SENTAR E NÃO FAZER NADA É MELHOR

Do livro “Cabala Para o Estudante”

…Não posso mais me restringir com tudo o que há entre nós, então tentarei a advertência verdadeira e aberta, pois eu preciso conhecer o verdadeiro valor de uma palavra de verdade na nossa terra. Este tem sido o meu caminho – de meticulosamente mergulhar em todas as ações da Criação, de saber o seu valor, precisamente se ele é bom ou mau.

Meus pais me deixaram com apenas esta fronteira, e eu já descobri tesouros nestas imagens momentâneas e inativas, pois há uma razão pela qual esta porção foi colocada perante meus olhos. Estas letras encantadoras para frasear toda a sabedoria e todo o conhecimento, que foram criadas apenas por combinações de sabedoria.

Primeiro, julgaremos o atributo da indolência neste mundo. Em geral, não é um atributo totalmente mau e desprezível. A prova disso é que os nossos sábios já disseram, “Sentar e não fazer nada é melhor”. E embora o senso comum e certos textos neguem esta regra, para ser mais exato em relação a isso, eu irei mostrar que “ambas são as palavras do Deus vivo”, e tudo será  determinado.

É certamente claro que não há ações no mundo exceto Suas ações. E todos os outros tipos de ações, além das Suas, mesmo nas almas, se elas dizem respeito ao seu próprio eu, seria melhor que não tivessem sido criadas. Isto é porque isso vira as coisas de cabeça para baixo, dado que ainda não mudou de receber para doar. Esta   é uma lei inquebrável, “e se tivesse estado lá, não teria sido  redimido”.

Então, não precisamos discutir um operador ou uma operação cujo executor está na forma de receber, pois isso é completa vaidade, e não há dúvida que seria melhor estar sentado e não fazer nada, uma vez que com tal ação, ou prejudica a si mesmo ou aos outros. Ela não pode render qualquer benefício, como dissemos acima.

Eu não me preocupo se alguns dos seus 248 órgãos se sentem desconfortáveis com este governo, e até abertamente protestem contra minhas palavras, pois esta é a natureza de toda a palavra de verdade: não requisita o consentimento de qualquer mulher nascida, grande ou pequena. E quem quer que seja recompensado com o conhecimento da Torá se torna mais insistente.

PARDES

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“Quatro entraram no PARDES”7 etc. Antes do mundo ser criado, havia Ele é Um e Seu Nome Um, porque as almas não eram consideradas almas, dado que todo o assunto do nome refere-se a quando a pessoa volta a sua face para longe dEle, Ele invoca-o para voltar a sua face de volta.

E dado que antes da Criação, as almas eram completamente anexadas a Ele,  e Ele colocou sobre elas coroas e grinaldas, glória, majestade, e esplendor, mesmo o que elas não evocaram, dado que Ele sabe seus desejos por Ele mesmo, e concede-  os. Então, é certamente irrelevante afirmar um nome, que se relaciona a um despertar de baixo de certo lado. Assim, ela é considerada Luz Simples, dado que tudo está em absoluta simplicidade, e esta Luz foi compreendida por toda a pessoa simples, mesmo aos que nunca viram qualquer sabedoria.

É por isso que os sábios e sagazes lhe chamaram Peshat (literal), dado que o Peshat é a raiz de tudo. Autores e livros não o discutem, pois é um, simples, e famoso conceito. E embora nos mundos inferiores, duas divisões sejam detectadas na Reshimô desta Luz Simples, é devido à divisão de seus próprios corações, por meio de “e eu sou um homem tranquilo”8. Contudo, no supramencionado lugar, não existem mudanças em qualquer descrição que você possa  fazer.

É como um rei que levou o seu querido filho e o colocou no seu grandioso  e maravilhoso arvoredo. E quando o filho abriu seus olhos, ele não olhou para o local onde estava, já que devido à grande luz no arvoredo, seus olhos desviaram-se, assim como o leste está longe do oeste. E ele lançou o seu olhar apenas para os edifícios e palácios ao longe para o oeste, e ele caminhou por dias e meses, vagueando e imaginando a glória e grandiosidade que ele estava a ver ao oeste, perante seus olhos.

Passados alguns meses, seu espírito repousou e seu desejo foi preenchido, e ele foi saciado de olhar para o oeste. Ele reconsiderou e pensou, “O Que pode ser descoberto ao longo do caminho que atravessei?” Ele voltou sua face para o leste, o lado pelo qual ele tinha entrado, e ele ficou assustado. Toda a grandiosidade e beleza estavam mesmo atrás dele. Ele não se conseguia compreender a si mesmo, como tinha ele falhado ao reparar nisso até então, e se ter agarrado apenas à Luz que estava brilhando ao oeste. Daí em diante ele ficou anexado apenas à Luz que brilha ao leste, e ele vagueava para o leste até que voltasse exatamente ao portal de  entrada.

Agora considere e diga-me a diferença entre os dias de entrada e os dias de saída, uma vez que tudo o que ele tinha visto nos últimos meses, ele viu nos dias iniciais, também. Mas no principio, ele não estava inspirado, uma vez que seus olhos e coração estavam tomados pela Luz que brilha ao oeste. E depois de ele ser saciado, ele voltou a sua face ao leste e reparou na Luz que brilha para o leste. Mas como tinha mudado?

Mas estando perto da entrada, não há espaço para revelar a segunda forma,  a qual os sábios chamam Remez (intimação), como em “O que os teus olhos insinuam?” É como um rei que sugere a seu querido filho e o assusta com o piscar de seu olho. E embora o filho não compreenda nada, e não veja o medo interno que está escondido nesta sugestão, ainda assim, devido à sua aderência devota a seu pai, ele salta prontamente dali para outro lado.

Este é o significado da segunda forma sendo chamada Remez, dado que as duas formas, Peshat e Remez, são registadas nos inferiores como uma raiz, tais como os meticulosos escrevem, que não há uma palavra que não tenha uma raiz de duas letras, chamada a “fonte da palavra”. Isto é assim pois nenhum significado pode ser deduzido de uma única letra; então, o acrónimo para Peshat e Remez é PR (pronunciado Par), que é a raiz de Par Ben Bakar (jovem touro) neste mundo. E Pria  e Revia (multiplicação) vêm dessa raiz, também.

De seguida surge a terceira forma, à qual os sábios chamam Drush (interpretações). Então, não havia Drishá (demanda) de nada, como em “Ele é Um e Seu Nome Um”. Mas nesta forma, há subtração, adição, interpretação (estudo), e encontrei, como em “Eu trabalhei e encontrei”, como você evidentemente sabe. É por isso que este lugar é atribuído aos inferiores, uma vez que há um despertar de cima lá, ao contrário do despertar da face do leste para Cima, que foi por meio de, “Antes que chamem, Responderei”. Em vez disso, houve um poderoso chamado, e até esforço e anseio, e este é o significado de “os  túmulos de luxuria”.

Posteriormente começa a quarta forma, à qual os sábios chamaram Sod (segredo). Na verdade esta é similar à Remez, mas em Remez não havia percepção; era algo como uma sombra seguindo uma pessoa, e de tal maneira que a terceira forma, Drush, já a revestiu.

Contudo, aqui é como um sussurro, como uma mulher grávida… você sussurra em seu ouvido que hoje é Yom Kippur (Dia do Perdão), para que o feto não fosse sacudido e caísse. Como podemos dizer, “Além disso, é a ocultação da face, e não a face!” Pois este é o significado das palavras, “O conselho do Senhor está com os que O temem; e Seu pacto, fazê-los conhecer”. É por isso que ele fez vários círculos até que uma língua sussurrante lhe dissesse isto: “Ele deu Téref (alimento) aos que O temem”, e não Trefá (comida não kósher), como aquele soldado zombou.

Você compreendeu esta resposta por si mesmo, e me escreveu em sua carta, embora timidamente, que está solteiro, e assim,  naturalmente educado.

Já que este verso chegou até tuas mãos, eu o clarificarei para você, pois esta é também a pergunta do poeta, “O conselho do Senhor está com os que O temem”.   E porque disse isso? É como questionar os nossos sábios, onde descobrimos que o texto gasta (oito) doze letras, para falar com uma linguagem clara, como está escrito, “e os animais que não são limpos” etc.

Mas sua resposta não é suficiente para o poeta, pois Ele poderia ter dado abundância às almas, com uma linguagem clara, como Labão disse a Jacó, “Para onde escapaste secretamente, e me despistaste; e não me disseste, que eu possa ter enviado para longe com alegria e com canções; com adufe e com harpa”. A resposta a isso é, “e Seu pacto, fazê-los conhecer”.

Este é o significado do corte, da remoção, e da gota de sangue, isto é os treze pactos individuais. Tivesse o segredo não sido nesta forma, mas noutra língua, quatro correções das treze correções de Dikná estariam faltando, e apenas as nove correções de Dikná em ZA permaneceriam. Então, ZA não revestiria AA, como é sabido aos que conhecem o segredo de Deus. Este é o significado de “e Seu pacto, fazê-los conhecer”, e este é o significado de “o mérito ancestral terminou, mas o pacto ancestral não terminou”.

Voltemos ao nosso assunto, que é PR (pronunciado Par), PRD (pronunciado Pered), e PRDS (pronunciado Pardes). Esta é sua ordem e combinação de Cima para baixo. Agora compreenderá estes quatro sábios que entraram no Pardes, isto é a quarta forma, chamada Sod (segredo), uma vez que o inferior contem os Superiores que o precederam. Então, todas as quatro formas estão incluídas na quarta forma, e elas estão para a direita, esquerda, frente e trás.

As primeiras duas formas são a direita e esquerda, isto é PR (este é o significado das suas palavras no degrau do Monte do Templo: “Todos os sábios de Israel são inúteis a meus olhos”). Estes são Ben Azai e Ben Zuma, pois estas almas se alimentaram das duas formas, PR. E as últimas duas formas são a Panim (face) e Achor (costas), que é Rabi Akiva, que entrou em paz e saiu em paz. Eles afirmaram corretamente, “isso indica que por cada cardo, montanhas de leis podem ser aprendidas”.

Achor é Elisha Ben Avoiá, que se extraviou (se tornou herege). Nossos sábios disseram sobre isso, “Não crie um cão mau dentro  de  sua  casa”,  pois  se  extraviará. Tudo isso foi dito sobre eles – “espreitaram e morreram”, “espreitaram e se feriram”, “se extraviaram” – diz-se isso dessa geração quando se reuniram proximamente juntos, mas estavam todos completamente corrigidos, um por um, como é sabido dos que sabem o segredo da  reencarnação.

Todavia, depois ele viu a língua de Hutzpit, o tradutor, ele disse, “Voltem, Oh crianças rebeldes”, exceto pelo outro, e Rabi Meir, discípulo de Rabi Akiva, tomou seu lugar. É verdade que a Gemará, também, o acha difícil: como é que Rabi Meir aprendeu a Torá de outro? E eles disseram, “Ele tinha descoberto uma romã, comeu seu conteúdo, e atirou sua casca (outro)”. E alguns dizem que ele corrigiu a Klipá (casca), também, como que, elevando fumo sobre seu túmulo.

Agora você pode compreender as palavras de Elisha Ben Avoiá: “O que ensina uma criança, a que se parece? Como tinta, escrita num papel novo”, esta é a alma de Rabi Akiva. “E o que ensina um ancião, a que se parece? Como tinta, escrita em papel usado”, ele disse de si mesmo. Este é o sentido do seu aviso a Rabi Meir, “Assim distante da zona de Shabat”, pois ele compreendeu e estimou os passos de seu cavalo, uma vez que ele nunca tinha saído de seu  cavalo.

Este é o significado de “os transgressores de Israel, o fogo do inferno não os governa, e eles estão tão cheios de Mitzvot (boas ações) como uma romã”. Ele diz que é ainda mais com um altar de ouro, que é meramente tão denso quanto uma moeda de ouro. Permaneceu durante alguns anos, e a luz não o governou etc., “os vaidosos entre ti são tão cheios de Mitzvot como uma romã, ainda mais”, como ele diz, que a Klipá, também, está corrigida.

Saiba que o grande Rabi Eliézer, e Rabi Yehoshua, também, são das almas  de PR, como são Ben Azai e Ben Zuma. Mas Ben Azai e Ben Zuma estavam na geração de Rabi Akiva, e foram seus estudantes, entre os 24000. Mas Rabi Eliézer e Rabi Yehoshua foram seus professores.

É por isto que se diz que em vez de Rabi Eliézer, eles estavam purificando as purificações (Peshat) que eles tinham feito sobre o forno de Achnai, já que eles o cortaram em fatias (dezoito fatias) e colocaram areia entre cada duas fatias. Em outras palavras, a terceira forma, a areia, junta-se à primeira fatia, que é a segunda forma,  e a segunda fatia, que é a quarta forma. E naturalmente, a irmã e a consciência são conjugadas como uma. E Rabi Tarfon e Rabi Yehoshua como um são discípulos do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva é aparentemente incluído neles. Isto é porque um segundo bom dia, com respeito ao primeiro bom dia, é como um dia de semana aos olhos dos nossos sábios, uma vez que Drush, em comparação com o Remez, é como uma vela ao meio dia.

Mas os sábios da sua geração violaram todas essas purificações e as queimaram, e o grande Rabi Eliézer provou com o aqueduto cuja água subiu que Rabi Yehoshua era um grande sábio, e as paredes do Templo o provam. E eles começaram a cair perante a glória do Rabi Eliézer, e eles não caíram antes perante a glória de Rabi Yehoshua. Esta é a prova completa que não há dúvida que ele é puro.

Mas os sábios tomaram Rabi Yehoshua por si mesmo, e não quiseram governar como com Rabi Eliézer, seu professor, até que uma voz desceu que Rabi Yehosha era verdadeiramente seu discípulo. Mas Rabi Yehoshua não se ligou ao seu lugar, e disse que você não presta atenção a uma voz: “Não está nos céus” etc. Então, os sábios o abençoaram pois Luz de Ózen (orelha) foi cancelada deles, uma vez que eles não obedeciam às regras do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva, seu discípulo favorito, disse-lhe que seus 24000 discípulos tinham morrido durante a contagem, e o mundo estava enfermo, um terço nas azeitonas etc.

Elisha Ben Avoiá e Rabi Tarfon vieram da mesma raiz. Mas Elisha Ben Avoiá é o Achoráim (costas) em si, e Rabi Tarfon é a Panim de Achoráim (face das costas). A que se parece? Numa casa residem amargas azeitonas que não prestam para nada; e noutra casa está o feixe do lagar, que não presta para nada. Então um homem vem   e liga os dois. Ele coloca o feixe sobre as azeitonas e produz uma riqueza de óleo.

Segue-se que o bom óleo que aparece é a Panim, e o feixe é o Achoráim. E as ferramentas simples de madeira são removidas após terem completado seu trabalho.

Entenda que este costume está na expansão das raízes aos ramos nos mundos inferiores a estas. Mas na sua raiz, eles aparecem ambos de uma vez, como uma pessoa que subitamente entra no lagar e vê o feixe, e sob ele, uma grande pilha de azeitonas com óleo fluindo abundantemente delas. Isto é assim pois na raiz, tudo é visto de uma vez. É por isso que um é chamado “outro” e o outro é chamado “Tarfon”. Um é “um feixe” e o outro é “óleo”, que imediatamente flui através dele.

Este é também o significado de se extraviar. Depois do desejo ter surgido, que é a alma do Rabi Tarfon, a alma do “outro” permaneceu como “maus modos” na sua casa. Este é o significado da combinação da letra Sod (segredo): Samech é a cabeça da palavra Sod em si, a alma do “outro”, Dálet é a cabeça da palavra Drush, a alma do Rabi Akiva, pois elas agem, e Vav no meio é Rabi Tarfon.

7 Nota do tradutor: Em Hebraico, Pardes significa arvoredo, mas na Cabalá, esta palavra é um acrônimo para Peshat (a Torá literal), Remez (intimação), Drush (interpretação) e Sod (segredo).

8 Nota do tradutor: Em Hebraico, Chalak significa tanto “suave” como “parte”.

ELEVANDO O ESCRAVO ATRAVÉS DOS MINISTROS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito, “pois um mais alto que o mais alto observava, e há mais altos que eles”. Como uma resposta feroz é requisitada, eu irei responder-lhe que todos acreditam em Providência Privada, mas não aderem a ela de forma  alguma.

A razão é que um pensamento estranho e abominável não pode ser atribuído ao Criador, que é a epítome do “Bom que faz o bem”. Contudo, apenas aos Seus verdadeiros servos se abre o conhecimento da Providência Privada—que Ele causou todas as razões que a precederam, o bom assim como o mau. Então eles são coesivos com a Providência Privada, pois todos os que estão ligados ao puro, são puros.

Visto que o Guardião está unido com os que guarda, não há divisão aparente entre o bem e o mal. Todos eles são amados e todos eles são limpos, pois todos eles são transportadores dos vasos do Criador, prontos a glorificar a revelação da Sua singularidade. É conhecido pelo sentir, e nessa medida eles têm conhecimento no fim de que todas as ações e pensamentos, ambos bons e maus, são os transportadores dos vasos do Criador. Ele preparou-os, de Sua boca eles vieram, e isto será conhecido a todos no fim da correção.

Contudo, esse ínterim é um longo e ameaçador exílio. O maior problema é que quando vemos certa ação faltosa, caímos do nosso nível, nos apegamos à famosa mentira, e nos esquecemos que somos como um machado na mão do lenhador. Em vez disso, consideramos a nós mesmos como o dono dessa ação, e esquecemos a razão de todas as consequências de quem tudo vem, e que não há outro Operador no mundo a não ser Ele.

Esta é a lição. Embora saibamos disso inicialmente, ainda assim, num tempo de necessidade, não controlamos essa consciência, de unir tudo com a causa, que o sentencia a uma escala de mérito.  Esta é toda a resposta à  sua carta.

Eu já lhe contei face a face uma verdadeira alegoria sobre estes dois conceitos, em que um elucida o outro. Contudo, a força de ocultamento prevalece e controla nesse ínterim.

Há uma alegoria sobre um rei que se afeiçoou ao seu servo até que ele o quisesse elevar acima de todos os ministros, pois ele tinha reconhecido verdadeiro e inabalável amor no seu coração.

Contudo, não faz parte dos procedimentos da realeza elevar alguém ao mais alto nível de uma vez, sem uma razão aparente. Em vez disso, os procedimentos da realeza são de revelar as razões a todos com grande  sabedoria.

O que fez ele?  Ele nomeou o servo como guarda no portão da cidade, e disse a um ministro, que era um brincalhão esperto, para fingir se rebelar contra a realeza, e declarar guerra para conquistar a casa enquanto o guarda estava desprevenido.

O ministro fez como o rei tinha comandado, e com grande sabedoria e engenho fingiu lutar contra a casa do rei. O servo no portão arriscou a sua vida e salvou o rei, lutando corajosa e devotadamente contra o ministro, até que o seu grande amor pelo rei ficou evidente para todos.

Então o ministro retirou as suas roupas e houve uma gargalhada, pois ele tinha lutado tão feroz e corajosamente, e agora se apercebia que havia apenas ficção no caso, e não a realidade. Eles riram-se ainda mais quando o ministro disse a profundidade das imaginações da sua crueldade e do medo que ele tinha vislumbrado. E cada item naquela terrível guerra se tornou uma rodada de riso e grande alegria.

Porém, ele era ainda um servo; ele não era erudito. E como poderia ser elevado acima de todos os ministros e servos do rei?

Então o rei pensou, e disse àquele ministro que ele deveria disfarçar a si mesmo como ladrão e assassino, e declarar feroz guerra contra ele. O rei sabia que na segunda guerra ele descobriria uma maravilhosa sabedoria, e mereceria permanecer à frente de todos os ministros.

Então, ele nomeou o servo encarregado da tesouraria do reino, e aquele ministro agora vestido como um assassino impiedoso veio para saquear os tesouros do rei.

O pobre nomeado lutou destemida e devotadamente, até que a taça estivesse cheia. Então o ministro tirou as suas roupas e houve grande alegria e riso no palácio do rei, ainda maior do que anteriormente.

Os detalhes dos truques do ministro despertaram grande riso, dado que agora o ministro devia ser mais esperto que antes pois agora era evidentemente conhecido que não havia ninguém cruel nos domínios do rei, e que todos os cruéis eram apenas brincalhões.     Desta  forma,  o  ministro  usou  grande engenho para adquirir as vestes de malvado.

Todavia, nesse ínterim, o servo herdou sabedoria do  posterior conhecimento, e amor do conhecimento prévio, e então foi ele erguido para a eternidade.

Na verdade, todas as guerras naquele exílio são uma visão maravilhosa, e todos sabem no seu amável interior que tudo é uma espécie de humor e alegria que trazem apenas o bem. Ainda assim, não há tática para atenuar o peso da guerra e a ameaça.

Eu lhe falei sobre isso longamente face a face, e agora você tem o conhecimento de uma extremidade dessa alegoria, e com a ajuda do Criador irá compreendê-la na sua outra extremidade , também.

E a coisa que você mais me quer ouvir falar é uma à qual não posso responder nada.  Eu lhe dei uma alegoria sobre isso face a face, também, pois “o reino da terra  é um reino do firmamento”, e a verdadeira orientação é dada aos ministros.

Contudo, tudo é feito de acordo com o conselho do rei e com sua assinatura. O próprio rei não faz mais que assinar o plano que os ministros concebem. Se ele descobre uma falha no plano, não a corrige, mas coloca outro ministro no seu lugar, e o primeiro se demite do posto.

Assim é o homem, um mundo pequeno, se comportando de acordo com as letras impressas nele, dado que os reis governam as setenta nações que existem nele. Este é o significado do que está escrito em Sêfer Yetzirá (Livro da Criação): “Ele coroou certa letra”. Cada letra é um ministro para o seu tempo, fazendo avaliações, e o Rei do mundo as assina. Quando a letra erra em certo plano, ela imediatamente se demite do posto, e Ele coroa outra letra no seu  lugar.

E este é o significado de, “Cada geração e seus juízes”. No fim da correção, essa letra chamada Messias irá governar, completar e amarrar todas as gerações a uma coroa de glória na mão de Deus.

Agora você consegue compreender como eu posso interferir com o seu negócio de estado, e cada um deve descobrir o que lhe foi atribuído a descobrir, e isso irá se tornar claro ao longo das encarnações.

VÓS, QUE AMAIS AO SENHOR, ODIAI O MAL

Do livro “Cabala Para o Estudante”

No versículo, “Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal. Ele preserva as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios”, ele interpreta que não é suficiente amar o Criador e querer ser premiado com a adesão com Ele. Também é preciso odiar o mal.

A questão do ódio é expressa por odiar o mal, chamado “o desejo de receber”. É possível ver que não há artifício para livrar-se do mal, e ao mesmo tempo, não se quer aceitar a situação. E a pessoa sente as perdas que o mal lhe causa, e também vê a verdade, que não é possível anular o mal por si mesmo, pois trata-se de uma força natural vinda do Criador, que imprimiu o desejo de receber no homem.

Neste estado, o versículo nos diz o que é possível fazer, ou seja, odiar o mal. E desse modo o Criador o preservará desse mal, como está escrito, “Ele preserva as almas dos seus santos”. O que é preservar?  “Ele os livra das mãos dos ímpios”.  Nesse estado, a pessoa já é bem sucedida, pois ela tem algum contato com o Criador, mesmo que seja a mais tênue conexão.

Na verdade, a questão do mal subsiste e serve como Achoraim (outro lado) do Partzuf. Mas isso é assim somente por meio da própria correção: pelo sincero ódio  ao mal, ele se corrige na forma de Achoraim. O ódio vem porque quando se quer obter adesão com o Criador, então há uma conduta entre os amigos: se duas pessoas chegam a compreender que cada um odeia aquilo que o seu amigo odeia, e ama aquilo e aquele que seu amigo ama, então eles chegam a um vínculo perpétuo, como uma aposta que nunca perderão.

Por isso, como o Criador ama doar, os mais inferiores devem também adaptar-se a desejar somente doar. O Criador também odeia ser um receptor, pois Ele é completamente pleno e não necessita de coisa alguma. Então o homem, também, precisa odiar a recepção para si mesmo.

Resulta do que foi dito, que é preciso odiar amargamente o desejo de receber, pois todas as ruínas do mundo vêm somente por causa do desejo de receber. E por meio desse ódio, a pessoa corrige-se e submete-se à Kedushá  (Santidade).

TEMPO DE ASCENÇÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Quando nos sentimos em estado de ascensão, com o espírito elevado e sem desejo para qualquer outra coisa que não seja a espiritualidade, é bom mergulharmos nos segredos da Torá para alcançarmos sua internalidade. Mesmo se vermos, que apesar dos esforços para entender alguma coisa, ainda não sabemos coisa alguma, mesmo assim vale a pena mergulhar nos segredos da Torá, mesmo que seja cem vezes no mesmo assunto, e não nos desesperarmos, ou seja, dizer que não adianta, já que não entendemos nada.

Isto ocorre por duas razões:

A) Quando estudamos algum assunto e desejamos ansiosamente entendê-lo, este desejo é chamado de “oração”. Pois a oração é uma falta que sentimos, ou seja, a pessoa anseia pelo que não possui e o Criador irá preencher este desejo.

A oração é medida de acordo com o desejo, visto que a coisa que mais precisamos, temos dela o maior desejo. De acordo com a medida dessa necessidade, assim é a medida do desejo.

Há uma regra que afirma que onde nos esforçamos mais, o esforço aumenta o desejo e queremos receber o preenchimento de nossa deficiência.  Também, a falta é chamada a “oração”, ou o “trabalho no coração”, pois o “Criador deseja os corações”.

Acontece que a pessoa então pode fazer uma oração verdadeira. porque quando estudamos as palavras da Torá, o coração deve estar livre de todos os outros desejos e dar força à mente para que ela possa pensar e examinar. Se não há desejo no coração, a mente não pode examinar, como está escrito: “Uma pessoa só aprende o que o coração deseja”.

Para que nossa oração seja aceita, tem que ser uma oração completa. Assim, quando a examinamos completamente, evocamos uma oração completa, e então ela pode ser atendida, pois o Criador a ouve. No entanto, existe uma condição: a oração deve ser plena e não ter outras coisas misturadas no meio dela.

B) A segunda razão é que, esse momento, uma vez que estamos separados da corporalidade e estamos mais próximos do atributo da doação, é a hora mais adequada para nos conectarmos com a internalidade da Torá, que surge àqueles que tenham equivalência com o Criador. Isso é porque a Torá, o Criador, e Israel, são um. No entanto, quando estamos num estado de auto-recepção, pertencemos à externalidade, e não à

LISHMÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Para uma pessoa alcançar Lishmá (em Seu nome), é preciso um despertamento do Alto, porque é uma iluminação do Alto e não é para ser entendido pela mente humana. Pois a pessoa que prova, sabe. Está escrito sobre isso, “Provai e vede como o Senhor é bom”.

Devido a isso, ao assumirmos o fardo do Reino dos Céus, precisamos que isso seja em absoluta plenitude, isto é, apenas doar e não receber de forma alguma.  E se uma pessoa vê que os órgãos não concordam com esta visão, ela não tem outro conselho a não ser orar—de derramar o seu coração para o Criador, para ajudar a fazer o seu corpo consentir a se escravizar a si mesma ao Criador.

E não se deve dizer que se Lishmá é uma dádiva do Alto, então de que nos serve o nosso fortalecimento no nosso trabalho, e todos os remédios e correções que executamos de forma a alcançar Lishmá, se isso depende do Criador? Os nossos sábios disseram a esse respeito, “Tu não és livre para te livrares dele”. Em vez disso, devemos oferecer o despertamento de baixo, e isto é considerado “oração”. Porém, não pode haver uma verdadeira oração se não sabemos antecipadamente que é impossível alcançar Lishmá sem oração.

Desta forma, as ações e recursos que executamos de forma a alcançar Lishmá criam os vasos corrigidos no nosso interior, para querer receber Lishmá. E depois de todas as ações e recursos, então podemos fazer uma oração honesta, visto que já vimos que todas as nossas ações não nos trouxeram qualquer beneficio. Apenas então podemos fazer uma oração honesta do fundo do nosso coração, e assim o Criador escuta a nossa prece e nos concede a dádiva de  Lishmá.

Devemos saber que ao alcançarmos Lishmá, levamos a má inclinação para a morte. Isto é porque a má inclinação é chamada “receber para nosso beneficio próprio”.   E   ao   alcançar   o   alvo   de   doar,   cancelamos   a   auto-gratificação.

 

E morte significa que não mais usamos os nossos vasos de recepção para nós mesmos. E visto que revogamos o papel da má inclinação, ela é considerada morta.

Se considerarmos o que recebemos pelo nosso trabalho debaixo do sol, iremos descobrir que não é assim tão difícil nos subjugar ao Criador, por duas razões:

  1. Devemos nos esforçar neste mundo em qualquer caso, caso queiramos ou não.
  2. Mesmo durante o trabalho, se trabalhamos Lishmá, recebemos prazer do trabalho em

Isso está de acordo com o provérbio do Sayer de Dubna sobre o verso, “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel”. Significa que a pesoa que trabalha para o Criador não faz esforço algum. Pelo contrário, tem prazer e elação.

Mas quem não trabalha para o Criador, mas para outros objetivos, não se pode queixar ao Ele por não lhe dar vivacidade no trabalho, visto que está trabalhando para outro objetivo. Podemos nos queixar apenas para quem trabalhamos, e exigirmos que nos sejam dados vitalidade e prazer durante o nosso trabalho. Diz-se sobre tal pessoa: “Qualquer um que confia neles, será como eles que os fizeram”.

Não fique surpreso que quando assumimos o fardo do Reino dos Céus, quando queremos trabalhar em prol de doar ao nosso Criador, que ainda não sentimos qualquer vitalidade de todo, e que esta vitalidade nos compeliria a assumir o fardo do Reino dos Céus. Em vez disso, devemos aceitar o fardo do Reino dos Céus coercivamente, sentindo que não é para nosso beneficio. Isto é, o corpo não concorda com este trabalho, porque o Criador não nos rega com vitalidade e prazer.

A razão para isso é que é uma grande correção. Se não fosse por isso, o desejo de receber concordaria com este trabalho, e um nunca seria capaz de alcançar Lishmá. Em vez disso, trabalharíamos sempre para nosso próprio beneficio, para satisfazer os nossos desejos. Isso é parecido com o que as pessoas costumam dizer, que quando  se corre atrás de um ladrão para pegá-lo, o ladrão, também, corre e grita, “Pega ladrão”. Logo, é impossível dizer quem é o verdadeiro ladrão, pegá-lo e restituir o produto do roubo.

Mas quando o ladrão, isto é o desejo de receber, não acha o trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus saboroso, visto que o corpo se acostuma a si mesmo a trabalhar contra sua própria natureza, temos o meio pelo qual chegarmos ao trabalho apenas de forma a trazer contentamento ao nosso Criador, uma vez que nossa única intenção deve ser apenas pelo Criador, como está escrito, “Então te irás deleitar a ti mesmo no Senhor.” Anteriormente, quando trabalhávamos pelo Criador, não obtínhamos prazer desse trabalho. Em vez disso, o nosso trabalho era feito por coerção.

Mas agora que nos acostumamos a trabalhar em prol de doar, somos recompensados ao nos deleitarmos no Criador, e o trabalho em si mesmo nos concede prazer e vitalidade. E isto é considerado que o prazer, também, é especificamente pelo Criador.

A ESSÊNCIA DO TRABALHO DE UMA PESSOA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A essência do trabalho deve ser como se chega a sentir sabor em doar contentamento ao seu Criador, já que tudo que se faz para si mesmo o afasta do Senhor, devido à Diferença de Forma. No entanto, se praticarmos um ato para o benefício do Criador, mesmo o menor ato, ele ainda é considerado um Mitzvá (mandamento/boa ação).

Assim, o principal esforço deve consistir em adquirir uma força que sinta gosto em doar, através da redução da força que o faz sentir gosto na auto-recepção. Nesse estado, se adquire lentamente o sabor de doar.

A DIFERENÇA ENTRE SOMBRA DE KEDUSHÁ E SOMBRA DE SITRA ACHRÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito (Cânticos dos Cânticos, 2), “Até que sopre a brisa do dia e fujam as sombras”. Devemos entender o que são sombras no trabalho e o que são “duas sombras” O que acontece é que quando um indivíduo não sente Sua Providência, que o Criador lidera o mundo sendo o “Bom que faz o bem”, se considera como uma sombra que esconde o sol.

Em outras palavras, como as sombras corporais que escondem o sol não o mudam de maneira alguma, e este brilha em seu máximo esplendor, assim aquele que não sente a existência de Sua Providência não produz mudança alguma Acima, como está escrito, “Eu, o Senhor não mudo”.

Ao contrário, todas as mudanças estão nos receptores. Devemos observar dois discernimentos nesta sombra, neste  ocultamento:

  1. Quando uma pessoa ainda tem a habilidade de superar a escuridão e os ocultamentos que ela sente, justifica o Criador, e ora ao Criador, para que Ele abra seus olhos para ver que todos os ocultamentos que ela sente vêm do Criador, que é o Criador quem faz tudo isso para que a pessoa possa encontrar sua prece e ter um profundo desejo de unir-se a Ele. Isto é, porque é somente através do sofrimento que a pessoa recebe dEle, desejando libertar-se das dificuldades e fugir dos tormentos, então ela faz tudo o que pode. Por isso, ao receber os ocultamentos e as aflições, ela tem a certeza que encontrará a cura conhecida, que é fazer muitas preces ao Criador para ajudá-la e liberá-la do estado em que se encontra. Neste estado, a pessoa ainda acredita em Sua Providência.
  2. Quando a pessoa chega a um estado onde não pode mais prevalecer e diz que todo sofrimento e dores que sente acontecem porque o Criador enviou para que tenha um motivo para subir de nível, ela entra num estado de heresia. Isto acontece porque ela não pode crer em Sua Providência, e naturalmente não pode orar.x

Segue-se que existem dois tipos de sombras. E este é o significado de, “e as sombras fogem,” ou seja, que as sombras fugirão do  mundo.

A sombra da Klipá (Casca) é chamada “Outro deus é estéril e não produz fruto”. No entanto, a sombra de Kedushá (Santidade) é chamada “Sob esta sombra eu me sentei em deleite e, seu fruto foi doce ao meu paladar”. Em outras palavras, ela diz que todos os ocultamentos e aflições que sente acontecem porque o Criador lhe enviou estas situações para que pudesse ter espaço para trabalhar acima da razão.

E quando a pessoa tem força para dizer aquilo, ou seja, que é o Criador que lhe causa tudo aquilo, isto lhe é para benefício. Quer dizer que através disto ela  pode iniciar o trabalho com a finalidade de doar e não para se beneficiar. Naquele momento ela percebe, quer dizer, acredita que o Criador gosta especificamente deste trabalho, que é construído inteiramente acima da razão.

Assim, a pessoa não ora ao Criador para que as sombras fujam do mundo. Preferivelmente, ela diz, “Vejo que o Criador quer que eu O sirva desta maneira, inteiramente acima da razão”. Por isso, em tudo que faz, ela diz, “Certamente, o Criador gosta desse trabalho, então porque devo me importar se eu trabalho num estado de ocultamento da Sua face? Afinal, a pessoa quer trabalhar com a finalidade de doar, para que o Criador desfrute. Portanto, não se sente rebaixada nesse trabalho, quer dizer uma sensação de que está em estado de ocultamento da Face, que o Criador não desfruta de seu trabalho. Pelo contrário, ela concorda com a liderança do Criador, e concorda de todo o coração, que Ele quer que ela sinta Sua existência durante o trabalho. Isto acontece porque ela não considera  o que pode lhe dar prazer, mas considera o que agrada o Criador. Por isso, essa sombra lhe traz vida.

Isto é chamado, “Sob sua sombra me deleitei”, ou seja, ela deseja ardentemente tal estado onde possa fazer alguns avanços acima da razão. Assim, se ela não se empenhar num estado de ocultamento, onde ainda há espaço para orar para que o Criador Se aproxime, e se é negligente nisso, então lhe é enviado um segundo ocultamento no qual ela não pode nem mesmo orar. Isto é por causa do pecado—de não se empenhar com toda sua vontade em orar ao Criador. Por essa razão, a pessoa chega a um tal estado de  rebaixamento.

No entanto, após ela chegar a este estado, obtém piedade do Alto, e novamente lhe é concedido do Alto um novo despertar. E o mesmo ciclo inicia-se mais uma vez até que finalmente ela se fortaleça em oração, e o Criador ouça sua prece, e a aproxime, e a reforme.

HÁBITO SE TORNA SEGUNDA NATUREZA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A pessoa ao se habituar com alguma coisa, esta se torna uma segunda natureza para ela. Assim, não há nada no mundo que não possamos sentir sua existência. Isso significa que embora não tenhamos sensação alguma de tal coisa, ao nos acostumarmos a ela, ainda podemos senti-la.

Devemos saber que existe uma diferença entre o Criador e as criaturas com relação às sensações. Para as criaturas, existe aquele que sente e aquilo que é sentido, aquele que alcança e aquilo que é alcançado. Ou seja, temos aquele que sente, que está conectado a alguma realidade.

Entretanto, uma realidade sem aquele que sente constitui apenas o Criador Ele mesmo. NEle, “não existe qualquer pensamento ou percepção que seja”. Esse não é o fato com uma pessoa: toda sua existência se passa apenas através da sensação da realidade, e até mesmo a validade da realidade é avaliada unicamente  com respeito àquele que sente a realidade.

Em outras palavras, o que aquele que sente experimenta é o que ele considera como verdadeiro. Se a pessoa experimenta um gosto amargo na realidade, ou seja, ela se sente mal no estado em que se encontra, e sofre por causa daquele estado, tal pessoa é considerada má no trabalho. Isso acontece porque ela condena o Criador, visto que o Criador é chamado “o bom que faz o bem” porque Ele doa apenas bondade ao mundo. Entretanto, com relação ao sentimento daquela pessoa, ela sente que  recebeu  o oposto do Criador, ou seja, o estado em que ela está é ruim.

Portanto, devemos compreender o que está escrito (Berachot p 61), “O mundo não foi criado apenas para os completamente justos ou os completamente maus”. Isso significa o seguinte: ou a pessoa experimenta e sente um gosto bom no mundo, e assim ela justifica o Criador e diz que o Criador doa apenas bondade para o mundo, ou, se a pessoa sente e experimenta um gosto amargo  no mundo, então ela é má, visto que ela condena o Criador.

Acontece que tudo é medido de acordo com a sensação própria da pessoa. No entanto, todas essas sensações não têm qualquer relação com o Criador, como está escrito no Poema da Unificação: “Como ela, sempre serás, nem escassez nem excesso em ti haverá”. Por conseguinte, todos os mundos e todas as mudanças existem apenas em relação aos receptores, de acordo com o indivíduo que alcança.

APOIO NA TORÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Quando estamos estudando a Torá e queremos que todas as nossas ações sejam destinadas a doar, precisamos tentar sempre obter o suporte na Torá. Considera-se como suporte os atos de alimentar, que são o amor, o temor, o júbilo e o frescor. E devemos extrair tudo isso da Torá. Em outras palavras, a Torá deve nos dar esses resultados.

Não obstante, quando estudamos a Torá e não obtemos esses resultados, não se considera Torá. Isso é porque a Torá se refere à Luz velada na Torá, como nossos sábios dizem, “Eu criei a má inclinação, mas Eu criei a Torá como seu antídoto”. Isso se refere à Luz na Torá, visto que a Luz presente nela reforma tal má inclinação.

Precisamos igualmente saber que a Torá está dividida em dois discernimentos: 1-Torá, 2-Mitzvá. Na verdade, é impossível compreender estes dois discernimentos antes de ser recompensado com o trilhar o caminho do Criador, por meio de “A intimidade do Senhor é para os que o temem”. Isto é assim pois quando estamos no estado de preparação para entrar no Palácio do Senhor, é impossível compreender o Caminho da Verdade.

No entanto, é possível dar um exemplo, que até uma pessoa no período de preparação pode de alguma forma compreender. Está escrito (Sutah 21), “Rabi Yosef disse, ‘Um Mitzvá protege e salva enquanto praticado, etc. A Torá protege e salva tanto quando praticada e quando não praticada.’”

“Quando praticada” significa quando temos alguma Luz. Podemos usar esta Luz que obtivemos apenas enquanto a Luz ainda se encontrar em nós, pois agora estamos em alegria, dado que a Luz brilha para nós. Isto é discernido como um Mitzvá, isto é que não fomos recompensados com a Torá, mas despertamos uma  vida de Kedushá (santidade) a partir da Luz.

Isto não é assim com a Torá: quando alcançamos certo caminho no trabalho, podemos usar o caminho que alcançamos mesmo quando não o praticando, isto é, quando não estamos empenhados nele, ou seja, mesmo quando ainda não temos a Luz. Isto é assim pois apenas a luminescência nos abandonou, ao passo que podemos usar o caminho que tivermos alcançado no trabalho mesmo quando a luminescência tiver nos abandonado.

Ainda, devemos também saber que quando praticado, um Mitzvá é maior que a Torá quando não praticada. “Quando praticada” significa que agora  recebemos a Luz, que é chamada “praticada”, quando recebemos a Luz nela.

Consequentemente, enquanto temos a Luz, um Mitzvá é mais importante que a Torá quando não temos Luz, quando não há motivação da Torá. Por um lado, a Torá é importante pois podemos usar o caminho que adquirimos na Torá. Contudo, é sem a vitalidade, chamada “Luz”. E no momento de nos empenhar num Mitzvá, recebemos a vitalidade, chamada “Luz”. Neste respeito, um Mitzvá é mais importante que a Torá.

Então, quando não temos nutrição, somos considerados “maus”. Isto é porque agora não podemos dizer que o Criador governa o mundo numa conduta de “Bom que Faz o Bem”. É considerado que somos maus, pois condenamos nosso Criador, visto que agora sentimos que não temos vitalidade, e não temos nada com que nos alegrarmos para que possamos dizer que agora estamos gratos pelo Criador, por derramar sobre nós deleite e prazer.

Não podemos dizer que acreditamos que o Criador governa a Sua Providência com os outros benevolentemente, dado que compreendemos o caminho da Torá como uma sensação nos órgãos. Se não sentimos deleite e prazer, o que nos serve que outra pessoa esteja experimentando sensações de deleite e  prazer?

Se tivéssemos verdadeiramente acreditado que a Providência é revelada como benevolência ao nosso amigo, tal fé nos deveria ter trazido deleite e prazer por acreditar que o Criador governa o mundo numa orientação de deleite e prazer. E se isto não nos trás motivação e alegria, qual é o beneficio em dizer que o Criador verdadeiramente cuida do nosso amigo com uma orientação de  benevolência?

O mais importante é o que sentimos no nosso próprio corpo—seja bom ou mau. Desfrutamos do prazer do nosso amigo apenas se desfrutarmos do beneficio  do nosso amigo. Em outras palavras, aprendemos apenas pela sensação do corpo, independentemente das razões. O que é mais importante é apenas se nos sentimos bem.

Nesse estado, dizemos que o Criador é “bom e faz o bem.” Se nos sentimos mal, não podemos dizer que o Criador se comporta para conosco na forma do bom que faz o bem. Então, precisamente se desfrutamos da felicidade do nosso amigo, e recebemos ânimo e alegria disso, então podemos dizer que o Criador é um bom governante. Se não temos alegria, nos sentimos mal. Então, como podemos dizer que o Criador é benevolente?

Desta forma, tudo segue o estado em que nos encontramos. Se não temos qualquer motivação ou alegria, estamos num estado de não ter amor pelo Criador, nenhuma habilidade para justificar o seu Senhor, e nenhuma alegria, como seria adequado para quem serve um grande e importante rei.

E devemos saber que a Luz Superior está num estado de completo repouso.  E qualquer expansão dos Nomes Sagrados ocorre através dos inferiores. Em outras palavras, todos os nomes que a Luz Superior tem, vêm da realização dos inferiores. Isto significa que a Luz Superior recebe seu nome de acordo com as realizações deles. Colocando-o de modo diferente, damos os nomes à Luz de acordo com a maneira como a alcançamos, de acordo com a nossa sensação.

Se não sentimos que o Criador nos dá tudo, que nome podemos dar ao Criador se não recebemos uma coisa dEle? Em vez disso, quando acreditamos no Criador, todo e cada estado que sentimos, dizemos que vem do Criador. E de acordo com o nosso sentimento, damos nome ao Criador.

Então, se nos sentimos bem no estado em que nos encontramos, dizemos que o Criador é chamado “Benevolente”, dado que isso é o que sentimos—que recebemos bondade dEle. Nesse estado, somos chamados Tzadik (Justos), dado que nós Matzdik (justificamos) nosso Criador.

E se nos sentimos mal no estado em que nos encontramos, não podemos dizer que o Criador nos envia o bem. Portanto, nesse estado, somos chamados Rashá (Maus), visto que nós Marshia (Condenamos) nosso  Criador.

Contudo, não há tal coisa como estado intermediário, quando dizemos que nos sentimos tanto bem e mal no nosso estado. Em vez disso, estamos ou felizes ou infelizes.

Os nossos sábios escreveram (Berachot 61), “O mundo não foi criado…mas para os completos cruéis, ou para os completos justos.” Isto é assim pois não há tal coisa como se sentir bem e mal  simultaneamente.

Quando os nossos sábios dizem que não há estado intermediário, significa que com as criaturas, que têm um discernimento de tempo, você pode dizer “intermediário” sobre dois tempos, um depois do outro, pois aprendemos que há a questão de ascensões e descidas. Há dois tempos: por vezes somos cruéis, e outras somos justos. Mas num único momento, se sentir bom e mau simultaneamente, isto não existe.

Segue-se que quando disseram que a Torá é mais importante que um Mitzvá, é precisamente num momento em que não nos empenhamos nela, quando não temos qualquer vitalidade. Então a Torá é mais importante que um Mitzvá, que não tem qualquer vitalidade.

Isto é assim pois não podemos receber coisa alguma de um Mitzvá, que não tem qualquer vitalidade. Mas com a Torá, ainda tem um caminho no trabalho do qual tínhamos recebido enquanto praticávamos a Torá. Embora a vitalidade tenha saído, o caminho ainda permanece em nós, e podemos usá-lo. E há um tempo em que um Mitzvá é mais importante que a Torá: quando há vitalidade no Mitzvá e nenhuma vitalidade na Torá.

Então, quando não praticada, quando não temos qualquer vitalidade ou alegria no trabalho, não temos outro conselho a não ser a oração.   Todavia, durante a oração, devemos saber que somos maus pois não sentimos o deleite e prazer que existem no mundo, embora calculemos que possamos acreditar que o Criador nos dá apenas bondade.

Ainda assim, nem todos os nossos pensamentos são verdadeiros no caminho do trabalho. No trabalho, se o pensamento leva a ação, isto é, uma sensação nos órgãos, para que os órgãos sintam que o Criador é benevolente, os órgãos devem receber vitalidade e alegria de tal sensação. E se não temos qualquer vitalidade, de que nos servem todos os cálculos se agora os órgãos não amam o Criador pois Ele lhes concede abundância?

Então, devemos saber que se não temos qualquer vitalidade ou alegria no trabalho, é um sinal de que somos cruéis, pois estamos infelizes. Todos os cálculos são falsos se eles não levarem a uma ação, uma sensação nos órgãos que ama o Criador porque ele outorga deleite e prazer para as criaturas.