LISHMÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Para uma pessoa alcançar Lishmá (em Seu nome), é preciso um despertamento do Alto, porque é uma iluminação do Alto e não é para ser entendido pela mente humana. Pois a pessoa que prova, sabe. Está escrito sobre isso, “Provai e vede como o Senhor é bom”.

Devido a isso, ao assumirmos o fardo do Reino dos Céus, precisamos que isso seja em absoluta plenitude, isto é, apenas doar e não receber de forma alguma.  E se uma pessoa vê que os órgãos não concordam com esta visão, ela não tem outro conselho a não ser orar—de derramar o seu coração para o Criador, para ajudar a fazer o seu corpo consentir a se escravizar a si mesma ao Criador.

E não se deve dizer que se Lishmá é uma dádiva do Alto, então de que nos serve o nosso fortalecimento no nosso trabalho, e todos os remédios e correções que executamos de forma a alcançar Lishmá, se isso depende do Criador? Os nossos sábios disseram a esse respeito, “Tu não és livre para te livrares dele”. Em vez disso, devemos oferecer o despertamento de baixo, e isto é considerado “oração”. Porém, não pode haver uma verdadeira oração se não sabemos antecipadamente que é impossível alcançar Lishmá sem oração.

Desta forma, as ações e recursos que executamos de forma a alcançar Lishmá criam os vasos corrigidos no nosso interior, para querer receber Lishmá. E depois de todas as ações e recursos, então podemos fazer uma oração honesta, visto que já vimos que todas as nossas ações não nos trouxeram qualquer beneficio. Apenas então podemos fazer uma oração honesta do fundo do nosso coração, e assim o Criador escuta a nossa prece e nos concede a dádiva de  Lishmá.

Devemos saber que ao alcançarmos Lishmá, levamos a má inclinação para a morte. Isto é porque a má inclinação é chamada “receber para nosso beneficio próprio”.   E   ao   alcançar   o   alvo   de   doar,   cancelamos   a   auto-gratificação.

 

E morte significa que não mais usamos os nossos vasos de recepção para nós mesmos. E visto que revogamos o papel da má inclinação, ela é considerada morta.

Se considerarmos o que recebemos pelo nosso trabalho debaixo do sol, iremos descobrir que não é assim tão difícil nos subjugar ao Criador, por duas razões:

  1. Devemos nos esforçar neste mundo em qualquer caso, caso queiramos ou não.
  2. Mesmo durante o trabalho, se trabalhamos Lishmá, recebemos prazer do trabalho em

Isso está de acordo com o provérbio do Sayer de Dubna sobre o verso, “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel”. Significa que a pesoa que trabalha para o Criador não faz esforço algum. Pelo contrário, tem prazer e elação.

Mas quem não trabalha para o Criador, mas para outros objetivos, não se pode queixar ao Ele por não lhe dar vivacidade no trabalho, visto que está trabalhando para outro objetivo. Podemos nos queixar apenas para quem trabalhamos, e exigirmos que nos sejam dados vitalidade e prazer durante o nosso trabalho. Diz-se sobre tal pessoa: “Qualquer um que confia neles, será como eles que os fizeram”.

Não fique surpreso que quando assumimos o fardo do Reino dos Céus, quando queremos trabalhar em prol de doar ao nosso Criador, que ainda não sentimos qualquer vitalidade de todo, e que esta vitalidade nos compeliria a assumir o fardo do Reino dos Céus. Em vez disso, devemos aceitar o fardo do Reino dos Céus coercivamente, sentindo que não é para nosso beneficio. Isto é, o corpo não concorda com este trabalho, porque o Criador não nos rega com vitalidade e prazer.

A razão para isso é que é uma grande correção. Se não fosse por isso, o desejo de receber concordaria com este trabalho, e um nunca seria capaz de alcançar Lishmá. Em vez disso, trabalharíamos sempre para nosso próprio beneficio, para satisfazer os nossos desejos. Isso é parecido com o que as pessoas costumam dizer, que quando  se corre atrás de um ladrão para pegá-lo, o ladrão, também, corre e grita, “Pega ladrão”. Logo, é impossível dizer quem é o verdadeiro ladrão, pegá-lo e restituir o produto do roubo.

Mas quando o ladrão, isto é o desejo de receber, não acha o trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus saboroso, visto que o corpo se acostuma a si mesmo a trabalhar contra sua própria natureza, temos o meio pelo qual chegarmos ao trabalho apenas de forma a trazer contentamento ao nosso Criador, uma vez que nossa única intenção deve ser apenas pelo Criador, como está escrito, “Então te irás deleitar a ti mesmo no Senhor.” Anteriormente, quando trabalhávamos pelo Criador, não obtínhamos prazer desse trabalho. Em vez disso, o nosso trabalho era feito por coerção.

Mas agora que nos acostumamos a trabalhar em prol de doar, somos recompensados ao nos deleitarmos no Criador, e o trabalho em si mesmo nos concede prazer e vitalidade. E isto é considerado que o prazer, também, é especificamente pelo Criador.

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