CAPÍTULO 2

Do livro “Sabedoria Maravilhosa”

ESPIRITUALIDADE

Espiritualidade. A própria palavra provoca uma cavalgada de descrições, que varia entre o que encontramos no fundo de uma garrafa de tequila, a religião, a cultos, a fantasmas e a gnomos. Mas o que é essa coisa a que chamamos de “espiritualidade?” É um lugar como o céu? É uma religião como o Cristianismo, o Judaísmo ou o Islã? É uma condição? É um estado de espírito? Ou é uma combinação?

Se considerarmos a carência do qual sofremos, nós podemos resumi-la. Seja o que a espiritualidade for, não é definitivamente daqui, deste mundo em que vivemos, comemos, dormimos, respiramos e satisfazemos uma quantidade generosa dos nossos desejos. O tema tem sido discutido, refutado, pontificado, enterrado, e ressuscitado mais vezes do que pode ser enumerado. Contudo, qualquer que seja a razão, uma definição única de “espiritualidade” ainda nos escapa.

Tendo sido examinada de vários sentidos, a maioria das pessoas concorda com um fato: a espiritualidade é onde a “alma” reside. Em outras palavras, é o meio ambiente da alma. Isto é tudo muito bom, mas não define nada até sabermos o que é uma alma. É como dizer a alguém de outro planeta que “isto é uma casa de cachorro” sem saber o que é um cachorro.

Em geral, existem quatro atitudes comuns acerca da alma, bem como da nossa existência física e espiritual. Essas quatro atitudes são religiosa, secular, científica e filosófica. A seguinte descrição é retirada de “Attaining the Worlds Beyond” e oferece uma breve explicação de cada uma:

 

DEFINIÇÃO RELIGIOSA DE ESPIRITUALIDADE

Vestida dentro de cada um dos nossos corpos físicos, há uma entidade eterna chamada de “alma”. A alma é eterna, e como objeto não tem praticamente nada a ver com o mundo em que vivemos fisicamente, salvo se habita um corpo. Tem uma existência completamente independente do corpo físico e existe antes, durante e depois da existência do corpo físico.

A alma não é um “corpo”, como o conhecemos, não tem órgãos ou atributos físicos, e pode ser considerada “una” ou indivisível. É como dividir a água de um cântaro por três copos, a água em cada um dos copos contém todos os elementos da substância original, não faltando nada. A alma contém certas qualidades que ela expressa, quando vestida em um corpo físico. Mais ainda, o corpo físico assume as qualidades espirituais da alma, enquanto esta  o habita.

O próprio corpo é simplesmente uma substância física e biológica sem características próprias até que a alma o habite. O domiciliar de uma alma num corpo é chamado de “nascimento” físico e a saída de uma alma de um corpo é chamada de “morte” física. Sem a alma, o corpo não se move ou interage de forma nenhuma, porque a alma é responsável pela vida e movimento do corpo.

 

SECULAR

Esta abordagem também é conhecida como abordagem “dualista”, para explicar a existência da alma, bem como para explicar a  nossa  existência física. A maior parte dos estudantes universitários que tiveram aulas de biologia está muito familiarizada com uma experiência que foi repetida muitas vezes. Sob as condições correta, químicos, gasosos e sólidos são misturados dentro de uma câmara de vácuo, uma faísca elétrica é induzida e pronto, a vida instantânea aparece. A descoberta de tal ciência levou a uma expansão da  idéia religiosa inicial. Ela é algo como isto:

Com certeza as almas habitam os corpos, mas não necessitam fazê-lo para que o corpo físico exista. O corpo biológico pode existir como uma unidade totalmente independente, capaz de executar todas as funções da vida. Ele exibe qualidades próprias, apesar de nenhuma ser espiritual. Mas aqui é que está a questão. A fim de possuir realmente qualidades espirituais, a alma deve habitar o corpo, tal como no conceito original religioso. E, uma vez que a alma é uma entidade espiritual, o corpo é o destinatário das boas qualidades unicamente quando habitado pela alma. Caso contrário, ele é simplesmente como qualquer outro animal, até ao momento em que é habitado pela alma.

Mas a alma é a força controladora atual, porque é o que faz o corpo nascer e o mantém também.

 

CIENTÍFICA

Esta abordagem também é conhecida como a atitude “descrente”.

Basicamente esta idéia nega completamente a existência de uma alma ou espiritualidade. Na verdade, a única coisa que existe é o que está aqui, o que pode ser visto ou detectado fisicamente. Todo o evento que o corpo realiza é uma função dos cálculos do cérebro no que diz respeito à dor e prazer. Os dados são recebidos através dos nossos sentidos e analisados pelo cérebro, que então determina se o que está sendo percebido causa dor ou prazer.

O cérebro também tem a capacidade de armazenar informações sobre o que ele tem vivido como dor ou prazer. Ele tenta recriar as situações de prazer repetidamente. O inverso também é verdadeiro no que diz respeito à dor. Portanto,  neste  conceito,  quase  tudo  funciona  por  exemplos  e  memória.

Naturalmente, o cérebro é capaz de adivinhar o que percebe como prazer e  que algo semelhante vai também produzir prazer.

Então, nesta visão, o que nos separa dos animais? A diferença  entre nós e digamos, o dedicado animal de estimação que está deitado a seus pés, é simplesmente o desenvolvimento avançado do cérebro humano. O cérebro humano analisa e atua em centenas de milhares de vezes mais dados do que o seu companheiro animal. Esta enorme quantidade de análise é a nossa “razão” e é a responsável pela nossa superioridade sobre qualquer outra criatura.

Esta razão decorre tanto da quantidade de dados que podemos processar e da velocidade com que os processamos. Assim, os animais são categorizados pelo volume e velocidade com que analisam e processam. Evidentemente, esta abordagem é de longe a mais científica. Ela se baseia totalmente no que temos diante de nós, o que podemos ver ou detectar através de experiências científicas. A base para toda a ação ou não ação do que fazemos, é o tratamento de dados que chega até nós através do nosso ambiente.

A desvantagem desta abordagem é que retira qualquer conceito romântico de humanidade e relega-nos a meros escravos do nosso ambiente, constantemente calculando prazer versus dor. Qualquer conceito de  livre arbítrio vai direto pela janela fora, sendo todas as nossas ações apenas uma combinação da nossa composição genética inicial e do nosso ambiente. Deste grande enigma, que não atrai a maioria dos cientistas, veio a tentativa final de criar uma abordagem mais saborosa que nós referimos como “filosófica”.

 

FILOSÓFICA

O conceito “filosófico” ou “moderno” retira o melhor de todos os três conceitos e tenta fornecer uma explicação para a nossa existência física e espiritual. Sim, a alma existe. Sim, a alma é o verdadeiro “nós”. Sim, a alma é um ser eterno e espiritual. Sim, a nossa composição genética e o ambiente afetam fortemente a nossa maneira de ser. Claro que, e mais uma vez, levantamos muitas questões, mais do que as que respondemos, mesmo que combinemos estas três definições.

No fim de contas, os três conceitos que aceitam a existência da alma não nos conseguem explicar como ela se relaciona ao corpo, neste mundo.  Nós sentimo-nos mais confortáveis com o que podemos ver, ouvir, cheirar, tocar e sentir. No entanto, a versão científica da espiritualidade deixa completamente sem resposta, esta sensação de carência, incrivelmente forte. O que a maioria de nós acaba fazendo é fantasiar sobre o espiritual, simplesmente assumir que ele existe. Aqueles que acreditam que não há nada para além do que temos aqui são muito poucos, pois quem quer acreditar que  a sua existência termina com a morte física?

Aqui estamos nós, lutando contra uma velha dicotomia. Nós queremos acreditar em espiritualidade e na alma, mas não temos por base, absolutamente nada de concreto. Se aplicarmos o nosso raciocínio normal para o problema, a nossa conclusão lógica é muito dolorosa para a maioria de nós engolirmos. Para resumirmos o problema ao básico, não podemos logicamente dizer que “aceitamos” a existência de algo a não ser que realmente a experimentemos. Nossa única solução seria, de alguma forma, experienciar a percepção de algo espiritual, ainda que não tenhamos nenhuma idéia concreta de perceber o que definimos como “espiritual”… ou temos?

Quase todo mundo tem uma opinião sobre o que a espiritualidade é,  mas quase ninguém tem qualquer ligação com o mundo espiritual ou qualquer idéia como ele funciona. As pessoas têm argumentado que o espiritual pode ser entendido através das artes, como música, ou através da ciência, da religião, até mesmo psicologia. Mas a espiritualidade realmente só pode ser compreendida quando experimentada. Isto significa que uma pessoa precisa  de algum modo ser capaz de entrar no “local do espiritual”, de pesquisá-lo e determinar quais as suas propriedades. Por outras palavras, devem empreender um processo de descoberta. A ferramenta para este processo é chamada de “Cabala”.

Cabala é um sistema claro e conciso, que nos ajuda a descobrir essa misteriosa carência, e fornece-nos então um método comprovado para preenchê-la. Não se pode atingir o espiritual através do psicológico ou qualquer outro meio terrestre. Métodos que envolvem meditação ou música especial, certamente produzem fenômenos psicológicos que nos fazem sentir bem, mas que não é a espiritualidade a que me refiro.

O mundo espiritual a que me refiro só pode ser revelado através de uma sabedoria que se apresente como um ramo, uma tábua de salvação, uma conexão entre o “aqui” e o “lá”. O nosso mundo, bem como o espiritual, operam através de forças. O estudo do método da Cabala é um sistema complexo composto do trabalho da pessoa, que atrai sobre si uma força muito especial e única.

A esta força especial a Cabala refere-se como “Luz” que desperta o desejo espiritual em nós, o desejo de preencher a carência que originalmente nos trouxe em busca de respostas. Esta carência é o nosso desejo de  continuar a viver neste mundo, mas essencialmente no corpo animal a partir de uma perspectiva física. O que muda é tudo o que tem a ver com as nossas mentes e os nossos desejos; devem operar numa frequência totalmente diferente, como que rompendo uma barreira invisível para outro mundo.

Este tipo de descoberta espiritual que geralmente cunhamos de “realização” não pode ser vista, apresentada ou dada a conhecer a ninguém.  As pessoas que não a experimentaram, não podem sentir ou compreender as explicações para tal. Realização é um sentimento único, completamente íntimo, uma sensação que é alcançada através do estudo desta sabedoria  maravilhosa.

Colocado de uma maneira simples, a Cabala é um método que permite uma pessoa experienciar e investigar o espiritual. Ao fazê-lo, descobre e atinge diversos graus espirituais e estados. O processo que nos permite ter estes discernimentos    incríveis    deriva     de     um    conceito    espiritual    chamado “Equivalência da forma”, que será descrito em detalhe neste livro.

Para começar, vamos fazer um breve resumo do que está exatamente contido no espiritual. Basicamente, existem dois elementos e um processo. Estes dois elementos são o Criador e a criatura. O processo é um método semelhante a uma máquina que começa com estes dois elementos, afastados um do outro como o oeste do leste. Através de uma sucessiva série de etapas espirituais, a criatura lentamente se aproxima do seu Criador. Ao fazer isto, mais e mais, o Criador é revelado gradualmente.

O CRIADOR

A Sabedoria da Cabala, a nossa ferramenta de pesquisa, utiliza a sua própria linguagem específica, a fim de descrever certos aspectos da vida espiritual. Por exemplo, termos como Deus, Criador e Emanador são realmente os rótulos de forças específicas e graus. Os diferentes nomes de Deus usados dentro da Sabedoria simplesmente descrevem a nossa percepção  de  uma única Força de uma perspectiva diferente do experimentado anteriormente. Por outras palavras, a diferença entre um grau espiritual e outro, não significa que o Criador tenha mudado, é só que um pouco mais Dele nos foi revelado porque nós mudamos.

Muitos, quando começam os estudos, estão sob o equívoco que a Cabala é mais do que uma Força, mas não é. Eles perguntam: “Quer isto dizer que não existe uma única Força, uma Força suprema em todo o universo?”  Pelo contrário, é a nossa mudança de perspectiva que provoca esta ilusão de que há mais do que uma Força e diferentes Luzes – estas são diferentes percepções do Criador.

Nós experimentamos um grau de cada vez, assim, tudo o que nós experimentamos como o grau imediatamente superior, percebemos sempre como o Criador. Na verdade, quando descobrimos um grau, ele vai parecer tão perfeito, tão certo, que achamos virtualmente impossível que haja qualquer outra coisa, exceto este grau. A nossa experiência é “É isto, eu encontrei tudo”. No entanto, com o passar do tempo, outra camada será adicionada, desde que continuemos a trabalhar nesse sentido.

Pode-se olhar também para este processo a partir de outro ponto de vista. O Criador também pode ser considerado como a Coleção das Forças que vamos descobrindo, a Soma das partes. Esta Força Coletiva na verdade, controla todo o sistema da criação. Sob esta perspectiva, o Criador é Uno e é completamente Único. Esta força, o Criador, tem apenas uma única missão, deliciar Suas criaturas, de qualquer maneira possível, para que possam ser deliciados. Esta é considerada a lei principal dos mundos espirituais.

Todas as outras leis são um ramo dessa lei, que caem em cascata e são responsáveis por tudo o que acontece. Como devemos observar esta lei? A resposta mais simples, é que cada coisa que acontece a você a cada segundo do dia, tem um único objetivo: levá-lo ao ponto de êxtase absoluto, e ser completamente preenchido pela Luz do Criador.

A Cabala rompe a estrutura do espiritual em pedaços, depois esses pedaços em mais pedaços. Pode-se também visualizar toda a estrutura, como uma cebola com cinco camadas. No centro está o coração, o Criador. Nós, as almas, estamos na camada mais externa da cebola. Estamos ocultos do Criador por estas cinco camadas, que a Cabala chama de “mundos”.

Pode-se pensar nestas camadas como revestimentos, ou véus, que escondem o que está no interior. A primeira camada da cebola, o primeiro mundo, é chamado Adam Kadmon. Os mundos seguintes, as camadas adicionais entre o Criador e nós, a Cabala dá os nomes de Atzilut, Beria,  Yetzira e Assiya, a camada mais externa.

Do ponto mais íntimo, do coração da cebola, o Criador puxa-nos para ele. Se colocarmos uma bala de canhão na nossa cama, depois uma bola menor na beira da cama, observamos que a bola menor impulsiona-se em direção á bala de canhão. Evidentemente, todos nós já testemunhamos o efeito da gravidade. O Criador funciona de maneira muito parecida com esta força, puxando constantemente as Suas criaturas para mais perto Dele.

Quando nós, como Suas criaturas, sentimos aquele rebocar, a puxar para o interior, normalmente sentimos isso como dor. Essa dor é o resultado da nossa resistência. Mas quando começamos a colaborar com essa Força e a trabalhar com ela, com a intenção de chegarmos mais perto do Criador, nós não iremos sentir qualquer dor. Em vez disso, a Força vai se tornar uma fonte de prazer. Ela será uma boa sensação. Evidentemente, a antítese também está correta. Quanto mais nós resistimos, mais dor se sente. Esta é a fonte dos nossos problemas e dos problemas que a sociedade enfrenta como um todo

Assim, podemos olhar para a Cabala de uma maneira diferente. Sua sabedoria maravilhosa fornece-nos um método com o qual podemos ver, de modo a que não importa qual seja a situação ou circunstância, estamos sempre de acordo com essa Força. Ao fazê-lo, estamos sempre indo na direção certa, na direção do Criador. Assim, embora a Cabala não dê respostas aos nossos desejos no nosso mundo, tem um propósito ainda mais importante:  dar-nos uma percepção de uma nova realidade que se abre diante de nós, uma vida nova que nos satisfaça.

Igualar o Criador significa ser igual a Ele em todas as manifestações. Não faz referência à Força Superior em si, mas à forma como Ele se relaciona às coisas, como Ele aparece diante de nós, dentro de nós, como um Poder Supremo, como Essência, da mesma forma que Ele quer que você O sinta. Uma palavra de cautela é necessária aqui. O acima exposto não quer dizer que nos tornamos Deus ou que nós somos Deus. Significa simplesmente que quando entramos no espiritual, sejamos capazes de igualar o atributo do Criador (i.e. outorga), não a Sua essência. Esta confusão levou a equívocos graves onde as pessoas pensaram, “Nós somos Deus”.

O Criador nos criou do Seu desejo de dar, de conceder. Ele criou a nossa vontade de receber exatamente na mesma quantidade que ele queria dar. É por isso que temos de alcançar tudo o que Ele nos quer dar – a eternidade, a força, a perfeição, o controle total. Portanto, a nossa meta é obter as mesmas características.

A principal lei da criação é a singularidade do Criador – Um só e único Poder que controla tudo.

A segunda lei da criação é que o Criador é totalmente benevolente.

Nós não podemos resolver a contradição entre estas  duas leis, como elas aparecem na nossa concepção da realidade. Se nós explorarmos o mundo que nos rodeia, certamente não parece que o Criador está sendo benevolente. Mas as pessoas que alcançam a equivalência da forma irão dizer-lhe que não é teoria, mas puro fato. Como eles sabem isso? Eles descobrem este fato dentro dessa sensação do Criador. As pessoas, que entram no espiritual e trabalham para a obtenção de equivalência da forma são chamadas de “Cabalistas”.

O trabalho que eles executam é chamado de “correção”. Esta correção não é como a correção de uma criança que se tenha comportado mal, mas  mais como a correção feita quando se sintoniza a estação no rádio, recebendo assim a estação mais claramente. Haverá muito mais sobre isto mais tarde.

A CRIATURA

Como criaturas, nós estamos no centro da criação do Criador.  Nós fomos criados para um único propósito: primeiro, para estabelecer contato com Ele, depois começar um relacionamento com Ele. Evidentemente, nosso objetivo final é realizar, ou seja, transformar em realidade o Seu único propósito, o deleite da Sua criação. Nós realizamos esta tarefa através de um processo chamado de “correção”, que significa conseguir a equivalência da forma.

A correção de uma pessoa torna possível, ela ser preenchida com a Luz do Criador, que significa sentir o Criador. Esta sensação é exatamente onde experienciamos o mundo espiritual. Para realizar a nossa tarefa, devemos estar completamente preenchidos com o Criador. Partimos de um estado que a Cabala chama de “este mundo”, onde o Criador está totalmente oculto de nós.

Os mundos espirituais são medidas de ocultação do Criador de Suas criaturas. A fim de esclarecer este ponto, deixe-me repetir que os mundos espirituais não são mundos como pensamos deles na corporalidade. Eles são apenas ferramentas de medição, os seus rótulos são semelhantes a sinais de diferentes níveis de ocultação do Criador.

A nossa percepção inicial, aquele primeiro contato, é considerada a ascensão da alma ao primeiro grau espiritual. O que acontece depois? A alma continua  o  processo  de  correção,  tornando-se  mais  e  mais  semelhante ao Criador. Claro que, em cada grau atingido, nós sentimos muito mais fortemente o Criador. Então, a certo ponto, chegamos a uma etapa final da nossa correção pessoal. A Cabala chama a isso de Gmar Tikkun, ou o “fim da correção” da alma.

A CORREÇÃO

O desejo de apreciar o que foi criado pelo Criador é chamado de “criatura”, ou “substância” da criação. No entanto, este desejo não pode ser preenchido na sua forma primitiva, porque assim que é preenchido com prazer, a alegria desaparece. Qualquer um, que já mergulhou numa enorme fatia da sua sobremesa favorita experimentou este fenômeno. Quanto mais comemos, a mais deliciosa das sobremesas, menos nos deliciamos. Na verdade, se nós comermos demais, vamos acabar doentes.

Portanto, há um problema. Os desejos que experimentamos são incompletos. A intenção do Criador desde o início foi fazer o desejo completo. No entanto, isto só acontece quando a nossa intenção é semelhante ao atributo de outorga do Criador, pelo nosso livre arbítrio. Uma vez que este atributo não é limitado na sua utilização pelas emoções, podemos alcançar a perfeição e a eternidade. Uma pessoa pode se cansar da sobremesa, mas se sente prazer dando-a a mais alguém, então o prazer simplesmente continua a  crescer, nunca negando o desejo.

Correção, significa que cada pessoa é obrigada a transformar a vontade de auto-prazer em vontade de agradar ao Criador. Ao executar esta simples tarefa, o resultado é que o nosso desejo de desfrutar iguala justamente o  desejo do Criador em nos dar prazer. O principal ponto aqui é que o Criador está levando a Sua criação a um ponto, onde ela pode realmente usar o seu único atributo, o desejo de receber, de uma maneira correta.

Assim, a correção pertence apenas à correção do objetivo, acima dos desejos que aparecem numa pessoa. Por outras palavras, para cada desejo único que aparece numa pessoa, ele ou ela deve, eventualmente, utilizá-lo  para beneficiar os outros. É importante notar que estas correções não podem ser realizadas pela criatura, mas sim pelo Criador. Por outras palavras, elas  são realizadas num grau espiritual mais elevado, do que o nosso atual. Nós nunca temos a força para realizar auto-correções. Devemos simplesmente cultivar o desejo de sermos corrigidos, que é uma oração para a correção, até certa intensidade. O Criador vai cuidar do resto. O próximo grau superior irá executá-lo. Aqueles que estão sendo ou que tenham sido submetidos a este processo de correção são chamados de “Cabalistas”.

Para uma verdadeira correção, temos de escolher um lugar que sentimos no nosso coração, ser exatamente o lugar certo para nós

Esta necessidade não precisa ser por causa da presença de um grande professor,  altamente  considerado  pelos  outros,  e  também não  porque esse professor é eloquente e instruído. É preciso escolher um local onde as coisas faladas, são as que se deseja saber, de coração.

Então o que devemos fazer quando começamos a perceber o nosso propósito e a necessidade de cumpri-lo? Como é que começamos este processo de revelar o Criador? Devemos procurar em nossos corações e sermos honestos com nós mesmos, não concordando com nada a menos que achemos certo. Isto inclui até mesmo a menor das coisas, porque a alma deve encontrar o local onde ela será corrigida.

A primeira pergunta que a maioria das pessoas que descobrem esta carência faz, é: “Como é ter a sensação do Criador?” A sensação do Criador não pode ser descrita com precisão, em palavras. Por quê? Nós simplesmente não temos palavras para descrevê-la, apesar de ser uma sensação muito real, de fato, conforme está escrito: “Prove e veja que o Senhor é bom”.

 

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