Prefácio

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

Acho que todas as crianças passam por um período de fazer as “grandes” perguntas. As minhas foram: “De onde nós viemos?”, “Para onde nós vamos quando já não estamos aqui?” e, especialmente, “Qual é o propósito da vida?”. Talvez devido ao fato de que meus pais fossem médicos, eu me sentia naturalmente inclinado a buscar as respostas na ciência. E talvez porque eu estivesse procurando na ciência, as respostas que encontrei tinham natureza mais abrangente e geral.

Minha opção científica foi a Biocibernética médica, para ser exato. Isso se tornaria minha ferramenta de pesquisa. Na época, a Cibernética era um campo de novas e inovadoras pesquisas, permitindo aos cientistas explorar sistemas  complexos  e encontrar os mecanismos para controlá-los. Eu estava particularmente interessado no corpo humano e seus sistemas de controle. Com a Cibernética, eu tinha tentado desvendar o segredo da existência humana: o corpo e a alma que (assim eu acreditava) o habitava.

Minhas esperanças, porém, foram frustradas. Sim, a ciência me ensinou muito sobre a vida, ou melhor, sobre como uma nova vida começa e como é sustentada. Não me ensinou, no entanto, nada sobre as questões mais fundamentais do significado que conduziu    minha     pesquisa:     o     que     é     a     vida     e     para     que     serve?    O desejo de decifrar o significado da vida me manteve interessado, sondando cada fragmento de dados que eu pude encontrar. Eu continuei minha busca na ciência, na filosofia e até mesmo na religião, até ganhei uma infinidade de novos conhecimentos e compreensão da vida. Assim como na minha experiência inicial com a cibernética, nada disso, porém, parecia resolver questões mais profundas de significado e propósito.

 

E então um dia, de repente, cheguei à conclusão da minha longa busca, quando inesperadamente me deparei com o que, eu descobri mais tarde, seria uma ciência chamada “Cabalá”. Em retrospecto, nenhuma parte da minha pesquisa foi redundante ou lamentável. Ciência, filosofia e religião foram todas “paradas” necessárias no meu caminho para a Cabalá, embora eu nunca tivesse parado em qualquer uma delas. Cada uma contribuiu para a minha compreensão acerca do sentido da vida e do propósito da existência humana; cada uma agora tem o seu lugar de direito na totalidade, e eu poderia acrescentar, como resultado de uma salutar visão de mundo que a Cabalá me ajudou a estabelecer.

Além disso, eu descobri uma conexão entre a finalidade da existência humana e as múltiplas crises globais que o mundo enfrenta agora. A partir da Cabalá, eu reconhecia a inevitabilidade dessas crises, a sua resolução inevitável em paz e prosperidade e a escolha livre que temos de fazer para resolvê-las ─ colaborando e cooperando, mas principalmente nos tornando conscientes de nossa unidade e interdependência. Mais importante que tudo isso, eu descobri que antigos conceitos cabalísticos sobre as relações humanas fornecem uma plataforma sobre a qual é possível construir sociedades viáveis                   que              promovam           tais         relações           amigáveis. O conceito de que as atuais ameaças globais são predeterminadas não é meu. Nem é

 

minha a ideia de que as crises são um trampolim para uma realidade que ultrapassa nossos sonhos mais loucos. Ambas as noções têm existido por milênios, mas só agora começaram a vir à tona, porque é a primeira vez que certa condição necessária dupla foi atendida: as pessoas estão desesperadas o suficiente para buscar uma solução e há uma explicação bastante clara de que a solução está disponível. Quanto ao meu papel no desenrolar desses conceitos é o de servir como apresentador e facilitador. Por mais que eu acredite na validade dessas ideias, de modo algum, no entanto, posso  reclamar direitos de propriedade sobre elas. São soluções e ideias que eu aprendi com meus professores ao longo dos anos.

Como eu espero mostrar nos próximos capítulos, a ciência contemporânea e o pensamento moderno agora tornam possível satisfazer essas condições e desvendar o paradigma antigo explicado na ciência da Cabalá. Graças à física quântica, que se atreveu a desafiar o paradigma newtoniano da realidade, podemos achar dignos de consideração conceitos como a “unidade da realidade”. E graças à filosofia, que devotamente cultivou a ideia do pensamento livre, podemos agora compartilhar ideias e aprender                    uns                       com  os        outros. Assim, embora os conceitos que estou prestes a introduzir sejam inteiramente cabalísticos, vou mostrar que muitos deles têm paralelo com a ciência moderna.  A minha esperança é de que, no espírito do pluralismo, eles sejam recebidos com mente e coração abertos. E se os pontos de vista aqui apresentados invocarem contemplação em apenas um leitor, serei totalmente recompensado.

Michael Laitman

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