VaYechi (Jacó Viveu)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 47:28-50:26)

 

Sumário da Porção

Na porção, VaYechi (Jacó Viveu), Jacó e seus filhos se juntam a José no Egito. Quando o tempo da morte de Jacó se aproxima, ele chama José e o faz jurar o enterrar na terra de Israel e não no Egito. José pede-lhe que abençoe seus dois filhos, Efraim e Manassés (Menashe), antes que morra. Jacó abençoa-os e diz que eles serão como seus filhos, Rubén e Simeão. Subsequentemente, Jacó abençoa o resto de seus filhos e ordena-os que o enterrem na Gruta de Machpelá na terra de Israel.

Depois da morte de Jacó, José recebe permissão especial de Faraó para ir e enterrar seu pai na terra de Israel. Jacó vai para Canaã com seus irmãos e todos os anciãos do Egito, chega à Gruta de Machpelá, enterra Jacó lá e então regressa ao Egito.

No caminho, seus irmãos temem que ele tome vingança contra eles por o venderem à escravidão, mas José acalma seus medos. Ele promete-lhes que sempre permanecerá seu irmão e não seu inimigo.

As bênçãos de Jacó tornam-se realidade e Manassés e Efraim têm muitos filhos. Perto do fim  da porção, José está prestes a morrer. Ele evoca seus irmãos e conta-lhes que o Criador os trará e a seus filhos para fora do Egito, e ordena que eles levem seus ossos e os enterrem na terra de Israel.

 

Comentário

A Torá ensina-nos como desenvolvermos nossas almas, nós temos somente o ponto no coração. Ele aparece quando começamos a questionar sobre a razão e o sentido da vida. Através desta pergunta, começamos a ver que a vida não serve somente para aqui viver neste mundo durante setenta anos. Em vez disso, esta vida foi dada como uma oportunidade para nós desenvolvermos a alma.

A alma desenvolve-se a partir da inclinação ao mal, oposta à qual se encontra a “luz que reforma”. Em outras palavras, se corrigirmos a inclinação ao mal usando a luz que reforma, desenvolveremos então a alma. É assim que a inclinação ao mal se torna a boa inclinação.

Esta correção não se relaciona meramente a ter boas relações humanas. Em vez disso, através da luz também começamos a experimentar o mundo espiritual, Divindade, como está escrito, “Vereis o teu mundo na tua vida”. *

A porção lida com as três forças principais: Abraão, Isaac e Jacó, que são Chéssed, Gvurá e Tiféret. Estas forças existem na alma de cada um de nós, ou na alma geral chamada “Adam”. Abraão e Isaac são duas linhas opostas – direita e esquerda, Chéssed e Gvurá – enquanto a qualidade Jacó em nós, o patriarca sênior, inclui Abraão e Isaac dentro dela e é a linha do meio, chamada Tiféret. Usando a qualidade de Jacó, ou seja, as duas forças que existem nela, somos direcionados pela primeira vez para a maneira adequada de corrigir a alma.

Os “filhos de Jacó” são as qualidades que emergem da qualidade de Jacó, a qualidade média que usa as forças todas da natureza para desenvolver a alma dentro de nós, a parte Divina, superior dentro de nós. A estrutura de Sefirot termina com a qualidade de José – a fundação que coleta todas as qualidades precedentes: Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach e Hod.

O justo José é chamado Yessód (fundação) porque ele é “justo, a fundação do mundo” (Provérbios, 10:25). O mundo é a estrutura que opera na relação de Malchut e o todo de Israel, para todos nossos desejos.

Nossos desejos são o Egito, o ego dentro de nós. Se posicionarmos adequadamente esta estrutura superior, que contém Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód, podemos agir adequadamente para o Egito em nós, para com Faraó, a inclinação ao mal, nosso ego.

A porção descreve o princípio do trabalho recíproco com nossa parte Divina, que inclui os patriarcas acima e inclui José. O trabalho recíproco inclui todas as qualidades de Israel, que descem até ao ego e operam nele. Deste modo, a Torá ensina-nos como trabalharmos com nós mesmos, como encontrar dentro de nós todas as qualidades sublimes das nove Sefirot superiores, que terminam em Yessód – José – doando sobre Malchut, a décima Sefirá – Faraó.

Jacó é a parte superior nas qualidades do Criador – Abraão, Isaac e Jacó – que são o triângulo superior: Chéssed, Gvurá, Tiféret. As qualidades de Netzach, Hod e Yessód, todavia, são o triângulo inferior. Estas são as qualidades da casa de Jacó e os filhos de Jacó, incluindo José. Quando estas qualidades operam adequadamente dentro do Egito, ao Egito é concedida abundância e todos estão felizes e a se desenvolver.

O falecimento de Jacó marca a conclusão da tarefa da parte superior da estrutura da alma, que foi levada a cabo através de José no Egito, através de José ela atende aos Egípcios, o Egito é enriquecido e todos, incluindo Faraó, estão contentes.

Enquanto isto toma lugar, forças de doação entram no Egito e gradualmente se desenvolvem na vontade de receber egoísta e a força de doação compreende que ela pode ganhar disso, por exemplo, ao negociar com os outros ou ao ter consideração pelos outros. Isso é semelhante ao comercio internacional de hoje, que é conduzido pelo incentivo de que podemos beneficiar uns dos outros. Este é um desenvolvimento das qualidades de doação, que ainda trabalham com as qualidades de recepção.

Deste modo, a qualidade de Jacó desce até Malchut, Egito, a vontade de receber geral. Esta qualidade é como um cavalo de Tróia que entra no nosso ego. A vontade de receber fornece ao ego tudo para seu deleite. O ego desfruta da qualidade de doar trabalhando nele para seu benefício e a sensação de que tudo funciona suavemente. Mas isto continua até chegarmos a hoje e estarmos em um estado onde sentimos que alguma coisa terminou.

Uma coisa semelhante aconteceu no Egito: Jacó faleceu e os anciãos do Egito, com a bênção de Faraó, conduziram-no para a terra de Canaã, a Gruta de Machpelá, onde ele foi enterrado pelos seus filhos. O nome, Gruta de Machpelá, significa Chachpalá (duplicar), uma vez que há dois mundos nessa gruta, Biná e Malchut, juntos unidos.

Passado um pouco, quando os filhos de Jacó regressarem ao Egito, a narrativa repetiu-se a si mesma com José. Mas ao contrário de Jacó, Jose permaneceu no Egito e somente passado algum tempo foram seus ossos trazidos de lá.

Assim, o osso, a fundação instada no Egito, as qualidades de doação que trabalham com a vontade de receber egoísta, eventualmente nos traz a pessoa ao estado de desespero, aos sete anos de fome.

Depois de todos estes problemas, percebemos que devemos abandonar o ego. É assim que o processo de sair do ego começa.

Duas forças emergem da qualidade de José: Efraim e Manassés. Elas recebem a bênção de Jacó, emergem do triângulo superior para o inferior, e operam no Egito. Antes de sua morte, José diz às pessoas ao seu redor que a seu tempo todas elas sairão do Egito e que a razão pela qual elas haviam entrado nele fora para retirar dele tudo o que podia ser corrigido, exceto o coração de pedra.

Tudo pode ser trazido do Egito exceto a Yessód do último mal, que não podemos corrigir até ao fim da correção. É por isso que está escrito que eles sairão com grande substância (Gênese, 15:14).

José faleceu para que possamos alcançar o reconhecimento do mal. Quando nos desenvolvemos egoisticamente, ficamos separados de qualquer coisa boa que as qualidades de doação e as qualidades de recepção possam produzir. Chegamos a um estado de desespero, secura e finalmente a um estado de “E os filhos de Israel suspiraram por razão da obra” (Êxodo, 2:23). É então que nosso êxodo começa.

 

Perguntas e Respostas

A porção contém um elemento repetitivo – a bênção antes da morte. José pede a Jacó que abençoe seus filhos, então José abençoa seus próprios filhos. A conclusão de um grau significa morte. Qual é o sentido da bênção dos filhos e netos?

Um grau que terminou torna-se o próximo grau, que segue no seu lugar. O novo grau é muito mais denso, com maior desejo e maiores concretizações. Os patriarcas foram grandes, eles sobressaiam na sua pureza. Nós somos os últimos, contudo, agora estamos fazendo o maior trabalho.

Cada grau abençoa o grau seguinte, dando todos seus Reshimô (recordações), todos seus poderes e apoia-o por dentro, de baixo. Isto é chamado “o enterro dos ossos”  do grau. Dentro da alma  estão Moach (medula), Atzamot (ossos), Gidim (tendões), Bassar (carne), e Or (pele), que são cinco discernimentos. Nós enterramos os Atzamot do grau, e é assim que o próximo grau é construído e continua.

A bênção é na realidade a luz de Chassadim que o grau inferior transmite para o superior. Em outras palavras, é Ór Chozêr (Luz Refletida), Massach (tela), e Ór Chozêr. Todas as qualidades de doação que são obtidas no grau anterior avançam conosco para o próximo. De fato, não há nada mais para levar de um estado para outro estado, mas somente a força de doação que foi obtida, a força do amor, de abdicação.

Mas isto não ajuda com a nova Aviut (densidade, vontade de receber), uma vez que os filhos têm uma Aviut muito maior. Então como é que a bênção do pai, que é de um nível inferior de Aviut, ajuda com novo desejo?

Isto depende dos filhos. Há muito mais no pai que há nos filhos, mas o pai não consegue atualizar sua Aviut. Deste modo, ele dá aquilo que ele tem aos seus filhos, e se eles sabem como trabalhar com ela eles usarão aquilo que eles receberam em prol de avançar.

Os filhos não têm mais que a Aviut que eles receberam dos seus pais. Contudo, precisamente devido a sua Aviut maior – sua maior vontade de receber, seus egos – eles podem atualizar uma força potencial de doação a partir dessa bênção de acordo com quem eles são.

Como sabe um que ele está prestes a morrer, tal como com Jacó e José?

Quando um grau termina. Na corporeidade, o estado espiritual afeta o corpóreo. Mas na espiritualidade, há um processo em um grau chamado TANTA (Ta’amim, Nekudot, Tagin, Otiot). A expansão da luz e sua partida são graduais. Primeiro há o  Bitush (golpear) da interna e externa   no Partzuf da alma, dentro da alma.

Nesse estado, se sente que deixou de trabalhar devido à sua incapacidade de continuar a corrigir a si mesmo. Para avançar com a correção, ele deve começar de novo, começar um novo período, reentrar na vontade de receber egoísta, mas mais profundamente e com mais força.

Todos nós consistimos de quatro Bechinot (discernimentos) de Ór Yashar (Luz Direta), ou  do nome HaVaYaH (Yod-Hey-Vav-Hey). Todas as coisas na realidade se dividem em cinco discernimentos: raiz, então as quatro Bechinot de HaVaYaH. É por isso que temos de continuar a recomeçar, e porque há vida e morte, um processo da expansão e partida da luz, uma vez que não podemos fazer a correção toda de uma vez, em “um dia”“, mas exige muitas ações (dias) para alcançar a correção geral.

Somos nós que realizamos a correção ou é a luz que faz a mudança em nós?

A luz faz a correção em nós, mas isso acontece de acordo com nosso pedido e exigência. Isto é chamado “trabalho” da nossa parte. Não temos a força, mas temos o poder de decidir e reconhecer e querer que aconteça.

De O Zohar: Vede, Vosso Pai Está Doente

Está escrito, “A José foi dito, ‘Vede, teu pai’”, pertencendo ao mundo vindouro, ZA em Môchin de Biná superior, que é chamado “o mundo vindouro”, querendo fazer o bem a Seus filhos para que eles saíssem de seu exílio. E se, na Tua veracidade, não quiseres, ou seja, “HaVaYaH é um” (“O Senhor é um”) lhe corrigirá e a Divindade regressará ao seu lugar. Isto assim é porque se os filhos não são dignos de sua própria redenção, ZA os corrigirá para os elevar para o mundo vindouro, que é Biná, e com isso, a unificação de Um HaVaYaH será estabelecida. Zohar para Todos, VaYechi (Jacó Viveu), item 37

Tudo o que precisamos fazer da Gruta de Machpelá, a conexão entre Biná e Malchut, é duplicar. Devemos elevar todas as coisas que estão dentro de Malchut, santificá-las em Biná, ou seja a bênção, então combinar os elementos de tal maneira que Biná e Malchut sejam como um. Este é o sentido de conectar os céus e a terra. Através destes atos que realizamos entre Biná e Malchut, nos corrigimos a nós mesmos. Finalmente, quando todas essas ações são feitas, todo o mal em nós será corrigido em bem.

Esta porção contém muitas entradas e saídas do Egito para Israel. José entrou no Egito; os irmãos partiram dele e então regressaram; José foi enterrar Jacó em Israel, então regressou ao Egito. É assim que as qualidades do superior se conectam ao inferior?

É claro. Em todo e cada momento, estamos realizando minúsculas correções entre nove Sefirot, as qualidades do Criador e a décima Sefirá, Malchut, a qualidade da criatura, o homem, o ego. Até a pessoa mais vulgar ainda atravessa correções através dos estados passageiros. É por isso que há “tempo” no nosso mundo. Contudo, estas correções ocorrem sem nossa consciência.

Devido ao desespero e frustração pelo que está acontecendo no mundo, começando desta geração para a frente, gradualmente perceberemos que devemos fazer mudanças. Neste mundo, estas mudanças se manifestarão em como nos relacionamos uns com os outros. Devemos implementar o amor aos outros, nos corrigirmos e às relações entre nós, e servirmos como exemplo para o mundo, ser uma luz para as nações. **

Se tratarmos bem os outros, assim ativaremos a força de Biná, a força de José, ou até a força de Jacó e os patriarcas para Malchut, ou seja, para o resto do mundo.

Mas a vontade de receber não muda, então ela sempre permanecerá nosso “motor”?

A vontade de receber não muda, somente como a usamos muda. Ela sempre permanece nosso motor. Usando a vontade de receber, podemos fazer tanto bem como mal, dependendo de como a usamos.

Mas a vontade de receber é sempre motivada pelo pensamento de que uma recompensa espera no final, enquanto que no desejo de doar é o oposto.

A doação é a recompensa. Anteriormente, pensávamos que podíamos alcançar qualquer coisa, que conquistaríamos o espaço e faríamos grandes concretizações em todo o reino. Hoje vemos que temos “tudo”, mas que tudo é vazio. Do ponto de inverter o uso do desejo, encontramos um caminho para progredir favoravelmente. Simplesmente alteramos a forma como usamos nossos egos da inclinação ao mal para a inclinação do bem usando a luz que reforma.

Em outras palavras, tudo o que precisamos é mudar nossos valores?

Correto, só precisamos mudar nossos valores. Então, quando nos conectarmos a todos como um, com um coração, amando nossos próximos como a nós mesmos, descobriremos a vida espiritual.

Parece que há tal processo no mundo hoje. Há calma, então um golpe, então alguns tentam reverter o que aconteceu enquanto outros estão tateando no escuro, questionando-se sobre o futuro. É esta a conexão com o que está acontecendo hoje?

Sim, porque não conseguimos conter todas as mudanças de uma vez. Isso acontece para que possamos compreender, nos acostumarmos de como era, e então avançarmos. Nosso presente pensamento e modo de vida em comparação com o que éramos há milhares de anos atrás é radicalmente diferente. Não conseguimos perceber como as pessoas viviam então. Não é como viajar para uma parte diferente do mundo; elas eram pessoas completamente diferentes. É por isso que o processo de desenvolvimento leva milhares de anos. Embora hoje nos desenvolvamos muito mais rápido, é ainda impossível agir rapidamente.

É o mesmo na mecânica; se queremos transmitir grandes quantidades de dados, precisamos de frequências altas, muitos impulsos. É por isso que é claro que a crise não terminará de uma só vez, mas se prolongará, nos desgastará e regressará. Mas, a cada regresso vamos compreendê-la mais profundamente.

Frequentemente, os golpes não vêm como um único golpe que seja experimentado durante muito tempo. Se assim fosse, nos habituaríamos a isso. A vontade de receber fica habituada a todas       as coisas, até à pressão constante. Ela começa a proteger-se e deixa de sentir os golpes. Somente porque há intermissões podemos contemplar e compreender a razão, e da próxima vez nos relacionamos à realidade de uma maneira completamente diferente. Cada vez, nosso reconhecimento de nosso mal se aprofunda, e quando o compreendemos melhor, o conectamos à causa, bem como à possível consequência, ou ao desejável, e isto dá-nos livre arbítrio.

 

Termos

Morte

“Morte” é um estado de partida da luz da alma. Isto não se refere à alma. Isto não se refere ao corpo proteico, dado  que  a Torá não  lida com  a vida do corpo  físico,  mas  com  a alma, com  o preenchimento da alma. Nosso desejo é preenchido com a luz superior, chamada “vida”. A partida da luz é chamada “morte”. Pessoas no nosso mundo estão separadas da vida. É por isso que está escrito que os ímpios nas suas vidas são chamados “mortos”. ***

Contudo, aqueles que obtêm a alma usando a sabedoria da Cabala, que atraem a luz que reforma, são aqueles que alcançam Arvut (garantia mútua), o amor aos outros. Eles têm um Kli (vaso), um receptáculo no qual descobrir a luz superior, Divindade, que é vida.

Bênção

Uma “bênção” é a força que recebemos através da qual começamos a sentir o mundo superior. O mundo superior é bênção, todo Bet (a primeira letra da palavra Berachá [bênção]), todo Biná. É por isso que a Torá começa com a letra Bet, com Berachá.

Cama

Uma “cama” é um estado onde se deixa de trabalhar com seus Rosh, Toch e Sof (cabeça, interior e fim, respectivamente), ou seja, em uma posição ereta, onde não se tem luzes que se desenvolvam de cima para baixo. Onde Rosh, Toch e Sof estão no mesmo nível e as luzes NRNHY partem, o que sobra é somente “Um bolso de vida”.

A Gruta de Machpelá

A conexão entre Biná e Malchut é chamada Machpelá. A vontade de receber e o desejo de doar encontram-se juntos no grau de Malchut e lá está a entrada para o mundo superior e por outro lado ela é a porta para a eternidade.

Temor (da vingança)

O medo é que se José usa adequadamente as qualidades para corrigir o Egito, ele pode subestimá- los e ser incapaz de utilizar seu potencial inteiro. Cada um dos filhos de Jacó é uma forma de doação, mas não está conectado ao Egito, Malchut.

Somente José, que completa as nove Sefirot, os pode conectar a todos a Malchut. Sem ele eles têm medo pois eles dependem dele, sem ele, é como se não se realizassem a si mesmos. Eles temem que não haja uma conexão adequada sem Jacó, que partiu porque ele era o guardião da linha do meio.

Eles também temem que José tenha poder suficiente para levar todos os filhos entre ele e Jacó. O superior é Jacó e o inferior é José e as qualidades todas entram no ego do homem, Egito. É assim que eles operam.

De O Zohar: O Egito Chora

Enquanto Jacó estava no Egito, a terra fora abençoada por causa dele, o rio Nilo fluiria e regaria a terra, e a forme parou devido a Jacó. Assim, os Egípcios choraram e ele é chamado segundo     eles. Zohar para Todos, VaYechi (Jacó Viveu), item 816

Jacó e José  trouxeram bênção ao Egito.  Quando eles  faleceram,  quando  esse  grau  terminou,  o reconhecimento do mal chegou, os sete anos de fome. Embora houvesse abundância, ela não preenchia e tudo o que sobrou foi uma coisa: um novo desejo mais alto, que mandava o êxodo do Egito.

 

* Talmude Babilônico, Masechet Berachot, 17a

** “Eu o Senhor vos chamei em retidão, e eu segurei firmemente vossa mão, e vos guardei, e fiz para vós uma aliança para o povo, uma luz para as nações” (Isaías, 42:6).

*** Talmude de Jerusalém, Masechet Berachot, página 15b.

VaYigásh (Judá Se Aproximou)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 44:18-47:27)

 

Sumário da Porção

Na porção, VaYigásh (Judá Se Aproximou), José pede a seus irmãos para deixarem Benjamin, tendo descoberto a taça de prata que ele mesmo escondeu nos seus pertences. Judá explica a José que ele não pode deixar Benjamin para trás pois é responsável por ele, e ele prometeu a seu pai o trazer de volta em segurança. Judá diz a José que ele já havia perdido um irmão, desconhecedor que José é aquele que gere o evento por trás das cenas.

José decide se expor a si mesmo a seus irmãos. Ele conta-lhes como ele ser vendido à escravidão se tornou o melhor, e que agora ele pode apoiar sua família pois ele é o encarregado de todo o Egito. Depois da reconciliação, José envia os irmãos a Jacó com carroças e bens e pede a Jacó para vir para o Egito.

Inicialmente, Jacó não consegue acreditar na história. Mas assim que os irmãos o presenteiam com o presente de José, ele fica deleitado e quer ir para o Egito para ver José antes que morra. No caminho para o Egito, Jacó para e oferece sacrifícios. O Criador aparece a Jacó e promete-lhe que seus descendentes serão uma grande nação no Egito e que eventualmente todos eles regressarão à terra de Israel.

Jacó e seus filhos chegam ao Egito, na terra de Gósen (Goshen), onde José os encontra. Ele irrompe em lágrimas quando vê seu pai passados todos esses anos. José conta-lhes que Faraó os quer encontrar.

Para preparar o encontro, José diz à família para dizer que são pastores e desejam viver em um lugar separado dos Egípcios, na terra de Gosén. José apresenta seu pai e  irmãos a Faraó,       que concorda que eles viverão na terra de Gósen.

A fome continua e José provê para todos. Os Egípcios e todos os outros que abdicam de seu dinheiro e eventualmente de si mesmos como escravos de Faraó.

No fim da porção, José estabelece um sistema de taxação pelo qual Faraó guarda todos os bens; ele fornece aos Egípcios sementes para suas colheitas, e eles lhe dão um quinto da colheita.

 

Comentário

A porção descreve tanto os processos internos do desenvolvimento do homem como o processo geral da correção do mundo. O homem e o mundo são um; particular e geral são iguais.

Esta é uma porção especial, que é ainda pertinente. Ela lida com a força espiritual que entra em uma pessoa e a corrige.

Para o propósito da conexão, uma pessoa precisa tanto da força física como da força espiritual, tal como os céus e a terra. As duas forças, do Criador e da criatura, se juntam, e a vontade humana cresce delas. Este é verdadeiramente o propósito de nosso desenvolvimento, de conectar a substância material com a forma humana, que é semelhante ao Criador.

Não é simples fazer estas duas forças se encontrarem. A Criação consiste somente destas duas forças, a força de dar, o Criador e a força de receber, a criatura, que o Criador criou propositalmente como uma réplica de Si Mesmo.

As duas forças têm de se juntar, então a criatura se torna incluída no Criador, e o Criador se torna incluído na criatura, onde há entendimento, uma conexão entre eles. Nessa conexão, a criatura pode apresentar pedidos ao Criador, que os compreende e doa sobre a criatura através de sua conexão mútua, através da parte do Criador que está na criatura, para que a criatura, também, possa compreender o Criador.

Isso é semelhante aos relacionamentos entre as pessoas. Assumamos que não temos conexão entre nós e simpatizamos com os sentimentos uns dos outros, cada um de nós recebe uma parte do outro. A conexão entre nós é feita através das partes que temos em comum.

No mundo material, também, devemos regular instrumentos para os fazer trabalhar no mesmo comprimento de onda, para que se possam “compreender” uns aos outros. Por exemplo, para um computador “compreender” outro, precisa haver um modem com certas limitações, certos registos, e assim por diante.

Isso é semelhante com a conexão entre o Criador e a criatura. O propósito inteiro da Criação é para a criatura ascender em Dvekút (adesão) ao grau do Criador. Eles alcançam Dvekút de acordo com sua equivalência de forma, equivalência de suas qualidades. No fim, o humano deve ter as qualidades do Criador.

“A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Gênese 8:21). Nós somos Faraó; essa é nossa natureza, nosso “eu”. A primeira qualidade do Criador que aparece em nós é chamada Abraão. É por isso que ele é chamado “o pai da nação”, ou seja, a qualidade de doação em nós.

Subsequentemente, a partir da linha de Abraão, a linha direita, a linha de Chéssed, emerge da qualidade de Gvurá, Isaac. Finalmente, a qualidade de Tiféret, que é Jacó, sai.

Jacó é o princípio da formação da conexão certa entre Abraão e Isaac; é isto que faz dele o patriarca mais especial, o sênior. Ele consegue combinar as duas forças, doação e recepção, e as organizar dentro dele na linha do meio.

Contudo, isso não é suficiente. Precisamos aprender nós mesmos como implementar estas três linhas, que chegam até nós do alto, do Criador. A porção descreve como a força superior gradualmente nos permeia, tal como a água coa para o solo para chegar ao lugar onde está seco, ao Egito.

O cerne do problema reside nas qualidades de Jacó, que também são seus filhos. Com a exclusão de José, eles não compreendem o que devem fazer. José compreende que há necessidade de unir todos os filhos. Ele diz-lhes “Todos vós vos dobrareis para mim pois eu sou a Yessód, a fundação que une todos vós”. Mas eles não compreendem.

Embora contenhamos todas as qualidades e comecemos a conectá-las juntas, não  compreendemos como o fazer. É por isso que vender e comprar nos ensina como trabalhar com essas qualidades dentro de nós.

A sabedoria da Cabala não lida com eventos históricos, ela lida com a correção do homem por dentro. Nosso inteiro processo de trabalho trata-se da correção. Inicialmente, absorvemos a qualidade de doação, amor, e afinidade aos outros. Correspondentemente, nos aproximamos do Criador, mudamos e nos corrigimos a nós mesmos.

A porção conta-nos como as coisas se revelam, começando com a venda de José no Egito. José é a força de doação, enquanto o Egito é nosso vaso de recepção, o desejo de receber. O desejo de receber só pode trabalhar como simples agricultores, mas José é uma qualidade que já sabe como trocar ferramentas com os outros, como comprar e vender. Ele dá colheitas e recebe do exterior em troca, das pessoas, tais instrumentos.

Através da negociação, dar e receber, é possível conectar, para ganhar riqueza e ascender em graus. A qualidade de José permite-o porque ela sabe como conectar partes egoístas que não conseguem inversamente se conectar. É isto que acontece no Egito dentro de nós; é também o que acontece no Egito físico.

Podemos vê-lo pela história. Os judeus que viveram entre as nações trabalharam e operaram na educação e cultura, mas especialmente no comércio, que é uma conexão de todas as nações. Assim que se desenvolveram no comércio, começaram a desenvolver a industria, tal como aconteceu no Egito, que subitamente começou a prosperar. Juntamente com a prosperidade veio um problema – quanto mais se cultiva, mas é provável declinar, cair, revelar o novo mal.

É daqui que os anos de fartura e os anos de fome vêm. Somente a força de doação dentro de nós os consegue gerir. Quanto mais avançamos na nossa correção, mais atravessamos o processo de uma maneira boa e adequada. Deste modo, todas as anteriores qualidades de doação, a casa de Jacó, se mudam para o Egito, para a vontade de receber. Esta é enriquecida por elas ao ponto que quando Jacó vem com sua família para o Egito, Faraó compreende quanto ele ganha com isso.

Quando começamos a trabalhar com os vasos de doação – eu lhe ajudo e você me ajuda, nossos egos se desenvolvem. Aquele que sabe como se conectar com os outros e cambiar com eles, semelhante ao que acontece dentro de nós, sabe trabalhar com as forças de recepção e doação juntas.

Inicialmente, este trabalho é chamado Lo Lishmá (“não em Seu nome”), uma vez que uma pessoa ainda lucra e pensa que tudo corre bem, e deste modo trabalha com ambas as forças. Quando as forças superiores são incluídas em nós, começamos a descobrir o desenvolvimento do processo, que conduz à sensação do exílio e ao êxodo do Egito.

Isto acontece apesar do fato de que, por enquanto, as duas forças – a força de doação e a força de recepção – trabalham em nós a favor do ego, e Faraó ganha riquezas. Em outras palavras, a parte de Malchut, a quinta parte de Kéter, Chochmá, Biná, Zeir Anpin e Malchut, está verdadeiramente a ser preenchida.

Nosso ego recebe  vinte  por  cento  do  lucro  geral,  e  assim  cresce.  É  o  mesmo  para  todos  os Egípcios, nossas qualidades egoístas – eles vivem e crescem. A casa de Jacó cresce, também, se multiplicando ao se acrescentar a si mesma mais do ego dos Egípcios, a vontade de receber.

Nós acrescentamos ao ego, crescendo e avançando, como preparação para o  processo  da correção. Aquele que estuda a sabedoria da Cabala enquanto está neste mundo desfruta deste mundo bem como do mundo espiritual, ganhando de ambos. Enquanto neste mundo, o estudante chega a compreender e a sentir o que lhe está a acontecer a ele ou ela, e aparentemente sobe acima dos outros. Tal pessoa também ganha da sabedoria da Cabala, assim sentindo que ela lucrou de ambos os mundos. Contudo, isso muda passado algum tempo.

Por agora, contudo, tanto a casa de Faraó e a casa de Jacó ganham riquezas. O lucro vai para as qualidades do Criador e para as qualidades da criatura; a vontade de receber e o desejo de doar misturam-se e trabalham juntos. Há uma grande conexão entre eles até que se cruzem com um ponto de crise que não os deixe continuar.

É aqui que o mundo inteiro se encontra atualmente. Até agora, temos usado a força de doação para desenvolver tecnologias, técnicas, instrumentos e assim por diante. Estamos em uma rede global de indústria e comércio em praticamente todo o reino. E, todavia, alcançamos o reconhecimento do mal, o entendimento de que devemos estar conectados melhor para avançar mais. Mas nossos egos nos previnem de conectar.

Foi isto o que os filhos de Israel descobriram no Egito – o ponto foi para os empurrar além, para um nível mais alto, para a terra de Israel. Nosso mundo, também, terá de emergir desta crise para o nível da terra geral de Israel, para todos.

 

Perguntas e Respostas

O mundo está agora avançando para os anos de fome, todavia a maioria das pessoas se recuse a reconhecer. Onde está a qualidade de José de hoje, a qualidade que diz que ele deve coletar durante os bons anos para que tenhamos alguma coisa que nos faça avançar pelos anos de fome?

No tempo de abundância, tudo era ótimo. José estava em Malchut, no Egito. Mas quando a fome começa, também começa a segunda metade do exílio no Egito e estamos a sentir o exílio. É então que José completa seu papel; ele não está mais aqui.

As nove Sefirot Kéter, Chochmá, Biná, Chéssed, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód – são a descida da abundância de cima para baixo. José é a  nona;  ele  coleta  as  oito Sefirot anteriores  e  as  traz para Malchut. É por isso que ele é chamado “José” (da palavra Hebraica Osef [coletar]). Malchut é nosso inteiro ego, a vontade de receber, a qualidade da criatura, nós. José inclui todas as qualidades anteriores, as qualidades do Criador: abundância e luz para todos.

O que significa que “um novo rei se levantou sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo 1:8)?

Este é o princípio do processo na direção de Moisés. Há várias fases no processo: primeiro, os filhos de Israel descobrem que estão no Egito. Há uma diferença entre o trabalho pessoal e o processo geral no mundo; eles são muito diferentes.

O que está hoje acontecendo no mundo?

A presente situação no mundo é que estamos no ponto de ruptura. Devemos compreender que doravante Faraó assume controle, então vamos experimentar estados de fome e estados de fartura. José vem e diz para Faraó que ele não tem escolha senão estabelecer uma nova ordem no Egito, onde tudo esteja sob seu completo controle.

Todavia, ele deve dar-lhes sementes e receber vinte por cento em impostos deles e o divide de modo que Israel fica pobre.

Em outras palavras, nossos desejos egoístas precisam se sentir pobres, que nada têm a não ser pertencer ao ego, para sua mera sobrevivência e o que os mantém é a conexão com José. José dá- lhes sementes, sustento, vida e recebe deles o imposto. É assim que nós, também, nos devemos sentir – que somente nossa força de conexão pelo mundo nos une em um e nos permite avançar, viver, reanimar nossas almas e que inversamente, estamos condenados.

Primeiro, devemos estudar estas coisas. Devemos atravessar este processo inteiro e avançar na direção da revelação que devemos corrigir a nós mesmos, incluindo o Faraó em nós. Devemos subir acima dele e escapar ao Egito. O processo inteiro nos direciona para a fuga.

A correção do Egito envolve dois estados: se queremos corrigir certa qualidade em nós, devemos primeiro deixar de trabalhar com ela completamente. Posteriormente, avançamos para ela e trabalhamos com ela de uma nova maneira, talvez menos que antes. Por exemplo, se estamos proibidos de comer sal por razões de saúde, primeiro devemos evitar o sal por completo, então retomar comendo pequenas quantidades dele.

Devemos escapar ao Egito para que possamos verdadeira e finalmente nos unir. Não nos podemos unir enquanto no Egito. Dentro do Egito, somente os filhos de Israel podem se unir, e somente de uma certa maneira. Quando estamos nos nossos egos e tentamos nos construir adequadamente, para estar de acordo com a Natureza, subitamente descobrimos que estamos construindo Pitom e Ramsés.

Tudo o que construímos é engolido no ego, na  vontade  de receber, então nunca ganhamos  coisa alguma. Hoje estamos vendo como tudo  o que construímos pelo mundo está sob  ameaça de tsunamis que não deixarão rasto de nosso trabalho e não temos garantia para o futuro de nossos filhos e netos.

José deu um tratamento especial a sua família. Ele planeou o que eles deveriam dizer e como. Isto demonstra que ele se preocupava com eles pessoalmente. No mundo espiritual, há tal coisa como ser “o favorecido”?

O Egito não pode existir e o mundo não pode existir sem os filhos de Israel. Similarmente, pessoalmente não podemos existir sem contato com a abundância superior e estamos verdadeiramente prestes a sentir isso. Somente ao juntarmos todos juntos, incluindo os Egípcios, ou seja, o mundo inteiro, seremos capazes de avançar.

José diz que os filhos de Israel devem viver somente fora do Egito, na terra de Gósen. Isso assim é porque para avançar, precisamos separar nossos vasos de recepção dos vasos de doação. Inversamente, podemos descobrir que estamos trabalhando somente para o ego e nunca seremos capazes de sair dele.

Para gerir adequadamente o Egito, as qualidades de doação devem estar fora do Egito. É por isso que os filhos de Israel, que estão na terra de Gósen, fora do Egito, trabalham em empregos que parecem indignos aos olhos dos Egípcios, tais como pastores, dado que com eles, eles nutrem aparentemente as qualidades de doação nas qualidades de recepção. Os Egípcios trabalham de tal maneira que todas as qualidades de doação são boas para preencher as qualidades de recepção neles, o ego. Para os Judeus, o trabalho é diferente; seus egos inteiros, as qualidades de recepção, trabalham para desenvolver as qualidades de doação.

Parece que José favoreceu sua família, como se ele lhes desse preferência.

Isto está correto, mas até Faraó compreendeu que isso era para seu próprio bem, até ao momento em que eles se separaram. Enquanto ambos estavam na vontade de receber, isso era vantajoso. Esse é um período chamado Lo Lishmá. Tens uma parte e eu tenho uma parte. Podes ter mais e eu posso ter menos, ou ao contrário, mas nos damos bem. Não podemos passar um sem o outro.

É assim que avançamos até que alcançamos uma crise, uma barreira que devemos cruzar com esforço. Essa transição acontecerá no pé do Monte Sinai, onde o humano nasce.

De O Zohar: Néfesh, Ruách, Neshamá

“Então … o aproximou” este é o aproximar do mundo em um mundo, o aproximar do mundo inferior, Nukva, Néfesh, Judá, do mundo superior, Yessód de ZA, Ruach, José, para que todas as coisas sejam uma. Porque Judá era um rei e José era um rei, eles se aproximaram um do outro e se uniram um no outro. Zohar para Todos, VaYigásh (Judá Se Aproximou), item 22

Há muitos discernimentos pelo processo de José, começando com ele sendo vendido, sua chegada ao Egito, o enviar de seus irmãos e sua recepção, aquilo do Criador e aquilo da criatura.

O problema em conectar as qualidades de doação com as qualidades de recepção em uma pessoa não é assim tão simples. Vemos isso nos nossos amigos, especialmente entre principiantes. Vemos quão difícil é para eles aceitarem estas qualidades espirituais, que nunca sentiram anteriormente. Eles começam a sentir que há doação, amor e conexão aqui, um novo modo de ver o mundo através de novos “óculos”, e não é assim tão fácil.

 

Termos

Colheita

Uma “colheita” é uma planta que cresce a partir do inerte. Ela é a habilidade de se elevar da vontade de receber, nosso desejo egoísta, que é o inerte. Se há uma semente no inerte e você lhe dá água, minerais e o cultivo adequado, uma planta crescerá a partir dele – o próximo grau na sua evolução

Todas as coisas emergem do inerte. A vontade de receber é a substância geral, e as formas que saem dele – vegetativo, animal e falante – são as formas do desejo de doar juntas com a vontade de receber. A vontade de receber dá toda a substância. Se, por exemplo a forma é vegetativa, sua próxima forma será um animal, seguido pela forma falante.

Bênção

A “bênção” é a força superior que vem de Biná. Bet é Berachá (“bênção”). Sem esta força superior não há crescimento. É semelhante à água, que representa a força de Biná no nosso mundo.

Promessa

Esta é a promessa que foi dada a José que ele seria capaz de sair do Egito. O grande problema é como trabalhar com nossos egos e estar certo que ele não nos “engole” por aí abaixo. Foi por isso que foi dito a José, “Ide para o Egito um certo tempo, então regressai para a terra de Israel com grande substância”.

Chorar

“Chorar” é um estado de Katnút (pequenez/infância), onde se alterna de estado para estado. Entretanto, deve-se ser “pequeno”, como um embrião ou como um bebê recém-nascido que chora. Estes são os sinais de Katnút. Nessa fase uma pessoa ainda não tem Môchin (Luz da Sabedoria); ainda não compreende onde ela existe. Tal pessoa está em arrependimento, em apuros, em um lugar estreito onde não há Chassadim suficientes, daí o choro.

Escravo

Um “escravo” é nosso desejo. Em geral falamos sempre somente do desejo. O todo da Criação é senão uma vontade de receber dividida em 613 desejos. Um escravo é um daqueles desejos, que está sob completo controle de baixo. Ele está abaixo ora do lado de Faraó ou do lado do Criador. Isto é, ora é um servo do Criador ou um servo de Faraó, ele não pode estar no meio.

De O Zohar: Levai Carruagens … para Teus Pequenos

Israel estiveram sob a regra desta novilha durante 210 anos quando eles estavam no Egito. …. Foi somente em prol de examinar essa carruagem, que é VAK da esquerda, que Israel estava debaixo da Klipá do Egito durante vários anos e várias vezes, enquanto mais desta medida, chamada “carruagem”, é proibida retirar do Egito. Zohar para Todos, VaYigásh (Judá se aproximou), item 112

Nosso Exílio foi para durar 400 anos, como quatro Behinot (discernimentos), mas passámos somente 210 anos de exílio. Esta é a raiz de todos os exílios.

Mikétz (No Final)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 41:1-44:17)

Sumário da Porção

A porção, Miketz (No Final), começa com o sonho do Faraó com sete vacas saudáveis e bem alimentadas que vêm do Nilo, seguidas de sete vacas magras e desnutridas. Em um segundo sonho, o Faraó vê sete espigas de trigo saudáveis e cheias, seguidas de sete espigas que eram finas e chamuscadas. Como com as vacas, as espigas finas comem as cheias. Nenhum dos conselheiros do Faraó conseguiu interpretar seus sonhos. O chefe copeiro, que foi salvo, recordou-se de José e seu presente de decifrar sonhos. Ele tomou a oportunidade e pediu para tirar José da prisão. José veio e solucionou o sonho do Faraó. Ele disse que haveriam sete anos de prosperidade e fartura no Egito, imediatamente seguidos de sete anos de fome, e que Faraó se deveria preparar para eles. José também sugeriu como Faraó se deveria preparar para eles. Faraó nomeou José como encarregado, segundo somente ao rei, para que ele montasse os armazéns.

Certamente, os sete anos de fartura foram seguidos de sete anos de fome, e a nação inteira se voltou para José para aliviar sua fome e os ajudar através disso. Cada um, incluindo os filhos de Jacó, que estavam na terra de Israel, vieram para o Egito para evitar a fome. Os filhos de Jacó vieram até José, mas eles não reconheceram seu próprio irmão. Inicialmente, José pensava que eram espiões. Posteriormente, ele enviou Simeão para a prisão e disse para seus irmãos, “Regressai, mas sem Simeão”. José escondeu uma taça nos pertences de Benjamin e declarou que se o ladrão que roubou a taça fosse apanhado, ele seria condenado à morte, e todos seriam punidos.

Os irmãos regressaram para Jacó e contaram-lhe do pedido de José que seu irmão, Benjamin, deveria descer ao Egito com eles. Inicialmente, Jacó recusou enviar Benjamin de volta a Faraó pois ele já havia perdido José e Simeão, mas ele finalmente concordou em libertá-lo.

A porção descreve os diferentes apuros que José fez seus irmãos atravessar, os fazendo se separarem, mas os irmãos reforçaram sua unidade.

A porção termina com todos estando no Egito. Benjamin é acusado de roubar a taça, e José decide mantê-lo como escravo.

 

Comentário

Estas histórias representam diferentes estados que devemos atravessar à medida que avançamos na correção de nossas almas. A Torá conta-nos como devemos executar a correção.

Não há necessidade de corrigirmos nossos corpos porque eles são parte do reino animal e existem como em todos os outros animais. Devemos obter nossas almas, contudo, a partir do presente estado, e esta porção narra como devemos abordar a correção e alcançar o nascimento de nossas almas.

 

Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” (Masechet Kidushin, 30b). Em outras palavras, nossa fundação é a inclinação ao mal, nosso ego. Quando reconhecemos o ego e começamos a trabalhar com ele, experimentamos em primeira mão o processo inteiro que a Torá descreve.

As anteriores porções lidaram com o ponto no coração que desperta e se desenvolve em uma pessoa. Todos nós viemos de um Kli (vaso) quebrado, que deve ser corrigido e conectado. Esta é a correção através da qual alcançamos a regra, “Ama teu próximo como a ti mesmo; é a grande regra da Torá”*, se referindo à conexão de todos nós em um único Kli, quando todas as pessoas são como um.

Primeiro, o povo de Israel alcançará a unidade. Subsequentemente, eles servirão como “uma luz para as nações” e conectarão todos a esse Kli. Logo, “Todos eles ME conhecerão do menor deles ao maior deles” (Jeremias 31:33). Conhecer significa alcançar, como está escrito, “E o homem conheceu Eva, sua esposa” (Gênese 4:1). É esta a meta que devemos alcançar, e ela é alcançável somente através de união.

Quando nos conectarmos, descobriremos quão perversos nós somos, quão indesejável a conexão é para nós, e como preferimos evitá-la. Aqueles entre nós pensam nestes dias sobre amor fraterno, sobre “ama teu próximo como a ti mesmo”? Embora esteja escrito na Torá, embora seja uma grande regra sobre a qual a inteira Torá se apoia, ninguém se envolve na verdadeira implementação desta ideia.

Virtualmente nos esquecemos dessa única regra, sem a qual a inteira Torá é insignificante. A porção explica como devemos abordar a correção fase após fase. Todos as Mitzvot (mandamentos) na Torá são apenas correções interiores de nós mesmos para alcançar este princípio, a grande regra da Torá, e mudar do amor ao homem para o amor a Deus, como Baal HaSulam escreveu em Matan Torá (A Doação da Torá), e A Arvut (A Garantia Mútua).

O amor ao homem é o Kli dentro do qual aparece a luz superior do Criador e a revelação do Criador às criaturas é o propósito da Criação, como está escrito, “E todos eles ME conhecerão do menor deles ao maior deles”.

Quer queiramos ou não, atravessamos fases nas quais descemos a um estado chamado Faraó. Nesse estado, o ego aparece. Faraó, o ego, aparece precisamente quando nos queremos unir, quando compreendemos que o propósito da Criação é obter conexão, união. Quanto mais tentamos concretizá-la entre nós, mais descobrimos Faraó dentro de nós. Faraó é um grau grande e importante no nosso progresso para a realização do grau espiritual, o nível humano.

A vida como a conhecemos é no nível animal. Para alcançar o nível humano, precisamos estar conectados como Adam HaRishon (Adão, o primeiro homem), que incluía a inteira humanidade dentro dele. A alma de Adão dividiu-se em 600,000 almas, que então se multiplicaram de modo em que em cada um de nós haja uma centelha de Adam HaRishon. O nível humano é o nível de coletar essas centelhas em cada um de nós. Contudo, estamos ainda no nível animal e devemos nos elevar do nível animal ao nível falante.

A porção explica que podemos subir ao nível falante somente ao reconhecer Faraó dentro de nós, com o desejo egoísta que quer somente receber e nada dar. Aproximamo-lo e chegamos a conhecê- lo precisamente quando estamos em um estado que ele nos “alimenta”, e nós estamos desamparados contra ele.

É o mesmo nas nossas vidas hoje: se deixarmos nossos egos, nada teremos para comer. Se, por exemplo, abolirmos toda a competitividade entre nós, a inveja, cobiça e perseguição de poder e respeito, o mundo deixará de se desenvolver. Deste modo, precisamos destas forças, como está escrito, “Inveja, cobiça e honra libertam o homem do mundo”. **

Estas forças nos libertam deste mundo, e para um mundo mais elevado e mais espiritual.

Devemos chegar a conhecer Faraó, nosso ego, em um sentido mais profundo. Devemos chegar a querê-lo, embora naturalmente não queiramos. Esse desejo contradiz nossa inclinação natural.

Se nos direcionarmos para a conexão com as pessoas, compreendendo que o propósito da Criação é alcançar amor e conexão, aparentemente nos opomos a ele. Deste modo, o ego necessariamente aparece em nós. Por outro lado, o ego compreende que devemos usar todas nossas boas qualidades.

Esta situação instiga uma divisão em duas forças – a força de Jacó e a força de Faraó, ou a força de José e a força de Faraó. Gradualmente, aprendemos a discernir entre essas duas forças em nós e compreendemos como elas se complementam uma à outra, como José se mistura com Faraó, e como Faraó se mistura com José.

José é “o justo José”. Ele é Yessód, que coleta todas nossas qualidades de doação, dar e o amor. Faraó é a correção de todas as más qualidades egoístas. Estas duas qualidades devem se unir em prol de se complementarem uma à outra, para que as qualidades más se tornam boas, para que a inclinação ao mal se torna a boa inclinação do bem, como está escrito, “O anjo da morte está destinado a se tornar o sagrado anjo”. ***

Estes processos acontecem dentro de nós. Reparamos que estamos confusos, como Faraó, que está confuso pelo seu sonho. Um sonho é uma indicação muito elevada do nosso progresso. Ele ocorre quando estamos confusos e desorientados. Na transição de estado para estado, não compreendemos o que se está a passar, tendo abandonado o estado anterior, mas ainda não alcançamos o reconhecimento, o novo entendimento e deste modo estamos confusos.

Quando nos envolvemos em autoexame, ou em pesquisa ainda mais superficial, experimentamos períodos onde ainda não estamos em controle da nova percepção. Ao mesmo tempo, devemos abandonar a percepção antiga ou não seremos capazes de subir para o novo nível. É por isso que esse estado é chamado “um sonho”. Similarmente, no nosso mundo, entre cada dois dias deve haver a noite, trevas, abandono do intelecto, razão. O sonho ajuda-nos a preparar para perceber o que o novo dia nos reserva.

Aqui podemos ver a mistura que existe entre qualidades espirituais, as qualidades do Criador e as qualidades da pessoa, a criatura. As qualidades do Criador, que visa doar somente, são chamadas “o lado direito”. As qualidades da criatura, que visa inteiramente receber, são o “lado esquerdo”. A conexão entre elas ocorre quando Jacó e seu agregado inteiro desce para o Egito.

Jacó está no Egito e se mistura com os Egípcios em prol de mais tarde suscitar todos os Kelim, para suscitar todo o poder do ego, exceto o próprio ego. Este estado é chamado “E posteriormente eles sairão com grande substância” (Gênese 15:14).

A inteira porção lida com a descida para esse estado. Podemos ter bons desejos, mas ainda somos incapazes de progredir com eles porque estes desejos são demasiado magros.

Quando começamos a estudar, descobrimos um desejo de avançar e compreendermos a nós mesmos, de conhecer a realidade que nos governa, a realidade superior. Por outro lado, sentimos que não temos este poder. Por outro lado, sentimos que o processo que estamos atravessando está pré-instalado em nós, então é inevitável que descubramos a inclinação ao mal, Faraó, dentro de nós. Nossas boas qualidades estão incluídas nas qualidades egoístas e isto é chamado “pois a fome estava na terra de Canaã” (Gênese 42:5). Deste modo, não temos escolha senão descermos ao Egito.

Quando não vemos a espiritualidade como uma forte base, nos tornamos incluídos na nossa vontade de receber. A vontade de receber então cresce e torna-se mais cruel e mais intensa, até ao ponto que parece que ela está prestes a nos engolir. Mas quando avançamos na direção certa, descobrimos que José já existe dentro de nossa vontade de receber.

José está já no Egito, e através disso nos tornamos incluídos no ego. É por isso que há sempre uma espécie de partição entre as qualidades de doação e as qualidades de recepção.

José diz para Simeão que os irmãos são espiões, e envia o resto dos irmãos para sua pátria. Contudo, eles não têm escolha senão regressar ao Egito porque não temos escolha senão trabalhar com o ego, a vontade de receber, ou não haverá progresso de todo.

O ego foi criado contra nós, e se não o invertermos em prol de doar, não seremos capazes de entrar na Criação e descobrir o mundo superior.

De fato, trabalhamos somente com nossas próprias qualidades. É por isso que esta sabedoria é chamada Chochmat HaKabalah (a sabedoria da recepção) uma vez que recebemos dentro dos vasos de recepção os Kelim que foram cruéis. Sentimos o mundo espiritual somente depois de corrigirmos nossos Kelim.

Como acaba de ser dito, os irmãos regressaram a José pela segunda vez. Contudo, desta vez José deu-lhes um Kli, uma taça que ele recebeu do Egito. Ele entregou-a para a casa de Jacó, assim puxando todos eles de volta e todos os filhos de Israel desceram para o Egito. José está conectado ao Egito de uma maneira especial – na qualidade de Yessód que o caracterizou. Esta qualidade concentra dentro dela todas as qualidades superiores que entram em Malchut, nossa vontade de receber – através dela.

José casou com a filha de um dos conselheiros espirituais de Faraó, Osnat, e tiveram dois filhos, Efraim e Manassés (Menashê). Isto significou que com a entrada dos filhos de Israel no Egito, Faraó começou a mudar. Parece que embora uma conexão tivesse sido feita que funcionou a favor de Faraó, uma vez que o mundo inteiro vinha até ele, até Malchut, a única que pode fornecer nutrição. Mas esta nutrição foi na realidade recebida das primeiras nove Sefirot, não de Malchut.

As primeiras nove Sefirot estão incluídas em Malchut porque primeiro elas têm de ser incluídas em Faraó, Malchut. Absorvemos estas qualidades e as usamos em prol de receber. Usamos aquilo que adquirimos para nosso próprio benefício, enganando as pessoas, corrompendo bons meios e roubando quando possível.

Devemos atravessar tal período em que nossas boas qualidades são “cativas”, embora as usemos para nosso próprio prazer, elas ainda trabalham gradualmente sobre nós, tal como com os filhos de Israel no Egito. Quando os filhos de Israel desceram ao Egito, eles se conectaram a Faraó para que posteriormente, quando as pragas descessem sobre Faraó, eles ainda sentiriam que não podiam permanecer mais com a vontade geral de receber e trabalharem a favor de seus egos, e então eles correriam com grande substância.

A conexão entre as qualidades do Criador e as qualidades da criatura. As nove Sefirot do Criador entram na décima Sefirá (singular de Sefirot), Malchut, a qualidade da criatura, nosso ego, mas isso não acontece instantânea, mas gradualmente.

 

Perguntas e Respostas

Nesta porção, José testa seus irmãos, separando-os. Eles o superam e se reúnem, então ele os separa novamente. Parece que presentemente o mundo está em semelhante situação: compreendemos que temos de nos conectar, mas não conseguimos, devido aos nossos egos. O que podemos aprender desta porção sobre a direção que o mundo deve tomar?

Esta porção serve como um grande sinal de aviso, especialmente para o povo de Israel. O povo de Israel tem que descer a Faraó. Isto é, devemos ir para o mundo e ajudá-lo a subir. Se falharmos em fazer isso, será mau pois esse não é o caminho da Torá.

Devemos direcionar todo nosso ensinamento, toda a luz para disseminar a sabedoria da Cabala pelo mundo. Ela é chamada o “a trombeta do Messias”.

Está escrito em O Zohar que somente através do poder de O Livro do Zohar sairão os filhos de Israel  do  exílio.  Contudo,  ainda   não   estamos   no   exílio;   primeiro   devemos   entrar   nele. Exílio é quando queremos nos conectar, mas não sabemos como o fazer pois há algo que nos impede. Procuramos o ego, que nos impede, e devemos encontrar Faraó dentro de nós e entre nós. É por isso que primeiro nos devemos conectar entre nós tanto quanto pudermos, como em “todos de Israel são amigos”. ****

Devemos circular a Educação Integral de “Ama teu próximo como a ti mesmo” pela nação e explicar de uma maneira cientifica tudo aquilo que a Cabala divulga, que devemos obter unidade e garantia mútua, ou nossa situação será desesperante. Devemos transmitir ao mundo a mesma mensagem, também, ou o mundo inteiro virá até nós com exigências. Eles não saberão sequer porquê, mas estarão certos pois isso está de acordo com as leis da Natureza. Esta exigência do mundo é “a guerra de Gog uMagog”, a guerra do fim dos dias.

É por isso que a casa de Jacó desce ao Egito, e é isso o que nós, também, devemos fazer. Devemos começar a nos conectar entre nós, sentindo nossos Faraós internos, e devemos começar a cuidar deles. Devemos estudar a Torá de tal modo que ela se torne para nós uma luz reformadora. Em outras palavras, vamos atrair luz para nós através do desejo de nos unirmos.

Quando estudamos Torá, direcionamo-nos somente para a conexão. Não aspiramos conhecimento ou esperteza, mas somente à união entre nós. Esta é a regra que a Torá exige de nós: “Ama teu próximo como a ti mesmo; ela é a grande regra da Torá”. Essa é a única razão pela qual a Torá foi dada.

“Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei a Torá como tempero pois a luz nela a reforma”. Devemos observá-la e hoje o mundo inteiro exige-o de nós.

Logo, finalmente organizaremos nossa nação. Nossa nação foi fundada sobre a unidade dos exílios desde a Babilônia ao redor de Abraão. Maimônides escreve que eles estavam conectados baseando- se na regra, “Ama teu próximo como a ti mesmo”“, e foi por isso que se tornaram uma nação. Assim que perdemos esse princípio, deixámos de ser uma nação. Em vez disso, nos tornamos uma coleção de exílios. Estamos ainda no exílio, em uma espécie de coleção, então devemos circular estas palavras e notificar todos tão rápido quanto pudermos.

Se circularmos por todas as nações o método para conectar todos em mutualismo, como a Natureza o exige, como a presente crise o exige, de acordo com a sabedoria da Cabala, veremos diferentemente como todos se relacionam para nós. Eles exigirão se conectar e pedirão ajuda.

O que significam os anos de fartura e os anos de fome, e porque é o número sete mencionado duas vezes?

Esse é um processo pelo qual devemos passar, em ascensões e descidas, uma vez no nível animal e uma vez no nível vegetativo. É semelhante à quebra dos dois Templos. Em uma descida do alto, do grau de Jacó, precisamos descer uma vez mais ao nível de Môchin de Chaiá e uma vez no nível      de Môchin de Neshamá. É o mesmo com os dois Templos, o Primeiro Templo e o Segundo Templo, o mesmo como a ruína que nos aconteceu no mundo espiritual, o mundo de Nekudim.

Cada pessoa terá de o experimentar pessoalmente?

A uma extensão, todo e cada um de nós experimenta este processo.

Mas quando avançamos juntos para a conexão, esse não é um problema; podemos atravessar o processo inteiro com alegria.

Se disseminarmos a sabedoria e o mundo escutar e compreender, será necessário que o mundo atravesse este processo?

Ele é o reconhecimento do mal. É assim que chegamos a conhecer nossa doença. Tal como um médico usa o diagnóstico para examinar a enfermidade de uma pessoa e prescreve o remédio adequado, nós “diagnosticamos o mal” e subimos a um grau mais alto. Deste modo, não devemos ter medo. Se todos marcharmos para a garantia mútua e unidade, não teremos problemas pois até as coisas que parecem indesejáveis funcionarão para nossa realização do grau que foi preparado para nós, Yashar El (direito a Deus), direito à união.

 

Termos

Anos de Fartura e Anos de Fome

“Anos de fartura e anos de fome” são os sobes e desces que devemos atravessar, que se dividem em anos. O número sete representa as Sefirot Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut.

Estes anos conectam-se a Zeir Anpin, que contém seis Sefirot, com Malchut. Esta conexão cria um novo Kli entre as qualidades do Criador e as qualidades da criatura.

A sabedoria da Cabala refere-se às seis qualidades como “o Sagrado Abençoado seja Ele (Kadosh Baruch Hu )”. A sétima qualidade é a Shechiná (Divindade), que é presentemente Faraó, também conhecida como “Divindade em exílio”. Depois da correção, Faraó torna-se um lugar sagrado, em prol de doar, o lugar de nossas almas, o lugar da conexão entre nós.

Os Sábios do Egito

A sagacidade do Egito é chamada “sabedoria externa”. Ela afirma que você não precisa mudar por dentro em prol de obter todo o bem nesta vida e na vida espiritual, e que se pode acomodar com o intelecto. Estudar sem mudar; não pensar sobre a correção do coração, no seu ego, que você precisa mudar; estude algumas páginas e ficará feliz. Isto, em essência, é a sabedoria do Egito, tal como está escrito, “há sabedoria nas nações, acredita”. *****

Grão e Fome

“Fome” é uma sensação da vontade de receber que não se consegue satisfazer a si mesma. O grão corresponde ao grau de fome no qual você sofre. Isto refere-se a dois graus – o grau de Môchin de Chaiá e o grau de Môchin de Neshamá.

Irmãos

“Irmãos” significa conexão. Quando os  desejos de  receber se  conectam em  intenções comuns   e Massachim (telas) comuns, quando todos se desejam unir em prol de obter a meta sublime, eles são chamados “irmãos”. É por isso que há Malchut, Egito, Faraó e no alto há a inteira casa de Jacó. (Yod-Hey-Vav-Hey) vezes três linhas, quatro letras vezes três linhas, que são os doze irmãos.

Uma Refeição

O preenchimento do Kli acontece quando há comida e bebida. Como em Purim, isso exige duas porções. Esta é toda a luz, os sabores que se espalham da (boca) do Partzuf para baixo. A luz interna que se espalha pelo Partzuf é chamada “uma refeição”. Se o fazemos em Partzufim que estão integrados juntos, isso é como a lei dos vasos que se comunicam, onde todos se preenchem com o mesmo nível, que é chamado “uma refeição de irmãos”. É por isso que essa é a única condição onde o termo, “Quando irmãos também se sentam juntos” (Salmos 133:1) é verdadeira.

De O Zohar: E Os Homens Tinham Medo Pois Eles Foram Trazidos Para A Casa De José

“A boa inclinação precisa da alegria da Torá, e a inclinação ao mal precisa da alegria do vinho, adultério e orgulho. É por isso que o homem precisa sempre a enfurecer desse grande dia, o dia do juízo, o dia da contagem, quando tudo o que protege uma pessoa são as boas ações que ela faz neste mundo para que elas o protejam a partir desse tempo”. Zohar para Todos, Mikétz (No Final), item 198

* “Ama teu próximo como a ti mesmo. Rabi Akiva diz, ‘É uma grande regra na Torá’” (Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p 30b). 

** Mishná, Seder Nezikin, Masechet Avot, Capítulo 4, p 27.

*** Mencionado em Os Escritos de Rabash, Vol. 1, “O que é Torá e Trabalho no Caminho do Criador? “

**** Mishná, Shekalim, Ikar Tosfot Yom Tov, Capítulo 8, Mishná 1.

***** “Se um vos disser, ‘há sabedoria nas nações, acreditai; há Torá nas nações, não acrediteis” (Midrash Rába, Eichá, Parashá 2, Parágrafo 13).

VaYéshev (E Jacó Se Sentou)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 37:1-40:23)

 

Sumário da Porção

Na porção, VaYéshev (E Jacó Se Sentou), Jacó mora na terra de Canaã. O protagonista desta porção é José, o filho mais novo de Jacó. José foi dotado com uma aptidão para sonhos proféticos. Ele conta-lhes sobre isso e traz sua inveja contra ele.

Seus irmãos conduzem o gado até Shéchem (Siquém) para lá pastar, e seu pai o envia até eles. No seu caminho ele encontra um homem e pergunta-lhe sobre seus irmãos: “Procuro meus irmãos” (Gênese 37:16). Na altura em que José encontra seus irmãos, eles já conspiram matá-lo devido a sua inveja. Rúben consegue preveni-los de cometerem o assassinato. Em vez disso, os irmãos decidem jogar José para um fosso, planeando vendê-lo aos Ismaelitas. Uma escolta de Midianitas que está de passagem leva José com eles até ao Egito.

Quando José chega ao Egito, ele esconde-se na casa do capitão da guarda de Faraó, Potifar. A esposa de Potifar tenta seduzir José, mas ele recusa-a. Ela vinga-se ao reclamar que José se tentou forçar nela. José é jogado para a masmorra como resultado.

No fosso, José encontra dois oficiais do Faraó, o copeiro chefe e o padeiro chefe. Ele interpreta seus sonhos e prevê que dentro de três semanas o chefe copeiro será libertado, e o chefe padeiro será enforcado. José pede ao chefe copeiro que assim que seja liberto, vá até ao Faraó e lhe diga que José está preso sem razão e que peça sua libertação.

 

Comentário

Esta porção contém uma mensagem espiritual profunda. Ela narra a correção da alma, que é o propósito na vida do homem, e a razão pela qual a Torá foi dada. Inicialmente, a inclinação ao mal aparece, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal, Eu Criei para ela a Torá como tempero” (Masechet Kidushin, 30b), pois “a luz nela a reforma” (Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2).

“Reformar” significa regressar a um estado de “ama teu próximo como a ti mesmo”. Isto é, ela nos traz de volta à qualidade de doação, à semelhança com o Criador. É isso que devemos concretizar, como está escrito, “Regressai, Ó Israel para o Senhor vosso Deus” (Oseias 14:2).

A Torá demonstra como o ego, a vontade de receber, continua a mudar até que seja corrigida. No exemplo demonstrado nesta porção, vemos como todas as nossas qualidades se conectam, então se separam, manifestando desequilibro entre elas até que produzam qualidades mais avançadas que sejam mais próximas da doação.

Jacó é o princípio da qualidade de doação dentro de nós.

Abraão, Isaac e Jacó são os três patriarcas. Jacó é na realidade o sênior, contendo tanto o desejo de receber e o desejo de doar dentro de nós, pois podemos somente suscitar a linha do meio usando ambos. A linha do meio, Jacó, ainda não é atribuída ao nível de implementação em nós, mas ao nível de tomada de decisões.

A expressão do nível de Jacó da implementação é seus filhos, desde Rúben, o mais velho, a José, o mais novo. E precisamente nesta hierarquia que pendem as qualidades dentro de nós. É assim que o ego, em todas as suas formas (ainda incorretas), é corrigido. Aquele que as completa é José, o justo. Ele reúne todas as qualidades anteriores na qualidade de Yessód (fundação), que se chama “o justo José”) ou “um justo, a fundação do mundo” (Provérbios 10:25).

Por um lado, José usa todas suas qualidades anteriores – Kéter, Chochmá, Biná, Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód – mas por outro lado, ele precisa os conduzir até Malchut. Malchut é a vontade de receber egoísta, Faraó, Egito, simbolizando a totalidade de nossos egos.

Assim que tenhamos alcançado um estado de descobrir no interior estas qualidades de doação – desde Abraão, a qualidade de Chéssed, passando por Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e até Yessód, que é José — está na hora de abandonarmos os pais e pertencermos à vontade de receber. Primeiro, precisamos permear a vontade de receber, e então a vontade de receber nos permeará.

Assim que sejamos permeados por ambas as qualidades – recepção e doação – e devemos ver que primeiro, a qualidade de doação entra na qualidade de recepção e começa a corrigi-la. Somente então começa ela a remover a parte da vontade de receber que pode ser corrigida.

Isso é semelhante a um educador que trabalha com um bando de criminosos. Ele consegue levar os membros mais avançados do grupo que estão dispostos a trabalhar com ele, e os trazer à correção. Em outras palavras,  quando  entramos  na  vontade  de  receber,  entramos  no  exílio.  E  quando saindo dele, saímos com “grande substância”, ou seja, com vários “vilões” que desejaram correção e a consideram redenção. Assim que eles são corrigidos, eles têm “grande substância” porque eles adquiriram poder adicional na qualidade geral de doação.

Assim, através de todos esses exílios e redenções, corrigimos a inteira inclinação ao mal. É assim também como compreendemos o inteiro processo, como chegamos a conhecer o plano da Criação, e como nos tornamos similares ao Criador. José, a última das qualidades de doação, atravessa muitos processos em prol de se separar da qualidade de doação e se preparar para entrar na qualidade de recepção, vulgo, Egito.

Esta é também a razão para sua contenção com seus irmãos. Eles o odeiam porque eles não conseguem compreender o que ele quer. Eles não compreendem como o filho mais novo pode ser o maior. Mas José é diferente deles.

Banim (filhos) é três vezes Yod-Hey-Vav-Hey, em três linhas. Estes são os doze filhos. Não só José é o maior porque ele está disposto a se conectar com eles, mas os outros também se dobram para ele, se rendem para ele. Enquanto não entrarem na Malchut, enquanto ele se encontrar misturado já com o Egito, eles o aceitam porque podem ver como essa situação pode ser mais tarde realizada na vontade de receber pelo propósito da correção.

Sucede-se que atravessamos fases que nos parecem completamente incorretas e más, tal como não compreendemos a conduta de seus irmãos com José. Jacó sofre e está desamparado. Os irmãos desejam matar José e mentem a Jacó, mas estranhos salvam José do fosso, embora sua intenção seja vendê-lo.

É assim que nos tornamos separados de nossas qualidades anteriores. Acumulamos essas qualidades anteriores dentro das qualidades de Yessód, a qualidade de José, e nos separamos a nós mesmos de as usar. Colocando-o diferentemente, deixamos a terra de Canaã e entramos no Egito.

No Egito, quando entramos em contato com a vontade de receber, quando a qualidade de doação entra na qualidade de receber, a vontade de receber imediatamente sente quanto pode ela ganhar e lucrar disso. Se fosse só outra forma de recepção, não importaria assim tanto. Mas se podemos doar em prol de receber, então somos como comerciantes. Calculamos toda a maneira de doação que podemos somar à vontade de receber ao nos conectarmos a todas as coisas e através da negociação podemos ganhar lucros delas para nós mesmos.

Desta maneira, descobrimos que a qualidade de José pode ser muito lucrativa para a vontade de receber. A pessoa se sente mais retorcida, mais poderosa e mais bem-sucedida que as outras. Não se comporta tão agressivamente em prol de receber, mas em vez disso obtém pela deliberação: “Vos venderei isto e me vendereis aquilo”. Este é um desenvolvimento do ego.

É por isso que, quando a qualidade de José se mistura com nossa vontade de receber, como José se misturou no Egito, ela traz grandes lucros para aqueles que estão com ele no Egito, ou seja, para nossas formas egocêntricas.

De fato, o lucro é tão grande que desenvolvemos um desejo de usá-lo em prol de receber, mas o humano em nós não consegue concordar com isso. Foi isto que aconteceu quando José chegou à casa de Potifar. Quando ele chegou, ele estava bem, mas com sua esposa passou o limite. Aqui, o humano em nós vê que há um desejo de o explorar em prol de receber, ou seja para nos separar de nossa fundação, e isto é algo com o qual não conseguimos concordar. Quando discordamos disso, sentimo-nos desamparados, aprisionados e encarcerados.

Essa sensação dura muito tempo e cresce durante as “forças” estranhas, o chefe copeiro e o chefe padeiro, no estado de estar na prisão. Estas qualidades dentro de nós estão em contato com o José dentro de nós. Elas trazem-nos a Faraó e acompanham-nos.

A qualidade do chefe padeiro é destruída porque ele pertence às forças de doação do ego, com    as quais José compreende que não consegue trabalhar.

Mas as forças do ego de recepção – o chefe copeiro, que é equivalente ao vinho – são aqueles que despertam. O chefe copeiro não salva José imediatamente, mas somente depois de despertarmos da queda, da descida.

Em prol de subirmos de um grau para o próximo, sonhamos. Um sonho é um estado de perder o estado anterior e alcançar um novo. Precisamos ser invertidos para renascermos.

Experimentamos três estados: deitar-nos, sentar-nos e levantar-nos. “Deitar-nos” é o estado de sonhar. Quando nesse estado, nossa cabeça, corpo e pernas estão todos no mesmo nível, indicando que não temos nem intelecto nem sabedoria. Mas é precisamente nesta forma que adquirimos    os Kelim (vasos) do próximo grau e nos tornamos invertidos, tal como um bebê recém-nascido emerge do ventre de sua mãe. Enquanto no ventre, ele está com sua cabeça para cima, mas perto do nascimento ele vira-se ao contrário, e assim que está fora, ele vira-se para cima novamente.

“Deitar-nos” significa perder todas nossas Mochin (luz de Chochmá, sabedoria). É assim que devemos transferir de um estado para o próximo. Por um lado, perdemos nosso grau anterior, e por outro lado, começamos a adquirir o próximo grau, que se torna um inteiro novo mundo para nós. Esta é a visão interior com a qual começamos a compreender o sentido de “amanhã”, o próximo grau no qual entramos.

Este grau nada se assemelha aos sonhos no nosso mundo. Em vez disso, aqui a Torá conta-nos sobre a entrada para um nível mais alto. No estado de sonho, vemo-nos a nós mesmos em formas mais avançadas, sabendo como usar tais qualidades como o chefe copeiro, o chefe padeiro e Faraó, e podemos avançar com elas pois elas já estão formadas no interior.

No fim, quando José é encarcerado devido à esposa de Potifar, ele descobre dentro dele as qualidades do chefe copeiro e o chefe padeiro. Precisamente porque ele mata o chefe padeiro e nutre a qualidade do chefe copeiro, ele chega à casa de Faraó.

Pela evolução das gerações há ódio entre irmãos, entre Caim e Abel, entre Isaac e Ismael e entre Jacó e Esaú. Este ódio é definido como Klipá (casca/pele) e Kedushá (santidade). Nesta porção, há doze irmãos, os filhos de Jacó, que são as qualidades do homem, mas não há ódio tal entre eles que estejam dispostos a matar a qualidade chamada “José”.

Contudo, o ódio é somente para José. Os irmãos compreendem-se uns aos outros. Cada um deles representa uma qualidade diferente dentro de nós. Nós temos muitas qualidades, mas nenhum conhecimento de como as integrar na linha do meio. Não compreendemos como trabalhar com as várias qualidades juntas, ou seja, com nossos egos, nossa vontade de receber.

A coisa interessante sobre José é que ele conta a seus irmãos, “Uma pessoa tem um desejo egoísta, não as qualidades de doação que você tem. Isto é, eu posso conectar suas qualidades ao desejo egoísta; eu sei como fazê-lo”. Deste modo, cada um que representa uma certa qualidade sabe que através da doação ele alcançará alguma coisa, da direita ou da esquerda – para Chéssed, para Gvurá, para Tiféret, para Netzach, para Hod, exceto Yessód.

A inteira estrutura dos doze irmãos, doze filhos de Jacó, é que todos eles trabalhem acima do ego, acima da vontade de receber, doando em prol de doar. Isto assim é porque a linha do meio, Jacó, que ainda pertence à cabeça, ao grau dos patriarcas, gera todas as qualidades dos irmãos exceto aquela de José, e todos eles estão também, em doação, de baixo para cima.

 

Perguntas e Respostas

Então porque Jacó o compreendeu e até amou José?

Jacó amou José pois ele era uma continuação de si mesmo; ambos estavam na linha do meio — Jacó em Tiféret e José em Yessód.

O que significa que cada irmão representa uma certa qualidade?

Os doze filhos de Jacó são qualidades que se relacionam à doação. Na realidade, eles são onze, porque José não tem qualidade; ele é uma coleção de qualidades.

A ideia por trás da qualidade de José em nós é que podemos pegar em todas essas qualidades, as fundi-las com diferentes combinações, e as usarmos com nossos egos. Em outras palavras, podemos começar a trabalhar com o ego para que ele trabalhe com essas qualidades e as apoie. Desta maneira, podemos nos corrigir a nós mesmos. Estas qualidades não compreendem como é possível roubar em prol de doar.

O que é uma qualidade? É roubar uma qualidade? São a ira e preguiça qualidades?

Chéssed, por exemplo, é a qualidade de doação.  Em um estado  de Chéssed, uma pessoa está   em Chassadim (misericórdia). Tal pessoa dá, contribui e faz tudo aquilo que ele ou ela possa. Isto pede a pergunta, “Como se pode juntar nosso ego à nossa Chéssed”? Uma pessoa pode dar, mas somente se for em prol de ganhar lucros. De fato, é assim que José é usado no Egito, primeiro na casa de Potifar, então com Faraó.

José lhes traz a qualidade de Chassadim e eles a usam. O Egito torna-se rico e próspero através de José porque todos os egoístas compreendem que a doação faz todos se beneficiarem egoisticamente.

Contudo, as qualidades de doação em si mesmas não compreendem como é possível usar o ego em prol de as apoiar. Esta é a essência do contraste entre Abraão e Isaac, que amou Ismael porque a qualidade pura não consegue manter sua forma limpa e ao mesmo tempo se conectar com Malchut, a vontade de receber.

Há um processo muito especial e complicado aqui de ódio e desentendimentos entre eles. Mas José consegue conectar as qualidades da doação à vontade de receber para que, eventualmente, isso beneficie as qualidades de doação. Os irmãos – qualidades de doação dentro de nós – não compreendem como é isto possível, então eles protestam. Nós, também, não compreendemos como é isto possível.

A sabedoria da Cabala nos ensina como usarmos as qualidades de doação em prol de corrigirmos nossos egos. Além da Cabala, ninguém lida com isso porque ninguém tem o método das três linhas. Todas   as   religiões,   fés,   e   métodos   estão   aparentemente   acima   do    ego;    nós    subimos ostensivamente acima do ego como se não fossemos egoístas, e estamos todos em doação.

Significa isso que o “eu” vive entre as duas linhas?

Sim, mas somente as qualidades de José e Jacó. Jacó está nesta qualidade na linha do meio na cabeça, e José está no fim da linha do meio, na entrada para Malchut, pois ele é Yessód. Em José há contato com a casa do Faraó desde o início, e então com o próprio Faraó. Foi isto o que ele entendeu mal; os irmãos não conseguem compreender o que ele quer fazer. Eles pensam que seu contato com o ego, a vontade de receber, os prejudicará.

Nós somos o mesmo por dentro, como na sociedade humana. Podemos ver que todos odeiam a sabedoria da Cabala. Ninguém entende o que ela faz, nem sequer sabe para que serve porque a Cabala lida com coisas estranhas – a correção do homem, a correção da alma. Parece irracional pegar nessas qualidades sublimes, doação e Divindade, e conecta-las ao ego, aos desejos de roubar, violar, os piores níveis do ego. Mas é por esta razão que este método é chamado “a sabedoria da Cabala (Hebraico: recepção) ”: ela ensina como usar a pior vontade de receber em prol de alcançar o amor precisamente através dela.

Nenhum outro método pode alcançar a correção do homem, um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo”. É por isso que todos se esquecem desta regra da Torá e não roubam dela. Somente a sabedoria da Cabala nos corrige. Devemos recordar-nos que todos aqueles que trabalham “acima” do ego, toda a religião e fé, não compreendem como é possível corrigir o ego do homem, então eles realizam gestos superficiais sem mergulhar no ego e genuinamente atender a ele. Eles não lidam com a essência: “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”.

Nesta porção, vemos pela primeira vez quão difícil é lidar com isso. Doravante, haverá uma razão para todas as ruínas, transgressões, os problemas no deserto e todas as guerras. O problema que ainda permanece é como juntar adequadamente as qualidades de doação com as qualidades de recepção em nós, para corrigir nossos egos.

Como podemos deduzir disso sobre o que hoje acontece no mundo? Afinal, hoje o mundo está escravizado aos nossos egos. Quem é o José de hoje?

Os Josés de hoje são aqueles que têm o método para corrigir o ego, que está aparecendo no mundo através da força superior. Em outras palavras, são aqueles que estudam a sabedoria da Cabala, como está escrito, “Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “a luz nela a reforma”. O método da luz é a sabedoria da Cabala, e é muito difícil explicá-la ao mundo. E também difícil aceitar que há uma maneira de corrigir o ego, o ódio reciproco, as crises que experimentamos, que são os resultados dos nossos egos.

José não tentava explicar coisa alguma; ele foi simplesmente vendido à escravidão, foi para o Egito e lá se misturou. Porque precisamos explica-la hoje?

Hoje é o que precisamos fazer: explicar ao disseminar a sabedoria da Cabala, que é chamada       “o Shofar (trombeta feita de chifre) do Messias”. Devemos circulá-la e espalhá-la pelo mundo porque ao assim fazer nos tornamos incluídos nas nações do mundo, como foi José no Egito. Desta maneira, plantamos as sementes da doação que farão todos começarem a compreender a razão para todos os problemas até que eles, também, possam subir.

Estes problemas estão a intensificar-se e não há modo de os evitar devido a nossa descida, nossa evolução, é contínua. O presente estado das coisas é uma causa para a guerra. A guerra de Gog uMagog deriva da mesma razão, como todas nossas guerras. Nós encontramo-nos no ponto de ruptura, e esta porção é muito pertinente e significativa.

O ponto focal do problema é ódio sem fundamento entre irmãos, e este é o estado em que nos encontramos hoje. Por um lado, parece que não há nada que possamos fazer; o ódio existe entre as pessoas, bem como para a sabedoria da Cabala. Além do mais, ele é esperado se intensificar, pois é difícil para as pessoas entenderem a sabedoria da Cabala apesar de todas as explicações. Por outro lado, este mesmo ponto revela os dois opostos dentro de nós: a alma e o corpo. É impossível desconectá-los, e José é o ponto que os conecta.

 

Termos

José

Yosef (José) é Yessód, uma qualidade que inclui todas nossas boas qualidades, as qualidades de doação. Ele é uma coleção de todas as qualidades de doação e porque ele não tem nada de seu, mas a coleção de prévias qualidades, ele consegue conectar-se com a qualidade de recepção.

Esta qualidade consegue conectar dentro dela todas as qualidades de doação na sua parte superior, e todas as qualidades de recepção na sua parte inferior. Isso é José pois ele coleta todas as qualidades dentro dele. *

Yosef é também chamado “a fundação do mundo”, uma vez que o mundo verdadeiramente aparece nesta qualidade, uma coleção de duas forças, doação e recepção, onde o Criador e a criatura se encontram.

A Túnica Listrada

A túnica listrada são três listras, que na realidade são duas, aparentemente brancas e pretas, pois ela é feita de lã, que é tanto preta como branca. Contudo, a partir do preto e branco emerge uma linha do meio que não existe na realidade. Ela não existe na túnica, mas é o humano que a faz. Quando usando a túnica listrada, uma pessoa torna-se a linha do meio entre as duas listras.

Eu Procuro Meus Irmãos

José compreende que sem o poder de todas as qualidades acima dele – seus irmãos – ele não será capaz de lidar com o Egito. É aqui que ele os encontra no Egito ele diz, “Quão bom e quão agradável é que irmãos se sentem juntos” (Salmos, 133:1). Isso significa que agora realmente se torna aparente quão bom que eles estejam misturados no Egito, e que haja uma abertura para a correção do Egito, uma porta para a correção do ego do homem.

De O Zohar: E Um Homem O Achou

“Yosef foi a aliança superior, Yessód de ZA. Enquanto a aliança, que é Yosef, existiu, a Divindade existiu como devia, pacificamente em Israel. Desde que Yosef, a aliança superior, deixou o mundo, pois ele foi vendido para a escravidão, a aliança e Divindade e Israel todos foram exilados”. Zohar para Todos, VaYéshev (E Jacó Se Sentou), item 104

* O nome José (Yosef) vem da palavra Osef (coletar/reunir).

VaYishlách (E Jacó Foi)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 32:4-36:43)

Sumário da Porção

Na porção, VaYishlách (E Jacó Foi), Jacó quer fazer paz com Esaú depois de fugir dele e estar com Labão durante muitos anos. Esaú envia anjos a Jacó, que o informam que Esaú se dirige para ele com quatrocentos homens.

Jacó fica alarmado com o encontro iminente, e à noite um anjo aparece diante dele. Jacó luta com ele e derrota-o, mas é magoado no tendão da sua coxa. Os anjos alertam Jacó que seu nome mudou a partir desse momento de Jacó para Israel. Quando Esaú chega, eles abraçam-se e fazem a paz, e Jacó muda-se para a área de Siquém.

Mais tarde, a porção fala de Diná, a filha de Jacó, que é raptada por Siquém — o filho de Hamor, o Hivita — que se quer casar com ela. Os filhos de Jacó permitem o casamento sob a condição que todos os homens na cidade se circuncisem a si mesmos. Assim que eles realizam a circuncisão, os filhos de Jacó matam todos os homens, trazem Diná de volta e pilham a cidade.

O  Criador instruiu a  Jacó  que  se  mude  para  Beit  El,  onde  Ele  abençoa  Jacó   com muitos descendentes e a herança da terra. No fim da porção Raquel morre quando ela dá à luz seu segundo filho, Benjamim. Isaac também morre e é enterrado pelos seus filhos, Esaú e Jacó.

 

Comentário

Esta porção lida com escrutínios muito profundos que fazemos dentro de nossas almas para nos corrigirmos a nós mesmos da intenção de receber, da forma egoísta da alma. Precisamos destes escrutínios para a alma pois ela foi quebrada em um processo conhecido como “a quebra dos vasos”, a ruína.

Assim que alcançamos o grau de Jacó, que é ainda um grau de Katnút (infância), descobrimos que é impossível avançar em frente. Tendo se elevado acima do ego, acima da vontade de receber, e tendo alcançado um estado de Katnút, chamado Galgalta e Eynaim, não tendo nada com o qual avançar.

Em prol de avançar, temos de encontrar dentro de nós inclinações adicionais, Kelim (vasos) quebrados adicionais. Sob sua correção, podemos elevar-nos junto com eles. Em outras palavras, quando quer que estejamos em um certo estado, primeiro devemos descer e nos misturar com o negativo, e somente então subir até ao positivo.

A porção fala precisamente desse estado. Isto é, aqueles que alcançam o estado de Jacó não conseguem avançar mais e devem se conectar novamente com a inclinação ao mal que ainda não está corrigida. Avançamos para o Esaú no interior apesar de temermos que o desejo egoísta nos possa subjugar, que talvez não sejamos capazes de sair desse estado.

Isto requer uma preparação especial. A Torá narra que Jacó dividiu todas as coisas, as mulheres, as crianças, e todas as pessoas com ele. Em outras palavras, vamos clarificar nossos desejos, ordenando todas nossas qualidades em preparação para a divulgação dos defeitos no interior. Assim podemos lidar adequadamente com eles.

 

Perguntas e Respostas

Está escrito que Jacó sai com um presente, uma oração e com uma guerra. Ele prepara toda a táctica.

Verdade, ele divide seu inteiro agregado. É lhe dito que Esaú se dirige para ele com quatrocentos homens.   Quatrocentos   é   uma   medida   completa,   quatro Bechinot (discernimentos),    e  cada Bechiná (singular de Bechinot) é quatrocentas vezes seu poder.

Por um lado, Jacó teme tal poder. Por outro lado, ele sabe que não tem escolha. Para avançar para a Dvekút (adesão) com o Criador, ele deve atravessar essas fases.

À noite, Jacó luta com o ministro de Esaú e atravessa uma correção especial, que aparece nele como um defeito no tendão da coxa. Mas ele descobre que esse defeito na realidade o guarda. Por esta razão, ele recebe uma bênção que todas as revelações que ele terá da parte de Esaú nele – simbolizando suas qualidades negativas – aparecerão somente em um modo de causa e consequência, à extensão e na forma que ele consiga corrigir sem falhar. Embora fracassos adicionais o esperem pela frente, tais como com Diná, ele está garantido que no final é precisamente o grande ego que o Criador criou nele que o assiste no seu progresso.

Deste modo, depois de seu encontro com Esaú, Jacó muda-se para Siquém equipado com forças maiores, e está agora prestes a subir do grau de Jacó, que é a Katnút da alma, tendo somente vasos de doação, para Gadlút (maturidade), para Israel.

“Israel” significa que todos os desejos de um, todas as qualidades que apareceram até então, estão direcionadas para o Criador. Aquele que visa se assemelhar ao Criador, se apegar ao Criador, e deste modo executa ações na Escada de Jacó, alcançando um estado chamado Yashar El (direito a Deus), Yisrael (Israel). Avançar noutra direção, será como está escrito, “Todos eles são como bestas” (Salmos, 49:13). Se não nos envolvermos em corrigir a alma usando a sabedoria da Cabala, todos somos como as “nações do mundo”, como Esaú, não corrigidos.

Diná, filha de Jacó, já se encontra no próximo grau. É por isso que Siquém a acha tão atraente. Há violação aqui e coação, que significa que os vasos de doação ficam debaixo dos vasos de recepção. Embora ela esteja em Din (juízo), como seu nome, Diná, implica, uma grande vontade de receber chega sobre ela. É por isso que só há duas correções que os filhos de Jacó podem realizar: a primeira é a circuncisão dos filhos de Siquém; a segunda é matá-los. Isto indica a partida da luz superior de dentro desses Kelim, que os rendem como mortos.

O que implica a pilhagem da cidade?

Uma “cidade” é um lugar da vontade de receber nos Kelim que o obriga a separar a vontade de receber da luz da vida. Inversamente, você não mudará para a correção da vontade de receber. No nosso mundo, se você matar alguém isso é considerado um crime. No mundo espiritual, quando a força superior recebe todos os prazeres dos nossos desejos, dos nossos Kelim, removendo a sensação de vida e vitalidade, e nos sentimos como se estivéssemos mortos, essa sensação de morte ajuda-nos a alcançar a vida. Nesta vida, conectamo-nos à luz superior e nos preenchemos a nós mesmos com prazeres eternos na realização da Divindade, e sentimos nossa vida eterna, completa.

A matança mencionada na porção relaciona-se à questão de porque estamos nós a matar. É semelhante a uma pessoa com câncer. Essa pessoa luta para matar o tumor. Deste modo, isso depende do tipo de matança de que falamos, a que discernimentos dentro de nós nos relacionamos. Neste caso, a matança da cidade é no nosso melhor interesse; ela é uma correção.

Não seria suficiente ficarmos pela circuncisão?

Não. Circuncisão é quando você divide os seus desejos em bons e maus. Se depois da circuncisão ainda há desejos que não podem ser corrigidos, você os deve separar por enquanto da luz, e esta é a matança. Com isso você salva Diná, que deve estar conectada à linha do meio por enquanto e a Jacó, pelo qual ele ascende até Beit El (a casa de Deus).

O Criador diz para Jacó, “Agora estás pronto para subir ao próximo grau, chamado Beit El”. Quando Jacó chega ele recebe a bênção, vasos de doação, as forças com as quais ele consegue manter o grau e alcançar a revelação da espiritualidade nesse nível.

Jacó recebe a bênção que a terra inteira, o desejo inteiro, será seu. Isto é, no fim ele será gradualmente corrigido, e então “a terra inteira está diante de vós” (Gênese, 13:9). Logo, até se os desejos são dominados pelas outras nações, ou seja, que eles não estejam conectados à doação e amor aos outros, um os consegue corrigir para terem a direção de doar.

O fim da porção fala da morte de Raquel e Isaac.

Tanto Esaú e Jacó participam no enterro de Isaac. Esta será a correção do grau anterior, que deve ser enterrado. “Enterro” é a construção do próximo grau por cima do anterior.

Jacó e Esaú são qualidades conflituosas. O que significa que eles se abraçam?

Há muitos níveis de conexão entre as qualidades, até entre qualidades conflituosas. “Aproximar” significa um abraço da direita, um abraço da esquerda, um beijo, um alto Zivug (acasalamento), e um baixo Zivug, tal como “Sua esquerda debaixo de minha cabeça, e sua direita me abraçará” (Cântico dos Cânticos, 2:6). Em outras palavras, há muitas espécies de correções da inclinação ao mal.

Jacó está disposto a abraçar Esaú, a entrar em contato com ele depois das correções que ele atravessou à noite. Aquele que atravessa estas correções – em situações muito complicadas, à noite, com o ministro de Esaú – está pronto para lidar com a inclinação ao mal, para a separar, e para corrigir essas partes que um consegue agora corrigir e subir a um novo nível.

Há sempre saídas e entradas, como Jacó, que deixa e retorna à terra de Israel, que escapa a Esaú, tem experiências, e agora é forte o suficiente para lidar.

O que atravessou Jacó na casa de Labão?

É assim que nos saímos, grau a grau. Se estamos  em um certo grau e precisamos subir até           ao próximo grau espiritual, devemos pegar em mais algum do ego, da vontade de receber, e o corrigir para trabalhar em prol de doar. O desejo recentemente corrigido junta-se à alma, e assim ascendemos um grau. No grau que agora cresceu, recebemos revelação adicional da Divindade, uma conexão maior com a Divindade, e a ascensão continua até que alcançamos o estado final, onde nossa alma inteira está corrigida.

Porque está Jacó certo agora que ele terá a força para lidar com Esaú?

Jacó recebe uma bênção do ministro de Esaú e conecta-se a essa força de uma maneira semelhante à história com Labão. Ele recebe essa força da esquerda e consegue corrigi-la para trabalhar em prol de doar. Isso é chamado uma “bênção”. Uma bênção significa que juntamente com a revelação do ego vem a luz superior, que nos ajuda a separar a vontade de receber e o novo, desejo corrupto.

 

Podemos então examinar que parte do desejo pode ser somada ao novo estado e que parte não pode. Então, com a nova soma, uma pessoa alcança um novo grau.

O Criador abençoa Jacó com muitos filhos. O que significa isto espiritualmente?

“Muitos filhos” significa que o Criador nos abençoa com corrigir todos nossos desejos, que subirão da grande Malchut de Ein Sof (infinito), da Criação inteira, para que os possamos corrigir para trabalharem em prol de doar. É por isso que ele é chamado “Israel”, Yashar El (direito a Deus). Ele domina o todo da Criação em uma tendência para a doação recíproca.

De O Zohar: Não Lavrareis Com Um Boi E Com Um Burro

“O único desejo dos graus de impureza é de atacar os graus sagrados. Todos eles espreitaram e atacaram Jacó, que era sagrado, como está escrito, ‘e Jacó chegou inteiro’. Primeiro, a serpente o mordeu, como está escrito, ‘ele tocou no buraco de sua coxa’. Diz-se sobre o ministro de Esaú que ele montava uma serpente. Agora o Hamor (burro) o mordeu, Shéchem, o filho de Hamor, que é a Klipá da direita”. Zohar para Todos, VaYishlách (E Jacó Foi), item 146

Devemos sempre considerar as forças negativas como uma  oportunidade  para  subir  ao  próximo grau. Não há mal no mundo, nem sequer agora com todos os apuros e problemas       que emergem. A coisa importante é saber como usar estas forças corretamente, como a Torá nos ensina. Nosso problema é que não trabalhamos de acordo com a Torá. Se agíssemos de acordo com a sabedoria da Cabala, que nos explica como realizar estas correções, veríamos o mundo como nada senão oportunidades para melhores condições.

Quem faz a correção, o Criador ou a luz circundante?

A luz circundante faz a correção, mas a pessoa precisa atraí-la. Como ela recebe esta instrução? (Afinal, Torá significa instrução.) Embora a luz nela reforme, ela também segue nosso desígnio, de acordo com nosso entendimento de como precisamos ser corrigidos. Devemos fazer todas as ações de escrutínio, divisão, e separação dentro de nós mesmos e com a realidade geral, e então pedir a correção. Embora não tenhamos o poder da correção, nós como pequenas crianças, devemos constantemente trabalhar para compreender e perceber as coisas como elas devem ser. Este é o nosso trabalho.

Se os anjos são forças, o que significa lutar com um anjo? É uma pessoa que luta com a gravidade ou magnetismo?

É nos dito – como está escrito no excerto de O Zohar acima, que um anjo vem ora da direita ora da esquerda.

Há diferentes anjos com os quais devemos lidar de uma certa maneira em prol de soma-los à linha do meio, chamada Adam (homem).

A coisa importante é saber como nos relacionarmos aos estados, correto?

O que mais é necessário? Nós estamos na Natureza, que em Guematria é Elokim (Deus). As leis da Natureza e os mandamentos do Criador são um e o mesmo. A Torá ensina-nos como usar todas as coisas dentro de nós, todos os elementos, e suas qualidades internas, bem como externas.

Especialmente agora estamos em um  mundo  tão  confuso  que  ninguém  sabe  o  que  fazer;  não fazemos ideia do que o amanhã trará e a vida parece vaga e ameaçadora. Se as pessoas soubessem o que está escrito sobre a vida na Torá, elas compreenderiam que temos uma oportunidade de subir a um novo grau, a um nível completamente novo, para a revelação da Divindade. O mundo está já bastaste próximo de uma grande e especial correção.

A correção depende de nós ou do Criador?

A correção depende de nós. Há uma meta diante de nós e dois caminhos para lá chegar. O caminho esquerdo é o caminho do sofrimento. O (lado) direito é o caminho da Torá, o caminho da luz que corrige. O caminho esquerdo significa avançar com a vara que nos desenvolve e nos obriga a avançar. O caminho direito significa atrair a luz que reforma.

Em tal caso, nossos egos, a vontade de receber, a inclinação ao mal em nós, deve ser corrigida. Como isso vai acontecer depende da nossa abordagem para a correção, e do nosso entendimento de que todas as coisas que aparecem diante de nós só são assim para que possamos corrigir a nós mesmos, ou seja para nos fazer atrair a luz que reforma.

Isto nos traz de volta à sabedoria da Cabala, que devemos usar porque ela é o interior da Torá, a lei da verdade, a lei da luz. E precisamente ao usá-la corretamente, podemos atrair a luz que reforma. Este caminho nos poupará de golpes pois avançaremos agradável e facilmente de grau em grau acima pela escada de Jacó.

De O Zohar: E Jacó Enviou Anjos

“‘Pois Ele dará a posse de Seus anjos sobre vós, para vos guardar’. Quando uma pessoa chega ao mundo, a inclinação ao mal imediatamente vem junto com ela e sempre se queixa dela, como está escrito, ‘pecado rasteja à porta’. Pecado rasteja – esta é a inclinação ao mal. ‘À porta’, a porta do ventre, ou seja, assim que se nasce”. Zohar para Todos, VaYishlách (E Jacó Foi), item 1

É assim que nós nascemos, com uma pequena, egocêntrica vontade de receber. Até depois de nos desenvolvermos, ainda somos pequenos animais, como está escrito, “Todos eles são como bestas” (Salmos, 49:13). Embora nos pareça que há pessoas muito ímpias no mundo, isto não é considerado impiedade. “Impiedade” aparece quando uma pessoa verdadeiramente quer prejudicar o público, prejudicar a humanidade. Uma pessoa vulgar não é boa nem má; ela é inconsequente. Tal pessoa é operada pela Natureza, e nada há que venha inerentemente da pessoa.

Hoje a inclinação para o mal aparece pelo mundo porque Elokim (Deus), que em Guematria é Natureza, nos está mostrando que o mundo inteiro está interconectado. Deste modo, nós, também, devemos   estar   conectados.   Através   desta   conexão   alcançaremos   equivalência    de    forma, Dvekút (adesão) com o Criador. Se resistirmos a essa conexão e agirmos ao contrário, egoisticamente, nos tornando mais fechados por dentro e removidos dos outros, é precisamente assim como nos podemos tornar ímpios.

A inclinação ao mal primeiro aparece quando o mundo começa a se manifestar a si mesmo como circular, conectado, integral e global. Todavia, nós ainda não “saltamos nisso”; ainda não nos unimos e não nos conectamos. Ainda estamos imersos em nossos egos, na inclinação ao mal, o exato oposto da condição que o Criador apresenta diante de nós.

Estamos no limiar da destruição, ainda assim as pessoas não mudam as suas visões.

Este é o problema. É por isso que a sabedoria da Cabala está vindo à superfície passados milhares de anos de ocultação. A ideia é que através da Cabala, o povo de Israel venha a entender que ele tem um papel muito importante a desempenhar, sendo “uma luz para as nações” (Isaías, 42:6), e que tem de se corrigir a si mesmo. Nós somos meramente uma transição para a correção do mundo inteiro. Se não realizarmos a correção a tempo, o mundo inteiro a exigirá dos Judeus sem sequer saberem porquê, e o ódio aos Judeus se intensificará. Deste modo, devemos agir depressa.

O que exatamente precisamos corrigir?

Nós precisamos ser uma sociedade que é conduzida em garantia mútua, vivendo pelas condições que existiam ao pé do Monte Sinai, onde todos já estão prontos para se unir “como um homem com um coração”. Assim nos tornaremos uma nação, e somente sob essa condição continuaremos a existir.

Por agora, existimos verdadeiramente pela graça de Deus “em provação” até que implementemos a garantia mútua, como mencionado no ensaio de Baal HaSulam, “Um Discurso para a Conclusão de O Zohar”. Mas nosso tempo pode se esgotar, e podemos não receber mais extensões. Então não seremos capazes de viver na terra de Israel; teremos que fugir pois esta terra nos rejeitará uma vez mais, como está escrito na Torá, em O Zohar, e em muitos outros lugares. *

Hoje temos uma grande oportunidade quando nos juntamos para exigir a correção no mundo. Embora não saibamos o que é, nós, enquanto donos do método e estando em posse da Torá, devemos revelá-lo a todos, mas primeiro e antes de mais, a nós mesmos. É por isso que precisamos nos unir, sermos como “um homem com um coração”, nos conectarmos juntos como uma nação, conectar-nos a Yashar El, e sermos “a nação de Israel”. Precisamos nos segurar à linha do meio e começar a subir com ela para Dvekút com o Criador, para maior e maior conexão entre nós em “ama teu próximo como a ti mesmo”, ou seja, em amor fraterno. Uma vez perdemos esse amor e o Templo foi arruinado, então devemos regressar a esse estado e puxar conosco o resto da humanidade.

Então é Jacó conexão e Esaú é separação? E nossa tarefa é superar a separação através da conexão?

Precisamente. Estas são as duas forças conflituosas, e precisamos “empossar” o Jacó em nós sobre o Esaú em nós, e fazer o mesmo na nossa sociedade. As pessoas precisam de compreender a mensagem, a essência, o sentido deste conflito, e agir em correspondência.

 

Termos

Luta

A “Luta” é interior entre o ego, que nos puxa para os prazeres corpóreos tais como a comida, sexo, família, dinheiro, respeito, conhecimento, poder e o sentido da vida, que é descobrir o reino superior, ao qual precisamos subir, para uma vida eterna e completa.

Também, precisamos fazer agora, como está escrito, “Vereis o teu mundo na tua vida” (Masechet Berachot, 17a). Aqui nas nossas vidas é onde descobrimos a vida eterna da alma, que é o porquê de vivermos em dois mundos. Precisamos chegar a um estado onde a morte do corpo não a sentimos como morte de todo. Não é como se tivéssemos perdido qualquer coisa de nós próprios; em vez disso, permanecemos porque descobrimos que o grau superior da vida é várias vezes maior que as sensações da vida física.

Esta é a meta que devemos alcançar, e podemos somente alcançá-la através de uma luta com um grupo e uma sociedade, e ao estudar as fontes certas. Para nos elevarmos acima da vida física e corpórea, não devemos a devemos menosprezar, mas usá-la em prol de subir.

Reconciliação e Paz

“Reconciliação e paz” significam que por agora, não conseguimos lidar com a inclinação ao mal e a tornar em uma boa inclinação, a usando em prol de doar. Primeiro, devemos transformar as qualidades que existiam em nós como negativas, pelas quais as usávamos somente para nosso próprio prazer e contra os outros, em qualidades de doação sobre os outros.

Não há conflito entre as duas qualidades?

Não há conflito. Está escrito que o anjo da morte se torna um anjo sagrado. ** Não matamos, nem menosprezamos ou eliminamos coisa alguma em nós. Só corrigimos o modo como usamos nossas qualidades.

Israel

Yisrael (Israel) significa Yashar El (direito a Deus). Isso significa que nos direcionamos diretamente para a qualidade do Criador. A qualidade do Criador é amor e doação, e constantemente procuramos alcançá-la. Temos vários meios para fazer isso: professores, livros, grupos e amigos. Se os usarmos adequadamente, de acordo com o método explicado nos livros, aquele do qual Abraão foi o primeiro a falar e a escrever, podemos executar as correções muito facilmente.

Deste modo cada um de nós – e todos nós juntos – nos tornaremos Israel.

Uma pessoa de Israel em cada um de nós, e todos nós juntos somos o povo (ou nação) de Israel.

Circuncisão

Uma “circuncisão” é como uma aliança. Quando executamos uma correção na nossa vontade     de receber, devemos sempre colocar de parte esses desejos que ainda não se consegue corrigir, e lidar somente com aqueles que podemos acrescentar a Biná, à doação. Deste modo, de todos nossos desejos (que estão divididos em 620 desejos), podemos cortar a parte que é em prol de receber. Aquela que existe em nós por agora, e que não conseguimos corrigir, é colocada na poeira.

Esta ação simboliza nossa incapacidade de corrigir essa parte. Contudo, ela será corrigida no fim da correção. Ela é o coração de pedra, que deve ser corrigido, como está escrito que devemos na realidade executar a correção do coração.

De O Zohar: Se Desanimares no Dia da Adversidade

“Mas um entre mil é a inclinação ao mal, que é uma daqueles 1000 prejudicadores, que se encontram na direita, porque ela sobe e recebe permissão, e subsequentemente desce e condena à morte.

Assim, se um homem caminhar no caminho da verdade, essa inclinação ao mal se torna sua escrava, como está escrito, ‘Melhor é aquele que tem um escravo que um inferior’. Nessa altura, ela sobe e se torna uma advogada e fala diante do Criador a favor do homem”. Zohar para Todos, VaYishlách (E Jacó Foi), item 185

* “Quando Israel não se envolvem na Torá, a esquerda se intensifica e o poder das nações idolatras cresce. Elas sugam da esquerda, governam sobre Israel, e infligem sobre eles leis. Devido a isso, Israel foram exilados e dispersos entre as nações” (Zohar para Todos, BeShalách (Quando Faraó Foi), item 306). 

** Zohar para Todos, Mishpatim (Ordenanças), item 165; Zohar para Todos, Beresheet (Gênese), item 440.

VaYetzé (E Jacó Saiu)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 28:10-32:3)

Sumário da Porção

A porção, VaYetzé (E Jacó Saiu), começa com Jacó deixando Berseba e dirigir-se para Haran. Ele para passar a noite e sonha de uma escada “montada na terra, com seu topo alcançando os céus; e eis os anjos de Deus subindo e descendo nela” (Gênese, 28:12). O Criador aparece diante dele e promete-lhe que a terra sobre a qual ele está deitado será sua, e ele terá muitos filhos, e que Ele zelará por ele. Na manhã seguinte, Jacó monta um monumento naquele lugar e chama-lhe “Beit El” (Casa de Deus).

Jacó chega a um poço perto de Haran, onde ele encontra Raquel e seu pai, Labão o Arameu. Ele oferece-se trabalhar para Labão durante sete anos em retorno de sua permissão para casar com Raquel. No fim dos sete anos Labão engana Jacó e dá-lhe sua irmã, Lea, no seu lugar. Ele obriga Jacó a trabalhar para ele durante mais sete anos, após os quais ele lhe dá Raquel. Jacó casa com ela.

Lea tem quatro filhos de Jacó, enquanto Raquel é estéril. Raquel dá a Jacó suas filhas, que dão à luz a mais quatro filhos dele. Lea dá à luz a mais dois filhos, até que finalmente Raquel concebe e dá à luz a José.

Jacó pede a Labão que lhe pague pelo seu trabalho e Labão dá-lhe algum do rebanho, embora eles tivessem um acordo diferente. Jacó mostra ao rebanho os cochos e eles concebem e dão à luz. Alguns dos cordeiros nascem listrados, alguns são salpicados e alguns são manchados.

Jacó sente que Labão não o trata como antes. Ao mesmo tempo, um anjo aparece diante de Jacó e pede-lhe que regresse à terra de Israel. Ele parte sem notificar Labão e Raquel rouba os ídolos. Labão persegue-o em busca dos ídolos e apanha-os no Monte Gileade, onde ele o repreende por fugir e roubar os ídolos.

Finalmente, os homens fazem uma aliança na montanha. Jacó prepara-se para entrar na terra de Israel, vê que anjos o acompanham, e chama a ao lugar, Mahanaim (dois acampamentos).

 

Comentário

A Cabala interpreta sempre as histórias como fases no crescimento interno de uma pessoa, de acordo com o propósito de um homem neste mundo: de descobrir o Criador e alcançar Seu grau, ou seja, alcançar Dvekút (adesão).

Até então, todas as porções se relacionam ao ponto inicial do homem, Abraão, que é escrutinado através do estudo, o grupo, conexão com o professor e livros de Cabala. Subsequentemente, descobrimos a próxima fase, Isaac, seguido de Ismael, e então Esaú.

A porção, VaYetzé (E Jacó Saiu), fala de Jacó, que é a linha do meio. Abraão é a linha direita, e Isaac é a linha esquerda. Jacó é especial no sentido que a linha do meio contém todas as qualidades – as boas bem como as más. Na linha do meio, a inclinação ao mal e a boa inclinação se fundem em prol de alcançar o grau do Criador, nossa meta.

O trabalho na linha do meio é feito inteiramente em fé acima da razão, em doação, acima do ego, esta é a qualidade de Jacó em nós, e é assim que ela se desenvolve. Jacó deixa Berseba, ou seja, um certo lugar, um estado interior, e dirige-se para Haran, outra fase no caminho. No caminho para lá, ele tem de alternar de estado para estado durante o dia e a noite. Em outras palavras, Jacó experimenta ascensões e descidas espirituais.

Cada ascensão significa que subimos acima de nossos corações de pedra, acima da pedra que Jacó havia colocado debaixo de sua cabeça, e realizamos uma operação especial conhecida como “sono”, que significa elevar MAN. Subsequentemente, em um sonho – ao nos conectarmos ao nosso grau superior, nós descobrimos a “escada de Jacó”, que é a escada de graus. A escada consiste de 125 graus que nós subimos até à casa de Deus.

Enquanto ainda não conseguimos ver a escada inteira, vemos que ela alcança os céus. Esta é a descoberta do princípio do caminho, obtido na linha do meio. É por isso que o Criador aparece diante de Jacó e lhe diz que Ele lhe dá uma Éretz (terra), ou seja, Ratzon (desejo), com o qual ele agora começará a trabalhar.

Em outras palavras, o desejo inteiro será santificado, trabalhará em prol de doar, se aproximar do Criador, e Jacó está garantido de alcança-lo. Foi por isso que Jacó montou um monumento desse lugar no pé da escada e determina que esta é a casa de Deus (Beit El). Doravante, ele ascende diretamente para o propósito da Criação.

Como sempre, quando começamos a trabalhar com o desejo, começamos a mudar. Por um lado, mais inclinação ao mal aparece. Por outro lado, nós a corrigimos através da boa inclinação.

Um desejo vazio é chamado um “fosso”. Quando ele está cheio, ele é chamado um “poço”. Nós vemos nas histórias na Torá que estados especiais de ascensão de um estado para outro tomam lugar perto de poços. Isto acontece com Abraão, Isaac, Eliezer, Moisés e Zípora.

De O Zohar: E Ele Olhou, e Eis um Poço no Campo

Quando Jacó se sentou perto do poço e viu que as águas subiam para ele, ele sabia que sua esposa sairia de lá. Isto é o mesmo com Moisés: quando ele se sentou perto do poço e viu que as águas subiam para ele, ele sabia que sua esposa sairia de lá. E assim foi: A esposa de Jacó havia vindo de lá, como está escrito, ‘Enquanto ele falava com eles, Raquel chegou com as ovelhas de seu pai. … E veio a passar-se, quando Jacó viu…’

“E assim foi com Moisés, como está escrito, ‘E os pastores chegaram e os conduziram para longe’, e sua  esposa,  Zípora,  lá  chegou,  uma  vez  que  o  poço  lhes  havia  causado  isso.  O  poço  é      a Nukva superior. E como eles se encontraram com a Nukva superior, eles se encontraram com     a Nukva neste mundo”. Zohar para Todos, VaYetzé (E Jacó saiu), item 95

O Zohar coloca uma ênfase especial sobre os paralelos entre Jacó e Moisés pois aqui, um prolongamento da linha do meio foi construído. Nos poços anteriores que nossos pais cavaram, eles ainda estavam nas linhas direita e esquerda. Aqui, contudo, eles estão na linha do meio.

De acordo com a sabedoria da Cabala, a chegada de Jacó a Labão (Lavan em Hebraico significa branco) indica a brancura superior, uma luz muito poderosa, a luz de Ein Sof (infinito). Embora esteja escrito que Labão era ímpio, isto assim foi porque ele apareceu oposto à inteira vontade de receber antes dele ser corrigido. É por isso que ele é chamado “ímpio”.

Obviamente, Labão está muito interessado em Jacó. Ele concorda, e fica muito satisfeito porque é na realidade o governo do Criador aparecendo do alto, tanto da inclinação boa e da inclinação ao mal. Esta governança atua em todos.

Labão, a luz superior, o governo oposto ao desejo inteiro que o Criador criou, deseja que o inteiro desejo seja corrigido em nós, não meramente como uma pequena parte conhecida como Raquel, a pequena Nukva (fêmea), mas também Lea, a grande Nukva. É por isso que Labão imediatamente vai pelo desejo inteiro, oposto à sua brancura superior. Este é o desejo pelo qual ele procura correção.

É por isso que ele engana; esse é o governo do Criador. É assim que Ele nos engana em toda e cada altura, nos manipulando e compreendemos que é precisamente assim que somos endireitados: através de enganos ostensivos. O “engano” é porque nós mesmos somos retorcidos.

O resultado é que somos obrigados a pegar no que quer que esteja disponível, ou seja que até se esta não for a amada Nukva, ainda assim devemos pegar nela e elevar-nos a ela, apesar da dificuldade e desfasamento de nossos graus.

 

Perguntas e Respostas

A Nukva é uma deficiência, um grande desejo?

Sim, Nukva é uma deficiência. Está escrito* que a esposa de um homem é como seu próprio corpo. O corpo é chamado uma Nukva, o desejo (na alma) com o qual trabalhamos.

Na história sobre os listrados, salpicados e manchados, parece que Jacó sabia como definir o processo genético. O trabalho aqui está nas três linhas, listrados, salpicados e manchados, que são os três mundos.

“Listrados” refere-se ao mundo de Adam Kadmon, o mundo mais alto, onde Labão é mais dominante. Então vêm os “Salpicados” (mundo de Nekudim), onde a quebra tomou lugar. É daqui que os pontos negros sobre o fundo branco vêm. É especificamente através destes que recebemos a revelação. O mundo dos “Manchados” é aquele de Atzilut, oposto à alma de Adam. Através dele, nos corrigimos a nós mesmos e descobrimos a Divindade inteira.

Jacó, a linha do meio, definiu seu trabalho de tal maneira que a inclinação ao mal e a inclinação ao bem se conjuntam, ou seja, que a intenção de doar se funde com o desejo egoísta de receber. Jacó consegue trabalhar sobre a pedra, sobre o coração de pedra; ele consegue conectar dentro dele todos os três mundos – listrados, salpicados e manchados. Através deste trabalho na linha do meio, verdadeiramente ascendemos a Beit El, a casa de Deus.

Está claro que desta maneira, Raquel não consegue dar filhos devido à falta de Chassadim, a falta da vestimenta para a luz de Chochmá. A luz de Chochmá não consegue alcançar a pequena Nukva, somente a grande, Lea. Todavia, podemos ainda avançar. Dando à luz mais e mais Kelim (vasos) no presente grau, podemos corrigir nossa vontade de receber para os próximos graus, chamados nossos “filhos”.

Logo, Jacó tem quatro filhos de Lea, então mais filhos das filhas de Raquel, e finalmente Raquel dá-lhe José.

Quando Jacó pede o pagamento que ele merece, ele quer receber a luz superior em prol de doar nos seus Kelim, mas Labão insiste que tudo lhe pertence. Certamente, a inteira vontade de receber que foi criada, foi criada oposta à luz superior, que é Labão. Jacó ainda não está pronto para isso porque ele ainda é chamado “pequeno Jacó”; logo, ele deve lutar e ascender muitos graus antes de se tornar grande e merecer o nome, “Israel”.

Deste modo, é inevitável que Jacó e Labão partam. Jacó e Labão se separem. Jacó aparentemente escapa de Labão e Raquel rouba os ídolos pois eles são seus poderes, seus Kelim, que têm que ser corrigidos.

Qual é o sentido do roubo de Raquel?

Na espiritualidade, “roubar” significa receber aquilo que não nos pertence (em relação ao nosso presente estado), mas aquilo pelo qual pagaremos mais tarde. Não podemos receber aquilo que não merecemos. Não há viés na espiritualidade; tudo trabalha de acordo com a regra, “Eles tomaram emprestado de Mim e Eu coleto” (Talmude Babilônico, Masechet Beitzá, 15b). Em outras palavras, podemos receber agora e pagar mais tarde porque não o conseguimos fazer com nossa presente força. É assim que crescemos.

As crianças merecem receber tudo da família, embora elas não tragam qualquer vencimento. No próximo grau, quando as crianças se tornarem pais, elas vão reembolsar.

Jacó foge e Labão apanha-o perto do Monte Gileade, onde eventualmente fazem uma aliança. No caminho, Jacó segue a linha media, que aparentemente é inconveniente para Labão porque ele quer revelação em todos seus Kelim. Contudo, está claro que a revelação deve ser limitada, em pequenas porções. Foi por isso que houve um conflito entre Jacó e Labão, e porque eles fizeram a aliança. O homem e a força superior formam um sistema especial no qual gradualmente avançamos até que alcançamos congruência com a força superior.

Quem são os anjos que aparecem na porção quando eles sobem e descem a escada, e quando eles acompanham Jacó?

“Anjos” são forças em nós no caminho para a revelação do Criador nos Kelim corrigidos, de acordo com a Lei de Equivalência de forma. Constantemente adquirimos novas forças sobre a vontade de receber, correspondendo ao ego, até que sejamos corrigidos para nos direcionar para doação, avançando do ódio ao amor.

O caminho para alcançar o Criador é através de “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Esta é a grande regra; nossa inteira correção – o amor aos outros. Quando avançamos neste caminho e constantemente ascendemos, temos forças de assistência. Na Véspera de Shabat dizemos (como está escrito no texto do serviço de Shabat), “Vinde em paz, anjos da paz, anjos do superior”.) Isto simboliza o fim da correção.

É uma força de dentro ou são estas forças que o Criador opera?

Estas são forças que o criador opera, que é o porquê de serem chamadas “anjos”. Anjos são como o imóvel, vegetativo e animal deste mundo que nos ajudam a nos sustentar. Um anjo pode ser um cavalo ou um burro, forças que nos acompanham e ajudam a levar a cabo nossas tarefas, mas que são geridas pelo grau humano em nós.

Quando uma pessoa descobre um anjo, essa é uma descoberta da força que opera sobre a pessoa?

É uma descoberta de forças pelas quais continuamos a subir de grau em grau.

O Criador parece aparecer sempre nos sonhos. O que é um sonho?

Um “sonho” é um grau superior ao qual presentemente não conseguimos subir. Contudo, podemos corrigi-lo ao anularmos nossos Kelim: nossas mentes, nossos cérebros e nossas emoções. É como se entrássemos em um estado de Katnút (pequenez/infância), frequentemente deitados, em prol de alcançar um grau superior.

Quando colocamos uma pedra debaixo de nossas cabeças, assim cancelamos todas nossas percepções  e  desejos  e  caminhamos   para  um  sonho.  Isto   é,  entramos   em   um   estado   de Katnút especificamente em prol de obter um grau superior, uma vez que todas as coisas que adquirimos no grau anterior são desadequadas para o grau superior.

Na espiritualidade há uma diferença entre graus. Cada grau superior é o completo oposto do seu predecessor. É por isso que há o conceito de atravessar a noite, atravessar um sonho, e lutar com os anjos, especialmente com o anjo de Esaú. Cada vez, devemos superar o ego e separar aquilo com que devemos continuar para o próximo grau, e aquilo que devemos nos abster de usar, entretanto.

Podemos ver muitas ligações daqui para o grau superior: um sonho é uma conexão; os ídolos roubados são um empréstimo para o próximo grau; Labão é um grau que é ainda inatingível. É tudo um tipo de ligação aqui?

A conexão acontece especificamente agora, quando Jacó  quer  entrar  na  terra  de  Israel,  quando Malchut se conecta com Biná, quando a vontade de receber se conecta com a intenção de doar, quando correção tão grande se revela no desejo. Está deste modo claro porque ele chama ao lugar Mahanaim (dois acampamentos), um lugar onde o Criador já se encontra presente. Ele é o próprio começo da escada, que um alcança através dos “anjos do superior”.

De O Zohar: E Eis uma Escada Estava Posta Sobre a Terra

“Uma escada implica que ele viu que seus filhos estavam destinados a receber a Torá no Monte Sinai, uma vez que Sulam (Escada) é Sinai porque Monte Sinai está, como está escrito, ‘Disposto sobre a terra com seu topo’, seu mérito, ‘Alcançando os céus’.

Todas as Merkavot (estruturas/carruagens) e os acampamentos dos altos anjos desciam lá juntamente com o Criador quando Ele lhes deu a Torá, como está escrito, ‘E eis os anjos de Deus subiam e desciam nela’”. Zohar para Todos, VaYetzé (E Jacó Saiu), item 70

Nós subimos a escada de graus somente ao usar o ego, a vontade de receber, o ódio, Monte Sinai. A escada é construída de acordo com exatamente o mesmo princípio que aquele da Torre de Babel. É o todo do ego que o Criador criou porque “Eu criei a inclinação ao mal”. Quando a corrigimos, nos elevamos acima dela através do “tempero da Torá”, usando toda a Torá, toda a luz, Labão, ou seja, a brancura superior. Nós usamos estes para nos corrigirmos até alcançarmos os Céus, um estado onde nossa inteira vontade de receber é como a doação, amor.

Esta porção relaciona-se ao que está acontecendo hoje? Estamos também, em face de um grau que não compreendemos?

Hoje, todos nós pelo mundo devemos compreender que primeiro e antes de qualquer coisa, estamos conectados; não há saída disso. Porque estamos conectados, devemos compreender que é impossível continuar a usar somente a linha esquerda, a linha egoísta pela qual temos crescido até então, e pela qual o mundo inteiro tem progredido. Em vez disso, agora devemos também encontrar a linha da direita dentro de nós e construir a linha do meio a partir das duas. É por isso que a situação em que nos encontramos neste momento é semelhante a nos encontramos no pé da escada.

Coação, por um lado, e a disseminação da sabedoria da Cabala, pelo outro lado, por fim nos trarão a um estado onde sentiremos que temos dois anjos, um na direita e um na esquerda. É então que pediremos, “Vinde em paz, anjos da paz”. Pediremos que eles venham, façam a paz, e coloquem alguma ordem entre nós, bem como tornar as qualidades egoístas em cada um de nós nas qualidades de doação. Hoje, seremos capazes de nos conectar uns aos outros através destes anjos. Todas as correções são do alto. Quando elas chegarem, nosso desejo torna-se a casa de Deus, Beit El.

De acordo com a história da porção, parece que as coisas eram mais fáceis no passado. Haviam somente Jacó e seu pai. Hoje, há muitas pessoas e é muito difícil comunicar.

A Torá parece apresentar apenas uma história, mas é ela que devemos atualizar no nosso mundo. A Torá a narra como uma alegoria, e nós precisamos conhecer e saber como a usá-la.

Temos nós um lugar onde possamos atuar?

Hoje o mundo inteiro é um grande Esaú. Para contrariar isto, devemos “extrair” essas pessoas que se envolvem na parte interior da Torá, que são do lado da direita. Diz-se sobre eles, “Pois vós sois os menores de todas as nações” (Deuteronômio, 7:7). Contudo, são elas que têm o método.

Aquelas da esquerda também devem ser extraídas, e das duas juntas, a linha do meio precisa ser construída, “pois todos eles me conhecerão dos maiores aos menores deles” (Jeremias 31:33). Cada um de nós, e o mundo inteiro devem subir até Beit El.

Nós vemos que há outra falsidade aqui. Como pode um Cabalista saber que não está sendo enganado para o próximo grau? É assim que deve ser?

Porque não? Jacó coloca sua inteira razão como uma pedra debaixo de sua cabeça e quer subir a uma escada em sonho. Ele não quer subir a escada senão em seu sonho.

Significa isto que inversamente o ego não o deixará acontecer?

Devemos dedicar-nos a nós mesmos a esta ascensão; é assim que subiremos ao grau superior; Caso contrário, não seremos capazes de abandonar o anterior. Acontece sempre debaixo da força de doação do alto, da força de doação é conhecido como “fé acima da razão”.

Quando estudamos, parece por vezes que somos verdadeiramente operados, é muito difícil sentir isto nas nossas vidas do dia-a-dia.

É por isso que temos um meio chamado “grupo”, onde aprendemos a nos anular a nós mesmos diante dos outros no grupo, diante do amor de amigos, amor aos outros. Desta maneira, aprendemos a deixar nossas mentes e corações, e nos conectarmos aos outros “como um homem com um coração”, literalmente em um desejo, até que não consigamos distinguir o nosso do dos outros. Simplesmente nos tornamos um com todos.

Pode esse estado existir em uma família ou entre conjugues?

Pode, desde que o mundo inteiro seja atraído para isso. Nós aprendemos a agir desta maneira em um grupo porque para o grupo, conseguimos medir este estado. Conseguimos avançar com as pessoas com as quais estudamos e trabalhamos em trabalho espiritual recíproco. Quando todos no grupo se esforçam por isso, cada membro adquire todos os poderes que existem no grupo e consegue ascender. Qualquer outro meio é impossível.

 

Termos

Escada de Jacó

“Escada de Jacó” é a linha do meio pela qual se deve caminhar; ela é o caminho dourado. Ela é a linha pela qual se conecta todos os seus elementos, os bons e os maus.

De fato, nada é mau. Se soubermos como usar o mau corretamente, o tornamos bom e útil. É por isso que a Escada de Jacó são nossos desejos, que inicialmente são a inclinação ao mal, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”. Contudo, se conectarmos estes desejos a “Eu criei para ela a Torá como tempero”, esta combinação cria a linha do meio.

Por um lado, constantemente corrigimos piores e piores desejos, uma vez que “aquele que é maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele” (Masechet Sucá, 52a). Quanto mais avançamos, mais descobrimos quão maus somos. Uma força maior vem até nós, a força da luz que descobrimos, que devemos expor e com a qual nos corrigimos a nós mesmos. Quando as duas se conectam nos graus, nos tornamos mais “ricos”, tanto do desejo como da luz que corrige o desejo.

Logo, a soma total da nossa alma cresce (na conexão entre eles), e nela, o Criador aparece cada vez mais. É assim que alcançamos a linha do meio, até que alcançarmos na realidade Beit El.

Amor

“Amor” significa que em vez do meu próprio desejo de desfrutar, eu uso os desejos dos outros e os satisfaço. Amor significa usar todas as minhas capacidades para satisfazer os outros. Amor é auto anulação; eu não tenho desejos meus, nem coisa alguma que eu queira fazer para mim mesmo. Eu sou somente pelos outros.

Quando nos conectamos uns com os outros desta maneira de amor, adquirimos todas as almas, todos os outros desejos, que então se tornam nossa alma. Quando os satisfazemos, obtemos o infinito (Ein Sof).

Sete Anos

“Sete anos” significa sete graus: há seis graus de Zeir Anpin, chamado “Sagrado, abençoado seja Ele”, e o sétimo é Malchut. Juntos eles são sete graus que devem alcançar a união. Sete é sempre um número completo. Há também o número dez, que é Gadlút (maturidade), mas normalmente, a estrutura consiste de sete.

Recompensa

No nosso mundo, “recompensa” significa que me satisfaço a mim mesmo. Na espiritualidade

“recompensa” significa que eu tenho uma oportunidade de satisfazer os outros.

De O Zohar: Seu Pensamento Era de Raquel

“Se Ele dispôs Seu coração sobre o homem, Ele reunirá seu espírito e soprará para Si Mesmo”. A vontade e o pensamento atraem a extensão e fazem a ação com tudo o que é necessário. É por isso que na oração, um desejo e um pensamento para direcionar são necessários. Similarmente, em todas as obras do Criador, o pensamento e a contemplação fazem a ação e atraem as extensões a tudo o que é necessário”. Zohar para Todos, VaYetzé (E Jacó Saiu), item 189

Não podemos evitar pensamentos, quedas, desilusões e erros ao todo. Isso é introspecção, semelhante ao que fazemos no começo de cada ano. Precisamos sempre fazer e ela é boa agora que atravessamos tal processo pelo mundo. A humanidade está finalmente a começando a compreender quão errados seus caminhos têm sido. É possível que deste estado nós todos subamos até Beit El.

* Talmude Babilônico, Masechet Bechorot, 35b

Toldot (Estas São as Gerações)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 25:19-28:9)

Sumário da Porção

A porção, Toldot (Estas São as Gerações), começa com o casamento de Isaac e Rebeca. Passados vinte anos de infertilidade, Rebeca concebe e o Criador diz-lhe que ela terá dois filhos. O primeiro é Esaú, e o segundo, que segura o calcanhar de seu irmão, é Jacó. Esaú torna-se um caçador e Jacó estuda Torá.

A primeira confrontação entre os gémeos surge pela venda do direito de primogenitura. Esaú regressa de mãos vazias de uma caça, e Jacó oferece-lhe um guisado de lentilhas em troca da primogenitura. Esaú concorda. Passado algum tempo, Esaú descobre que Jacó o enganou. Mais tarde na porção, Isaac cava dois poços, ambos os quais são levados pelos Filisteus. Um terceiro poço permanece nas mãos de Jacó, e ele chama-lhe “Rehovot”. Finalmente, Abimeleque e Isaac fazem uma aliança entre eles.

A segunda confrontação entre os gêmeos acontece quando seu pai os deseja abençoar. Isaac quer abençoar Esaú, seu primogênito e Rebeca pede a Jacó que se vista como Esaú de modo a receber a bênção do primogênito. Quando Esaú descobre que Jacó recebeu sua bênção, ele quer matá-lo, então Rebeca envia Jacó para Haran, para seu irmão, Labão.

 

Comentário

O drama diante de nós é, de fato, o processo do desenvolvimento espiritual do homem. A história lida com as forças mais fundamentais do homem, embora ela tenha sido transformada em um romance.

O Criador criou a vontade de receber. Esse desejo é a totalidade da substância da Criação. É possível usar a vontade de receber ao nosso próprio favor ou em favor dos outros. De fato, toda a Criação é propensa a usar o desejo a favor dos outros, como está escrito no Talmude de Jerusalém, “Ama teu próximo como a ti mesmo; esta é uma grande regra na Torá” (Masechet Nedarim, Capítulo 9, 30b). Esta é a lei do todo da realidade, do todo da Natureza.

Por um lado, devemos usar a vontade de receber e a satisfazer como pudermos. Por outro lado, a ação de satisfazer, na qual atraímos tudo para nós mesmos, deve ser pelo benefício dos outros. Isto parece contraditório, mas é vital para usar o ego, a vontade de receber, somente em uma direção que é boa para todos. Não conseguimos compreender essa contradição, que é o porquê de não conseguirmos compreender a Torá, tornando seu significado oculto de nós.

A porção aparentemente explica esta contradição ao dizer que embora Abraão amasse Ismael, ele o mandou embora. Isaac, que amava Esaú – a vontade de receber, toda a substância da Criação – agiu similarmente, embora Esaú seja nossa inteira natureza, a qual necessitamos e usamos em todas as coisas que fazemos na vida.

Devemos aprender a usar Esaú com a meta de doar, um estado onde nossos egos se voltam da inclinação ao malpara a boa inclinação. “Ama teu próximo como a ti mesmo” significa que inicialmente atua somente de acordo com o “como a ti mesmo”, ou seja, como você se ama a si mesmo. Subsequentemente, você vira a intenção para o amor aos outros.

Esta inversão não acontece através de ações porque uma ação no nosso desejo é receber. Em vez disso, ela é feita ao receber em prol de doar aos outros. Então, tudo aquilo que existe no mundo, todas as luzes e tesouro atravessam todo e cada um de nós e fluem para o resto do mundo. Desta maneira, todos são nutridos.

Hoje, enquanto descobrimos quão interconectados todos estamos, temos uma oportunidade de compreender que somente através de boas conexões entre nós receberemos nós todas as satisfações que tanto desejamos. Isso acontecerá somente quando satisfizermos os outros; é então que desfrutamos.

Este é o sentido do direito de primogenitura. O primogênito é aquele por cima, no Rosh (cabeça). A cabeça deve ter a intenção de doar, de beneficiar os outros, de amar, que é chamada “Jacó”, que está a estudar Torá, que é doação.

A porção discute nossa necessidade dos Kelim (vasos) de Esaú, tal como em Purim falamos das luzes de Hamã que recebemos vestidas por Marduqueu, que é o fim da correção. É como os bolsos de Hamã, onde os bolsos são seus Kelim. Esaú, o caçador traz todo o desejo egoísta debaixo do reino da doação, a Torá de Jacó. Esta é a maneira certa de usarmos nossos egos, nossa vontade de receber.

Isto torna a combinação de Esaú e Jacó adequada. Isaac, o mais velho, o grau maior, na realidade adora o próximo grau, que é inteiramente como Esaú, uma vontade de receber que está a vir à superfície. Em cada novo grau, sua forte vontade de receber aparece primeiro, e subsequentemente a correção toma lugar. Em outras palavras, quando “Esaú” nasce em você, você gradualmente corrige-o através de Jacó até que o possa usar.

Um exemplo da combinação certa são os “três poços”. Dois poços, direita e esquerda, não são uma boa combinação. O terceiro poço é verdadeiramente Rehovot (amplo/largo), “Pois agora o Senhor fez espaço para nós” (Gênese, 26:22), que nos permite atrair grande benefício dele.

Jacó recebe toda a luz que vem do grau superior, dos patriarcas, uma vez que Esaú não consegue receber a bênção. De fato, Esaú abdica dela caso contrário ele morreria à fome. Somente através de Jacó, que opera corretamente os Kelim de Esaú, nossos desejos – podem todos ser saciados porque Jacó direciona todos seus desejos pelo benefício dos outros.

Depois do roubo da primogenitura, uma guerra irrompe entre Jacó e Esaú porque eles são completamente diferentes. Finalmente, eles encontram o terceiro poço, a terceira linha, fundada por ambos.

Temos os mesmos problemas no nosso mundo. Por um lago, o sistema emergente global, integral nos obriga a estarmos atados uns aos outros. Contudo, não sabemos como conectar as duas extremidades. Cada um de nós quer tudo para seu eu, mas a natureza integral emergente não o permite; ela “argumenta” que todos estamos conectados.

Logo, todos somos como Esaú, enfrentando a natureza emergente que é como Jacó. Agora devemos complementar as duas, precisamos construir o poço bem através do superior, Isaac, em prol de resolver a crise.

 

Perguntas e Respostas

Sara foi estéril durante muitos anos, e também foi Rebeca. Subitamente, elas ficaram grávidas. Qual é o sentido da esterilidade e gravidez, e a transição entre elas?

No mundo espiritual, o nascimento implica o advento de um novo grau. Em outras palavras, pegamos na parte de nossos desejos que conseguimos direcionar para doar sobre os outros e os corrigir no amor aos outros. Os “descendentes” desta operação são chamados um “filho”.

É por isso que passamos tantos anos a procurar como separar nossos desejos egoístas, como retirar deles somente aqueles com os quais podemos construir nosso próximo grau. Logo, a esterilidade de Rebeca durante vinte anos representa dez Sefirot de Ór Yashar (Luz Direta) e dez Sefirot de Ór Chozêr (Luz Refletida), até que todas elas abrangem uma estrutura completa que se torna um nascimento.

No nascimento de um novo grau, sempre geramos tanto Esaú como Jacó. Jacó não pode nascer sem Esaú porque não pode haver uma intenção de doar sem algo sobre o qual o estabelecer. Em semelhança, Esaú não pode nascer sem Jacó porque não há nada que possamos fazer somente com nossos egos. Logo, ambos têm de nascer juntos.

É por isso que “pecado rasteja à porta” (Gênese, 4:7): primeiro, a vontade de receber egocêntrica que primeiro deve crescer nasce, e subsequentemente o desejo de doar surge. Ambos desejos, ou ambos os filhos, crescem. Um torna-se um caçador, estando com animais, com nada senão vitalidade egoísta. O caçador trabalha com o ego, a vontade de receber, e aumenta-a. O outro desejo tem a meta de doar e nos faz contemplar como usarmos nossa natureza para ascender a concretizações maiores além desta vida, para um grau mais alto.

Quando os desejos crescem e alcançam o grau superior, uma luta se revela entre eles, dentro de nós, entre a direita e esquerda. Ela é tratada pelo meio do terceiro poço. Esaú deve vender sua primogenitura a Jacó ou ele morrerá à fome e nunca será capaz de receber a luz superior. Em semelhança, Jacó não consegue passar sem Esaú pois sem ele, ele não tem Kelim com os quais receber a luz superior. Logo, eles precisam um do outro.

Assim que Esaú nasce – nosso ego, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal” – o segundo nasce, Jacó, e corrige-a, como está escrito, “Eu Criei para ela a Torá como tempero”. Tanto Jacó como Esaú no fim alcançam a correção completa. Eles usam todos os Kelim de Esaú e todas as intenções de Jacó, em semelhança a Hamã e Marduqueu. Deste modo, todos alcançam completude na terceira linha, o terceiro poço.

O que é a “primogenitura” e como pode ser transferida ou vendida?

“Primogenitura” significa ser o líder. Quem conduz, a intenção ou o desejo? De acordo com a Torá, o primogênito herda tudo aquilo que o pai tem. Não há sentido ser o primogênito senão nisso. Pode muito bem acontecer que o segundo ou terceiro filho tenha mais sucesso porque eles aprenderam das experiências do ancião.

Claramente, a inclinação ao mal vem primeiro, ou seja, o desejo que o Criador criou, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”. Inicialmente, todos somos maus; todos nós emergimos da quebra dos vasos; todos somos egoístas. Só posteriormente nos corrigimos a nós mesmos de acordo com nosso livre arbítrio.

O primogênito é sempre Esaú. Contudo, vemos que não conseguimos ter sucesso com nosso Esaú. Podemos ver através da crise de hoje que estamos em uma situação impossível; não há para onde ir. Não levará muito tempo até que não tenhamos mais nada no mundo, nem sequer comida. Estamos em “modo de busca”, no campo de Esaú, mas não conseguimos achar qualquer preenchimento nisso.

A sabedoria da Cabala ensina-nos como compreender coisas antes que elas aconteçam. Não tendo escolha, devemos voltar-nos para Jacó e pedir-lhe que assuma controle, nos acompanhe, e faça gestão de nós, uma vez que Jacó conhece os caminhos do Criador. Ele estuda Torá e ele está na luz. Jacó revelou o Criador e sabe como alcançar o amor aos outros. Em um mundo global e integral temos que estabelecer essas conexões, também, mas não sabemos como fazer isto corretamente em prol de nos sustentarmos a nós mesmos. É por isso que, finalmente, o Jacó em nós dá um passo em frente e nos gere, ou seja ele torna-se o ancião.

Então porque Esaú se sentiu enganado e procurou vingança?

Esaú é a inclinação ao mal. Até que seja corrigida, ela sempre aparece assim, mais e mais cruel. Estas são as “dores do Messias”, onde nossos egos, nossos desejos de receber, aparecem de modo a que os possamos corrigir gradualmente.

De O Zohar: E os Meninos Cresceram – pois Ele tinha um Sabor pelo Jogo

“Isto assim foi até enquanto nos intestinos de Rebeca; cada um foi para seu lado, uma vez que quando ela se envolvia  em  boas  ações  ou  quando  ela  passava  o  lugar onde  é  bom  realizar as Mitzvot da Torá, Jacó jubilaria e se agitava para sair. E quando ela passou perto de um lugar de idolatria, esse ímpio se agitaria para sair. Por esta razão quando eles foram criados e saíram para o mundo, cada um deles foi separado e foi atraído para seu lugar adequado”. Zohar para Todos, Toldot (Estas São as Gerações), item 74

O homem nasce querendo apenas devorar todas as coisas à vista. Até quando somos pequenos, cada um de nós quer todas as coisas. Quanto mais crescemos e expandimos nossos campos de visão, mais queremos dominar e governar sobre todas as coisas. É natural e bom porque nosso ego tem que crescer.

Na nossa evolução enquanto seres humanos, nós crescemos durante milênios usando nosso desejo de Esaú. Este desejo cresceu e atraiu-nos para a frente, mas agora o mundo nos obriga a continuar a avançar, mas com nosso desejo de Jacó, não o de Esaú.

Nós somos a vontade de receber e sempre perseguimos prazeres, mas não somos ainda felizes. Pior ainda, afundamo-nos na depressão e ansiedade.

Durante milhares de anos pensamos que obtínhamos o melhor, que construíamos o “Sonho Americano”. Agora descobrimos que não somos felizes porque Esaú já não nos conduz. Por todo o mundo estamos descobrindo que o Esaú em nós não consegue mais caçar coisa alguma. Isso não aconteceu no primeiro dia quando ele saiu para o campo porque o mundo se havia desenvolvido e se tornou um caçador bem-sucedido enquanto Jacó estudava Torá.

Mas desde o dia em que os Cabalistas chegaram, as questões mudaram. Eles estavam sentados sossegadamente se envolvendo apenas com conexão com a fonte superior da luz que reforma, que nos corrige, enquanto o resto do mundo continuava a se desenvolver com a tecnologia, que só causou que as pessoas quisessem tudo em uma corrida interminável de adquirir.

Hoje Esaú regressa do campo, cansado e esfomeado, e pede para ser alimentado. Não levará muito tempo até que os decisores compreendam a gravidade de nossa situação e procurem conselho. Eles o procurarão até na sabedoria da Cabala, e é então que trabalharemos juntos.

Esta não é uma questão simples pois falamos sobre astúcia. Até Jacó é considerado uma fraude porque ele enganou Esaú duas vezes.

Não é verdadeiro engano pois Esaú tinha fome. Hoje, não temos escolha; completamos a fase de Esaú e devemos começar o período em que Jacó está na frente. Esaú não desapareceu; ele só trabalha com o método de Jacó, e é especificamente com esse método que ele encontra preenchimento.

Se você tiver fome e quiser preencher a si mesmo, o modo é se conectar à natureza que agora emerge. Todos estamos conectados; não temos escolha. O mundo e a Natureza mostram-se a si mesmos como reciprocamente conectados. Devemos trabalhar em concordância e parar nosso egocentrismo e preconceitos. Precisamos verdadeiramente nos construirmos diferentemente através da educação, e devemos explicar a toda a pessoa no mundo quanto somos interdependentes, e que somente através de nossas conexões seremos capazes de nos sustentar.

Porque roubou Jacó a primogenitura?

Jacó fez isto porque Esaú não conseguia compreender; ele é a inclinação ao mal. Esaú não é meramente a vontade de receber em prol de atrair, de se satisfazer. Esaú vê que ele não tem escolha, que ele não tem mais que comer, então ele é obrigado a pedir o guisado de lentilhas. Seu consentimento de comer o guisado exprime a transformação de seu preenchimento.

Qual é o sentido do guisado de lentilhas?

Ele significa receber prazer em dar, em satisfazer os outros, e então todas as luzes passarão através de nós. Viveremos de tal maneira que recebemos para nós mesmos somente o que precisamos para a vida comum e concentraremos nossas mentes e corações em conectar-nos aos outros e satisfazer todos.

Cada um de nós se ata a outro, e esta é a garantia mútua. Ela é uma grande mudança psicológica. Se nos conectarmos deste modo uns aos outros, cada um de nós será preenchido tanto no corpo como mente. Mas para isso, devemos alterar nossas estruturas internas.

É como se tivéssemos de enganar a nós mesmos. Devemos escolher por que caminho queremos avançar. Podemos tomar o caminho do sofrimento; isto nos deixará esfomeados e de mãos vazias mental e fisicamente, e eventualmente nos forçará a mudar. A Natureza, também, nos forçará porque tudo foi disposto desta maneira para nós, deliberadamente, para que compreendêssemos.

Alternativamente, podemos escolher o outro caminho, mudar voluntariamente. No minuto em que colocamos Jacó a conduzir e Esaú por trás, tudo cairá no lugar harmoniosa e perfeitamente em todos os níveis: na economia, água, ecologia, e assim por diante.

No fim, Esaú ainda quer matar Jacó. Ele não se acalma, mas só se intensifica.

Tem que ser deste modo. O ego deve crescer constantemente dentro de nós. No próximo grau subiremos a um nível ainda maior de egoísmo e descobriremos que devemos travar guerras adicionais.

Em outras palavras, estamos aprendendo um método aqui.

Estas duas forças, direita e esquerda, encontram-se em graus mais altos cada vez. Todas as vezes, elas alcançam um acordo temporário até ao fim da correção, quando todos usarmos o ego singular e enorme que o Criador criou. Então, o tornaremos em doação.

Nada mudou durante a história; as mesmas duas forças continuam lutando uma com a outra.

É claro as coisas não mudam em qualquer um de nós, ou em todos nós juntos. Contudo, devemos desfrutar desta revelação. Devemos querer que esta situação apareça ainda mais. É verdadeiramente um grande deleite quando sabemos o que está acontecendo e assim estamos em um estado de conexão, procurando e implementando estas duas forças. Logo, a pessoa constrói a linha do meio a cada vez e aprende a usar a sua natureza corretamente, na direção da conexão com o mundo, com os outros. Nesta solução, encontramos a conexão com a força superior.

De O Zohar: As Bênçãos

“Bênçãos significam dar força para o fim da correção, como está escrito, ‘E ide para o campo de jogo e caçai para mim’, com uma Hey (na palavra “caçai” em Hebraico). Isto implica a correção de Malchut de Tzimtzum Alef, seja no caminho de Esaú ou no caminho de Jacó, para perpetuar esse caminho para sempre.

É sabido que por causa da quebra dos vasos, 320 centelhas caíram da santidade para as Klipot (cascas), e que posteriormente o Emanador corrigiu algumas delas. E por causa do pecado da Árvore do Conhecimento, elas caíram para as Klipot uma vez mais, e nosso inteiro trabalho em Torá e Mitzvot é levar essas 320 centelhas das  Klipot e as trazer de volta para a santidade. Elas são o MAN que nós elevamos”. Zohar para Todos, Toldot (Estas São as Gerações), item 147

Nós elevamos MAN através das 288 centelhas. Não podemos corrigir o coração de pedra (32 desejos), e ele é corrigido somente no fim da correção.

O que significa elevar MAN?

Elevar MAN significa aumentar a conexão entre nós. Somente através de um pedido chamado “oração por muitos” – vem a força conhecida como “A Luz que Reforma” do alto e nos conecta. Nesta conexão entre nós, no novo e corrigido Kli (vaso), descobrimos o mundo superior, nossa vida eterna e espiritual aqui e agora.

Parece da história que Rebeca favorece Jacó, e Isaac favorece Esaú. Porque assim é isto? Em muitas famílias nós descobrimos que os pais favorecem o filho, e as mães favorecem a filha; qual é a raiz espiritual deste fenômeno?

A raiz disso é que primeiro revelamos a inclinação ao mal, o ego, que é chamado “o filho”, “o primogênito”. Em cada novo grau, a inclinação ao mal cresce primeiro, e o pai está feliz com isso porque ele quer que seu filho inicialmente cresça sem as correções, para ser forte, para querer “devorar” o mundo. Esta é a fundação, a vontade de receber que está pronta para a correção, embora esta vontade não esteja ainda pronta para ser usada. Doravante, a correção virá de Rebeca, a mãe.

Isso é como nós aprendemos dos Partzufim (plural de Partzuf) superiores, Aba ve ima (Pai e Mãe) superiores de quem as forças de correção emergem. Ima vem do lado de Chéssed (misericórdia); assim, seu filho favorecido é Jacó, a  qualidade  de  Jacó.  Ela  o  mantém  da  mesma  maneira que Biná dá à luz a ZON. Reciprocamente, dentro do pai está a força de Chochmá, que atua contra os vasos de recepção. Isto vem do lado de Isaac, o pai. A mãe, o poder de Chassadim (misericórdias), a força de Biná, corrige estes Kelim.

Também precisamos manter em mente que Isaac é o lado esquerdo de Abraão, que emergiu como a linha esquerda, em relação a Abraão. Isto significa que sua própria essência é trazer ao mundo a força chamada “Isaac’, a força de nossos egos, para a descobrir, então ele é certamente mais próximo de Esaú.

 

Termos

Esterilidade

“Esterilidade” é a incapacidade de dar à luz o próximo grau. É possível dar à luz somente com a combinação certa de ego e a intenção de doar sobre os outros.

Gravidez

“Gravidez” é um estado onde estamos prontos para dar à luz o próximo grau. Isso inclui nove meses de concepção, bem como outras coisas. Estas abrangem nove Sefirot de Ór Yashar (Luz Direta)       e Malchut, onde na décima nós damos à luz.

Nascimento

“Nascimento” é admissão para um novo grau, nova doação. Ele é a habilidade de se conectar com todos em um novo nível. Em concordância, recebemos a revelação da Divindade no próximo nível.

O Direito da Bênção

“Ter um direito” significa ser purificado. Quando mais pudermos trabalhar com nossos egos em prol de doar, mais purificados podemos ser. Nossos egos podem ser mais densos, mas nós os superamos e nos tornarmos mais puros. Logo, a pessoa se desenvolve em oposição ao outro.

Vender a Primogenitura

Saber que nossos egos são desadequados para serem usados poupa-nos grandes dores. Isso também nos traz à voluntariedade de sacrificar nossos egos em prol de trabalhar sob a intenção de doar.

Em outras palavras, a inclinação ao mal também se torna a boa inclinação. A diferença entre elas está somente na questão, “Para quem trabalho eu, a favor de quem? É a meu próprio favor, ou é a favor dos outros”? Este é um problema psicológico. Se estivermos trabalhando a favor dos outros, podemos ter sucesso somente através da influência do meio ambiente, através de educação especial. Então, subitamente descobrimos que tudo se abriu diante de nós; os canais da abundância se abriram e o mundo se preenche de abundância.

Guisado de Lentilhas

O “preenchimento pela luz superior” significa ser preenchido com a intenção de doar. Esaú, que não consegue alcançar isso, está disposto a se dobrar, a ser pequeno em prol de receber preenchimento de Jacó. Ele não tem escolha porque tem fome. Em outras palavras, os vasos de recepção estão todos vazios; não há modo de receber sustento deles.

Rehovot (amplo/largo)

“Pois agora fez o Senhor espaço para nós” (Gênese, 26:22). Nós recebemos luz de Chochmá vestida na luz de Chassadim sem quaisquer limitações. Isto é chamado “luz de Chassadim na iluminação  de Chochmá”. É assim que a recebemos até ao fim da correção. Posteriormente, a luz de Chochmá é recebida na totalidade porque nós despertamos o coração de pedra.

Chayei Sarah (A Vida de Sara)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 23:1-25:18)

 

Sumário da Porção

Na porção, Chayei Sarah (A Vida de Sara), Abraão dá um louvor depois da morte de Sara aos

127 anos de idade. Ele compra um lote para sua sepultura a  Efrom  o  Hitita  por  quatrocentos shekels de prata e a enterra na gruta de Machpelá, em Hebrom.

Abraão reprova o casamento de Isaac com uma mulher dos Cananitas, e envia Eliezer, seu servo, a Aram Naharaim para encontrar uma esposa para seu filho. Quando Eliezer se aproxima de um poço ele encontra Rebeca e lhe pede que lhe dê água. Ela dá-lhe água e oferece água aos seus camelos, também. Eliezer leva sua oferta como um sinal de que ela é a mulher certa para Isaac, e então ele a leva a Canaã.

Depois da morte de Sara, Abraão casa com Ketura, que gera seis filhos, que Abraão envia para o oriente. Abraão morre aos 175 anos de idade e lega tudo aquilo que ele tinha a Isaac. O fim da porção elabora sobre as gerações de Ismael, e sobre seu falecimento aos 175 anos de idade.

 

Comentário

Precisamos nos recordar que a Torá descreve o que acontece no interior à medida que revelamos nossas almas, nossa parte mais interna. A revelação da alma é gradual e manifesta-se a si mesma nas histórias da Torá. Abraão é a força inicial com a qual revelamos nossas almas, e abre a interioridade para descobrir o mundo superior. Ele é a primeira força de superação, a força de doação, juntamente com a fêmea dessa força, Sara, que é adequada para o grau de Abraão.

Para saber com que desejos podemos trabalhar, devemos separar nossos desejos egocêntricos, deixando aqueles com que não podemos trabalhar para os próximos graus onde o desejo é mais forte. Para examinar o desejo chamado “Isaac”, primeiro devemos remover o desejo com o qual não podemos  trabalhar  e   separá-lo   com   outra   fêmea,   com   Hagar,   de   quem   vem   Ismael,  a Klipá (casca/pele) da direita.

O grau Isaac dentro de nós emerge só posteriormente, e ele é uma extensão do grau de Abraão. Está escrito sobre Isaac, “Pois em Isaac será vossa semente chamada” (Gênese, 21:12). Isto significa que a subida de Abraão a um grau mais alto é chamada Isaac. No grau Isaac, devemos examinar novamente nossos desejos e separar com que desejos podemos trabalhar, e com quais não podemos.

Não podemos examinar sozinhos, pois essa pessoa (Abraão) vem somente de uma força, um lado, da força de Chéssed (misericórdia). Abraão ainda está sem Gvurá, e primeiro deve adquirir o grau de Isaac, a fundação de Gvurá. Este é o ponto onde a força de Eliezer chega para nossa ajuda. Eliezer é como a luz superior – examinando nossos desejos e trazendo-nos ao grau onde podemos separar a próxima fase da correção de todos nossos desejos. Essa fase é chamada “Rebeca”.

Julgando pelos sinais superficiais, tais como o incidente com os camelos, parece que Rebeca tem a força de Biná.  Sua  força  não  são  somente Kelim (vasos)  de Galgalta  Eynaim,  mas  são  também Kelim de ACHP, vasos de recepção, para que ela possa regar os camelos. Assim, é possível continuar a progredir com ela e continuar a correção e abrir nossas almas. É por isso que se diz que através da força de Eliezer, Abraão conseguiu encontrar a força apropriada de superação para Isaac, e essa força é a força de recepção, chamada “Rebeca”. Ela é aquela de quem a próxima fase, o próximo grau, será construído.

Depois de Abraão e Sara, a próxima fase é Isaac e Rebeca. Isaac, também, leva Rebeca para a terra de Canaã e não a deixa em Aram Naharaim.

Depois de Isaac, Abraão faz escrutínios adicionais com Ketura e os seis filhos que ele envia para a terra do oriente.

Cada vez que examinamos os desejos, o escrutínio toma lugar em vários graus. Podemos usar alguns dos desejos em prol de doar e alcançar o amor aos outros. Outros desejos são “colocados em espera” e evitamos usá-los. Em vez disso, usamos outra parte dos desejos de tal modo que sua correção preceda as próprias correções. Tais são os “filhos das concubinas”.

No fim dos dias, ou seja, estes dias, podemos ver que tudo está regressando para essa força chamada “Abraão”, que desperta novamente em nós. Nós estamos corrigindo na humanidade os Kelim que foram quebrados dos filhos de Israel e os Kelim das nações do mundo. Entre estes estão as dez tribos (que também têm sua influência) e os filhos das concubinas. Vamos também ver que no decorrer da história, o mundo tem atravessado um processo de correções.

Começamos a reparar que os desejos que despertam pela correção nas nossas almas são apenas uma semente que foi semeada em gerações anteriores, em estados anteriores, e que agora estão sendo corrigidos. Experimentamos eventos na vida que nos recordam estados passados e que nos ajudam a compreender a novidade e singularidade do presente tempo e como nos devemos relacionar a ele.

O grau de Abraão vive no desejo conhecido como “Sara” (segundo o nome da porção) e o examina. Assim que o grau de Abraão é separado, o fim do grau, a morte de Abraão, a morte de Sara, e a Gruta de Machpelá, chegou.

Estes são os elementos mais importantes porque todas nossas correções estão incluídas em uma correção especial conhecida como Tzimtzum Bet (segunda restrição). Há duas restrições sobre nossa vontade de receber, nos prevenindo de a usar em prol de receber para nós mesmos, mas somente em prol de doar sobre os outros.

Devemos viver de tal maneira que conduziremos vidas normais enquanto vendo o além. Hoje, as pessoas vivem diferentemente. Há cem ou duzentos anos atrás, as pessoas trabalhavam e ganhavam suas vidas em proporção ao seu trabalho. É por isso que poucas eram ricas.

Contudo, hoje, na era dos desenvolvimentos tecnológicos, produzimos e ganhamos de longe além do necessário para nosso sustento. É por isso que tantas coisas, tais como o turismo e atividades de lazer, são desenvolvidas. Compramos, desperdiçando o que ganhamos naquilo que não é necessário para nosso sustento.

Há duas restrições sobre a vontade de receber, que é a razão de atualmente experimentarmos a quebra e ruina de nossa existência anterior. Chamamos-lhe “crise global econômica e financeira”. Primeiro, precisamos entender que devemos deixar para nós mesmos somente aquilo que é necessário para nosso sustento, dando o resto à tesouraria comum, à nação, à correção do mundo inteiro. É assim que cada pessoa alcançará Tzimtzum Bet (segunda restrição).

Em vez de tirarmos para nós mesmos, devemos almejar dar aos outros. A presente crise nos obrigará a compreendê-lo e assim progredirmos, e deste modo atravessaremos a crise fácil, agradável e rapidamente.

 

Se não desejarmos compreendê-lo, vamos experimentar a transição para o próximo grau como dolorosa, do mesmo modo que estamos começando a sentir a presente crise, com todos os problemas que ela nos causa.

A Gruta de Machpelá simboliza a abordagem de conectar Malchut com Biná. A Malchut inteira, a totalidade da vontade de receber, está incluída em Biná, no desejo de doar, que trabalha somente desta maneira. Malchut recebe de Biná somente aquilo que ela necessita em prol de existir e trabalhar em semelhança a Biná, ou seja em doação. Esta é a correção que teremos de fazer pela humanidade — alcançar a qualidade da Gruta de Machpelá.

 

Perguntas e Respostas

O que é uma gruta e qual é o sentido da palavra, Machpelá, da palavra, Kaful (duplicar)?

Uma gruta é um buraco na terra. A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo). Inicialmente, nosso desejo é como está escrito, “A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21) porque “Eu criei a inclinação ao mal” (Talmude de Jerusalém, Masechet Berachot, 27b), enquanto as correções são feitas através do tempero da Torá, através da luz que reforma. Se sentimos uma corrupção, uma má vontade, um estado onde cada um só quer para si mesmo e não se importa com os outros, isso é oposto à nossa meta inicial – de alcançar doação sobre os outros. Isto verdadeiramente nos enterra, então sentimo-nos obrigados a nos corrigirmos.

A correção é feita através do estudo adequado da sabedoria da Cabala. Com a orientação dos Cabalistas, atraímos a luz que reforma do estudo, que é o porquê da sabedoria da Cabala ser chamada a “Lei da Luz”, bem como a “Interioridade da Torá”, e a “Torá da Verdade”.

Através do adequado estudo da sabedoria da Cabala, uma força desperta em nós e começa a nos ajudar a separar nossos desejos, nossa interioridade. Removemos tudo de todos os desejos, paixões, e qualidades com as quais nascemos, em prol de construir uma alma, um Kli (vaso) para a sensação do mundo superior.

Essa gota de sémen existe em cada um de nós, e podemos abri-la, nutri-la e educar nossas próprias almas dela. A alma é a parte de Deus no alto dentro de nós. Contudo, ela está enterrada debaixo de todos os desejos, pensamentos e problemas nos quais estamos devido a nossos egos.

A “Gruta de Machpelá” significa que fazemos duas grandes correções na transição de receber para nós próprios até receber somente pelo benefício dos outros. Em outras palavras, nossas vidas inteiras devem estar em um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo”.

Este estado é chamado Machpelá (multiplicação) porque o processo de correção é feito em duas fases. Primeiro, corrigimos Malchut, dado que primeiro recebemos para nós mesmos somente aquilo que precisamos em prol de sobreviver. Subsequentemente, recebemos tudo o resto, somente em prol de doar. Essencialmente, esta é a correção inteira até que acabemos de abrir nossas almas e as construir. Abraão realizou a primeira correção, que o trouxe ao grau de Adam HaRishon. É por isso que ele é chamado o “Pai da Nação”.

Podem pessoas que não estudam a Cabala se acomodar só com necessidades básicas?

 

Não, isso as estragaria porque isso as faria pensar que são justas e não precisariam de estudar. O problema é que pensamos que agora compreendemos como realizar as correções. Mas para corrigir, precisamos da luz que reforma, que é o que separa nossos desejos e nos direciona para aquilo que devemos fazer.

A luz é o que nos ensina e nos conduz no nosso caminho. Se não evocarmos a força interior chamada Torá, (as instruções para o que fazermos conosco) não saberemos como avançar. Logo, não teremos escolha senão estudar a sabedoria da Cabala, através da qual avançaremos favoravelmente. Foi por isso que ela esteve escondida durante séculos e porque ela está sendo revelada especificamente agora.

Realmente eu descobrirei estas forças, Sara, Abraão e Eliezer?

É claro que descobrirá todas estas forças dentro de si! A Nukva (fêmea) certa, a mais corrigida, é Sara.

O que é um enterro, e se importa onde enterramos o desejo?

Nós enterramos o desejo e deixamos de usá-lo ao o eleva-lo ao grau de Biná. Está escrito, “Estes são os justos, que na sua morte foram chamados ‘vivos’”.

(Talmude Babilônico, Masechet Berachot, 18a).

Isto é, quando você enterra um desejo, você enterra sua intenção de receber e você usa o desejo em prol de doar. Você eleva-o ao grau da Gruta de Machpelá, que é um grau muito alto.

Até quando este desejo está no solo, como em uma gruta, você usa-o para doar. Estas são correções muito grandes porque o desejo não está morto, mas vivo. São as intenções que morrem, mas o desejo em si mesmo nunca morre.

Deste modo, “enterro” não se refere aos desejos em si mesmos, mas a como os usamos.

Quando Abraão alcança um grau onde ele sabe como corrigir todos seus desejos, sua Nukva, chamada “Sara”, ele alcança o grau de “associar Rachamim (misericórdia) com Din (juízo) “. Nesse estado ele entra na Gruta de Machpelá. Machpelá significa que o nível deste mundo ascende ao nível do mundo vindouro.

Diz-se que Sara viveu 127 anos, e que Abraão viveu 175 anos; qual é o significado da idade?

Estes números não se referem à idade, mas a graus. Estes são os graus onde podemos corrigir nossas almas deste modo.

O grau de Abraão é 175?

Sim, mas nós não sabemos como contar esses graus, tal como na história de Matusalém ou de Adão, que viveu tantos anos.

Também não sabemos o que significa que Abraão comprou a gruta por quatrocentos shekels de prata. Kesef (prata/dinheiro) significa Massach (tela), e os quatrocentos shekels são a quantia total que Abraão pagou pelo campo que ele comprou de Efrom.

Abraão insistiu em comprar em vez de receber; qual é o sentido de comprar? Comprou ele um desejo?

“Comprar” é expresso em pagamento. Abraão pagou com seu dinheiro e com seu trabalho para que ele pudesse adquirir a vontade de receber de modo a fazê-lo trabalhar em prol de doar. Trabalho é o único modo de abrir a vontade de receber e usá-la para alcançar a revelação do superior.

No nosso universo inteiro, usamos somente um por cento da nossa vontade de receber. É por isso que só percebemos este mundo. Vamos perceber o mundo superior somente quando abrirmos a vontade de receber em 2 por cento, então três e assim por diante até aos 100 por cento. Quanto mais você abre o desejo, mais da realidade consegue perceber.

Há uma realidade escondida, e à medida que nossos desejos crescem dia a dia e de ano a ano, vamos descobrir o mundo e descobrir mais fenômenos e mais revelações no mundo. Cada dia fazemos novas descobertas; a ciência desenvolve-se e também nós. Contudo, estas descobertas e desenvolvimentos são muito estreitos e bastante insignificantes.

Nós não percebemos o mundo em si mesmo, mas somente aquilo que está no nosso interesse, uma vez que esta é nossa natureza. Se desejarmos adquirir o grande desejo, devemos pagar com grande trabalho. Esse desejo contém imóvel, vegetativo, animal e humano, ou seja, falante. Estas são as quatro fases, e cada uma delas está em um nível  de  cem,  que  somam  até  400  (shekels de  prata). Kesef (prata/dinheiro) significa trabalho.

Nós teremos de comprar o desejo inteiro por quatrocentos shekels de prata. Em outras palavras, primeiro precisamos adquirir Massachim (telas) para trabalhar com aquilo que se manifesta somente em prol de doar. É por isso que crescemos até certo nível, até certa saciedade no nosso desenvolvimento, e alcançamos uma crise. Não nos desenvolveremos além disso; vamos parar aqui até que compreendamos que podemos ora descer, ou continuar a nos desenvolver em um novo Kli em direção ao mundo superior, que está inteiramente direcionado para a doação aos outros.

Há uma diferença no nível de ego entre uma pessoa que deseja poder, e líderes tais como o Primeiro Ministro?

Não, porque esse ego está no mesmo nível. Aqui, contudo estamos falando de um ego completamente diferente, que precisa ser um governante e compreender o que acontece acima da sua vida, acima da vida e da morte. Este é um ego que nós não compreendemos; ele é a linha esquerda, Klipot (cascas/peles), que na realidade é contra a Divindade.

As duas forças começam a manifestar-se em nós. A força superior, o Criador, aparece do lado direito, e a força oposta aparece na esquerda, com você no meio, contendo ambas. É por isso que ela é chamada a “Gruta de Machpelá” (multiplicação), uma vez que estamos a conectar as duas forças, a boa bem como a má.

É a vontade de receber eterna?

Ela é eterna como o Criador; ela nunca será cancelada. Sem ela, não haveria criatura. A palavra Hebraica, Nivrá (criatura), vem da palavra, Bar (exterior), ou seja, exterior ao grau. O desejo é aquilo que nos separa do Criador. Mas quando o usamos com a intenção de doar, assemelhamo-nos ao Criador e alcançamos Dvekút (adesão) com Ele, que é o propósito da Criação.

Algumas pessoas dizem ser dos filhos de Ketura e algumas dizem ser dos filhos de Abraão; há alguma verdade nestes dizeres?

Sim, há. O mundo veio dos Babilônicos, que não quiseram receber o ensinamento de Abraão através de Nimrod porque eles atravessavam correções que os faziam rejeitá-lo, que é uma correção, também. Uma pessoa que rejeita algo tem um certo ponto de vista; ela atravessa um certo “filtro”.

Deste modo, uma pessoa que avança da Babilônia através das guerras em Canaã, Egito, e em outros lugares, é ora dos filhos de Ketura ou das dez tribos que se dispersaram pelo mundo e que fazem nosso trabalho lá, embora nós não saibamos como isso é feito.

Se conduzirmos testes de DNA veremos que todos se misturaram com todos, e cada um de nós contém um pouco de todos os outros. É por isso que agora alcançamos o fim da mistura, quando cada um de nós tem a habilidade de pertencer à correção nos nossos próprios níveis, avançamos para uma crise que nos conduz a escrutinar nossa situação espiritual. Este é o presente grau da humanidade.

Por um lado, diz-se que tudo está acontecendo dentro de nós. Por outro lado, estamos vivendo neste mundo, e é isto que percebemos. Há uma fórmula pela qual possamos agir nas nossas experiências do dia-a-dia?

Sim há. Algumas pessoas sentem que estão vivendo em um filme que está sendo “projetado” dentro delas. Elas relacionam-se ao mundo fora delas mas sentem-no por dentro. É como ver um filme e entrar nele, vivendo-o como o resto dos personagens, incapazes de julgá-lo.

Nós conseguimos até dizer a nós mesmos que este é um filme que está a sendo projetado diante de nós, que nós estamos nele, e que conseguimos ver a nós mesmos do alto e ver como estamos lidando com tudo o que está acontecendo.

Podemos também dizer que a imagem que vemos realmente se revela dentro de nós, e que precisamos reagir a ela. É então que ascendemos do grau do filme para o grau de compreender o filme, de compreender aquele que projeta o filme dentro de nós, de acordo com nossas reações. Em outras palavras, depende de como nos relacionamos ao mundo, e é melhor nos relacionarmos a ele tão realisticamente quanto possível.

De O Zohar: Quatrocentos Shekels de Prata

“Quando Abraão entrou na gruta … ele viu uma luz lá, a poeira era jogada diante dele, e duas sepulturas lhe foram reveladas. Então um homem de sua forma se levantou de sua sepultura, e viu Abraão e riu-se. Com isso, Abraão soube que ele estava destinado a ali ser enterrado.

…Adão disse-lhe, ‘O Criador escondeu-me aqui, e eu me tenho escondido desde então’. Até Abraão chegar, Adão e o mundo eram incompletos. Foi por isso que ele precisou  se esconder, para que  as Klipot não o pudessem agarrar. Mas quando Abraão veio ao mundo, ele corrigiu-o e ao mundo, e ele não mais precisou esconder a si mesmo”. Zohar para Todos, A Vida de Sara, itens 105-106

 

Termos

Anos

As palavras, Shanim (anos) ou Shaná (ano), vêm da palavra, Shonê (repetir), quando repetimos as correções, mas em um nível superior. Há uma escada de 125 degraus. Há cinco mundos, com cinco Partzufim (faces) em cada mundo, e cinco Sefirot em cada Partzuf.

5x5x5 são os 125 degraus, ou graus onde precisamos repetir as correções, cada vez em um degrau mais avançado. É assim que avançamos de fase em fase, de degrau a degrau, até ao fim de todas as correções, onde somos incluídos no mundo de Ein Sof (infinito), em Dvekút (adesão) com a força superior e em completa similaridade com ela.

A Gruta de Machpelá

A “Gruta de Machpelá” é o grande Tikun (correção) de Malchut que é incluída em Biná. É assim que ela se consegue corrigir a si mesma em equivalência de forma com Biná. Malchut é a vontade de receber, e Biná é o desejo de doar. Quando Malchut e Biná se igualam uma à outra, então inserimos a força de Biná até à terra, o desejo, abaixo até o estado chamado uma “gruta”.

Local de Enterro

Um “local de enterro” é um lugar onde enterramos nossos egos. Não enterramos a vontade de receber, mas somente a intenção de receber, as qualidades que trabalham a nosso favor e contra os outros. Quando enterramos as qualidades que nos fazem sentir bem, como o desejo de explorar, derrotar, ou ver os outros como inferiores, enterramos a vontade de receber. Logo, não enterramos o desejo, mas somente sua forma egoísta que se manifesta em nós.

Casamento

“Casamento” é uma fase na qual podemos repetidamente assumir várias qualidades egoístas da nossa vontade de receber, corrigi-las, e assim cobri-las. Este é o sentido da cerimónia matrimonial, com a Huppá (dossel matrimonial) sendo a Massach (tela). O Zohar explica-o muito claramente no ensaio, “A Noite da Noiva”.

De O Zohar: E Isaac Trouxe-a para a Tenda

“‘E ele levou Rebeca, e ela se tornou sua esposa, ele a amou’. Mas uma vez que todas as pessoas no mundo amam suas esposas; qual é a diferença pela qual lá escreve especificamente de Isaac, ‘E ele a amou’?

O despertar do amor masculino para a Nukva é somente da linha esquerda, como está escrito, ‘Deixe que sua mão esquerda fique debaixo de minha cabeça’. E trevas – linha esquerda, noite  –    e Nukva são como uma, dado que a esquerda sempre desperta  o  amor  para  a Nukva e  a  agarra”. Zohar para Todos, A Vida de Sara, itens 251-252

Intenções de doar são masculinas. Se, perto do lado masculino – o lado que supera, há fortes intenções de doar sobre a mão esquerda — ele leva o lado inteiro da mulher, a vontade de receber, e ele a consegue usar em prol de doar. Isto é chamado o “princípio do Zivug (acasalamento) adequado”, “Deixe que sua mão esquerda fique debaixo de minha cabeça, e sua mão direita me abraçará” (Cântico dos Cânticos, 8:3). O próprio Zivug é sobre o que lemos em Simchat Torá (a Alegria da Torá).

Vayerá (O Senhor apareceu)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 18:1-22:24)

 

Sumário da Porção

A porção, VaYerá (O Senhor Apareceu), começa com a história dos três anjos que vieram a Abraão e contaram a Sara que ela teria um filho. Sara riu-se porque ela pensou que ela era demasiado  velha  para  ter  um  filho.  Todavia,  ela  realmente  teve  um  filho,  cujo  nome  foi Ytzhák (Isaac), chamado segundo seu Tzhók (riso).

Os anjos continuaram seu caminho para destruir as cidades de Sodoma e Gomorra, pois muitos pecados estavam sendo cometidos lá. Ló e sua família foram permitidos escapar, mas a esposa de Ló não obedeceu às ordens dos anjos. Ela virou-se para trás para olhar e tornou-se um pilar de sal. Ló e suas duas filhas conseguiram chegar a uma gruta. As filhas de Ló estavam seguras que eles eram os únicos sobreviventes no mundo, então elas enganaram seu pai para ter filhos com elas.

Mais tarde na porção, depois do pedido de Sara, Abraão expulsou Hagar e Ismael para o deserto; o Criador ordenou Abraão sacrificar seu filho, Isaac, e no último momento, um anjo impediu a execução. Abraão levou um carneiro que ele havia encontrado preso em uma mata e ofereceu-o ao Criador em vez de seu filho.

 

Comentário

Em “Prefácio para o Livro do Zohar”, uma das introduções de Baal HaSulam ao Livro do Zohar, ele oferece uma explicação especial da nossa percepção da realidade. A explicação detalha o lugar onde agora nos encontramos como um quadro de emoções retratadas como sólidos, gases e líquidos.

O Zohar e a sabedoria da Cabala explicam que percebemos a realidade ao reagir a alguma coisa fora de nós, que nós não conhecemos, e a qual transformamos em várias cores e materiais. Contudo, precisamos adquirir sentidos adicionais e nos elevarmos a uma percepção da realidade superior, acima dos nossos sentidos. É assim que descobriremos o mundo superior.

O Livro do Zohar fala-nos na “linguagem dos ramos”, usando os termos de nosso mundo. Ele conta- nos como podemos obter e sermos impressionados com a nova forma, que é mais elevada que nosso mundo. Por vezes nossos conceitos parecem-nos reais, tais como um “pilar de sal”, a revolta de Sodoma e Gomorra, ou a história dos três anjos, uma vez que “um verso não propaga o literal” (Masechet Yevamot, 24a).

Todavia, devemos almejar ver estes conceitos como relacionamentos entre nós na alma comum.

Os eventos da porção não são meros contos históricos; eles são fontes que lidam com as conexões entre nós. O papel destas fontes é ensinar a aqueles que desejam avançar e se elevar à nova percepção da realidade. Elas mostram como examinar nossos desejos, qualidades, forças, e a conexão entre eles. Deste modo, podemos desenhar a partir deles a percepção da realidade que é chamada a porção, ”VaYerá”.

Com cada porção, devemos nos elevar mais alto até que cheguemos à entrada da terra de Israel, onde todos nossos desejos visam doar, em Dvekút (adesão), para que possamos começar o trabalho verdadeiro. A Torá revela a luz que reforma, para que possamos avançar desde receber a Torá a entrar na terra de Israel – um estado onde podemos trabalhar com a inteira substância da Criação e com todos seus desejos da maneira adequada. A palavra Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo, e a palavra Yisrael (Israel), vem das palavras Yashar El (direito a Deus).

Os três anjos são três forças que existem dentro de nós: direita, esquerda, e meio, pelas quais nós avançamos. Há o Abraão dentro de nós, a linha direita. Abraão tem a Klipá (casca/pele) da direita, Hagar e Ismael, e a Klipá da esquerda, Isaac e Esaú, com quem alcançamos a linha do meio, Jacó, na conclusão do processo da correção.

Separamos todas as nossas forças mentais das qualidades que visam dar e das qualidades que visam receber.   No   meio,   entre   elas,   está   a   combinação   equilibrada   das    forças,   a   força    de Chéssed (misericórdia) – direita – é Abraão, e a força de Gvurá – esquerda – é Isaac, enquanto as forças dos anjos são Miguel na direita e Gabriel na esquerda.

Precisamos separar a partir da profundeza dos desejos com os quais podemos trabalhar pois não podemos trabalhar com todos nossos desejos em prol de doar. Embora cada Mitzvá (mandamento) no caminho vise “Ama teu próximo como a ti mesmo”, ainda assim precisamos separar todos nossos desejos e ver se podemos alcançar o amor aos outros com eles. Se não podemos, evitamos usá-los até que alcançamos o próximo, estado superior.

Foi por isso que Abraão teve que cortar – alguns para a direita e alguns para a esquerda – como no caso da contenda entre os pastores do gado de Ló e os pastores do seu gado. Lá, era muito claro quem estava para a direita e quem estava para a esquerda. Em um estado de Sodoma, há novamente uma mistura, que requer semelhante escrutínio.

Por um lado, Ló deve ser retirado de lá. Por outro lado, o desejo “feminino” de Ló deve ser removido. Um macho é uma força de doação, enquanto uma fêmea é a força da recepção. Deste modo, seguindo a análise, uma vez que não era possível trabalhar com o desejo de Ló, sua esposa se tornou um pilar de sal. Nós usamos o sal para acrescentar sabor à nossa comida. Sem ele, nossa comida seria insípida, mas o usamos somente sob condição que ela não tem vida. A água é um estado de semi-morte, semi-vida. Sal, que é essencialmente um minério, é extraído do solo quando ele está completamente sem vida; ele não é vegetal nem animal.

É deste modo que a pessoa escrutina mais e mais graus. Quando Isaac é atado, examinamos como atar a linha esquerda e como a prevenir de usar seus poderes na totalidade. Abraão, a força da direita, segura a linha esquerda e ata-a, prevenindo-a de ser usada. Ele o faz ao cortar sua própria parte animal, mas deixando sua parte falante. O resto pode ser sacrificado como oferenda.

Outra forma de escrutínio é através da deportação da parte da direita que não se consegue juntar à esquerda. Isto é manifestado na expulsão de Hagar e Ismael. Através de sério trabalho interior, examinamos com que forças da alma podemos trabalhar, e avançamos de porção em porção, de grau em grau.

A respeito do nosso tempo, o problema de Sodoma e Gomorra assemelha-se à presente abordagem da América, que diz, “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”. Em outras palavras, há democracia e liberdade para o indivíduo, e cada um é por si mesmo. Clara e inequivocamente, não chegamos no presente a uma conexão onde ‘Eu sou por ti e tu és por mim’. Hoje, não há compromisso emocional para ajudar ou nos conectarmos aos outros. É tal como era em Sodoma e Gomorra.

Desde o início, nos é dito que se queremos avançar no caminho da correção da alma, precisamos mudar como nos relacionamos uns com os outros. Nossos relacionamentos devem ser direcionados para a conexão. “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu” é a regra Sodomita. Até nos parecer que é uma atitude respeitável, onde ninguém se mete nos assuntos do seu próximo, essa atitude contradiz o propósito da Criação, que é ser “como um homem com um coração” (RASHI, Êxodo, 19b), se unir em um único sistema. É por isso que a Natureza hoje nos apresenta um sistema integral e circular onde todos estão inevitavelmente conectados, o completo oposto da regra Sodomita.

A porção, VaYerá, ensina-nos o que podemos suscitar da qualidade de Sodoma, até se a esposa de Ló, suas duas filhas, e o próprio Ló se encontrarem no nosso caminho. Não importa que tenhamos que continuar a corrigi-los em relação a seus pecados na gruta. O que importa é que desde o início de nossas correções devemos abandonar a regra, “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”.

Hoje, o mundo está precisamente na mesma situação. É por isso que devemos destruir os anteriores relacionamentos entre nós que eram baseados em dinheiro e na conexão egoísta de dar e receber. Em vez disso, devemos conceber um sistema onde todos são interdependentes. Nossa dependência é semelhante a aquela de uma família, onde não há considerações monetárias, mas em vez disso emocionais, onde nos aproximamos uns dos outros e nos tornamos “como um homem com um coração”.

Hoje, a regra Sodomita de “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”, caracteriza a queda de ambos comunismo e capitalismo. Presentemente, não estamos em um estado de “Dar aquilo que puderes e recebe aquilo que precisas”, como proclamaram os comunistas. Em vez disso, estamos em um processo onde devemos sair de Sodoma sem destruí-la toda. Invés, devemos derrubá-la e reconstruí-la a partir dos discernimentos anteriores, uma vez que tudo é criado por uma razão.

Até as coisas que parecem as piores possíveis podem ser transformadas em boas, dependendo de como as usamos. Por exemplo, a cobra venenosa contribui seu veneno para produzir muitos medicamentos. Na realidade, a cobra é o símbolo da medicina.

Está escrito em O Livro do Zohar que quando um veado quer dar à luz à alma, a serpente vem e morde-o, e somente então dá ele à luz. É impossível dar à luz a qualquer coisa – seja um novo grau ou a uma nova alma – sem a mordidela da serpente.

Hoje estamos em uma situação muito especial, um ponto de ruptura, uma inversão que devemos atravessar. É semelhante a uma inversão no nascimento de uma criança, quando a cabeça do feto se vira para uma posição onde sua cabeça fica para baixo. É assim que emergimos de um mundo para o próximo. Essa inversão simboliza nossa atitude para o mundo e de uns para os outros; tudo fica invertido.

Esta é também a inversão de Sodoma e Gomorra, que devemos atravessar nos nossos relacionamentos – de “deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”. Se o reconhecermos e compreendermos, vamos atravessá-lo facilmente. Inversamente, vamos experimentá-lo como uma aflição das forças da Natureza.

Presentemente, a Torá obriga-nos a nos relacionarmos uns aos outros pela regra, “Aquilo que odeias, não faças ao teu próximo” (Masechet Shabat, 31a). Devemos ser muito claros com esta atitude, e não a comparar erroneamente à regra Sodomita, “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”.

“Aquilo que odeias, não faças a teu próximo” não significa que você evita somente prejudicar os outros. Em vez disso, ela significa que você se deve relacionar aos outros de modo a que não os consiga prejudicar, apesar de seu ego e sua vontade de receber. Esta atitude é chamada “desejar misericórdia”.

Todavia, esta não é uma atitude de amor. Em vez disso, é como o velho Hilel disse para o gentio (aquele que deseja se aproximar da verdade). Esta é somente a primeira parte, dizendo sobre uma perna. Na próxima fase, como diz Rabi Akiva, tratamos os outros de uma maneira de “Ama teu próximo como a ti mesmo” (Talmude de Jerusalém, Nedarim, Capítulo 9, 30b). Estas são as duas fases, e agora devemos executar pelo menos a primeira.

Está deste modo claro que o mundo está a entrar no caminho da correção sob coação, sentindo a quebra, a crise, e os problemas. Estes são os dias do Messias, nos quais um novo mundo está nascendo diante de nós.

 

Perguntas e Respostas

O estado de Sodoma e Gomorra, de “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”, parece melhor que nossa presente situação. Pelo menos em Sodoma, as pessoas não roubavam umas das outras. Estamos realmente em uma situação pior que a dos Sodomitas?

Nossa situação é de longe pior que em Sodoma e Gomorra! A ideologia ocidental de “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”, na realidade diz, “Não interfiras com os assuntos dos outros”. Ela salienta a privacidade e liberdade do indivíduo. Esta atitude foi o que criou nossa situação verdadeiramente adversa, então precisamos passar isto e avançar. Nosso progresso para o novo mundo é mandatário, forçado pela Natureza.

Precisamos sentir os outros para avançar para o novo mundo?

Sim, é esta a precisa razão pela qual passamos pela fase do deserto. Os inteiros quarenta anos no deserto foram uma fase onde nos elevamos aos nossos egos, tentando não sermos desrespeitosos uns para os outros. Isto se manifestou em todos os pecados que os filhos de Israel cometeram no deserto. Cada pecado teve sua própria correção, repetida e incessantemente.

Neste processo, divulgando os profundos e corruptos desejos que os filhos de Israel transcenderam (“Aquilo que odeias, não faças a teu próximo”) é o princípio de tudo. É assim que devemos lidar com aqueles no nosso mundo. Esta é uma tarefa muito difícil porque devemos nos elevar acima de nossos desejos e acima de nossa natureza.

Por que o Criador ordenou Abraão matar seu filho?

“Matar” refere-se a matança da abordagem de uma pessoa para a vida, que se destina a desfrutar do mundo. Desfrutar significa explorar o mundo.

Você pretende dizer desfrutar às custas dos outros?

Nós comparamo-nos sempre aos outros, tudo aquilo que temos que arruinar dentro de nós mesmo, e aquilo que construímos como uma atitude completamente nova para os outros.

De O Zohar: E Deus Testou Abraão

“Certamente deveria dizer Abraão, pois ele precisava ser incluído em Din porque anteriormente, não  havia Din em  Abraão  e  ele  era  todo Chéssed.  Mas,  agora  água  se  misturou  com   o  fogo, Chéssed com Din. Até então, Abraão era incompleto, e ele foi coroado para passar juízo e corrigir o Din no seu lugar, uma vez que há iluminação de Chochmá somente na linha esquerda. Assim, antes de Abraão ser incluído em Isaac, a linha esquerda, ele era incompleto, ou seja, que ele carecia da iluminação de Chochmá. Através do atar, Isaac foi misturado e foi então coroado com a iluminação de Chochmá e foi completado. É por isso que se escreve que ao atar, ele foi coroado para passar juízo, e assim o Din foi corrigido, ou seja a iluminação da esquerda no seu lugar, quando ele foi incluído no lugar de Abraão, em Chéssed”. Zohar para Todos, VaYerá (O Senhor Apareceu), item 490

Parece que há um problema aqui da perspectiva da Criação em relação ao Criador. Por um lado, o Criador precisa criar alguma coisa fora Dele, uma Nivrá (criatura), da palavra, Bar, (fora) do grau. Por outro lado, para fazer o bem à criatura, o Criador tem de a elevar a um grau onde a criatura é exatamente como o Criador. Como, então, podem estes opostos se fundir em um em uma pessoa que é semelhante ao Criador, embora não idêntica?

Para fazer isso, há uma necessidade de criar no homem todos os desejos cuja natureza é oposta daquela do Criador. Os 613 desejos no homem são então construídos através das 613 luzes da Torá, que são chamadas “613 caminhos da Torá”. Quando começamos a trabalhar com esses desejos de receber neles em prol de doar sobre o Criador, é então que nos corrigimos a nós mesmos e recebemos em prol de doar, que é a própria doação.

Sucede-se que devemos atravessar correções prolongadas assim que nos elevamos acima desses desejos que nos abstivemos de usar. Este é o começo da correção de Abraão em relação a Isaac. O escrutínio é feito pela linha do meio – reconhecemos quanto é possível receber dela, e quanto não é possível. Em outras palavras, à medida de que ascendemos pela escada de graus, constantemente examinamos nosso uso da vontade receber em prol de doar.

Todavia, está claro para nós que temos desejos chamados “esposa de Ló”, que devem ser “colocados em espera”. O sal não se estraga; ele pode ser usado passado muito tempo. É também assim que usamos todos os discernimentos dentro de nós, todos nossos desejos.

No caminho, realizamos uma espécie de aliança: “circuncisão, exposição e a gota de sangue”. * Não usamos os desejos maiores na alma, o prepúcio, mas os deixamos para o fim da correção, quando tenhamos a força para usá-los corretamente, de modo a fazer o bem aos outros. Se os usarmos agora só prejudicaremos os outros. Deste modo, fazemos todas as correções intermédias, chamadas “esposa de Ló”.

Uma “mulher” é a vontade de receber, o ego de um, pousado na direção do desejo de doar. Ele pode estar conectado à vontade de receber, chamada “Ló e sua esposa”. Ló é o desejo de doar, que é o porquê de uma pessoa temporariamente “congelar” a vontade de receber, e o desejo de doar aparentemente “monta sobre ele” até ao próximo grau, quando ele desperta.

 

Termos

Anjo

Um “anjo” é uma força da Natureza, tal como a gravidade ou o eletromagnetismo. Um anjo é uma das forças da alma. As forças das nossas almas contêm direita, esquerda e meio, Gabriel, Miguel, Uriel, Rafael, e assim por diante.

Riso

“Riso” é a conexão a um grau superior ao qual ainda não conseguimos conectar nosso conhecimento e entendimento. Rimos de opostos quando não temos tempo para escrutiná-los nesse momento.

Sodoma e Gomorra

Sodoma e Gomorra são desejos que expressam uma atitude para os outros, chamada “Deixai que o meu seja meu; deixai que o teu seja teu”. Ela é uma atitude que não é condutora para a conexão; assim, quando o próximo grau chega – o começo de nossa conexão com os outros – não conseguimos trabalhar com os outros e temos de os abandonar. Ao mesmo tempo, comprometemo-nos a levar para fora os desejos que nos pertencem conosco, ou seja Ló. No próximo grau, a luz superior chega e começa a cuidar de nós, nossas almas, invertendo estes desejos que mais tarde usaremos para graus maiores.

Não Olhar Para Trás

Parece bastante simples não olhar para trás. “Que o passado seja passado”, nos é dito, e “o que aconteceu tinha que acontecer” porque “não há ninguém além Dele” (Deuteronômio, 4:35), “Eu sou o primeiro, e Eu sou o último” (Isaías, 44:6). O anterior momento não dependia de nós e devia ter acontecido como aconteceu. Não devemos nos arrepender dele; devemos olhar somente para a frente.

Um Pilar de Sal

Um “pilar de sal” é um desejo que não usamos. Ele é um desejo que colocamos em espera até que possamos cuidar dele. Isto inclui todos os desejos que separamos e aparentemente jogamos fora – Ismael, Esaú, Sodoma e Gomorra, um pilar de sal, e assim por diante. Cada vez aparentemente matamos reis ou nações isso na realidade representa correções dentro de nós. Estes desejos todos despertam, então esperam para serem usados adequadamente passado algum tempo, e especialmente para a meta da correção.

Expulsão

“Expulsão” é um desejo que não usamos. O expulsamos, partimos de usar esse desejo.

Atar

“Atar” refere-se a limitar o uso do desejo de uma certa maneira para que passado algum tempo sejamos capazes de o usar. É como o mundo dos Akudim (atados), no qual primeiro encerramos toda a luz de Ein Sof (infinito), ou é como as quatro espécies em Sucot.

De O Zohar: E Vede, Três Homens

“Todos os três anjos são necessários. Um é para curá-lo da circuncisão, que é o curador. Um foi para contar a Sara que ela teria um filho. Este é Miguel, uma vez que ele é nomeado sobre o lado direito e todas as bênçãos e o bem do lado direito foram dados para suas mãos”. Zohar para Todos, VaYerá (O Senhor Apareceu), item 54

* Para explicação mais expansiva, veja em Beit Shaar HaKavanot de Baal HaSulam.

Noé

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 6:9-11:32)

 

Sumário da Porção

A porção, Noé, fala de pessoas pecadoras e o Criador, que envia um grande dilúvio para o mundo. “Noé era um homem justo, perfeito nas suas gerações” (Gênese, 6:9). Foi por isso que ele foi escolhido para sobreviver ao dilúvio.

Mas ele não sobreviveu sozinho. Em vez disso, lhe foi ordenado construir uma arca e se mudar para ela com seus familiares e um par de cada animal. Eles permaneceriam na arca durante quarenta dias e quarenta noites até que o dilúvio parasse.

O Criador fez uma aliança com Noé e sua família que o dilúvio nunca regressaria. Como símbolo da aliança, ELE colocou o arco-íris no céu.

O fim da porção fala da torre de Babel, sobre as pessoas que decidiram construir uma torre cuja cabeça alcança os céus. O Criador respondeu ao confundir sua língua para que eles não se compreendessem uns aos outros, e finalmente os dispersando pelo país.

 

Comentário

A porção, Noé, é longa, intensa, e contém mais detalhes e eventos que outras porções. Como esta porção toma lugar no começo da Torá, ela também marca o princípio de nosso caminho espiritual, o tempo mais importante no nosso desenvolvimento espiritual.

Estas fases iniciais desdobram-se muito rapidamente, ao contrário de eventos subsequentes, quando começamos na realidade corrigir nossas qualidades meticulosamente.

Mais tarde, os eventos descritos são de longe mais detalhados, como veremos naqueles que mais tarde se revelam na Torá.

Nosso desenvolvimento toma lugar inteiramente sob nossa vontade de receber egoísta, que devemos tornar em doação. Hoje estamos ainda no meio de um processo onde toda a humanidade deve começar a trabalhar com seus egos para forjar as conexões certas entre as pessoas. A Luta para superar o ego é sempre o maior problema, e aparece  como  ondas  de  um  grande  mar,  chamado Malchut de Ein Sof (Malchut do Infinito).

Cada vez, o ego se levanta e não sabemos o que fazer, então nossa única opção é nos escondermos em uma caixa, em uma arca. Esta não é meramente uma fuga; mas é na realidade uma correção. Construímos à volta de nós mesmos uma espécie de bolha, a qualidade de doação, e escondemo- nos nela de todas as nossas terríveis qualidades egoístas. É assim que avançamos.

Quando o ego se manifesta, caminhamos para a arca, ajustamos nossas correções para nos elevarmos acima do ego e evitarmos usá-lo. Na arca, desconectamo-nos do mundo circundante, onde terríveis coisas estão acontecendo. Quando assim fazemos, os desejos egocêntricos que ferozmente batem no casco de nossa arca, tentando puxar-nos para muitos lugares e direções, para as profundezas do mar.

E, todavia, permanecemos no interior da arca, concentrados no desejo de permanecer na qualidade de doação.

A  permanência  na  arca  dura  quarenta  dias   e   quarenta   noites.   Esta   é   a   diferença   entre Malchut e Biná, porque a Malchut toda, todos os desejos, estão incluídos em Biná. Verificamo- nos a nós mesmos ao questionar o corvo, mas o corvo não responde. A pomba, contudo, realmente responde porque ela é do lado de Rachamim (misericórdia), da direita, do lado da paz.

Quando recebemos a resposta que todos os nossos desejos são controlados pela qualidade de doação, isso é um sinal de que sobrevivemos ao dilúvio. Essa é uma indicação de que todos nossos desejos e qualidades, que são chamados “nossos familiares” (a família que está na arca), passaram a primeira fase da correção e agora somos capazes de continuar as correções. O propósito do processo inteiro, este fluxo, é para que nós corrijamos nossas almas egoístas quebradas e as tragamos para um estado onde elas estejam em doação pura, e  assim em completa equivalência de forma,       em Dvekút (adesão) com o Criador.

Quando saímos para o ar, para a terra seca, o Criador diz que Ele fará uma aliança conosco a respeito de todas as coisas que estamos prestes a atravessar. A aliança é pelo futuro, quando eventos semelhantes possam ocorrer, para que saibamos que podemos usar as forças que usamos no passado.

A aliança testemunha que não conseguimos corrigir a nós mesmos e que somos obrigados a usar as mesmas forças que usamos no passado. É por isso que não gostamos do símbolo do arco-íris no céu.

Aqui está um exemplo: Assumamos que estamos em uma discussão e que nos recordamos que costumávamos ser amigos. Então, pelo bem do passado relacionamento fazemos a paz novamente. Logo, o arco-íris, a aliança, não é um bom sinal porque ele marca nossa entrada para um tempo de fraqueza, onde maiores problemas estão pela frente, para os quais precisaremos desta aliança.

O tempo de Noé marca o começo de um novo desenvolvimento. Há dez gerações de Adão a Noé. Estas são as dez Sefirot, e há mais dez gerações (Sefirot) de Noé a Abraão. Há muitas qualidades em nós que crescem dentro de nós e então aparecem, até que novamente reconheçamos nossas qualidades egoístas. Aparentemente, esquecemos as qualidades da doação que tínhamos quando na Arca, então não podemos mais cobri-las com Chassadim, a qualidade de Chéssed (misericórdia), e com o amor aos outros, para sermos como uma família, como foi com Noé na arca quando o mundo inteiro era como uma família. Nessa altura todos estavam debaixo do dossel de Chassadim, debaixo de um dossel de amor, colaborando em garantia mútua.

Agora nossos desejos egoístas crescem uma vez mais, eles nos conduzem de volta para Babel – um estado onde vemos nossos egos pairar, tentando ter e controlar tudo. O grande egoísta que controla a pessoa é Nimrod. Esta é uma força que está disposta a fazer qualquer coisa.

Nimrod quer controlar nossas vidas. Ele não quer estar acima, na qualidade de doação, mas somente na qualidade de recepção, como podemos ver ao nosso redor no mundo de hoje.

Tudo aquilo que aconteceu no tempo de Noé tinha que acontecer por causa da regra, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” (Kidushin, 30b), porque “a luz nela reforma”. Em outras palavras, precisamos descobrir o mal em nós, e desta revelação do mal descobriremos seu antídoto, uma vez que não quereremos permanecer no mal. É por isso que precisamos obter a luz que reforma, a luz especial que a sabedoria da Cabala nos conta como obter para que possamos corrigir a nós mesmos com ela.

Todas as histórias da Torá antes de Noé, tais como a de Caim e Abel, descrevem como o ego se intensificou. Aprendemos sobre isso em O Zohar, que nos conta o verdadeiro sentido das histórias da Torá. O Zohar diz-nos abertamente o que está simplesmente implícito na Torá. Ele revela-nos aquilo que se esconde por trás de cada história humana e o que nos está a Torá na realidade a contar nas suas narrativas. É por uma boa razão que a sabedoria da Cabala é chamada a “sabedoria da verdade”.

A Torá fala de nossas almas, sobre como devemos retirar essa alma do esconderijo. Devemos descobrir a alma em cada grau de sua Aviut, em cada fase de sua quebra, e devemos corrigi-la. Dentro da alma corrigida, devemos sentir nossas vidas espirituais e permanecer nelas, como está escrito, “Verás teu mundo na tua vida” (Berachot, 17a). Devemos descobrir o mundo espiritual, o Criador, o “eu” que se encontra no mundo espiritual, e devemos fazê-lo aqui e agora, enquanto estamos neste mundo.

Contudo, para entrar no mundo vindouro devemos primeiro descobrir nossas almas quebradas. Neste processo, nossas almas crescerão na linha esquerda. Isto significa que durante as dez gerações de Adão até Noé, grandes desejos da vontade de receber se desenvolveram na alma. Na fase onde terminamos com a linha esquerda, seguindo a decisão do Criador, a linha direita aparece e começa a corrigir a esquerda. A linha esquerda é a Malchut corrupta e quebrada, enquanto que a linha direita é Biná, as qualidades de doação, qualidades de amor, doação e misericórdia.

Subsequentemente, dez novas gerações chegam, as dez Sefirot de Noé até Abraão – destinadas a corrigir as anteriores gerações de Adão até Noé – ou seja dez Sefirot de Ór Yashar e dez Sefirot de Ór Chozêr. Abraão vem depois dessas vinte gerações e recebe o princípio de uma alma em um nível onde ele já consegue compreender e reconhecer seu propósito. É por isso que ele quebra as estátuas e começa a combater seu próprio ego enorme, que lhe aparece como Nimrod, como Babilônia. Com Nimrod na esquerda, e Abraão na direita, podemos começar a combater pela correção da alma.

Todos estes nomes e incidentes descrevem aquilo que acontece a nossas almas. A Torá fala daquilo que cada um de nós deve atravessar, e gradualmente descobriremos como podemos, na realidade, atravessar estas fases.

 

Perguntas e Respostas

O dilúvio é uma coisa má? Hoje, palavras tais como “tsunami” e “dilúvio” suscitam terror.

Sim, é uma coisa má na espiritualidade, também. Um dilúvio implica “más águas”, ou Gvurot. Água é essencialmente Chassadim, mas quando conectada a um ego que a controla, ela torna-se água perigosa.

Nesta história, bem como na história da torre de Babel, aprendemos que o Criador decidiu confundir as pessoas; Ele as fez pecar, e então aparentemente as puniu.

É claro, nada acontece sem Ele, pois “não há ninguém além d’Ele”. O que importa é como reagimos, aceitamos e participamos no que está acontecendo. Em cada situação, devemos ser Seus parceiros e compreender Suas obras. É como uma mãe que brinca com seu bebê. A mãe quer que o bebê a compreenda e brinque com ela como ela brinca com seu filho. Deste modo, é claro que o Criador está por trás do processo inteiro, mas a questão é se sabemos como reagir corretamente a aquilo que se revela em cada momento.

Podemos nós reagir como esse bebê?

Se olharmos para os bebês, veremos que eles nunca estão em repouso. Eles se esforçam constantemente para perceber o mundo, examinando e aprendendo dele. A infância é como o tempo de construir o homem, o tempo das correções do homem. Depois dos vinte anos de idade, todos começam a envelhecer e a minguar.

As fases que se atravessa, as más águas, Noé, e Abraão – colocam-nos em terrível inquietação. Mas no fim, todos nós temos de atravessar este processo para corrigir nossas almas.

É por isso que a Torá inteira, desde o seu princípio até “Israel”, foi escrita para nós, para que a possamos experimentar no nosso trabalho interno. Quando corrigimos a alma, entramos no mundo vindouro.

O que é a Arca de Noé, e como se entra nela?

A arca é a qualidade de Biná. É dito como Biná é feita, aprendemos de suas qualidades e como   as Sefirot, GAR de Biná e ZAT de Biná, se conectam – ou seja as primeiras três Sefirot Kéter, Chochmá e Biná. Então aprendemos das sete Sefirot inferiores – Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut. Também nos dizem sobre as três partes de Biná – uma que pertence ao superior, uma que pertence à própria Biná e uma que pertence aos inferiores. Biná é uma qualidade que recebe do alto e se constrói a si mesma em prol de passar para baixo, como uma mãe que recebe do pai e transforma aquilo que ela recebeu em algo adequado para o bebê.

O que significa “estar em Biná”?

“Estar em Biná” significa receber a iluminação superior.

Tudo vem da influência da luz superior, e nos não a conseguimos encontrar sozinhos ou dentro de nós. Quando recebemos esta iluminação no interior, sentimos que estamos dentro de uma força especial onde o ego não consegue magoar ou nos desviar de nosso caminho. Estamos completamente protegidos lá, como se em uma bolha ou em uma caixa. Isso ainda não é realização, uma vez que somos protegidos dentro da caixa como um bebê no ventre, mas então o ventre se abre e o bebê emerge.

Assim que nascemos descobrimos que nossos egos cresceram tremendamente, isto já é o tempo da Babilônia, e neste estado Nimrod e Abraão crescem no interior.

Inicialmente, Abraão é controlado por Nimrod. Mas quando ele vê que seu ego trabalha contra ele e que ele se deve libertar, Abraão sai da autoridade de Nimrod e tenta estabelecer sua qualidade de Chéssed como governante do ego. Embora não o consiga presentemente fazer, uma vez que ele se tem de desconectar a si mesmo dele, ele finalmente escapa e se volta para a terra de Canaã.

O que representava a torre da Babilônia então? E é diferente agora?

A torre de Babel é o ego que aparece em nós, nos sufocando e não nos permitindo viver. Por um lado, há Nimrod, que quer crescer tão alto como o céu; por outro lado há Abraão, que vê que esta meta é impossível.

Nesse estado, eles separam seus caminhos. A maioria das qualidades seguem o ego, com Nimrod. As qualidades que podem ser separadas da tentação que reside na torre de Babel – e serem corrigidas por Abraão – são aquelas que se devem começar a corrigir. Estas qualidades (de Abraão) juntam-se à nossa jornada para a terra de Canaã, na correção parcial da alma.

Hoje, praticamente 4000 anos mais tarde, nós – os “descendentes de Abraão” e os “descendentes de Nimrod” – estão  se  reunindo  para  criar  uma  conexão  conjunta.  Nós  construímos  a  Torre  de Babel novamente – nosso império global financeiro e econômico. Enquanto por um lado tudo desmorona, por outro, nós, os “descendentes de Abraão”, estamos tentando fazer algo para corrigir isso. Contudo, até então ninguém escuta.

Hoje não temos escolha porque passamos o processo inteiro que O Livro do Zohar detalha. Agora devemos completar a correção para que Abraão possa governar a Babilônia, o ego.

Os poderes mundiais de hoje não pensam em mudar o homem. Eles concentram-se em mudar os sistemas financeiros e econômicos para satisfazer o ego ainda mais. Eles não pensam além disso, nem sequer como no tempo de Noé – entrando na bolha de doação mútua e evitar contato com o ego.

Eles não pensam em cessar as guerras e a competição porque seu único interesse é lucrar com isso. Até agora, nenhum dos poderes mundiais está pronto para escutar, dado que o sistema financeiro é uma projeção de nossas conexões egoístas, daí todas as crises no caminho. Tudo o que podemos fazer é aprender muito com isso disso.

A presente crise é a última porque ela descreve a totalidade das conexões egoístas entre nós, que estão prestes a quebrar. A mensagem da união pode ser circulada quando muitas pessoas falam sobre a crise e sua causa. É possível que este período acabe bem, mas também é possível que ele decline para uma guerra; isso depende das pessoas do lado de Abraão.

Então nós somos a “soma” à torre de Babel?

Nós pertencemos ao grupo de Abraão, aquele que deixou a Babilônia e se mudou com Abraão para a terra de Canaã. Os outros, os egoístas, pertencem ao grupo que veio de Nimrod, da Babilônia. Devemos atravessar este período do último reconhecimento do mal, que é a guerra de Gog uMagog, após o qual alcançaremos a correção final da alma comum.

Porque é que a confusão das línguas marca o colapso do sistema financeiro?

A confusão das línguas tem estado aqui desde a Babilônia e dura até hoje. Ela surgiu porque o grande ego singular se quebrou em uma miríade de pedaços para todas as suas inclinações e cada parte cada parte inclinava e puxava para si mesma. A manifestação externa disto é a confusão das línguas.

De O Zohar: E o Senhor Cheirou o Doce Gosto

“Depois do dilúvio, ‘Eu não novamente,’ uma vez que agora a revelação do mal foi completada, pois Eu não mais preciso acrescentar fogo para divulgar o Din (juízo), pois o mal foi revelado suficientemente.

‘Pois a inclinação no coração do homem é má desde sua juventude’, e ele não deve ser repreendido, e todas as punições do Criador são senão correções”. Zohar para Todos, Noé, item 243

“E todas as punições do Criador são senão correções”. Se verdadeiramente nos relacionarmos à vida deste modo e aceitarmos que tudo acontece pelo propósito da correção, devemos saber somente como participar, como nós mesmos fazermos parte deste fluxo, mesmo que um pouco, para experimentar uma vida espiritual cheia de abundância.

 

Termos

Noé

“Noé era um homem justo, perfeito nas suas gerações”, ou seja, essa qualidade de doação que agora aparece em uma pessoa. Noé é justo, do lado direito, Chéssed, em relação a esse dilúvio, em relação a esses desejos egoístas.

Dilúvio

Por um lado, o dilúvio é água. Por outro lado, ele é água com a força de Gvurá, o poder do fogo, o poder destrutivo egoísta. Ele é uma conexão incorreta entre a esquerda e a direita, onde a esquerda, o ego, domina a direita.

A Arca

A “arca” é a qualidade de Biná, doação, Chassadim (misericórdia). Ela é uma mãe que precisa atender a qualquer um que se junte a ela e esteja sob sua influência.

Quarenta Dias e Quarenta Noites

Este  período  marca  a  diferença  entre Malchut e Biná. Biná é  chamada  a  “Mem bloqueada”  (a Mem final em Hebraico). Mem é quarenta em Guematria (valores numéricos dados a cada letra do alfabeto Hebraico).  A  ascensão  da  qualidade  de  recepção  para  a  qualidade  de  doação,  de Malchut para Biná, ou seja, ascender para um grau de quarenta.

O Corvo

O “corvo” é a parte da esquerda que requer correção, em comparação com a “pomba”, que é da direita. Deste modo, quando a pomba governa em vez do corvo, quando ela regressa com uma folha de oliveira, está claro que a correção foi completada e o ego está inteiramente sob dominação da doação.

Uma Folha de Oliveira

A azeitona é usada para muitas coisas, tais como óleo para lanternas. Óleo em si mesmo é uma das fundações da vida. Ele é a luz de Chochmá que pode estar dentro da luz de Chassadim, quando entramos em um estado que nos permite continuar a desenvolver. Nosso desenvolvimento toma lugar através da luz de Chassadim. Estas são sempre duas forças opostas.

Arco-Íris

O arco-íris marca a aliança. Se eu fizer uma aliança contigo, isso não será porque gostamos de estar juntos, porque nesse estado não há necessidade de assinar coisa alguma. Em vez disso, ela é uma garantia para amanhã. Tememos ou antecipamos que nosso relacionamento se possa deteriorar; deste modo, pela assinatura que mencionamos acima somos forçados a manter boas e adequadas relações.

Em Hebraico, um arco-íris é chamado “um arco na nuvem’. A nuvem não simboliza uma boa situação, mas o arco, a conexão entre nós que está sobre a nuvem, ata-nos de uma maneira que nos permite continuar. Precisamos dessa aliança, que é uma caução interminável.

A Torre de Babel

Este é o ego gigantesco que se intensificou durante o tempo de Nimrod. O ego que constantemente cresce: ele aprece na forma de más águas, em Gvurot no tempo de Noé, então na Torre de Babel, e então o Faraó, os Romanos e os Gregos. O ego cresce constantemente e usa diferentes fachadas.