A Credibilidade da Teoria Quântica

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Qualquer teoria pode provar-se errada. Do mesmo modo, a teoria quântica é só uma teoria que pode resultar em um equívoco. Além disso, ainda hoje existem cientistas que a consideram errada e estão à procura de alternativas.

No mundo da ciência, é comum que uma teoria caia para outra subir em seu lugar. No entanto, existe uma sutil distinção a ser feita aqui. Deixe-me explicar, comparando a Teoria Newtoniana com a teoria da relatividade de Einstein. Primeiro, vamos supor que existe uma vara que se move no espaço. De acordo com Einstein, se nós fizermos a vara se mover extremamente rápido, ele começará a encolher. Segundo Newton, independentemente da velocidade, a vara permanecerá como está. Assim, nós temos duas teorias concorrentes.

Alguns dirão que a teoria de Newton é completamente falsa e que a de Einstein é correta. De fato, se olharmos para a questão superficialmente, esta será uma afirmação verdadeira. No entanto, o fato é que essa afirmação é falsa.

A maneira exata de se decidir entre as duas teorias é dizer que a teoria de Newton é um caso limite da teoria de Einstein. Isto significa que na maioria das circunstâncias habituais, as varas não podem se mover tão rápido quanto dura para nós vê-las encolher. Portanto, na maioria dos casos, a explicação de Newton é verdadeira.

No entanto, a percepção de Einstein está geralmente correta. Não apenas ela é verdadeira em relação às velocidades habituais, mas também seria verdadeira se nós acelerássemos a velocidade a uma velocidade tal que pudéssemos realmente ver a vara encolhendo.

Se a ciência descobre uma nova teoria que diga que a representação atual da realidade pela mecânica quântica seja um caso delimitador, então tudo aquilo que temos dito sobre a teoria quântica permanecerá verdadeiro. Se você afirma que ela é incorreta, então você terá que mostrar que ela é total e essencialmente falsa. Esta possibilidade sempre existe, teoricamente, mas a mecânica quântica tem provado até aqui como esta teoria científica é bem sucedida na história da ciência, passando por mais testes rigorosos do que qualquer outra teoria até hoje. Por isso, é altamente improvável que ela venha a ser, essencialmente, refutada.

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Na sua origem, a ciência era baseada em uma visão religiosa, que percebia o mundo como uma entidade viva, onde diversas forças espirituais agiam, tais como fantasmas e demônios. Mais tarde veio a ciência mecânica moderna que determinou que a teoria anterior fosse uma falácia completa, e que o mundo poderia ser mais bem entendido utilizando-se os princípios mecânicos da física e  da química.

A Ciência mecânica determinou que não houvesse fantasmas ou demônios habitando e operando a matéria. Em vez disso, ela postulou que a matéria é operada por causa e efeito. As reações químicas não acontecem de acordo com os fantasmas da alquimia, mas de acordo com as reações químicas quantificáveis que podem ser mecanicamente controladas pela matemática.

 

Essa abordagem mecânica tornou possível o nosso enorme progresso na compreensão da matéria e seu modo de ação. Isso também conduziu a inúmeras inovações tecnológicas que nos beneficiaram por muitos anos. Como dissemos anteriormente, a medicina moderna é fundamentalmente baseada nessa visão de mundo mecânico.

Até a década de 1930, a crença predominante era de que a biologia era diferente de todas as outras ciências. Acreditava-se que, embora um organismo vivo fosse feito de produtos químicos, ele era, no entanto, operado por uma entidade viva que não era uma simples matéria.

No entanto, a evolução da biologia contemporânea só pôde ocorrer depois que se decidiu descartar a idéia da entidade viva. Os professores que insistiam no apoio ao velho conceito foram descartados de universidades. Assim, a moderna engenharia genética, a biologia molecular e a farmacologia progrediram através da abordagem mecanicista inanimada de reduzir biossistemas vivos a nada mais do que máquinas complexas.

Há um ponto muito interessante sobre a relação entre a física e as outras ciências. Todas as  ciências (química, biologia, zoologia, antropologia, sociologia e qualquer outra ciência) conceberam seus modelos de acordo com a percepção mecanicista da ciência real, a física. Na verdade, esse processo continua hoje.

Em muitas universidades por todo o mundo, várias ciências têm ainda que adaptar seus modelos aos modelos da física do século XIX. O problema é que a física já abandonou esses modelos. Mesmo a biologia molecular, que estuda o objeto mais minúsculo, ainda tem que recorrer ao caminho que a revolução quântica pavimentou.

Cerca de um ano atrás, eu dei um curso no Departamento de Bioquímica da Universidade de Toulouse, França. O chefe do departamento não tinha conhecimento do fato de que para compreender o processo evolutivo da proteína, a pessoa precisava levar em consideração os efeitos quânticos, e que é por isso que o mesmo não pode ser entendido em termos da mecânica clássica. Este é apenas um exemplo de como até mesmo ciências “fundamentais” como a bioquímica não internalizaram as implicações da mecânica quântica.

Mesmo em seu tribunal de origem, na física, a maioria dos físicos ainda não se deparou com as implicações da descoberta de que os acontecimentos se desenrolam no universo físico, sem serem completamente determinados por eventos anteriores no universo físico. Este conceito ainda é chocante para a percepção científica predominante em todo o mundo

Nós estamos no meio de uma revolução conceitual que progride lentamente. Cada vez mais, físicos, biofísicos e cientistas biomoleculares estão começando a entender o impacto da mecânica quântica. No entanto, apenas poucos reconheceram que a evolução incorpora efeitos quânticos no processo de concepção dos organismos. Quando estes cientistas começaram a enfrentar esta revolução conceitual, alguns deles compreenderam a implicação de longo alcance: que a visão mecanicista foi ultrapassada, e que algo tinha vindo para substituí-la.

Em nota pessoal, eu gostaria de dizer que mesmo quando era jovem, eu sentia que os mistérios do mundo físico escondiam um profundo mistério. Mesmo antes que eu soubesse do que se tratava a física quântica, eu acreditava que mergulhar em suas profundezas me levaria ao mundo espiritual. Além disso, eu sempre fui atraído intuitivamente pela Cabala. Sempre me deparei com ela na sua forma genuína, eu sentia que ela manifestava uma verdade inerente.

 

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