Cabala: a Ciência Moderna

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Diferente de qualquer outra ciência, a Cabala nos revela o Mundo Superior. É por isso que ela é, na maioria das vezes, referida como uma “sabedoria” em vez de uma “ciência”. A abordagem cientifica e empírica da sabedoria da Cabala baseia-se nos mesmos princípios de investigação que se aplicam a outros campos de investigação. A Cabala também considera o observador como um investigador e estuda a realidade como ela é sentida por um ser humano, a partir de uma perspectiva subjetiva. A singularidade da sabedoria da Cabala em comparação com qualquer outro campo de estudo humano é que o objeto de sua investigação é a parte superior da realidade.

A sabedoria da Cabala nos capacita a atingir as raízes da realidade, não apenas outro segmento do todo, mas a realidade em seus níveis mais elevados, jamais alcançados anteriormente. Alcançar a raiz da realidade dá aos investigadores o controle sobre os eventos antes deles se vestirem em nosso mundo, e a capacidade de interferir e mudá-los, para dirigir e orientá-los usando sua abordagem única.

Se nós determinarmos nossos desejos de tal maneira que toda a realidade nos pareça em direção à doação do Criador, se quisermos viver numa realidade onde os cinco sentidos se dedicam a  uma única meta, satisfazer ao Criador, nesse estado nós determinaremos nossa atitude em relação à realidade no reino e no nível do “sexto sentido”. Isso significa manter uma atitude altruísta em relação à realidade, que produz uma característica totalmente diferente em relação à realidade percebida através dos cinco sentidos. Nós não alcançaremos mais um mero grão da realidade, mas sim a sua raiz, ascendendo à sala de comando, o quartel general da realidade.

Ao fazer isso  nós poderemos nos elevar acima do nível da criatura e alcançar o grau do Criador, a Fonte de onde as Forças Superiores vêm e se revestem na matéria deste mundo. Se nós mudarmos nossa atitude em relação às forças enquanto elas ainda estiverem em suas raízes, nós sentiremos de forma totalmente diferente o modo como elas se vestem em nosso mundo. A sensação de vazio sucumbirá diante da sensação da Luz Superior.

A realidade avança incessantemente em direção à revelação do Criador às suas criaturas. Tudo depende da atitude da pessoa para com a realidade. Se a criatura progride em direção à meta por vontade própria, assemelhando-se ao Criador, ela experimentará a revelação do Criador como  um fluxo crescente de abundância. Por outro lado, se a revelação do Criador for revelada a contragosto, isto é, quando a criatura não se esforça para se assemelhar ao Criador, a revelação será percebida como uma ameaça e má, induzida pela disparidade de forma entre a pessoa egoísta e a generosidade superior, cuja natureza é a doação.

A revelação do Criador num estado de disparidade de forma traz escuridão à vida da pessoa. Essa escuridão é o “dorso” (parte posterior) da Luz Superior. A Luz Superior já nos preenche, mas atualmente nós somos incapazes de descobrir isso, e a aparência da escuridão serve como um sinal que nos convida a mudar nossa atitude em relação à realidade e descobrir a Luz Superior.

O sexto sentido não é adicionado aos cinco sentidos, mas sim, está acima deles, separadamente. Assim como o nosso desejo de receber percebe a realidade material com cinco modos de percepção, que são os nossos cinco sentidos, da mesma forma o nosso sexto sentido também é constituído por cinco modos de percepção da realidade superior. Com a ajuda do sexto sentido, outra realidade é sentida nos cinco sentidos, e essa é a transição da escuridão para a luz, do vazio, do medo e dos tormentos, para a abundancia, segurança, tranqüilidade, eternidade e perfeição.

A aquisição do sexto sentido expande nosso conhecimento através das impressões positivas da abundância. Quando nós adquirimos esse sentido, a Luz Superior surge como uma profusão que preenche os vasos, em vez da escuridão. Esse novo estado mudará o resultado da investigação na ciência. Físicos, químicos e biólogos receberão novos resultados em suas investigações, como se tivessem achado o outro lado da moeda. A humanidade deixará de investigar vasos aflitos desprovidos de Luz; em vez disso, ela prosperará e florescerá em direção à Luz do Criador com um desejo que é realmente livre.

Tal existência será uma existência da perspectiva da Luz, da perspectiva de um Kli corrigido, já que com a meta altruísta o Kli torna-se Luz e adquire a forma e os atributos da Luz. A humanidade desenvolverá a ciência através da utilização do sexto sentido: a intenção altruísta. Atrair a Luz igualando-se a Ela exporá a humanidade a uma existência diferente da Natureza, uma existência positiva e não negativa.

Todos os níveis de existência estão contidos dentro do homem; eles sobem e descem junto com ele. Se a pessoa torna-se um “verdadeiro” ser humano, semelhante ao Criador, toda a natureza (inanimada, vegetal e animal) recebe um sustento e uma satisfação diferente. Quando a humanidade se assemelhar ao Criador, este mundo será incorporado nos mundos de Beria, Ietsira, e Assia, e se elevará junto com eles a Ein Sof. Então, tudo na natureza se elevará e se ligará com o Criador.

No estado egoísta e corrompido, a pessoa não percebe que a imagem da realidade é vazia e carece da presença do Criador. O Criador surge como o provedor da realidade, junto com a aquisição do sexto sentido. Ele surge como aquele que está em cada detalhe da realidade e, como conseqüência, as sensações da pessoa nos cinco sentidos confirmam esse estado, como se eles fossem um presente do Criador. Nesse estado, o mundo surge como uma medida do contato da pessoa com o Criador, a medida de ligação entre ela e o Criador.

Quanto mais a pessoa sente o Criador como vestido na realidade, mais ela descobre que o  Criador está dentro dela e dirige seus sentidos em direção dessa sensação, e mais ela se perde. Tudo o que resta é um pequeno ponto onde a pessoa se encontra na qualidade de observador, assistindo a revelação do Criador de dentro e de fora. É por isso que os Cabalistas dizem que o Criador criou o Kli e também o preencheu com a imagem do mundo.

É precisamente através da sensação da “ausência do eu” que uma oportunidade se abre diante da pessoa para determinar a si mesma. É exatamente nesse ponto que ela pode determinar sua atitude independente em relação à realidade.

Ao discernir que o Kli não é seu, que a satisfação (preenchimento) do Kli não é atribuída a si mesma, a pessoa começa a discernir a própria capacidade de determinar sua atitude frente à realidade. Nesse ponto ela começa a cultivar o sexto sentido, acima dos cinco sentidos, o sentido no qual ela estabelece o próprio eu. Da perspectiva do Kli, a pessoa decide como sentir a satisfação no Kli, determinando sua identidade em relação a essa satisfação. É assim que ela cresce, e a evolução que irrompe nela é chamada de “sabedoria da Cabala”.

Portanto, nós vemos que a ciência que a humanidade está cultivando via os cincos sentidos é apenas uma fração da imagem abrangente da realidade. Muitas mudanças se revelarão na ciência e suas fronteiras de investigação se expandirão muito além do conhecimento e das descobertas atuais. A fração da realidade que a humanidade já descobriu foi descoberta de dentro dos vasos vazios, e não da riqueza que surge nos vasos corrigidos. O reconhecimento dos cientistas do impasse que eles chegaram é, na verdade, o reconhecimento dos vasos vazios. A humanidade descobriu tudo o que podia descobrir nesses vasos, enquanto a Luz continua ausente no Kli.

A ciência humana e todos os seus ramos são acúmulos de conhecimento a partir de uma posição de ausência de abundância. A ciência, como todas as outras obrigações humanas, demonstra a negatividade e a incapacidade de evoluir. Hoje, a ausência de abundância nos vasos está nos levando a um desespero ainda maior. Os seres humanos reconhecem que todos os prazeres mundanos (sexo, comida, família, riqueza, honra, poder e conhecimento) não oferecem satisfação e nos deixam vazios. Esse vazio é a força motriz por trás do desejo de revelar a  Ciência Superior: a sabedoria da Cabala.

Muitos cientistas e filósofos admitem que eles se relacionam com o mundo como a uma ameaça real. Do seu ponto de vista, a humanidade perdeu o controle e o entendimento para onde ela está indo. Faltam somente poucos anos para a humanidade continuar a se desenvolver antes dela chegar à beira de um abismo que eliminará cada aspecto da vida humana: ecologia, sociedade, economia, cultura, investigação e educação. Esses cientistas já entenderam que sem descobrir o Pensamento, a Essência que gera a matéria, a ciência será incapaz de progredir. Eles dão à humanidade apenas alguns anos para evoluir e dizem que a humanidade está atualmente encarando uma crise sem precedentes.

A humanidade já conheceu situações difíceis antes, mas elas sempre surgiram num único reino  da vida humana: religião, cultura, indústria ou ciência. Quando um reino caiu, outro se ergueu em seu lugar; novas ideologias substituíram as antigas, e o mundo seguiu adiante para novas  eras. Hoje, no entanto, todas as obrigações da humanidade alcançaram uma negação total.

A humanidade parece estar se voltando à religião, assim havia feito antes da ciência, da industrialização e da cultura tomarem seu lugar. Na verdade, desta vez é muito diferente. A explosão mundial de religiões e ensinamentos místicos de todos os tipos não é devido ao seu forte apelo às pessoas, mas à falta de escolha.

A humanidade está perdendo a esperança de que a ciência e a tecnologia irão melhorar sua situação e adoçar suas vidas amargas. A razão para a nova atração pela religião é testar de novo, aprender de novo, e pela última vez, que nenhuma cura ou alivio para a nossa situação atual serão encontrados nela.

As religiões desenvolvem teorias e filosofias que discutem que a ciência e a religião podem ser combinadas e assim melhorar nossas vidas. Mas essa noção também provará ser errônea. O interesse renovado na religião também é o ultimo. Isso levará ao reconhecimento da  incapacidade da religião em fornecer uma verdadeira resposta aos vasos vazios que surgirão.

Assim, todos os processos desencadeados hoje resumem milênios de evolução humana dentro dos vasos egoístas. Daqui para frente nós devemos cultivar novos vasos altruístas. Esses vasos nos mostrarão uma realidade totalmente diferente, de abundancia, perfeição, eternidade e Luz. Finalmente, a descoberta desta realidade por toda a humanidade é o verdadeiro propósito da Criação.

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