necessidade de realizar o plano para o qual desceu a este mundo.

É por isso que existem pessoas deficientes no mundo, ou pessoas  com danos cerebrais, problemas psiquiátricos e outros defeitos de nascença. Tudo é determinado pelos atributos da alma, seus parâmetros preliminares. Nós, que não podemos ver e entender o contexto geral da encarnação, não podemos compreender e, é claro, não podemos justificar esses casos de providência.

Para justificar as ações do Criador, o homem precisa ver e entender o quadro geral do universo. De outra maneira, ele é compelido a encontrar falhas mais ou menos severas na providência. É por isso que apenas um Cabalista, que pode perceber este contexto geral, merece ser chamado de justo – aquele que considera que os atos do Criador são justos (corretos).

Mas, para a pessoa fazer um uso adequado de seus parâmetros inicias da “base”, ela precisa ser hábil – no mínimo – no campo espiritual no qual espera-se que seja ativa. É por isso que a pessoa pode realizar ações espirituais na medida  em que avança na espiritualidade e ascende ao mundo superior. O homem pode começar a “substituir” o Criador na condução do mundo apenas na medida em que sua tela, a aceitação dos atributos do Criador, o permite. Essa é a essência da sabedoria da Cabalá.

Resumindo: o primeiro elemento em nosso desenvolvimento é a “base”,  que é nossa essência. O segundo elemento é o desenvolvimento funcional da base. Nossa mente precisa se desenvolver de uma determinada maneira, passar por certas    fases    de    progresso    espiritual.    Cada    semente,    cada    objeto    em desenvolvimento passa por suas próprias fases exclusivas.

Se for uma planta diferente, milho, por exemplo, se desenvolverá por leis diferentes, num ritmo diferente, com qualidades diferentes e em quantidades diferentes. Isso significa que não é apenas a essência que permanece, mas também as leis de desenvolvimento que são transferidas da semente apodrecida para o novo germe. Esse é o segundo elemento que determina de que maneira o novo germe crescerá, se será um só germe, ou uma porção, ainda que do mesmo tipo e forma, obedecendo a leis de desenvolvimento bem definidas e predeterminadas (o primeiro elemento).

Uma das características singulares da manipulação do desenvolvimento de nossa essência, é que durante a transição de uma vida para a próxima existe uma amputação, o desaparecimento do corpo físico. Isso permite mudanças nítidas nos atributos da nova entidade a assumir o lugar na nova vida. Essas mudanças são feitas possíveis porque há separação física completa entre a vida anterior e a atual.

O Baal HaSulam diz que existem apenas quatro elementos que determinam o estado da criação em cada estágio do desenvolvimento espiritual. Esses elementos dão forma à essência da criação em todos os níveis da natureza, no nosso mundo, como também no espiritual. Somos apenas um produto, uma conseqüência do efeito desses quatro elementos.

Aprendemos tudo isso para sabermos se podemos de alguma maneira  afetar no mínimo um, se não vários dos elementos em alguma proporção, e qual é a maneira mais eficaz de fazer isso.

O terceiro elemento, como dissemos, muda sob a influência de condições externas. O que significa que podem existir condições externas tais que mudarão a direção do desenvolvimento para melhor ou para pior. A evolução continuará, é inevitável. Mas o tipo do desenvolvimento pode variar de maneira significativa graças à influência de condições externas.

Suponhamos que temos alguns pedaços de terra, e plantamos um tipo de grão em cada um deles, e criamos condições climáticas diferentes para cada um deles. Bloqueamos a luz do sol em um canteiro, deixamos o outro sem água, deixamos as ervas daninhas no outro, etc. Veremos o quanto elementos externos tais como o sol, a água, a temperatura e as ervas daninhas afetam o desenvolvimento da planta.

Embora o plano interno de desenvolvimento seja dado adiantadamente, sua realização é influenciada por condições externas. Assim, chegamos à conclusão, como veremos depois, que se uma pessoa encontra um ambiente ideal, um que dá suporte ao seu desenvolvimento espiritual, ela pode concretizar seus atributos inatos de maneira mais eficiente, ou seja, utilizar seus primeiro e segundo elementos ao máximo.

Uma pessoa pode nascer com atributos que são bastante “prejudiciais” ao desenvolvimento espiritual positivo, tais como: fraqueza física, mental, psíquica ou espiritual. Assim como a semente, ela será sujeita às influências de tais fatores externos positivos que mudarão sua situação radicalmente e trarão resultados surpreendentes, sem nenhuma conexão aparente com os atributos naturais.

Talvez aquela pessoa não obteve uma chance de desenvolver-se espiritualmente, ao julgar por seus atributos naturais, mas no final ela poderá atingir um desenvolvimento espiritual tremendo sob a influência da sociedade, e às vezes é difícil de acreditar nas mudanças pelas quais ela passou. Tudo isso é porque ela está no lugar certo na hora certa, numa sociedade que ajuda e  incentiva.

Você pode ver isso de maneira clara no grão. Isso significa que nosso problema é qual resultado final queremos obter da semente. Criamos toda uma ciência para cultivar as melhores safras possíveis na terra, porque sentimos que precisamos disso para nossa existência. Estamos bastante cônscios dos resultados desejáveis, sabemos pelo que aspirar e onde devemos chegar no final.

Conhecemos o objetivo final da semente e construímos toda a cadeia de desenvolvimento: planejamos um processo de desenvolvimento curto e intensivo, que deve nos prover com uma determinada quantia de carboidratos, proteínas e gordura em cada semente, para traze-la a uma determinada cor e tamanho, etc.

Por sabermos como a semente se desenvolve, como se desenvolveria sob quais condições, podemos criar as mais amigáveis condições para a semente. Se superaquecermos a semente, ela será queimada; se dermos a ela muita água, ela apodrecerá. Tenho de saber exatamente que parâmetro são necessários para o crescimento de cada grão. Quando sei de tudo isso, sei o que estou tentando obter e consigo atingir os resultados desejáveis.

Isso significa que não é suficiente entender nossos atributos. Podemos influenciar nossos próprios atributos ao criar diferentes condições externas. O problema é que para isso temos de ser peritos em nossa natureza. Temos de entender o produto final do homem e o resultado ao qual precisamos chegar.

Se resolvermos esse problema com o resultado ideal, isso significa que atingimos um nível espiritual de perfeição. Somos em essência, um desejo de receber prazer. O prazer para nós é a percepção da luz, o Criador, ou seja, a percepção da perfeição. Vemos o Criador como a forma final de prazer.

Como posso evoluir ao nível espiritual de perceber o Criador? Tenho de estar unido, conectado de maneira firme com o Criador todo o tempo. Então, sempre estarei no nível espiritual da percepção do Criador.

Mas, o que significa estar sempre com o Criador, num lugar onde não há morte, nem imperfeição? Como podemos obter isso?

A sabedoria da Cabalá explica para nós que, no que se refere ao mundo espiritual, se aproximar de algo significa aceitar seus atributos. Não posso me aproximar do Criador ao diminuir a distância física em nosso mundo. Tenho de compensar a disparidade espiritual entre nós. O Criador não está escondido de mim. Simplesmente, isso é assim porque graças à falta de equivalência em nossos atributos estou distante do Criador no mundo espiritual, e simplesmente  não posso senti-Lo.

Hoje, me dizem que meus atributos espirituais são completamente opostos àqueles do Criador, e esse é o porquê de não poder senti-Lo. Começar a sentir o Criador é adentrar o mundo espiritual, o mundo superior. O ingresso no mundo espiritual significa compreensão, percepção espiritual. Mas para começar a sentir, o objetivo é receber os atributos do Criador para que eles estejam dentro de mim.

Após isso, através de mudanças espirituais, gradualmente serei capaz de atingir um nível espiritual no qual me uno completamente com o Criador, ocupo Seu lugar. Para isso acontecer, preciso adotar completamente todos Seus atributos. Então serei capaz de obter compreensão e revelação eternas, prazer infinito. Posso chegar conscientemente a um nível espiritual desses?

Obviamente, devo criar um certo ambiente à minha volta, que me afetaria de uma tal maneira que serei capaz de receber os atributos do Criador. Nesse caso, começaria a me aproximar Dele gradualmente. Mas, onde encontrarei tais ambientes que dão apoio, e como saberei onde e se existe tal ambiente?

Se começar a procurar por todo o mundo, encontrarei um lugar assim? As pessoas têm procurado por todo o mundo por milhares de anos… e até agora nenhuma delas tem qualquer sinal dele. Milhares de anos e mesmo assim nenhuma resposta. Centenas de livros foram escritos, as mais estranhas filosofias foram inventadas, mas existem tão poucas pessoas felizes sobre a Terra, e uma sociedade assim provavelmente não existe. Então, o que podemos fazer para sermos capazes de influenciar nossos atributos e de impulsionarmos a nós mesmos, rumo à proximidade espiritual com o Criador, à perfeição?

O Criador não criou uma terra especial, uma ilha, ou qualquer lugar especial no qual todo aquele que quiser ser corrigido e atingir a perfeição pode vir e adentrar aquele ambiente singular, que iria guia-lo e mostrar a ele o que tem de fazer em cada passo do caminho, para que adote os atributos do Criador, e deste modo, ajude-o a ser corrigido, mude-o interiormente.

O Criador não criou esse elemento que afetaria a natureza do homem abertamente. Não existe um lugar assim sobre a Terra, que possui essas condições. Ao invés, o Criador criou algo completamente diferente: Ele nos deu a Torah.

Atualmente, se uma pessoa deseja começar a mudar seu terceiro elemento, sob a influência do elemento externo, ela pode fazê-lo porque possui os livros. Se ela estuda pelo livro, com uma intenção honesta, com um desejo genuíno de ser corrigida, esse livro começará a corrigi-la.

Como ele fará isso? A luz circundante começará a brilhar de fora sobre o homem. Essa luz circundante é o já mencionado ambiente externo que a pessoa pode criar em volta de si mesma, para que ele afete seu terceiro elemento, e finalmente todo seu desenvolvimento espiritual, para que a  semente  não apodreça, mas desenvolva-se belamente e atinja a maturação, a maturidade e um nível espiritual de perfeição.

A sabedoria da Cabalá afirma que existem vários livros com os quais podemos criar um ambiente favorável, ou seja, extrair a luz circundante para nos corrigir e desenvolver espiritualmente. Para isso, precisamos aumentar a intensidade da luz circundante, para que ela afete o homem com mais força.

É dito (Introdução ao Talmud Esser Sefirot, item 155) que podemos atrair  essa luz circundante apenas com a ajuda do estudo de livros autênticos de Cabalá, porque é exatamente neles que há uma luz mais poderosa do que em qualquer outro livro da Torah.

Os Cabalistas também nos dizem que o importante não é tentar e entender  o significado dos textos em si, mas o desejo da pessoa de ser corrigida, e que essa seja a razão por que ela lê esses livros. O mais importante é a necessidade da alma de expandir as forças espirituais. Desta maneira a pessoa será capaz de criar em torno dela o ambiente mais incentivador, isto é, a luz circundante.

Essa luz circundante brilha sobre o homem na medida em que ele queira atrai-la para si mesmo. Se uma pessoa não aspira pela luz, ou seja, se ela não tem a intenção de ser corrigida, de receber os atributos espirituais do Criador, a luz não chegará a ela. Cada pessoa possui uma certa quantidade de luz que deve atrair para dentro de sua alma. Neste meio tempo, essa luz permanece do lado de fora da alma e espera por uma chance de entrar. É por isso que é chamada de luz circundante.

Você pode incitar essa luz circundante, esse ambiente, estar nele, mas apenas tanto quanto você sente que precisa dele. Para isso a pessoa precisa aspirar pelo mundo espiritual. É possível receber a aspiração espiritual ao estudar em grupo. O homem encontra-se sob a influência da sociedade por natureza. Você estuda em um grupo e começa a sentir o efeito dos outros sobre você. Eles dão a você a sensação de importância, e você recebe uma ambição mais forte pelo mundo espiritual.

Se o seu desejo espiritual não é forte, mas consistente, o grupo dá a você a chance de estar próximo àquele desejo, conserva-lo e até intensifica-lo, ou seja, exigir mais ajuda espiritual do Criador.

Dessa maneira, através da correção adequada, guiado pelo líder do grupo, você recebe a intenção adequada, e começa a atrair a luz circundante, enquanto fica em um grupo incentivador que pode ajudar você a se desenvolver espiritualmente da maneira mais eficiente, assim como uma semente que desfruta de condições de cultivo ideais.

É como se você viesse de um pedaço de terra escasso para um bom, com  sol, água e ar, e nada de ervas daninhas. Se a pessoa fizer esta passagem, ela atingirá o objetivo – como é dito na Introdução ao Talmud Esser Sefirot – dentro de três a cinco anos, e começará a sentir o Criador, receberá Seus atributos, cruzará a barreira e subirá ao primeiro nível de adesão.

Depois ela subirá ao próximo nível, e assim por diante. No todo, existem 620 níveis como esses, 613 mitzvot e sete mitzvot a mais “de nossos rabinos (derabanan)” – 620 níveis durante os quais a pessoa corrige 620 desejos em si mesma. Cada nível é um determinado desejo. Em suma, podemos dizer  que somos capazes de corrigir nossos desejos apenas sob influência externa. É por isso que a essência de nosso objetivo é escolher e determinar nosso ambiente de vida adequado.

Além disso, existe o quarto elemento. O quarto elemento é: as condições externas do elemento que nos afeta. Por isso, elas também podem mudar, e geralmente de maneira drástica. Por exemplo, pode ocorrer uma seca, ou muita chuva, e o que foi plantado morrerá.

Não estou livre para discutir a implicação desse elemento neste foro,  porque estamos conversando sobre situações que estão neste meio tempo além de nossos entendimento e julgamento, e não podemos influenciar essas condições. Ao menos hoje, não podemos controlar e dirigir esse elemento em nosso estado espiritual presente. Mas, ao menos devemos dar um exemplo sobre tais circunstâncias, um exemplo do efeito do quarto elemento, porque esse também tem seu peso natural e objetivo no curso de nosso desenvolvimento espiritual.

O Talmud nos dá um exemplo: Em uma pequena cidade vivera outrora um homem muito sábio. Havia muitos outros homens sábios naquela cidade, e a presença deles criou um ambiente único: havia a sensação de que muitos homens sábios viviam naquela cidade. Um dia, um homem rico de uma cidade próxima chegou à cidade. Ele aproximou-se do homem sábio, que também era pobre e disse: “Construirei uma yeshiva (uma escola para o aprendizado de Torah) para você em nossa cidade, você terá muitos alunos, pagarei todas as despesas, tomarei todos os problemas para mim e você se tornará um grande rabbi (mestre). Qualquer um que quiser virá e estudará com você, e até eu começarei a estudar sob sua orientação.” Mas, o homem sábio recusou a oferta. Ele explicou: “Isto, é uma antiga história de dois mil anos”, ele disse. “A questão é que se eu me mudar para um novo lugar, sairei da influência do ambiente em que estou agora, onde  me desenvolvi, e graças ao qual me tornei sábio. Lá, estarei sujeito à influência da sociedade de sua cidade, da qual você é o exemplo mais notável. Sua sociedade  me afetará, e o resultado é que apesar de ser sábio hoje e não precisar aprender de ninguém, pois atingi a sabedoria por mim mesmo, eu ainda serei afetado.  Portanto, mesmo que eu seja completo e tenha atingido um grande conhecimento, estar perto de você e de pessoas como você irá finalmente fazer com que eu perca meu nível e desça ao seu nível espiritual. Perderei meus desejos e me tornarei como você.”

É um exemplo bastante claro; não existem mistérios aqui, e é precisamente dessa maneira na realidade: a pessoa pode deteriorar-se inconscientemente na espiritualidade sob o impacto negativo da sociedade, e muito rápido, na verdade. Além do mais, em todo o decurso, ela justificará a si mesma e à sociedade. É isso que acontece numa sociedade materialista. Em um ambiente espiritual, sob a influência dos livros, do grupo, estas situações afetam o homem com velocidade e forças tremendas, e ele imediatamente começa a mudar.

É por isso que qualquer um que queira provar a sabedoria da Cabalá na ponta de sua língua, entender o Criador, mesmo que apenas um pouco, precisa estar completamente separado de seu atual ambiente, remover dele todos os elementos que possam influenciar negativamente seu desenvolvimento espiritual: livros irrelevantes que tratam de outros métodos espirituais, diversos tipos de filosofias, grupos que praticam diversos tipos de misticismo, etc.

Resumindo, uma pessoa séria precisa estar cônscia de quais elementos a afetam, e a seu desenvolvimento em qualquer dado momento. Colegas no trabalho, com os quais ela conversa sobre assuntos gerais, não podem influenciar significativamente o curso de sua vida.

O Rabino Yehuda Ashlag escreve em uma carta que a carruagem do  Criador passa por uma estrada bem estreita: a pessoa precisa examinar suas ações e pensamentos constantemente: estão na direção correta? Ela precisa corrigi-los em cada passo do caminho, ou seja, em cada novo pensamento que vem a ela. Contudo, se a pessoa estiver sob a influência da sociedade errada, naturalmente, ela não será capaz de fazer isso.

Inquietações variadas e a influência negativa dos outros diminuem a velocidade do progresso espiritual; detêm, impedem, desviam, corrompem e alteram a direção do desenvolvimento do homem. Mas se uma pessoa que estuda Cabalá observa outros métodos de aparente desenvolvimento espiritual, ela se desencaminha por completo, porque não está apenas sob a influência de um determinado método místico, mas está sob uma combinação da Cabalá com algum outro método. Essa combinação pode ser bastante perigosa, pois traz resultados imprevisíveis.

É impossível viver em diversos ambientes de uma só vez. Isso pode influenciar a pessoa de uma maneira imprevisível, e sempre bastante negativa. Você pode assistir comédias, rir, ouvir as notícias, mas você jamais deve engolir idéias que podem desvia-lo do caminho certo.

Como você pode ver, a escolha do ambiente determina o futuro do homem, independente do nível espiritual em que esteja. Mesmo o maior sábio sabe como  se guardar de outras influências – ele jamais irá, sob nenhuma condição, se colocar em uma sociedade que o afeta de maneira negativa, não tomará parte na vida de uma sociedade assim, porque sabe que não pode resistir à sua influência.

É por isso que qualquer um que começa a estudar conosco precisa estar ciente e entender que, para atingir um resultado positivo a partir do estudo da sabedoria da Cabalá, ele precisará tomar uma parte ativa na vida do nosso grupo. Vir e participar nas aulas, mas não na vida social, é, de fato, uma maneira muito ineficiente.

O mesmo se aplica para aqueles que estudam através da Internet. Apesar   de estarem bem distantes de nós, devido às circunstâncias que estão além do controle deles, você pode dizer pelos esforços espirituais que fazem que é apenas a falta de contato físico com o grupo que os detêm de avançar no ritmo desejado ao mundo superior.

Do nosso lado, o website abrangente que estabelecemos, a publicação de livros, as aulas, os artigos jornalísticos, tudo isso é feito para criar o novo ambiente em nosso mundo, que afetaria o mundo com suas idéias espirituais.

Tudo que fazemos, é feito de um jeito prático, para que possamos finalmente criar uma sociedade grande e homogênea de pequenos grupos e indivíduos, com os mesmos valores e idéias espirituais, e juntos podemos influenciar o ambiente espiritual do mundo.

A despeito disso, a influência do grupo permanece o fator decisivo. Vemos, a partir da experiência com estudantes do mundo todo, que se uma pessoa está a uma longa distância de seu núcleo espiritual, se estuda Cabalá por si própria sem  o auxílio do grupo, não tem, de fato, nenhuma chance de se desenvolver corretamente no sentido espiritual.

Realizo palestras em Israel, nos Estados Unidos, Canadá e Europa, pelo rádio, pela televisão e em universidades, e vejo essas pessoas. Quando chego lá, estão dispostas a estudar todo dia, mas, depois que vou embora, elas esquecem. O corpo não quer sofrer, e sabendo que não há progresso, ele subjuga o desejo pela espiritualidade e prefere esquecer o propósito da vida e abandona-lo. Quando as deixo, já sei que o ambiente que as circunda imediatamente as puxará de volta, à satisfação de suas necessidades terrestres.

Portanto, qualquer um que seriamente considere o progresso espiritual, precisa encontrar um ambiente para si, construir um grupo, porque este é o único jeito dele poder trabalhar em si mesmo, em seu desenvolvimento espiritual. Tudo que a pessoa investe no grupo ela recebe de volta. Quanto mais ela doa, mais o grupo a afeta. Não importa quão grande o grupo seja, ou qual sua qualidade espiritual. O tamanho e a qualidade de um grupo são termos objetivos, mas o que a pessoa pode obter deles depende inteiramente de sua atitude subjetiva com relação a eles.

O efeito da sociedade e do grupo também é destinado às fases de descidas. Se a pessoa cai, ele pode levanta-la várias vezes, e através disso, encurtar o tempo de transição entre os níveis, especialmente durante momentos difíceis.

A sociedade ajuda a pessoa a lidar com as situações mais difíceis, porque o poder de sua influência sobre o estado espiritual de uma pessoa é imenso. É como estar em um ambiente ideal de desenvolvimento, onde há a quantidade correta de todas as coisas: sol, água, fertilizantes; e tudo começa a crescer muito mais rápido.

É por isso que não devemos nos preocupar com nada além do estar no ambiente correto. Dos quatro elementos que influenciam a pessoa, o Rabino Yehuda Ashlag salienta apenas um elemento que a pessoa pode influenciar para corrigir a si mesma para chegar ao propósito da criação.

Isso significa que não nos é permitido nem pensar em quaisquer outros fatores. Não devemos pensar que por causa de nosso estado preliminar não estamos preparados para a unificação com o Criador, que estamos em condições erradas, afetados por circunstâncias externas que não podemos controlar. Existe apenas uma coisa que posso controlar, e essa é a única coisa que posso e devo fazer – criar o ambiente correto.

Você diz: existem vários caminhos para o Criador, e um caminho não deveria interferir como o outro. Isso é verdade (até existe uma frase na Torah que diz: “Existem vários caminhos para o Criador”). Mas isso significa que cada alma possui suas próprias situações individuais, um caminho exclusivo para se aproximar do Criador. Mas aquilo que traz a pessoa para o Criador, o efeito do grupo, isso nunca muda.

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