A Estrutura Da Realidade

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Durante toda a sua existência, a humanidade tem utilizado seus cinco sentidos para investigar a realidade na qual vive, e coletar os achados para formular ciências. O propósito da ciência e do conhecimento humano acumulado é melhorar as nossas vidas e nos ajudar a usar o mundo onde vivemos de forma mais efetiva.

A sabedoria da Cabala, diferente de todas as outras ciências, investiga um reino cuja existência engana a pessoa comum. Para investigar este reino, a pessoa precisa estar equipada com outro sentido, um sentido que percebe o “Mundo Superior”. Com essa capacidade sensorial adicional, a pessoa pode coletar informação sobre o Mundo Superior e experimentá-lo. Como qualquer cientista comum, o Cabalista pode anotar as reações às ações. Os Cabalistas são investigadores do Mundo Superior, e como tais, eles têm anotado suas descobertas ao longo de milhares de anos de investigação. O conjunto dos seus registros constitui a sabedoria da Cabala.

A sabedoria da Cabala descreve as ações que se originam no Criador e descendem ao nosso mundo através dos Mundos Superiores. Ela também descreve como elas se expandem através da realidade corporal que todos nós podemos perceber com os nossos cinco sentidos.

O nosso mundo é uma conseqüência dos Mundos Superiores. Assim, a sabedoria da Cabala contém conhecimento sobre os Mundos Superiores e o nosso mundo. Os Mundos Superiores pertencem a um nível mais elevado de existência que o nosso mundo, onde tempo, espaço e movimento não existem, mas somente forças abstratas. Conseqüentemente, a Cabala contém a existência de todos os tempos conforme eles são expressos em nosso mundo.

A Cabala é um meio que nos ajuda a investigar todos os estágios da existência. Esta seqüência de estágios inclui o estágio antes de nossa alma revestir os corpos físicos, todas as nossas fases enquanto existimos neste mundo, e a situação quando a alma deixa o corpo e retorna às suas raízes no Mundo Superior.

A Cabala lida com tudo que se expande do Criador para a realidade que Ele criou, e a qual Ele conduz ao Seu objetivo desejado. A Cabala não lida com o próprio Criador.

Devido à crise que a humanidade está enfrentando e a crescente sensação de desespero e vazio, chegou o momento da sabedoria da Cabala aparecer. A Cabala explica que o propósito da realidade é elevar a humanidade ao nível de igualdade com o Criador. O propósito do declínio da humanidade a este mundo é para que possamos nos elevar de forma independente ao nível mais alto – o nível do Criador.

Enquanto nós estamos neste mundo e ascendemos em direção ao Criador, nós mantemos ambos os lados da realidade, à medida que estamos em nosso mundo fisicamente e nossas almas no nível do Criador. Este é o propósito de nossa existência, predeterminada pelo Criador, que conduz a todos nós a Ele.

No final de todas as nossas encarnações físicas neste mundo, nossas almas alcançarão o nível do Criador. Este processo é similar a qualquer outro processo gradual na realidade. Do ponto de vista do Criador, o início do processo e seu fim são o mesmo ponto. Porém, enquanto não existe conceito de tempo para o Criador, para nós o processo se estende por milênios, um período longo  o suficiente para que nós adquiramos o discernimento e as qualidades necessárias para evoluir. Gradualmente, isso nós ajudará as nos tornarmos mais semelhante ao Criador, para finalmente nos tornarmos parceiros com Ele.

Basicamente, o processo é de desenvolvimento gradual. O processo evolutivo da humanidade é como o amadurecimento de uma fruta: seca e azeda enquanto está verde, e doce e suculento no final. Se nós não soubéssemos como a fruta amadurece, nós teríamos erroneamente pensado que a acidez da fruta amadureceria para uma fruta ainda mais ácida. Mas como nós sabemos o final feliz do processo desde o início, nós podemos justificar todo o processo. Assim, somente aqueles que sabem o final do processo podem justificá-lo; se nós, também, pudéssemos ver nosso estágio futuro, nós entenderíamos e justificaríamos as ações do Criador.

 

Na Escada De Degraus

“Escalando os degraus dos Mundos Superiores” é um termo genérico usado para todos os novos discernimentos coletados ao longo do caminho espiritual, o perpétuo desenvolvimento interno e as novas qualidades que a pessoa assume a todo instante.

Como mencionado anteriormente, a criatura é composta de um desejo de receber prazer. Este desejo é dividido em cinco partes elementares, chamadas “os cinco níveis de Aviut (espessura)”. Eles são classificados do Aviut zero (raiz) até o Aviut quatro. Assim, o termo Aviut serve para medir a intensidade do desejo.

Cada um dos níveis básicos de Aviut é dividido em cinco subníveis, e cada um deles é dividido mais uma vez em subdivisões. Assim, o desejo de receber é dividido em 125 níveis (ou degraus) e nós devemos corrigir todos eles.

A correção do desejo significa usar o desejo por prazer para trazer prazer a outro. Tal uso é chamado de “doação” ou “outorgamento”. O atributo do Criador é a doação, e a abundância que se expande Dele às Suas criaturas é uma expressão do Seu desejo de dar a elas.

Portanto, corrigir o ego humano do “querer satisfazer a si mesmo” para o “querer doar” é considerado uma ascensão em níveis. A cada nível a pessoa adquire mais desejo de doar e, conseqüentemente, sente-se mais semelhante ao Criador. A cada ascensão a pessoa fica mais próxima do atributo do Criador e do propósito da vida. O processo persiste até que ela adquira o atributo do Criador por completo e se torne idêntica a Ele.

Para permitir que os seres humanos se corrijam, o Criador criou os mundos e seus níveis antes de criar a humanidade. Somente depois é que a humanidade foi criada e reduzida a este mundo. A partir daqui nós humanos precisamos subir de volta às nossas raízes. Conseqüentemente, a Cabala trata com duas sucessões: “de Cima para baixo”, relacionada com a descida gradual dos mundos e seus níveis, e “de baixo para Cima”, relacionada à ascensão da alma através dos mesmos níveis.

Os mundos que se originam do Criador são: Ein Sof, Adam Kadmon, Atsilut, Beria, Ietsira, Assia, e, finalmente, o nosso mundo (Figura 12). A Cabala descreve a criação dos mundos e como a alma desce do Criador, através de todos os mundos, até o nosso. Entre os Mundos Superiores e o nosso mundo existe “a barreira” que separa o mundo material do mundo espiritual.

Figure 12

processo de correção neste nível. A partir deste mundo a alma ascende através do acúmulo de conhecimento da realidade espiritual, atravessando os mundos de Assia, Beria, Ietsira, Atsilut, Adam Kadmon, e, finalmente, retornando ao mundo de Ein Sof. Lá, no estado chamado de Gmar Tikkun (O Fim da Correção), a alma está completamente reunida com o Criador.

A sabedoria da Cabala abrange toda a realidade abaixo do Criador: os mundos, tudo dentro deles,  a descida da alma a este mundo e o seu retorno para o alto. Em outras palavras, a sabedoria da Cabala contém todos os estados e situações da humanidade.

Todos os mundos, incluindo o nosso, situam-se um abaixo do outro. Assim, todos os mundos englobam os mesmos elementos. A Luz emerge do Criador e atravessa todos os mundos descendo até este mundo. Conseqüentemente, cada elemento que está presente no mundo de Ein Sof também está presente em todos os mundos. Os Cabalistas definem essa relação como “raiz e ramo”:

Portanto, não há uma só coisa ou evento da realidade encontrado no mundo inferior que você não encontre sua imagem no mundo acima dele, tão idêntico como duas gotas no lago, e eles são chamados de “Raiz e Ramo”. Isso significa que este item encontrado no mundo inferior é considerado um ramo do seu padrão encontrado no mundo superior, sendo a raiz do item inferior, como este é o local onde esse item no mundo inferior foi impresso e feito para existir.

—Baal HaSulam, A Essência da Sabedoria da Cabala

 

Vemos, assim, que todo elemento ou detalhe neste mundo, com todas as suas conexões, está presente também nos Mundos Superiores, de Assia a Ein Sof. O universo, o Planeta Terra, o inanimado, vegetal, animado e falante também são encontrados nos mundos acima deste mundo.

 

Só há uma diferença entre os elementos deste mundo e os elementos do Mundo Superior: nos Mundos Superiores os elementos são forças, e em nosso mundo são matérias.

Alcançar os Mundos Superiores capacita a pessoa a ver as forças que operam acima de cada elemento deste mundo. Quando alcançamos o Mundo Superior, nós nos damos conta dos tipos de comportamento de cada elemento da realidade daquele mundo, a razão para esse comportamento e suas qualidades. A sabedoria da Cabala facilita a nossa ascensão para o Mundo Superior e permite que a pessoa observe do alto o comportamento de cada objeto a partir desse mundo.

Cruzar a barreira é um processo gradual. Estudar Cabala com o objetivo de aproximar-se do atributo do Criador – o atributo da doação – aumenta o discernimento da pessoa. Percepções mais sutis emergirão progressivamente, relacionadas à realidade na qual a pessoa vive. A pessoa começa a sentir as operações nos “bastidores” da matéria, as forças que operam a matéria visível e perceptível.

Um Cabalista continua a sentir a mesma realidade que sentia antes com os cinco sentidos comuns, mas ao mesmo tempo percebe as forças além dos limites da percepção dos cinco sentidos com a ajuda do sexto sentido. A realidade oculta torna-se cada vez mais compreensível, e a existência de outra realidade além da imagem deste mundo torna-se aparente.

A revelação da realidade espiritual divide-se em três fases, chamadas Ibur (gestação), Katnut (infância) e Gadlut (maioridade). Na primeira fase (Ibur) nós podemos perceber o nosso estado, mas não compreendê-lo. Na segunda fase (Katnut) nós compreendemos que algo está acontecendo, mas ainda não conseguimos participar independentemente da ação espiritual. Na terceira fase (Gadlut) nós obtemos a força e a sabedoria para participar na ação espiritual e afetar a realidade espiritual.

No terceiro nível, nós começamos a determinar o fluxo das forças desde o Mundo Superior até o nosso, e vice-versa. Como indivíduos, nós nos tornamos participantes ativos, condutores através dos quais o fluxo viaja desde o alto até embaixo e de baixo para cima. No nível de Gadlut, nós entendemos a nossa parte e operamos como conectores entre os mundos. Esse é o nosso estado corrigido, e cada pessoa precisa atingi-lo.

Cada pessoa pode chegar a sentir cada item e elemento de todos os mundos. Tudo o que nós precisamos é de um sentido especial e sutil, a capacidade de discernir e sentir. Mesmo neste mundo, nós discernimos diferenças consideráveis entre as sensações de uma criancinha, um jovem, um adulto e um cientista. O estudo da Cabala constrói continuamente novas percepções e discernimentos em nós, e ao final, conduz à percepção dos Mundos Superiores.

Do que foi dito, podemos entender que a Cabala contém todos os ensinamentos e ciências deste mundo. Sem explicações apropriadas, nós poderíamos nos perder e pensar que Cabala é um ensinamento místico de feitiçaria e milagres.

Há quem a relacione com o Judaísmo, mas, na verdade, a sabedoria da Cabala não qualquer conexão com misticismo, religião ou qualquer outra fantasia imaginada pelo homem. O propósito da sabedoria da Cabala é apenas um: levar a humanidade à equivalência com o Criador através da correção gradual.

A Cabala é um método eficaz para a correção do egoísmo da humanidade, exatamente porque foi escrita por aqueles que se corrigiram. O desejo da pessoa de se aproximar dos estados descritos nos livros de Cabala faz com que esses estados “projetem uma força corretora” sobre o estado atual da pessoa. Essa força é chamada “Luz Circundante”. Ela muda as qualidades da pessoa, permitindo que indivíduos sintam seu estado corrigido através da formação gradual das qualidades altruístas neles.

O estudo da Cabala foca o mundo de Atsilut. O mundo de Atsilut, chamado “O Mundo da Correção”, está acima do Parsa. Ele é o sistema projetado especialmente para corrigir a pessoa, desde que ela o deseje. A Luz que preenche a alma corrigida de uma pessoa no mundo de Atsilut brilha sobre o seu estado atual como Luz Circundante, uma força que corrige a natureza humana, do egoísmo para o altruísmo. A Luz Circundante eleva a alma através de todos os mundos, até que ela retorne à sua raiz. Portanto, o mundo de Ein Sof é a meta final, nosso mundo é o ponto de partida, e o aperfeiçoamento dos atributos humanos é chamado de “ascensão nos níveis dos mundos”.

A Cabala é para aqueles que se perguntam sobre o propósito de suas vidas, aqueles que não estão satisfeitos com prazeres mundanos, como sexo, riqueza, honra ou conhecimento. Quando toda a humanidade acordar para perguntar sobre o propósito da vida, a sabedoria da Cabala emergirá. Os Cabalistas apontaram o ano de 1995 como o início dessa época, donde a necessidade de sua disseminação.

 

Quatro Linguagens Na Sabedoria Da Verdade

Os Cabalistas, como foi mencionado anteriormente, investigam o Mundo Superior, o mundo além da percepção de uma pessoa comum. Por isso, as descrições das conquistas dos Cabalistas se relacionam com o Mundo Superior, mas como nós não estamos conscientes da existência de um mundo espiritual além do nosso, nós relacionamos suas palavras com o nosso mundo, em um fenômeno chamado “materialização”.

Quando a Torá (os Cinco Livros de Moisés) foi escrita, o povo de Israel estava em um nível espiritual. Mas após dois mil anos de afastamento da espiritualidade, desde a ruína do Segundo Templo, as histórias da Torá parecem referir-se a episódios históricos ou à conduta moral.

Porém, este não é o caso. Cada elemento no mundo está conectado ao mesmo elemento em todos os outros mundos por uma conexão de “raiz e ramo”. Com base nesse princípio, os Cabalistas desenvolveram uma linguagem que se apóia no paralelismo entre os Mundos Superiores e o nosso próprio mundo. Nela, os processos que se desenvolvem no mundo espiritual são descritos usando nomes dos ramos, tomados do nosso mundo.

Os Cabalistas usam quatro tipos diferentes de linguagem para explicar como nós podemos atingir o nível do Criador e como podemos atrair até nós a Força de Correção que inverterá a nossa natureza do egoísmo para o altruísmo. Essas linguagens são a linguagem da Bíblia, a linguagem das leis, a linguagem das lendas, e a linguagem da Cabala.

Em seu ensaio, A Sabedoria da Cabala e sua Essência, o Baal HaSulam escreveu que existem quatro linguagens na sabedoria da verdade, e a essência da sabedoria da Cabala não é diferente da essência da Bíblia. Porém, as leis, as lendas e a linguagem da Cabala são mais convenientes e apropriadas para o uso.

A diferença entre as linguagens está em sua precisão. A linguagem da Cabala é mais precisa em descrever a conexão entre a raiz no Mundo Superior e o ramo no mundo inferior. Quanto mais exata for a conexão da pessoa com sua Raiz Superior, maior a Força de Correção que ela recebe.

A linguagem da Cabala aplica-se a termos que não existem em nosso mundo, tais como “mundos” e “Sefirot”, diagramas e fórmulas. Essa linguagem torna mais fácil evitar a confusão e a materialização, e facilita uma abordagem clara e ordenada do estudo. A linguagem da Cabala é essencialmente diferente de outras linguagens devido ao modo claro e inequívoco com que descreve o propósito da Criação – a similaridade da criatura em relação ao Criador, isto é, a inversão do egoísmo em altruísmo.

Atualmente, o principal livro da Cabala são os seis volumes do Talmud Esser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot) do Baal HaSulam, baseado nos escritos do Ari. Em 2000 páginas, o Talmud Esser Sefirot esclarece a estrutura dos Mundos Superiores, acompanhando de diagramas, glossários e tabelas de questões e respostas para revisão do material. Na introdução do livro, o Baal HaSulam acrescenta detalhes sobre as razões pelas quais a linguagem da Cabala é preferencial às outras linguagens em nossa geração.

Hoje, a humanidade chegou à última fase na evolução do desejo de receber. É por isso que o Baal HaSulam adaptou o método do Ari à estrutura das almas da nossa geração – para torná-lo acessível a todos.

 

Mudar A Si Mesmo

Muitas pessoas, equivocadamente, relacionam a sabedoria da Cabala à religião Judaica. Na verdade, a Cabala e a religião são essencialmente diferentes. O propósito da religião é acalmar as pessoas; ela nutre a esperança de que se eu rezar, a atitude do Criador para comigo mudará.

A Cabala adota uma abordagem bem diferente: a raiz da palavra “oração” (Tefila, em hebraico) significa “sentenciar” ou “julgar” (Palal, em hebraico). Em outras palavras, a pessoa sentencia a si mesma, examina a diferença de qualidade entre ela e o Criador, e pede para receber a força para corrigir seus próprios atributos.

A sabedoria da Cabala explica que o Criador é imutável. Sua atitude para com Suas criaturas é absoluta – Ele é bom e faz o bem, tanto para o bem quanto para o mal.

Todos sentem a pressão constante da Força Superior segundo sua distância Dela. Quando a pessoa está longe da Força superior, a pressão é intensa, e quando ela está perto da Força Superior, a pressão alivia.

Embora a Força Superior empregue diversos meios para atrair-nos para perto Dela, Seu propósito é sempre o mesmo – levar cada ser humano à perfeição. Se nós quisermos mudar para melhor, somos nós que devemos mudar. Nós temos que ascender a um nível superior, e em cada ascensão vamos nos sentir mais próximos do Criador e nossas almas estarão preenchidas e satisfeitas. Não há outro modo de induzir mudanças em nossas vidas.

Através da história, a humanidade implorou por uma mudança que viesse da Força Superior, mas a mudança nunca veio. A Força Superior espera que a mudança venha de nós. Enquanto nós não nos desenvolvermos por meio da sabedoria da Cabala, nossos caminhos permanecerão cheios de aflição. Os golpes que nos empurram por trás nos obrigam a encontrar outro lugar que pareça melhor. Mas isso dura pouco, até nós percebermos que o novo lugar não é tão bom quanto parecia. Assim, nós nos mudamos para outro lugar e a cena se repete.

Porém, se nós nos desenvolvermos através da Cabala, o nosso estado corrigido se projetará sobre o estado presente e o iluminará. Com essa Luz, nós saberemos como avançar. Se nós soubermos o objetivo correto, para começar, nós seremos atraídos a ele com satisfação. Esta é a diferença entre a evolução humana comum e a evolução de acordo com a sabedoria da Cabala.

Hoje, o mundo está se desenvolvendo inconscientemente, sem compreender as razões para sua existência. A humanidade não sabe para onde está sendo conduzida e por que cada pessoa nasce, vive e morre. A sabedoria da Cabala abre nossos olhos e nos guia para a perfeição e a eternidade que vêm ao obtermos o grau do Criador.

Quando nós começamos a examinar a nossa posição na realidade usando a sabedoria da Cabala, descobrimos que a atitude do Criador para conosco é intencional. Torna-se evidente que pedir ao Criador para mudar Sua atitude é inútil. Se nós avançarmos com a ajuda da Luz, o nosso ritmo excederá os sofrimentos e nós progrediremos mais rápido. Esse é todo o benefício do estudo da Cabala: acelerar o progresso espiritual para vencer o sofrimento.

Hoje, no início do século XXI, a humanidade está à beira do abismo: o abuso de drogas está em ascensão, e o desespero e o medo da destruição total não deixarão outra escolha à humanidade senão fugir do sofrimento que a incitará por trás.

De tudo o que foi dito, nós podemos ver claramente que descobrir que a atitude do Criador para conosco é intencional é de suma importância. Essa atitude do Criador nos capacita a nos dirigirmos a Ele como a um companheiro de viagem, e pedir-Lhe ajuda, sabedoria e força para progredirmos em Sua direção. Tal pedido é respondido pelo Criador instantaneamente. Ele revelará os Mundos Superiores, e nos ensinará como progredir.

Assim como nós ensinamos nossas crianças a usar a realidade circundante de forma sábia, o Criador ensina os Cabalistas. Ele revela os mundos espirituais a eles, e os aceita dentro desses mundos. Nesse estado, os Cabalistas sentem as Forças que agem na realidade e começam a participar do processo de forma independente e sábia.

A sabedoria da Cabala muda a pessoa, do progresso através da força negativa que nos impulsiona por trás, para um progresso mais fácil e rápido através da Força Positiva que nos puxa pela frente. A Cabala é única porque desenvolve nossa capacidade de reconhecer o mal e admiti-lo. Ela desenvolve percepções sutis e precisas do bem e do mal.

A dificuldade em discernir o bem do mal é que o verdadeiro mal – nosso ego – parece ser bom para nós. Nós estamos acostumados a tratar nossos egos como meios para nos desenvolvermos. De fato, nossos prazeres, nossas existências, nossa própria essência e nosso “eu” pessoal são sentidos em nossos egos.

A Cabala ajuda a discernir o que causa sofrimento, como ele pode ser reparado, e nos permite progredir em cada fase da evolução. A diferença entre um indivíduo altamente evoluído e um menos evoluído está na capacidade de discernir o bem do mal.

Nós podemos comparar isto a um medidor. Quanto menor for a unidade que o medidor mede, maior a precisão desse instrumento. O estudo da Cabala nos torna progressivamente sensível ao discernimento entre o espiritual e o material, entre a doação e a auto-recepção.

Se uma pessoa moderna tiver a oportunidade de conhecer a Cabala e as possibilidades que ela oferece, tal pessoa pode compreender seu propósito da criação: ascender através de todos os mundos até Ein Sof enquanto vive neste mundo físico.

 

A Atitude Correta Perante A Realidade

Cabala em hebraico significa “recepção”. Como o nome indica, a Cabala ensina como receber. Com a atitude correta perante a realidade, é possível experimentar uma satisfação infinita. Essa satisfação infinita não vem do sexo, da comida, de um novo carro, de uma casa grande, ou outros prazeres transitórios e mundanos. Ao contrário, ela vem daqueles prazeres que podem nos preencher com tanta felicidade que transcenderemos toda a sensação de tempo ao recebê-los.

Nós sentimos a passagem do tempo através de oscilações entre sentimentos bons e maus, ou sensações de satisfação ou ausência de satisfação. Porém, quando nós estamos em um estado de júbilo, tornamo-nos inconscientes do tempo. A sabedoria da Cabala nos diz que podemos eliminar o tempo, assim como a sensação de distância e quaisquer outros limites ou fronteiras. Aquele que atingiu tal estado está claramente vivendo em um mundo infinito e ilimitado.

As nossas vidas sempre conterão dois elementos opostos – prazer e desejo, positivo e negativo. O prazer que impregna o desejo sacia-o e o anula. Nós nos deparamos com esse fenômeno em cada área da vida. Quando o positivo neutraliza o negativo, nós acabamos não sentindo mais nada.

Enquanto estivermos nesse curto-circuito de prazer e desejo, permaneceremos presos numa equação cujo resultado é zero. Porém, coloque um resistor entre esses opostos e eles trabalharão perfeitamente, criando uma satisfação perpétua.

Os Cabalistas explicam que o prazer tem origem na Força Superior. Essa Força nos envia prazer porque nos ama. Quando nós tentamos receber o prazer diretamente, o prazer anula o nosso desejo de aproveitá-lo, e assim, o prazer acaba.

Porém, existe outra maneira de nos relacionarmos com o prazer: se nós pudéssemos descobrir o amor da Força Superior para conosco e devolver Seu amor com o nosso, nós nos tornaríamos equivalentes à Força Superior. Cada parte desejaria satisfazer a outra, e o desejo de satisfazer a outra seria o prazer de cada parte. Então, o prazer teria origem em cada parte, como conseqüência do amor dessa parte pela outra. É por isso que o prazer do amor não extingue o desejo por ele, e a criatura recebe uma sensação infinita de prazer, que é sentida como vida infinita.

Vamos esclarecer isto com um exemplo: quando uma mãe dá um doce à sua filha, a filha experimenta o prazer do sabor do doce. Assim que o doce acaba, o prazer desaparece. Porém, se a filha se relaciona com sua mãe, em vez de se relacionar com o próprio doce, ela pode pensar no amor de sua mãe por ela, que é a razão pela qual ela lhe deu o doce. Assim, ela poderá decidir receber o doce não porque ele é gostoso e agradável, mas porque ela quer retribuir o amor de sua mãe.

O modo pelo qual ela poderia expressar amor por sua mãe seria receber o doce que sua mãe quis lhe dar. Portanto, a filha não se relacionaria com o prazer do doce, mas com a alegria que sua mãe recebeu do prazer da filha com o doce.

Isso cria uma relação completamente nova entre o doador e o receptor. Agora, eles devem se igualar. Portanto, o problema do positivo e do negativo que se neutralizam é resolvido porque o receptor – o negativo – tornou-se um doador – o positivo. Se o vaso recebe a Luz somente para retribuir o amor do Superior, ele se equivale completamente ao Doador, o Superior. O prazer não mais extingue o desejo, e o prazer permanece.

Não importa quem dá ou quem recebe. Somente a intenção é que interessa, o modo pelo qual nós nos relacionamos com o dar e o receber. Nós podemos nos relacionar com a Força Superior de tal modo que não seremos receptores em relação a Ela, mas doadores. Tal intenção nos capacitará a receber não porque desejamos o prazer, mas porque queremos agradar a Força Superior.

No fim do processo, e porque nós agimos do mesmo modo que a Força Superior, nós adquiriremos gradualmente Sua razão, estatura, e nível. Quando conseguirmos executar esse processo internamente, começaremos a sentir uma conexão com a Força Superior; nós sentiremos que adquirimos Sua razão, que estamos aprendendo a receber Dela e como podemos doar-Lhe prazer. Basta esse simples ato de mudar a intenção, para que nos tornemos progressivamente equivalentes à Força Superior eterna e ilimitada.

Para fazer isto, nós precisamos da revelação da Força Superior, da sensação de que há uma Força Superior, que Ela nos ama e quer nos preencher abundantemente. Se nós sentirmos tudo isso, começaremos a sentir a relação entre nós e a Força Superior. Portanto, a única dificuldade diante de nós é encontrar um modo de descobrir a Força Superior, senti-La e manter contato com Ela.

O estudo da Cabala ajuda qualquer pessoa a desenvolver essa espécie de contato. Essa relação entre o ser humano e a Força Superior começa assim que a pessoa sente que há um “campo” que sustenta toda a realidade, uma Força Superior, e que ela está dentro dele. Se nós apenas começamos a sentir que essa Força existe, e que Ela se relaciona conosco de uma forma amorosa, desejando que nós a conheçamos e nos aproximemos Dela, nós começaremos a desenvolver esse tipo de relação de forma natural.

Pessoas que experimentaram a morte clínica falam de uma Luz sublime que nos espera, e muitos cientistas também estão começando a considerar conceitos similares. Mas não é necessário experimentar tais apuros para sentir essa Luz. O estudo da Cabala pode, gradualmente, capacitar- nos a sentir a Força superior. Nós começamos a investigar a realidade e a agir de acordo com o que descobrimos e percebemos.

Quando nós sentimos essa Força fora de nós, descobrimos que a Força Superior nos ama; então, nós começamos a sentir que a Força Superior existe para nos beneficiar, e que Ela quer que sintamos prazer. Nós desenvolvemos nossas atitudes de modo recíproco.

Não há fantasia aqui; essas coisas são bem reais e mensuráveis. Os Cabalistas medem a forma e o poder com que essa Força chega até eles, a pressão que Ela faz sobre eles, a resistência correspondente que eles precisam aplicar, como eles podem se conectar a Ela, assemelhar-se a Ela, em qual dos seus desejos eles já podem ser como Ela, e em quais eles ainda não podem.

Os Cabalistas são influenciados pela Força Superior e retribuem seu amor na medida em que a Força Superior se apresenta a eles como amorosa, como desejosa de beneficiá-los.

Nós somos “vasos que sentem”; portanto, tudo começa com nossa sensação da Força Superior. Todos nós queremos algo. Se nós pudéssemos sentir que esse algo veio de alguém, nossa atitude em relação à realidade mudaria drasticamente; agora, nós teríamos alguém com quem nos relacionarmos. O estudo da Cabala pode nos ajudar a sentir a Força Superior, a sensação do Doador.

 

A Realidade Exterior

Quando nós começamos a sentir a Força Superior e construímos um relacionamento com ela, também começamos a sentir a realidade exterior. Os Cabalistas dizem que não há nada à nossa volta exceto a Força Superior, e que nós estamos em um campo que preenche toda a realidade. Quando nós começamos a sentir esse campo, nossos corpos tornam-se completamente insignificantes. Nós começamos a sentir onde existimos de forma permanente, sem fim, com ou sem nossos corpos. Em tal estado, nós não dependemos mais das sensações que recebemos através de nossos cinco sentidos.

Nós começamos a perceber a realidade exterior além dos cinco sentidos, em adição à nossa percepção sensorial natural. Quando isso acontece, a vida ou a morte física não importam mais. Esse estado está acima da sensação de vida que experimentamos enquanto estamos em nossa “caixa”; tornamo-nos conectados à corrente infinita da vida que nos cerca. Embora continuemos a existir neste mundo, nós vivemos simultaneamente em todos os mundos, para sempre.

Tal sensação é provocada pela percepção das duas formas da realidade: a realidade percebida em nossos cinco sentidos, e a realidade exterior. De fato, a sensação da realidade exterior ofusca a sensação da realidade percebida em nossos cinco sentidos, porque ela é muito mais intensa, vasta e ilimitada.

 

Cruzando A Barreira

Quando a Força Superior se apresenta para uma pessoa como amorosa, e evoca a Forma de doação nessa pessoa, ela “cruza a barreira” e entra no “mundo espiritual”. Esse processo é muito semelhante ao modo como foram desenvolvidas as fotografias. Quando eu era criança, nós tirávamos fotos em um filme e mergulhávamos o filme em produtos químicos para desenvolver as imagens. Quando o filme era imerso nos produtos químicos, podíamos ver como a imagem gradualmente se tornava mais clara.

Nós estamos acostumados a tratar o mundo como uma realidade onde as pessoas, organizações e instituições públicas influenciam o curso de nossas vidas, tal como nossos vizinhos, empregadores e o governo. Lenta e gradualmente, através de ações dirigidas a descobrir a Força Superior, nós começaremos a sentir o que realmente está por trás de cada coisa que acontece no mundo. Nós começaremos a perceber como essa Força maneja as pessoas como marionetes presas a fios, e compreenderemos o que Ela quer de nós.

Lentamente, através de nossas experiências de vida, nós começaremos a perceber que tudo vem de uma única atitude de alguém, dessa Força Superior que age sobre nós. Esse é o ponto onde a sabedoria da Cabala realmente inicia.

Tudo o que acontece antes disso é chamado de “período de preparação”, anterior ao cruzamento da barreira. A partir do instante que a pessoa começa a sentir a Força Superior, e entra em contato com ela, começa a entender as instruções contidas nos livros de Cabala que são escritos especialmente para o leitor. Esses livros dizem aos Cabalistas o que eles devem observar, fazer, e que reações devem esperar.

Esse processo é semelhante ao modo como adultos ensinam crianças a se comportar. Como as crianças não conhecem as regras de conduta neste mundo, nós as advertimos sobre coisas que podem prejudicá-las e sugerimos como elas devem se comportar. Os Cabalistas escreveram suas instruções para nós exatamente da mesma maneira. Os livros de Cabala são, de fato, manuais que nos informam como podemos avançar mais rapidamente e melhorar nossa relação com a Força Superior, uma relação que chamamos “o mundo espiritual”.

 

Equivalência De Forma

Até aqui, nós estabelecemos que a natureza da Luz é oposta à do vaso: uma é doadora e a outra receptora. Quando a Luz preenche o vaso, ela o anula. Em outras palavras, o desejo de desfrutar é neutralizado pelo prazer que o satisfaz. Como resultado, as pessoas estão ocupadas com uma busca constante por novos prazeres, mas nunca conseguem mantê-los. Nenhum prazer real é possível enquanto o contato entre a Luz e o indivíduo for baseado no fato do indivíduo ser um receptor.

Para receber o prazer verdadeiro, a pessoa precisa receber com a intenção de agradar a Força Superior. Se mantiver essa intenção, ela será satisfeita e será sempre doadora. A vantagem de tal recepção é dupla: a pessoa é satisfeita tanto com o prazer quanto com o reconhecimento do Doador. Se a pessoa recebe com o objetivo de agradar a Força Superior, ela começa a conhecer essa Força Superior, a qual, por sua vez, dá à pessoa que recebe uma sensação da realidade exterior.

Se nós recebermos apenas com interesse egoísta, sentiremos somente a nós mesmos. Receber com a intenção de doar à Força Superior, permite-nos conhecê-La. Através de tal recepção, nós transcendemos nossa própria “caixa” e experimentamos a realidade à nossa realidade.

A sensação da realidade exterior leva-nos a um nível de existência que supera a existência da vida e da morte neste mundo. A recepção com interesse egoísta, chamada “recepção corporal” é desqualificada, e a pessoa transcende para a recepção na alma, chamada “recepção para doar” à Força Superior.

Para que a pessoa comece a receber para doar, ela precisa sentir a Força Superior. A sensação da Força Superior como Doadora provoca vergonha no receptor, resultando na decisão da pessoa de receber apenas sob a condição de que ela possa retribuir prazer ao Doador.

Porém, a Força Superior está oculta em nosso mundo. Se ela fosse revelada, nós desfrutaríamos um duplo prazer egoísta, do prazer e do contato com o Superior. Tal estado, nos “prenderia” egoisticamente à Força superior, extraindo prazer Dela, e jamais seríamos capazes de mudar, devolvendo amor ao Doador.

Portanto, a primeira condição para a sensação da Força superior é livrar-se do egoísmo. A sensação da existência da Força Superior não pode ser percebida no ego humano. Se nós percebêssemos a Força Superior com nosso desejo egoísta, nos tornaríamos uma Klipa (casca). A Klipa é um desejo egoísta tão intenso que a pessoa é incapaz de fugir. O único modo de livrar-se do ego é igualar-se em forma com a Alma Coletiva.

 

A Alma Coletiva

Todos nós fomos criados como um Kli (vaso) chamado Adam ha Rishon (O Primeiro Homem). Nós estamos unidos nesse Kli como partes de um sistema único. Para permitir que o Kli seja corrigido, a estrutura espiritual de Adam ha Rishon fragmentou-se em numerosas partículas. Essas partículas são as almas individuas que revestem nossos corpos neste mundo. O resultado da fragmentação é que cada pessoa está confinada em seu desejo egoísta, inconsciente dos outros e sentindo apenas a si mesma.

Atualmente, após um longo período evolutivo, as pessoas estão começando a sentir os pontos em seus corações, os pontos que as levam a se reconectar com a Força Superior, a buscar a espiritualidade. Nesse estágio, nós precisamos obter a força para superar o nosso egoísmo e transcendê-lo, pois assim seremos capazes de nos conectar com a Força Superior e nos aproximar Dela à medida que nos igualamos a Ela.

O modo de nos conectarmos a Força Superior é nos unirmos com aqueles que compartilham a mesma meta espiritual. Embora cada um esteja subjugado ao seu desejo de receber individual, todos querem transcendê-lo. Tal ambiente social é definido como “ambiente espiritual”. Com isto, a pessoa consegue quebrar o muro que a separa dos demais.

Embora os que estão em um “ambiente espiritual” ainda possam ser egoístas, eles ainda assim estão dando o melhor de si para criar uma estrutura semelhante à estrutura corrigida da alma de Adam ha Rishon. Sozinhos, nós não teremos sucesso nessa tarefa, pois ela contradiz a natureza humana. O que nós podemos fazer é adquirir um desejo intenso e nos unirmos aos outros.

É aí que entra a sabedoria da Cabala. Os livros Cabalísticos descrevem o estado corrigido das almas e a diferença entre estes e os estados corrompidos. A principal diferença está na intenção com a qual usamos nossa natureza. A correção significa que nós mudamos o propósito para o qual usamos nosso desejo: de causar autogratificação, para beneficiar aos outros.

Quando nós estudamos corretamente a Cabala genuína, chegamos a imaginar o nosso próprio estado corrigido. Essa imagem estimula a Luz que já preenche o nosso estado corrigido a corrigir nossa alma. Uma vez que essa Luz corrige nossa alma, Ela a preenche, e nós começamos a experimentar o mundo espiritual.

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Não existe tempo no mundo espiritual, nem espaço, nem movimento. Os Mundos Superiores não estão acima de nós no sentido físico do mundo. “Ascensão” na verdade significa “recuperar a consciência”. O estudo da Cabala exige que nos libertemos de nossas vestimentas corporais das sensações e percepções familiares mundanas, e penetremos dentro da matéria, nas Forças por trás dela.

Na espiritualidade, nós nos transformamos de observadores da realidade, em conhecedores das Forças que a descrevem. Nós começamos a entender como é feita a realidade, adquirimos a capacidade de nos conectarmos com as Forças que criaram a imagem e que, no final, governam- na. A Cabala é a nossa chave para a “Sala de Controle” da realidade.

 

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