PARDES

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“Quatro entraram no PARDES”7 etc. Antes do mundo ser criado, havia Ele é Um e Seu Nome Um, porque as almas não eram consideradas almas, dado que todo o assunto do nome refere-se a quando a pessoa volta a sua face para longe dEle, Ele invoca-o para voltar a sua face de volta.

E dado que antes da Criação, as almas eram completamente anexadas a Ele,  e Ele colocou sobre elas coroas e grinaldas, glória, majestade, e esplendor, mesmo o que elas não evocaram, dado que Ele sabe seus desejos por Ele mesmo, e concede-  os. Então, é certamente irrelevante afirmar um nome, que se relaciona a um despertar de baixo de certo lado. Assim, ela é considerada Luz Simples, dado que tudo está em absoluta simplicidade, e esta Luz foi compreendida por toda a pessoa simples, mesmo aos que nunca viram qualquer sabedoria.

É por isso que os sábios e sagazes lhe chamaram Peshat (literal), dado que o Peshat é a raiz de tudo. Autores e livros não o discutem, pois é um, simples, e famoso conceito. E embora nos mundos inferiores, duas divisões sejam detectadas na Reshimô desta Luz Simples, é devido à divisão de seus próprios corações, por meio de “e eu sou um homem tranquilo”8. Contudo, no supramencionado lugar, não existem mudanças em qualquer descrição que você possa  fazer.

É como um rei que levou o seu querido filho e o colocou no seu grandioso  e maravilhoso arvoredo. E quando o filho abriu seus olhos, ele não olhou para o local onde estava, já que devido à grande luz no arvoredo, seus olhos desviaram-se, assim como o leste está longe do oeste. E ele lançou o seu olhar apenas para os edifícios e palácios ao longe para o oeste, e ele caminhou por dias e meses, vagueando e imaginando a glória e grandiosidade que ele estava a ver ao oeste, perante seus olhos.

Passados alguns meses, seu espírito repousou e seu desejo foi preenchido, e ele foi saciado de olhar para o oeste. Ele reconsiderou e pensou, “O Que pode ser descoberto ao longo do caminho que atravessei?” Ele voltou sua face para o leste, o lado pelo qual ele tinha entrado, e ele ficou assustado. Toda a grandiosidade e beleza estavam mesmo atrás dele. Ele não se conseguia compreender a si mesmo, como tinha ele falhado ao reparar nisso até então, e se ter agarrado apenas à Luz que estava brilhando ao oeste. Daí em diante ele ficou anexado apenas à Luz que brilha ao leste, e ele vagueava para o leste até que voltasse exatamente ao portal de  entrada.

Agora considere e diga-me a diferença entre os dias de entrada e os dias de saída, uma vez que tudo o que ele tinha visto nos últimos meses, ele viu nos dias iniciais, também. Mas no principio, ele não estava inspirado, uma vez que seus olhos e coração estavam tomados pela Luz que brilha ao oeste. E depois de ele ser saciado, ele voltou a sua face ao leste e reparou na Luz que brilha para o leste. Mas como tinha mudado?

Mas estando perto da entrada, não há espaço para revelar a segunda forma,  a qual os sábios chamam Remez (intimação), como em “O que os teus olhos insinuam?” É como um rei que sugere a seu querido filho e o assusta com o piscar de seu olho. E embora o filho não compreenda nada, e não veja o medo interno que está escondido nesta sugestão, ainda assim, devido à sua aderência devota a seu pai, ele salta prontamente dali para outro lado.

Este é o significado da segunda forma sendo chamada Remez, dado que as duas formas, Peshat e Remez, são registadas nos inferiores como uma raiz, tais como os meticulosos escrevem, que não há uma palavra que não tenha uma raiz de duas letras, chamada a “fonte da palavra”. Isto é assim pois nenhum significado pode ser deduzido de uma única letra; então, o acrónimo para Peshat e Remez é PR (pronunciado Par), que é a raiz de Par Ben Bakar (jovem touro) neste mundo. E Pria  e Revia (multiplicação) vêm dessa raiz, também.

De seguida surge a terceira forma, à qual os sábios chamam Drush (interpretações). Então, não havia Drishá (demanda) de nada, como em “Ele é Um e Seu Nome Um”. Mas nesta forma, há subtração, adição, interpretação (estudo), e encontrei, como em “Eu trabalhei e encontrei”, como você evidentemente sabe. É por isso que este lugar é atribuído aos inferiores, uma vez que há um despertar de cima lá, ao contrário do despertar da face do leste para Cima, que foi por meio de, “Antes que chamem, Responderei”. Em vez disso, houve um poderoso chamado, e até esforço e anseio, e este é o significado de “os  túmulos de luxuria”.

Posteriormente começa a quarta forma, à qual os sábios chamaram Sod (segredo). Na verdade esta é similar à Remez, mas em Remez não havia percepção; era algo como uma sombra seguindo uma pessoa, e de tal maneira que a terceira forma, Drush, já a revestiu.

Contudo, aqui é como um sussurro, como uma mulher grávida… você sussurra em seu ouvido que hoje é Yom Kippur (Dia do Perdão), para que o feto não fosse sacudido e caísse. Como podemos dizer, “Além disso, é a ocultação da face, e não a face!” Pois este é o significado das palavras, “O conselho do Senhor está com os que O temem; e Seu pacto, fazê-los conhecer”. É por isso que ele fez vários círculos até que uma língua sussurrante lhe dissesse isto: “Ele deu Téref (alimento) aos que O temem”, e não Trefá (comida não kósher), como aquele soldado zombou.

Você compreendeu esta resposta por si mesmo, e me escreveu em sua carta, embora timidamente, que está solteiro, e assim,  naturalmente educado.

Já que este verso chegou até tuas mãos, eu o clarificarei para você, pois esta é também a pergunta do poeta, “O conselho do Senhor está com os que O temem”.   E porque disse isso? É como questionar os nossos sábios, onde descobrimos que o texto gasta (oito) doze letras, para falar com uma linguagem clara, como está escrito, “e os animais que não são limpos” etc.

Mas sua resposta não é suficiente para o poeta, pois Ele poderia ter dado abundância às almas, com uma linguagem clara, como Labão disse a Jacó, “Para onde escapaste secretamente, e me despistaste; e não me disseste, que eu possa ter enviado para longe com alegria e com canções; com adufe e com harpa”. A resposta a isso é, “e Seu pacto, fazê-los conhecer”.

Este é o significado do corte, da remoção, e da gota de sangue, isto é os treze pactos individuais. Tivesse o segredo não sido nesta forma, mas noutra língua, quatro correções das treze correções de Dikná estariam faltando, e apenas as nove correções de Dikná em ZA permaneceriam. Então, ZA não revestiria AA, como é sabido aos que conhecem o segredo de Deus. Este é o significado de “e Seu pacto, fazê-los conhecer”, e este é o significado de “o mérito ancestral terminou, mas o pacto ancestral não terminou”.

Voltemos ao nosso assunto, que é PR (pronunciado Par), PRD (pronunciado Pered), e PRDS (pronunciado Pardes). Esta é sua ordem e combinação de Cima para baixo. Agora compreenderá estes quatro sábios que entraram no Pardes, isto é a quarta forma, chamada Sod (segredo), uma vez que o inferior contem os Superiores que o precederam. Então, todas as quatro formas estão incluídas na quarta forma, e elas estão para a direita, esquerda, frente e trás.

As primeiras duas formas são a direita e esquerda, isto é PR (este é o significado das suas palavras no degrau do Monte do Templo: “Todos os sábios de Israel são inúteis a meus olhos”). Estes são Ben Azai e Ben Zuma, pois estas almas se alimentaram das duas formas, PR. E as últimas duas formas são a Panim (face) e Achor (costas), que é Rabi Akiva, que entrou em paz e saiu em paz. Eles afirmaram corretamente, “isso indica que por cada cardo, montanhas de leis podem ser aprendidas”.

Achor é Elisha Ben Avoiá, que se extraviou (se tornou herege). Nossos sábios disseram sobre isso, “Não crie um cão mau dentro  de  sua  casa”,  pois  se  extraviará. Tudo isso foi dito sobre eles – “espreitaram e morreram”, “espreitaram e se feriram”, “se extraviaram” – diz-se isso dessa geração quando se reuniram proximamente juntos, mas estavam todos completamente corrigidos, um por um, como é sabido dos que sabem o segredo da  reencarnação.

Todavia, depois ele viu a língua de Hutzpit, o tradutor, ele disse, “Voltem, Oh crianças rebeldes”, exceto pelo outro, e Rabi Meir, discípulo de Rabi Akiva, tomou seu lugar. É verdade que a Gemará, também, o acha difícil: como é que Rabi Meir aprendeu a Torá de outro? E eles disseram, “Ele tinha descoberto uma romã, comeu seu conteúdo, e atirou sua casca (outro)”. E alguns dizem que ele corrigiu a Klipá (casca), também, como que, elevando fumo sobre seu túmulo.

Agora você pode compreender as palavras de Elisha Ben Avoiá: “O que ensina uma criança, a que se parece? Como tinta, escrita num papel novo”, esta é a alma de Rabi Akiva. “E o que ensina um ancião, a que se parece? Como tinta, escrita em papel usado”, ele disse de si mesmo. Este é o sentido do seu aviso a Rabi Meir, “Assim distante da zona de Shabat”, pois ele compreendeu e estimou os passos de seu cavalo, uma vez que ele nunca tinha saído de seu  cavalo.

Este é o significado de “os transgressores de Israel, o fogo do inferno não os governa, e eles estão tão cheios de Mitzvot (boas ações) como uma romã”. Ele diz que é ainda mais com um altar de ouro, que é meramente tão denso quanto uma moeda de ouro. Permaneceu durante alguns anos, e a luz não o governou etc., “os vaidosos entre ti são tão cheios de Mitzvot como uma romã, ainda mais”, como ele diz, que a Klipá, também, está corrigida.

Saiba que o grande Rabi Eliézer, e Rabi Yehoshua, também, são das almas  de PR, como são Ben Azai e Ben Zuma. Mas Ben Azai e Ben Zuma estavam na geração de Rabi Akiva, e foram seus estudantes, entre os 24000. Mas Rabi Eliézer e Rabi Yehoshua foram seus professores.

É por isto que se diz que em vez de Rabi Eliézer, eles estavam purificando as purificações (Peshat) que eles tinham feito sobre o forno de Achnai, já que eles o cortaram em fatias (dezoito fatias) e colocaram areia entre cada duas fatias. Em outras palavras, a terceira forma, a areia, junta-se à primeira fatia, que é a segunda forma,  e a segunda fatia, que é a quarta forma. E naturalmente, a irmã e a consciência são conjugadas como uma. E Rabi Tarfon e Rabi Yehoshua como um são discípulos do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva é aparentemente incluído neles. Isto é porque um segundo bom dia, com respeito ao primeiro bom dia, é como um dia de semana aos olhos dos nossos sábios, uma vez que Drush, em comparação com o Remez, é como uma vela ao meio dia.

Mas os sábios da sua geração violaram todas essas purificações e as queimaram, e o grande Rabi Eliézer provou com o aqueduto cuja água subiu que Rabi Yehoshua era um grande sábio, e as paredes do Templo o provam. E eles começaram a cair perante a glória do Rabi Eliézer, e eles não caíram antes perante a glória de Rabi Yehoshua. Esta é a prova completa que não há dúvida que ele é puro.

Mas os sábios tomaram Rabi Yehoshua por si mesmo, e não quiseram governar como com Rabi Eliézer, seu professor, até que uma voz desceu que Rabi Yehosha era verdadeiramente seu discípulo. Mas Rabi Yehoshua não se ligou ao seu lugar, e disse que você não presta atenção a uma voz: “Não está nos céus” etc. Então, os sábios o abençoaram pois Luz de Ózen (orelha) foi cancelada deles, uma vez que eles não obedeciam às regras do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva, seu discípulo favorito, disse-lhe que seus 24000 discípulos tinham morrido durante a contagem, e o mundo estava enfermo, um terço nas azeitonas etc.

Elisha Ben Avoiá e Rabi Tarfon vieram da mesma raiz. Mas Elisha Ben Avoiá é o Achoráim (costas) em si, e Rabi Tarfon é a Panim de Achoráim (face das costas). A que se parece? Numa casa residem amargas azeitonas que não prestam para nada; e noutra casa está o feixe do lagar, que não presta para nada. Então um homem vem   e liga os dois. Ele coloca o feixe sobre as azeitonas e produz uma riqueza de óleo.

Segue-se que o bom óleo que aparece é a Panim, e o feixe é o Achoráim. E as ferramentas simples de madeira são removidas após terem completado seu trabalho.

Entenda que este costume está na expansão das raízes aos ramos nos mundos inferiores a estas. Mas na sua raiz, eles aparecem ambos de uma vez, como uma pessoa que subitamente entra no lagar e vê o feixe, e sob ele, uma grande pilha de azeitonas com óleo fluindo abundantemente delas. Isto é assim pois na raiz, tudo é visto de uma vez. É por isso que um é chamado “outro” e o outro é chamado “Tarfon”. Um é “um feixe” e o outro é “óleo”, que imediatamente flui através dele.

Este é também o significado de se extraviar. Depois do desejo ter surgido, que é a alma do Rabi Tarfon, a alma do “outro” permaneceu como “maus modos” na sua casa. Este é o significado da combinação da letra Sod (segredo): Samech é a cabeça da palavra Sod em si, a alma do “outro”, Dálet é a cabeça da palavra Drush, a alma do Rabi Akiva, pois elas agem, e Vav no meio é Rabi Tarfon.

7 Nota do tradutor: Em Hebraico, Pardes significa arvoredo, mas na Cabalá, esta palavra é um acrônimo para Peshat (a Torá literal), Remez (intimação), Drush (interpretação) e Sod (segredo).

8 Nota do tradutor: Em Hebraico, Chalak significa tanto “suave” como “parte”.

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