CAPÍTULO 8

Do livro “Sabedoria Maravilhosa”

Introdução

Antes de conhecermos os mundos espirituais, tudo o que sabemos sobre eles é a partir de textos escritos, de pessoas que atingiram esta mesma tarefa antes de nós. Nestes textos, eles escreveram sobre toda a estrutura dos mundos espirituais em grande detalhe. Estas maravilhosas pessoas que nos deram um presente tão magnífico são chamados de, Cabalistas. Felizmente, nas suas obras incluem também, como estabelecer esse mesmo tipo de contato, entrar em locais que atualmente não conhecemos e, em seguida, experimentar exatamente as mesmas coisas que eles experimentaram.

Acontece que esses textos podem ser vistos de duas maneiras: primeiro, como um modelo daquilo que é o espiritual e segundo, como um manual de instruções que nos permite confirmar pessoalmente, tudo o que eles escrevem. O resultado final deste legado Cabalístico maravilhoso que tão generosamente nos foi dado, é que somos capazes de adquirir o mesmo conhecimento e perceber a perfeição, exatamente da mesma forma que eles fizeram. Seguindo esta “auto-estrada espiritual”, que eles nos deram, podemos alcançar um entendimento completo do objetivo da criação e somos capazes de captar o seu propósito, enquanto vivemos todos neste mundo.

As seguintes oito lições são baseadas num curso ministrado pelo Dr. Michael Laitman, meu professor e Cabalista. Ele projetou o seu curso com base em três fontes: no Zohar de Rabbi Shimon Bar Yochai escrito no século II DC; as obras do Ari, Rav Y. Luria, e Cabalista que viveu em Safed, no século XVI e, finalmente, as obras de Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam, que viveu em meados do século XX.

Na verdade, estas três fontes escreveram exatamente sobre a mesma coisa, mas em épocas totalmente diferentes, e usando uma linguagem que se enquadrava aos alunos da sua respectiva época. Para mais informações sobre estas fontes, consulte o Capítulo 5, Materiais de Pesquisa da Cabala.

Na Cabala, a maioria do material estudado é escrito em hebraico, uma linguagem que Abrão desenvolveu com a única finalidade de descrever o espiritual. Embora grande parte da seguinte informação dada nas lições, seja apresentada num formato que não requer verdadeira compreensão do hebraico, alguns dos termos hebraicos mais importantes, foram mantidos como são e é fornecido uma definição precisa de cada termo. Você notará que todos eles estão em itálico e a primeira letra é sempre Maiúscula. Diagramas originais com legendas em Inglês, foram também inseridos para ajudá-lo a compreender os conceitos com clareza e de uma forma mais simplificada, se apenas os termos em Hebraico fossem dados. Alguns dos diagramas podem parecer ao contrário para leitores do Inglês, porque o Hebraico é lido da direita para a esquerda.

Estas lições são uma explicação para uma única coisa, o processo de criação. Isto é exatamente o que a Cabala descreve, e nada mais. A razão é simples. Se nós sabemos de onde viemos, se temos um plano, podemos seguir esse mesmo plano, de baixo para Cima, passo a passo, para uma revelação total e completa do Criador.

O nome dado a Yehuda Ashlag, Baal HaSulam, significa “Dono da Escada”, por causa da Sulam (Escada) comentário sobre o Zohar. Por outras palavras, os textos que estudamos certamente proporcionam a quem está apenas à procura de conhecimento, informações necessárias para responder a perguntas sobre, de onde viemos. Mas este não é o seu propósito. As grandes obras que estudamos não são para conhecimento, mas sim para proporcionar a nós experiências desses mundos.

Você também vai notar que a palavra “fase” é usada. Deve pensar nela como uma diferente parte do processo, já que nós passamos por diferentes fases de desenvolvimento em nosso crescimento, desde a infância até á idade adulta. Há muitas fases neste processo, e nós mudamos certamente, mas continuamos sendo “nós”.

É muito importante perceber que este material é simplesmente uma visão geral. Não é uma explicação completa e detalhada da Criação. De fato, não é nem um prefácio para esse processo incrível, mas antes, um prefácio do prefácio.

O verdadeiro estudo da Cabala entra num incrível pormenor do processo de criação, fornecendo os mínimos detalhes.

Para aqueles que estudaram ciências na faculdade, você pode comparar este capítulo a oito lições rápidas em Física ou Química. Embora estas oito lições forneçam uma idéia geral sobre o assunto, não é possível de maneira nenhuma, explicar um assunto tão vasto como a Criação, em tão poucas páginas.

Finalmente, este material não deve ser lido rapidamente ou esquadrinhado. Leve seu tempo. Permita-se o luxo de absorver o que está escrito para além do que simples conhecimento. Você pode até querer voltar a ler estas lições várias vezes, para assim compreender o que pode ter perdido. Com isso em mente, vamos começar.

 

LIÇÃO 1

Em seus textos, o Rav Yehuda Ashlag nos explica que a Luz emanada do Criador, designa o desejo de criar seres e agradá-los. Você deve se lembrar que a Luz é a sensação do Criador, o prazer. Na Cabala, nós chamamos isto a Fase da Raiz, cujo número é zero (0). Em Hebraico, nós chamamos Fase Shoresh ou Keter. Recebe o número zero porque é considerada a fase preliminar, que antecede a criação de qualquer coisa. É simplesmente, o desejo de agradar e criar algo ao qual possa dar prazer.

Portanto, neste momento, tudo o que podemos dizer sobre a Fase 0 (Keter) é que o Criador deseja agradar, que tem um desejo de doar, de dar, iniciando o processo de criar algo que possa receber o que Ele deseja dar, ou seja, o prazer. Enquanto a lição continua, poderá ajudá-lo consultar a Figura 1.

Na segunda etapa, denominada Fase 1, em Hebraico – Fase Aleph (Hochma) – esta Luz cria um Recipiente (Kli, em Hebraico). O Kli é algo que tem a capacidade de conter uma substância. Ele tem limites. E assim como o soprador de vidro cria um copo para reter a água ou outras bebidas, este Recipiente (Kli) é criado para conter algo dentro dele, sendo o prazer.

O Kli é criado de tal maneira, que é perfeitamente adequado para cumprir esta finalidade. Em outras palavras, o Kli é o desejo de receber prazer, de uma maneira perfeita. Para entender a relação entre a Luz e o Kli, a pessoa pode pensar num carimbo e na impressão que ele faz.

Outra analogia pode ainda ser mais simples se imaginarmos que estamos numa praia. Se pressionarmos as nossas mãos na areia molhada e, em seguida, retirarmos as mãos, deixaremos boas impressões das nossas mãos. Se a areia for fina o suficiente, poderemos até mesmo ver as linhas da palma da mão na impressão.

A Bíblia nos diz que Deus criou o homem à Sua imagem. É exatamente isso a que eu me refiro. O Kli é projetado exatamente dessa maneira, onde o Kli, o desejo de receber prazer, se une perfeitamente com a Luz que o preenche completamente e o agrada.

A Luz em si tem uma característica única, um atributo, que é agradar, deleitar, dar prazer. O atributo do Kli é exatamente o oposto: é o desejo de receber, o desejo de experimentar o prazer.

Figura 1. Cinco Behinot

Nota: Este diagrama foi reproduzido a partir de um texto em Hebraico. O Hebraico é lido da direita para a esquerda, portanto, a sequência pode parecer de trás para frente para os leitores de língua portuguesa.

Então, a Luz cria o Kli e, em seguida, preenche-o completamente. Porém, quando o Kli está cheio, não só sente prazer, mas também sente como o Doador é; sente o atributo de doação do Doador. Esta experiência de sentir quem está dando o prazer provoca o surgimento da próxima fase da criação.

A experiência de sentir não só o prazer, mas também o atributo do Doador, ou seja, a doação pode ser vista como a transferência. O que é transferido ao Kli é aquele atributo do Criador. Esta transferência faz com que o Kli, agora, queira ser como a Luz. Por outras palavras, o Kli sente esse atributo do Doador e quer fazer o que a Luz faz: dar sem restrição, ser como o Doador. Mas o Kli não tem absolutamente nada para dar. Ele foi construído para receber. Assim, para chegar o mais perto possível de dar, ele pára completamente de receber. Esta etapa se chama Fase 2 – Fase Bet (Bina).

Agora, temos uma situação preocupante. O Kli, que agora está vazio de Luz porque sentiu o Criador e desejou ser como a Luz, se recusa a receber. A Luz não pode realizar aquilo que devia fazer, e o Kli não pode fazer aquilo que devia fazer. Se o Kli tivesse alguma coisa para dar, daria. Porém, a única coisa que ele pode fazer é o seguinte: recusar receber qualquer prazer. Isto nos leva diretamente à fase seguinte, que a Cabala chama de Fase 3 — Guimel (Zeir Anpin). O Kli sabe que o objetivo da Luz é criar e dar-lhe prazer. Ele também sabe que a sua existência se baseia em receber prazer, que deve receber certa porção da Luz ou deixará de existir. Em resumo, a recepção é a natureza do Kli.

Como pode o Kli satisfazer o que necessita e, ao mesmo tempo, satisfazer o seu desejo de ser como o seu Criador? A Fase 3, Zeir Anpin (ZA), fornece a resposta. Na verdade, ela é uma fase mista, e a única resposta possível para este problema. O Kli decide que receberá uma parte da Luz, mas com uma pré-condição. Ele só receberá a Luz, se for para dar prazer Aquele que o criou. Vamos repetir. O Kli sabe que deve receber e irá fazê-lo, mas apenas se realizar a sua função com a intenção de agradar ao Doador.

O que acontece aqui é muito importante. O Kli, o desejo de receber, tem agora dois atributos diferentes que, podem ser comparados um com o outro. Sabe o que o desejo pelo Doador é, e sabe qual é a sua própria natureza: receber. Ele tem o desejo de ser como o seu Criador (dar), e tem o desejo de receber prazer. Mas também sabe, que a sua verdadeira natureza é uma total e completa recepção, algo que não pode mudar. Percebe que, para ele, é muito mais natural receber do que dar, pois é exatamente assim que foi criado. O que aconteceu aqui foi uma descoberta. Antes, este Kli não tinha percebido que a sua própria natureza era oposta a do seu Doador, e agora percebe. Isto nos leva à 4ª fase, que a Cabala denomina fase Dalet (Malchut).

Esta percepção da sua verdadeira natureza leva o Kli á decisão de que ele deve se comportar como foi projetado, e receber todo o prazer que a Luz traz, na sua totalidade. Algo especial aconteceu aqui: uma decisão independente. Nas três fases anteriores, o Kli apenas reagia sob a influência da Luz. Porém, na quarta fase, o desejo de receber, outra vez a totalidade da Luz, é uma decisão totalmente independente. É isso que distingue esta fase (Fase 4) da Fase 1, Fase Aleph (Hochma). Em ambas as fases, o Kli só recebe, mas, nesta última fase, o Kli tem o seu próprio desejo independente. Esta independência é que nos permite chamá-lo de “criatura” ou “Criação”. Por outras palavras, a recepção do prazer foi uma escolha do Kli, e não do Criador.

Ele agora pode ser chamado de “a criatura”, porque o desejo realmente veio do seu interior, e não diretamente da Luz, onde a Luz simplesmente o preenchia sem qualquer decisão por parte do Kli. Quem lhe deu esta distinção foi a escolha. Ele pode receber ou não. Que decisão tomou? Escolheu receber, aceitar tudo outra vez. Antes, ele era preenchido somente porque era o que o Criador queria. Por outras palavras, o primeiro desejo independente de receber prazer da Luz, nasceu agora totalmente do interior da criatura.

Este conceito é fundamental para o nosso trabalho! Vejamos um exemplo. Considere o processo do nascimento. Não importa o que fazemos antes de nascermos, nós recebemos toda a nossa alimentação quer queiramos quer não; toda a necessidade é atendida pelas nossas mães. Nós não temos absolutamente nenhuma escolha no assunto. Todos os nossos sistemas são influenciados por aquilo que as nossas mães nos fornecem dentro do útero.

Contudo, uma vez feita aquela longa viagem pelo canal do nascimento e anunciado a nossa presença ao mundo, geralmente com um grito de arrepiar os cabelos, tudo muda. No momento em que o cordão umbilical é cortado, os nossos sistemas começam a agir de forma independente. Nós começamos a respirar o ar por nós mesmos. O nosso fornecimento de sangue é independente. A nossa alimentação vem de uma fonte externa, até nossas bocas. Certamente, os nossos pais ainda nos podem obrigar a muitas coisas nas nossas vidas, mas agora, quando estamos com fome, choramos. Quando precisamos ser mudados, fazemos com que os nossos pais saibam disso. O processo de uma criação independente aconteceu.

Agora, vamos examinar um pouco a forma como a Cabala designa a Luz. Isto será mais fácil se consultar a lista abaixo. Nós temos cinco fases:

Fase zero – Shoresh, chamada Keter

Fase um – Aleph, chamada Hochma

Fase dois – Bet, chamada Bina

Fase três – Gimel, chamada Zeir Anpin

Fase quatro – Dalet, chamada Malchut

Uma verificação rápida num dicionário Inglês-Hebraico irá confirmar que Aleph, Bet, Gimel e Dalet são as primeiras quatro letras do alfabeto Hebraico. É importante observar que os nomes Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin, e Malchut não são nomes de criaturas, mas sim os nomes das fases do processo de criação. Assim, quando dizemos Malchut, falamos da criatura tal como está neste estágio.

Em cada fase, há um tipo diferente de Luz, pelo menos da nossa perspectiva. Na realidade, não há nada além de uma só Luz; sentimo-la assim única e exclusiva, devido à nossa própria percepção. A Fase Raiz, Fase Zero, Shoresh, corresponde à Luz chamada Keter. A fase um, Hochma, corresponde à Luz chamada Hochma. A fase dois, Bina, corresponde à Luz chamada Hassadim. A fase três, Zeir Anpin, corresponde à combinação das duas primeiras Luzes, Hochma e Hassadim.

A fase quatro, Malchut, corresponde novamente à Luz de Hochma.

Fase Behina/

Sefira

Tipo de Luz Mundo Desejo
Shoresh

(raiz; zero)

Keter Ohr Keter Adam

Kadmon

Doar
Níveis Acima              da Criação Aleph (um) Hochma Ohr               Hochma (Sabedoria)

Ohr Haya (Vida)

Atzilut Desejo

inconsciente   de receber

KLI Bet

(dois)

Bina Ohr     Hassadim

(Misericórdia)

Beria Desejo   de  doar

sem receber Luz

Gimel (três) Zeir               Anpin (ZA) /

Tifferet

Grande (90%) Ohr Hassadim Pequeno  (10%)

Ohr Hochma

Yetzira Desejo              de receber ao doar
Dalet (quatro) Malchut / Olam Ein Sof (Mundo      do

Infinito)

Ohr               Hochma alcança

Ohr Hassadim

Assiya (Reino       de desejos) Desejo expresso de receber

Tabela 1.

A palavra Hebraica para Luz é Ohr. Veremos a correlação entre Ohr Hochma e o Criador dando prazer, bem como Ohr Hassadim, a criatura rejeitando o prazer.

Toda a nossa existência é baseada num único fato. Tudo o que existe  no universo inteiro é o desejo do Criador em nos dar prazer e o nosso desejo por esse prazer.

Figura 2. Quatro Fases da Emanação da Luz

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2. Quatro Fases da Emanação da Luz

Tudo       no      universo

acontece por causa desta lei. Nós estamos completa e totalmente sob esta regra.  Todos os diferentes tipos de existência sejam eles, inanimado, vegetativo, animado ou falante querem receber prazer, para receber uma centelha da Luz.

Nós fomos criados com um único propósito: que quando recebêssemos a Luz         do        Criador,

sentiríamos            prazer infinito e duradouro, não de forma egoísta, mas sim de forma perfeita e absoluta. Se a Luz entra no Kli e o enche completamente, então este Kli não pode mais receber, porque o  desejo foi saturado pela Luz; e na ausência de um desejo, o prazer desaparece. É um círculo vicioso. Nós queremos              prazer, recebemos prazer, o prazer mata o desejo e então, o prazer não é mais sentido. Este é o problema que o sistema espiritual da Cabala cura. Nós só podemos receber infinitamente quando não recebemos para  nós  mesmos,  i.e.,

nós desfrutamos pelo prazer do Doador.

Então, a Luz que entra no Kli não neutraliza o desejo de receber. Por experiência, sabemos que quando estamos com fome e começamos a comer, após algum tempo não sentimos mais fome, mesmo que o prato mais delicioso esteja disponível.

O prazer é experimentado no limite entre o prazer em si, e o desejo por ele. No entanto, logo que o prazer entra no desejo e começa a satisfazê-lo, o desejo desaparece lentamente. E, se o prazer é mais forte que o desejo, pode até levar a repulsa.

Então nós temos um problema, mas a boa notícia é que também temos uma solução. O Criador concebeu um sistema que desse à Sua criatura um remédio para a sua situação desagradável. Se escolhermos sentir prazer ao satisfazermos os outros, em vez de senti-lo para satisfazermos a nós mesmos, o prazer nunca termina. Assim, vemos que este prazer depende do quanto  você dá. Quanto mais prazer você dá às pessoas, mais prazer sente. Em  outras palavras, eu vivo fora de mim, fora do meu próprio desejo de receber. Esta condição produz uma existência eterna, o estado de perfeição, que é um dos atributos do Criador. É exatamente a este estado que o Criador quer nos conduzir.

Num primeiro momento, esta idéia parece totalmente irracional. Mas pense nela por um momento. Suponha que tudo o que sabe está na verdade invertido, e em vez de experimentar prazer quando alguém faz algo para si, fosse o inverso. Imagine que cada vez que faz algo por alguém, você  recebesse este incrível prazer que ultrapassa de longe qualquer prazer já recebido ao ter feito algo só para si ou recebido de outra pessoa.

Neste caso, estaríamos nos enfileirando para dar e a quem não faria nenhuma diferença. Quanto mais dermos, mais recebemos prazer. Num piscar de olhos, o nosso mundo mudaria. E, tão louco quanto parece, este é o destino exato para o qual nos dirigimos.

Se a criatura, o Kli, escolhe apenas receber, ela fica presa numa armadilha. O problema é que, recebendo apenas para si, ela só sente o que está dentro dela. Se a criatura pudesse sentir o prazer do Criador em deleitar a criação, ela experimentaria o prazer infinitamente, como uma mãe, que dá de forma desinteressada ás suas crianças. Mas no seu estado atual, todos perdem.

Felizmente, nós temos um sistema perfeito para existirmos, mas, infelizmente, escolhemos não existir nele. Temos em nossas mãos, um conhecimento ilimitado, uma existência infinita, uma sensação de eternidade e harmonia. Dentro deste sistema, o Criador despeja Luz constantemente sobre as suas criaturas. Mas a criatura só recebe Luz se o fizer para agradar ao Criador. A Cabala chama a este sistema de Luz de Retorno (Ohr Hozer), por oposição à Luz Direta (Ohr Yashar) que o Criador envia. Ver Figura 3.

Mas, para que este sistema exista, a criatura deve ter um desejo que atraia aquela Luz Direta para ela. Anteriormente, falamos sobre uma tela que reflete como o tímpano ou a retina. É aqui que a tela entra. A tela deve ser colocada entre aquela Luz Direta e a criatura.

Esta tela, conhecida na Cabala como Massach, impede a criatura de receber para proveito próprio. Ela, apenas permite que a criatura aceite uma quantidade de Luz na proporção da sua própria força; aceita-a apenas por causa do Criador. A Cabala chama esta ação “receber para dar”. Desta forma, a criatura pode assemelhar-se ao Criador, ser como Ele. Noutras palavras, ocorre a seguinte troca: o Criador envia prazer à criatura, que o aceita sob a condição de que ao fazê-lo, agradará ao Criador.

Baal HaSulam cita o simples e eterno exemplo do convidado e do anfitrião. O anfitrião presenteia o seu convidado com uma mesa cheia de delícias. O convidado senta-se, mas não ousa comer, porque ele não quer  estar na posição de receber e não está certo se o anfitrião é sincero no seu desejo de lhe agradar. O convidado está envergonhado porque ele não tem nada para oferecer em retorno e só pode receber enquanto o anfitrião der. É por isso que o convidado recusa o que lhe é oferecido, para entender o verdadeiro desejo do anfitrião.

Se o anfitrião insistir, pedindo ao convidado para honrar a comida, assegurando-lhe que ficará muito satisfeito se o fizer, aí o convidado começará a comer. Ele fará isso porque está convencido que isto irá agradar ao anfitrião, e não sentirá que está recebendo do anfitrião, mas sim dando a ele, i.e.: ele dá prazer ao seu anfitrião.

Os papéis se inverteram. Mesmo que tenha sido o anfitrião a preparar toda a comida e se comporte como o que convida, ele entende claramente que o preenchimento do seu desejo de agradar depende unicamente do seu convidado. O convidado detém a chave para o sucesso do jantar e consequentemente domina a situação.

O Criador fez a criatura de tal maneira, que sob a influência da Luz ela se sentirá envergonhada por só receber. A criatura, usando livremente a sua liberdade de escolha, alcançará por fim um nível, onde não experimenta o prazer egoisticamente, mas sim para agradar o Criador. Estes atributos divinos, estes sentimentos, estão além da descrição e nós não podemos entendê-los. A entrada nos mundos espirituais, por adquirir apenas um grau de semelhança com o Criador já significa a eternidade, o prazer absoluto e a realização.

A ciência da Cabala estuda o desdobramento da Criação. Ela descreve  o trajeto ao longo do qual, o nosso mundo e todos os outros mundos — na verdade o universo inteiro — deve seguir enquanto realiza a sua correção progressiva (Tikkun) para alcançar o nível do Criador, o último grau de perfeição e eternidade. Nós devemos realizar este trabalho de correção enquanto vivemos neste mundo, nas nossas circunstâncias diárias,  e revestidos em nossos corpos.

Os Cabalistas já alcançaram este grau de perfeição e descrevem-no  para nós. Todas as almas sem exceção devem alcançar este último nível no seu devido tempo. Cada um de nós tem que começar do ponto inicial e eventualmente alcançar o ponto final. Não há livre-arbítrio para isto. Nem há livre escolha para alterarmos o caminho, porque todos temos que atravessar todas as fases e sentimentos e progressivamente integrá-los. Em outras palavras, nós devemos “viver” o caminho.

Retornemos às fases da Criação. As fases do desenvolvimento da criatura são divididas pelo que a Cabalá chama de Aviut. A espessura ou a grossura do desejo por prazer é chamada Aviut.

O que é espessura ou grossura? Quanto mais distante a criatura está do Criador, mais desejo ela sente, e mais Aviut ela tem. Por exemplo, na fase 0, Keter, e na fase 1, Hochma, não há nenhum (ou quase nenhum) desejo. Não há quase nenhuma grossura, nenhuma Aviut. Tudo está sob o poder do Criador, como um bebê que está para nascer, e que tem tudo pronto para ele. Mas, na última fase, que é a mais distante do Criador, Malchut, a criatura, tem  o desejo de receber mais intenso. É bom recordar que este desejo de receber vem da sua própria decisão e, por isso, é egoísta, voltado para si mesma.

Agora, a criatura está naquela fase quatro, Malchut. Na 1ª fase,  Hochma, a criatura simplesmente recebe, e recebe 100%. Você se lembra que durante o estágio Hochma, a criatura também é capaz de sentir os atributos do Criador. Isso é o que acontece novamente. Malchut começa a sentir o Doador.

Mas esta sensação, de quem está dando prazer, é diferente do primeiro caso. Há uma grande diferença entre a fase 1-Hochma e a fase 4-Malchut. Malchut é uma criatura independente, tomando a sua própria decisão de receber, enquanto que em Hochma, o Criador controla tudo.

Da combinação de sentir o Criador e tomar a sua própria decisão de receber, uma sensação totalmente nova é sentida pela primeira vez, a  sensação de vergonha. Malchut sente que o seu atributo de recepção é completamente oposto à Luz e ele tem consciência do seu próprio egoísmo. Agora, esta não é uma vergonha habitual, como quando sentimos ao sermos apanhados a fazer algo mau, mas uma vergonha imensa e intensa. Esta vergonha é sentida tão intensamente que Malchut decide parar de receber a Luz, e isto é o que ele realmente faz.

Esta rejeição da Luz por Malchut é chamada Primeira Restrição. Restrição em Hebraico é Tzimtzum. As letras Hebraicas também são números; assim 1 é Aleph, ou “primeiro.” Assim, a Cabalá chama a este ato Tzimtzum Aleph. Agora, mais uma vez, tudo está em equilíbrio, mas em sentido contrário, visto que Malchut não recebe e o Criador não dá.

Neste momento, eu sei o que vocês estão pensando, “Aqui vamos nós de novo!” Mas eu posso assegurá-los que ajuda está a caminho. Se tentarmos retratar isto em nossa mente, pode parecer como que algum tipo  de entusiasmo excessivo do desejo, querendo e querendo e querendo, mas ele não pode ter o que ele quer, devido à tortura que ele traz à pobre e miserável besta quando ela recebe.

A nossa criatura pondera infinitamente, surgindo finalmente com uma solução. Ela imitará o nosso exemplo do convidado e do anfitrião. Malchut afasta toda a Luz que entra, porque não quer se sentir como um receptor. Então, ela estabelece a condição de que aceitará uma parcela da Luz, não para o seu próprio prazer, mas porque quer agradar o Criador, porque sabe que o Criador deseja dar-lhe prazer.

Receber desta maneira é como dar; assim, Malchut está agora na posição de Doador. Lembre-se que Malchut primeiro rejeita tudo, depois  calcula quanto pode receber para o Criador. Somente após este cálculo ser feito, é que Malchut recebe mesmo a minúscula quantidade de Luz, e naturalmente, só com a intenção de agradar ao Criador.

O que tudo isto nos diz? O que temos descrito, o nascimento do desejo. Se um verdadeiro desejo é trazido à vida, vemos que a Luz precisa se submeter a quatro fases diferentes. Nós não contamos a fase de Raiz. Isto é exatamente o que acontece com cada desejo que você experimenta. Antes que os desejos sejam sentidos dentro de nós, este processo ocorre e atravessa todas as fases do desenvolvimento da Luz vinda do Criador até que por último nós os sentimos. É totalmente impossível que um desejo surja sem que antes surja a Luz. Isto é importante: A Luz vem primeiro, depois o desejo.

Agora vamos dar uma olhada na estrutura da criatura, como ela é em Malchut, Fase 4. A criatura é o Recipiente (Kli). No diagrama abaixo, há diversos tipos de Luz. A Luz Direta, que brilha diretamente do Criador, é chamada Ohr Yashar. A Luz que a Criatura (Malchut) rejeita inicialmente é chamada Ohr Hozer. É também conhecida como a Luz de Retorno, a Luz que a tela não deixa entrar.

Finalmente, a Luz que Malchut deixa entrar é chamada Luz interna, ou Ohr Pnimi, porque a força da sua tela é suficientemente forte que a aceita para o bem do Criador.

Figura 3. O Recipiente (Kli)

Nós falaremos da Luz Circundante, chamada Ohr Makif, mais tarde. Estude este diagrama até que você esteja familiarizado com os termos e o que eles significam.

Lembra-se da nossa história sobre o convidado e o anfitrião? Quando o convidado se depara com o anfitrião e a mesa cheia de delícias, ele primeiro recusa tudo, depois decide comer um pouco a fim de satisfazer o anfitrião, embora gostasse de devorar tudo de uma vez. Isto significa que a pessoa deve usar os seus desejos egoístas, mas de maneira altruísta. Á medida que o convidado começa a ponderar as coisas, ele compreende que não pode aceitar todo o jantar por causa do anfitrião; ele só pode aceitar uma pequena parcela.

Figura 4. O Partzuf

A nossa criatura aplica este conceito após fazer Tzimtzum Aleph, a Primeira Restrição. Lembre-se que, devido à intensa vergonha que Malchut sentiu após decidir receber 100% de Luz, ele realizou Tzimtzum Aleph e não recebeu nada. Mas se aplicar a idéia acima, ele aceita apenas uma pequena parcela de Luz, digamos 20 por cento, e então rejeita os restantes 80 por  cento.

Agora, vamos olhar para a criatura que existe no momento  em que decide aceitar só uma quantidade de Luz que recebe para o bem do Criador. Nós chamamos á combinação de um Kli e da Luz, um Partzuf, um ser emanado, uma criatura que tomou a decisão de restringir tudo o que não pudesse aceitar com a intenção de agradar ao Criador. Tal como com os nomes anteriores, Partzuf é o nome de uma condição da criatura, mas uma condição muito importante.

A Cabalá divide o Partzuf em três áreas principais: o Rosh, o Toch, e o Sof. A parte do ser criado que toma a decisão de quanta Luz ele pode aceitar dentro de si, para o bem do Criador é chamada Rosh (Cabeça). Pense nela como a parte que calcula, a parte que olha os dados e determina o que pode ser aceite baseado nesses dados. A parte que aceita a Luz é chamada Toch (parte interna). A última parte, que permanece vazia, é chamada Sof (Fim).  Este é o lugar onde o ser criado realiza uma restrição e já não aceita a Luz.

Você também pode observar que dentro de cada parte, há as sub partes que correspondem na globalidade às cinco fases da criação, Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin, e Malchut. Cada parte do Partzuf tem um pouco do todo em si mesmo. Isto será muito importante mais tarde, mas por agora, é bom recordar que cada coisa tem aquelas partes em si. Não importa como nós dividimos cada parte, ela contém sempre as suas partes interiores, e assim por diante e assim por diante até á infinidade!

Quanto ao modo como a Cabalá nomeia coisas, termos diferentes são atribuídos às várias partes da criação usando nomes de várias partes do corpo humano. Não há termos, marcas ou números nos mundos espirituais. Não obstante, é mais fácil e compreensível usar palavras.

Os Cabalistas escolheram se expressar numa língua muito simples porque tudo em nosso mundo resulta dos mundos espirituais, de acordo com as conexões diretas que descendem de Cima para baixo. Estas conexões vão de cada objeto espiritual para cada objeto em nosso mundo. Para tudo o que tem um nome em nosso mundo, nós podemos usar o nome de um objeto de nosso mundo, e usá-lo para designar o objeto espiritual que o origina.

Nenhum dos manuscritos da Cabalá autêntica menciona o nosso  mundo, nem uma palavra, embora eles possam usar a linguagem de nosso mundo. Cada objeto do nosso mundo refere-se a um objeto análogo nos mundos espirituais, mas a Cabalá fala somente do espiritual. Assim, quando nós falamos sobre a parte do Partzuf que é responsável pelo pensamento, cálculo e análise de dados, ela é chamada Cabeça, ou Rosh.

A tela, Massach, encontra-se entre Rosh e Toch num local chamado Boca ou Peh. Essa parte onde a Luz pode entrar é chamada Corpo, ou Guf. Há uma parte onde a Luz não é permitida, porque a criatura determinou aceitar apenas uma determinada quantidade. Essa parte é chamada Sof. A parte que divide Toch e Sof no Guf é chamada Tabur, ou Umbigo. A parte mais baixa do Partzuf onde não há absolutamente Luz nenhuma, é chamada Sium, significando conclusão. A totalidade da criatura é chamada Malchut.

Vejamos o exemplo de uma pedra em nosso mundo. Há uma Força de Cima que gera esta pedra: consequentemente, ela será nomeada “pedra.” A única diferença é que “a pedra espiritual” é uma raiz espiritual dotada de atributos específicos, que por sua vez corresponde a um ramo em nosso mundo, classificado como “pedra,” um objeto material. Foi assim que a linguagem dos ramos foi criada. Por meio de nomes, de denominações e de ações em nosso mundo, nós podemos nos reportar aos elementos e às ações nos mundos espirituais. Assim, o que está em Cima, é como o que está em baixo.

 

LIÇÃO 2

Parabéns! Você já concluiu a primeira lição. Mas a pergunta persiste: “O que tudo isso tem a ver comigo?” A resposta é simples: “literalmente  tudo”. Veja, nós fomos criados por uma única razão: receber prazer absoluto,  completo e ilimitado. Mas para que isso ocorra, devemos saber como funciona este sistema chamado “mundos espirituais”. Cada lei sob o qual o  nosso mundo opera descende do mundo espiritual. É onde as nossas almas estavam antes de nascermos, e é para onde elas retornam após o fim de nossas vidas.

Contudo, só estamos interessados na parte intermediária, entre aqueles dois eventos, aquele período onde somos encerrados dentro deste corpo físico e temos um batimento cardíaco. É nisto que a Cabalá nos auxilia — como usar tudo nesta vida para cumprir o objetivo de experimentar o Criador. Para ascender espiritualmente, precisamos saber tudo e usar todas as  possibilidades que nos são oferecidas.

Primeiro, devemos aprender sobre tudo o que está à nossa volta neste mundo em que vivemos. Nós precisamos compreender as diferentes categorias de existência: inanimada, vegetativa, animada e falante, e como elas  funcionam. Depois, devemos compreender-nos a nós mesmos. Eu não falo do animal no qual estamos encerrados, mas da alma dentro desse animal. Nós precisamos compreender como ela cresce, que parte podemos ativar para o seu desenvolvimento e, então, fazer tudo o que pudermos para avançarmos  em nossa ascensão espiritual.

Isto acontece naturalmente, mas o processo é extremamente lento, sangrento, doloroso e termina exatamente onde você está hoje – aprendendo como acelerar o processo de forma consciente. Deste modo, terminamos com uma escolha. Nós podemos tomar a responsabilidade em nossas  próprias mãos e fazer de boa vontade o que o Criador nos reserva, ou podemos ser coagidos pelo Criador através do sofrimento. Este último caminho é chamado  “o caminho da dor.” Particularmente, eu prefiro o caminho menos doloroso e concordarei em fazer o que for preciso para evitá-lo.

A Sabedoria da Cabalá não nos diz como devemos cuidar de nossos problemas neste mundo. Não cura as nossas dificuldades financeiras nem nos ajuda a encontrar um cônjuge. Mas nos diz exatamente como atingirmos as nossas responsabilidades espirituais e, não sermos forçados a avançar através de mais problemas. Desta maneira, ela nos ajuda a resolver o problema principal a partir do qual todos os nossos problemas diários nos são enviados. Todos os nossos sofrimentos e dores de cabeça são atirados para a nossa frente por uma única razão: para nos levar ao ponto de partida da nossa ascensão espiritual.

Mas, depois que descobrirmos como tudo funciona — as leis dos mundos espirituais, quem as envia até nós e porquê — podemos usar os nossos  desafios diários para ajudar a nos comportarmos corretamente e a nos dirigirmos mais adiante em direção ao Criador.

Entre a parte mais inferior do último mundo espiritual, o mundo de Assyia, e o nosso mundo, este mundo corporal em que nós existimos fisicamente, encontra-se uma barreira conhecida na Cabalá como Machsom. Quando cruzamos esta barreira e entramos nos mundos espirituais, nós começamos um caminho de 6.000 degraus em direção ao resultado final chamado o Fim da Correção – Gmar Tikkun. Cada vez que subimos um degrau nesta escada, isso representa a remoção de uma camada da ocultação do Criador.

O Fim da Correção resulta na correção de todos os nossos desejos. O primeiro estágio no estudo da Cabalá consiste em ler o máximo possível de livros apropriados e “digerir” o máximo de conhecimento. O próximo estágio é o trabalho em grupo, quando os desejos do estudante e do grupo se fundem. O Kli do estudante amplia-se proporcionalmente ao número de membros no grupo.

No estágio do trabalho em grupo, é o grupo que simboliza o Criador, visto que tudo o que está situado fora de nós, é o Criador. Desde sempre, os Cabalistas tiveram grupos. Somente dentro da estrutura de um grupo, baseado nos laços mútuos nutridos por seus membros, é que os estudantes avançam  na sua compreensão dos mundos espirituais.

O estudo da Cabalá é, de fato, um processo de duas partes. Na primeira parte, nós estudamos a Criação e a sua descida desde o pensamento inicial do Criador até o nível do Nosso Mundo. A segunda parte é o estudo da viagem de ascensão, pelo mesmo caminho, a partir de nosso estágio atual até o nível  mais elevado. É importante notar que o corpo físico não vai a nenhum lugar; nós permanecemos onde estamos. Nós ascendemos de uma  forma  espiritual, que surge a partir de nossos esforços e do desenvolvimento resultante desses esforços.

Na primeira lição, nós estudamos os estágios iniciais do processo da criação e as partes da criatura. Agora que aprendemos um pouco sobre a anatomia da criatura, vamos continuar. Você se recordará que a criatura  decidiu não absorver toda a Luz, mas somente uma parte dela, digamos 20%. Os outros 80% foram deixados de fora. Esta Luz é chamada de Luz Circundante ou Ohr Makif.

A Luz que é aceite está localizada no Toch, o corpo, e a Luz Circundante, o Ohr Makif, começa agora a influenciar a criatura. Ela diz, “Você vê como é agradável aceitar uma parcela da Luz? Você não  sabe  quanto prazer permanece de fora, tente pelo menos aceitar mais um pouco”. Nós compreendemos que é melhor não experimentar qualquer prazer do que experimentar apenas uma minúscula porção dele. O prazer exerce uma pressão tanto externa quanto interna, e assim, ele se torna muito mais difícil de ser combatido. Você já tentou comer só um pedaço de batata frita?

É mais fácil não comer nenhuma batata se só pudermos comer uma.  Nós podemos estar dias, semanas, ou meses sem uma batata, mas conseguiremos comer apenas uma? O Partzuf é a mesma coisa. Quando ele não absorvia nenhuma Luz, ele podia permanecer nesse estado por muito tempo. Mas agora, essa Luz está dentro; é como você apreciar o gosto da batata no momento em que a come, e também olhar e ver o saco inteiro ali. Há pressão dos dois lados. Você está apreciando-a no interior, e vê que ainda há muito mais.

Agora, o Partzuf está sendo pressionado tanto de dentro quanto de fora. Mas ele já calculou quanto ele pode aceitar para o bem do Criador. Se ele aceita até mesmo a menor porção de Luz extra, esta minúscula porção de Luz  o sentencia a receber para si mesmo e a sentir a terrível vergonha, que é muito pior do que não ter o prazer.

Só há uma coisa que ele pode fazer. Ele só pode rejeitar a Luz que tem dentro, de modo a que possa retornar ao seu estado inicial de vazio, antes de aceitar qualquer Luz. E é exatamente isto que a nossa criatura, o Partzuf, faz.  A Luz que foi aceite para o bem do Criador é chamada Ohr Pnimi. A Luz Circundante que era a Luz não permitida no interior é chamada Ohr Makif.

A pressão que estas duas luzes exercem ao mesmo tempo sobre a tela (Massach) e o umbigo (Tabur), é o limite no Partzuf que separa o Toch e o Sof, é chamada de “batida (golpe) dentro e fora.” Em Hebraico ela é chamada  Bitush Pnimi. Em outras palavras, estas duas Luzes exercem pressão no limite que divide as áreas onde a criatura aceitou o prazer e não aceitou o prazer.

O que está realmente ocorrendo dentro do Partzuf? A Luz foi aceita dentro da boca, Peh, e empurrou a tela para baixo até ao nível do Tabur que igualou aqueles 20% que a criatura calculou que poderia aceitar para o bem do Criador. O Tabur (o Umbigo) é o lugar no Guf (o corpo), onde a criatura decide que não deve aceitar nenhuma Luz abaixo do Guf. Quando a criatura  determina que não possa suportar a pressão e que deve expelir a Luz de seu corpo, a Massach (tela) sobe de volta até a boca (Peh), empurrando a Luz para fora. Na verdade, não significa que a criatura não possa suportar a pressão. Significa, que o que a criatura descobre é que isto não satisfaz o objetivo: receber apenas com a finalidade de satisfazer o Criador.

Então, como a criatura sabe o quanto ela deve aceitar? Como ela chegou à medida de 20%? Este é o departamento da Rosh. Antes que a criatura deixasse entrar qualquer Luz dentro do Toch, ela já tinha toda a informação necessária para tomar a decisão. Ela sabia que tipo de Luz era que tipo de prazer traria, qual era o seu desejo, e quão forte a sua força é, oposta ao prazer para seu próprio bem.

Lembre-se que a primeira coisa que o Partzuf faz, é recusar a Luz, rejeitando-a completamente. Esta Luz é chamada Ohr Hozer (Luz de Retorno). Dentro desta Luz está toda a informação necessária para a Rosh calcular. De acordo com esta informação, assim como da informação resultante do estado quando o Partzuf foi preenchido com a Luz, e do estado seguinte à restrição da Luz, o Partzuf mantém uma memória do passado, uma marca chamada Recheio.

Então, o que realmente existe no espiritual? Somente o desejo de se deleitar e os prazeres que satisfazem esse desejo. Você deve se lembrar do termo Aviut, toda a informação sobre o desejo que a criatura tem. A Rosh tem esta informação, assim como a informação sobre a Luz. O processo de expansão desta Luz dentro do Partzuf é chamado Hitlabshut (vestir). A pessoa pode realmente dizer que há somente o Criador e a Criação.

Cada vez que a criatura expele a Luz e começa então a calcular, ela tem a informação do seu estado anterior. Tem uma memória do desejo e uma memória de como a Luz era.

Figura 5. Cinco Partzufim: Galgalta, AB, SAG, MA, BON

Em termos Cabalísticos, ela tem Reshimo de Aviut (o desejo) e Hitlabshut (a Luz). Isto é tudo o que ela precisa a fim de saber exatamente o que ela sentiu quando a Luz foi aceita pela última vez. Agora, pode fazer cálculos apropriados sobre o que fazer em seguida e como executá-los.

A primeira vez que a Luz é trazida para o interior do Partzuf, recebe o nome de Galgalta. Depois que a criatura rejeita a Luz (porque a pressão é muito grande para suportá-la), ela tenta, mais uma vez, aceitar a Luz, digamos 15%. Mas, para isso, o Toch deve encolher, e é exatamente isso que ele faz. O Toch (Interior) diminui em tamanho, permitindo à Rosh (Cabeça) atingir somente onde a Peh (boca) estava antes. O novo local da Peh está num local chamado Quase (Tórax) do Partzuf anterior, Galgalta. Este novo Partzuf é chamado AB. Nós falaremos mais sobre este processo, adiante.

Na verdade, existem cinco Partzufim (plural de Partzuf) diferentes no mundo espiritual. Os nomes são Galgalta, AB, SAG, MA e BON. Lembre-se,  um Partzuf é uma fase espiritual, um mecanismo de cálculos que calcula de forma independente, como se corrigir e onde receber para dar ao Criador. Em cada Partzuf, menos e menos Luz é aceita.

Então, como são determinados os níveis de Aviut (desejo) e de Hitlabshut (Luz)? Na verdade, isto começa quando Galgalta tem um Aviut de nível 4 e um desejo de nível 4. Lembre-se, que ela aceitou toda a Luz, e depois a rejeitou. Ela tinha os níveis máximos da Luz e do desejo. Para abreviamos o modo como isto é escrito (Luz, Desejo) e neste caso (4,4) quando falamos sobre estes fatores determinantes para os cálculos.

O Partzuf seguinte, neste caso chamado AB, mantém estes dados e reduz o seu nível para igualar o nível (4,3) – nível de Luz 4 e nível de desejo de apenas 3. Deste modo, ele sabe que pode aceitar a Luz com segurança.

Para SAG, o nível será (3,2) e assim por diante. Cada  Partzuf reduz cada vez mais e mais a sua capacidade de encher o seu corpo (Guf) com a Luz, para o bem do Criador. É importante notar que nada se perde na espiritualidade. Cada parte precedente está dentro da parte atual. Na realidade, o que está sendo descrito aqui é um sistema, não uma evolução.

Como foi dito anteriormente, há cinco Partzufim para cada mundo e há cinco mundos: Olam Adam Kadmon (Olam significa mundo),  Olam  Atzilut, Olam Beria, Olam Yetzira, e finalmente Olam Assiya. Cinco mundos, com cinco Partzufim cada um, significa que há 25 Partzufim, que surgem de cima para baixo.

O nosso mundo é um estado de Malchut (vontade absoluta de receber), que é caracterizado pela ausência de uma tela, significando que falta a exigência básica para ser considerado um Partzuf.

Retorne ao diagrama (figura 4) da lição anterior e dê uma rápida olhada. No Partzuf mostrado, há realmente duas condições diferentes que podem ocorrer nele. A primeira condição é quando ele aceita a Luz do Criador e aprecia o prazer. Esta condição é chamada Hochma. Lembra-se da primeira fase (Fase Aleph), chamada Hochma, quando a Luz do Criador entrou no Kli e o satisfez? Podemos pensar se há alguma correlação entre esta fase e esta condição. Eu posso assegurar que isto não é uma coincidência.

A segunda condição ocorre quando o Partzuf só quer dar e ser como o Criador, e também aprecia esse estado. Esta condição é chamada Bina. Lembra-se da segunda fase, conhecida como Fase Bet, também é chamada Bina. É óbvio que estas duas condições, Hochma e Bina, são exatamente opostas. A primeira tem a haver com recepção e a segunda com doação.

Na verdade, há uma terceira condição. É uma condição mista onde a criatura só aceita um pouco de Luz, apenas na quantidade que ela  pode receber a fim de satisfazer o Criador. O resto do Partzuf permanece vazio. Eu tenho a certeza, que você já adivinhou que esta condição é chamada Zeir Anpin.

É importante saber que há dois tipos de Luz. A Luz de Hochma é a Luz do prazer. A Luz de Hassadim é a Luz da correção. É a luz que constrói a Massach, a tela.

Como exemplo, digamos que nós temos 10% da Luz de Hochma e 90% da Luz de Hassadim. Esta condição cairia na categoria de “mista” e seria chamada Zeir Anpin.

O estágio final é a nossa criatura bestial, Malchut. É o verdadeiro vale- tudo, o estágio de 100% “me-dá-isso-porque-eu-quero”, do desejo de receber. Esta condição tem outro nome: Ein Sof, que significa o “Mundo do Infinito”. Infinito aqui não é como o termo científico, infinito, mas relaciona-se à recepção ilimitada, a característica de Malchut. Isto é o que aconteceu antes da primeira restrição; Malchut engoliu tudo por sua própria vontade. Mas, também sofreu  as conseqüências: o terrível sentimento de vergonha.

Na verdade, esta aceitação inicial de cada porção da Luz é uma necessidade absoluta. A fim de sentir a vergonha espiritual resultante da recepção sem dar nada em retorno, é, antes de mais nada necessária para perceber o Criador, perceber as Suas propriedades, senti-Lo como o Doador, para então ver a Sua glória. Depois, a comparação entre as Suas propriedades e a natureza egoísta da criatura causará o sentimento de vergonha.

Nós não somos diferentes. A nossa primeira tarefa é simplesmente perceber o Criador. Mas isto requer muito esforço. A glória do espiritual, o Criador, não acontece de uma vez; ela se revela diante de nós. Ao fazê-lo, a primeira coisa que aparece em nós é um desejo de fazer algo para Ele.

Nós vemos isto a todo o momento em nosso mundo. Quando alguém tem a oportunidade de fazer algo para uma pessoa muito famosa, tal como  uma estrela de cinema ou um líder de governo, ela irá fazê-lo com prazer e alegria. Se o presidente dos EUA ou a nossa estrela de cinema favorita nos pedisse um favor pessoal, não importa qual seja a nossa filiação política, nós provavelmente correríamos para fazê-lo, simplesmente por causa da importância da pessoa que está pedindo. Este tipo de trabalho é considerado um privilégio, não trabalho, porque recebemos muito prazer ao sermos permitidos fazer a tarefa.

O objetivo de nosso trabalho é a revelação do Criador, Sua Glória, e Seu Poder. Uma vez este nível alcançado, o que nós testemunhamos servirá como fonte de energia para fazer algo em benefício do Criador. Deve-se enfatizar  que esta revelação do Criador só ocorrerá quando a pessoa tiver adquirido um desejo definitivo de usar a revelação somente para fins altruísticos, isto é, alcançar os atributos altruísticos, ou de doação.

Agora, voltemos á nossa criatura. Malchut rejeitou toda a Luz (100%) e, na verdade, ainda quer receber Luz, mas não quer usar a sua própria vontade de devorar tudo. Ela sabe que, se agir com a sua própria vontade e receber para o seu próprio proveito, distancia-se mais do Criador. Então, ela faz a Primeira Restrição, chamada Tzimtzum Aleph. Ao fazer isto ela retorna ao estado de vazio, mas também equivale ao Criador.

Este ato de dar causa um sentimento de ser absoluto e completo. Pode parecer que estar vazio e completo seja uma contradição. Mas não falamos de vazio como quando estamos com fome. Este vazio é a falta da necessidade do prazer. No nosso mundo, isto corresponderia a estar satisfeito. Isto é, porque o prazer recebido não desaparece. A pessoa que está dando sente a  outra pessoa que está recebendo, enquanto está dando e enviando prazer. Assim, a criatura é capaz de sentir constantemente o prazer de duas maneiras, na qualidade e na quantidade.

O Criador criou Kelim (Kli no plural) de uma maneira totalmente engenhosa. Eles são organizados de tal forma  que  absorvem progressivamente  o  atributo  da  Luz  –  de  dar  inexoravelmente.  Através  do processo de absorção, eles se tornam similares à Luz. Mas como pode Malchut se assemelhar à Luz e ainda receber prazer?

Anteriormente, nós falamos sobre como Malchut colocou uma Massach, uma tela, em todos os seus desejos, tornando impossível receber para seu próprio proveito. Assim, quando a Luz chega a Malchut, a Criatura afasta cada porção de prazer. Em seguida, decide que só absorverá a quantidade de Luz que pode, para agradar ao Criador. Se ela recebe deste modo, é o mesmo que dar sem restrição.

A partir da condição de Malchut no Mundo de Ein Sof, onde Malchut ainda devora tudo o que pode e, então, faz o Tzimtzum Aleph, permanece uma memória, uma Reshimo. Esta Reshimo é composta de: (I) nível 4 de Hitlabshut (informação sobre a qualidade e quantidade de Luz) e (II) nível 4 de Aviut (informação sobre a força do desejo). Usando estes dois tipos de memória, Reshimo da Luz e Reshimo do desejo, Malchut realiza um cálculo em sua Rosh (cabeça). Ela determina que pode receber os primeiros vinte por cento da Luz para o bem do Criador.

Vamos reduzir isto a percentagens. Observe o que está acontecendo e veja para onde toda esta Luz vai. Os 100% da Luz que vem até Malchut é chamada Ohr Yashar (Luz Direta). Toda esta quantidade de Luz é rejeitada, recebendo o nome de Ohr Hozer (Luz de Retorno). Malchut decide absorver 20% da Luz. Esses vinte por cento da Luz que entram é chamada Ohr Pnimi (Luz Interna). A maior parte da Luz, os restantes 80%, é chamada Ohr Makif (Luz Circundante).

Você recordará que há cinco Partzufim em cada mundo no plano espiritual. Os Partzufim são chamados Galgalta, AB, SAG, MA e BON. Galgalta foi o primeiro Partzuf a receber uma porção da Luz. Depois que a criatura decidiu que a pressão tanto de dentro quanto de fora para aceitar mais Luz era demais, ela expeliu toda a Luz. Isto porque, mesmo se ela absorvesse a menor porção de Luz adicional, ela sentiria uma imensa vergonha.

À medida que a Luz entra no Partzuf, a tela desce da Peh até o Tabur. À medida que Galgalta afasta a Luz, a tela retorna à Peh (boca) que divide a  Rosh (cabeça) e o Toch (Interior) e, mais uma vez, o Partzuf está vazio. Neste momento tudo está novamente perfeito, porque nenhum prazer pode ser sentido neste estado. À medida que a tela sobe de volta à Peh, ela enfraquece e o Aviut diminui.

Todo este processo de retirada da Luz de um Partzuf é conhecido como Refinamento, Hizdakchut em Hebraico. Mas, por outro lado, durante o Hitpashtut (expansão da Luz no Partzuf), a tela se torna mais espessa. Em outras palavras, o Aviut aumenta realmente.

Este Aviut (desejo) crescente e decrescente tem sentido se, realmente olharmos o que acontece. À medida que a Luz entra no Partzuf e baixa a tela, uma maior pressão é colocada sobre a tela que mantém a Luz do lado de fora. Isto porque, a tela está sendo pressionada pela Ohr Pnimi, a Luz interna, e também pela Ohr Makif, a Luz externa. Como a pressão aumenta o desejo também. Mas, quando a tela sobe e empurra a Luz para fora, a pressão  diminui. Á medida que a pressão do exterior e do interior enfraquece, o desejo (Aviut) diminui.

Uma vez que toda a Luz foi rejeitada de Galgalta, a criatura ainda tem memórias. Estas Reshimot (plural para Reshimo) referem-se à qualidade da Luz, assim como a quantidade aceita (nível 4 – Hitlabshut), e Reshimot sobre a força do desejo que Galgalta tinha (Aviut).

Mas o nível do desejo registrado não era nível 4; era nível 3. Por quê? Uma medida de Aviut desapareceu, porque o Partzuf percebeu que é impossível trabalhar com um desejo nesse 4º nível. Assim, agora as Reshimot são descritas (4,3), Luz de nível 4, mas força do desejo no nível 3.

Assim, pelo Aviut ter diminuído para o nível 3, a tela, Massach, desce de sua posição anterior, tornando-se a Peh de Rosh, num nível mais inferior, que corresponderá a uma força do desejo igual ao nível 3. Lembre-se dos níveis de: Keter – Fase 0, Hochma – Fase 1, Bina – Fase 2, Zeir Anpin – Fase 3, e  Malchut

– Fase 4. Quando você voltar atrás, à figura 4, estes níveis interiores dentro do Toch do Partzuf tornar-se-ão mais claros.

Após a Hizdakchut, a retirada da Luz, a tela é baixada de um nível, uma seção. Isto significa que a tela desce para, entre as seções de Keter e de Hochma no Toch. Em Galgalta, este local é conhecido como Chazeh, o local do nível 3.

Agora, todo o processo recomeça. Mais uma vez, a Luz pressiona a Massach (tela) de cima. Primeiro, a tela rejeita 100% da Luz como antes. Depois, a criatura faz um cálculo para aceitar um pouco da Luz, mas, novamente, somente até o Tabur de Galgalta. Mas lembre-se, a tela desceu  um nível; assim, haverá menos Luz entrando. O processo de Hitpashtut (expansão da Luz) está acontecendo de novo.

Assim que a Luz alcança o Tabur (o umbigo), a tela começa a sentir a pressão tanto de dentro quanto de fora, como antes. A criatura deve se livrar  da Luz como da primeira vez. A tela sobe, perdendo Aviut. Finalmente, quando a tela retorna ao Rosh, a cabeça, novas memórias, Reshimot, enchem o Partzuf. Desta vez os níveis são (3,2). Lembre-se, isto significa que o registro da Luz diminuiu em um grau, para o nível 3 de Hitlabshut e a memória do Aviut diminuiu para o nível 2.

Como antes, a tela diminui para um nível correspondente ao seu nível  de Aviut e o Partzuf encolhe mais uma vez. Agora, a tela está no nível entre Hochma e Bina, de Galgalta, onde Chazeh existe em AB, o segundo Partzuf. Este novo Partzuf é conhecido como SAG.

Mais uma vez, a tela diminuiu e, novamente acontece o que aconteceu nos primeiros dois Partzufim. A tela sobe de volta até Peh do Rosh de SAG, e as Reshimot diminuem para (2,1). O novo Partzuf criado no processo é chamado MA. Após, o mesmo processo acontecer como em MA; as Reshimot de (1,0) surgem da Hiztakchut (retirada da Luz) de MA e o Partzuf final, BON, é formado.

Cada Partzuf consiste de cinco partes: Shoresh – Keter (raiz, 0), Aleph – Hochma (1), Bet – Bina (2), Gimel – Zeir Anpin (3) e Dalet – Malchut (4). Não há um desejo que você tenha tido, tem, ou terá, que não contenha estes níveis. Nenhum desejo surge sem eles. Esta formação é um sistema rígido que nunca muda.

Este último nível, Dalet ou Malchut, sente todos os outros quatro desejos precedentes. Estes desejos são os que o Criador usou para criar. Malchut nomeia cada um destes desejos e são estes nomes que descrevem como a criatura percebe o Criador seja qual for o momento.

É exatamente por isso que o Kli é chamado pelo nome do Criador: “Yod- Hey-Vav-Hey”  –  Y-H-V-H.  Estas  letras  representam,  os  desejos  dos  quais somos feitos, são estudados exaustivamente na Cabalá. Eles formam algo parecido com o esqueleto de uma pessoa. Esta pessoa pode ser grande ou pequena, magra ou obesa, mas ela permanece sempre uma pessoa.

Antes de terminarmos esta lição, vamos esclarecer algumas coisas. Os Partzufim que são preenchidos com a Luz de Hochma são chamados Galgalta e AB. Se eles forem preenchidos com a Luz de Hassadim (Misericórdia), eles serão chamados SAG, MA e BON. Todos os diferentes nomes dos Partzufim são baseados na combinação destas duas Luzes que existem dentro de um particular Partzuf. Tudo o que está escrito na Cabalá, assim como na Torá nada mais é do que Partzufim espirituais que estão preenchidos ou com a Luz de Hochma ou com a Luz de Hassadim, ou com ambas, mas em proporções diferentes.

Após o nascimento dos cinco Partzufim: Galgalta, AB, SAG, MA e BON, todas as Reshimot desaparecem. Todos os desejos que poderiam ser preenchidos com a Luz, para o benefício do Criador, foram esgotados. Neste estágio, a tela perde completamente a habilidade de receber a Luz para o Criador e só pode resistir ao egoísmo se não receber nada.

Então, o que acontece aqui é que Malchut faz a Primeira Restrição e então, pode receber cinco porções da Luz. Você recordará que nós falamos sobre os mundos espirituais. Que o primeiro mundo mencionado, Adam Kadmon, é composto pelos cinco Partzufim que foram recém-criados. Malchut completou todas as suas cinco Reshimot.

No início, no Mundo de Ein Sof (Infinidade), Malchut foi completamente preenchido com Luz. Após a Primeira Restrição, e por causa deste sistema dos Partzufim, ele absorverá a Luz somente até ao nível do Tabur. Agora, Malchut deve preencher a parte que está abaixo do Tabur, chamada Sof (Fim) e disseminar a Luz por ele abaixo, até Sium (Conclusão).

O Criador quer preencher Malchut com prazer ilimitado. Tudo o que é preciso para que isto aconteça é criar as condições para que Malchut tenha o desejo e o poder para encher a parte restante, ou, em outras palavras: enviar o prazer de volta ao Criador.

 

LIÇÃO 3

Certamente existem muitos conceitos novos nos dois primeiros capítulos e apesar de um considerável esforço ter sido feito para simplificar o material, você pode estar com uma sensação de estar confundido com estes novos termos. Por essa razão, você pode querer rever os dois primeiros capítulos algumas vezes. O material nas lições é apresentado de uma forma bastante técnica e seca, mas são projetados desta forma de propósito.

Para todos vocês, com esse ponto no coração exigindo respostas, e que têm um desejo sincero para conhecer esta grande Sabedoria, esse mesmo desejo que os motiva a continuarem os seus esforços, também desperta o que a Cabalá chama de Ohr Makif. Você deverá se lembrar que se trata de Luz Circundante. Esta Luz especial aumenta ainda mais o desejo de um aluno em perceber o Criador. Quando chegar a hora certa, você receberá mais ajuda de um professor qualificado, bem como através do trabalho com os outros,  que têm o mesmo desejo ardente dentro deles.

Vamos recomeçar. Tínhamos terminado no ponto em que a Luz entra e sai do Partzuf. Refiro-me aqui, a um desejo que está sendo ou não preenchido. Quando a Luz entra no Partzuf, é como um desejo que está sendo preenchido, deixando-nos com um sentimento de totalidade e prazer. Quando a Luz sai do Partzuf, acontece o contrário, e nos sentimos frustrados, como se faltasse algo. Este sentimento surge em nós, embora não exista este sentimento de vazio ou de falta no mundo espiritual.

Assim, se o prazer, Ohr Hochma, sai do Partzuf, então a Ohr Hassadim permanece. Quando esse prazer (Ohr Hochma) é expulso do Partzuf, o Partzuf sabe exatamente o que acontecerá ao recusar essa quantidade de prazer. Em outras palavras, se tem uma tela que rejeita a satisfação egoísta, esta é substituída pela Ohr Hassadim, ou prazer altruísta. Este prazer é mais elevado e mais forte do que o prazer egoísta. A nossa tarefa é aprender a sentir este prazer.

Se o Partzuf, a alma, compreender que não pode receber sob a  condição de satisfazer o Criador, mas apenas para satisfazer a si mesma, ela recusará o prazer. É óbvio que para tomar essa decisão, ela deve ter alguma ajuda. Esta ajuda virá de uma força oposta – algo que tenha o poder de rejeitar o prazer. É aqui que entra a tela – a Massach.

Então, se tivermos uma tela para impedir que a Luz entre, o  Kli começará a perceber a Luz, e não a escuridão. Se não houver nenhuma tela, então a luz simplesmente entrará. Em tal estado não há nenhuma oposição, e qualquer percepção é impossível. Isto seria igual à chama de uma vela que fosse anulada pela luz de uma tocha. Outro exemplo: uma pessoa sem  tímpano. Sem essa tela na orelha, todos os sons entram, mas não há nenhuma “audição”. O que torna o Kli capaz de construir uma tela é a ausência da Luz durante a Primeira Restrição realizada pelo Kli.

Nós possuímos vários desejos, mas um desejo só pode ser considerado espiritual quando uma tela é colocada na entrada do Partzuf. A tela opera como que uma espécie de válvula, permitindo a entrada da Luz somente sob a condição de satisfazer o Criador.

Assim, o nosso principal objetivo é receber essa Luz na alma, no  Partzuf. Assim que a Luz entra no Kli, começa a afetá-lo, transferindo os seus próprios atributos ao Kli. Logo que isto acontece, nós sentimos a diferença  entre as nossas propriedades (receber) e as propriedades da Luz (dar). Este processo nos faz sentir envergonhados de receber a Luz, e ao mesmo tempo, faz com que queiramos nos assemelhar à Luz.

É importante notar que a Luz Espiritual (prazer a partir da percepção do Criador) não pode mudar a natureza do Kli: de receptor para doador. Ela só  tem a capacidade de mudar para quem o Kli recebe o prazer, ou a intenção. Eu estou recebendo porque eu quero o prazer para mim, ou eu estou recebendo a fim de satisfazer o Criador?

Se o Kli escolhe usar-se a si mesmo deste modo, ele é chamado “recebendo para o propósito de dar.” É uma situação onde todos ganham. O  Kli, Malchut, começa a apreciar receber a Luz. Ao mesmo tempo, Malchut também retorna prazer ao Criador. Este circuito de prazer é interminável (contínuo).

Para explicar isto melhor, vamos voltar atrás, até á Fase Um (Hochma). Este é o local onde a Luz Direta (Ohr Yashar) entra no Kli. Malchut recebeu o prazer desta Ohr Yashar. Naturalmente, a sensação de Doador cancela esta Luz.

Mas em nossa condição onde a Luz descende até ao nosso mundo, e desta vez retornada usando uma tela, a Massach, Malchut faz a mesma coisa, enche-se toda com a Luz, mas desta vez a sua intenção é agradar ao Criador. Isto permite que ela alcance a Luz Infinita. Não há nenhum cancelamento. Graças a este processo, todos os seus desejos, tanto o menor quanto o maior, conduzem ao prazer infinito. Isto é conhecido pela expressão “sentimento de totalidade e unidade”.

Lembra-se que nós temos cinco Partzufim: Galgalta, AB, SAG, MA, e BON. Quando Galgalta encheu e depois rejeitou a luz, AB foi criado e assim  por diante até BON. Mas este não é o fim da história. Lembra do local chamado Tabur onde era impossível receber a Luz em Malchut? O nosso objetivo agora é remediar essa situação.

O problema é que os desejos abaixo do Tabur não têm uma tela; então eles não podem ser preenchidos com Luz. A boa notícia, é que há uma parte desta máquina espiritual projetada para fazer isso. É um novo Partzuf chamado Nekudot de SAG. O que isso significa? Significa que o Partzuf Nekudot é um tipo de sub-Partzuf que surge quando a Luz está saindo do Partzuf SAG. Este Partzuf é único e pode realmente ir abaixo do Tabur, corrigindo aí  todos aqueles desejos extremamente poderosos.

Para compreender o porquê, é importante recordar os nomes dos diferentes Partzufim: Galgalta – Keter, AB – Hochma, SAG – Bina, MA – Zeir Anpin, e BON – Malchut. Lembra o Estágio 3 chamado Fase Bet? Neste estágio o Kli só quer dar, e esta é a característica exata de SAG, chamada Bina. Bina não se importa mesmo nada com receber; quer somente dar, dar Ohr  Hassadim sem restrição, para ser como o Criador. Isto a torna absolutamente perfeita para se expandir abaixo do Tabur e lidar com aqueles Kelim que não podem receber a Luz atualmente.

Você também se deve lembrar que todos os Partzufim são construídos de memórias (Reshimot ou registros) do Partzuf precedente. Há dois tipos de Reshimot: Reshimo da Luz, chamada Hitlabshut e Reshimo do desejo, chamada Aviut.

A separação ocorre assim: Galgalta é construído sobre Reshimot (4,4); AB é construído sobre (4,3); SAG é construída sobre (3,2); MA é construído sobre (2,1) e BON é construído sobre (1,0). Agora, vejamos SAG. Este Partzuf é construído sobre uma memória do prazer (Luz) com uma força de 3 e uma memória do desejo construída com uma força de 2.

No momento em que a Luz sai do Partzuf SAG, ela ascende através daqueles estágios do Partzuf que nós já aprendemos (veja a figura 4). Quando a luz sai do interior do nível Bina desse Partzuf, as Reshimot deixadas são (2,2): a combinação exata de doação (dar), necessária para descer abaixo do Tabur. E é exatamente isso que acontece.

Abaixo do Tabur, o Partzuf Nekudot de SAG começa a expandir-se e a preencher esta seção de Galgalta com a Luz de Hassadim, a Luz do Prazer de dar. O propósito deste Partzuf é elevar os desejos não corrigidos  ao  seu próprio nível e corrigi-los. É importante lembrar que a finalidade agora,  é corrigir o Kli para que ele possa receber em qualquer parte, incluindo na área abaixo do Tabur.

Abaixo do Tabur, naquele local dos desejos mais fortes, o Nekudot de SAG enche Galgalta com a Luz de Hassadim, ou seja, com os prazeres de dar. Estes prazeres podem então, ser difundidos sem restrição para qualquer  desejo no Partzuf. Abaixo do Tabur, o Nekudot de SAG forma um  novo Partzuf que contém as suas próprias dez Sefirot: Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut.

Este Partzuf carrega o nome de “Nekudot de SAG”, e é de extrema importância em todo o processo da correção, pois é uma parte de Bina, que eleva os desejos não corrigidos ao seu nível, corrige-os e eleva-os acima de Bina.

Do topo até ao Tabur, Galgalta compreende: No nível Rosh: as Sefirot Keter, Hochma e Bina.

No nível Toch: Hesed, Gevura e Tifferet.

Abaixo do Tabur, no Sof: Netzah, Hod, Yesod e Malchut.

Quando Nekudot de SAG desce abaixo do Tabur e começa a transmitir  a Luz de Hassadim ao Sof de Galgalta, eles são sujeitos a uma forte reação  por parte das Reshimot que ficaram no Sof de Galgalta a partir da Luz que preencheu previamente estes Kelim (plural para Kli).

Você se deve lembrar que a primeira coisa que a criatura (Estágio 4) fez foi aceitar a Luz completamente e encher Galgalta.

Estas Reshimot são de força Dalet-Gimel (4,3). A força de Dalet-Gimel (Hitlabshut de nível 4, Aviut de nível 3) é maior que a força da Massach do Nekudot de SAG (Hitlabshut de nível 2, Aviut de nível 2). Consequentemente, SAG não pode se opor a Luz-Desejo tão poderoso, e começar a  desejar receber para si mesmo.

Agora, podemos examinar a fase de Bina na disseminação da Luz Direta de cima para baixo (veja Figura 6).

Esta fase é composta de duas partes:

  1. Na primeira parte, ela não quer receber nada, enquanto dá sem restrição. Esta parte é chamada Gar de Bina e é dotada de atributos altruísticos.
  2. Na segunda parte já considera receber a Luz a fim de transmiti-la mais além. Embora esteja recebendo, ela não o faz para seu próprio benefício. Esta parte de Bina é chamada Zat de Bina. A mesma coisa ocorre no Partzuf do Nekudot de SAG, que possui os atributos de Bina:

As primeiras seis Sefirot chamam-se Gar de Bina e as últimas quatro Sefirot são nomeadas Zat de Bina. A poderosa Luz de Hochma que alcança Gar de Bina não a afeta; ela é indiferente a esta Luz. Esta parte de Bina só deseja dar. Entretanto, Zat de Bina, que deseja receber a fim de dar aos níveis mais inferiores, apenas pode receber somente aquela Luz que se relaciona ao Aviut Bet.

Se os desejos que alcançam Zat de Bina forem de um Aviut mais forte, o desejo de receber só para si, aparece. Em outras palavras, Bina é dividida em duas partes, uma parte que só deseja dar, não importa o quê, e outra parte que receberá, mas só para passar Luz às partes abaixo dela. Isto significa, que Zat de Bina só receberá para passar essa Luz às Sefirot de baixo.

Figura 6 – Partzuf de Nekudot de SAG

O problema é que, ainda que Zat de Bina queira somente receber a fim de dar, ele ainda receberá. Então, quando estes enormes desejos abaixo do Tabur, aparecem, Zat de Bina não pode resistir. Mas nós temos uma restrição aqui que não permite tal recepção. Após o Tzimtzum Aleph (Primeira  Restrição), Malchut não pode receber para si próprio. Por isso, assim que um desejo de tal  magnitude aparece no Zat do Nekudot de SAG, Malchut eleva-se e posiciona-se no limite entre os desejos altruístas e egoístas, no meio de Tiferet, entre Gar de Bina e Zat de Bina.

Este até de Malchut é chamado Tzimtzum Bet, a Segunda Restrição.  Um novo limite para a disseminação da Luz está sendo formado ao longo desta linha: o Parsa. Antes, este limite estava localizado no Sium de Galgalta. Embora, antes a Luz fosse capaz de se espalhar só até ao Tabur, ainda que tentasse penetrar sob ele, com a disseminação do Partzuf do Nekudot de SAG abaixo do Tabur, a Luz de Hassadim penetra lá, e pavimenta o caminho para a disseminação da Luz de Hochma do Parsa.

Um “lugar” é uma Sefira (singular para Sefirot) dentro da qual outra Sefira, menor em dimensão, pode ser ajustada. Um exemplo disso é o Olam Nekudim, dentro do qual estão os Olamot (mundos) ABYA (Atzilut, Beria, Yetzira, Assiya). O nosso mundo existe em um “lugar.” Se você pudesse remover absolutamente tudo o que o universo contém, então o “lugar” permaneceria. As nossas mentes finitas não podem compreendê-lo, mas isto é simplesmente, um vazio que não pode ser medido, visto que está localizado noutras dimensões. Além do nosso mundo existem mundos espirituais que são impossíveis de distinguir ou sentir porque eles se referem a outras dimensões. Posteriormente, o Mundo de Atzilut surge no lugar do Gar de Bina, abaixo do Tabur. O Mundo de Beria é formado sob o Parsa, na seção mais inferior de Tiferet.

O mundo de Yetzira aparece no lugar das Sefirot Netzah, Hod, e Yesod. O mundo de Assiya, cuja última porção é chamada nosso mundo, é formado no lugar da Sefira Malchut.

Como se pode obter dez Sefirot de cinco: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut? Zeir Anpin é composto por seis Sefirot: Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod.

Se em vez de Zeir Anpin, alguém colocar as suas seis Sefirot, então junto com Keter, Hochma, Bina e Malchut, as dez Sefirot serão obtidas. Esta é a razão porque às vezes são mencionadas cinco ou dez Sefirot.

 

LIÇÃO 4

Para alguém que está sendo introduzido à Cabalá, a nova terminologia pode ser um tanto complicada, mas há uma razão para isso. Os termos Cabalísticos foram mantidos, para os leitores que desejarem prosseguir os estudos. Se começarmos a usar os termos agora, os esforços futuros serão muito mais frutíferos, e isso poupará tempo. Vamos começar a lição com uma breve revisão do que aprendemos.

Luz inicialmente emanada do Criador na fase 0, Keter, é o desejo de dar prazer. Esta é a fase da raiz do processo da Criação. Pode-se pensar nesta fase como algo latente, semelhante ao pensamento de construir uma casa. A casa existe em potência na sua mente. Esta Luz, faz surgir a substância inicial que será um dia, a Criação, denominada o desejo de receber prazer. A criação do desejo de receber é chamada Fase 1, Hochma. Pode-se pensar como a construção de um Kli e o enchimento desse Kli com prazer.

Depois que o Kli é preenchido com Luz, não apenas sente o prazer, mas sente também o atributo do Doador. Esse atributo do Doador é o desejo de dar. Desejando não apenas receber, mas também se relacionar com o Doador, o Kli adota este atributo. Este desejo de dar prazer corresponde à fase 2, Bina.

A criatura tem aqui um problema: ela não tem nada para dar. Mas a criatura também se apercebe que há uma maneira de dar prazer ao Doador se aceitar, somente uma parcela da Luz para o bem do Doador. Este ato antecipa a fase 3, Zeir Anpin. Agora, a nossa criatura tem duas propriedades: dar e receber.

O que realmente aconteceu? A criatura distinguiu dois tipos de prazer.

Mas nesta fase, ela sente que receber é melhor do que dar.

Este era o seu atributo natural, a natureza inicial da Fase 1, Hochma.  Em seguida, a criatura toma a decisão de receber toda a Luz, para ser completamente preenchida. A diferença entre esta nova Fase 4, Malchut, e a Fase 1, Hochma, é que ela tomou esta decisão de livre vontade. Na Fase 1, o Criador controlou tudo.

Na verdade, nas primeiras três fases da Criação (não contando a Fase  0, a fase da raiz), a nossa criatura não é considerada uma criatura. Ela é mais uma criatura em potencial. Somente na última Fase, chamada Malchut do mundo de Ein Sof (Infinidade), pode a criatura ser  considerada verdadeiramente uma entidade separada do Criador. A chave para esta mudança de status foi a criatura tomar a sua própria decisão independente.

O processo da Criação entrou agora na quarta fase, chamada Malchut do mundo de Ein Sof, a única e verdadeira Criação. Ela combina duas condições: sabe com antecedência o que deseja, e desses dois estados, escolhe a recepção. O que a Criação realmente fez, foi desenvolver um sentido de, si mesma. Conhece o atributo do Criador, e agora conhece os seus.

A diferença entre a Fase 1 e a Fase 4 pode parecer pequena, mas é fundamental, e terá grandes efeitos a partir da fase 4. O fato da criatura ter tomado uma decisão independente de aceitar todo o prazer para si, e de ser preenchida completamente com a Luz, causa um incrível sentimento de vergonha. Este sentimento de vergonha é a diferença entre o que a criatura sente como sua própria natureza, e a natureza do Criador. Por que isto não aconteceu na Fase 1? Porque a criatura não teve nenhum desejo independente de receber prazer; ela foi simplesmente preenchida pelo Doador. Ela não teve como comparar a diferença entre as suas propriedades.

Este imenso sentimento de vergonha leva novamente a criatura a tomar a decisão de tornar-se como o Criador. Surge a Primeira Restrição, Tzimtzum Aleph. É importante compreender que esta restrição não foi feita no desejo de receber prazer, mas na intenção de receber prazer para si. Na Fase 1, a criatura simplesmente parou de receber.

Agora, a Primeira Restrição significa que a criatura pode certamente receber prazer, mas não para si.

O resultado final é que ela pode receber prazer, mas somente até ao ponto em que recebe para o bem do Doador. Isto significa que, é a força da  sua intenção que regula se ela receberá ou não. Se a intenção for fraca, ela mal recebe Luz. Contudo, se tiver uma forte intenção de não receber para si, ela pode-se preencher até ao nível onde a intenção já não pode  ser  sustentada.

Nós vemos que a recepção da Luz, somente, com a intenção de beneficiar outro é o mesmo que dar. Isto é o que separa o nosso mundo do mundo espiritual. Lá, tudo é definido pela intenção, não pela ação. Aqui, é exatamente o oposto. Também é importante notar que no espiritual não há meio-termo. A Primeira Restrição significa que a criatura nunca receberá prazer para si. A Primeira Restrição torna-se uma lei e é impossível violá-la.

A primeira tarefa de um ser criado é neutralizar o desejo de receber prazer para si. O primeiro ser criado, a criatura na Fase 4 conhecida como Malchut, mostra como receber prazer, a partir da Luz do Criador. Mas a Primeira Restrição significa que tudo o que preenche Malchut jamais será recebido como prazer para seu proveito. Veremos como este princípio pode ser executado.

Você pode pensar em Malchut após a Primeira Restrição como um Kli com uma tampa. Agora, essa tampa é substituída por uma tela que afasta toda a Luz que entra. Este primeiro ato acontece todas às vezes, e cada porção da Luz é rejeitada. Dentro de Malchut, há um grande desejo de receber essa Luz. Em outras palavras, Malchut coloca inicialmente uma tela acima de seu egoísmo, que afasta toda a Luz que entra. Sim, ela consegue afastar todo o prazer e não se deleita nele.

Mas ainda há um problema. O Kli (Recipiente) está separado da Luz. Como se pode alcançar uma situação onde o prazer não seja apenas afastado, mas, alguma porção dele seja recebida para o bem do Criador? Para que isto ocorra, a Luz Refletida pela tela (Ohr Hozer) deve de algum modo vestir a Luz Direta (Ohr Yashar), e junta entram no Kli, o desejo de receber.

Podemos imaginar a tela como um tipo de válvula, abrindo apenas sob uma determinada condição. No nosso caso, essa condição é aceitar a Luz apenas para dar prazer ao Criador.

Ohr Hozer serve como condição anti-egoísta, uma tela que aceita e permita na Ohr Yashar, o prazer, mas somente se está recebendo para o bem do Criador. A Ohr Hozer age como uma intenção altruísta. Antes de aceitar estes dois tipos de Luz, um cálculo é realizado na Rosh, a parte calculadora da alma. Quanta Luz pode ser recebida para o bem do Criador? Esta quantidade passa para no Toch.

O primeiro Partzuf pode receber, por exemplo, 20% da Luz, de acordo com o poder de sua tela. Esta Luz é chamada Luz Interna – Ohr Pnimi. A parcela da Luz que não entra no Kli, permanece fora e é chamada Luz Circundante, Ohr Makif. A recepção inicial de 20% da Luz é chamada Partzuf Galgalta.

Depois da pressão das duas Luzes, Ohr Makif e Ohr Pnimi sobre a Tela no Tabur, o Partzuf expele toda a Luz. Então, a tela eleva-se gradualmente, do Tabur à Peh, perdendo o seu poder anti-egoísta e alcançando o nível da tela  na Peh de Rosh.

É muito importante lembrar que nada desaparece no mundo espiritual; cada ação consecutiva inclui a precedente. Assim, os 20% de Luz, recebidos  da Peh ao Tabur, permanecem no estado precedente do Partzuf.

Mais tarde, vendo que não pode controlar os 20% da Luz, o Partzuf  toma uma decisão de aceitar novamente a Luz. Desta vez ele não aceita 20%, mas somente 15%. Para isso, ele tem que baixar a tela do nível de  Peh ao nível do Chazeh do Partzuf Galgalta, reduzindo-se assim a um nível espiritual inferior.

Se, no início o seu nível era definido pelas Reshimot: Hitlabshut de nível 4 e Aviut de nível 4, agora elas são apenas 4 e 3 respectivamente. A Luz entra da mesma maneira e forma um novo Partzuf: AB. O destino do novo Partzuf é o mesmo; ele também afasta a Luz. Seguindo esta sequência, o terceiro Partzuf, SAG, espalha-se, e após isso, MA e BON.

Todos os cinco Partzufim enchem Galgalta da sua Peh ao seu Tabur. O mundo que eles formam é chamado Adam Kadmon. Galgalta é similar à Fase 0, Keter, pois enquanto recebe do Criador ela dá o que pode. AB recebe uma porção menor para o bem do Criador, e é chamada Hochma, Fase 1. SAG trabalha somente para dar e é chamada Bina, Fase 2. MA é similar a Zeir Anpin, Fase 3, e BON corresponde a Malchut, Fase 4.

SAG, tendo as propriedades de Bina (somente quer dar), é capaz de se estender sob o Tabur e encher a parte mais inferior de Galgalta com a Luz de Hassadim. Assim, abaixo do Tabur, à exceção dos desejos vazios, permanecem os prazeres induzidos pela similaridade com o Criador.

Tudo isto acontece porque a parte NHY (Sefirot: Netzah, Hod e Yesod) de Galgalta abaixo do Tabur, recusou absorver a Luz de Hochma. Lembre-se que esta é a Luz da Recepção. Elas apreciam a Luz de Hassadim, o prazer da similaridade com o Criador, dar.

O sub-Partzuf Nekudot de SAG tem Aviut Bet, e só pode apreciar a doação da Luz neste nível. O NHY já não pode resistir ao prazer do nível Dalet; doutro modo começará a receber a Luz para si mesmo.

Normalmente, o NHY deve ser capaz de receber, mas Malchut, no fundo de Galgalta (Sium em Hebraico), ascende até metade de Tifferet do Partzuf Nekudot de SAG e forma um novo Sium (conclusão). Esta é Restrição da Luz, chamada Parsa, abaixo da qual a Luz não pode ir. Com isto, Malchut faz a Segunda Restrição na disseminação da Luz, chamada Tzimtzum Bet, em analogia à primeira.

Para dar um exemplo de nossa vida diária: imagine um homem educado e com boas maneiras que nunca roubaria mais do que $1000. No entanto, se $10.000 fossem colocados diante dele, a sua educação poderia não “funcionar” porque neste caso, a tentação, do prazer em perspectiva, é muito forte para ser resistido.

O Tzimtzum Bet é a continuação do Tzimtzum Aleph, mas nos Recipientes de recepção, os Kelim de Cabalá. Estes são os Kelim abaixo do Tabur com o desejo do nível mais forte – nível 4.

É interessante notar que no Partzuf Nekudot de SAG, o Partzuf, que é altruísta por natureza, revelou suas propriedades egoístas; imediatamente Malchut, ascendendo, cobre-o e forma uma linha, chamada Parsa, para limitar  a propagação descendente da Luz.

O Rosh do Partzuf SAG, como toda cabeça, consiste em cinco Sefirot: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut. Estas, por sua vez, são divididas em Kelim de Hashpa’a (Kelim de Doação — Keter, Hochma e metade de Bina) e Kelim de Cabalá (Kelim de recepção–do meio de Bina a Malchut).

Kelim de Hashpa’a (Kelim de Doação) são também chamados Galgalta ve Eynaim (GE). Os Kelim de Cabalá (Kelim de recepção) são Awzen (pronuncia-se Ózen), Hotem, e Peh: AHP. A restrição de Tzimtzum Bet significa que a partir deste ponto, um Partzuf não deve ativar qualquer Kli de recepção.  É proibido usar o AHP; assim decide Malchut, quando se elevou até meio de Tifferet.

Depois do Tzimtzum Bet, todas as Reshimot subiram até a Rosh de SAG, pedindo aí para formar um Partzuf exclusivamente no nível dos Kelim  de doação. Isto permite que o Partzuf receba alguma Luz do contato com o Criador.

Isto significa que agora a tela deve estar localizada não na Peh da Rosh, mas no Nikvey Eynaim da Rosh, a parte que corresponde à linha do Parsa no meio de Tifferet, no Guf. Cada parte do Partzuf, a Rosh, o Toch e o Sof têm cinco níveis de Keter, de Hochma, de Bina, de Zeir Anpin e de Malchut. O Nikvey Eynaim, que é a metade de Tifferet na Rosh, corresponde à metade de Tifferet no Guf. Lembra Gar de Bina e Zat de Bina?

Após um Zivug (acoplamento) na Rosh de SAG, um Partzuf emergirá a partir deste ponto e disseminará abaixo do Tabur e para baixo do Parsa, naquele local que Malchut levantou na Segunda Restrição. O novo Partzuf, que se expande abaixo do Tabur até o Parsa, veste o Partzuf precedente de Nekudot de SAG, mas apenas em sua parte superior, Gar de Bina (Kelim altruístas), os Recipientes de doação.

O nome do novo Partzuf é Katnut de Olam Nekudim (Pequenez do Mundo de Nekudim). Este Partzuf surge no nível das Reshimot restritas de Bet- Aleph (2.1). Na realidade, nos cinco mundos mencionados previamente (Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya), tal mundo não existe.

Durante a existência deste mundo, as Sefirot Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura e um terço de Tifferet (o terço superior) são divididas em dez e têm os nomes usuais. Além disso, há nomes especiais para as Sefirot Hochma e Bina: Abba ve Ima (Pai e Mãe), e também para as Sefirot Zeir Anpin e Malchut: Zeir Anpin e Nukva (Fêmea). Quando se fala de Zeir Anpin e de  Nukva juntos, eles se chamam ZON. Estes nomes adicionais designam que estas peças são do mundo de Nekudim.

Depois do Zivug de Hakaa no Nikvey Eynaim em Rosh de SAG, a  pedido das Reshimot do Partzuf inferior, SAG executa um segundo Zivug nas Reshimot de Gadlut (Grandeza) no Peh de Rosh. Em outras palavras, SAG executa um Zivug no nível 4 do desejo, o nível o mais forte.

O que realmente aconteceu? Lembre-se que Zivug é um acoplamento de Reshimo. O Nikvey Eynaim é a linha divisora entre a porção de pura doação e a porção dos Kelim que receberão, mas apenas com o propósito de dar na Rosh. Assim, a primeira coisa que acontece é um Zivug no que chamamos Katnut – apenas nos Kelim de doação. O segundo Zivug é na grandeza, ou em todos os Kelim na Rosh, tanto para doação e Kelim que receberão a fim de dar. À medida que ocorre este segundo Zivug, uma grande Luz começa a se espalhar a partir de SAG e tenta descer abaixo do Parsa, onde estão os desejos mais fortes. É certo que o Partzuf Nekudim será capaz de receber a Luz para o bem do Criador, e que ele tem a força suficiente para isso, apesar do Tzimtzum Beth. Mas no momento em que a Luz toca o Parsa, ocorre o Shevirat ha Kelim (Quebra dos Kelim), porque se torna claro que o Partzuf quer receber prazer somente para si. Imediatamente, a Luz sai do Partzuf, e todos os Kelim, mesmo aqueles acima do Parsa, são quebrados.

Assim, a partir do desejo do Partzuf em usar os Kelim de recepção para o bem do Criador, para formar o Mundo de Nekudim em Gadlut, usando todos os dez Kelim, ocorre a quebra de todas as suas tela-intenções. No Guf do Partzuf Nekudim, isto é, em ZON acima do Parsa (Hesed, Gevura, Tifferet) e abaixo do Parsa (Netzah, Hod, Yesod e Malchut) há oito Sefirot. Cada uma delas  consiste  de  quatro  fases  (à  parte  a  fase  zero).  Estas,  por  sua vez, carregam dez Sefirot, rendendo um total de 320 Kelim (4 x 8 x 10), que foram quebrados.

Dos 320 Kelim quebrados, somente Malchut não pode ser corrigido e  isto representa 32 partes (4 x 8). As 288 partes restantes (320 – 32) podem ser corrigidas. As 32 peças são chamadas Lev ha Even (literalmente, Coração de Pedra). Estas serão corrigidas somente pelo próprio Criador no Gmar Tikkun (Fim da Correção).

Os desejos altruístas e egoístas foram simultaneamente quebrados separadamente e misturados. Como consequência, cada elemento dos Kelim quebrados consiste de 288 partes que estão prontas para a correção, e 32 que não estão. Agora, a realização do objetivo da Criação depende somente da correção do Mundo quebrado de Nekudim. Se tivermos sucesso em nossa tarefa, a Fase Dalet será preenchida com a Luz. Olam ha Tikkun (Mundo da Correção) é criado para construir um sistema coerente, que corrija os Kelim do Mundo de Nekudim.

Este novo mundo é também chamado Mundo da Emanação, em Hebraico – Olam Atzilut.

LIÇÃO 5

Nós temos um total de 125 níveis entre nós e o Criador. Primeiro, há os cinco mundos entre o Criador e o nosso mundo. Estes mundos são Olam Adam Kadmon, Olam Atzilut, Olam Beria, Olam Yetzira, e finalmente Olam Assiya. No final de Olam Assiya está o nosso mundo.

Cada mundo consiste de cinco Partzufim (plural para Partzuf) denominados Galgalta, AB, SAG, MA e BON. Cada Partzuf contém  cinco Sefirot – Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut. Para Malchut, fase 4 (Dalet), alcançar o nível o mais elevado, deve mover-se através de todos estes níveis. Assim, Malchut, a única Criação, funde-se com as quatro fases precedentes.

À medida que Malchut se eleva através destes níveis, absorve todas as propriedades de cada fase e iguala os seus atributos aos atributos do Criador. Este é o Objetivo da Criação. Agora, a primeira coisa que deve acontecer é que Malchut deve-se misturar com as outras nove Sefirot.

Para esta tarefa, um Partzuf muito especial é criado. Este Partzuf contém Malchut e as nove Sefirot desde Keter a Yesod. O seu nome é Adam  ha Rishon, ou simplesmente Adam. Se você estiver se questionando se este Adam é o mesmo do Gênese da Bíblia, pode estar certo disso, é o mesmo Adam.

No princípio, as nove Sefirot e a décima, Malchut, não estão conectadas, de forma nenhuma. É por isso que foi dito que, no princípio Adam estava proibido de comer a fruta da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Com a queda de Adam e a quebra de seus Kelim (Recipientes), as quatro fases superiores (as primeiras nove Sefirot), caem dentro de Malchut.

Todos os movimentos espirituais de cima para baixo, de Malchut de Ein Sof ao nosso mundo e de volta para o Mundo de Ein Sof, são predeterminados. Nada é planejado que não esteja de acordo com o objetivo da Criação. Este objetivo é alcançado quando a quarta fase se torna similar às fases 3, 2, 1 e 0, que estão todas contidas na quarta fase.

Todos os mundos surgem como descida do Criador, de cima para baixo, através  dos   125   níveis  dos   cinco  mundos.   Isto   é  como   uma  restrição permanente do Criador, fazendo com que toda a criação retroceda Dele até  que a Criação alcance o nível de nosso mundo, em que já não o Sente.

Quando a criação se eleva, ela o faz através dos mesmos 125 níveis  dos cinco mundos, que foram formados para esta finalidade específica.  Avançar um único nível nos dá o poder para darmos o salto até ao nível seguinte.

A descida de cima para baixo é o processo da regressão da alma, mas a ascensão é a sua progressão. Durante a descida, o poder de cada nível diminui porque ele esconde da Sua Criação, mais e mais, a Luz do Criador. Mas o movimento inverso nos revela cada vez mais a Luz do Criador e nos concede o poder de superar obstáculos.

Vejamos o que acontece quando a quebra dos Kelim (Shevirat ha Kelim) ocorre no mundo de Nekudim. As nove Sefirot altruístas, sendo Malchut a parte egoísta tenta usar para seu próprio bem, caem em Malchut. No  capítulo anterior nós escrevemos que o Zivug (4,3) feito em Nekudim causou a quebra dos Kelim. Este Zivug era um pedido de Malchut pela Luz. Malchut desejou usar a Luz para seu próprio prazer, mas a tela, tendo somente o poder de (2,2) não poderia resistir. Nesse momento, o altruísmo e o egoísmo misturam-se em consequência da quebra, e nós também vemos esta mistura em nosso mundo.

Um ponto interessante que os observadores astutos verão imediatamente é que a queda de Adam, como está escrita na Bíblia não foi nenhum acidente. Foi uma necessidade. Sem essa queda, não haveria mistura dos atributos do Criador com Malchut, e sem esta mistura não haveria  correção.

Agora, se uma forte Luz ilumina esta mistura e desperta Malchut, fazendo-a compreender sua própria natureza e o que é o Criador, Malchut  pode se esforçar para ser como as Sefirot Superiores, isto é, a Luz do Criador. Mesmo que a quebra dos Kelim pareça ser uma ação anti-espiritual, na  verdade ela é o único processo possível que permite a Malchut se unir às propriedades altruístas do Criador, e de se elevar ao Seu nível, num estágio posterior.

Após a quebra, dois sistemas paralelos dos mundos, Assiya, Yetzira, Beria e Atzilut são construídos como dois sistemas: altruísta e egoísta. Estes mundos são construídos com base na quebra dos Kelim, e é por isso que o seu sistema compreende especificamente a alma de uma pessoa. A alma de Adam também consiste de Kelim egoístas e altruístas. A queda de Adam misturou estes dois tipos de Kelim e o seu Partzuf foi quebrado.

Quando ascende ao nível apropriado no sistema dos mundos, cada  parte quebrada pode descobrir aí o seu lugar.

Shevirat Neshamot (quebra das almas) de Adam e Shevirat Olam ha Nekudim (quebra dos Kelim no mundo de Nekudim) são construídos sob a mesma base. Os mundos são uma espécie de invólucro ou capa externa da alma. Em nosso mundo material, é o Universo, a Terra e tudo à nossa volta  que dá forma à cobertura exterior, incluindo a humanidade.

Ao examinar como o Mundo de Atzilut está projetado, nós podemos notar que a sua estrutura iguala completamente o Mundo de Nekudim. De fato, Nekudim é um modelo para Atzilut. O Partzuf Nekudot de SAG após Tzimtzum Beth (Segunda Restrição) ascende à Rosh (cabeça) de SAG com três tipos de Reshimot (reminiscências).

Das Reshimot restritas de (2,1) Bet-Aleph, o Mundo de Nekudim é formado na Katnut (pequenez), nos Kelim Galgalta ve Eynaim (somente nos Kelim de doação). Este se espalha para baixo do Tabur (umbigo – o limite original que dividiu os desejos do nível 4 de Aviut) até ao Parsa, a divisão em Tifferet que divide os Kelim de doação e os Kelim de recepção.

Este novo Partzuf, como qualquer outro, é composto de Rosh e de Guf.  A sua Rosh é dividida em três porções: a primeira Rosh é chamada Keter, a segunda Abba (Hochma) e a terceira Ima (Bina). Abba significa literalmente “Pai” e Ima significa “Mãe”, em Hebraico.

O Guf do Mundo de Nekudim é chamado ZON – Zeir Anpin e Nekva. Acima do Parsa está Gar de ZON, abaixo do Parsa nós encontramos Zat de ZON. O Gar de ZON são Kelim de doação, e Zat de ZON são Kelim de recepção.

Depois disto, o Mundo de Nekudim almeja entrar no Gadlut, isto é, juntar os AHPs para si. Lembre-se que AHP são Kelim de pura recepção para si mesmo. O Nekudim quer corrigir estes. Mas quando a Luz Superior alcança o Parsa e tenta atravessá-lo, o Mundo de Nekudim quebra-se.

Rosh Keter e Rosh Abba ve Ima permanecem, pois as Cabeças não se quebram. Mas ZON, isto é, o Guf, quebra-se completamente, ambos acima e abaixo do Parsa. Agora, há 320 partes quebradas, sendo 32 delas (Lev ha Even) impossíveis de corrigir por vontade da pessoa. As 288 peças restantes estão sujeitas a correção.

Em seguida, e a fim de corrigir os Kelim quebrados, o mundo da Correção (Olam ha Tikkun também chamado Olam Atzilut) é criado. As Reshimot da quebra de todas as 320 partes ascendem à Rosh de SAG. No início, a Rosh de SAG seleciona as partes mais puras, as mais luminosas com respeito à capacidade de serem corrigidas.

Esta é a Lei da Correção: primeiro, as partes mais fáceis são corrigidas  e depois, com a ajuda delas, as partes seguintes são trabalhadas. Fora dos Kelim corrigidos, Rosh de SAG cria os Partzufim do Mundo de Atzilut, similar a um pequeno Mundo de Nekudim:

  • Keter do Mundo de Atzilut, também chamado Atik
  • Hochma, também chamado Arich Anpin
  • Bina, também chamado Abba ve Ima
  • Zeir Anpin
  • Malchut, também chamado Nukva

O Mundo de Atzilut é uma réplica do Mundo de Nekudim: Atik está localizado entre o Tabur de Galgalta e o Parsa; Arich Anpin do Peh de Atik até ao Parsa; Abba Ve Ima, de Peh de Arich Anpin até ao Tabur de Arich Anpin; Zeir Anpin situa-se desde o Tabur de Arich Anpin até ao Parsa; e Malchut está na forma de um ponto sob o Zeir Anpin (veja figura 7).

Cada Partzuf é composto de duas partes: Galgalta Ve Eynaim (GE), Kelim de Doação, e AHP, Kelim (Recipientes) de Recepção. Após ser quebrado, o Kli não consiste de duas partes, mas de quatro: GE, AHP, GE dentro de AHP e AHP dentro de GE. Tal combinação pode ser encontrada em cada um dos 320 Kelim quebrados. O objetivo aqui é quebrar cada partícula e separar o GE (Kelim de doação) do AHP (Kelim de recepção).

Figura 7. O Mundo de Atzilut e os Mundos de BYA

Eis como isso acontece. As Reshimot dos estágios corrigidos levam os Kelim quebrados a atrair Ohr Makif, que por sua vez separa a Galgalta ve Eynaim do AHP, elevando-a à espiritualidade, enquanto que AHP permanece e espera a sua vez para a correção.

Depois de o Mundo de Atzilut corrigir todos os Kelim de doação, Malchut do Mundo de Atzilut ascende a Bina, isto é, sob a Rosh do Mundo de Atzilut. A Rosh do Mundo de Atzilut é Atik, Arich Anpin, e Abba ve Ima. Lá, Malchut executa as seguintes ações:

  1. Zivug (acoplamento, união) no nível 2 do desejo (Bet de Aviut), criando o Mundo de Beria.
  2.  Zivug no nível 1 do desejo (Aleph de Aviut), criando o Mundo de Yetzira.
  3. Zivug no nível 0 do desejo (Aviut Shoresh), dando à luz o Mundo de Assiya.

A ascensão a Bina move o Mundo de Atzilut dois níveis para cima, movendo por sua vez tudo abaixo dele, dois níveis para cima, também. Tudo  se move em conjunto. Agora, Malchut está no lugar de Abba ve Ima, Zeir Anpin no lugar de Arich Anpin, e Arich Anpin e Atik ascendem proporcionalmente. O Partzuf Malchut do Mundo de Atzilut, que está nesta ascensão equivalente a Bina, a Abba ve Ima, pode criar, ou “dar à luz”.

O resultado desta ascensão é que o Mundo de Beria nasce a partir de Malchut de Atzilut e ocupa um novo local em vez de Zeir Anpin do Mundo de Atzilut, sob o Rosh, que lhe deu à luz. O recém-nascido está geralmente um nível abaixo de sua mãe.

Após isto, o Mundo de Yetzira é trazido à vida. Suas primeiras quatro Sefirot, i.e., sua parte superior, ocupa agora o lugar de Malchut do Mundo de Atzilut. Em sua parte inferior, seis Sefirot inferiores, estão localizadas na posição das primeiras seis Sefirot, o lugar do Mundo de Beria.

O próximo mundo, Assiya, cobre metade do Mundo de Beria e metade do Mundo de Yetzira. As quatro Sefirot do Mundo de Yetzira e as dez Sefirot do Mundo de Assiya permanecem vazias. Este lugar vazio é chamado Mador ha Klipot, a Seção das Cascas.

Se você se sente um pouco confuso sobre os últimos parágrafos, entenda que há uma diferença entre o local onde estes mundos estavam durante a sua criação, e onde estão agora. Será mais fácil “encontrar o seu caminho” se você fizer uso da figura acima.

A fim de realçar a sua importância, nós podemos considerar mais uma vez todo o processo:

O Mundo de Nekudim surgiu em Katnut com uma Rosh de três partes, Keter e as outras duas Roshim (plural para Rosh), sendo Abba ve Ima. ZON é  o seu Guf. Tudo isto é chamado Galgalta ve Eynaim e estende-se do Tabur ao Parsa. Após isto, a Gadlut (Grandeza) do Mundo de Nekudim começa a emergir, a qual tem dez Sefirot, tanto em Rosh quanto em Guf.

Gadlut surgiu em Keter, em Abba ve Ima, mas quando ZON quer  receber Gadlut, o Mundo de Nekudim se quebra. É importante lembrar, que Gadlut é a disseminação da Luz não somente nos Kelim de doação, mas também nos Kelim de recepção. Mas os Kelim de recepção têm Aviut (espessura) de nível 4, muito maior do que a tela. Todos os Kelim do Guf se quebram em 320 partes; eles caem sob o Parsa e se misturam uns com os outros, produzindo quatro grupos:

  1. Galgalta ve Eynaim (GE)
  2. AHP
  3. Galgalta ve Eynaim em AHP
  4. AHP em Galgalta ve Eynaim

Para corrigir os Kelim quebrados, é criado o Mundo de Atzilut. Primeiro, surgem os seus três Partzufim: Atik, Arich Anpin e Abba ve Ima, que correspondem inteiramente aos Partzufim: Keter e Abba ve Ima no Mundo de Nekudim.

Zeir Anpin e Malchut correspondem aos mesmos Partzufim no Mundo de Nekudim. Neste estágio, conclui-se assim a correção dos Kelim de Doação extraídos, Galgalta ve Eynaim, de todas as 320 partes. Além disso, temos Galgalta ve Eynaim dentro do AHP.

Atzilut quer fazer a correção em AHP. Malchut ascende até Bina e cria as dez Sefirot do Mundo de Beria, que estão no local de Zeir Anpin de Atzilut, porque Malchut do Mundo de Atzilut está agora em Abba ve Ima. Lembre-se, que Zeir Anpin estava logo abaixo de Abba ve Ima.

Neste estágio, as dez Sefirot do Mundo de Yetzira são criadas; a última sobrepõe parcialmente, o Mundo de Beria. A parte do Mundo de Yetzira está sob o Parsa, no local da metade superior do Mundo de Beria.

Finalmente, o Mundo de Assiya situa-se desde a metade do local do Mundo de Beria, até à metade do local do Mundo de Yetzira. Começando a meio do local do Mundo de Yetzira, e terminando no local do Mundo de Assiya, está o vazio, Mador ha Klipot.

Em breve, veremos que os mundos podem subir e descer, mas movem- se sempre juntos em relação à sua posição inicial. Tudo o que foi discutido neste capítulo está descrito nas 2100 páginas do Talmud Eser ha Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot) pelo Rav Yehuda Ashlag. Você pode imaginar quão abrangente este trabalho é, descrevendo até mesmo, os  mínimos detalhes. Este importante trabalho fornece diretrizes para o nosso progresso espiritual e nos ajuda a manter a concentração no objetivo correto. Não é mais, que um guia para alcançar o espiritual.

A nossa correção, pertence à Segunda Restrição, Tzimtzum Bet. Como consequência, nós não podemos ver além de Tzimtzum Aleph, a Primeira Restrição. Efetivamente, não é humanamente possível imaginar a natureza da realidade que existe naquele domínio. Estes são chamados de “os segredos da Cabalá.”

 

LIÇÃO 6

Como foi mencionado anteriormente, o mundo de Atzilut é muito parecido com o Mundo de Nekudim. O primeiro Partzuf do Mundo de Atzilut, Atik, surge inicialmente nas Reshimot de Aleph-Shoresh (Hitlabshut de nível 1, Aviut de nível 0) em Katnut (pequenez), do Tabur ao Parsa. Então ele se espalha no Gadlut (grandeza) até ao nosso mundo, nas Reshimot de Dalet- Gimel (4.3).

É o único Partzuf por meio do qual, a Luz pode iluminar no nosso  mundo. Nós não vemos ou sentimos esta Luz, mas ela brilha e nos guia. Quem quer que ascenda do nosso mundo até abaixo do Parsa, onde os  mundos Beria, Yetzira e Assiya (BYA) estão localizados, é chamada uma pessoa justa, em Hebraico – Tzadik, um Cabalista.

É importante notar que o Partzuf Atik se espalha, não apenas até ao Parsa para transmitir Luz aos outros Partzufim do Mundo de Atzilut, mas também abaixo do Parsa. Como Atik está em Tzimtzum Aleph, este Partzuf, é capaz de se espalhar por toda parte, e quando estiver abaixo do Parsa, ilumina a alma do justo que quer ascender ao Mundo de Atzilut.

Estar nos Mundos de BYA significa “dar para o propósito de doação”, enquanto que estar no mundo de Atzilut significa “receber para o propósito de doação”. O Partzuf seguinte, Arich Anpin (Hochma) surge em Katnut (pequenez – somente Kelim de Doação). Após este Partzuf, o Abba ve Ima (Bina) nasce, a seguir o Partzuf Zeir Anpin, e finalmente nasce Malchut sob a forma de um ponto. Os AHPs dos cinco Partzufim do Mundo de Atzilut são os Kelim de Cabalá, Kelim para receber. Estes últimos devem ser restaurados e corrigidos.

O Mundo de Atzilut é o único mundo que nós estudamos. O estudo dos outros  Mundos  é  limitado  até  ao  ponto  em  que  eles  se  relacionam com o Mundo de Atzilut. O nosso objetivo final é elevar todas as almas até Atzilut. Partzuf Arich Anpin envolve-se em muitas coberturas diferentes, chamadas Se’arot, ou cabelos, análogo aos cabelos do corpo humano.

Os três primeiros Partzufim do Mundo de Atzilut, surgiram nas Reshimot de Rosh (Cabeças) do Mundo de Nekudim. Zeir Anpin do Mundo de Atzilut é chamado Ha Kadosh Baruch Hu (O Santo, Bendito Seja Ele).

Malchut dos Mundos de Atzilut é chamada Shechina – o conjunto de todas as almas.

Todos os nomes, incluindo os nomes dos personagens mencionados  nos primeiros cinco livros da Bíblia, têm origem no mundo de Atzilut. E aqueles personagens dos Mundos de BYA são os mesmos, sob o controle do Mundo de Atzilut.

O Mundo de Atzilut não permite nenhuma Luz abaixo do Parsa além de um raio minúsculo de Luz chamada Ohr Tolada. Esta minúscula Luz é o que nos permite sentir os pequenos prazeres que sentimos neste mundo. Como são os AHPs que estão situados sob o Parsa corrigidos? Eles são iluminados por uma poderosa Luz por meio da qual vêem como diferem do Criador.

Então, eles desejam melhorar e se aplicar ao Partzuf localizado acima que para eles, é o Criador. Eles pedem a propriedade de dar, ou uma Masach (tela). Se o pedido vindo do AHP for autêntico, o Partzuf localizado acima os eleva fora dos Mundos de BYA até ao Mundo de Atzilut.

O preenchimento com a Luz só ocorre no Mundo de Atzilut. AHPs nos Mundos de BYA são realmente, as sete Sefirot de Zeir Anpin e as nove Sefirot inferiores de Malchut do Mundo de Atzilut. Isto porque, os Kelim de doação (Galgalta ve Eynaim) de Zeir Anpin e a Sefira (singular para Sefirot) de Keter  de Malchut, estão no Mundo de Atzilut.

O pedido de ajuda ascende às AHPs de Zeir Anpin e de Malchut, localizadas nos Mundos de BYA. Se, estas Sefirot forem elevadas e unidas às Sefirot correspondentes do Mundo de Atzilut, então é possível enchê-las com Luz. Tal condição é chamada Gmar Tikkun (Fim da Correção).

Qual é então a diferença entre os AHP ascendentes (Kelim de recepção) e aqueles que são alcançados pela Luz vinda abaixo do Parsa? A diferença é qualitativa: quando o AHP se eleva, é usado como um Kelim para doação e  não para recepção. A sua principal característica de recepção é removida durante a ascensão.

Em outras palavras, em vez de ser usado como um Kli de Recepção (AHP) é usado como Galgalta ve Eynaim (Kelim de Doação). Isto acrescenta algo ao Mundo de Atzilut, mas não corrige o AHP. Enquanto ascende, o AHP não usa a sua própria Luz, mas a Luz do Galgalta ve Eynaim.

Além dos AHPs que podem ser elevados ao Mundo de Atzilut, há muitos Kelim (Recipientes) em BYA que não podem ser elevados. Isto  porque, eles não estão misturados com Galgalta ve Eynaim. O que pode ser feito a fim de corrigir estes Kelim? Tal como em Shevirat ha Kelim (quebra dos Kelim) nos mundos, ocorre um Shevirat ha Kelim nas almas.

Com esta finalidade, Malchut de Ein Sof (nada mais do que  um ser criado puramente egoísta, desprovido de altruísmo e num estado de restrição que ele aceitou para si mesmo) é acrescentada aos Kelim de Galgalta ve Eynaim do ZON do Mundo de Atzilut.

Aqui, haverá tal combinação de Kelim de Cabalá (Kelim de recepção) com Kelim de Ashpa’a (Kelim de doação) que naturalmente, tal Partzuf se quebrará em partículas menores. Além disso, centelhas separadas de  altruísmo e egoísmo se combinarão, pavimentando o caminho para a correção de Malchut por meio destas mesmas partículas.

Assim, depois do Mundo de Atzilut entrar no estado de Katnut, Malchut do Mundo de Atzilut ascende ao nível de Ima (Bina) do Mundo de Atzilut e, uma vez aí, dá à luz o Mundo de Beria, fazendo um Zivug na Aviut Bet (nível 2).

Após o segundo Zivug de Malchut no Aviut Gimel (nível 3), nasce o Mundo de Yetzira. Depois, o Mundo de Assiya surge após o terceiro Zivug de Malchut no Aviut Dalet (nível 4). No fim de tudo isto, é fundamentalmente  criado um novo Partzuf em Katnut com Galgalta Eynaim, os Kelim de Doação. O AHP deste novo Partzuf na futura Gadlut será a Malchut de Ein Sof.

Este Partzuf é chamado Adam ha Rishon (Primeiro Homem). Mas, por que foram estes Mundos adicionais de BYA, criados? Para construir o  ambiente necessário para este Partzuf, no qual ele existiria e receberia de todo o lado, a Luz requerida para satisfazer os seus desejos sempre em mudança. Como no Mundo de Nekudim, o Partzuf de Adam ha Rishon nasce em Katnut com Kelim Galgalta ve Eynaim.

Tal como todos Partzufim, ele deseja entrar em Gadlut. Mas, no momento em que ele começa a receber a Luz para Gadlut, nos  Kelim de Cabalá (AHP) de Malchut do Ein Sof, ele se quebra em pequenas partículas.

Quando Adam nasceu, ele era totalmente justo (um Tzadik), ele já era circuncidado (seus Kelim eram de doação pura), e desprovido de Kelim de Cabalá. Então, ao se desenvolver, ele quis corrigir todo o Jardim do Éden, isto é, todos os seus desejos. Isto, apesar das instruções estritas do Criador para não fazer Zivug em Malchut de Malchut (estes são os meninos maus,  os desejos mais fortes de recepção somente para nós), a qual é incapaz de absorver intenções altruístas, qualquer Kelim de Hashpa’ A.

Adam não teve qualquer escrúpulo sobre a sua capacidade em executar uma correção em Malchut do Ein Sof, porque era o seu próprio AHP. Mas no momento em que a Luz começou a descer do Mundo de Atzilut abaixo do Parsa, Adam ha Rishon quebrou-se em 600.000 partes.

Cada uma destas partes tem que passar 6.000 anos (6.000 estágios de correção) tentando realizar a sua correção individual. A parte do egoísmo que a pessoa corrige à semelhança com o Criador, é chamada “a alma.” No instante da quebra, todos os desejos de Adam caíram para o nível mais baixo do egoísmo. Neste ponto, todos os fragmentos estão separados, e cada partícula separada se esforça para extrair prazer e deleite deste mundo.

Isto explica, porque condições especiais foram criadas para ajudar o homem a fortalecer a sua ligação com o Criador e receber a Luz corrigida de Cima. Ao submeter-se à correção, a pessoa deve enviar um pedido ao Criador que a auxilie a corrigir todos os desejos. A Luz do Criador desce, e 6.000 ações consecutivas devem ser feitas para corrigir a alma.

Quando isto acontece, a alma torna-se semelhante em seus atributos, a Malchut de Ein Sof. Então, ela recebe toda a Luz para o bem do Criador. Tudo o que revelamos relaciona-se ao Mundo de Atzilut e ao Partzuf de Adam ha Rishon.

 

Tudo o que está escrito na Cabalá, faz referência a algumas partes deste Partzuf ou do mundo do qual ele surge.

A percepção do mundo circundante em qualquer circunstância depende do nível a que uma pessoa ascendeu, e de que parte do Partzuf de Adam ha Rishon. A fim de, unirmos com o mundo espiritual, nós devemos alcançar uma similaridade de atributos com esse mundo.

Mesmo se, um só desejo combina com o inexorável atributo espiritual de dar, então se estabelece neste estágio, uma conexão com o Criador. No entanto, é muito difícil estabelecer este primeiro contato. Quando nos abrimos para o espiritual, compreendemo-lo claramente e não o confundimos. Nós precisamos então, transformar os nossos desejos. O Criador, por Sua vez, quer que alcancemos a correção e espera o nosso pedido.

A Luz divina existe em absoluto repouso, somente as almas são transformadas. Em qualquer estágio de transformação, elas recebem nova informação da Luz. O Criador só responde a preces / desejos sinceros. Se Ele não responde, isso significa que essa prece ainda não é verdadeira para ser atendida. Quando estivermos preparados, a resposta virá imediatamente, porque a Luz sempre quer preencher o Kli.

LIÇÃO 7

O nascimento dos cinco mundos: Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira e Assiya é na verdade a realização das cinco Sefirot: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut que se encontravam na própria Malchut. A propagação dos mundos de Cima para Baixo iguala o aumento progressivo de Aviut dos quatro desejos ou fases de 0 a 4.

Os mundos são como uma esfera que circunda Malchut. Como analogia, vislumbre uma pessoa cercada por esferas concêntricas, usando os seus órgãos dos sentidos para perceber apenas, a esfera mais próxima dela: o Mundo de Assiya. Aguçando os nossos órgãos dos sentidos e modificando as nossas qualidades, começamos gradualmente a perceber a esfera seguinte, e assim por diante.

Todos os mundos são uma espécie de filtro, colocado no trajeto da Luz, uma tela especial que obstrui a Luz Circundante: Ohr Makif. Assim que sentirmos a presença destes mundos, removemos as “telas-filtro.” Isto atrai-nos para mais perto do Criador.

Se a Luz nos alcançasse sem ser filtrada, ela causaria a Shevirat ha Kelim dos nossos recipientes. Removendo todas as “telas-mundo” permitimos que todos os mundos nos penetrem. Neste estágio, adquirimos a Luz e possuímos os atributos similares àqueles da Luz. Tal estado é associado ao Gmar Tikkun – o Fim da Correção.

No início, nós como criaturas, estamos localizados dentro dos mundos e percebemos o seu poder e as restrições impostas sobre nós. Como podemos nós, superar estas restrições? Executando uma correção interna, correspondendo, por exemplo, aos atributos do Mundo de Assiya. Isto significa ser um altruísta no nível zero.

Quando adquirimos os atributos do altruísmo no nível zero, o mundo de Assiya penetra e pode ser sentido por nós. A fim de sentirmos o Mundo de Yetzira, devemos adquirir atributos similares àqueles deste mundo, e permitir que este mundo nos penetre. Neste estágio nos tornamos altruístas no nível  1.

O nosso objetivo é deixar entrar todos os mundos, e nos tornarmos similares a estes mundos de acordo com os seguintes níveis de Aviut: 2, 3, 4.

Por estes meios, Malchut é totalmente corrigida e absorve as primeiras nove Sefirot, enquanto nos movemos além dos limites de todos os mundos e alcançamos o Mundo da Infinidade (Olam Ein Sof). Para começar a correção, precisamos reconhecer os nossos próprios atributos, bem como aspirar aos atributos do Criador.

Cada Partzuf novo do Mundo de Atzilut começa da Peh do Partzuf anterior, com exceção do Partzuf de Zeir Anpin e Malchut; Zeir Anpin começa do Tabur de Abba ve Ima e Malchut começa do Tabur de Zeir Anpin.

Os três Partzufim de Atik, Arich Anpin e Abba ve Ima são chamados Keter, Hochma e Bina, que correspondem a Keter, a Hochma e a Bina do Mundo de Nekudim. A Rosh do Mundo de Atzilut corresponde às duas  Cabeças do Mundo de Nekudim e cumprem a mesma função. A Rosh do Mundo de Atzilut, que são Atik, Arich Anpin e Abba ve Ima, foi a primeira a emergir nas Reshimot dos Kelim não-quebrados do Mundo de Nekudim.

Entretanto, Zeir Anpin e Malchut são gradualmente restaurados. Apenas Galgalta ve Eynaim são restaurados de Zeir Anpin, e um único ponto de Malchut. Os AHPs de Zeir Anpin e Malchut estão nos Mundos de BYA. Se  estes AHPs forem corrigidos, então, todos os mundos serão corrigidos. A correção é realizada com a ajuda do Partzuf de Adam ha Rishon.

Como é este Partzuf de Adam ha Rishon? Malchut do Mundo de Atzilut  é elevada ao nível de Bina. Isto acontece em três fases. Todo o Mundo de Atzilut ascende então em três níveis. A condição normal do Mundo de Atzilut é chamada “um dia de semana.” Durante tais dias, o Mundo de Atzilut é  iluminado por uma Luz incompleta, que se expande para baixo até ao Parsa.

Após isto, uma Luz maior vem de Cima e confere maiores atributos ao Mundo de Atzilut, fazendo-o mover-se para um nível acima. Agora, Malchut está localizada no local de Zeir Anpin. Zeir Anpin alcança agora o nível de  Abba ve Ima. Abba ve Ima substitui Arich Anpin, o qual por sua vez eleva-se ao nível de Atik, que se eleva ainda mais, até SAG.

A primeira elevação do Mundo de Atzilut ocorre na noite de sexta-feira, Erev Shabbat. Tal progressão é chamada “despertar de Cima,” (Aramaico: Itaruta de Lai’la). Em nosso mundo isto corresponde aos dias, às semanas, ao tempo e a tudo o que não é dependente de nós, mas é dependente das leis da natureza em cima das quais não temos nenhum controle.

A próxima fase eleva o mundo de Atzilut um nível acima. Malchut está agora no nível de Abba ve Ima, onde é dotada com um atributo adicional: a intenção de dar. Neste estágio Malchut pode receber para o bem do  Criador. Ela agora tem uma tela e pode executar um Zivug de Hakaa, criando assim novos Partzufim. Baseado nos atributos de Abba ve Ima, por um lado, e nos atributos do Malchut de Ein Sof, por outro, Malchut cria um novo Partzuf: Adam ha Rishon.

Para um Cabalista, os estados espirituais, chamados Erev Shabbat (Noite de Sexta-Feira), Shabbat (sábado), Motzei Shabbat (Noite de Sábado) podem ser experienciados em dias, não tendo nenhuma conexão com o calendário. Para um Cabalista, seis dias podem durar um segundo, enquanto Shabbat pode durar vários dias.

Tudo o que ocorre neste mundo relaciona-se com os nossos  corpos, mas o que ocorre no mundo espiritual relaciona-se com a alma. De momento, podemos testemunhar que a nossa alma e o nosso corpo não estão sincronizados. Mas no futuro, o nosso mundo funcionará pelos mesmos princípios dos mundos espirituais, que acontecerá quando o Gmar Tikkun for alcançado. Então, todas as ações dos dois mundos, bem como todos os tempos, se fundirão.

Se você mudou e a mudança levou um segundo, e as mudanças seguintes levarão cinco anos, isto significa que o seu próximo segundo terá durado cinco anos. No mundo espiritual, o tempo é medido pela transformação de nossos atributos. Mil anos podem expirar em nosso mundo, antes que a pessoa comece a estudar Cabalá. Ao entrarmos no espiritual, podemos viver em um dia o que costumamos viver em várias vidas. Este é um exemplo de transformação e de encolhimento do tempo.

Os anos espirituais correspondem aos 6.000 graus, níveis de BYA e não podem ser igualados ao nosso tempo material referencial. A ascensão dos Mundos de BYA ao Mundo de Atzilut é chamada Shabbat (sábado). A porção que varia entre o Tabur de Galgalta e o Parsa é chamada Shabbat.

A primeira ascensão é a ascensão do Mundo de Beria ao Mundo de Atzilut, a segunda é a ascensão do Mundo de Yetzira ao mundo de Atzilut, e a terceira relaciona-se ao Mundo de Assiya. A ascensão dos Mundos de BYA e do mundo de Atzilut ocorre simultaneamente.

Quando a terceira fase da ascensão ocorre, o Mundo de Atzilut abrange Zeir Anpin e Malchut de Atzilut e os Mundos de BYA. Neste momento, a Rosh do Mundo de Atzilut: Atik, Arich Anpin, Abba ve Ima, cruza os limites do mundo de Atzilut e entra no Mundo de Adam Kadmon. A Rosh de Galgalta ascende  por sua vez (Fase 1 da ascensão) junto com a Rosh AB (Fase 2 da ascensão), e com a Rosh de SAG (Fase 3 da ascensão) e entra no Mundo de Ein Sof.

A direção do tempo espiritual é sempre de baixo para cima. Todas as almas, toda a humanidade, sem estarem cientes do processo, estão constantemente ascendendo, aproximando-se do Criador a fim de se unirem a Ele. Isto é chamado “o fluxo direto do tempo espiritual”. Tempo é sempre medido na direção positiva, mesmo se experimentarmos o processo como negativo.

Nós somos egoístas, por isso é que a espiritualidade é percebida como negativa. No entanto, nunca nos degradamos quando andamos no caminho do progresso espiritual. Neste mundo, não devemos procurar aumentar o nosso ego. Pelo contrário, devemos desejar com ardor nos aproximar do Criador. Ao trabalhar com este objetivo, e até que terminemos a nossa correção, nós sentiremos cada vez mais o nosso egoísmo crescendo. Em outras palavras, o nosso egoísmo natural parecerá pior, comparado aos Seus atributos divinos.

O estudo correto da Cabalá atrai a Luz Circundante (Ohr Makif) cuja função, é revelar os nossos verdadeiros atributos. Estes parecem ainda mais negativos, embora tenham permanecido imutáveis. De fato, só se torna mais ciente da verdadeira natureza de seus atributos sob a influência da Luz divina. Esta consciência demonstra-nos que progredimos, mesmo que sintamos isso de outra maneira.

Como são os Mundos de BYA? Eles são os Kelim altruístas que caíram no AHP abaixo do Parsa. Estes mundos também são divididos em Galgalta ve Eynaim e  AHP.  Seus  Galgalta  ve  Eynaim  terminam no  Chazeh  (Tórax)  do Mundo de Yetzira, isto é, após as dez Sefirot do Mundo de Beria e as seis Sefirot do Mundo de Yetzira.

As quatorze Sefirot inferiores, do Chazeh de Yetzira e abaixo (quatro Sefirot do Mundo de Yetzira e dez Sefirot do Mundo de Assiya) são o AHP dos Mundos de BYA. O Mundo de Atzilut ilumina com a sua Luz os Mundos de BYA descendo até ao Chazeh do Mundo de Yetzira. O Mundo de Atzilut é chamado Shabbat.

As dezesseis Sefirot superiores dos Mundos de BYA (Galgalta ve Eynaim), do Parsa ao Chazeh, são chamadas “fronteira do Shabbat” (Tehum Shabbat), mas o próprio Mundo de Atzilut é chamado Ir (cidade). Mesmo quando todos os mundos de BYA ascendem ao Mundo de Atzilut, ainda é possível trabalhar com os desejos localizados abaixo do Parsa até o Chazeh  do Mundo de Yetzira (Galgalta ve Eynaim).

É por isso que, em nosso mundo, é permitido durante o Shabbat cruzar os limites da cidade, mas somente nos limites da cidade dentro dos limites do Tehum Shabbat. Esta distância é medida como 2000 Ama (aproximadamente 3000 pés – 914 metros) e 70 Ama. Como esta distância é dividida?

Do Parsa ao Chazeh do Mundo de Beria é chamado Ibur e equivale 70 Ama. Esta distância é incluída no Mundo de Atzilut embora esteja localizada fora dele. É uma faixa exterior que cerca a cidade. A distância do Chazeh do Mundo Beria ao Chazeh do Mundo de Yetzira equivale a 2000 Ama.

A distância total entre o Parsa e o Sium é de 6.000 Ama. A porção dos Mundos de BYA que se estende do Chazeh de Yetzira ao Sium é chamada de “Seção da Casca” – Mador ha Klipot (o local das Cascas). Este Mador ha Klipot é composto dos AHPs dos Mundos de BYA, que envolvem as quatro Sefirot do Mundo de Yetzira e as dez Sefirot do Mundo de Assiya. É um lugar totalmente desprovido de santidade (Kedusha). Não se pode ir lá durante Shabbat.

As almas são elevadas ao Mundo de Atzilut para mostrar-lhes quais limites inerentes existem lá, de modo a que possam se manter dentro deles. Quando nos impomos limites, nós não os notamos. Nós estamos acima destas limitações, e elas não estão nos constrangendo. Então, as ações que empreendemos originam-se dos nossos próprios atributos. O objetivo da  criação implica uma ascensão pessoal, e o Shabbat existe a fim de nos mostrar o que existe nos Mundos Superiores, o que há para se esforçar.

A correção é alcançada quando a Luz do Criador brilha diretamente, não mais através dos mundos que agem como filtros. O brilho da luz é ilimitado e traz prazer desenfreado para cumprir o objetivo da Criação.

 

LIÇÃO 8

Resumindo o que estudamos até aqui:

Há cinco filtros ao nosso redor que oculta a Luz do Criador, ou cinco mundos. Se agirmos naturalmente, para nós mesmos, ficaremos debaixo da influência destes filtros. Todos eles se encontram acima de nós. Se alguém decide se corrigir de acordo com as propriedades de, somente  um desses filtros, mesmo que seja o menor, essa pessoa ascenderá. Ele ou ela permanecerá acima do filtro, e os seus atributos igualarão os atributos desse mundo. Mais ainda, se os atributos dessa pessoa se tornarem idênticos  àqueles dos outros dois mundos, ela neutralizará também a ação desses dois filtros e encontrar-se-á acima deles.

Nós estamos agora experimentando Tzimtzum, e parece-nos que o Criador não quer que O percebamos, e é por isso que Ele se oculta. Na verdade, se fizermos uma correção igual à do Mundo de Assiya, significa isto que estamos neste mundo. Nós removemos o filtro que não necessitamos  mais, e podemos agora reter a Luz e recebê-la com o propósito de dar. Então, percebemos que para o Criador não importa se fazemos a restrição com o propósito de receber para Ele ou para nós.

Simplesmente, a pessoa atinge um nível onde não há distinção entre receber ou dar, verdade ou mentira, boas ações ou transgressões. Nós escolhemos o que preferimos. Mas, do lado do Criador só existe um desejo, nos deleitar. O tipo de deleite depende do receptor.

O objetivo principal é, sem quaisquer condições impostas pelo Criador, escolher a ascensão altruística, mesmo que não incorra nenhuma recompensa ou punição, para si. Esta escolha não está ao nível de recompensa-punição, mas ao mais alto nível espiritual, onde abnegação e indiferença predominam.

O Criador coloca cinco filtros à nossa frente, para nos selar da Luz divina. Por detrás do quinto e último filtro, o Criador não é sentido, de forma alguma. Aqui, é onde o nosso mundo material está localizado. Aqui, neste mundo, a vida é suportada por uma minúscula centelha de Luz (Ner Dakik),  que é o significado da nossa vida, a soma de todos os nossos desejos de todas as gerações, nas nossas almas, desde o início da humanidade.

Esta Luz é tão diminuta que as ações levadas a cabo pelas almas, não são consideradas transgressões, mas simplesmente uma vida animal mínima. Não há restrições em receber estes prazeres mínimos. Viva e aprecie……..

No entanto, se você quer mais, tem de se tornar idêntico ao espiritual. Cada prazer espiritual significa praticar uma ação de dar, completamente altruística, independente de si mesmo.. Para realizar isto, tem de alcançar certo nível e agir como o próprio filtro, proteger a Luz.

O filtro deixa de existir, e assim a pessoa é capaz de repelir a Luz que  se esforça para entrar no Kli. Esta pessoa mais tarde receberá, mas para o  bem do Criador. A alma de Adam conformada às 30 Sefirot dos três Mundos de BYA, que representa o mesmo Mundo de Atzilut, mas localizado dentro dos desejos egoístas com Aviut Bet, Aviut Gimel, e Aviut Dalet.

Quando Adam corrige as suas ações e as espiritualiza, ele ascende junto com os mundos para o Mundo de Atzilut. Após atravessar os 6.000 níveis de correção, Adam ha Rishon ascende completamente até ao Mundo de  Atzilut. Cada alma, sendo um fragmento do Partzuf de Adam ha Rishon, segue o mesmo caminho.

Nós, não podemos escolher o que precisa ser corrigido, mas corrigimos o que nos é enviado de Cima, o que nos é revelado. E assim por diante até ao nível mais alto.

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