BaHár (No Monte Sinai)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 25:1-26:2)

 

Sumário da Porção

A porção, Bahár (No Monte Sinai), lida principalmente com o que parecem ser leis das finanças. Ela começa com Moisés estar no Monte Sinai, recebendo do Criador o Mitzvá (mandamento de Shmitá (omissão do cultivo) da terra em cada sétimo ano e as Mitzvot (plural de Mitzvá) de Yovél (jubileu, 50º aniversário). O Criador dá Sua bênção para o fazer para que no sexto ano seja tão produtivo que produção suficiente cresça para durar para os próximos três anos, para observar as Mitzvot (mandamentos) de Shmitá e Yovél sem se preocupar com o sustento. Mais tarde, a porção detalha leis da venda de uma casa ou propriedade, redenção de uma casa ou de um campo de uma pessoa para outra, leis do lote dos Levitas, proibindo a venda de cidades ou casas que lhes pertençam, leis de venda de uma pessoa de Israel para a escravidão, como tratar tal pessoa e leis que proíbem ídolos, pilares e pedras figurativas.

 

Comentário

As leis que esta porção detalha são leis espirituais. Shmitá* é uma questão profunda e sagrada. Ela existe somente na terra de Israel, em um desejo direcionado para o Criador, em prol de doar, para o amor pelos outros. Um Shmitá pode ocorrer em um desejo somente no processo da correção da alma.

A alma consiste de seis Sefirot: Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód (CHGT NHY). A sétima Sefirá é como Shabat, Shmitá. Também, sete vezes sete são 49 e a Yovél (jubileu, aniversário do 50º ano) na contagem do Omer. Estes são graus que subimos.

Não podemos corrigir a sétima qualidade, Malchut, somente as seis qualidades incluídas nela. Deste modo, a deixamos e evitamos a correção e esta é a observação do Shabat, semelhante à observação do Shmitá. Depois das correções está um estado definido como “Aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat comerá no Shabat”, oposta a “E aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat, de onde comerá ele no Shabat? ” **

No Shabat, tudo o que um recebeu das correções feitas durante os seis dias de trabalho se torna verdade. A correção permeia o sétimo dia e aparece sobre ele. É por isso que no Shabat tudo é a dobrar: as refeições e os costumes, como é o caso com o ano de Shmitá. Nesse ano, uma pessoa deve trabalhar e viver de tal maneira que no fim do sexto ano haja colheita suficiente para durar no sétimo ano, durante o qual um não trabalha e também suficiente para o oitavo ano, até que novos cultivos sejam colhidos. É por isso que os lucros no sexto ano devem ser a triplicar o normal.

Quando subimos em graus enquanto corrigimos a alma, saltamos as três Bechinot (discernimentos),

Alef, Bet, Guimel e somente Bechiná Dálet (número quatro) aparece. É impossível corrigir Malchut; é somente possível saltar por cima dela pois ela coleta e  nos  dá  os  resultados  do  que  aconteceu anteriormente.

Não é que não façamos lucros no Shabat, Shmitá ou Yovél. Pelo contrário, há regras especificamente para esses anos, tornando-o possível vender, comprar e fazer outras correções que não podem ser feitas noutros anos. Especificamente, no sétimo ano e nos seus produtos (7×7), condições especiais aparecem onde se um tivesse trabalhado e ganho nos estados anteriores, o lucro é recebido agora. Estes não são anos de mãos-vazias, mas em vez disso um tempo de receber nossa recompensa pelo trabalho que demos.

Estas regras dizem respeito à Shmitá. A respeito da compra e venda de casas, devemos compreender que na espiritualidade, uma casa é o “embrulho” de uma pessoa. Nossa estrutura interna consiste de mocha (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bassar (carne/músculo) e Or (pele). Outro modo de o colocar é, Shoresh (raiz), Neshamá (alma), Guf (pele), Levush (veste) e Heichal (casa/salão). Levush é a vestimenta e Heichal é tudo o que está fora de nós.

Especificamente, durante Shmitá, é possível corrigir desejos muito grandes nesses graus, tais como vender casas, levitas, etc. Não é fácil alcançar esses graus, especialmente as leis que dizem respeito aos escravos israelitas: comprar e vendê-los, libertá-los da escravidão e entregar, ou fazer um ídolo e uma imagem, que é um alto grau.

Os graus de Shmitá e Yovél pertencem ao grau de Biná. Nossa correção inteira diz respeito a juntar Biná com Malchut. Biná é a qualidade de doação, conhecida como “desejar misericórdia”, enquanto Malchut é a vontade de receber egoísta, que inicialmente é corrupta. A meta é conectar as duas, como escrito sobre Rute e Naomi, “E as duas foram” (Ruth, 1:19).

A porção é chamada Bahar (No Monte Sinai) porque especificamente quando subimos para o Criador, para o grau de Biná, recebemos as leis do Shabat, Shmitá e Yovél, que simbolizam nossa vontade de receber egoísta com as qualidades do Criador, as qualidades de Biná.

O símbolo do Shabat, a Yovél e a Shmitá, é a conexão entre Malchut e Biná, quando Malchut é incluída no grau de Biná, a qualidade de doação. Dessa união – a conexão entre os graus de Biná e Malchut, enquanto proibindo tocar na vontade de receber e a corrigir – emergem todas as leis do Shabat, a proibição de realizar as 39 obras, as correções de Malchut.

 

Perguntas e Respostas

Com todos os esforços dos governos e economistas, não conseguimos resolver a crise global. Estamos sem sucesso à procura de uma solução. O que reflete a economia hoje?

A economia reflete nossos egos. Não trabalhamos adequadamente com nossos egos. Se os direcionarmos até ligeiramente para beneficiar os outros, conexão, amor, garantia mútua e compartilhamento, começaremos a sentir seu benefício em todo o reino da vida.

Devemos  compreender  que  as  leis  mencionadas   nesta  porção  foram  dadas  muito  antes   da económica moderna ter sido estabelecida. Nessa altura  não  haviam  bancos,  investimentos ou comércio multinacional. As pessoas viviam da terra. Então, subitamente, lhes foi dito que deixassem de amanhar suas terras e deixassem de colher seus cultivos.

Isto coloca uma questão existencial, aparentemente derivando de uma abordagem irracional para o mundo. Ela deriva do fato de que não seguimos as regras das nações, mas a regras de Israel. “Israel” significa Yashar El (direito a Deus). É por isso que devemos realizar correções sobre Malchut depois de sua conexão com o grau de Biná, com a qualidade superior de doação, com a luz superior. Devemos deixar a luz superior trabalhar.

Em um ano de Shmitá, deixamos nosso desejo e não o corrigimos. A menos que recebamos poderes do alto, não teremos força para o corrigir. Deste modo, devemos corrigir o grau no qual a luz dá de um alto grau, de Biná e nos preenche. Somente então podemos corrigir os desejos na alma usando estas seis qualidades, CHGT NHY. Novamente, devemos ser preenchidos pelo grau de Biná, receber o poder dela e subsequentemente nos tornarmos corrigidos.

Deste modo, como mencionado acima, Shabat vem como resultado dos seis dias de trabalho: “Aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat, de onde comerá ele no Shabat?” Além do mais, isso “carrega-nos” com força para a semana seguinte, para a próxima correção, o próximo grau. Cada semana é um novo grau e o mesmo serve para Shmitá. As omissões não significam que comemos aquilo que semeamos mais cedo. Em vez disso, ela é um sumário do anterior, uma preparação para o próximo grau, os seis anos à frente. Se mantivéssemos isto na espiritualidade, estaríamos em uma situação maravilhosa.

Que conselho prático podemos dar aos economistas para melhorar a situação?

Podemos melhorar a situação somente através de trabalho interno, quando temos uma necessidade genuína para corrigir nossos desejos e os elevar ao grau de Biná, “desejar misericórdia”, ou pelo menos para a atitude, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. *** Desse modo, podíamos pelo menos evitar prejudicar ou explorar os outros. Mas idilicamente deve ser “Ama teu próximo como a ti mesmo”. ****

A que se parecerá a nova economia em um futuro próximo?

Nada pode ser feito neste momento, pois a situação económica na Europa, por exemplo, é muito má. Correções são possíveis, mas somente ao educar primeiro.

Primeiro, precisamos reeducar as pessoas através de Educação Integral, que explica a circularidade da Natureza e nossa interconexão. Ao compreender isto, estabelecemos a primeira condição: Arvut (garantia mútua).

Precisamos elevar o entendimento da humanidade nas áreas seguintes: o que nos está a acontecer, o tipo de mundo em que vivemos, os desafios que enfrentamos, porque nos são eles enviados e por quem, porque devemos nos corrigir especificamente desta maneira, o que ganhamos com isso e se temos livre arbítrio na matéria.

Como podemos fazer este trabalho?

Nós  precisamos  o  fazer  através   de  nossas  relações  com  os  outros.  Nós   precisamos  criar    a infraestrutura a  partir  de  nossos  desejos  corrigidos  para  os  outros,   como   os   outros farão, mutuamente, para que a Divindade apareça nesses desejos.

Então em prol de solucionar problemas económicos na nova era, primeiro devemos construir uma infraestrutura social pelo mundo?

Sim, porque inversamente nada acontecerá. Como podemos ver, pelo mundo ninguém consegue chegar a qualquer acordo. Não há sequer planos ou fantasias de alcançar um. O mundo não sabe como solucionar a situação e existe somente ao acumular dívida.

Como você “traduz” as leis especificadas nesta porção em uma infraestrutura social?

Estamos a falar de desejos em Shoresh, Neshamá, Guf, Levush e Heichal, ou Mocha, Atzamot, Gidin, Bassar e Or. Nosso mundo é somente uma réplica dos desejos corrompidos sobre a luz. Semelhante às imagens a preto e branco que vemos nos filmes. Preto é a ausência do branco. Somos nós que lançamos sombra sobre a luz e a escurecemos. Precisamos nos neutralizar para que tudo seja luz e então seremos capazes de nos manter em um mundo completo e eterno.

De O Zohar: Então A Terra Terá Um Shabat Para O Senhor

Hey é repouso do superior e inferior. É por isso que há a Hey superior de HaVaYaH, Biná e a Hey inferior de HaVaYaH, Malchut. A Hey superior é repouso dos superiores e a Hey inferior é repouso dos inferiores. A Hey superior são sete anos sete vezes, os quarenta e nove portões de Biná e a Hey inferior é somente sete anos. A inferior e chamada Shmitá e a superior é chamada Yovél (Jubileu, aniversário de cinquenta anos). Zohar para Todos, BaHar (No Monte Sinai), item 7

Todas as coisas derivam de Malchut e Biná, entre os quais há 49 graus, como contamos na Contagem do Omer entre Pessach e o festival de Shavuot. Todas nossas correções estão em Malchut, que é uma coleção de desejos que devemos elevar ao grau de Biná, desejando misericórdia.

Esse não é o fim do processo, somente seu meio. Ao fazer esta correção, fazemos a correção de

“desejar misericórdia”, como  Hilel  o Ancião  disse.  “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”.

***** Contudo, isso é somente o meio do caminho. O resto diz respeito a elevar o grau de Biná ao grau de Kéter, que é “Ama teu próximo como a ti mesmo”. ****** Este é trabalho adicional, que forma um termo do qual em diante uma pessoa produzirá uma colheita.

Como você pode explicar para uma pessoa contemporânea que em cada sete anos se tem de deixar de produzir?

Se uma pessoa não foi educada nesta direção, ele ou ela não será capaz de o entender, nem será possível explicar sobre isso. Educação deve vir em antemão.

Educação está dividida em duas secções: aprender e educação. Aprender (o fornecimento de informação) envolve explicar sobre o processo pelo qual a humanidade está a atravessar de acordo com o mundo superior e as regras e forças que operam no nosso mundo. Devemos aprender como estas forças evocam em cada um de nós o Reshimô (lembrança), do gene espiritual que nos desenvolve. Precisamos compreender a direção, propósito e meta que alcançaremos enquanto nos desenvolvemos de dia para dia e de momento para momento. Precisamos saber como podemos direcionar nosso destino – como se com duas rédeas – para chegar em paz ao estado final e perfeito.

Se não recebermos uma explicação sobre o sistema inteiro, o mundo em que vivemos, a física do mundo e como ela funciona, como ele se movimenta, não seremos capazes de o compreender. Simplesmente será dito às pessoas, “Deixe de trabalhar.

Isso é feito hoje; sabemos que há alimentos como pão que são feitos em um ano que não é Shmitá.

Certamente, mas não se pode observar uma coisa na totalidade antes que ela seja mantida na sua raiz espiritual.

De O Zohar: O Escravo e o Filho

O sentido desses dois graus, filho e escravo, se encontra nas palavras, “E Ele disse para mim, ‘Vós sois Meus servos, Israel, em quem Eu serei glorificado.’“ “E Ele disse para mim, ‘Vós sois Meus servos’“ é o grau de escravo, linha esquerda, Malchut. “Israel” é o grau de filho, linha direita, ZA. Quando eles estão incluídos como um, está escrito, “Em quem Eu serei glorificado”. Zohar para Todos, BaHar (No Monte Sinai), item 85

Por um lado, um escravo do Criador é um alto grau. Por outro, “Vós sois os filhos do Senhor vosso Deus” (Deuteronômio, 14:1) é também um alto grau e ambos se conectam à linha do meio. Comparar os graus é semelhante a Torá escrita versus a Torá oral, a lei versus regra, a Zeir Anpin versus Malchut. Aqui, também, devemos chegar a um estado onde o grau de escravo e o grau de filho não entram em conflito, mas em vez disso se conectam um com o outro, alcançando a linha do meio, a Massach de Chirik. É assim que avançamos.

Por um lado, um escravo é um grau muito alto. Foi dito sobre Moisés que ele era o servo do Senhor. Por outro lado, esse é um grau de humildade. Também sabemos que há leis que proíbem a venda de escravos. Como se encaixa tudo?

O homem está no meio, nem filho nem escravo, mas ambos. O homem contém as linhas direita e esquerda. As apelações referem-se a uma pessoa trabalhadora que avança para o Criador, onde cada apelação aponta para uma maneira única de se conectar à revelação do Criador.

 

Termos

Economia

Na espiritualidade, “economia” relaciona-se à questão, “Como sustento Eu minha alma”? A luz pode entrar na alma somente quando ela está em Dvekút (adesão) com o Criador. Na medida de Dvekút com o Criador, assim é a medida de preenchimento pelo Criador. É assim que o Criador “sustenta” a alma. É possível alcançar isto ao corrigir o desejo. Enquanto corrigimos cada desejo da recepção para a doação, somos prontamente preenchidos com a luz superior na medida de nossa correção. Isto é chamado “sustentar” e esta é a economia adequada.

Venda de Propriedade

Quando não podemos trabalhar com um desejo porque ele é demasiado grande ou porque ele oferece tamanho prazer que não conseguimos trabalhar com ele, nós o “vendemos”. Há correções nos nossos desejos que pertencem aos grandes desejos, Levush e Heichal. Deixamos fora dos limites dentro dos quais trabalhamos, os retirando do nosso domínio, aparentemente os depositando.

Shmitá (Omissão de Amanhar a Terra em cada Sete Anos)

Shmitá é a conexão com o grau de Biná, quando a luz superior corrige todas as coisas que aconteceram e nos dá força para o próximo grau. É por isso que há regras especiais a respeito da dívida e venda de itens sob a tutela de Biná, a grande qualidade de doação.

Colheita (Produção/Grão)

“Colheita” é a recompensa na vontade de receber. Através dela, começamos a trabalhar realmente com os vasos de doação em prol de “alimentar” o mundo.

Terra

“Terra” é desejo. Há muitos nomes para “desejo”, dependendo de seu grau: terra, solo, terreno, campo. Nomenclamos o desejo e o usamos de acordo com seu grau. Nosso mundo é um retrato da correção de nossos desejos. Não que tudo realmente exista; em vez disso, tudo é retratado dentro de nós.

Escravo

Um “escravo” é um desejo não corrigido. Ele não consegue ter autocontrole, mas é corrigido ao pertencer e se tornar incorporado no grau de Biná. Ele “anexa-se” a ela e assim guarda o que se revela nesse grau. Um escravo é controlado como um embrião no ventre de sua mãe. No grau de embrião espiritual, nos cancelamos e deixamos o superior governar.

 

Sumário

A grandeza do grau de Biná – o grau de doação que atua sobre nós – é que ele nos dá luz, nos preenche e nos concede a força para alcançar Kéter, onde “Ama teu próximo como a ti mesmo” e “Vós amareis o Senhor vosso DEUS” (Deuteronômio, 6:5) existem na totalidade. Os graus, Shmitá e Yovél, são aqueles que nos elevam mais alto.

 

* Omissão do cultivo da terra em cada sétimo ano.

** Talmude Babilônico, Maséchet Avodá Zara, 3a.

*** Maséchet Shabat, 31a.

**** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

***** Maséchet Shabat, 31a.

****** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

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