Do livro “Cabala Para o Estudante”
“Misericórdia e Verdade se encontraram,
Justiça e Paz se beijaram.
A Verdade brotará da Terra
e a Justiça olhará desde o Céu.
E o Senhor dará o que é bom,
e nossa terra dará seu fruto”.
–Salmos 85:11-13
TUDO É AVALIADO NÃO PELA SUA APARÊNCIA NUM DADO MOMENTO, MAS DE ACORDO COM SUA MEDIDA DE DESENVOLVIMENTO
Tudo que existe na realidade, seja bom ou mal, incluindo mesmo as coisas mais más e causadoras de dano no mundo, tem o direito de existir, ao nível que destruí-lo ou remove-lo completamente do mundo é proibido. Ao invés, nosso dever é apenas reparar ou corrigi-lo e guia-lo em direção à bondade.
Isto é porque qualquer observação no trabalho da Criação que está diante de nós é suficiente para interferir no nível elevado da perfeição d’Aquele Que os criou. Portanto, nós temos que entender e ter grande cuidado para que não
encontremos defeitos em qualquer parte da Criação, declarando ser supérfluo e desnecessário, pois isto equivale a dar um mau nome, Deus proíba, para Aquele Que o criou.
É amplamente conhecido que durante os dias da Criação, o Criador não completou Sua Criação. Isto é porque nós encontramos que toda e cada parte da realidade, tanto em geral quanto no particular, é sujeito às leis da evolução gradual, de um estado de completa ausência até o ponto de crescimento máximo. Por esta razão que, por exemplo, quando provamos a amargura de um fruto em seus estágios iniciais de crescimento, nós não julgamos isto como uma existência de um defeito no fruto. Todos nós sabemos o motivo para o sabor amargo: é devido ao fruto não ter ainda completado seu processo de evolução até seu completo desenvolvimento.
Este, também, é o caso com todas as outras partes particulares da realidade. Assim, se nós sentimos que alguma parte particular da Criação é destrutiva ou má, isto apenas indica que ela está em uma fase de transição em termos de seu processo evolutivo. Em todo caso, nós não devemos concluir que ele não é bom e encontrar defeitos nesta parte particular, pois isto não seria sábio.
A FRAQUEZA DOS “REFORMADORES DO MUNDO”
Esta é a fonte de toda a fraqueza dos reformadores do mundo ao longo da história: Eles consideravam os seres humanos como se eles fossem máquinas que não estão funcionando adequadamente que precisam de reparo, ou seja, as partes quebradas devem ser removidas e substituídas por aquelas devidamente corrigidas. Este é o
único propósito destes reformadores do mundo: exterminar tudo que é mal e destrutivo nas espécies humanas.
E, de fato, se não fosse o Próprio Criador levantar-Se contra eles, certamente eles teriam sucedido há muito tempo em peneirar o ser humano como se através de uma peneira e deixariam nele apenas aquilo que é bom e benéfico.
Mas o Criador guarda todos os aspectos de Sua Criação com grande cuidado e não deixa ninguém destruir qualquer coisa que está em Sua possessão: Ele apenas permite restaurá-la e transformá-la em boa, como explicado acima.
Portanto, todos estes falsos reformadores do mundo desapareceriam da face da Terra, enquanto que as más qualidades do mundo não seriam removidas da face da Terra; ao invés, elas estariam esperando e contando o número de níveis de evolução que elas precisam passar até que elas tenham atingido um completo processo de amadurecimento.
Mas como o Criador olha meticulosamente sobre todos os elementos na Sua Criação, não deixando ninguém destruir uma única coisa no Seu Domínio mas apenas o reformar e fazê-lo útil e bom, todos os reformadores do tipo
supramencionado desaparecerão da face da terra, e as inclinações ao mal não. Elas continuam a viver e a contar os graus que elas ainda precisam atravessar até que completem seu amadurecimento.
Neste ponto, aquelas mesmas más qualidades se transformariam e se tornariam boas e benéficas, como o Criador tinha originalmente o concebido. Isto é como um fruto sentado no galho de uma árvore, esperando e contando os dias e meses que precisa passar até que seu processo de amadurecimento seja completo; quando seu sabor e doçura serão revelados a todos.
SE MERECEREM – EU APRESSAREI, SE NÃO MERECEREM – SERÁ A SEU TEMPO
É claro, devemos saber que a dita lei da evolução, que se aplica a toda realidade e que promete transformar qualquer coisa que não é boa em algo bom e benéfico, é capaz de agir pelo poder do Governo do Céu Acima, isto é, sem consultar as pessoas que habitam a Terra.
Por outro lado, o Criador de fato deu sabedoria e governo aos humanos e os permitiu tomar a dita lei da evolução sobre sua própria autoridade e governo, e fazendo isto os permitiu a acelerar grandemente este processo de evolução, de acordo com sua vontade e em completa liberdade e independência, com respeito à limitação do tempo.
Assim, existem dois Governos que agem de acordo com esta evolução. Um é o Governo do Céu, que assegura a transformação de tudo que é mal e destrutivo em ser bom e benéfico, embora este procedimento, por natureza, leve tempo e movase muito lentamente e vagarosamente. E se o que está evoluindo é um ser vivo sensível, o resultado é que ele sofre dores e angústias horríveis enquanto encontrase sob a compressão da evolução, que se move com imensa crueldade.
Por outro lado, há o Governo da Terra, ou seja, os seres humanos, que assumiram o governo sobre as leis da evolução. Estas pessoas são poderosas o suficiente para se libertarem dos grilhões do tempo, e fazendo isto, elas estão apressando o Fim, isto é, o fim do processo do amadurecimento e correção, que é o fim de seu desenvolvimento.
E isto está de acordo com o que nossos sábios disseram (Talmud, Tratado Sanhedrin, 98a) sobre o fim do processo da salvação e redenção para os Israelitas. Comentando sobre o verso: “Eu o Senhor o apressarei a seu tempo” (Isaías 60:22), eles disseram, “Se eles merecerem, eu apressarei; se eles não merecerem, será a seu tempo”.
Eles quiseram dizer que se os Israelitas merecerem e adotarem a lei da evolução, através da qual eles transformarão suas más qualidades em boas, e trouxerem sobre seu próprio governo, ou seja, que eles irão focar seus corações e
suas mentes em corrigir suas más qualidades e transformá-las em boas, então “Eu apressarei”.
Isto significa que os Israelitas iriam portanto ser completamente libertados dos grilhões do tempo. Mas este Fim é totalmente dependente de seu próprio desejo, ou seja, que é uma função da maioria de suas ações e atenção. Assim, eles estariam “apressando” o Fim. Mas se eles não merecerem tomar a evolução de suas más qualidades sobre seu próprio governo, mas ao invés escolherem deixar isto nas mãos do Governo do Céu, eles ainda assim alcançarão o fim de sua salvação e o fim de sua correção.
Isto é porque há completa confiança no Governo do Céu, que opera de acordo com a lei da evolução gradual, nível após nível, até transformar tudo que é mal e destrutivo em bom e benéfico, assim como o fruto em uma árvore. E o Fim é certo, exceto que ele virá “em seu tempo”. Isto significa que a questão é completamente dependente e conectada com a dimensão do tempo porque este desenvolvimento gradual deve passar por muitos níveis de vários tipos até atingir seu Fim. A natureza deste processo é proceder muito lentamente e com grande lentidão e acaba tomando um longo tempo de fato.
O que emerge do que discutimos até agora é que o que está evoluindo é um ser senciente, que devem, no decurso da passagem através destes estágios evolutivos, se submeter a grande e terrível sofrimento. Isto é porque a força motriz inerente nestes níveis, uma força que é capaz de empurrar o ser humano de um nível inferior a um mais elevado, é poderosa simplesmente porque ela usa a energia propulsora da dor e sofrimento que acumularam no nível inferior.
Apenas quando se tornaram insuportáveis a pessoa é forçada a abandonar aquele nível e ascender a um mais
importante.
Os sábios disseram: “O Criador coloca sobre eles um rei cujos decretos são tão severos como os de Haman. Então os Israelitas fazem teshuvá (retorno, arrependimento), sobre o qual Ele os leva de volta ao bom caminho” (Talmud,
Tratado Sanhedrin, 97b). E o Fim que é prometido aos Israelitas, de acordo com a lei da evolução gradual, é referido como “em seu tempo”, ou seja, amarrado pelos grilhões do tempo. E o Fim certo para os Israelitas, se eles tomarem a evolução de suas próprias qualidades em suas próprias mãos, é chamado “Eu apressarei”, isto é, é completamente independente do tempo.
BEM E MAL SÃO AVALIADOS PELAS AÇÕES DO INDIVÍDUO EM RELAÇÃO À SOCIEDADE
Mas antes de começar a contemplar a correção do que é mal na espécie humana, nós temos que primeiro estabelecer o valor destes termos abstratos: “Bem” e “Mal”. Isto é, qual é nosso padrão contra o qual avaliamos a qualidade e o ato quando nós determinamos se é uma qualidade ou ato bom e benéfico, ou ao contrário, se é o oposto: uma qualidade ou ato ruim.
Para compreender isso, nós devemos cuidadosamente conhecer o valor proporcional entre o individual e o coletivo, isto é, entre o indivíduo e sua comunidade em que vive e da qual ele é nutrido, materialmente assim como
espiritualmente. E da realidade atual, nós aprendemos que o indivíduo não poderia existir, se ele se isolasse sem uma comunidade eficiente o suficiente para servi-lo e ajudá-lo a satisfazer suas necessidades.
Disto, nós entendemos que, para começar, o ser humano foi criado para viver uma vida em sociedade, e todo e cada indivíduo na sociedade é como uma engrenagem que está atada a um número de outras engrenagens, todas das quais são interdependentes e condicionadas por uma máquina. A engrenagem individual não tem liberdade de movimento por si só; ao invés, ela é levada ao movimento através do movimento de todas as engrenagens em uma direção pré-definida, que serve para fazer a máquina mais capaz de cumprir sua função geral. E se uma engrenagem tem
mau funcionamento, este mau funcionamento não é avaliado e examinado de acordo com aquela engrenagem em si mesma, mas ao invés de acordo com sua função e o serviço que ela presta a toda a máquina.
Da mesma forma, nós avaliamos o nível de Bondade de cada indivíduo em sua comunidade, não de acordo com quão Bom este indivíduo é em si mesmo, mas pelo quanto de serviço ele presta a comunidade como um todo. E da mesma forma, nós não avaliamos o nível do Mal de cada indivíduo, exceto com relação ao dano que ele causa a comunidade em geral, e não de acordo com seu próprio valor.
Estas coisas são óbvias como o Sol ao meio-dia, em termos de tanto a verdade quanto a Bondade inerente neles. O coletivo tem apenas o que está lá nos indivíduos, e o Bem da sociedade significa o Bem de cada indivíduo naquela
sociedade. E um indivíduo que prejudica a sociedade termina tomando sua porção daquele dano. Da mesma forma, um indivíduo que beneficia sua sociedade termina tendo sua porção daquela Bondade. Isto é porque os indivíduos existem apenas como partes do coletivo, e o coletivo não tem valor adicional ou importância adicionada além de ser a soma total dos indivíduos que o compõem.
Por este motivo, nós precisamos entender que tanto o coletivo quanto os indivíduos são um e o mesmo, e que nenhum dano é causado ao indivíduo devido à sua grande subserviência ao coletivo. Isto é porque a liberdade do coletivo e a liberdade do indivíduo também são uma e a mesma porque assim como eles compartilham o Bem entre eles, assim, também, eles compartilham a liberdade entre eles.
Assim, boas qualidades e más qualidades, boas ações e más ações são medidas como tais apenas com referência ao Bem do todo. Naturalmente, estas coisas são verdadeiras se todos os indivíduos na comunidade realizem seus deveres com o coletivo perfeitamente e são compensados de acordo com o que eles realmente merecem, ou seja, ninguém toma a porção que pertence ao seu amigo.
De fato, se uma pequena porção da comunidade não se comporta desta maneira, o resultado final é que não apenas eles prejudicam a comunidade, mas eles também prejudicam a si mesmos. Enquanto não deveria haver necessidade de discutir em detalhes algo que é familiar e conhecido, nós discutimos isto longamente para atrair a atenção ao ponto fraco, isto é, o lugar que precisa ser corrigido.
Em outras palavras, nós queríamos mostrar que a única coisa que falta neste mundo é que cada indivíduo entenda que seu próprio Bem depende sobre o serviço que ele presta ao coletivo, assim como sobre as alocações justas para cada membro individual do coletivo. Certamente, nós temos um mundo abundante, mas nós precisamos saber como desfrutar disto.
AS QUATRO QUALIDADES: MISERICÓRDIA, VERDADE, JUSTIÇA, E PAZ, NO INDIVIDUAL E NO COLETIVO
Agora que nós devidamente verificamos o nível de Bondade em sua imagem que está reservado para nós, isto é: 1) que todos os indivíduos na sociedade cumprem seu papel perfeitamente, cada um de acordo com o que foi atribuído a ele, e 2) que cada indivíduo tome sua porção do sustento disponível, em uma taxa justa, de forma que
não toque a porção de seu amigo. De agora em diante, nós devemos ver e refletir sobre as formas e meios atuais que estão a nossa disposição para acelerar para nós mesmos esta bondade e felicidade.
Existem quatro qualidades que são instrumentais para isto, e elas são Misericórdia, Verdade, Justiça e Paz, as qualidades que todos os reformadores do mundo sempre usaram até este dia. Mais precisamente, estas são as quatro
qualidades com as quais o desenvolvimento da humanidade, ou seja o Governo do Céu, pavimentou seu caminho gradual, até que trouxe a humanidade a sua condição atual.
E nós já falamos sobre isto anteriormente, que caberia e nos beneficiaria tomar a lei da evolução em nossas próprias mãos e assumir o governo nós mesmos.
Desta forma, nós nos livraríamos de todos os tipos de sofrimento, que a história do desenvolvimento reservou para nós daqui em diante. Portanto, nós olharemos e averiguaremos nestas quatro qualidades para conhecer bem o que elas nos deram até este presente dia, e fazendo isto, nos informar sobre que mais ajuda nós podemos esperar obter disto no futuro.
DIFICULDADES PRÁTICAS EM DETERMINAR A VERDADE
Agora em teoria, não há melhor qualidade do que a Verdade. Isto é porque toda a Bondade que nós falamos antes, que ocorre quando cada indivíduo realiza seus deveres ao coletivo e recebe sua porção de direito, isto é nada se não a Verdade. Mas o problema é que, de fato, esta qualidade não é aceitada pelas pessoas da sociedade.
E esta dificuldade atual inerente na Verdade prova há algo errado aqui, e causará que não seja aceita pela sociedade, e nós precisamos nos perguntar qual é ela.
E se nós realmente examinarmos a qualidade da Verdade em termos de seu potencial prático, nós inevitavelmente acharemos vago e muito complicado, e é impossível para o olho humano a examinar. Afinal, a Verdade demanda que nós tratemos todos os indivíduos na sociedade como iguais, para que cada um deles receba uma porção de acordo com seu esforço, não mais e nem menos. Esta é a única base para a Verdade, e a pessoa não deve duvidar, porque é óbvio e certo que qualquer um que queira se beneficiar do trabalho de outra pessoa está indo contra a Verdade e a sabedoria.
De fato, como nós podemos imaginar e examinar esta Verdade de modo que seja aceitável a todos os membros da sociedade? Por exemplo, se considerarmos a questão de acordo com o trabalho por hora observado que um indivíduo realiza, isto é, se cada um dos membros da sociedade deve trabalhar uma quantidade igual de horas, isto ainda não revelaria a Verdade acima mencionada para nós de forma alguma.
Além disso, há uma mentira evidente aqui por duas razões: A primeira é uma questão física: Porque nem todos são naturalmente dotados com uma capacidade igual para trabalhar, nós podemos ter um membro da sociedade que, devido a sua fraqueza, fica mais cansado em uma hora de trabalho que seu colega que trabalha duas horas ou mais.
Há também uma questão psicológica aqui, porque uma pessoa muito lenta por sua natureza fica muito mais cansada em uma hora do que seu amigo fica em duas horas ou mais. Se nós considerarmos tudo isto da perspectiva da qualidade da Verdade clara, nós não devemos obrigar uma parte da sociedade a se esforçar mais do que qualquer outra parte como tentativa de satisfazer as necessidades de suas vidas.
Pois, de fato, existem membros da sociedade que são naturalmente energéticos e fortes mas que vivem e se beneficiam do trabalho dos outros e maliciosamente se aproveita deles. Isto está em oposição direta à Verdade porque tais pessoas se esforçam muito pouco comparado aos fracos e lentos na sociedade.
E além disso, se nós levarmos em conta a lei natural de “seguir a maioria”, então este tipo de Verdade, que leva em conta o número de horas de trabalho, não é duradoura porque os fracos e lentos sempre formam a vasta maioria das pessoas em uma sociedade, e eles não permitirão a minoria dos energéticos e fortes tirar proveito de seu esforço e trabalho.
E porque a base do esforço, que é onde a Verdade clara reside e onde a maioria das pessoas se relaciona, não pode ser testada e avaliada de forma alguma, segue-se que a qualidade da Verdade é, de fato, imprópria para ser o critério segundo o qual os caminhos do indivíduo e os caminhos da sociedade devem ser absolutamente dispostos, de uma forma que ele deve ser completamente satisfatório.
Também, ela é completamente insuficiente para regular a vida no fim da correção do mundo.
Além disso, há um problema ainda maior aqui do que o mencionado anteriormente, pois não há Verdade mais clara que a própria conduta da natureza.
E é natural que todo e cada indivíduo sinta a si mesmo no mundo do Criador, como único governante, e que todos os outros foram criados apenas para facilitar e melhorar a sua vida, ao ponto que ele não sinta qualquer obrigação de dar algo em troca.
Para simplificar, poderíamos dizer que a natureza de todo ser humano é de explorar as vidas de todos os outros seres viventes para seu próprio benefício. E tudo o que ela dá ao outro é apenas por necessidade. Inerente nesta necessidade de dar ao outro está, de fato, ainda outra forma de explorar o outro, embora em uma forma muito engenhosa e de forma que a outra pessoa não sinta que estará dando de bom grado.
A razão para isso é que a natureza de cada ramo está próxima à sua raiz. E, como a alma do homem se estende do Criador, que é Um e Único, e tudo é Seu, assim, também o homem, que se estende dEle, sente que todas as pessoas no mundo devem estar sob seu próprio governo e para seu próprio benefício. E esta é uma lei inquebrável. A única diferença está nas escolhas das pessoas: Uma escolhe explorar os outros para satisfazer seus desejos inferiores, e outra tenta fazer isto ao alcançar uma posição de poder, enquanto a terceira tenta fazer isto assegurando a honra.
Além do mais, se ele pudesse realizá-lo sem muito esforço, ele concordaria em explorar o mundo em todos os três aspectos – riqueza, poder e honra. Contudo, ele é forçado a escolher de acordo com as suas possibilidades e capacidades.
Esta lei pode ser chamada “a Lei da Única Individualidade” no coração do homem. E ninguém pode escapar desta lei: o grande de acordo com a sua grandeza, e o pequeno de acordo com a sua pequenez.
Então, esta Lei da Única Individualidade, que está inerente na natureza de cada pessoa, não deve ser nem condenada nem louvada, pois ela é um fenômeno natural e tem direito a existir como todos os outros aspectos da realidade. E não há esperança de a erradicar do mundo ou sequer atenuar um pouco a sua forma, assim como não há esperança de erradicar toda a espécie humana da face da terra. Desta forma, não estaríamos mentindo se disséssemos que esta lei corresponde a “verdade absoluta”.
E dado que é indubitavelmente assim, como poderíamos sequer tentar acalmar a mente de alguém ao lhe prometer igualdade com todos os membros da comunidade? Afinal, não há nada mais contrário a natureza humana que isso, dado que a única inclinação do indivíduo é atingir uma posição mais elevada que qualquer outro membro da comunidade.
Então nós demonstramos cuidadosamente de acordo com a qualidade da verdade, que não há real possibilidade de trazer condutas boas e aceitáveis à vida do indivíduo e à vida da comunidade que fossem satisfatórias, e completamente concordadas por todos os indivíduos, embora isto é o que precisa ser feito para trazer
o Gmar HaTikún (Fim da Correção).
NA AUSÊNCIA DA HABILIDADE DE ESTABELECER O ATRIBUTO DA VERDADE, ELES TENTARAM ESTABELECER OS ATRIBUTOS NOBRES
Agora voltemos aos três atributos remanescentes: Misericórdia, Justiça e Paz. Para começar, parece que eles só foram criados para serem usados como apoio para fortalecer a Verdade, que se tornou muito fraco em nosso mundo.
E saiba que esta é a fase em que a história do desenvolvimento começou sua ascensão lenta e gradual
aos níveis de ordem social da vida da sociedade.
Em teoria, todos os membros da sociedade concordaram voluntariamente e tomaram sobre si mesmos o compromisso de não se desviarem, de forma alguma, da Verdade. Mas, o que realmente aconteceu foi que todos eles agiram em direção completamente oposta de seu compromisso. E desde então, a Verdade tem caído nas
mãos dos mais mentirosos e nunca nas mãos dos fracos e dos justos, que, portanto, não poderiam ser ajudados por ela em qualquer nível.
E porque a qualidade da Verdade não pode ser estabelecida como uma forma de vida, o número de membros da sociedade que era ou fraco ou explorado cresceu.
Este é o motivo pelo qual as qualidades de Misericórdia e Justiça apareceram, para que eles pudessem agir e apoiar a ordem social. Para a sociedade como um todo existir, seus membros mais bem sucedidos têm que apoiar aqueles que ficaram para trás, para não prejudicar a sociedade em geral. Desta forma, eles os trataram
indulgentemente, isto é, com Misericórdia e Justiça.
É claro que a natureza destas condições aumentaria o número daqueles que cairiam e seriam explorados, tanto que haveria suficientes deles para protestar contra os bem sucedidos e iniciar brigas e disputas. E daí emergiu a qualidade da Paz no mundo. Assim, todas estas qualidades – Misericórdia, Justiça e Paz – emergiram e
nasceram da debilidade da Verdade.
E esta é a razão pela qual a sociedade se dividiu em numerosas facções. Algumas delas adotaram Misericórdia e Justiça, ou seja, abrirão mão de suas posses pelo bem dos outros. Outras se agarraram à qualidade da Verdade, ou seja, “O que é meu é meu e o que é seu é seu”.
Em palavras mais simples, nós podemos dividi-las em “Construtores” e “Destruidores”. Construtores estão interessados em apoiar e defender a comunidade como um todo. Como resultado eles foram muitas vezes forçados a abrir mão de suas posses pelo bem dos outros.
Mas aqueles que, por natureza, eram mais inclinados em direção a destruição e anarquia foram propensos a se apegar à qualidade da Verdade por seu próprio benefício, acreditando que “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, e nunca abdicariam nem mesmo de uma pequena parte de sua porção em prol dos outros sem levar em consideração o fato de comprometer o bem-estar do coletivo pois, por natureza, eles são Destruidores.
ESPERANÇAS PELA PAZ
Apenas após estas condições criaram os maiores conflitos na sociedade, chegando inclusive a arriscar o próprio bem-estar da sociedade como um todo, os “pacificadores” apareceram na sociedade. Eles assumiram controle e poder e
renovaram a vida social baseados em novas condições, que eles consideravam verdadeiras, que bastasse para a existência pacífica da sociedade.
Todavia, a maioria desses pacificadores, que brotaram após cada disputa, naturalmente vêm dentre os Destruidores, isto é dos buscadores da verdade, por meio de “O que é meu é meu e o que é seu é seu”. Isto acontece porque eles são os mais poderosos e corajosos na sociedade, chamados “heróis”, pois eles estão sempre dispostos a sacrificar as suas próprias vidas e as vidas de toda a sociedade, se a sociedade discordar com seus pontos de vista.
Mas os Construtores na sociedade, que são os homens da Misericórdia e Justiça, que se preocupam com suas próprias vidas e com a vida de toda a sociedade, se recusam a arriscar tanto a si mesmos quanto a sociedade de forma a impor a sua opinião sobre o coletivo. Por esta razão, eles estão sempre do lado mais fraco da sociedade, chamado “os fracos de coração” e “os covardes”.
É então óbvio que os anárquicos sempre serão mais vitoriosos, e assim, é apenas natural que os pacificadores venham dos Destruidores e não dos Construtores.
Assim nós vemos de tudo isto que qualquer esperança pela Paz, a qual o povo da nossa geração tanto anseia, é inútil, tanto da perspectiva do sujeito quanto da perspectiva do predicado.
Pois os sujeitos, que são os pacificadores da nossa geração e em qualquer outra geração, e que têm o poder em suas mãos para trazer a Paz no mundo, são sempre feitos do elemento humano conhecido como Destruidores. Isto é porque eles buscam a Verdade, ou seja, eles querem que o mundo seja estabelecido pelo princípio de “O que é meu é meu e o que é seu é seu”.
Então, é apenas natural que essas são as pessoas que pressionam agressivamente suas opiniões adiante, ao ponto de pôr em perigo tanto suas próprias vidas quanto as vidas de toda a sociedade. E isto é o que sempre os dá poder para
superar o outro tipo de elemento humano chamado, os Construtores, que buscam Misericórdia e Justiça, e que sempre estão dispostos a dar do seu próprio pelo bem dos outros, para salvar a construção do mundo; e eles são os covardes que são fracos de coração.
Em outras palavras, buscar a Verdade é o mesmo que destruir o mundo, e buscar a Misericórdia é o mesmo que construir o mundo. Portanto, a pessoa não pode esperar que os Destruidores sejam aqueles que estabelecerão a Paz.
E, da mesma forma, a Paz que todos ansiamos também é inútil do ponto do predicado, ou seja, do ponto de vista das próprias condições da Paz. Até este dia, não é possível criar as condições que são consideradas apropriadas, de acordo com o critério da Verdade, tanto para a vida do indivíduo quanto para a vida da sociedade, como desejado pelos pacificadores. E é inevitável que sempre houve, e sempre haverá, uma importante minoria na sociedade que será infeliz com estas condições, assim como dissemos anteriormente quando nós demonstramos as fraquezas da
Verdade, e esta minoria sempre permanecerá como um combustível pronto e disposto para os novos fomentadores de guerra e pacificadores que sempre seguirão ad infinitum.
O BEM-ESTAR DE UMA DEERMINADA SOCIEDADE E O BEM-ESTAR DO MUNDO INTEIRO
Não fique surpreso se eu associar o bem-estar de uma determinada sociedade com o bem-estar do mundo inteiro pois, certamente, nós já chegamos a um ponto em que o mundo inteiro é considerado como uma comunidade e uma sociedade. Ou seja, como cada pessoa no mundo suga sua seiva vital e seu sustento de todas as pessoas do mundo, ela é coagida a servir e cuidar do bem-estar do mundo inteiro.
Nós já provamos acima que a subordinação total do indivíduo à sua comunidade é como uma pequena engrenagem que é subordinada a uma máquina.
Isto é porque o indivíduo extrai toda sua vida e felicidade da comunidade e, portanto, o bem-estar da comunidade e seu próprio bem-estar são um e o mesmo, e vice-versa. Portanto, à mesma extensão que uma pessoa é subordinada a si mesma, ela precisa se tornar mais subordinada a comunidade, como nós explicamos detalhadamente anteriormente.
Além disso, nós precisamos entender que o nível da comunidade pode ser avaliado de acordo com a extensão pela qual o indivíduo extrai desta comunidade.
Pois, por exemplo, em tempos históricos, a medida de subserviência era apenas a sua própria família; ou seja, o indivíduo não precisa ajudar ninguém, exceto os membros de sua própria família. Neste caso, ele não precisava ser subordinado a ninguém exceto aos membros de sua própria família.
Tempos depois, as famílias se reuniram para formar cidades e países, e o indivíduo se tornou subordinado à sua cidade. E mais tarde, quando as cidades e países se tornaram países, o indivíduo foi apoiado por todos os membros do país com seu bem-estar e felicidade, e assim ele se tornou subordinado a todo o país.
É por isto que, em nossa geração, quando a felicidade de cada pessoa é ajudada por todos os países do mundo, é necessário que esta será a extensão a qual o indivíduo é subordinado ao mundo inteiro – como uma engrenagem em uma máquina.
Desta forma, a possibilidade de estabelecer pacificamente procedimentos bons e felizes em um país, enquanto se negligenciar a fazer isto em todos os países do mundo, é inconcebível. E vice-versa, pois em nossos dias e época, nossos países já estão ligados uma ou outro na satisfação das suas necessidades da vida, isto é similar aos tempos antigos, quando os indivíduos nas famílias dependiam uns dos outros.
Portanto, hoje em dia nós não podemos mais falar ou lidar com apenas condutas e procedimentos para assegurar o bem-estar de um país ou uma nação, mas devemos cuidar apenas com o bem-estar do mundo inteiro, pois o bem-estar ou a calamidade de cada indivíduo do mundo depende da extensão do bem-estar dos indivíduos do mundo inteiro, e é medido de acordo com isso.
E embora estas coisas tenham sido conhecidas e, na verdade, concretamente experimentadas em algum grau, o mundo ainda não assimilou adequadamente e completamente este conceito. E por quê? Porque esta é a conduta natural em que um processo se desenvolve, com ação precedendo compreensão, é por isto que apenas as ações ensinarão a humanidade e a empurrarão em frente.
NA VIDA PRÁTICA, AS QUATRO QUALIDADES SE CONTRADIZEM UMA À OUTRA
Acima de todas as dificuldades práticas mencionadas acima que nos impedem, os desamparados, em nosso caminho, nós também temos que lidar com a grande confusão e o conflito interno com relação às tendências psicológicas dentro de nós, ou seja, que aquelas próprias qualidades que nós mencionamos residem em cada um de nós, especificamente no conflito entre uma pessoa e outra.
Especificamente, isto é porque as quatro qualidades mencionadas – Misericórdia, Verdade, Justiça e Paz, que são divididas entre as naturezas dos seres humanos, sejam através da evolução ou através da educação, estas próprias
qualidades se contradizem uma à outra.
Vamos, por exemplo, examinar a qualidade da Misericórdia como algo abstrato. Vemos que o poder de seu domínio se coloca em oposição às outras qualidades. Isto é, quando a Misericórdia governa, não há mais qualquer espaço para
aparecer o restante das qualidades em nosso mundo porque a qualidade da Misericórdia é compreendida e definida como uma pessoa dizendo, “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, como nossos sábios disseram na Mishná (Avot 5).
E se o mundo inteiro se comportasse de acordo com esta qualidade, então todas as grandes recompensas e grandes respeitos com os quais o mundo matinha as qualidades da Verdade e do Julgamento seriam canceladas e desapareceriam pois quando cada um de nós estiver disposto, por sua própria vontade, a dar tudo que possui para os outros e não tomar de volta nada que pertença ao outro, então qualquer interesse e razão para mentir ao seu próximo é cancelada e desaparece.
Nem haverá mais necessidade para falar sobre Verdade, pois a Verdade e Falsidade são relativos um ao outro, e se não houvesse Falsidade neste mundo, não haveria o conceito da Verdade.
Não é necessário dizer que todas as outras qualidades apenas surgiram como resultado da fraqueza da Verdade para que eles pudessem fortalece-la, como explicado anteriormente. E com relação à Verdade, que é definida ao dizer “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, está em oposição à qualidade da Misericórdia e não pode tolerá-la, pois desde o ponto de vista da Verdade, é completamente injusto que uma pessoa deva trabalhar e labutar pelo bem do outro. Não apenas a pessoa faz o seu amigo falhar, deixando-o acostumado em explorar os outros, mas a Verdade também ensina que cada pessoa deve poupar alguns bens para um dia chuvoso, para que ela não tenha que ser um fardo e viver sobre o esforço dos outros.
E acima disto, todo mundo tem parentes que são herdeiros de seus bens. De acordo com a Verdade, estes parentes tem uma maior prioridade do que os outros, pois é isto o que a natureza compele. Portanto, quem quer que dê todos os seus bens para os outros está, de fato, enganando seus parentes e herdeiros, de forma que não
lhes deixa nada de herança.
Semelhantemente, a Paz está em oposição à Justiça pois para criar a Paz na sociedade, as condições presentes devem permanecer como são para garantir que os ágeis e espertos se tornem ricos, enquanto que os negligentes e ingênuos
permaneçam pobres. Isto significa que um indivíduo mais dinâmico acaba tomando sua própria porção assim como a porção de seus próximos negligentes. E ele vive uma vida de grande luxúria, tanto que nada permanece para o negligente e ingênuo, ao ponto de não serem capazes de cobrir suas necessidades mais básicas. Portanto, eles permanecem nus, sem quaisquer bens, mas com muitos coletores de dívidas.
É certamente injusto infligir extrema punição aos negligentes e ingênuos, que são inocentes, pois qual é o seu pecado e qual é o crime dessas pessoas desventuradas, se a Providência não deu aos miseráveis energia e perspicácia?
Devemos puni-los por isto com um sofrimento tão extremo, que é ainda mais duro que a morte? Isto significa que não há Justiça qualquer nas condições definidas pela Paz. Então a Paz está em oposição à Justiça. E da mesma forma, a Justiça está em oposição à Paz, porque se nós organizarmos a distribuição da riqueza de acordo com a Justiça, ou seja, dar àqueles que são negligentes e ingênuos uma porção importante que se destina aos energéticos e espertos, certamente estas pessoas de poder e iniciativa não descansarão ou terão paz até que derrubem tal administração que escraviza os membros grandes e energéticos, e os explora em favor dos fracos. Desta forma, não há esperança para a Paz pública. Assim, a Justiça está em oposição à Paz.
O ATRIBUTO DA SINGULARIDADE NO EGOÍSMO AFETA RUÍNA E DESTRUIÇÃO
Assim nós vemos como estas qualidades dentro de nós colidem e lutam umas com as outras, não apenas entre uma facção da sociedade e outra, mas dentro de cada indivíduo também. Pois estas quatro qualidades dominam todos de uma vez ou um de cada vez, e lutam dentro dele ao ponto que não há como a pessoa classifica-los com a ajuda do senso comum e organizá-los e traze-los a um consentimento absoluto.
Pelo contrário, um obstrui ao outro. A verdade é que a raiz para toda esta grande confusão que prevalece em nós
é nada além da Individualidade Única que nós mencionamos anteriormente, que está presente em cada um de nós, a um nível maior ou menor. Nós explicamos seu propósito belo, exaltado e magnífico, na medida que esta qualidade se estende a nós diretamente do Criador, que é Um e o Único no universo e a Raiz de todas as criaturas. Porém, porque ela envolveu nosso egoísmo estreito, sua ação afeta destruição e devastação. Tanto que, ela se tornou a fonte para toda a destruição que foi infligida e será infligida neste mundo.
E saiba que nenhum ser humano no mundo está livre dela. Todas as discordâncias são apenas nas maneiras pelas quais ela é utilizada, seja pelos desejos do coração, por poder, por honra, estas são as maneiras em que as pessoas diferem uma da outra. Mas o aspecto comum que todas as pessoas do mundo compartilham é que cada um de nós está pronto para explorar todas as outras pessoas no mundo por seu próprio benefício pessoal, usando todos os meios em sua disposição, sem levar em conta que fazendo isto, estará se beneficiando na base da destruição do
outro.
O tipo de justificação que cada pessoa dá a si mesma, de acordo com seus interesses e ponto de vista, não importa nada aqui. O Desejo de Receber é a raiz da mente, a mente não é a raiz do desejo. E falando francamente, pode ser dito que quanto maior e mais notável uma pessoa é, maior e mais notável é a sua Individualidade Única.
USANDO A NATUREZA DA SINGULARIDADE COMO OBJETO DE EVOLUÇÃO NO COLETIVO E NO INDIVÍDUO
Agora iremos penetrar no entendimento das condições adequadas que finalmente serão aceitas pela humanidade quando a era da paz mundial aparecer em prol de determinar a que medida estas condições são adequadas para trazer uma vida de felicidade tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, e para examinar a medida em que a humanidade como um todo está preparada para finalmente tomar estas condições sublimes.
Voltemos à questão da Individualidade Única no coração de cada pessoa, que está pronta para engolir o mundo inteiro para seu próprio prazer. Nós devemos considerar a questão previamente mencionada sobre a importância e glória da raiz como uma extensão direta do Um e Único do universo aos humanos, que são Seus ramos, como mencionado anteriormente. Esta questão é válida e requer uma resposta: Como é que ela se manifesta dentro de nós de uma forma tão distorcida, se tornando a causa e progenitora de todos os destruidores e arruinadores do mundo? Como pode a fonte de toda a construção trazer, diretamente, a fonte de toda destruição? Tais questões não podem ser deixadas de lado sem uma resposta.
De fato, existem dois lados da moeda para esta Individualidade Única. Se examinarmos ela do ponto de vista de um lado, o lado exaltado, que significa do aspecto de sua afinidade com o Um e Único deste universo, ela opera apenas através do modo de “compartilhar com os outros”. Afinal, o Criador está lá totalmente pelo bem de doar. Ele não tem qualquer traço de receber nEle, pois Ele não carece nada e não precisa receber nada de Suas criaturas – Seus próprios seres criados. Portanto, esta Individualidade Única que é estendida para nós dEle deve, necessariamente,
operar também na forma de “compartilhar com os outros” ao invés de “receber para si mesmo”.
Mas olhando para o outro lado da mesma moeda, do segundo aspecto, inferior, ou seja, do ponto de vista da conduta que ela opera dentro de nós na prática, encontramos que ela se comporta em uma direção completamente oposta
porque ela opera apenas na forma de “receber para si mesma”, por exemplo, como uma ambição de ser a única pessoa mais rica do mundo inteiro, ou a única pessoa mais honrada do mundo inteiro etc. No fim, portanto, estes dois aspectos formam dois extremos que são tão distantes um do outro quanto possível, assim como o Leste é do Oeste.
Aqui nós encontramos a resposta para a questão que fizemos anteriormente: “Como é que a mesma Individualidade Única, que deriva e vem a nós do Um e Único do universo, Que é a Fonte de toda construção, nos serve como a fonte de toda a destruição?” Tudo isto tinha que acontecer a nós porque nós estamos usando este vaso precioso em uma direção oposta, como nós explicamos. Eu não estou dizendo que a Individualidade Única dentro de nós absolutamente nunca age na forma de “compartilhar com os outros”, refletindo o lado A, que nós discutimos
anteriormente. Nós não podemos negar que existem pessoas dentro nós em quem a Individualidade Única opera em prol de compartilhar com os outros, tais como aqueles que gastam excessivamente de sua própria riqueza pelo benefício da sociedade com notável excelência, ultrapassando qualquer outro no mundo, e também aqueles que gastam toda sua energia pelo bem da sociedade etc.
Mas estes dois lados da moeda, que eu descrevi, falam apenas dos dois pontos na evolução da Criação, que leva tudo à sua perfeição. Ela começa da ausência, e lentamente e gradualmente sobe a escada da evolução, de um nível inferior a um nível superior, e para um nível ainda mais elevado, até que atinja a meta na altura de sua escalada, que é o nível predeterminado de perfeição, onde ele repousa, permanecendo naquele estado pela eternidade.
Nesta sequência de desenvolvimento, existem dois pontos: A) o ponto de partida, que é o estado mais inferior e está muito próximo do completo vazio, que é o ponto descrito como o segundo lado da moeda, e B) o zênite da evolução, onde ele repousará e permanecerá pela eternidade, e que foi anteriormente descrito como o primeiro lado da moeda.
Certamente, este período em que nos encontramos, já está bem desenvolvido, tendo passado por muitos níveis. Ele ascendeu do estágio mais inferior, que é o acima mencionado lado B, e consideravelmente se aproximou do lado A. É por isto que existem aqueles dentre nós que usam a Individualidade Única dentro deles no modo de “compartilhar com os outros”. Mas porque nós ainda estamos no meio do caminho do processo de evolução, estas pessoas ainda são raras.
E quando nós finalmente atingirmos o zênite, o nível final mais alto, então todos nós usaremos nossa Individualidade Única unicamente no modo “compartilhar com os outros”. E nunca haverá qualquer caso de uma pessoa que a utilize no modo “receber para si mesmo”, ou seja, como o lado B da moeda.
Baseado nestes pensamentos, agora nós temos a possiblidade de olhar ao estilo de vida da última geração, que é o tempo quando a paz no mundo prevalecerá.
Em outras palavras, este é o tempo quando a humanidade como um todo atingirá o cume da evolução, ou o lado A da moeda. Este será o tempo quando a Individualidade Única será usada apenas no modo “compartilhar com os outros” e não, de forma alguma, no modo “receber para si mesmo”. E é bom copiar aqui seu modo de vida, tanto a vida do indivíduo quanto a vida da sociedade, de forma que nos ensine lições valiosas, e para que isto seja incorporado mesmo no dilúvio de ondas das nossas vidas. Talvez seja possível e valha a pena fazer um experimento e adotar este modo de vida mesmo em nossa presente geração.
A CONDIÇÃO DA VIDA NA ÚLTIMA GERAÇÃO
Para começar, seria apropriado começar com a coisa mais sublime que, muito provavelmente, é a fundação pela qual toda a estrutura da sociedade é baseada e pela qual ela é apoiada. Eles investiram um grande e imenso esforço para criar para si mesmos uma clássica caixa do tesouro literário de livros de sabedoria, editados com grande habilidade dialética. O propósito é cultivar uma única opinião mundial com relação a “compartilhar com os outros” e trazer a manifestação tal visão.
Eles capturam os corações de tantos que todas as pessoas, dos pequenos aos grandes, estão completamente imersas neles com grande deleite. Suas casas de justiça estão completamente ocupadas com dar “títulos de distinção” para as pessoas, que realmente demonstram uma obtenção de um certo nível de “compartilhar com os outros”. Não há ninguém que não carregue na manga um título de distinção de um nível ou outro. A opinião pública considera estes portadores de títulos em alta consideração e honra.
Grande competição foi envolvida entre as pessoas ao redor da esfera de atividade de “compartilhar com os outros”, ao ponto que elas algumas vezes se levaram a grandes perigos. Uma pessoa que falhou com relação a algum aspecto e
agiu por seu próprio benefício, pode experimentar como sua posição social desaparece no fluxo da vida social assim como as nuvens desaparecem no vento devido à profunda aversão que todos os níveis da sociedade sentem com relação a ela.
Se nós não levarmos em consideração a perda de títulos de distinção devido à culpa, as leis da justiça de suas cortes não incluem qualquer forma de punição, e além disso, cada réu sai da casa da justiça com algum lucro. Por exemplo, se a acusação diz respeito a negligência no trabalho, o veredito é normalmente adicionar às rações de seu sustento para que ele fique mais saudável ou reduzir as horas de seu trabalho. Apenas raramente aconteceria que o réu seria enviado a uma instituição de educação especial para melhorar sua consciência.
Cada pessoa cumpre seu papel no serviço do público com total perfeição e sem qualquer supervisão porque a opinião pública coloca pressão em cada um tanto abertamente quanto ocultamente, ao ponto que a pessoa sente, em seus ossos, a severidade do crime de mesmo uma pequena traição à confiança pública da mesma forma que nossas pessoas sentem o crime de matar outra pessoa.
A diferença em status na sociedade entre aqueles que são negligentes e aqueles que são energéticos é óbvia e aparente: O status daqueles que são negligentes é muito menor porque a Providência Suprema tomou toda a honra deles. Cada grupo, ou seja, um certo número de pessoas com meios suficientes para cobrir todas as suas necessidades e torná-los independentes dos outros, tem sua própria administração com a atribuição de um certo número de horas de trabalho de acordo com as condições de sua localização. Isto é feito de forma que haverá suficiente para prover por todas as suas necessidades. A atribuição é preenchida pelos membros através do trabalho obrigatório de horas de trabalho e horas de trabalho voluntário.
Existem quatro tipos de trabalhos obrigatórios, e cada pessoa, em completa confiabilidade e em seu próprio acordo, deve assinar para si mesmo, de acordo com sua capacidade. O primeiro tipo se trata com os fracos da comunidade, que estão comprometidos a uma hora de trabalho por dia. O segundo tipo se trata aos saudáveis que se comprometem com duas horas de trabalho. O terceiro tipo se trata aos fortes que se comprometem com quatro horas, e o quarto tipo se trata com os mais energéticos que se comprometem com oito horas por dia. Estas são as horas de trabalho obrigatórias.
Além disso, existem membros de todos os quatro tipos que tomam horas de trabalho voluntário por sua forte vontade de “compartilhar com os outros”. Os proventos do trabalho voluntário criam uma base de riqueza para a comunidade, e esta riqueza está lá para apoiar as comunidades em todos os países que estão ficando
para trás.
Eu imagino que agora não há muita necessidade de seguir em frente por muito tempo sobre o estilo de vida da geração futura porque mesmo as coisas que eu já disse estimularão o interesse de qualquer pessoa inteligente para contemplar e ver quão bem adaptada e qualificada é para esta nossa geração. E eu também tentarei elaborar sobre isto porque eu acredito que há uma possibilidade em incorporar no futuro próximo estas condutas de vida mesmo na forma que nós vivemos hoje, isto só depende da nossa compreensão.
Primeiramente, todos devem entender bem e explicar em sua vizinhança que a paz da sociedade, isto é, a paz do país e a paz do mundo, são completamente interdependentes, porque enquanto as leis da sociedade não satisfazem as
necessidades de cada indivíduo no país mas deixa alguma minoria não satisfeita pela forma que a sociedade é governada, esta minoria deve fazer um esquema contra o governo e tentar derrubá-lo.
E se eles não forem poderosos o suficiente para lutar face a face com o governo de dentro, então eles devem tentar derrubar indiretamente. A forma mais fácil de realizar isto é incitar um governo contra o outro e fazê-los lugar um contra o outro porque é natural que em nossos tempos de guerra, seu poder será aumentado pela adição de muitas pessoas descontentes de dentro do país. Desta forma, eles esperam ganharam uma maioria decisiva e derrubar o governo de seu país e erguer um governo que é mais adequado para eles. Isto torna claro que a paz de um país
individual é uma causa direta para a paz no mundo.
Além disso, se você levar em consideração a seção da população do país que são especialistas em guerra e dos quais o conflito é sua esperança por sucesso, por exemplo, especialistas em guerra e indústrias de armas, que formam uma minoria muito importante no país assim como a qualidade da sociedade, e se você adicionálos a minoria que não está contente com as regras que governam o país, então você pode ver que a qualquer tempo dado, a maioria das pessoas do país estão buscando por guerras e derramamentos de sangue. Esta é uma demonstração muito prática que a paz no mundo e a paz de um país são interligadas e interdependentes.
E se este é o caso, segue-se necessariamente que mesmo aqueles da população do país que estão satisfeitos com as leis presentes, ou seja, os energéticos e os espertos, ainda estão muito preocupados com a segurança de suas vidas devido à ausência da paz no mundo. E que tipo de satisfação poderia alguém encontrar quando sabe que a maioria das pessoas em seu país está fazendo um esquema contra sua vida? Se todos entenderem isto, eles provavelmente ficarão felizes em aceitar completamente o estilo de vida mencionado acima da última geração porque todos irão alegremente dar tudo que eles possuem para proteger suas vidas.
DOR VS. PRAZER NA AUTORRECEPÇÃO.
Então, quando nós examinamos e cuidadosamente percebemos o plano acima da última geração, veremos que toda a dificuldade e dureza reside em mudar a nossa natureza de um Desejo de Receber para Nós Mesmos, para um Desejo de Compartilhar com os Outros, dado que essas duas coisas aparentemente se negam uma à outra. À primeira vista, o plano pode parecer como uma fantasia geral, algo que está além da natureza humana, pelo menos na medida em que a maioria da humanidade é considerada. De fato, quando olhamos profundamente nisto, nós encontramos que a contradição entre “receber para si mesmo” e “compartilhar com os outros” não está apenas no aspecto psicológico.
Na realidade, não há uma única pessoa no mundo que receba por si mesma, mas, pelo contrário, todos nós compartilhamos com os outros sem derivar qualquer recompensa por nosso próprio benefício. Isto é porque embora o Receber para Si Mesmo tenha sido descrevido como tendo elementos diferentes, de bens, propriedades e várias luxúrias que agradam o coração, os olhos, o palato etc., quando de fato, todos estes são definidos por um termo: prazer. Segue-se que, toda a essência de Receber para Si Mesmo que a pessoa deseja, é nada além de seu próprio desejo por prazer.
Agora, imagine que pudéssemos reunir todos os tipos diferentes de prazer que nós obtemos durante nossos setenta anos de vida e colocássemos de um lado, e todo o sofrimento e problemas que sofremos durante estes setenta anos do outro lado, pesando-os um contra o outro, e apresentando-os a pessoa imediatamente antes de nascer. Qualquer pessoa inteligente juraria que ninguém escolheria nascer por sua própria vontade porque não há nenhuma pessoa neste mundo cujos problemas não sejam setenta e sete vezes mais que seu prazer ao longo de sua vida. E se este é o
caso, o que a pessoa obtém ao viver neste mundo?
Faça um simples cálculo matemático: suponha que uma pessoa tenha vinte por cento de prazer e oitenta por cento de problema em sua vida. Se você subtrair vinte de oitenta, você verá que os sessenta por cento do sofrimento é sem qualquer recompensa. Daqui, você pode medir a atual recepção, que está atualmente disponível para aquela pessoa. De fato, aqueles sessenta por cento de sofrimento que permaneceram sem qualquer retorno são considerados um déficit apenas àquela pessoa, porém, se nós fizermos um cálculo mundial geral, aqui pela primeira vez uma
pessoa produz mais do que recebe por sua própria existência e prazer. Então, se a direção mudasse de Receber para Si Mesmo para Compartilhar com os Outros, o indivíduo iria desfrutar de todo o produto que ele produz sem muita dor.