CAPÍTULO 9

Do livro “Sabedoria Maravilhosa”

A LINGUAGEM DA CABALA

Como em qualquer outra ciência, para poder estudar Cabala, precisamos estar atentos à linguagem e à terminologia. Por exemplo, se eu abro um livro de Partículas da Física, eu vou encontrar termos como: Quarks, Hadrons, Gluons, etc. A menos que eu tenha uma definição razoável do significado dessas palavras, eu não vou compreender absolutamente nada. Então, antes que possamos mergulhar no mundo espiritual e compreender como eles vieram a existir, vejamos a linguagem da Cabala, junto com algumas definições.

 

DEUS

Por “Deus”, geralmente referimo-nos a um poder superior, um plano da criação expresso em qualquer nível. Qualquer definição de alguma coisa maior do que nós, O Criador, Deus, etc., considerando que nós não podemos sentir nada possivelmente fora de nós mesmos, estas definições sempre são subjetivas.

 

CONCEITOS FUNDAMENTAIS: ESTRUTURA

Aqui estão alguns termos cabalísticos que relacionamos também ao nosso mundo físico.

 

LUZ

Luz é a percepção do Criador. Existe somente uma única Luz que não muda. Mas ela é percebida de muitas formas devido aos diferentes estados dos Recipientes s(a criatura, a alma), dependendo da capacidade de receber do recipiente (Kli). A partir daqui, nós aprendemos que não temos nenhuma idéia do que é essa Luz que está fora do Kli, porque somos incapazes de definir algo que está fora da nossa percepção.

Luz é a sensação do Criador pela criatura; o que se estende do Criador; algo que sentimos como bom, ou algo que é isento do mal. A Luz que é citada no primeiro dia da criação dos mundos, é a Luz Superior, a qual inclui tudo nela. O resto das luzes é derivado dela, manifestações particulares dela.

 

Conceito Definição
Tempo Em espiritualidade tempo não existe – Criação é eterna.
Criador O desejo de deleitar a criatura (veja “Deus” acima)
Criatura – Alma O desejo de deleitar o Criador, na sensação do Criador, na Luz.
Vida O preenchimento da alma pela Luz, a sensação do Criador.
Morte A saída da Luz, o desaparecimento da sensação do Criador

pela alma (como resultado da ausência da intenção para o Criador).

O recebimento de

uma alma

A aquisição da intenção (ter prazer para o bem do Criador),

com a qual é possível sentir o Criador.

Masach (Tela) O desejo de sentir prazer com a intenção de agradar ao Criador; o  Kli Sagrado, o  Kli espiritual,  o Kli corrigido; o Kli

da alma, que pode sentir o Criador.

Cabala (Recepção) A  ciência  que  explica  como  receber  gradualmente   uma

alma completa, significando adesão completa com o Criador.

Nosso Mundo Um estado mais baixo que a morte espiritual, abaixo da sensação do Criador. Localizado debaixo do lado esquerdo dos   mundos   impuros  de  ABYA   (Atzilut,  Beria,  Yetzira,

Assiya).

O  nascimento da

alma,     aquisição de vida

Uma passagem da sensação do nosso mundo para a sensação do Criador.
Reencarnação,

ciclos de vida e morte

A constante entrada e saída da Luz no Kli da alma, que continua por toda a correção nos mundos de BYA.

 

ESPIRITUAL

Espiritual é aquilo que está acima do nosso mundo. Aquilo que absolutamente não é para mim, mas somente para o Criador, quando o resultado de um ato não está relacionado de forma alguma, com aquele que o praticou, mesmo indiretamente.

A alma está ligada ao Criador, O sente e está preenchida por Ele, pelo menos numa ínfima quantidade. É tudo o que está fora e acima do tempo, espaço e movimento, o qual não está ligado, de nenhum jeito, às sensações do corpo físico, mas é sentida num local interno dos sentidos – somente com a intenção para o Criador – e revelada só quando estamos em controle da barreira espiritual.

O Espiritual não é um componente do nosso mundo. O espiritual está nele,  mas não aparece diretamente, mas sim como um “revestimento.” O nosso mundo é um estado onde a vontade de receber desfruta apenas, uma parcela mínima da Luz, chamada “Luz diminuta”, e nós desfrutamos essa Luz mesmo que o objetivo do desejo seja para mim mesmo.

O Criador faz isto de propósito. Nós podemos desfrutar aquela minúscula Luz, apesar de ainda não termos adquirido a intenção espiritual de dar ao Criador, e de não termos uma tela. O desejo de sentir prazer, que existe dentro de nós, é o menor dos desejos criados. Está separado de todos os outros desejos da alma, para que possamos trabalhar nele, e finalmente alcançar a nossa entrada no mundo espiritual.

Baruch Ashlag comparou isto como uma criança que aprende a escrever, como antigamente: papel e lápis eram muito caros, então era dado às crianças um pedaço de giz e um quadro para escreverem, assim não desperdiçavam papel que era tão precioso, até que eles aprendessem a escrever corretamente.

O termo Klipot, ou Cascas, são forças impuras que estão acima do nosso mundo. Eles não existem numa pessoa normal e só aparecem quando um genuíno desejo pelo Criador começa a emergir. Com o propósito de intensificar esse desejo, forças negativas são ativadas. Ao resistir a elas nós aumentamos e intensificamos o nosso desejo pelo Criador. Elas foram criadas especificamente para isso – para interromper e produzir dúvidas.

Apesar de Klipot não existirem no nosso mundo, ainda assim, nós não os definimos como “espiritual”. Eles existem dentro de nós e não fora de nós e, servem como um meio e uma ajuda no nosso caminho para o Criador – uma “ajuda contra nós mesmos”. Por mais estranho que isto pareça, estas forças negativas nos empurram em direção ao Criador.

 

GEMATRIA

Com o propósito de descrever várias situações da alma, nós temos tendência para usar um nome que é especificamente adaptado para o seu nível espiritual, em vez de usarmos muitos detalhes técnicos. Todos os Kelim  (souls) consistem em dez Sefirot, e um corpo consiste em 613 partes.

A Luz que preenche almas é o que as diferencia umas das outras. O objetivo do nome é expressar os atributos da alma que está preenchida com a Luz. A soma das Luzes, ou melhor, as dez Luzes que preenchem as dez Sefirot da alma, é chamada Gematria. Isto, não é mais nem menos, que o registro da situação espiritual da alma e o seu preenchimento de Luz pelo Criador.

Esta Luz depende de uma tela: o atributo da alma para dar vs o atributo para receber. A tela só pode ser adquirida através do método de correção chamado Cabala.

 

ARREPENDIMENTO

Arrependimento é o retorno da alma ao Criador, o lugar de onde ela veio para este mundo. No começo, o Criador criou o desejo de receber. Este desejo foi criado sem intenção e por isso, foi chamado de “raiz”.

Por uma intensificação gradual do objetivo para mim, o desejo de receber afasta-se mais e mais do Criador, até estar completamente oposto a Ele. O estado onde todos os desejos são direcionados para mim, é chamado “nosso mundo” ou “este mundo”. Nesta situação, o desejo não sente nada para além dele mesmo e essa sensação é chamada “corpo” (uma pessoa neste mundo).

Se o desejo muda a sua intenção, de para mim para o Criador, então a mudança na intenção causa o desejo de retornar à sua situação preliminar, e se torna como um embrião no Criador. Cada situação no reino espiritual é comparada ao Criador e é determinada em relação a Ele. Quanto mais qualidades da criatura se igualam às do Criador, mais próxima da natureza do Criador está a criatura, e vice-versa.

Com o objetivo, para o Criador, o desejo muda a sua qualidade, mudando de recebedor para doador. Deste modo, iguala-se ao Criador. A criatura sente-se  a si mesma não como antes – um ponto ou um embrião – mas completa e como um todo igual ao Criador. Em sua equivalência com o Criador, a vontade de sentir prazer, ela sente tudo o que o Criador sente: prazer ilimitado, eternidade e perfeição. Este é o propósito da criação.

 

VIDA E MORTE

A sensação de vida ou morte começa com a admissão no mundo espiritual, e não quando um corpo físico nasce ou morre. “Morte” é a saída da Luz quando  a sensação do Criador desaparece do Kli, da alma. O nosso presente estado  é considerado pior que a morte, pois não sentimos o Criador de maneira alguma. Nós nem sentimos que somos negados de qualquer Luz, de qualquer sensação do Criador. Sentir o Criador significa receber uma alma, o despertar daquele ponto no coração em cada um de nós.

A palavra Cabala, deriva da palavra Lekabel (receber). Cabala é a ciência que ensina como receber uma alma e, através dela adquirir a vida eterna. “Morte“ significa distanciamento do Criador para o pólo oposto (atributos opostos). A pré-condição para recebermos uma alma é a existência de um Kli, e o Kli é a intenção para o Criador.

Criação é eterna. Tempo e movimento não existem. Nós só falamos sobre sensações internas da criatura. Mudando situações internas suscita sensações de tempo e movimento.

O livro O Zohar fala de níveis espirituais e de situações da alma eterna, sobre medidas para o seu preenchimento com a Luz do Criador. Mas a sensação de vida animal pode acompanhar a alma, se a pessoa a receber. Caso contrário é como se diz: “… então o homem não tem preeminência sobre a besta” (Eclesiastico3, 19).

 

DELEITE E PRAZER

O propósito da criação é deleitar as Suas criaturas. O Criador sendo completo só pode deleitar as suas criaturas com plenitude. O Criador não pode criar uma criação incompleta. Por ‘completa’ queremos dizer que, somente Ele preenche toda a realidade, e é por isso que Ele é Único. Por causa disso, nós temos um desejo de sermos preenchidos por Ele. Esse desejo é satisfeito  completamente, sem restrições. È por isso, que o Seu estado é chamado Ein Sof (Infinito).

Mas o Criador cria essa situação para que a criatura se sinta completa por ela mesma. Para que isso aconteça, a criatura tem de conquistar a sensação de apreciação. Nós só adquirimos isso, por sensação da oposição de forma e da imperfeição. Este é o propósito de estarmos distantes do Criador num estado chamado “este mundo”. Aqui, a criatura sente prazer físico – nossa situação atual – em vez de sentir o Criador.

 

Quanto mais nós, criatura nos tornou cientes da nossa situação incompleta – a qual só é possível estudando a Cabalá – mais nos tornamos cientes da perfeição que é o Criador. Nós começamos a perceber que perfeição significa adesão com o Criador, equivalência com os Seus atributos, sermos  preenchidos com Ele.

Durante os nossos estudos, percebemos que para sermos completos significa estarmos o mais próximo possível do Criador, o mais similar possível dos Seus atributos e igualarmos a Sua forma. Na realidade, esta já é a situação real, mas nós não a sentimos, e, portanto não a podemos considerar como tal.

Quando começamos a compreender a nós mesmos e ao Criador, começamos a sentir a perfeição, como se estivéssemos retornando a isso. A nossa sensação de preenchimento nestas situações é chamada de “prazer”, e o desejo de sentir o Criador como a perfeição suprema é chamado de Kli.

 

A SENSAÇÃO DE PERFEIÇÃO

Somente é possível entender e apreciar a perfeição quando sentimos o  Criador, porque só  Ele é perfeito. Além disso, o poder de corrigir também nos  é dado pelo Criador. Sendo assim, o objetivo do estudo, no início, é alcançar a sensação do Criador. Depois, tudo se torna claro. Antes disso,  não entendemos o que é perfeição, e o Criador escolhe mostrar-se a nós precisamente, através das nossas qualidades mais imperfeitas.

 

A AÇÃO DA TELA

Objetos espirituais são coisas que os Cabalistas criam sobre a sua tela. Eles são o resultado do impacto da Luz na tela do Cabalista. Como resultado, um quadro novo do mundo espiritual é criado na mente do Cabalista. A espiritualidade nasce, somente após o acoplamento espiritual, cujo poder determina a profundidade do quadro espiritual. Se a Luz não atingir a tela, não nasce nada novo, e tudo o que a pessoa recebe é o quadro deste mundo.

Em outras palavras, criar um objeto espiritual novo significa criar da nossa substancia (nosso desejo) a imagem do Criador, através da tela. De fato, a tela é uma ferramenta de esculpir nas mãos do Cabalista.

Observando-se a si mesmo, à parte (restringe o desejo, e ergue uma tela feita com a intenção de não receber para si). Usa-se a tela para cortar desejos que não se podem simular para o Criador (“o coração de pedra”).

Cabalistas trazem desejos, para se assemelharem ao Criador na equivalência da forma com os atributos do Criador, na medida em que a sua tela possa suportar. Assim, quanto maior o nível, mais nos assemelhamos ao Criador. Nós estudamos os atributos do Criador (os 9 Sefirot superiores) e depois os adotamos.

 

DO CRIADOR PARA A CRIATURA

Isto é o que acontece de cima para baixo:

As quatro fases da Luz Direta.

O nascimento do Mundo de Ein Sof. A Primeira Restrição de Malchut.

O nascimento do Mundo de Adam Kadmon (AK).

A Segunda Restrição.

A quebra dos Kelim.

A criação dos mundos: Atzilut, Beria, Yetzira, Assiya.

A criação da alma de Adam ha Rishon (o Primeiro Homem).

A quebra em pedaços da alma de Adam.

A descida desses pedaços ao nosso mundo.

O desenvolvimento das almas na descida ao nosso mundo, para o nosso presente estado.

Como se pode ver, o caminho da descida até aqui é muito longo, mas nós já podemos tirar algumas conclusões sobre a natureza da criação, os atributos da Luz e do Kli.

 

MALCHUT E O MUNDO DE EIN SOF

Nós temos que evitar interpretar O Mundo de Ein Sof como um termo de tempo e espaço. O Mundo de Ein Sof é algo sem fim, ilimitado em ações e atributos – daí o nome de Ein Sof (Infinito). Espiritualidade não tem tempo nem espaço.  Por isso, estas duas limitações de nosso mundo, não se aplicam ao mundo espiritual. Por essa razão, nós não conseguimos imaginar a espiritualidade pelo que é. Não conseguimos imaginar um copo que, apesar de estar cheio até a beira, está ainda num estado de preenchimento infinito (naturalmente, tudo é medido de acordo com o próprio copo, porque nós medimos tudo em relação ao recebedor).

Malchut, a alma, corrige-se a si mesma através dos mundos. Os mundos são graus de ocultação ou manifestação da Luz. Mais uma vez, a alma recebe desejos (que são os Kelim) e Luz (o poder de corrigir os desejos) desses graus.

Ao usar aquele desejo e a Luz que corrige, a alma, ao corrigir-se a si mesma, aparentemente se eleva para o mesmo nível a partir do qual ela recebeu o desejo e o poder para se corrigir. Em suma, existem cinco mundos, dentro dos quais estão cinco Partzufim, com cinco Sefirot internos. Juntos, formam 125 níveis. Mas, existe ainda um número enorme de situações transitórias.

Malchut é a décima Sefira, a ultima depois das nove Sefirot de Luz Direta que emana do Criador. Malchut recebe a Luz das  outras nove Sefirot e  divide-se em dez partes. Essas dez partes de Malchut são os mundos e tudo o que está neles.

Todas as outras nove Sefirot antes de Malchut (também chamadas “Nove Superiores”) são atributos da Luz. Malchut deve-se assemelhar a essas nove Sefirot. A extensão da semelhança entre Malchut e as nove Sefirot, que são os atributos do Criador, depende do poder da tela em Malchut. Mas a semelhança entre Malchut e as nove Sefirot existe até mesmo com uma tela menor.

Portanto, mesmo uma tela mínima deveria fazer Malchut se  assemelhar  a todas as nove Sefirot. Deste modo, qualquer atributo espiritual abrange um quadro completo (que inclui todas as Sefirot). Um quadro com uma tela mínima pode ser feita de pequenas sombras ou detalhes, mas continua sendo um quadro relativo das nove Sefirot. Tal como quando nascemos nós percebemos com todos os cinco sentidos, não importa se somos adultos ou crianças, o poder (profundidade) da nossa realização espiritual depende do poder de nossas telas.

 

A EVOLUÇÃO DE MALCHUT

O termo “mundo” significa ocultação, escondido, limitação da extensão da Luz. Mas cada situação de Malchut, da alma coletiva, é também chamada de “mundo”. O Mundo de Ein Sof é um estado de infinita perfeição da alma. Tudo  o que preenche a alma é chamada de “Luz” ou “Criador”. Mas, para ser preenchido com a intenção para o Criador, e assim se igualar a Ele, Malchut, a alma, corrige gradualmente a intenção de para mim, por, para o Criador.

Esvazia-se na primeira restrição, se esconde sob cinco camadas, mundos, e de forma gradual, de acordo com a aquisição da tela (o objetivo para o Criador).

Depois, Malchut se expõe à Luz, ao Criador, como uma noiva ao seu noivo. O seu nível de correção, a sua exposição, o seu preenchimento com a Luz, são cinco mundos com cinco Partzufim em cada mundo, e cinco níveis em cada Partzuf, ao todo, são 125 níveis.

É  também possível  dividir  a  distância  espiritual  em 613  níveis (Mitzvot),  ou 6.000 anos divididos em 3 grupos de 2.000 anos cada. Mas, a distância em si, a extensão da correção de Malchut, permanece a mesma.

 

AS LUZES DE MALCHUT

Malchut (alma) é dividida em cinco partes (da fina à mais grossa): Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut, na ordem ascendente em relação à força da vontade de receber. O desejo mais forte está na última parte – Malchut. Estes desejos recebem cinco tipos de prazer, ou seja, Luzes que os preenchem, respectivamente: Yechida, Haya, Neshama, Ruach, Nefesh.

Nos mundos espirituais existe uma lei chamada “o valor oposto das Luzes e dos Kelim”: quanto mais grosseiro for o desejo que almeja receber grandes prazeres, mais Luz emanará. Mas essa Luz não irá agir nos desejos  grosseiros, mas sim nos mais refinados, de dar sem recompensa para si mesmo, porque a Luz e os desejos puros de dar estão em equivalência de forma.

Também se costuma dizer, “As luzes entram no Partzuf gradualmente”. Mas qualquer mudança na Luz significa mudança no Kli, e, portanto no Partzuf inteiro. Tudo é novo a cada vez, todos os cinco Sefirot e todas as cinco Luzes.

 

SEFIROT

Sefirot são atributos que são dados à criatura, a inferior, através dos quais  sente O Superior, o Criador. Por isso, é que os Sefirot expressam supremacia, os atributos do Criador, atributos que o Criador quer que as suas criaturas alcancem para poder senti-Lo.

Tal como nós captamos uma pessoa pela sua mente, que é a sua essência (ao passo que o corpo é somente uma vestimenta externa), assim também é a espiritualidade captada através de sua vestimenta, porque a essência está nos atributos internos ocultos sob essa vestimenta. A externalidade é somente necessária para o propósito de conhecimento e não de si mesma.

Uma pessoa alcança o Criador através dos Sefirot, isto significa, através das Suas qualidades externas. Do mesmo modo que, só conhecemos na verdade as pessoas, somente depois de conhecermos todos os seus atributos e reações em situações variadas. Através dos Sefirot, viremos a conhecer, eventualmente, a realidade, que é uma vestimenta para o Criador, assim como o corpo é uma vestimenta para a alma.

O Criador age dentro da alma da pessoa. Portanto, aqueles que aprendem a alcançar o Criador, O conhecem e O alcançam pelas Suas ações em suas próprias almas, quer dizer, pela ação da Luz nos seus próprios pontos de Malchut.

Plenitude é um prazer que é sentido, somente após a existência de um desejo ardente por algo e uma carência desse algo, na extensão do vazio que era sentido antes de recebermos o prazer.

É impossível  sentir prazer constante neste mundo, porque na natureza, tem  isto que desejo e satisfação não andam juntos. Precisamente, essa qualidade é atribuída à alma, justamente para sentir o desejo e assim suplicar por prazer, aprende-se desta forma que, apesar de ser capaz de satisfazer o desejo, a pessoa nunca se sente completamente satisfeita.

Mas o Criador quer nos deleitar, é por isso que ele nos envia uma satisfação especial. A alma, tenta não estragar essa satisfação atravessando a linha. Somente assim chegam à plenitude. O desejo e a vontade não desaparecem, pelo contrário. Como resultado, a alma prolonga mais satisfação de algo completo, que não se extingue, uma perfeição eterna.

Sabemos que gostamos de comer porque já sentimos fome antes, uma sensação de ansiedade. Assim como a ansiedade desaparece, o prazer desaparece também. O Criador deu às almas um notável “truque”, que as previne de se sentirem saciadas, apesar de terem recebido  prazer.  Quanto mais satisfeitas se sentem, mais famintas ficam. Esta é a perfeição da ação do Criador.

 

DIREÇÕES DE DESENVOLVIMENTO

Quando dizemos que tudo se move de cima para baixo, da raiz até Malchut, podemos interpretar errado e pensar que falamos em termos de área, lugar ou distância. No mundo espiritual, não existe volume ou lugar. É como descrever os nossos sentimentos: nós dizemos “emoções profundas”, “alegria imensa”, “grande dignidade”, etc. A Criação pode ser descrita como que um desdobramento do Criador, de cima para baixo, do Superior, dos atributos superiores, para o inferior, para os atributos inferiores.

Mas, também podemos ver o desenvolvimento da criação, de dentro, do Criador para fora até a um ponto afastado Dele, como se movesse do mais profundo, do mais íntimo e escondido, para uma coisa externa e pouco importante. Nós também podemos falar do desenvolvimento da criação como se o Criador a rodeasse, envolvendo-a com o Seu propósito e controlando-a de todos os lados. Criação está no interior, como um ovo dentro de uma galinha choca.

Há outras descrições para a mesma coisa: o relacionamento entre a criação e  o Criador. As palavras são apenas ferramentas que usamos, depende dos atributos, características, qualidades e inter-relacionamentos a que nos referimos.

 

O RECIPIENTE ESPIRITUAL

O Criador criou o desejo pelo deleite, ou seja, o desejo de sentir prazer. Mas quando o desejo de deleite recebe o prazer – ele sente vergonha. É por isso que não se pode obter deleite eterno, ao receber, porque receber restringe a Luz e até a extingue, por conseguinte, anula-se a si mesma.

Por essa razão, a única maneira de receber prazer é deleitar-se não com o prazer em si, mas com o contato do doador do prazer. Se o prazer do doador é o que você recebe Dele, então o seu prazer não irá desaparecer e não irá diminuir o seu desejo por prazer.

Pelo contrário! Quanto mais você recebe, mais você dá e desfruta. Este processo dura indefinidamente. No entanto, o prazer que obtemos por sentirmos o doador, é infinitamente maior do que o prazer que recebemos se o quisermos para nós mesmos. Isto acontece, porque o primeiro tipo de recebimento liga-nos ao Doador Perfeito, O Eterno.

Então, um mero desejo de receber, não é ainda considerado um Kli, porque é inadequado para receber. Somente quando houver uma tela sobre o desejo de prazer (a tela é a intenção pelo Criador, isto é, estar disposto a receber o  prazer somente se isso deleitar O Superior), é que esse desejo se torna digno de receber, e então pode ser chamado de Kli (Recipiente).

A partir disto, nós compreendemos que tudo o que temos que fazer é adquirir uma tela. Quando a vontade de deleitar-se recebe e sente o doador, sente ambos, prazer e vergonha, porque ao receber nós nos tornamos opostos ao Criador. A presença do doador faz com que o recebedor sinta vergonha, e essa vergonha faz com que paremos de sentir prazer. Quando recebemos, nós sentimos que temos de dar algo de volta ao doador, para igualarmo-nos a ele,  e assim não sentirmos que estamos somente recebendo.

A sensação da vergonha é também chamada de “inferno”. Não há nada pior do que essa sensação de vergonha, pois é a sensação de se ser totalmente oposto ao Criador. O Criador emparelhou de propósito recebimento com vergonha. Ele poderia ter evitado isso, mas o fenômeno da vergonha foi criado especificamente para nós, para assim podermos aprender a receber Dele, nos deleitar, sem nos sentirmos humilhados.

É por isso que nós, como criaturas (vontade de sentir prazer), assim que sentimos estar recebendo do Criador, decidimos e agimos com restrição (limitação da Luz) ao receber a Luz. Este ato chama-se “Primeira Restrição”.

Um Kli doador é aquele que ainda não pode receber do Criador, mas apenas pode abster-se de receber, pois se ele recebesse isso seria para ele mesmo. A criatura pode existir sem receber Luz, porque a sensação de vergonha extingue o prazer no momento da recepção, e transforma o prazer de receber em tormento.

Então, quando sentimos o desejo do Criador em nos deleitar, nós decidimos que, apesar da sensação de vergonha, aceitaremos o prazer, porque é isso  que o Criador quer.

Assim, ao fazermos isto, proporcionamos prazer ao Criador, para o bem Dele,  e não para nós mesmos. O ato continua como antes, nós continuamos a receber, tal como fazíamos quando sentíamos vergonha, mas a intenção da recepção foi agora alterada.

A decisão foi tomada somente com o desejo de agradar ao Criador, apesar da nossa sensação de vergonha. Mas, nós como criaturas, descobrimos que agindo para o Criador, não nos sentimos como recebedores, mas como doadores, nos sentimos iguais ao Criador.

Como criaturas, através da equivalência da forma com o Criador, nos sentimos como o Criador: perfeição total, eternidade, amor e prazer ilimitado. Mas, a decisão de restringir a recepção da Luz (A Primeira Restrição), de receber a Luz somente com a intenção para o Criador, virá somente se sentirmos o Criador, O Doador, porque somente a sensação do Criador pode despertar  essa resolução em nós.

Uma pergunta surge: se a presença do Criador pode evocar tamanha sensação em nós, como podemos nós dizer que essa decisão foi realmente para o Criador? Apesar de tudo, a Primeira Restrição foi consequência da vergonha, e a recepção da Luz foi aparentemente o resultado da pressão exercida pelo Criador.

Portanto, para tomarmos uma decisão independente de receber para o Criador, para nos assemelharmos a Ele, que criou as criaturas para poder agradá-las, o Criador tem que estar oculto, para que a Sua Presença não seja compulsiva, como colocar uma faca no pescoço de alguém. É por isso, que deve existir  uma situação onde nós, criaturas sentimos que somos os únicos aqui. Sendo assim, todas as decisões serão nossas.

 

A LUZ DA CORREÇÃO E A LUZ DE PREENCHIMENTO

Existe uma Luz que preenche o desejo de deleite, ou seja, o Kli, e existe uma Luz que o corrige. Esta ultima, é a Luz que dá ao Kli a intenção para o Criador, e constrói a tela sobre o desejo. Estas duas Luzes atuam de maneira completamente diferente no Kli: a Luz que corrige é chamada “a Luz da correção da criação”, enquanto, a Luz que preenche é chamada “a Luz do propósito da criação”.

A Luz da correção pode entrar no Kli antes mesmo da existência da tela; especificamente com o propósito de construir uma tela. Isto proporciona à criatura a sensação de que o Criador é supremo e poderoso, e a partir dessa sensação a criatura subjuga a sua natureza para poder aproximar-se do Criador. É assim, que o Kli (Recipiente) adquire uma tela. Quando se adquire a intenção para o Criador, existe um Zivug de Hakaah (acoplamento espiritual) e o Kli é preenchido com a Luz.

 

DUAS TELAS

Um Kli é o desejo que recebe Luz, a resposta do Criador. É a intenção de não agir para mim, mas por interesses alem do meu próprio. É por isso, que não consideramos que um mero desejo seja um Kli, e, mas sim a tela, a intenção altruísta de dar, a Luz de Retorno.

A Luz é o Criador. Nós sempre falamos sob a perspectiva do Kli, da criatura. Qualquer outra perspectiva que não seja a sensação do Kli é infundada. No estado de Ein Sof, depois de o Kli receber a Luz para ele próprio (com o propósito de receber), decide não fazer isso novamente. Decide restringir a recepção da Luz no seu próprio desejo de receber para si mesmo.

Isto é a “Primeira Restrição”. A partir deste estado descendo até este mundo, todos os Kli desejam não receber a Luz com o propósito de receber. Em outras palavras, a lei da Primeira Restrição é mantida em todos os níveis. O poder de manter a restrição é chamado de “tela”, porque protege o desejo de utilizar a Luz para seu próprio beneficio. Mas por outro lado, existe outra tela – não somente para manter a Restrição, mas também para receber a Luz para o Criador.

 

ESPIRITUALIDADE E AMOR AO PRÓXIMO

Um verdadeiro ato de amor é quando faço alguma coisa boa para alguém que eu amo, somente porque eu quero agradar a essa pessoa, mesmo sem ela saber que fui eu que fiz essa coisa boa, e sem procurar obter qualquer prazer disso. Amor seria a minha única motivação para agir.

Um verdadeiro ato de altruísmo (amor ao próximo) é quando alguém não sabe da existência de outrem, mesmo se esse alguém está dando ou não. Se não  for assim, este ato dará origem ao prazer. Se o Criador sabe sobre um ato da pessoa, isso é já uma recompensa. Mas para a verdadeira doação, não é necessário qualquer tipo de recompensa, exceto o próprio ato de dar.

Falamos sempre sob a perspectiva de uma pessoa com sentimentos verdadeiros e não de criaturas abstratas. Deve-se chegar a essa sensação de doação genuína, passo a passo, ou seja, tem-se que obter o nível espiritual de dar, entretanto, enquanto isso realizá-la somente mecanicamente.  Mas, durante o tempo todo, nós deveremos estar cientes que tal existência é só mecânica, no nível deste mundo, o nosso lugar temporário.

 

BINA

No mundo espiritual, não existe o termo razão (mente). A mente está em constante busca por prazer, para mim. Bina, no entanto, é o estado onde a alma não deseja nada para ela mesma, um estado chamado Chafetz Chesed (Deleitando na Misericórdia).

 

6.000 ANOS

Os livros da Cabala falam de 6.000 anos, que são – na linguagem dos ramos – 6.000 níveis que cada alma deve ascender. Eles, não têm nada a ver com o calendário que você pendura na parede.

Rav Baruch Ashlag comparou o nascimento e a morte em nosso mundo, com o ato de mudarmos de roupa. Esta mudança é gradual de geração para geração, cada vez em corpos mais desenvolvidos, com mentes e desejos mais desenvolvidos. Não existe ligação entre os níveis do mundo espiritual e a mudança de corpos. Para algumas criaturas, mil anos de vida não será suficiente para elas entrarem no mundo espiritual, enquanto outras completam as suas correções durante uma só vida.

 

DEFINIÇÃO CABALISTICA DE JUDEU

Abraão, que foi da Mesopotâmia para a terra de Israel, é chamado de, o primeiro Hebreu (e o primeiro Judeu), porque ele foi o primeiro a passar da idolatria para a terra de Israel (terra=Eretz e Israel=da palavra, Yashar El, que significa “diretamente ao Criador”). Ele foi de um estado de adoração de ídolos para o reconhecimento da existência de um Poder Superior que controla tudo,  e se identificou a si mesmo, com esse Poder por seu próprio livre arbítrio. É por isso que ele foi chamado de Hebreu (Ivri – da palavra Além) e Judeu.

Os termos “Judeu” e “Gentio” são completamente diferentes na espiritualidade, do significado que estamos acostumados. O Gentio é aquele que quer se unir ao Criador, para seu próprio prazer, enquanto que o Judeu é aquele que quer fazer isso, com o propósito de se assemelhar ao Criador (tornando-se  altruísta). A palavra Judeu vem da palavra Hebraica Yehudi-Yechudi (que significa único e unificado), porque aquela pessoa se uniu ao Criador. Como você pode ver, não tem nada a ver com genética ou com o local de onde você veio.

 

DIVISÕES ESPIRITUAIS

Criação – o desejo pelo prazer – dividido em nove atributos que recebeu do Criador: os nove Sefirot superiores e Malchut, a décima Sefira. Deste modo, na realidade tudo é dividido por dez. Existem outras divisões: O Partzuf se divide em três Sefirot de Rosh (Cabeça) e em sete Sefirot do Guf (Corpo).

Depois, existe a divisão em doze, que deriva do numero de Partzufim (Faces) do mundo de Atzilut. Na sabedoria da Cabala você encontrará explicação para cada divisão e o inter-relacionamento entre elas.

 

OS SEFIROT YESOD E ZEIR ANPIN

Zeir Anpin tem que estar em contato com Malchut, para poder conduzir a Luz até ela. Para que isso aconteça, ele deve construir uma Sefira especial, que sirva de ponte entre Malchut e ele, ou seja, possuirão atributos similares.

Para esse efeito, Zeir Anpin consiste de:

Hesed- Keter de Zeir Anpin (Z’A)

Gevura- Hochma de Zeir Anpin

Tifferet- Bina de Zeir Anpin

Netzah- Zeir Anpin de Zeir Anpin

Hod- Malchut de Zeir Anpin

Yesod- é a soma total de todos os Sefirot anteriores (como uma salada, feita dos cinco componentes originais que quando colocados juntos, formam um novo atributo).

Depois de Yesod vem a Malchut coletiva – a criatura, a alma, a parte que deve se unir com o Criador (Zeir Anpin) através da equivalência da forma. Malchut é a criatura e Zeir Anpin é o Criador. Zeir Anpin é aquele ao qual todas as preces serão elevadas e corrigidas, e ele, a pedido de Malchut (MAN), constrói um vínculo com ela – contato e acoplamento – através de sua Sefira de Yesod.

 

A ALMA

O Zohar escreve sobre o relacionamento entre todos os cinco Partzufim do mundo de Atzilut, que é o mundo que governa a realidade. Diz: “Portanto deverá o homem deixar seu pai e sua mãe” (Genesis 2, 24), ou seja, a alma se tornará independente do seu pai e de sua mãe, alcança perfeição e acoplamento independente com Malchut, para se unir ao Criador, e criar um novo Partzufim – almas corrigidas.

A alma é o Partzuf de Malchut do mundo de Atzilut. Zeir Anpin, o Criador, é seu marido. O Partzuf de Abba ve Ima – Hochma e Bina – proporciona à alma tudo o que ela precisa.

 

UM DESPERTAR DE BAIXO

Na Cabala, tudo é descrito na perspectiva das emoções que os Cabalistas alcançaram, e da maneira que o Criador se revelou a essa pessoa. Mesmo quando falamos do Criador, e aparentemente só sobre ele, indiferentes a nós mesmos, ainda assim confiamos no nosso próprio entendimento sobre Ele.

O nosso desejo para a ascensão espiritual se estende tanto do Superior (do Criador), como de baixo (de nós). É claro, que é somente a Luz que nos embala e nos desperta, como Kelim (Recipientes). Mas depois, ou sentimos claramente que é o Criador que nos desperta lá de Cima, ou nós não sentimos a influencia Dele, mas somente os efeitos colaterais dessa influência: a nossa vontade interior, ou seja, existe repentinamente um desejo para o Criador porque Ele nos despertou secretamente.

 

UMA FORÇA ESPIRITUAL CHAMADA “MESSIAS”

O termo “Messias” vem da palavra Hebraica Moshech (lit. puxar). Isto significa, puxando as pessoas de um mundo vergonhoso para um nível superior.  Messias é uma força espiritual, a Luz Superior, a Força Espiritual Superior que

desce ao nosso mundo e corrige a humanidade, elevando-nos a um nível superior de consciência. É bem possível que, juntamente com ela haja certos lideres que ensinarão outros a entrar no mundo espiritual. Mas em princípio, é uma força espiritual, não uma personalidade de carne e osso.

 

CONFIANÇA

Confiança é a capacidade de resistir, de estar constantemente nutrido pelo objetivo. A obtenção da confiança depende somente da obtenção da Luz Circundante. Esta Luz está pronta e esperando para preencher a alma quando esta completar a sua correção. Portanto, agora, quando esta Luz brilha sobre as almas, ela dá uma sensação de confiança e proteção.

Somente um concreto e direto sentimento pelo Criador, dá à pessoa confiança e capacidade de resistir a todos os níveis da correção. Isto é feito pelo Criador propositadamente, de modo que, nós não seremos capazes de superar  o menor obstáculo espiritual por nós mesmos, mas precisaremos do Criador em cada etapa do caminho.

Em nosso mundo, podemos existir sem a sensação do Criador. Mas no reino espiritual, não podemos. A extensão da sensação do Criador é a extensão da verdadeira confiança de uma pessoa, e mais, a nossa capacidade de nos defendermos contra todas as perturbações.

 

QUEM É UM AMIGO?

A palavra “amigo” (Haver), deriva da palavra “conexão” (Hibur), unificação. A conexão só é possível se existir uma semelhança em atributos, pensamentos e ações. Portanto, de acordo com a equivalência de atributos, um amigo pode estar mais próximo, ou mais longe. Seu “amigo” (Reacha) deriva da raiz Rea, que significa “próximo”.

 

O QUE É HUMILDADE?

Humildade é a característica mais importante. Existe um capítulo importante no “Zohar” chamado, O Livro da Humildade (Safra de Tzniuta). Através da tela, nós nos tornamos como o Criador, precisamente no atributo da humildade! Isto acontece, porque nós suprimimos a nossa própria natureza e colocamos o Criador acima de nós mesmos.

Humildade exige que estejamos cientes da inferioridade de nossa natureza, e assim aspirarmos adquirir a natureza do Criador – o atributo de dar, da entrega. Humildade é a capacidade de ativar a nossa natureza de desfrutar, com a intenção de não para nós mesmos.

 

JUSTO E MAU

Qualquer nível espiritual é dividido em duas partes: justo e mau. Quem justifica o Criador, é considerado justo, enquanto, quem condena o Criador é considerado mau.

Uma pessoa que está no mundo de Assiya é considerada má, mas no mundo de Yetzira, aquela pessoa é considerada má e justa. No mundo de Beria, a mesma pessoa é justa. Antes de entrarmos no mundo espiritual, não caímos em nenhuma destas categorias, porque sob a perspectiva espiritual, não existimos.

 

INTEGRIDADE

Uma pessoa justa é alguém que obteve um nível espiritual chamado “justo”. Esta pessoa obteve a tela que barra e previne que todos os prazeres entrem e preencham a vontade de receber. É por isso, que o justo pode sempre justificar o Criador.

Para “o justo que herda a terra”, em cada nível novo, o justo herda ou recebe novos desejos (desejo – Ratzon – deriva da palavra terra – Eretz) e coloca  sobre eles uma nova tela, chamada “recebendo para o Criador”.

 

BEM E MAL

O significado físico de bem e mal não corresponde ao das leis espirituais. Não significa que é oposto, que mal em nosso mundo é bom em espiritualidade.  Não é assim! Mas é certo que, as nossas boas ações realizadas aqui no nosso mundo físico, não nos promovem para a espiritualidade.

Eu tenho a certeza que você já deve ter escutado que o Criador é bom e benevolente, que Ele criou tudo, e só bondade. Então, onde está essa bondade? O que nós vemos à nossa volta? A resposta é que a conexão entre este mundo e o espiritual não existe de baixo para Cima. Só pode ser feito de Cima para baixo. Caso contrário, todos iriam de bom grado alcançar o Criador  e não precisariam da correção de Cima.

 

PODER DA LUZ

“Mau” é a falta da Luz. Tudo depende da intensidade da Luz: quando a Luz brilha um pouco mais forte, nós sentimos isso como bom, como um descanso. Esta é a Luz da qual as pessoas falam quando experimentam morte clinica. Uma quantidade mínima de Luz é sentida por nós quando nos encontramos num estado de depressão, desastre ou doença. Tudo depende do poder da iluminação que brilha em cada pessoa individualmente. “Mau” é simplesmente a falta da Luz.

 

CASTIGO?

Não existe castigo em espiritualidade, somente correção, a qual nos leva a alcançar a perfeição. Em nosso presente nível de desenvolvimento, nós normalmente imaginamos como uma recompensa quando recebemos o que queremos. Portanto, a recompensa depende do nível da alma de cada pessoa.

Tem que se alcançar um estado, onde a recompensa é conseguida por termos feito algo pelo Criador. Então o esforço a adicionar à intenção para o Criador é considerado um trabalho que merece uma recompensa. Contudo, o próprio trabalho é na verdade a recompensa. A sua causa (desejo de receber) e o seu efeito (a recompensa) tornam-se um. Tempo e dor desaparecem, para serem substituídos pela sensação de completa plenitude.

 

O QUE É PECADO?

Primeiro, devo frisar que qualquer coisa que acontece em nosso mundo não tem qualquer suporte no Mundo Superior, porque não se invoca nenhum ato espiritual através de ações físicas. Quando uma pessoa entra no Mundo Superior, por ter adquirido uma tela, a pessoa executa atos espirituais, usando todos os 613 desejos com o objetivo para o Criador, do desejo mais fraco, do primeiro nível no mundo espiritual, até o mais forte, o desejo mais elevado do mundo espiritual.

Existem dois tipos de prazer:

  1. 1. A Luz da Sabedoria – sentida no desejo pelo prazer.
    2. A Luz da Misericórdia – sentida no desejo de desfrutar. Ambas podem ser recebidas somente com a intenção para o Criador, não com a intenção para mim mesmo.

Existem quatro ações que podem ser desempenhadas, dependendo da medida da correção:

Receber prazer para mim mesmo.

Dar prazer (desfrutar) para mim mesmo.

Dar prazer (desfrutar) para o Criador.

Receber prazer para o Criador.

Ejaculação, no sentido Cabalístico da palavra, é um ato de receber prazer. Isto significa, a Luz da Sabedoria, dentro do Kli não corrigido (carência de uma tela) Malchut, enquanto uso a intenção “para mim”.

O correto uso da Luz da Sabedoria é obtido somente através da correta união entre o desejo de dar e o desejo de receber, entre Zeir Anpin e Malchut de Atzilut.

As almas os forçam a se acasalarem aumentando o desejo pela correção, chamado MAN.

Somente no final da correção, quando existir uma tela sobre todos os desejos, será possível receber sem limitações. É por isso, que no feriado  de  Purim existe um Mitzva (mandamento), para beber até não conseguir distinguir entre  o bem e o mau, porque isto simboliza o Final da Correção.

 

FIM DO MUNDO

O fim do mundo corresponde ao final da situação em que nos encontramos que é a pior e a menor de todas. O final desta situação é considerado uma passagem, após o que uma pessoa começa a se auto-identificar com a alma, para se sentir no mundo espiritual. Isto termina com a questão se devemos  viver neste corpo ou fora dele. Paramos de nos sentir sob a autoridade  de nosso próprio corpo, e isto é designado de “fim do mundo”. De agora em  diante, sentimos somente a vida da alma.

 

INFERNO

Inferno é a sensação da vergonha – a única sensação que o ego não pode suportar de maneira nenhuma, porque isso o humilha e o anula. A sensação de inferno coloca a criatura num status inferior à do Uno e Único, o Criador,  Aquele que existe fora dela. Mostra-nos que somos as entidades mais inferiores e desprezíveis. O ego não consegue tolerar isto, ao ponto de estar disposto a desistir de seus próprios atributos. Essa é a razão pela qual o  inferno é sentido por aqueles que são chamadas de “maus”, ou seja, aqueles que se autodenominam maus, porque eles querem se tornar justos, e justificar as ações do Criador para com eles.

 

PARAISO

Paraíso é um estado perfeito, aquele que obtemos depois de termos terminado a correção de nosso desejo de receber e alcançar completa adesão com o Criador. Adesão significa, equivalência de todos os nossos atributos com aqueles do Criador, o alcançar da sensibilização completa e da sensação de eternidade e perfeição. Nós somos compelidos a alcançar isso, e podemos fazê-lo, ainda nesta vida.

 

FELICIDADE

Felicidade é a sensação de preenchimento de nossa capacidade interna. Só é totalmente esclarecido, quando nós percebermos realmente, o que e como deveremos nos preencher, qual é o nosso objetivo, o quanto ele é eterno e independente, e até que ponto ele é a única coisa significativa no mundo que está sendo realizado. Em outras palavras, felicidade é a sensação de proximidade com o Criador, porque esse é o propósito da criação – uma sensação de avanço em direção a uma plenitude sem fim.

 

SENTINDO A TRAVESSIA

Uma pessoa passa por todo o processo antes e depois de atravessar a  barreira, mas essa passagem é impossível de prever. A travessia da barreira ocorre somente numa única direção, para o mundo espiritual e não de volta para o nosso. Significa alcançar Lishma, a intenção pelo bem do Criador, e consequentemente, a união completa com Ele, como um feto dentro do útero de sua mãe, por isso, ao sermos preenchidos com tal sensação, nós certamente perceberemos que estamos LÁ.

 

A ÁRVORE DA VIDA

A Árvore da Vida significa a correção dos desejos altruístas (acima de Chazeh) e trabalhando com desejos egoístas (abaixo de Chazeh) com a intenção de ceder todo o Partzuf Adam.

 

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