EXPLICAÇÃO DO ARTIGO, PREFÁCIO À SABEDORIA DA CABALÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

QUATRO FASES DA LUZ DIRETA

O aprendizado começa com um discernimento chamado “A conexão entre o  Criador e as criaturas”, visto que nós não falamos do Próprio Criador e nós não podemos atingi-Lo. Pelo contrário, “Pelas Tuas ações Te conheceremos”, ou seja,  que o atingimento é apenas nas operações que estendem  dEle.

Esta conexão também é chamada “o propósito da Criação”. Nossos sábios perceberam que Seu desejo e meta eram beneficiar Suas criações. Assim, a ordem da evolução começa deste discernimento até que atinja as almas, cuja raiz é a alma de Adam HaRishon, que se estende da internalidade dos mundos  BYA.

Alegoricamente falando, quando o Criador quis beneficiar Suas criaturas, Ele queria dá-las 100 quilogramas de prazer. Assim, Ele tinha que criar tais criações que quisessem receber isto. Nós aprendemos que o desejo de receber deleite e prazer é a própria essência da criatura e a razão pela qual a Criação é chamada “existência   a partir da ausência”. E Ele a criou para que Seu Pensamento de deleitar Suas criações fosse realizado.

E para o desejo de receber nascer, tinha de haver uma ordem de quatro discernimentos, visto que a pessoa pode desfrutar apenas de acordo com seu desejo por aquilo. É por isto que nós chamamos o Kli (vaso) pelo nome, “desejo de receber” ou “anseio”. Assim, de acordo com a medida da necessidade é a medida da ânsia de satisfazer a necessidade.

Existem duas condições para a realização de um desejo:

  1. A pessoa deve saber o que desejar. Ela não pode desejar algo que nunca tenha visto ou ouvido falar.
  2. A pessoa não terá a coisa desejada, pois se ela já tivesse obtido seu desejo, perderia o desejo.

Para realizar estas duas condições, quatro fases/discernimentos emergiram no desejo de receber, que são atualmente cinco, juntamente com sua raiz. O quinto discernimento é chamado um  Kli adequado para recepção do deleite e prazer.

Eles seguem esta ordem:

1)            Kéter: Seu desejo de beneficiar Suas criações.

2)            Chochmá: Seu desejo de beneficiar Suas criações criou uma carência – existência a partir da ausência – e junto com ela, criou a Luz. Assim, a Shefá (abundância) e o desejo de receber a Shefá vêm juntos. Isto é assim porque o desejo ainda não sabe o que quer; assim, ele nasceu junto com seu preenchimento. Mas se ele tem seu preenchimento, ele perde o desejo pelo preenchimento, como a segunda condição requer. Este discernimento é chamado Bechiná Álef (primeiro discernimento) de Aviut (do desejo).

3)            Biná: Visto que a Luz vem do Doador, a força de doação está incluída nele. Assim, no seu fim, Chochmá deseja equalizar sua forma, ou seja, não ser um receptor, mas um doador. Há uma regra na espiritualidade: “Qualquer geração de uma forma é considerada um novo discernimento”. Assim, este discernimento recebe seu próprio nome – Biná, e esta é Bechiná Bet (segundo discernimento) de Aviut. Nós também aprendemos que a Luz que se propaga enquanto o inferior deseja equalizar sua forma é Ohr Chassadim (Luz da Misericórdia), e esta é a Luz que brilha em Biná.

Pergunta: Se Biná anseia por doar, porque ela é considerada Aviut Bet (segundo nível de Aviut)? Pelo contrário, parece que ela deveria ser mais pura do que Bechiná Álef de Aviut (primeiro nível de Aviut).

Resposta: Eu explicarei isto com uma alegoria. Uma pessoa dá ao seu amigo um presente e o amigo o recebe. Depois, ele reconsidera e decide que não está em seu interesse receber, e devolve o presente. No princípio, ele estava sob a influência  e dominação do doador; assim, ele recebeu. Mas uma vez que ele recebeu, ele sentiu que ele era o recebedor, e esta sensação o fez devolver o  presente.

Lição: em Bechiná Álef, ele recebeu devido a dominação do doador, mas ele ainda não se sentia como um receptor. E quando ele viu e sentiu que ele era o receptor, ele parou de receber, e esta é Bechiná Bet. Em outras palavras, naquele estado, ele sentiu que ele era o receptor, e assim quis doar ao doador. É por isto que Bechiná Bet é chamada Biná, pois ela Hitbonená (examinou/observou) a si mesma sendo um receptor e assim quis doar. É por isto que nós aprendemos que o início  do aprendizado é de Biná abaixo.

4)            ZA: Em seu fim, Biná recebeu um tipo de direção que decorre do propósito da Criação, que ela precisa receber porque o propósito da Criação não era para as criaturas engajarem em doação. Por outro lado, ela também queria equivalência de forma, doação. Portanto, ela se comprometeu: ela receberia Chassadim (misericórdia) e iluminação do Ohr Chochmá (Luz da Sabedoria).

Isto é chamado Bechiná Guimel de Aviut, pois ela já estende Chochmá, mas ainda existem Chassadim nela. Esta é a razão para o nome Zeir Anpin (pequena face). Chochmá é chamada Panim (face), como em, “A sabedoria do homem faz sua face brilhar”, mas ele recebe este Ohr Chochmá em um Zeir, ou seja, em uma quantidade muito pequena. Mas este discernimento ainda não é considerado um Kli (vaso), pois se ele pode doar e receber apenas uma iluminação do Ohr Chochmá, este é um sinal que seu desejo de receber é incompleto, pois ele ainda tem a força para engajar em doação, também.

5)            Malchut: Em seu fim, Bechiná Guimel é solicitado de Cima a receber abundantemente devido ao Seu desejo de beneficiar Suas criações. Afinal, o propósito da Criação não era para os inferiores receber em Zeir Anpin. Assim, este despertar fez com que Malchut tivesse um desejo e anseio de receber o Ohr Chochmá como brilhava em Bechiná Álef, quando ela tinha toda o Ohr Chochmá.

Mas a diferença entre Bechiná Álef e Bechiná Dálet é que em Bechiná Álef, não podia ser dito que ela estava desfrutando o Ohr Chochmá, pois ela ainda não possuía o anseio e a carência, pois o Kli e a Shefá vêm juntos. Mas Bechiná Dálet anseia pelo Ohr Chochmá quando ela não a tem; assim, quando ela recebe, ela sente o deleite e prazer que vem com o preenchimento de seu desejo.

Apenas esta Bechiná é chamada um Kli, visto que ela deseja apenas receber. Todas as Bechinot (plural para Bechiná) antes a ela são consideradas “Luz sem um Kli”. E quando esta Bechiná Dálet recebe a Luz, ela é um estado chamado “o mundo de Ein Sóf”, e também “preenchendo toda a realidade”.

Pergunta: Se nós estamos lidando com a espiritualidade, onde não há tempo e espaço, o que “preenchendo toda a realidade”  significa?

Resposta: Vamos retornar à nossa alegoria do início desta explicação, a alegoria que Ele queria dar a Suas criaturas 100 kg de prazer e portanto tinha que criar 100 kg de carência e desejo de receber nas criaturas, correspondendo ao prazer. Quando os 100 kg de desejo recebem os 100 kg de preenchimento, isto é chamado “preenchendo toda a realidade”, ou seja, que nenhuma carência é deixada sem ser satisfeita.

E agora nós explicaremos o significado do nome Malchut de Ein Sóf: Esta Malchut, que anseia receber a Shefá para preencher sua carência, é chamada “recebendo em prol de receber”. Isto significa que ela recebe para satisfazer sua falta. Em um estágio posterior, ela coloca um fim e Tzimtzum (restrição) ao usar este Kli. Mas no estágio inicial, com que estamos lidando, ela ainda não faz este Sóf (fim) e Siúm (conclusão); assim, este estágio ainda é chamado Ein Sóf (sem fim).

Nós aprendemos que Chochmá, em seu fim, após receber a abundância, começa a despertar em si um desejo de doar, de acordo com o desejo de doar do Emanador. Também, depois que Malchut recebeu a Luz, ela evocou dentro dela um desejo de doar, pois esta Luz possuiu o poder da doação. Biná quis doar, mas falhou porque na forma de Biná, o propósito da Criação não se cumpria. Mesmo sua recepção subsequente da iluminação em ZA não era suficiente, pois o desejo do Criador de beneficiar Suas criações era por Shefá, não por ZA. Assim, como Malchut poderia atingir equivalência de forma e ao mesmo tempo chegar ao propósito da Criação?

É dito sobre isto que ela inventou algo novo: Malchut receberá tudo, mas não como em Ein Sóf, onde era tudo em prol de receber, ela faria isto em prol de doar. Assim, por um lado ela estaria realizando o propósito da Criação de beneficiar Suas criações, pois ela estaria recebendo, e por outro lado sua intenção seria doar, que é equivalência de forma.

TZIMTZUM ÁLEF

A decisão de Malchut que ela não queria receber em prol de receber é como se ela repelisse a Luz. Este estado é chamado Tzimtzum (restrição). Há uma regra na espiritualidade que qualquer aparição de uma nova forma é considerada um novo discernimento. Portanto, nós devemos discernir dois  estados:

  1. Quando Bechiná Dálet recebeu toda a Luz com um Kli chamado “anseio”. Isto é chamado “preenchimento toda a realidade”. Isto é também chamado “o mundo de Ein Sóf”.
  2. Depois ela queria equivalência de forma, este estado é considerado um mundo diferente, chamado “o mundo do Tzimtzum”, do qual a Luz partiu.

Assim, como nós discernimos que Chochmá recebeu e Biná refletiu a Luz, Malchut continuou como estava, no estado do mundo de Ein Sóf, recebendo toda a Luz. E agora nós discernimos uma nova Malchut, que reflete a  Luz.

 

Nós devemos saber que no primeiro estado, chamado Ein Sóf, era onde “Ele é Um e Seu Nome Um”, ou seja, a Luz e o Kli são um discernimento. Apenas após  o Tzimtzum houve uma distinção das quatro fases, ou as dez Sefirot, pois a Luz partiu delas.

Pergunta: Com este Tzimtzum, a Luz partiu de todas as dez Sefirot. Isto é confuso, pois o Tzimtzum foi feito na recepção em prol de receber, que é Bechiná Dálet, e não nas outras Bechinot!

Resposta: As primeira três Bechinot não eram consideradas Kelim, elas só contribuem com a ordem de desenvolvimento, no fim do qual o Kli, chamado receber em prol de receber, nasce e se torna separado do Doador. Mas as primeiras três Bechinot ainda não estão separadas do Doador.

Após Malchut nascer, ela obteve suas causas. Assim, não pode ser dito que após o Tzimtzum, a Luz permaneceu nas Nove Superiores, pois elas não são Kelim. O único Kli é Malchut, e se ela não quer receber, toda a Luz parte e ela não recebe nada.

O Ari também diz, “O Tzimtzum foi igual”, sem distinção de níveis.

Pergunta: Se é assim, por que nós dizemos que as quatro Bechinot se tornaram distintas após o Tzimtzum?

Resposta: A distinção foi feita com relação a causa e consequência, mas não há distinção de Cima e baixo.

Pergunta: O que Acima e abaixo significam na  espiritualidade?

Resposta: Importância – enquanto que causa e consequência não implicam importância. Por exemplo, o Gaon de Vilna era uma consequência de seu pai, mas quem era mais importante, a causa ou a consequência?

Nós precisamos entender porque não há distinção de Cima e baixo. Malchut recebeu a Luz que “preenchia toda a realidade”, e isto não é considerado uma carência ou inferioridade em importância. Assim, ela podia ter permanecido naquele estado, se ela não tivesse escolhido fazer o Tzimtzum.

É isto o que o Ari nos insinua, ao dizer que o Tzimtzum foi igual, que Malchut não era de importância inferior, mas que o Tzimtzum foi feito através de sua própria escolha. Mas depois, quando Malchut não recebeu devido a proibição, ela se tornou inferior em importância. Então, o que está longe de Malchut se torna de Maior importância, e o que está mais próximo de Malchut se torna de menor importância.

AS DEZ SEFIROT DE IGULIM (CÍRCULOS) E A LINHA DE EIN SÓF QUE AS PREENCHE

Após o Tzimtzum, os Kelim foram deixados vazios, e dentro deles Reshimot (recolecções/memórias) da Luz que eles tinham. Eles são chamados “as dez Sefirot de Igulim no mundo de Tzimtzum”. Eles são chamados Igulim implicando que a questão de Cima e baixo não se aplica a eles, como em um círculo corpóreo.

E visto que Malchut é o operador, pois ela é o Kli atual, Malchut de Igulim retornou e estendeu a Luz para receber em prol de doar. E aqui nós aprendemos uma nova regra: “Um desejo no Superior se torna uma lei obrigatória no inferior”. Assim, agora ela está proibida de receber.

Eu falei uma vez de uma alegoria sobre isto: A véspera de um novo mês é um tempo para recitar a pequena oração de Yom Kippur (Dia do Perdão) e para despertar o arrependimento. Algumas vezes, uma pessoa debate se ou não jejuar naquele dia. Não é obrigatório jejuar e também não há proibição no alimento. Assim, a escolha está em suas próprias mãos.

Se, no final, a pessoa decide jejuar, e depois se arrepende e quer comer, a regra é que o alimento está agora proibido, assim “ele não deve quebrar sua palavra” sobre a promessa. Assim, nós vemos que inicialmente, não havia proibição no alimento, mas após ter escolhido evitar comer, o alimento se tornou  proibido.

Lição: No princípio, Malchut não queria receber através de sua própria escolha. Mas agora que ela estende a Luz novamente, ela é proibida de receber a Luz. E se há proibição, há Acima e abaixo em importância. Assim, esta extensão é chamada “uma linha que se estende de Ein Sóf de Cima para  baixo”.

Nós também aprendemos que embora os Igulim tenham estendido a Luz, eles receberam ela apenas da linha. Nós precisamos entender porque isto é assim: Qualquer forma nova na espiritualidade é um novo discernimento. Assim, existem dois tipos de Kelim (plural para Kli):

  1. Kelim em que não há proibição na recepção.
  2. Kelim que estenderam agora, com a extensão da Luz, e cujo Malchut é chamada Malchut de Yósher (direcionada), em que há proibição na recepção, devido à regra: Um desejo no Superior se torna uma lei obrigatória no inferior.

Nós também aprendemos que os Igulim devem receber a Luz do que eles atraíram de volta. Esta Luz é chamada “uma linha”. Ela contém Acima e abaixo em importância, e não há outra Luz. Este é o significado dos Igulim não terem Luz se não da linha.

Porém, há uma grande diferença entre Malchut de Igulim e Malchut da linha. Malchut de Igulim tinha a Luz na forma de “preenchia toda a realidade”, enquanto que Malchut de Yósher nunca teve qualquer Luz, nem terá Luz em seu Kli, chamado “receber em prol de receber”.

A LINHA E O ZIVUG DE HAKA’Á

Até agora, nós discutimos três estados:

  1. O desejo de receber que foi criado no mundo de Ein Sóf, e que recebeu toda a Luz.
  2. No mundo do Tzimtzum, se tornou aparente que o desejo de receber deve ser corrigido por motivo da dureza.
  3. Na linha, se vê que é necessário corrigir o Kli devido à carência. Caso contrário, a Luz não expandirá nele.

E agora nós falaremos da linha. Nós já aprendemos que a linha estava Acima e abaixo em importância, pois Malchut da linha estava proibida de receber porque  ela está condicionada a receber em prol de receber. A regra é que em todos os níveis, o nome de Malchut não muda, que é “receber em prol de receber”. E sua Luz é Ohr Chozêr, ou seja, ela deseja doar ao Superior.

E quando a Luz se estende até Malchut, ela faz um Zivug de Haka’á, uma Massach, que significa o fim da Luz e a realização de cálculos. Por exemplo, ela assumiu que ela poderia receber apenas vinte por cento da Luz em prol de doar. Assim, ela decidiu vestir apenas aquela quantidade de Luz.

No entanto, ela sentiu que havia muito prazer nos remanescentes oitenta por cento, e se ela recebesse eles, seria em prol de receber. Assim, ela decidiu não receber esta parte da Luz. Então qual é a diferença entre um Tzimtzum e uma Massach (tela)?

  • Um Tzimtzum ocorre através da escolha, como aprendemos que Malchut teve toda a Luz e ela escolher não recebe-la.
  • Uma Massach é o domínio do Superior sobre ela. Assim, mesmo se o inferior quisesse receber, o Superior não o deixaria.

O significado do termo Zivug de Haka’á (acoplamento por choque) é como segue: Na corporeidade, algumas vezes acontece que quando duas  pessoas discordam, elas chegam a se golpear. Na espiritualidade, quando duas coisas se contradizem uma com a outra, é considerado que elas se  golpeiam.

E qual é a disputa? O Superior, que deseja beneficiar Suas criações, evoca  nos inferiores um desejo de receber toda a Luz. Mas o inferior deseja o contrário, para equalizar sua forma, e assim não quer receber nada. Este é o impacto que ocorre entre o Superior e o inferior.

No fim, eles se equalizam um com o outro e criam uma união e Zivug entre eles. Em outras palavras, o inferior recebe a Luz como o Superior quer, mas apenas  o quanto dela ele pode receber em prol de doar, como o inferior quer. Assim, existem duas coisas aqui:

  1. Equivalência de Forma,
  2. Recepção da Luz.

Porém, o Zivug é possível apenas se um impacto o precede, pois sem o impacto, e com o desejo do inferior de receber a Luz, isto seria oposição e separação do Criador. Este processo de Zivug de Haka’á é chamado Rosh (cabeça). Um Rosh significa raiz, um potencial, que precise de um processo de realização. O Rosh existe devido a existência do Sóf, a proibição na recepção. Assim, Malchut é compelida a calcular, e isto é chamado um Rosh, precedendo a recepção  atual.

De acordo com o dito, nós podemos entender as palavras do Ari no início do Talmud Êser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot): “Saiba que, antes das emanações serem emanadas e as criaturas criadas, etc., e não havia parte como cabeça, ou fim”, etc. Isto é assim porque em Ein Sóf, ainda não havia proibição na recepção; assim,  ele imediatamente a recebeu. Mas agora que há um fim, nós devemos distinguir entre o Rosh, que é o potencial, e o Guf (corpo), que é a  realização.

E depois de ele realmente receber, ou seja, os vinte por cento que ele recebe em prol de doar são chamados o Toch (interior) do nível, e o lugar da expansão da Luz é chamado de Pê (boca) ao Tabút (umbigo). E Malchut de Toch fica no Tabúr, dizendo, “O que eu recebo daqui em diante, ou seja, os oitenta por cento, serão em prol de receber. Assim, eu não quero receber, para que eu não seja separado”. Assim, a Luz parte, e este discernimento é chamado o Sóf do nível.

 

O BITUSH ENTRE INTERNO E CIRCUNDANTE NO PARTZUF

Tudo discutido aqui a respeito do RTS (Rosh, Toch, Sóf) concerne ao primeiro Partzuf, chamado Galgálta, que usa a Aviut de Bechiná Dálet. E nós aprendemos que Galgálta recebeu o máximo que podia receber em prol de doar. Ele não podia receber mais. Porém, nós aprendemos que no Pensamento da Criação, o Kli recebeu tudo. Isto é assim porque o Kli de recepção em prol de receber foi criado pelo Criador, enquanto que no Kli que o inferior faz, chamado “em prol de doar”, há um limite à quantidade que ele pode receber. Segue-se que não há Kli que possa receber os oitenta por cento da Luz que permaneceu for a do Partzuf.

Então, o que será deles? Para corrigir isto, um Bitush do Interno e Externo foi criado. Estas são as palavras do Ari sobre esta questão (Talmud Êser Sefirot, Parte  4, Capítulo 1, Item 4): “Quando as Luzes Internas se conectam com as Luzes Circundantes, elas se conectam dentro do Pê. Assim, quando elas emergem para fora do Pê, entrelaçadas juntas, elas se golpeiam mutuamente e impactam uma à outra, e suas batidas geram os Kelim”. Assim, é através das batidas que os Kelim são feitos.

E nós precisamos compreender:

  1. Por que Ohr Pnimi (Luz Interna) e Ohr Makif (Luz Circundante) se golpeiam mutuamente?
  2. Por que as batidas criam os Kelim.

Resposta: Nós já dissemos que na espiritualidade, uma batida ocorre quando duas coisas estão em oposição uma à outra. Mas nós também precisamos entender porque as batidas ocorrem “quando elas emergem para fora do  Pê”.

No Rosh do nível, 100 por cento da Luz se espande sem uma distinção de Interno e Circundante. Isto é porque Seu desejo de beneficiar Suas criações é complete. Mas o inferior, que é limitado, calcula e decide, por exemplo, que el epode receber apenas vinte por cento em prol de doar. Isto ocorre no Rosh, em potencial. “Quando elas emerge juntas para for a do Pê”: Surgimento, na espiritualidade, é chamado “revelação”, quando o que estava em potencial é revelado na atualidade. Naquele tempo, ela recebe uma parte e repele uma parte, para se tornar Ohr Makif.

Este Ohr Makif aparentemente vem na Massach e discute, “Sua conduta, ou seja, o fato que você erigiu a Massach, não é bom, pois como o propósito da Criação de beneficiar Suas criações será implementado? Quem receberá a  Luz?”

Por outro lado, o Ohr Pnimi concorda com a Massach, pois a própria expansão da Luz dentro é através da Massach e o Ohr Chozêr (Luz Refletida). Esta disputa é chamada Bitush do Ohr Makif e Ohr Pnimi, ou Bitush do Ohr Makif na Massach.

Na verdade, o Ohr Makif está no correto; assim, a Massach concorda com isto. E visto que ela concorda, ela não pode mais repelir e elevar Ohr Chozêr, e assim não pode mais receber em prol de doar. Assim, a Luz parte e a Massach é purificada, ou seja, para de receber. Este estado é chamado Din (julgamento) e Achoraim (posterior).

E visto que cada Bechiná (discernimento) consiste de quatro Bechinot, a Massach parte gradualmente, começando com Bechiná Dálet em Bechiná Dálet, então de Bechiná Guimel em Bechiná Dálet, etc., até que se eleve ao Pê de Rosh, a fonte da qual a Massach de Guf provém. Em outras palavras, ela para de receber completamente.

Conforme se eleva, ela usa uma Aviut menor a cada vez, e assim recebe Luzes menores para doar. Por exemplo, quando ela ascende à Bechiná Álef, ela só pode receber a Luz de Ruach. Quando ela se eleva à Bechiná Shóresh (raiz), ela só pode receber a Luz de Néfesh para doar. Finalmente, ela não pode receber nada em prol  de doar, e assim para de receber completamente.

Pergunta: O que o Ohr Makif obtém ao querem iluminar de acordo com o propósito da Criação, ao querer que a Massach receba mais? Afinal, as coisas estão se revelando em contraste à sua vontade, ou seja, a Massach perde até mesmo o que ela tinha!

Resposta: Todos os níveis que apareceram durante a partida não são resíduos do que ele tinha no início, pois há uma regra: “Não há geração de Luz que não se estenda de Ein Sóf”. Isto significa que cada discernimento que aparece é um novo discernimento. Assim, no início, ele não podia receber nada mais. Mas agora que Bechiná Dálet partiu, ela pode receber mais de Bechiná Guimel.

Este é o significado de os Kelim foram feitos através do Bitush, isto é, antes do Bitush, ele não tinha mais Kelim para recepção, pois ele revelou tudo que podia com a intenção de doar. Mas após o Bitush, quando a Massach de Bechiná Dálet foi purificada, houve um espaço para receber em Bechiná Guimel, pois ela partiu de Bechiná Dálet e ficou sem nada. E quando ela partiu de Bechiná Guimel, ela pôde receber em Bechiná Bet.

Mas isto ainda deixa a pergunta: Qual é o benefício, se ela recebe menos a cada vez?

Resposta: Não há ausência na espiritualidade. Isto significa que tudo que aparece permanece, exceto que ele não vê, e não pode atualmente desfrutar, mas apenas do presente. Mas quando o trabalho é feito, todas as Luzes aparecem de uma vez. Assim, no fim, se beneficiará.

O Baal HaSulam uma vez disse uma alegoria sobre isto: Duas pessoas que eram amigas de infância foram separadas quando adultas. Uma delas se tornou um rei, e a outra, um pobre e miserável. Após muitos anos, a pobre ouve que seu amigo se tornou um rei e decidiu ir ao país de seu amigo e pedir por ajuda. Ela pegou seus poucos pertences e foi.

Quando eles se encontraram, ela contou ao rei sobre suas dificuldades, e isto tocou o coração do rei. O rei disse ao seu amigo: “Eu lhe darei uma carta para meu tesoureiro para te permitir entrar na tesouraria por duas horas. Naquelas duas horas, o que quer que você consiga recolher é seu”. O pobre homem foi ao tesoureiro, levando sua carta, e recebeu a tão desejada permissão. Ele andou pela tesouraria com a caixa que ele costumava usar para pedir esmola, e dentro de cinco minutos, ele tinha preenchido sua caixa e alegremente saiu da tesouraria.

Mas o tesoureiro tomou sua caixa dele e tirou tudo o que juntou. Então o tesoureiro falou ao disse ao mendigo, “Pegue sua caixa e a preencha novamente”. O pobre homem andou na tesouraria novamente e encheu sua caixa. Mas quando ele pisou para for a, o tesoureiro tirou tudo o que juntou como  antes.

Este ciclo se repetiu, até que as duas horas se passaram. A última vez que o mendigo saiu, ele disse ao tesoureiro: “Te suplico, me deixe com o que eu coletei. Meu tempo passou e eu não posso mais entrar na tesouraria”. Então o tesoureiro lhe disse: “O que juntou até agora é seu, assim como tudo o que eu tirei da sua caixa pelas duas horas que se passaram. Eu estive tirando seu dinheiro todas as vezes porque eu queria te beneficiar, pois a cada vez, você vinha com sua pequena caixa cheia e não tinha espaço para mais nada”.

Lição: Cada recepção da Luz em prol de doar permanece. Mas se a Luz permanece, nós não vamos querer receber mais, pois nós não seremos capazes de receber em prol de doar em mais daquilo que nós tínhamos recebido. Assim, cada nível deve partir, e cada vez nós corrigimos um Kli do desejo de receber com a intenção de doar, até que tudo seja corrigido. Então, todas as Luzes brilharão de uma vez.

E agora vamos retornar à purificação da Massach. A primeira expansão que emergiu do Pê abaixo é chamada Ta’amim (sabores), do verso, “como o palato saboreia seu alimento”. Após o Bitush do Ohr Makif, a Massach começa a purificar, e desta forma, produziu um novo nível a cada vez. Estes níveis são chamados Nekudot (pontos).

Eu já expliquei as palavras do Ari, que os Kelim foram feitos através do Bitush, pois agora ele tem a capacidade de receber mais Luz. Mas o Baal HaSulam interpreta a construção dos Kelim (plural para Kli) diferentemente: Enquanto a Luz estava no Kli, a Luz e o Kli estavam misturadas um com o outro. Através do Bitush, a Luz partiu, e então o Kli se tornou aparente.

Interpretação: Enquanto a Luz brilha no Kli a deficiência do Kli é indistinguível, assim, ele não merece o nome Kli. Isto é porque sem o Kli, a Luz não pode brilhar. Logo, eles são de igual importância. Mas uma vez que a Luz parte, o  Kli é distinguido como um Kli, e a Luz, como Luz.

A Nekudá (ponto) do Tzimtzum é a razão pela qual os níveis emergindo durante a purificação são chamados Nekudot.

E qual é a Nekudá do Tzimtzum? O Santo Zohar diz que Malchut é chamada “um ponto preto sem qualquer branco nele”. Isto significa que durante a escuridão, Malchut é chamado “um ponto”. E quando há Tzimtzum, e é proibido receber em prol de receber, ele se torna escuro. Em outras palavras, o ponto do Tzimtzum está presente onde quer que seja impossível receber em prol de doar e haja um desejo de receber em prol de receber.

Para retornar ao nosso assunto, quando a Massach foi purificada da Bechiná Dálet, a Bechiná Dálet foi proibida de receber. Este é o significado do ponto de Tzimtzum estando sobre ela. Mas Bechiná Guimel ainda podia receber, e quando a Massach  também  foi  purificada  de  Bechiná  Guimel,  ela  se  tornou  o  ponto  de Tzimtzum.

Nós também devemos explicar a diferença entre Rosh, Toch e Sóf: Rosh é considerado “potencial”, ou seja, não há recepção lá. Duas partes se expandem de Rosh:

  • Uma parte pode receber a Luz, e é chamada dez Sefirot de Toch. A Luz é a abundância que entra nos Kelim, e é chamada Ohr Pnimi, que é Ohr Chochmá – a Luz de Seu desejo de beneficiar Suas criações.
  • A segunda parte que se propaga do Rosh é a parte do desejo de receber em prol de receber, que ele não quer usar. Ele diz que ele não quer receber lá, ou seja termina lá. Assim, esta parte é chamada dez Sefirot de Sóf.

Pergunta: Nós aprendemos que a palavra Sefirot vem da palavra “Sapir” (Safira), ou seja, que ilumina. Mas se Malchut de Guf, chamada Malchut de Tabúr, não quer receber e coloca um Sóf sobre a Luz, por que esta parte é chamada Sefirot?

Resposta: Elas são chamadas dez Sefirot porque, na verdade, a Luz não brilha para elas. Uma explicação disto pode ser encontrada na Parte 4, Capítulo 5, Item 1, onde ele explica a diferença entre Toch e Sóf: “De Pê de AK emergiram dez Sefirot internas e dez Sefirot circundantes. Elas estenderam opostas aos Panim através da oposição do Tabúr de AK. Esta é a Luz essencial, mas ela também brilha através dos lados e todo o arredor deste Adam”, ou seja, não necessariamente oposta aos Panim, mas também dos lados.

No Item 2, ele interpreta as palavras do Ari como segue: “Resumindo, nós explicaremos que do Tabúr acima é chamado Panim. Isto é porque a Luz de Chochmá, considerada a Luz essencial, se propaga lá, e do Tabúr abaixo é chamado Achor (posterior), pois é considerado receber em prol de receber. Assim, a Luz de Chochmá não se propaga lá, mas vem através dos lados”.

Mais adiante nesta página, ele continua, “…porque através da Ohr Chozêr esta Bechiná Dálet traz ao Partzuf, que é Ohr Chassadim”. Isto significa que Malchut de Tabúr não quer receber lá, pois há um desejo de receber em prol de receber. Pelo contrário, ele quer equivalência de forma, chamada Chassadim. “Assim, ela também recebe iluminação de Chochmá, embora na forma de ‘Luz Feminina’, ou  seja, apenas para receber e não doar”. “Receber e não doar” significa que ela não quer doar Luz para si mesma, ao contrário, ela diz que ela não quer receber.

E através desta Dvekút (adesão), uma iluminação da Luz de Chochmá brilha sobre ela, e esta é chamada “iluminação de Chochmá”. De acordo com isso, a diferença entre Toch e Sóf é que o Ohr Chochmá brilha no Toch e no Sóf enquanto ela não quer receber, pelo propósito da equivalência de forma, a Luz que brilha é Ohr Chassadim na iluminação de Chochmá.

E nós ainda precisamos explicar porque os nomes em Ohr Chassadim são “direita” e “esquerda” e na Ohr Chochmá eles são chamados “longo” e “curto”. Quando a Luz brilha, em Chassadim, é chamado “direita”, e em  Chochmá, “longo”.  E quando ela não brilha, em Chassadim, é chamado “esquerda, e em Chochmá, “curto”. O que estes nomes significam?

Resposta: Nós aprendemos que Ohr Chochmá brilha nos vasos de recepção em prol de doar, é claro. Assim, a medida da iluminação depende de sua medida de Aviut. Isto é chamado “Acima” e “abaixo”, e é por isto que os nomes em Ohr Chochmá são “longo” e “curto”. Mas Ohr Chassadim não é estendida através de Aviut e não depende disso. Assim, os nomes em Ohr Chassadim se relacionam a sua amplitude: “direita” e “esquerda”, implicando que elas brilham no mesmo nível, e não importa para elas se há mais Aviut ou menos Aviut.

UM PARTZUF INTERNO

Até agora nós discutimos o primeiro Partzuf de AK, chamado Galgálta ou o Partzuf Interno de AK. Agora nós explicaremos o Partzuf Interno. Há uma regra que em todos os mundos, existem Partzufim (plural para Partzuf) Internos, com quatro vestes. Nós explicaremos isto em AK: Partzuf Galgálta tem HaVaYaH completo dentro de seu nível, e um nível completo emerge de cada letra neste  HaVaYaH.

  • Seu Rosh, chamado Kéter ou “a ponta da Yud”, é inatingível.
  • De Pê até Chazê, é chamado Yud de HaVaYaH, e de lá emerge o Partzuf AB de AK, que o veste.
  • De sua priemira Hey, chamada Biná, emerge Partzuf SAG, do Chazê abaixo. Assim, Yud-Hey, que são AB e SAG, o vestem do Tabúr acima. E abaixo do Tabúr, é Vav-Hey de HaVaYaH.
  • A Vav é chamada o terço Superior de NEH”Y, chamado Partzuf MA, e dele, emerge o mundo de Nekudim, que veste ali.
  • De sua última Hey, chamada Malchut, que são os dois terços inferiores de NEH”Y de AK, emergiu Partzuf BON, chamado “o mundo de Atzilut,” que usa Aviut Shóresh.

AS RESHIMOT

Quando a Luz parte do Partzuf Galgálta, permanecem Kelim vazios, e neles estão Reshimot das Luzes que brilharam dentro dos Kelim. O significado das Reshimot é como nós vemos na corporeidade: quando uma pessoa come uma comida saborosa, ou ouve algo agradável, um sabor permanece do que ele tinha experimentado, e desperta o interesse por continuar o que sentiu. Similarmente, uma Reshimô (singular para Reshimot) é um desejo pelo que ele já teve.

Existem dois discernimentos nas Reshimot:

  1. A Luz pura da Reshimô.
  2. A Luz densa da Reshimô.

Isto significa que assim como a Ohr Yashár ilumina nos Kelim chamados “Ohr Chozêr geral”, quando a Ohr Yashár parte, ela deixa uma Reshimô que é uma parte da Ohr Yashár. Esta Reshimô reveste na parte da Ohr Chozêr que estava lá, ou seja, ela deixa uma recolecção do fato que ela trabalhou com a intenção de doar. Isto é chamado Reshimô da Ohr Chozêr.

  • O que permanece da Ohr Yashár é chamado “a Luz pura da Reshimô”;
  • E o que permanece da Ohr Chozêr é chamado “a Luz densa da Reshimô”.

Ambos são vestidos na Ohr Chozêr geral, chamada Kli, e ambos são um discernimento.

Explicação: Quando a Luz brilha nos Kelim, nós dizemos que a Luz e o Kli estão misturados um com o outro até que a Luz e o Kli se tornem indistinguíveis. Isto significa que eles estão realizando a mesma ação, e um não pode existir sem o outro. É como a refeição e o apetite: ambos realizam a mesma ação, pois é impossível comer se houver apetite mas não refeição, e também é impossível comer se há uma refeição mas não apetite. Mas depois, quando a Luz parte, nós discernimos o Kli, ou seja, a Ohr Chozêr recebe um Kli lá.

Assim é em relação às Reshimot: quando a Luz pura e a Luz densa estão juntas, ambas são chamadas Luz e elas são misturadas uma na outra. E quando a Luz pura é separada da Luz densa, a Luz densa recebe um novo nome: Nitzotzin (centelhas).

Nós devemos entender porque é que quando a Ohr Yashár geral parte, a Ohr Chozêr geral é chamada Kli, mas quando a Ohr Yashár na Reshimô parte, a Luz densa na Reshimô é chamada Nitzotz (centelha), ou seja, uma centelha de  Luz.

Resposta: Nós devemos dizer que quando a Ohr Yashár geral parte, ela não ilumina nada. Mas quando a Ohr Yashár na Reshimô parte, ela ilumina de longe.

Agora nós podemos entender o assunto da raiz dos Kelim e a raiz das Luzes: há uma regra que todos os mundos emergem na forma de um selo e a  impressão. Isto significa que conforme o discernimento emergiu da primeira vez, os mundos expandem de Cima para baixo por esta mesma ordem. A primeira vez que os Kelim emergiram foi no Partzuf Galgálta. É por isto que é considerado “a raiz dos Kelim”.

Isto significa que quando a Luz brilha nos Kelim, eles são misturados. Por esta razão, é impossível distinguir a Luz do Kli. Mas após a partida da Luz, os Kelim aparecem. Além disso, Reshimot da Luz permanecem nos Kelim: uma Reshimô da Luz de Kéter no Kli de Kéter, uma Reshimô da Luz de Chochmá no Kli de Chochmá, etc. Assim, quando nós falamos dos  Kelim, nós começamos com KACHÁB.

E quando o segundo Partzuf emergiu, chamado AB, onde a Luz de Chochmá ilumina, seguindo a regra que cada Luz que vem ilumina no Kli mais puro, chamado Kéter, agora a Luz de Chochmá ilumina no Kli de Kéter. Isto é chamado “a raiz das Luzes”, que são dispostas nesta ordem, a ordem de CHABAD. Assim nós podemos entender porque algumas vezes ele começa as dez Sefirot com KACHÁB e algumas vezes com CHABAD.

TAGIN  E OTIYOT

Agora nós explicaremos o assunto de Tagin e Otiyot. Nós aprendemos que as Reshimot que permaneceram dos Ta’amim são chamadas Tagin. Algumas vezes ele chama as Reshimot que permaneceram das Nekudot pelo nome Otiyot. O motivo para isto é que quando todo o Partzuf Galgálta se purifica, que é Bechiná Dálet de Aviut, a Massach  foi incluída com as Reshimot de todos os níveis que partiram. Este nível eleva até a Rosh do nível e pede por seus poderes que tinha perdido. E visto que a última Bechiná é perdida, devido ao Bitush de Ohr Makif que despertou a força da Massach, ela não podia superar Bechiná Dálet, mas apenas Bechiná Guimel, que é similar  às Nekudot.

E nós aprendemos que dois tipos de Reshimot permaneceram – uma Reshimô da Luz de Kéter que foi vestida nos Kelim, chamada Dálet de Hitlabshut (vestimenta). Porém, é perdido a Reshimô dos poderes e intensificações. É dito sobre isto, “a última Bechiná é perdida”, e o que permanece é apenas a Guimel de Aviut.

Segue-se que quando a Massach de Guf de Galgálta se eleva até Rosh de Galgálta, ela pede pelo poder da Massach por ambos os tipos de  Reshimot:

  1. Em Dálet, a Reshimô do nível de Ta’amim.
  2. Em Aviut do nível de Nekudot.

Assim, dois Zivúgim foram feitos no Rosh do nível:

  1. Em Dálet de Hitlabshut no nível de Kéter.
  2. Em Guimel de Aviut no nível de Chochmá.

Nós também aprendemos que Dálet de Hitlabshut ilumina apenas no Rosh do nível do inferior, o Rosh de AB. Mas Guimel de Aviut também tem Hitpashtut no Guf. E visto que o Guf é chamado Kelim e Otiyot, a Reshimô de Aviut, ou seja, a Reshimô de Nekudot, é chamada Otiyot. Isto é porque depois, Kelim se propagam desta Reshimô, enquanto que a Reshimô de Hitlabshut permanece como Tagin, iluminando apenas no Rosh do nível.

Oralmente, ele explicou isto desta forma: Guimel de Aviut de AB e Guimel de Galgálta não são idênticos, pois Guimel de AB é Guimel da Aviut geral, enquanto que Guimel de Galgálta é Guimel de Dálet de Aviut. Mas mesmo assim, Guimel de AB ainda se estende de Guimel de Galgálta. Assim, aqui ele atribui a Reshimô de Aviut em que Partzuf AB emergiu ao Reshimô de Nekudot, cuja Bechiná Mais Elevada é  Guimel.

A CONTINUAÇÃO DA EVOLUÇÃO

Vamos retornar para clarificar a continuação da evolução. Depois que a Ohr Makif cancelou a Massach de Guf de Galgálta, a Massach de Guf se elevou até Rosh. E como   a última Bechiná foi perdida, houve um Zivug em Rosh de Galgálta apenas na Reshimot Dálet Guimel, se expandindo de Pê até Chazê.

E como a Massach de Tabúr é incluída na Aviut de Rosh, enquanto está no

Rosh, existem dois discernimentos para fazer nele:

  1. Sua própria Bechiná – Massach de Tabúr;
  2. Aviut de Rosh.

Uma vez que esta Massach descendeu de Pê até Chazê, que é Bechiná Guimel,  é considerado que a Luz de AB brilha na internalidade dos Kelim de Galgálta. Isto significa que o AB interior fez um Zivug no que foi incluído na Aviut de Rosh. Do Chazê até Pê de Galgálta, um novo nível emergiu, chamado “Rosh de AB exterior” e do Chazê até Tabúr emergiu o Guf de AB.

Pergunta: Isto é confuso. Afinal, há uma regra que o próximo nível deve preencher os Kelim vazios do nível anterior. Então por que AB não se expande abaixo do Tabúr de Galgálta?

Resposta: É porque ele não tem uma Massach em Bechiná Dálet. Assim, se ele expandisse abaixo e visse o desejo de receber que está presente lá, ele não seria capaz de superá-lo. É por isto que permaneceu acima do Tabúr.

No Partzuf AB, também, havia uma Bitush de Ohr Makif, e Partzuf SAG emergiu das Reshimot do Partzuf AB. Estas ainda são as Reshimot de cima do Tabúr de AK, mas as Reshimot de baixo do Tabúr de AK ainda não foram preenchidas.

E este Partzuf SAG emergiu nas Reshimot Guimel de Hitlabshut e Bet de Aviut,   e também preencheu os Kelim vazios do Partzuf AB. Porém, ele não poderia descender abaixo do Tabúr de Galgálta e preencher os Kelim vazios lá, pois ele tem Guimel de Hitlabshut, que são Kelim para extensão de Chochmá. Segue-se que este discernimento, chamado Ta’amim de SAG, expandiu através do Tabúr de  AK.

Mas Nekudot de SAG, considerado meramente Chassadim, pois eles não tem  a Bechiná Guimel mencionada acima, podia expandir abaixo do Tabúr de Galgálta, embora haja Bechiná Dálet de Aviut lá, que é um vaso de recepção do qual é impossível colocar uma Massach. Porém, visto que Nekudot de SAG são vasos de doação, eles não tem interesse em vasos de recepção. Assim, eles expandiram abaixo do Tabúr de Galgálta e preencheram os Kelim vazios que haviam lá.

Porém, como eles viram o desejo de receber que havia lá, eles desejaram receber em prol de receber, pois eles não tinham uma Massach em Bechiná Dálet. E como nós aprendemos, houve um Tzimtzum na recepção em prol de receber, portanto a Luz imediatamente partiu deles.

Pergunta: Nós aprendemos que Nekudot de SAG são vasos de doação. Assim, como eles podem ser restritos?

Resposta: Há uma diferença entre GAR de Biná e ZAT de Biná, pois nós aprendemos que ZAT de Biná deve receber Chochmá em prol de doar a ZA, mas GAR de Biná engaja unicamente em doação.

Agora nós podemos entender porque GAR de Biná, que são GE, não se misturaram, que deixaram GE no nível, irrestrito, enquanto ZAT de Biná, chamado ACHAP, partiu do nível porque ele queria receber em prol de receber. Isto é chamado Tzimtzum Bet (segunda restrição).

Segue-se que em CHABAD, CHAGAT de Nekudot de SAG, que são GE, não há mistura de Bechiná Dálet. Logo, seu lugar ainda é considerado o lugar de Atzilut.  E abaixo do Tabúr de Nekudot de SAG, vestindo os dois terços inferiores de NEH”Y  de AK, a recepção em prol de receber governa.

E quando Partzuf SAG se elevou ao Pê de Rosh, dois Zivúgim foram feitos lá em Rosh de SAG:

  1. Um Zivug nas Reshimot de Ta’amim de SAG que não desceram abaixo do

Tabúr de AK, e do qual o Partzuf do MA Superior  emergiu.

  1. Um Zivug nas Reshimot de Nekudot de SAG que foram restritas e misturadas com Bechiná Dálet abaixo do Tabúr de AK, do qual MA emergiu – o mundo de Nekudim. Este Zivug se realizou na metade do nível de Álef de Aviut e em Bet de Hitlabshut.

Portanto, nós precisamos entender que Malchut não extende Luz em seus próprios vasos de recepção, mas apenas nos vasos de doação, devido ao Tzimtzum. Por causa disto, se ela fosse usar os vasos de recepção, seria em prol de receber.

E aqui, também, nós aprendemos que a Luz expande nos Kelim de SAG interiores, e nos Kelim de SAG exteriores. E nós devemos saber que como uma regra, ele não fala do MA Superior, pois nós estamos falando primariamente sobre a associação de Midot haRachamim (qualidade da misericórdia) em Din (julgamento), que começa no Partzuf MA, que é o mundo de  Nekudim.

E aqui nós aprendemos que existem dois Roshim (plural para Rosh) no mundo de Nekudim:

  1. De Aviut;
  2. De Hitlabshut (vestimenta).

Kéter é chamado Bet de Hitlabshut, e AVI são Álef de Aviut. E visto que Bet de Hitlabshut não pode extender Luz, pois não há carência lá, ele precisa da associação com a Aviut, que tem o poder de extender a Luz. Nós também aprendemos que o nível da Luz que brilha lá é VAK de Biná, na forma de Chafetz Chéssed (“pois Ele deleita em Misericórdia”) que libera o nível da necessidade por  Chochmá.

Esta Luz também é chamada de Tikun Kavim (correção das linhas). Assim, nós aprendemos que o Tikun Kavim ilumina apenas no Rosh, pois a Hitlabshut não tem Hitpashtut (expansão) no Guf. Mas o Guf tinha apenas uma pequena iluminação, e ele não estava satisfeito co o estado de Katnut. Assim, quando a Luz atingiu Gadlut, os vasos de doação do Guf também quebraram.

A AGENDA DA REUNIÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Deve haver uma agenda no início da reunião. Cada um deve falar da importância  da sociedade tanto quanto puder, descrevendo os lucros que ela lhe trará e as coisas importantes que espera que a sociedade lhe traga, as quais não pode obter por si mesmo e como ele a aprecia nesse sentido.

É como os nossos sábios escreveram (Berachot 32), “Rabi Shamlai disse, ‘Devemos sempre louvar o Criador e então orar’. De onde recebemos isso? De Moisés, como está escrito: ‘E então eu roguei ao Senhor’. Também está escrito: ‘Ó Senhor Deus, Tu começaste’ e está escrito: ‘Deixa-me passar, Eu rogo-Te, e ver a boa terra’”.

A razão que precisamos começar a louvar ao Criador é que é natural que haja duas condições quando alguém pede algo a outro:

  1. Que tenha o que lhe pedir, tal como riqueza, poder, a quem repute como rico e próspero.
  2. Que tenha um coração bondoso, isto é: um desejo de fazer bem aos

De tal pessoa você pode pedir um favor. Por isso eles disseram: “Devemos sempre louvar ao Criador e então orar”. Isto significa que depois que acreditarmos na grandeza do Criador, que Ele tem todos os tipos de prazeres para dar às criaturas  e que deseja fazer o bem, então é pertinente dizer que está orando ao Criador, o que certamente o irá ajudar, dado que Ele deseja doar e o Criador pode dar-lhe o que ele deseja e também a oração pode ser feita com a confiança que o Criador a irá conceder.

Da mesma forma, com o amor dos amigos, quando nos encontramos, bem no inicio da reunião, devemos louvar os amigos, a importância de cada um deles. Na medida em que assumimos a grandeza da sociedade, podemos  aprecia-la.

“E então orar”, isto significa que cada um deve examinar a si mesmo e ver quanto esforço está dando à sociedade. Então, quando veem que você está impotente para fazer alguma coisa pela sociedade, há espaço para orar ao Criador para ajudá-lo e dar-lhe força e desejo para se empenhar no amor dos  outros.

Depois, cada um deve se comportar da mesma maneira que os três últimos da “Décima Oitava Oração”. Em outras palavras, depois de ter pedido perante o Criador, o Sagrado Zohar diz que nos três últimos da “Décima Oitava Oração”, deve- se pensar como se o Criador já tivesse concedido seu pedido e se  afastado.

No amor dos amigos devemos comportar-nos da mesma maneira: Depois de examinarmos a nós mesmos e seguirmos o conhecido conselho de orar, devemos pensar como se a nossa oração tivesse sido atendida e rejubilarmo-nos com nossos amigos, como se todos os amigos fossem um só corpo. E, como o corpo deseja que todos os seus órgãos desfrutem, nós também, queremos todos os nossos amigos para desfruta-los agora.

Então, depois de todos os cálculos vem o momento de alegria e amor dos amigos. Nessa altura, cada um deve sentir-se feliz, como se tivesse acabado de selar um negócio muito bom que lhe renderá montes de dinheiro. É costume que nesse momento se dê bebidas aos amigos.

Aqui, da mesma forma, todos precisam dos seus amigos para beber, comer bolos, etc. Porque agora está feliz e também deseja que seus amigos se sintam bem. Daí, a dispersão da reunião deva ser num estado de alegria e  exaltação.

Isto segue a maneira de “um tempo de Torá” e “um tempo de oração”. “Um tempo de Torá” significa plenitude, quando não existem carências. Isto é chamado “direita”, como está escrito, “na Sua mão direita estava uma lei  ardente”.

Mas “um tempo de oração” é chamado “esquerda”, dado que um lugar de carência é um lugar que precisa de correção. Isto é chamado “a correção dos Kelim (vasos)”. Mas no estado de Torá, chamado “direita”, não há lugar para correção. É por isso que a Torá é chamada uma “dádiva”.

É costume dar presentes a uma pessoa que você ama. Também é costume não amar quem é carente. Assim, num “tempo de Torá”, não há lugar para pensamentos de correção. Então, quando deixar a reunião, deve ser como nos últimos três da “Décima Oitava Oração”. Por esta razão, cada um irá sentir plenitude.

 

SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A respeito da importância dos amigos na sociedade e como os apreciar, isto é, com que tipo de importância todos devem considerar seu amigo. O senso comum diz que se a pessoa considerar o seu amigo como estando num grau inferior ao seu mesmo, então irá querer ensiná-lo como se comportar mais virtuosamente que as qualidades que ele tem. Então, ele não pode ser seu amigo; ele pode tomar o amigo como um estudante, mas não como um amigo.

E, se vê o seu amigo como estando num grau superior que o seu próprio e  vê que pode adquirir boas qualidades dele, então ele pode ser seu Rabi, mas não seu amigo.

Isto significa que precisamente quando se vê o amigo como estando num grau igual ao seu próprio, pode-se aceitar o outro como um amigo e se vincular a ele. Isto é assim, pois um amigo significa que estão ambos no mesmo estado. Isto é o que é o senso comum dita. Em outras palavras, eles têm os mesmos pontos de vista e então decidem se vincular. Então, ambos agem para o objetivo que ambos desejam alcançar.

É como dois amigos que pensam da mesma forma e que estão fazendo algum negócio juntos, para que este negócio lhes traga lucros. Nesse estado, eles sentem  que têm poderes iguais. Mas se um deles sentir que é mais competente que o outro, não irá querer aceitá-lo como um parceiro igual. Em vez disso, eles criariam uma parceria proporcional, de acordo com a força e qualidades que um tem sobre o outro. Nesse estado, a parceria é uma parceria de trinta e três ou vinte e cinco por cento e não se pode dizer que eles são iguais no negócio.

Mas, com amor dos amigos, quando amigos se unem para criar unidade entre si mesmos, isso significa explicitamente que eles são iguais. Isto é chamado “unidade”. Por exemplo, se eles fazem um negócio juntos e dizem que os lucros não serão distribuídos igualmente, é isto chamado “unidade”? Claramente, um negócio de amor de amigos deve ser quando todos os lucros e posses que o amor de amigos rende serão igualmente controlados por eles. Eles não devem esconder ou ocultar um do outro, mas tudo deve ser com amor, amizade, sinceridade  e paz.

Mas no ensaio, “Um Discurso para a Conclusão de O Zohar”, está escrito: “A medida da grandeza vem sob duas condições: 1) de escutar sempre e receber a apreciação da sociedade, na medida da sua grandeza; 2) o meio ambiente deve ser grande, como está escrito, ‘Na multidão do povo está a glória do  rei’”.

Para aceitar a primeira condição, cada estudante deve sentir que ele é o menor entre todos os amigos e então ele será capaz de receber a apreciação da grandeza de todos. Isto é assim, pois o maior não pode receber do menor, muito menos se impressionar por suas palavras. Apenas o menor é impressionado pela apreciação do maior.

E pela segunda condição, cada estudante deve exaltar o mérito de cada amigo como se fosse o maior na geração. Então o meio ambiente irá afetá-lo como deve um grande ambiente, dado que qualidade é mais importante que  quantidade.

Segue-se que na matéria de amor de amigos, eles ajudam-se uns aos outros, ou seja, é suficiente para todos considerar seu amigo como sendo do mesmo grau que o seu próprio. Mas porque todos devem aprender de seus amigos, há o assunto do Rabi e discípulo. Por esta razão, ele deve considerar o amigo como maior que si mesmo.

Mas como pode se considerar seu amigo como maior que si mesmo, quando ele pode ver que os seus próprios méritos são maiores que os do seu amigo, que ele   é mais talentoso e tem melhores qualidades naturais? Existem duas maneiras de compreender isto:

  1. Ele avança com fé acima da razão: uma vez que ele o escolheu como um amigo, ele aprecia-o acima da razão.
  2. Isto é mais natural, dentro da razão. Se, decidiu aceitar o outro como amigo e trabalha sobre si mesmo para amá-lo, o que é natural, com o amor, ver apenas coisas boas. E mesmo que existam coisas más no seu amigo, ele não as pode ver, como está escrito, “o amor cobre todas as transgressões”.

Nós podemos ver que uma pessoa pode ver as falhas nos filhos do seu vizinho, mas não nos seus próprios filhos. E quando alguém menciona alguma falha nos seus filhos, ela resiste imediatamente ao seu amigo e começa a declarar os méritos dos seus filhos.

E a questão é: qual é a verdade? Afinal, existem méritos nos seus filhos e então ela fica chateada quando outros falam de seus filhos. A coisa é esta, como eu   a ouvi de meu pai: Na verdade, cada pessoa tem vantagens e desvantagens. E ambos o vizinho e o pai estão dizendo a verdade. Mas o vizinho não trata as crianças do outro como um pai às suas crianças, dado que não tem o mesmo amor pelas crianças que o pai tem.

Então, quando ele considera os filhos do outro, ele vê apenas falhas nas crianças, dado que isto lhe dá mais prazer. Isto, porque pode mostrar que é mais virtuoso que o outro, porque os seus próprios filhos são melhores. Por esta razão, vê apenas as falhas do outro. O que ele está vendo é verdade, mas vê apenas coisas que lhe agradam.

Mas o pai, também, vê apenas a verdade, exceto que ele considera apenas as coisas boas que seus filhos têm. Ele não vê as falhas dos seus filhos, dado que isso não lhe dá prazer. Por isso, ele está dizendo a verdade sobre o que ele vê em seus filhos. E porque considera apenas as coisas que lhe podem agradar, vê apenas as virtudes.

Acontece que se temos o amor de amigos, a lei no amor é que você quer ver os méritos dos amigos e não suas falhas. Então, se alguém vê alguma falha no seu amigo, não é um sinal que seu amigo esteja em falha, mas que a falha está nele, isto, porque ele falhou no amor de amigos, ele vê falhas no  seu amigo.

Portanto, agora ele não deve ver a correção do seu amigo. Em vez disso, ele mesmo precisa de correção. Segue-se de todo o exposto que ele não deve cuidar da correção das falhas do seu amigo, que vê no seu amigo, mas ele mesmo precisa corrigir a falha que criou no amor dos amigos. E quando se corrige a si mesmo, irá ver apenas os méritos do seu amigo e não suas falhas.

 

SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SOCIEDADE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Sabe-se que desde que o homem está sempre entre pessoas que não tem ligação com o trabalho, no caminho da verdade, mas, ao contrário, sempre resistem àqueles que andam no caminho da verdade e uma vez que os pensamentos das pessoas se misturam os pontos de vista daqueles que opõem ao caminho da verdade, permeiam aqueles que têm algum desejo de caminhar no caminho da  verdade.

Por isso, não há outro conselho a não ser estabelecer uma sociedade separada para eles mesmos, para ser sua moldura, ou seja, uma comunidade separada, que não se misture com outras pessoas cujos pontos de vista diferem dessa sociedade. Eles devem constantemente evocar neles mesmos a questão do propósito da sociedade, para que não sigam a maioria, porque seguir a maioria é a nossa natureza.

Se a sociedade se isola do resto do povo, se eles não têm nenhuma conexão com outras pessoas em relação aos assuntos espirituais e seu contato com eles é apenas sobre questões corporais, eles não se misturam com o seu ponto de vista, pois não existe ligação em assuntos de religião.

Mas quando uma pessoa está entre os religiosos e começa a conversar e discutir com eles, ela imediatamente se mistura com suas opiniões. Seus pontos de vista penetram na sua mente, abaixo do limiar de sua consciência a tal ponto que ela não será capaz de discernir que estes não são os seus próprios pontos de vista, mas o que ela recebeu das pessoas com quem se conectou.

Portanto, em assuntos de trabalho no caminho da verdade, deve-se isolar das outras pessoas. Isso porque o caminho da verdade requer um fortalecimento constante, uma vez que é contrário a visão do mundo. A visão do mundo é saber e receber, enquanto a visão da Torá é a fé e doação. Se alguém se desvia disso, imediatamente se esquece de todo o trabalho do caminho da verdade e cai  no mundo de amor-próprio. Somente a partir de uma sociedade sob a forma de “Eles ajudaram cada um ao seu amigo” que cada pessoa na sociedade recebe a força para lutar contra a visão do mundo.

Além disso, encontramos o seguinte, nas palavras d’O Zohar (Pinchas, p 31, item 91, e no Sulam): “Quando uma pessoa mora em uma cidade habitada por pessoas más e não pode manter as Mitzvot da Torá e não tem êxito na Torá, ele muda- se e arranca suas raízes desse lugar e as planta num lugar habitado por pessoas boas, com Torá e Mitzvot. Isso ocorre porque a Torá se chama ‘Árvore’, como está escrito: ‘Ela é uma árvore de vida para os que se apegam a ela’. E o homem é uma árvore, como está escrito, ‘é para a árvore do homem do campo’. E as Mitzvot na Torá são comparadas aos frutos. E o que ela diz? ‘Somente as árvores que tu sabes não serem árvores de alimento, elas poderás destruir e cortar’, destruir deste mundo e cortar do outro mundo”.

Por esta razão, ele deve arrancar-se do lugar onde há maus, pois lá, não terá sucesso na Torá e Mitzvot e plantar-se em outro lugar, entre justos e, ele terá sucesso em Torá e Mitzvot.

E o homem, a quem O Zohar compara com árvore do campo, como a árvore do campo sofre de maus vizinhos. Em outras palavras, devemos sempre cortar as ervas más que nos rodeiam que nos afetam e devemos também manter-nos longe de ambientes ruins, de pessoas que não favorecem o caminho da verdade. Precisamos  de uma vigilância atenta de modo a não sermos atraídos a  segui-los.

Isso é chamado de “isolamento”, quando se tem pensamentos de “autoridade única”, chamado “doação”, e não “autoridade pública”, que é o amor-próprio. Isso é chamado de “duas autoridades” – a autoridade do Criador e sua própria autoridade.

Agora podemos compreender o que nossos sábios disseram (Sanhedrin, p 38), “Rabi Yehuda disse: ‘o Rabi disse, ‘Adam HaRishon foi herege’, como esta escrito: ‘E o Senhor Deus chamou ao homem, e disse: lhe: ‘Onde estás?’ ‘Onde foi o teu coração?’”

Na interpretação de Rashi, “herege” se refere a uma tendência para a adoração de ídolos. E no comentário, Etz Yosef (A Árvore de José), está escrito: “Quando se escreve, ‘Onde, onde foi o teu coração?’ é heresia, como está escrito, ‘que vos não sigais vosso próprio coração’, isso é heresia, quando o seu coração se inclina para o outro lado”.

Mas tudo isso é muito complicado: Como se pode dizer que Adam HaRishon estava inclinado para a idolatria? Ou de acordo com o comentário Etz Yosef, que estava sob a forma de “que não segue o seu próprio coração”, isso é heresia? De acordo com o que aprendemos sobre a obra de Deus, que é exclusivamente sobre a intenção de doar, se uma pessoa trabalha, a fim de receber, este trabalho é estranho para nós, pois precisamos trabalhar apenas para doar e ele pegou tudo a fim de receber.

 

Este é o significado do que ele disse: que falhou em “não seguir seu próprio coração”. Em outras palavras, ele não poderia comer da Árvore do Conhecimento,  a fim de doar, mas recebeu o alimento da Árvore do Conhecimento, a fim de receber. Isso é chamado “coração”, significando que o coração deseja apenas receber para auto-gratificação. E este foi o pecado da Árvore do  Conhecimento.

Para entender este assunto, veja a introdução ao livro Panim Masbirot. E a partir disso, podemos compreender os benefícios da sociedade, ela pode criar um ambiente diferente, trabalhando só para doação.

 

O PRIMEIRO GRAU QUANDO ALGUÉM NASCE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

No Zohar, Mishpatim (p 4, Item 11 no comentário Sulam), está escrito: “Vem e vê, quando nasce uma pessoa, lhe é dado um Néfesh do lado da besta, do lado da pureza, do lado daqueles chamados ‘Anjos Santos’, que significa o mundo de Assiá. Se ele é recompensado ainda mais, lhe é dado Ruach ao lado dos ‘Animais Santos’, que significa do lado de Yetzirah. Se mais recompensado, lhe é dada Neshama do lado do Kissê (trono), o que significa do mundo de Briá. Se for mais recompensado, lhe é dado Néfesh, na forma de Atzilut. Se mais recompensado, lhe é dado Ruach de Atzilut do lado do pilar do meio e ele é considerado um filho para o Criador, como está escrito: ‘Vós sois os filhos do Senhor, vosso Deus’. Se mais recompensado, lhe é dada Neshamá ao lado de Aba ve Ima, que são Biná, sobre a qual foi dito: ‘Deixe a alma inteira louvar ao Senhor’ e com elas, o nome  HaVaYaH está concluído.”

Assim, a perfeição da alma é ter NARAN de BYA e NARAN de Atzilut. Esta   é a perfeição que Adam HaRishon tinha antes do pecado. Somente após o pecado, ele baixou de seu grau e sua alma foi dividida em 600.000  almas.

Esta é a razão pela qual a espiritualidade do homem é chamada Neshamá (alma), mesmo quando se tem apenas Néfesh de Néfesh, uma vez que existe uma regra que ao se falar de qualquer coisa, sempre nos referimos ao seu nível mais alto. E uma vez que o mais alto nível do homem é o grau de Neshamá, a espiritualidade do homem é geralmente referida como Neshamá.

E, embora as pessoas nasçam com o menor grau, eles disseram: (Sha’ar HaGilgulim p 11 b), “cada pessoa pode ser como Moisés se desejar limpar suas ações. Isto é assim porque se pode ter outro espírito, um mais elevado, com altura de Yetzirá, bem como uma Neshamá a partir da altura de Briá”.

Agora você também pode compreender as famosas palavras dos nossos sábios: “O espírito dos justos ou suas almas vêm e estão impregnadas no que é chamado Ibúr (gestação), para auxiliá-Lo com o trabalho de  Deus”.

É também apresentado no Sulam (Introdução ao Livro de Zohar, p 93): “A única coisa é que o condutor dos burros é o ajudante das almas dos justos, que lhes foi enviado do Alto, a fim de elevá-los de um grau ao próximo. Se não fosse por essa ajuda, que O Criador envia aos justos, eles seriam incapazes de sair de um grau e elevar-se mais Alto. Assim, o Criador envia a cada justo, uma alma Elevada do Alto,  a cada um de acordo com o seu mérito e grau, que o ajuda em seu caminho. Isso é chamado de ‘impregnação da alma de um justo’ e ele é chamado de ‘revelação da alma do justo’.”

Daí resulta que, quando se diz que não há geração sem os gostos de Abraão, Isaac e Jacob, isso não significa que eles nasceram assim e não tiveram uma escolha na questão. Pelo contrário, estas são as pessoas que estão tentando andar no caminho da verdade e fazer os esforços necessários. Essas pessoas sempre recebem ajuda do Alto através de impregnação das almas dos justos e recebem força para escalar Graus mais Elevados.

Acontece que tudo o que é dado do Alto é considerado assistência, mas não sem qualquer trabalho e escolha. E a persistência do mundo vem através desses justos, que estendem a abundância do Alto e assim há  sustentação do Alto.

QUE GRAU CADA UM DEVE ATINGIR?

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Pergunta: Qual é o grau que cada um deve alcançar, para não ter que reencarnar?

Resposta: Está escrito no livro Sha’ar HaGilgulim (Portão das Reencarnações) que “Todos os filhos de Israel devem reencarnar até que eles estejam completos, com toda a NARANCHAY. No entanto, a maioria das pessoas não têm todas as cinco partes chamadas NARANCHAY, apenas Néfesh, que é de  Assiá”.

Isto significa que cada pessoa deve corrigir apenas sua própria parte e a raiz da sua própria alma e nada mais e, isso completa o que a pessoa deve  corrigir.

O fato é que devemos saber que todas as almas vêm da alma de Adam HaRishon. Depois do pecado da Árvore do Conhecimento, a alma de Adão dividiu em 600.000 almas. Isto significa que a única luz que Adam HaRishon tinha no Jardim do Éden, que o Zohar Sagrado chama, “Zihara Ilaa” (Luz Superior), dispersou-se em muitos pedaços.

No livro, Panim Masbirot (p 56), Baal HaSulam escreve: “Depois do bom se misturar com o mau (após o pecado), uma grande estrutura de Klipót (cascas) foi estabelecida, com o poder de se apegar a Kedushá (Santidade)”. Com o fim de cuidar- lhes, a Luz dos sete dias da Criação foi dividida em pedaços muito pequenos, que são pequenos demais para que as Klipót possam sugar  deles.

Isso pode ser comparado a um rei que pretendia entregar uma grande soma de dinheiro para seu filho, que morava do outro lado do mar. Infelizmente, todas as pessoas no país do rei eram coniventes ladrões e ele não conseguia encontrar um emissário leal. O que ele fez? Ele dividiu o dinheiro em moedas de um centavo e as enviou com um grande número de emissários. Assim, eles descobriram que o prazer do roubo não valia a pena desonrar a realeza.

Desta forma, ao longo do tempo e em muitas almas, através da iluminação dos dias, foi possível separar as centelhas sagradas que foram roubadas pelas Klipót (cascas), pelo pecado da Árvore do Conhecimento.

“Muitas almas” se refere à divisão em luzes internas e, muitos dias é uma divisão em muitas luzes externas. E os pedaços acumulados numa grande quantidade de Luz na qual Adam HaRishon pecou e então trará o fim da  correção.

Isso leva à conclusão de que cada um nasce com apenas um pequeno pedaço da alma de Adam HaRishon. Quando se corrige esse pedaço, então não precisa mais reencarnar. É por isso que cada um só pode corrigir o pedaço que lhe pertence.

Está escrito sobre isso no livro do Ari A Árvore da Vida, “Não há um dia como outro dia, um momento como outro momento ou, uma pessoa como outra pessoa.  E o Helbona (parte do incenso sagrado) irá corrigir o que o Levona (outra parte do incenso sagrado) não irá. Cada um deve corrigir a sua própria  parte”.

No entanto, devemos saber que cada pessoa tem uma escolha, pois não nasce um justo. Nossos sábios disseram (Nida 16b): “Rabi Chanina Bar Pappa disse: ‘O anjo nomeado na concepção é chamado Laila (noite). É preciso uma gota para colocá-lo diante do Criador, e diz: ‘Meu Deus, essa gota, o que deve tornar-se dela? Um herói ou um fraco? Um sábio ou um tolo? Rico ou pobre?’ Mas ele não pergunta: ‘justo ou perverso’.”

Isto significa que não se nasce justo, pois “não pergunte, ‘justo ou perverso’.” Isto é deixado para a nossa escolha, cada um segundo o seu trabalho na Torá e Mitzvot. Assim, se é recompensado com a limpeza do seu coração, com a correção do que deve, de acordo com a raiz da sua alma e, então ele será completo.

 

O QUE PURIFICA O CORAÇÃO AO GUARDAR TORÁ E MITZVOT

Pergunta: Manter Torá e Mitzvot, a fim de receber recompensa, também purifica o coração? Nossos sábios disseram: “Eu criei a inclinação para o mal, Eu criei especiaria da Torá”. Isso significa que ela não purifica o coração. Mas é assim quando se visa especificamente não receber recompensa ou também ao purificar o coração, se trabalha a fim de receber recompensa?

Resposta: Na “Introdução ao Livro do Zohar” (Item 44), está escrito: “Quando alguém começa se envolver em Torá e Mitzvot, mesmo sem qualquer intenção, ou seja, sem amor e sem medo, como é adequado ao servir o Rei, mesmo em Lo Lishma (não em Seu Nome), o ponto em seu coração começa a crescer e mostrar a sua atividade. Isto é assim porque Mitzvot não exigem intenção e até mesmo ações sem intenção podem purificar o desejo de receber da pessoa, mas em seu primeiro grau, chamado de ‘inanimado’. E na medida em que se purifica a parte inanimada do desejo de receber, se desenvolve gradualmente os 613 órgãos do ponto do coração, que é o inanimado de Néfesh de Kedushá (Santidade)”. Assim, vemos que a observância da Torá e Mitzvot, mesmo Lo Lishma purifica o  coração.

Pergunta: É o caminho de observar Torá e Mitzvot a fim de não ser recompensado, destinado apenas para uns poucos escolhidos, ou se pode trilhar este caminho de observar tudo de forma a não ser recompensado, pelo qual eles serão recompensados com Dvekút (adesão) com o Criador?

Resposta: Embora o desejo de receber só para si mesmo, tenha surgido e passou a estar no Pensamento da Criação, sendo dada uma correção, que as almas vão corrigi-lo, a fim de doar, ou seja, observar Torá e Mitzvot irá transformar a nossa vontade de receber em vontade de doar. Isto é dado a todos, sem exceção, para todos foi dado este remédio e não necessariamente para uns  poucos escolhidos.

Mas, uma vez que esta é uma questão de escolha, alguns avançam mais rapidamente e outros mais lentamente. Mas como está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar” (itens 13, 14), no final, todo mundo vai atingir sua perfeição completa, como está escrito: “Aquele que é banido, não seja dele um desamparado”.

Ainda assim, quando se começa a aprender a observar Torá e Mitzvot, se começa em Lo Lishma. Isto é porque o homem é criado com um desejo de receber, portanto ele não entende nada que não lhe traga benefício próprio e nunca vai querer começar a observar a Torá e Mitzvot.

É como escreveu o Rambam (Hilchot Teshuvá, capítulo 10), “Os sábios disseram: ‘deve se envolver sempre em Torá, mesmo Lo Lishma, porque a partir de  Lo Lishma, se chega a Lishma’. Assim, ao ensinar as crianças, as mulheres e ao populacho, são apenas ensinados a trabalhar com medo e receber a recompensa. E quando ganham conhecimento e adquirem sabedoria, que o segredo é revelado para eles pouco a pouco. Eles são acostumados a isso com calma, até atingi-Lo e servi-Lo com amor.” Assim, vemos nas palavras do Rambam de que todos devem atingir Lishma, mas a diferença está no tempo.

Pergunta: Se uma pessoa vê e sente que está trilhando um caminho que a conduz à Lishma, ela deverá tentar influenciar os outros para que eles também trilhem o caminho certo, ou não?

Resposta: Esta, é uma pergunta geral. É como uma pessoa religiosa examinando uma pessoa secular. Se ele sabe que pode reformá-lo, então é preciso reformá-lo, devido a Mitzvá, “Certamente repreenderás o teu próximo”. Da mesma forma, neste caso, pode-se dizer que você deve dizer ao seu amigo sobre a melhor maneira que ele possa se conduzir, desde que sua intenção seja apenas a Mitzvá. Mas há muitas vezes, quando uma pessoa repreende outra, somente a finalidade de dominar e não o sentido de “repreender o teu próximo”.

E nós aprendemos a partir do exposto que o desejo de todos que o outro trilhe o caminho da verdade, criou conflitos entre os ortodoxos e seculares, entre Litaim17 e Chassidim e, entre os próprios Chassidim. Isto é porque todos pensam que estão na verdade e todos estão tentando convencer o outro a trilhar o caminho certo.

17 Nota do tradutor: Uma facção do Judaísmo Ortodoxo que começou com o Gaon de Vilna (GRA) em Vilna, Lituânia.

DE ACORDO COM O QUE É EXPLICADO SOBRE “AMA AO TEU PRÓXIMO”

Do livro “Cabala Para o Estudante”

De acordo com o que é explicado a respeito de “ama ao teu próximo como a ti mesmo”, todos os detalhes das 612 Mitzvot estão contidos nesta regra. É como dizem os nossos sábios: “O resto é seu comentário, vá e estude”. Isso significa que, mantendo as 612 Mitzvot seremos recompensados com a regra, “ama ao teu próximo” e em seguida, o amor de Deus.

Assim, o que o amor dos amigos nos dá? Está escrito que, reunindo alguns amigos juntos, já que cada um tem uma pequena força do amor dos outros, o que significa que pode realizar o amor dos outros apenas em potencial e, quando o implementam, se lembram que decidiram abandonar o amor-próprio em favor do amor dos outros. Mas de fato, ele vê que não pode renunciar a qualquer prazer do desejo de receber em favor de outro, nem um pouco.

No entanto, por reunir algumas pessoas que concordam que têm que atingir o amor aos outros, quando se anulam a si mesmos perante o outro, estão todos misturados. Assim, ai, em cada pessoaai, acumula uma grande força, de acordo com o tamanho da sociedade. E então eles podem executar na realidade o amor aos outros.

Assim, o que os detalhes das 612 Mitzvot adicionam para nós, pois dissemos que estão para manter a regra, já que a regra é mantida pelo amor dos amigos? E vemos que na realidade existe o amor dos amigos também entre os seculares. Eles também se reúnem em vários círculos, a fim de ter o amor dos amigos. Qual é então a diferença entre o religioso e o secular?

O versículo diz (Salmos 1), “nem se sentou no banco dos escarnecedores”. Devemos entender a proibição do “banco dos escarnecedores”. É devido a calúnia ou palavras vãs? Assim, a proibição não é por causa de um “banco de escárnio”. Então, o que o “banco de escárnio” adiciona para nós?

O significado é que quando algumas pessoas ficam juntas com o propósito do amor dos amigos, com a intenção de que todos e cada um irão ajudar seu amigo  a melhorar seu estado corpóreo, cada um antecipa que por ter mais encontros, eles irão lucrar com a sociedade e melhorar o seu estado corporal.

No entanto, depois de todas as reuniões, todos calculam e veem o quanto receberam da sociedade para o amor-próprio, o que o desejo de receber ganhou com isso, já que investiu tempo e esforço em benefício da sociedade, então, o que ganhou com isso? Provavelmente poderia ser mais bem sucedido se tivesse se ocupado em benefício próprio, pelo menos parte de seus próprios esforços. Mas “eu entrei na sociedade, porque pensei que por meio da sociedade, seria capaz de ganhar mais do que poderia ganhar sozinho. Mas agora vejo que não  ganhei nada”.

Então, ele se arrepende e diz: “Eu estaria melhor usando a minha própria pouca força ao invés de dar o meu tempo para a sociedade. No entanto, agora que dei o meu tempo para a sociedade, a fim de ganhar mais propriedades através da ajuda da sociedade, finalmente percebi que não só não ganhei nada da sociedade,  eu até perdi o que poderia ter ganhado sozinho”.

Quando há alguém que quer dizer que o amor dos amigos deve ser exercido com o objetivo de doação, que todos irão trabalhar para beneficiar os outros, todo mundo ri e o zomba. Parece-lhes como uma espécie de piada e este é um lugar de seculares. Diz-se sobre o assunto, “mas o pecado é o opróbrio a quaisquer pessoas e toda a graça que eles fazem, fazem para si próprios”. Tal sociedade destaca alguém  de santidade. Ela o lança no mundo da zombaria e esta é a proibição da roda dos escarnecedores.

Nossos sábios disseram sobre essas sociedades “Disperse os ímpios, melhor para eles e melhor para o mundo”. Em outras palavras, é melhor que eles não existam. No entanto, é o oposto com os justos: “Junte os justos; melhor para eles e melhor para o mundo”.

Qual o significado de “justo”? São aqueles que querem manter a regra, “Ame ao teu próximo como a ti mesmo”, cuja única intenção é sair do amor-próprio e assumir uma natureza diferente de amor aos outros. E, embora seja uma Mitzvá que deva ser mantida e pode-se forçar a mantê-la, no entanto, o amor é algo que é dado para o coração e o coração não concorda com ela por natureza. O que então se pode fazer para que o amor pelos outros, toque o coração?

É por isso que nos foram dadas as 612 Mitzvot: elas têm o poder de induzir   a uma sensação no coração. No entanto, uma vez que é contra a natureza, que a sensação seja muito pequena para ter a capacidade de manter o amor dos amigos de fato, mesmo que ele tenha uma necessidade para isso. Por isso, ele agora deve procurar conselhos sobre como implementá-lo  realmente.

O conselho para a pessoa ser capaz de aumentar sua força no Estado, “Ama ao teu próximo”, é o amor dos amigos. Se cada um é anulado frente a seu amigo e  se confunde com ele, se tornam uma massa, onde todas as peças pequenas que querem o amor dos outros se unem em uma força coletiva que consiste de muitas partes. E quando ele tem grande força, ele pode executar  o amor dos outros.

E então ele pode conseguir o amor de Deus. Mas, a condição é que cada um irá se anular frente ao outro. No entanto, quando ele é separado de seu amigo, ele não pode receber a parcela que deveria receber do seu  amigo.

Assim, todos devem dizer que não se é nada, comparados ao seu amigo. É como escrever números: Se você escrever primeiro “1” e “0” é dez vezes mais. E quando você escreve “00” é cem vezes mais. Em outras palavras, se seu amigo é o número um e o zero o segue, consideram-se que se recebe do seu amigo 10 (dez) vezes mais. E, se diz que é duplo zero em comparação com seu amigo, recebe de seu amigo 100 (cem) vezes mais.

No entanto, se for o contrário e disser que seu amigo é zero e ele é um, então ele é dez vezes menos que seu amigo de 0,1. E, se ele puder dizer que ele é um e ele tem dois amigos que são os dois zeros em relação a ele, então ele é considerado cem vezes menos que eles, o que significa que é 0,01. Assim, o seu grau diminui de acordo com o número de zeros que ele tem de seus amigos.

No entanto, mesmo depois que adquira essa força e possa manter o amor  dos outros, na realidade e, sinta sua própria gratificação como ruim para si, ainda não acredita em si mesmo. Não deve haver medo de cair no amor-próprio no meio da obra. Em outras palavras, lhe deve ser dado um prazer maior do que esteja acostumado a receber, embora já possa trabalhar, a fim de doar com pequenos prazeres e, esteja disposto a abandoná-los, vive com medo dos grandes prazeres.

Isso é chamado de “medo” e esta é a porta para receber a Luz da fé, chamada de “A inspiração da Divindade”, como está escrito no Sulam,15 “pela medida medo é a medida da fé”.

Por isso, é preciso lembrar que a questão de “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” deve ser mantida, porque é uma Mitzvá, uma vez que o Criador ordenou participar no amor de amigos. E Rabi Akiva só interpreta esta Mitzvá que o Criador ordenou. Ele pretendia fazer esta Mitzvá uma regra pela qual todas as Mitzvot seriam mantidas por causa do mandamento do Criador e para  autogratificação.

Em outras palavras, não é que as Mitzvot devam expandir o nosso desejo de receber, o que significa que mantendo as Mitzvot seriamos generosamente recompensados. Muito pelo contrário, mantendo as Mitzvot chegaremos à recompensa de sermos capazes de anular o nosso amor-próprio e conseguir o amor dos outros e, posteriormente, o amor de Deus.

Agora podemos entender o que nossos sábios disseram sobre o versículo “Coloque-os” Ela vem da palavra: “Poção”16. “Se for concedida, ela é uma poção de vida, se não for concedida, é uma poção da morte”. Não concedida significa que se   a pessoa se engaja em Torá e Mitzvot para multiplicar o amor-próprio, para que o corpo adquira bens em troca do seu trabalho. Se concedida, seu amor-próprio é anulado e ele pretende receber uma recompensa que é a força do amor dos outros, pelo qual vai chegar ao amor do Criador, que o seu único desejo será dar contentamento ao Criador.

15 Nota do tradutor: O comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar.

16 Nota do tradutor: O comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar.

AMOR DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“E, certo homem o encontrou e eis que ele estava vagando pelo campo. E o homem perguntou-lhe, dizendo: ‘O que procuras?’ E ele disse: ‘Procuro aos meus irmãos. Diz-me, peço-te, onde eles apascentam o rebanho’” (Gênesis, 37).

Um homem “vagando pelo campo” refere-se a um lugar a partir do qual a colheita do campo para sustentar o mundo deveria brotar. E os trabalhos do campo são arar, semear e colher. Diz-se sobre isso: “Os que semeiam em lágrimas colherão com alegria” e isto é chamado de “um campo que o Senhor abençoou”.

Baal HaTurim explicou que uma pessoa vagando pelo campo refere-se a quem se desvia do caminho da razão, que não sabe o verdadeiro caminho que leva  ao lugar onde ele deve chegar, como em “um burro vagando pelo campo”. E ele chega a um estado em que pensa que nunca alcançará a meta que deve alcançar.

“E o homem perguntou-lhe, dizendo: ‘O que procuras?’” significando  “Como posso te ajudar?” “E ele disse: ‘Procuro aos meus irmãos’”. Para estar junto com meus irmãos, isto é, estar num grupo onde existe amor dos amigos, serei capaz de seguir a trilha que conduz à casa de Deus.

Esta trilha é chamada de “um caminho de doação” e esta via é contra a nossa natureza. Para ser capaz de alcançá-la, não há outro caminho senão o amor dos amigos, pelo qual cada um pode ajudar ao seu amigo.

“E o homem disse: ‘Partiram daqui’”. E Rashi interpretou que eles próprios se tinham afastado da irmandade, ou seja, eles não querem se relacionar com você. Isto, no final, causou o exílio de Israel no Egito. E para sermos resgatados do Egito temos que nos levar a entrar num grupo que quer estar no amor dos amigos e, por isso seremos recompensados com o êxodo do Egito e com a recepção da Torá.

O QUE “AMA AO TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO” NOS DÁ?

Do livro “Cabala Para o Estudante”

O que a lei (Klal14) “ama ao teu próximo como a ti mesmo” nos dá? Através desta lei, podemos vir a amar ao Criador. Se é assim, o que o cumprimento das 612 Mitzvot nos dá?

Primeiro, necessitamos saber o que é uma lei. Sabe-se que um coletivo (Klal) é composto de muitos indivíduos. Sem indivíduos, não pode haver um coletivo. Por exemplo, quando nos referimos a uma audiência como “uma audiência sagrada”, estamos nos referindo a um número de indivíduos que se reuniram e formaram uma unidade. Depois, é nomeado um cabeça para a reunião, etc. e isto é chamado Minian (dez/quorum) ou uma “congregação”. Pelo menos dez pessoas devem estar presentes e então é possível dizer Kedushá (parte específica de uma oração judaica) no  serviço.

O Santo Zohar diz sobre isso: “Onde houver dez, a Divindade habita”. Isto significa que, num lugar onde existem dez homens, existe lugar para a habitação da Divindade.

Daí resulta que a lei “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” é construída sobre 612 Mitzvot. Em outras palavras, se mantivermos as 612 Mitzvot seremos capazes de alcançar a lei “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Acontece que os elementos específicos nos permitem alcançar o coletivo e, quando tivermos o coletivo, seremos capazes de alcançar o amor do Criador, como está escrito: “A minha alma anseia pelo Senhor”.

No entanto, não se pode manter sozinho todos as 612 Mitzvot. Tomemos, por exemplo, a redenção do primogénito. Se o primeiro filho de alguém for uma menina, ele não pode manter a Mitzvá da redenção do primogênito. Além disso, as mulheres estão isentas de observar Mitzvot dependentes do tempo, tais como Tzitzit  e Tefilin. Mas porque “todos de Israel são responsáveis uns pelos outros”, através de todos, eles são mantidos. É como se cada um mantivesse todos os mandamentos em conjunto. Assim, através das 612 Mitzvot, podemos alcançar a lei: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.

14 Nota do tradutor: Em Hebraico, a palavra Klal significa igualmente “lei” e “coletivo”. O autor alterna entre os dois significados.