INTRODUÇÃO AO LIVRO DO ZOHAR

Do livro “Cabala Para o Estudante”

1) Nesta introdução, eu gostaria de esclarecer coisas aparentemente simples que foram procuradas por muitos e pelas quais muita tinta foi derramada tentando clarificá-las. Todavia, elas ainda não nos levaram a uma compreensão satisfatória. E eis as perguntas:

  1. Qual é a nossa essência?
  2. Qual é o nosso papel na longa corrente da realidade, da qual somos apenas pequenos elos?
  3. Quando examinamos a nós mesmos, nos sentimos extremamente inferiores e corruptos, dignos de nada se não a desgraça. Porém, quando examinamos o Criador Que nos formou, somos compelidos a estar no grau mais elevado, pois não há ninguém tão louvável como Ele. Pois é necessário que apenas ações perfeitas derivem de um
    Arquiteto perfeito.
  4. A nossa mente necessita que Ele seja bom e o Provedor da benevolência Que não possui ninguém acima dEle. Como, então, Ele criou tantas criaturas que sofrem e agonizam ao longo de suas vidas? Afinal, não é a natureza do Bom fazer o bem em qualquer caso, e não causar tanto mal?
  5. Como é possível que Ele Que é Eterno, Que não tem princípio nem fim, produza criaturas que vivem, morrem e transitam?

2) De forma a esclarecer todas estas questões, precisamos fazer algumas averiguações preliminares. E não, Deus proíba, onde é proibido, na essência do Criador, da qual nenhum pensamento pode ser concebido e de Quem, portanto, não temos qualquer pensamento ou palavra, a não ser onde a averiguação é uma Mitzvá (mandamento/boa ação), que é a averiguação das Suas ações. É como a Torá nos ordena: “Conhece o Deus de teu pai e sirva-O”, e como diz no Shir HaYichud (Canção da Unificação), “Te conheceremos por Tuas ações”.

Averiguação No. 1: Como podemos imaginar que a criação seria algo novo, ou seja, que algo novo que não estava incluído nEle antes de Ele a criar, quando é óbvio para qualquer observador que não há nada que não esteja incluído nEle? Isto é algo que o senso comum também nos compele a concluir, pois como alguém pode
dar o que não tem dentro de si mesmo?

Averiguação No. 2: Se você diz que do aspecto de Sua onipotência, Ele certamente pode criar existência a partir da ausência, isto é, algo novo que não existia nEle, lá surge a pergunta – que realidade é essa, que pode ser determinada como não tendo lugar nEle, mas que é algo completamente novo?

Averiguação No. 3: Refere-se ao que os Cabalistas disseram, que a alma do ser humano é parte de Deus Acima (Jó, 31:2), de tal maneira que não há diferença entre Ele e a alma, apenas que Ele é o “todo” e a alma é uma “parte”. E eles compararam isto a uma pedra esculpida de uma montanha. Não há diferença entre a pedra e a montanha, exceto que Ele é o “todo” e a pedra é uma “parte”. Logo, nós devemos perguntar: uma coisa é quando uma pedra esculpida de uma montanha é separada dela por um machado feito para esse propósito, causando a separação da “parte” do “todo”. Mas como você pode imaginar isso sobre Ele, que Ele irá separar uma parte da Sua Essência até que ela esteja fora da Sua Essência e se torne separada dEle, isto é, uma alma, ao ponto que só pode ser compreendida como uma parte da Sua Essência?

3) Averiguação No. 4: Dado que a carruagem da Sitra Achra (Outro Lado, Impureza) e das Klipót (cascas) estão tão longe da Santidade do Criador quanto possível, ao ponto que tal afastamento esteja além da nossa capacidade de imaginar, como isto pode ser formado e extraído da Santidade, muito menos que a Sua Santidade o sustente?

Averiguação No. 5: Refere-se à questão da Ressureição dos Mortos: dado que o corpo é tão desprezível, que imediatamente ao nascer ele está condenado a perecer e a ser enterrado. Além disso, O Zohar disse que antes que o corpo apodreça inteiramente – enquanto ainda existem remanescentes dele – a alma não pode ascender até ao seu lugar no Jardim do Éden. Desta forma, porque o corpo deveria ser ressuscitado para a Ressurreição dos Mortos? Não poderia o Criador deleitar as almas sem isso?

Ainda mais desconcertante é o que nossos sábios disseram, que os mortos estão destinados a se levantarem com seus defeitos corporais, para que ninguém seja capaz de dizer que é outra pessoa, e depois disso Ele curará seus defeitos (Kohelet Raba 1:4). Devemos compreender porque o Criador deve se importar tanto que alguém diga que ela era outra pessoa, ao ponto onde Ele recriaria seus defeitos e então teria de curá-los.

Averiguação No. 6: Relativamente ao que nossos sábios disseram, que o ser humano é o centro de toda realidade, que os Mundos Superiores e este mundo corpóreo e tudo neles foram fundamentalmente criados apenas para ele (O Zohar, Tazria, 48), e obrigaram o homem a acreditar que o mundo tinha sido criado para ele (Sanhedrin 37). Isto é aparentemente difícil de compreender: que o Criador tivesse se dado ao trabalho a criar tudo isto para ele – para este insignificante humano que não é digno do valor de nem mesmo um fio de cabelo quando comparado à existência deste mundo, e muito menos em respeito quando comparado à todos os Mundos Superiores, cuja Altura e Sublimidade é imensurável. E também, porque alguém precisaria de tudo isso?

4) Para compreender todas estas perguntas e averiguações, a única tática é examinar o fim da ação, isto é, o propósito da Criação. Pois nada pode ser compreendido no meio do processo, mas apenas no seu fim. E é claro que não há ninguém que aja sem um propósito, pois apenas o insano poderia agir sem um propósito.

Eu sei que existem os que jogam para trás de suas costas o fardo da Torá e Mitzvot (plural de Mitzvá), dizendo que o Criador criou toda a realidade, então deixou-a sozinha, que devido à insignificância de Suas criaturas não é digno do
Criador, que é tão Elevado e Exaltado, olhar sobre seus maus e mesquinhos caminhos. Certamente, eles não falaram por sabedoria pois é impossível comentar a nossa inferioridade e insignificância, antes que decidamos que nós criamos a nós mesmos com todas as nossas naturezas corruptas e repugnantes.

Porém, ao mesmo tempo, se concluirmos que o Próprio Criador, Que é perfeito em todas as perfeições possíveis, é o Artesão Que criou e projetou nossos corpos, com todas as suas inclinações admiráveis e desprezíveis, seguramente, um Fazedor Perfeito nunca criaria um produto desprezível e defeituoso, pois toda ação testemunha a qualidade de seu fazedor. Então que culpa deve ser atribuída em uma vestimenta defeituosa, se um alfaiate ruim a fez?

Na mesma linha de estudo encontramos em Masechet Taanit, 20 uma história é contada sobre o Rabi Elazar, filho do Rabi Shimon bar Yochai, que se cruzou com um homem excessivamente feio. Ele disse para ele: “Quão feio tu és”. E o homem respondeu: “Vá e diga ao Artesão que me fez, ‘Quão feio é o vaso que Tu criaste’”.

Estude isto bem. Aqueles que são sábios em seus próprios olhos e dizem: “Devido a nossa inferioridade e insignificância, não somos dignos que o Criador olhe por nós, e por isto Ele nos abandonou”, não fazem nada a não ser exibir sua própria tolice.

Tente imaginar, suponha que você viesse a encontrar alguém que encontrou uma forma de criar seres vivos com uma Kavaná (intenção) predeterminada para que sofressem e agonizassem ao longo de suas vidas, assim como nós, e não apenas isso, mas assim que as tivesse criado, ele negligentemente as abandonaria, não querendo sequer olhar por elas, para dar-lhes um pouco de ajuda. Quão grandemente você condenaria e desprezaria esta pessoa? É possível imaginar tal coisa da Fonte da Existência – o Próprio Criador?

5) Portanto, o senso comum nos obriga a entender o oposto do que é superficialmente aparente, e estabelecemos que nós somos, de fato, seres nobres e altamente evoluídos, de importância imensurável, exatamente como convém ao
Artesão Que nos fez. Pois qualquer falha ou defeito que você queira atribuir aos nossos corpos, não importa que motivos e desculpas você encontre, termina sendo atribuído ao Criador que criou a nós e a toda nossa natureza, pois é evidente que Ele nos criou e não nós.

Ele também sabe todas as consequências que poderiam ser derivadas de todas estas inclinações naturais e más que Ele colocou em nós. Mas é por isto que dissemos que nós precisamos contemplar o resultado final da ação, e então seremos capazes de compreender tudo. E é um dito comum conhecido por todos: “Não mostres a
um tolo algo no meio de sua criação”.

6) E nossos sábios já nos instruíram (veja Árvore da Vida, Portão dos Vasos, no início do Capítulo 1) que o Criador criou o mundo unicamente para deleitar Suas criaturas. E aqui está onde nós devemos colocar nossos olhos e todos os nossos pensamentos, pois esta é a derradeira Kavaná (intenção) e ação da criação do mundo.

E nós devemos analisar isto: já que o Pensamento da Criação era dar prazer às Suas criaturas, necessariamente segue que Ele deveria ter criado uma grande quantidade de desejo em suas almas para receber aquilo que Ele pensou lhes dar. Afinal, a quantidade de cada prazer e deleite é medida pelo nível do Desejo de Recebê-lo.

Então, quanto maior o desejo de receber, a esta medida o nível do prazer é muito maior, e quanto menor o desejo, a este mesmo nível a quantidade de prazer da recepção é reduzida.

Logo, o Pensamento da Criação em si mesmo requer a criação de um Desejo de Receber excessivo nas almas que seja equivalente ao nível do imenso prazer com que o Todo-Poderoso pensou deleitar as almas. Isto é porque o grande prazer e o grande Desejo de Receber andam de mão dadas.

7) Depois de aprendermos tudo isso, chegamos a um completo entendimento da segunda averiguação, de forma que está absolutamente resolvido.

Nós averiguamos saber que realidade existe lá, que pode ser claramente decidida como não existente e não incluída dentro de Sua Essência, a ponto que pode ser referida como uma nova Criação, Existência a Partir da Ausência. E agora que nós chegamos a conhecer claramente que o Pensamento da Criação era deleitar Suas criaturas, Ele necessariamente criou um nível de Desejo para receber dEle todo este prazer e bondade que Ele planejou para elas. E este Desejo de Receber certamente não estava presente na Sua Essência antes das almas serem criadas, pois de quem Ele receberia? Assim, segue-se que ele criou algo novo, que não estava nEle.

Além disso, é compreendido que de acordo com o Pensamento da Criação, não houve qualquer necessidade de criar algo mais que este Desejo de Receber porque esta nova criação já era suficiente para Ele preencher o Pensamento da
Criação inteiro, que Ele tinha pensado dar sobre nós o prazer. Mas todo o preenchimento no Pensamento da Criação, isto é, todos os prazeres que Ele tinha planejado para nós, derivam diretamente da Sua Essência, e Ele não tem necessidade de recriá-las, dado que eles já estão estendendo como Existência a Partir da Existência, em direção ao grande Desejo de Receber que existe nas almas. E, com isto, ficou absolutamente claro para nós que toda a substância desta Criação gerada, do princípio ao fim, é simplesmente este Desejo de Receber.

8) Agora nós chegamos a compreender a ideia que os Cabalistas tinham em mente, que foi levantada na terceira averiguação. Como estávamos querendo saber sobre elas, como é possível dizer sobre as almas que elas são uma parte de Deus Acima, sendo comparado a uma pedra esculpida de uma montanha, onde não há diferença entre elas exceto que uma é uma “parte” e a outra é o “todo”. Nós perguntamos: é entendível que a pedra foi esculpida da montanha através de um machado que foi especialmente feito para este propósito. Mas quando nós falamos
sobre Sua Essência, como é possível dizer tal coisa e qual ferramenta está lá para separar as almas da Essência do Criador para que deixem de ser o Criador e se tornem seres criados?

Do que foi explicado, se tornou muito claro que assim como um machado corta e divide um objeto material em dois, assim também a Diferença de Forma separa dentro do reino espiritual e os divide em dois. Por exemplo, quando duas pessoas se amam uma à outra, você poderia dizer que elas estão ligadas uma à outra como um corpo. E por outro lado, quando elas odeiam uma à outra, você poderia dizer que elas estão tão longe uma da outra como o Leste é do Oeste. Esta não é uma questão de proximidade ou distância. Pelo contrário, o significado refere-se à Similaridade de Forma: quando elas são similares em forma uma à outra, uma ama tudo que seu amigo ama e odeia tudo que seu amigo odeia, e assim por diante, elas amam-se uma à outra e estão ligadas uma à outra.

Mas se há qualquer Diferença de Forma entre elas, isto é, que uma ama algo que seu amigo odeia, e assim por diante, então ao nível que esta Diferença de Forma existe, elas odeiam uma a outra e estão distantes uma da outra. E se, por exemplo, elas são completamente opostas em forma, no caso em que tudo que uma pessoa ama é odiado pelo seu amigo e tudo que odeia é amado pelo amigo, então elas estão tão distantes uma da outra como o Leste do Oeste, em outras palavras, como de um extremo ao outro.

9) E assim, você descobre que na espiritualidade a Diferença de Forma funciona assim como um machado que separa as coisas no mundo corpóreo, e que o nível da distância é equivalente ao nível da Diferença de Forma. E, disto, você aprende que uma vez que o Desejo de Receber Seu prazer tenha sido profundamente plantado nas almas, como mencionado e provado acima, esta forma não existe de maneira alguma no Criador porque, Deus proíba, de quem Ele receberia? Por isto, é esta Diferença de Forma que as almas receberam, que agiu para separá-los da Sua
Essência, assim como um machado separa a pedra da montanha. Isto aconteceu de tal forma que através desta Diferença de Forma, as almas deixaram de ser um Criador e foram separadas dEle para se tornar criaturas. De fato, o que quer que as almas obtenham da Luz do Criador é uma extensão, Existência a Partir da Existência, da Sua Essência.

Portanto, segue-se desta forma que do aspecto da Sua Luz que é recebida no Vaso que está dentro deles, que é o Desejo de Receber, não há qualquer diferença entre eles e Sua Essência porque eles estão recebendo Existência a Partir da Existência diretamente da Sua Essência. E assim, a única diferença entre as almas e Sua Essência é meramente que as almas são uma parte da Sua Essência.

Isto significa que o nível de Luz que elas recebem no Kli, que é o Desejo de Receber, já é uma parte distinta do Desejo de Receber porque está contida dentro da Diferença de Forma do Desejo de Receber. Pois é esta Diferença de Forma que foi feita uma “parte”, e através disto, ela saiu do aspecto do “todo” e se tornou uma “parte”. Assim, não há diferença entre eles exceto que um é o “todo” e o outro é uma “parte”, como uma montanha e a pedra cortada dela.

Contemple isto bem porque não podemos dizer mais em uma questão tão Elevada.

10) E agora o portão foi aberto para nós entendermos a quarta averiguação: como é possível que a Carruagem da Impureza e das Klipót (cascas) sejam formadas de Sua Santidade, já que eles estão muito distantes da Sua Santidade, como um extremo do outro? E como é possível que Ele os nutra e sustente? Aqui é necessário primeiro entender qual a essência da existência da Impureza e das Klipót (cascas).

Saiba que este grande Desejo de Receber que nós descrevemos – que é o ser essencial das almas do aspecto da própria essência de sua criação, porque elas são preparadas para receber o total preenchimento no Pensamento da Criação – não fica nesta mesma forma nas almas. Porque se isto tivesse permanecido nesta forma nelas, elas seriam sempre forçadas a estarem separadas do Criador, já que a Diferença de Forma nelas as teria separado dEle.

Assim para reparar o problema desta separação, que é colocada sobre o Kli das almas, o Criador criou todos os Mundos e os separou em dois sistemas, de acordo com o significado secreto da passagem da escritura: “O Criador os fez um em oposição ao outro”. Estes são os Quatro Mundos ABYA da Santidade, e opostos a eles estão os Quatro Mundos ABYA da Impureza. O Criador estampou o Desejo de Compartilhar no sistema dos Quatro Mundos ABYA da Santidade, e removeu o Desejo de Receber para Si Mesmo deles (como foi mencionado em Prefácio à Sabedoria da Cabalá, do verso 14 ao verso 19; estude isto bem). E Ele colocou-o no sistema dos Mundos ABYA da Impureza. E devido a isto, eles são separados do Criador e de todos os Mundos da Santidade.

Por esta razão, as Klipót (cascas) são referidas como “mortos”, como é dito nas Escrituras: “sacrifícios dos mortos” (Salmos 106:28) e o mesmo se aplica aos perversos que são atraídos a elas, como nossos sábios disseram: “Os perversos são chamados mortos, mesmo quando ainda estão vivos” (Tratado Berachot 15b). Já que o Desejo de Receber que foi instilado nelas por sua Oposição de Forma da Santidade, as separa da Vida das Vidas e elas estão muito longe dEle, como um extremo ao outro, porque Ele não tem qualquer aspecto de receber, apenas de
doação. No entanto, as Klipót (cascas) não têm qualquer aspecto de compartilhar, apenas de receber apenas para seu próprio prazer, e não há maior divergência que esta. E você já sabe que a distância espiritual começa com alguma Diferença de Forma e termina com uma completa Oposição de Forma, que é a distância mais afastada no último grau.

11) E os mundos gradualmente evoluíram e desdobraram até a realidade deste mundo físico, isto é, ao lugar no qual há uma existência para um corpo e uma alma, e também um período de corrupção e Tikun (correção). Isto é porque o corpo, que é o Desejo de Receber para Si Mesmo, se estende da sua raiz no Pensamento da Criação, como mencionado acima, e passa através do sistema dos Mundos da Impureza, como é dito na passagem da escritura: “e do potro de um asno selvagem nasce um homem” (Jó 11, 12) e ele permanece escravizado sob este sistema até
completar 13 anos de idade, e este é o período da corrupção.

Ao engajar com as Mitzvot dos 13 anos de idade em frente, engajamento pelo propósito de dar prazer ao seu Fazedor, a pessoa começa a purificar o Desejo de Receber para Si Mesmo que está impregnado nela, lenta e gradualmente transformao em Prol de Doar. Através disto, ele atrai a Néfesh da Santidade de sua fonte no Pensamento da Criação. E ela passa através do sistema dos Mundos da Santidade e é vestida em um corpo, e este é o período do Tikun (correção).

E assim a pessoa continua ganhando e atingindo estágios da santidade do Pensamento da Criação no Ein Sóf até que eles a ajudem, a pessoa, a transformar o Desejo de Receber para Si Mesmo nela, para que esteja completamente no aspecto de Receber em Prol de Doar prazer ao seu Fazedor e não para seu próprio benefício.

É assim que ele ganha Similaridade de Forma com seu Fazedor, porque Receber em Prol de Doar é considerado como uma forma de pura Doação.

Como é mencionado em Masechet Kidushin, página 7, sobre uma pessoa importante onde ela dá (o anel) e ele diz (a benção) então esta mulher é santificada.

Pois quando a sua recepção é em prol de a deleitar, a doadora, ela é considerada absoluta doação e compartilhar, estude isto bem. Assim ganhando completa Adesão ao Criador porque a Adesão espiritual não é nada além de Similaridade de Forma, como nossos sábios disseram: “Como é possível aderir a Ele? É apenas ao aderir aos
Seus atributos. Estude isto, Masechet Shabat 133b”. E desta forma, a pessoa se torna digna de receber todos os deleites, prazeres e delícias no Pensamento da Criação.

12) E por meio disto a questão da correção do Desejo de Receber, que está enraizado nas almas como parte do Pensamento da Criação, foi completamente esclarecida. O Criador preparou para eles os dois sistemas ditos, um em oposição ao outro. E através deles as almas passam e são divididas em dois aspectos, corpo e alma, onde um é vestido com o outro.

E através da Torá e Mitzvot, elas são encontradas em sua conclusão, transformando o Desejo de Receber para ser como a forma do Desejo de Compartilhar, e então eles podem receber todos os deleites no Pensamento da
Criação. Ao mesmo tempo, eles merecem uma forte Adesão ao Criador porque através de seu trabalho em Torá e Mitzvot, elas mereceram a Similaridade de Forma com seu Fazedor, que é considerado o Gmar HaTikún (Fim da Correção).

E então, não haverá mais necessidade para o Impuro Sitra Achra, e ele será exterminado da terra e a morte será tragada para sempre. E todo o trabalho em Torá e Mitzvot, que foi dado para toda a humanidade durante os 6000 anos da existência do mundo assim como a todos os indivíduos durante os 70 anos de sua vida, é unicamente para leva-los à completamente correção, a dita Similaridade de Forma.

E o assunto da formação e extensão do Sistema da Impureza e das Klipót (cascas) da Sua Santidade também foi cuidadosamente clarificada. Pois isso tinha que acontecer, para estender através dele a criação dos corpos, que foram depois corrigidos através da Torá e Mitzvot. E se os corpos, com seu Desejo de Receber corrupto, não fossem estendidos até nós através do Sistema da Impureza, nós nunca seríamos capazes de corrigir este desejo, porque uma pessoa não pode corrigir algo que ela não possua dentro dela.

13) Por fim, ainda há uma coisa que precisamos compreender: afinal, o Desejo de Receber para Si Mesmo é tão falho e prejudicial, como ele pode ter emergido no Pensamento da Criação em Ein Sóf, Cuja Unidade está além de
qualquer palavra e além da descrição? A verdade é de fato que Seu mero pensamento completou e manifestou tudo instantaneamente no pensamento de criar as almas, porque Ele não precisa de um instrumento de ação como nós. E assim instantaneamente todas as almas, assim como todos os mundos futuros que seriam criados, saíram e vieram a ser com toda a sua perfeição derradeira e final, com todo o prazer e deleite que Ele pensou para elas, que as almas são destinadas a receber no Gmar HaTikún (Fim da Correção), isto é, depois do Desejo de Receber nas almas ter
atingido a correção completa, e ter se transformado em pura doação em uma completa Similaridade de Forma com o Próprio Emanador.

Isto é assim porque na Sua Eternidade, passado, presente e futuro são como um, e o futuro serve a Ele como o presente. E o conceito da falta de tempo não se aplica a Ele (Zohar, Mishpatim 51 e Zohar Chadash, Bereshit 243). E por este motivo, o Desejo de Receber corrupto não estava de forma alguma em uma forma fragmentada
em Ein Sóf.

Pelo contrário, esta Similaridade de Forma que é destinada a ser revelada no futuro no Gmar HaTikún (Fim da Correção) emergiu instantaneamente na Eternidade do Criador. E neste segredo, os sábios disseram em Pirkei (os Capítulos do) Rabi Eliezer: antes do mundo ser criado, ele estava em um estado de “Ele e Seu Nome são Um” porque a separação de forma, que está no Desejo de Receber, não tinha sido revelada na existência das almas que emergiram no Pensamento da Criação. Pelo contrário, elas aderiram a Ele em Similaridade de Forma, de acordo com o segredo de “Ele e Seu Nome são Um”. Veja em Talmud Eser Sefirot (O Estudo das Dez Emanações), Parte Um.

14) Você descobre necessariamente que no todo, existem três estados para as almas:

O Primeiro Estado é sua existência em Ein Sóf, no Pensamento da Criação, onde elas já tinham sua forma futura que aparecerá no Gmar HaTikún (Fim da Correção).

O Segundo Estado é sua existência ao longo dos 6000 anos, onde elas foram divididas pelos dois sistemas acima mencionados em corpo e alma, e receberam o trabalho com a Torá e Mitzvot, para transformar o Desejo de Receber nelas em Desejo de Doar Prazer ao seu Fazedor, e não para si mesmas.

E durante o período deste estado, nenhuma correção virá aos corpos, apenas à Néfesh. Isto significa que elas têm que erradicar de si mesmas qualquer aspecto da recepção para si mesmas, que é o aspecto do corpo, e continuar unicamente no aspecto do Desejo de Doar, que está na forma do Desejo das almas. E mesmo as almas dos Tzadikim (Justos) não serão capazes de rejubilar no Jardim do Éden após sua morte, apenas depois que seus corpos sejam decompostos na terra.

O Terceiro Estado é o Gmar HaTikún (Fim da Correção) das almas, depois da Ressurreição dos Mortos. Então a completa correção chegará aos corpos também, porque então eles também terão transformado a recepção para si mesmos, que é a forma do corpo, para que a forma de pura doação esteja sobre ele, e eles serão dignos de receber para si mesmos todos os deleites, prazeres e benevolência que existem no Pensamento da Criação.

E com tudo isso, eles ganharão a forte adesão pela virtude de fazer sua forma similar à do seu Fazedor. Porque eles não receberão tudo isto pela virtude de seu Desejo de Receber, mas pelo contrário, pela virtude do Desejo de Dar Prazer ao seu Fazedor, dado que Ele desfruta quando eles recebem dEle. E por propósitos de brevidade, daqui em diante eu usarei os nomes destes três estados, ou seja, “Primeiro Estado”, “Segundo Estado” e “Terceiro Estado”. E você deve relembrar tudo que foi explicado aqui sobre cada um destes estados.

15) E quando você examina os três estados acima, você descobre que um necessita completamente da existência do outro, de uma maneira que, se fosse possível que mesmo uma pequena parte de qualquer um deles fosse cancelada, todos seriam cancelados.

Por exemplo, se o Terceiro Estado – que é a transformação da forma de recepção na forma de doação – não aparecesse no Primeiro Estado, necessariamente, não teria aparecido no Ein Sóf.

Afinal, a perfeição emergida em sua totalidade foi apenas porque foi destinada a se manifestar no Terceiro Estado, que já servia em Sua eternidade como se estivesse no presente. E toda a perfeição que foi formada lá, naquele estado, foi como se tivesse sido copiada do futuro no presente que estava lá. Assim, se fosse possível que o futuro fosse cancelado, não haveria qualquer realidade no presente. Portanto, isto significa que o Terceiro Estado requer toda a realidade do Primeiro Estado.

Tanto o mais quando algo é cancelado do Segundo Estado, que é onde nós encontramos todo o trabalho que é destinado a ser completado no Terceiro Estado, isto é, o trabalho em corrigir o que está corrupto, e em atrair os níveis das almas, como viria a existir um Terceiro Estado? Então segue-se que o Segundo Estado
necessariamente requer o Terceiro Estado.

Também, a existência do Primeiro Estado em Ein Sóf, onde a perfeição do Terceiro Estado já está presente, necessita definitivamente que ele corresponda, isto é, para o Segundo e Terceiro Estados serem revelados. Ou seja, verdadeiramente com toda a perfeição que existe lá, não menos e não mais.

Então segue-se que o Primeiro Estado em si requer, necessariamente, que os sistemas se expandam um oposto ao outro no Segundo Estado da realidade para permitir um corpo com o Desejo de Receber, que é corrompido pelo Sistema da Impureza para que possamos corrigi-lo. Mas se não houvesse um sistema dos Mundos da Impureza, não teríamos tido este Desejo de Receber, e não poderíamos corrigi-lo e atingir o Terceiro Estado, porque uma pessoa não corrige algo que não possui dentro de si. Portanto, nós não devemos perguntar como a existência do Sistema da
Impureza veio a existir no Primeiro Estado porque, de fato, é o Primeiro Estado que precisa da sua realidade e sua existência no Segundo Estado.

16) Não devemos levantar a questão que, de acordo com isto, a livre escolha é anulada de nós, Deus proíba, porque nós temos que atingir a perfeição e definitivamente chegar ao Terceiro Estado, já que ele já está presente no Primeiro
Estado. O ponto é que o Criador preparou para nós dois caminhos no Segundo Estado para nos levar ao Terceiro Estado:

  1. O Caminho de Guardar Torá e Mitzvot na maneira que foi clarificada acima.
  2. O Caminho do Sofrimento, onde o sofrimento em si purifica o corpo e finalmente nos força a transformar o Desejo de Receber dentro de nós e tomar a forma do Desejo de Compartilhar e assim aderir ao Criador. E isto é de acordo com o que nossos sábios disseram (no Tratado Sanhedrin, 97b): “Se consertares os teus caminhos, bom! E se não, eu porei sobre ti um rei como Haman, e contra tua vontade ele te trará de volta ao caminho certo”. E isto é o que nossos sábios disseram sobre a passagem da escritura: “…em seu devido tempo, Eu o apressarei”, se eles tiverem mérito, Eu o apressarei; e se não, será em seu devido tempo (Tratado Sanhedrin, 98a).

O significado aqui é que se nós ganharmos mérito através do primeiro caminho, que é ao seguir a Torá e Mitzvot, então nós apressaremos nosso Tikun (correção), e nós não precisaremos do sofrimento duro e amargo juntamente com o comprimento suficiente de tempo para obtê-los, para que eles possam nos retornar ao caminho certo contra nossa vontade. E se não, “em seu devido tempo”, que significa apenas depois do período em que o sofrimento completará nossa correção, e o tempo da correção é forçado sobre nós contra a nossa vontade. A punição das
almas no Gehinom (Purgatório) também está incluída no Caminho do Sofrimento.

Mas de uma forma ou de outra, o Gmar HaTikún (Fim da Correção) – o Terceiro Estado – é absolutamente necessário e garantido do aspecto do Primeiro Estado, e todo o assunto da nossa livre escolha vem da escolha entre o Caminho do Sofrimento e o Caminho da Torá e Mitzvot. Assim nós clarificamos cuidadosamente como estes três estados das almas estão interligados e são necessários e essenciais um ao outro.

17) De tudo o que foi explicado, a dita terceira averiguação que nós examinamos pode ser bem compreendida. Isto é, quando olhamos para nós mesmos sendo tão corruptos e mesquinhos como nenhum outro em condenação, embora
quando olhemos ao Fazedor Que nos criou, nós devemos ser impecavelmente sublimes como nenhum outro em louvores, como convém ao Fazedor Que nos criou. Isto é porque é a natureza do Fazedor Que é Perfeito, que Suas ações sejam perfeitas.

E do que foi dito, é bem compreendido que este nosso corpo, com todos seus padrões e todas suas posses insignificantes, não é de forma alguma nosso corpo verdadeiro. Nosso corpo verdadeiro, isto é, nosso eterno, que é completo em cada tipo de perfeição, já existe, colocado e localizado em Ein Sóf no estado do Primeiro Estado, onde ele recebe sua forma completa do que será no futuro no Terceiro Estado, isto é, Recepção na forma de Doação, que está em Similaridade de Forma com Ein Sóf.

E se de fato o Primeiro Estado em si dita que nós iremos, no Segundo Estado, receber a Klipá deste nosso corpo em sua forma mesquinha e corrupta, isto é, o Desejo de Receber para Si Mesmo, que é a força que cria a separação de Ein Sóf, como mencionamos anteriormente, para corrigi-lo e nos permitir receber nosso corpo eterno em sua forma completa no Terceiro Estado, nós não devemos protestar furiosamente sobre isso de forma alguma porque nosso trabalho seria possível apenas neste corpo transitório e mesquinho, já que uma pessoa não pode corrigir algo que
não possui dentro de si.

De fato, mesmo no nosso Segundo Estado, nós verdadeiramente somos posicionados na mesma taxa de perfeição que é adequada e convém ao Perfeito Fazedor Que nos criou porque este corpo não nos causa, de forma alguma, um
defeito. Afinal, este corpo é destinado a morrer e ser cancelado, e está disponível para nós apenas pelo período de tempo necessário para cancelá-lo para que possamos receber nossa forma eterna.

18) Ao mesmo tempo, nós estamos liquidando a quinta averiguação que levantamos: como é possível que do Eterno conduzam ações que são transitórias e perecíveis? Do que nós já explicamos, é claro que verdadeiramente nós emergimos de dentro dEle, como convém Sua Eternidade, isto é, como seres eternos em toda perfeição. E esta nossa eternidade necessita que a Klipá do corpo, que nos foi dada apenas para o trabalho, será perecível e desprezível porque se fosse eterna, Deus proíba, teríamos permanecido, Deus proíba, eternamente separados da Essência de
toda vida.

Nós já dissemos no verso 13 que esta forma do nosso corpo, que é o Desejo de Receber para Si Mesmo, não existe de forma alguma no eterno Pensamento da Criação porque lá nós existimos em nossa forma do Terceiro Estado. Mas ele é completamente necessário para nós no Segundo Estado da realidade para nos permitir corrigi-lo, como mencionado acima.

Nós dissemos anteriormente (Item 13), que esta forma do nosso corpo, que é o desejo de receber somente para nós mesmos, não está presente no eterno Pensamento da Criação, pois lá nós estamos na forma do terceiro estado. Todavia, ela é obrigatória no segundo estado, para nos permitir corrigi-la.

Nem devemos perguntar sobre a condição do restante dos seres criados do mundo, além da humanidade, porque a humanidade é o centro de toda Criação, como será mostrado abaixo. Os outros seres criados não contam e não tem valor por si próprios, além da extensão que eles ajudem o homem a leva-lo à perfeição, e portanto eles sobem e caem com ele, sem qualquer significância própria.

19) E com isso, nós clarificamos a quarta averiguação que nós levantamos: dado que a natureza do Bom é agir e fazer o bem, como o Criador criou, do princípio, criaturas que passassem por agonia e sofrimento durante suas vidas?

Como foi dito, todo este sofrimento é ditado pelo nosso Primeiro Estado, onde nossa completa eternidade que recebemos do futuro Terceiro Estado nos força a tomar ou o Caminho da Torá ou o Caminho do Sofrimento, até que eventualmente atinjamos nossa eternidade no Terceiro Estado (como mencionado acima no verso 15).

E todo este sofrimento pertence apenas à Klipá do nosso corpo, que foi criada apenas para a morte e sepultamento. Isto nos ensina que o Desejo de Receber para Si Mesmo nele foi criado apenas para ser erradicado e apagado do mundo e para ser transformado em Desejo de Compartilhar. Assim, o sofrimento que passamos é nada mais que revelações para nos mostrar a insignificância e o dano que é correlato a ele.

Venha e veja, no momento em que todas as pessoas do mundo concordarem unanimemente a cancelar e erradicar o Desejo de Receber para Si Mesmo que está nelas, e tenham nenhum outro desejo se não compartilhar com seus próximos, então todas as preocupações e males serão erradicados do mundo e todos serão assegurados de uma vida sã e íntegra. Isto é porque cada um de nós terá então o grande mundo para cuidar de si e preencher suas necessidades.

E, de fato, no momento em que todos possuírem apenas o Desejo de Receber para Si Mesmo, disto ele se desenvolve na fonte de todas as preocupações, sofrimentos, guerras e massacres, que são inescapáveis, e que enfraquecem nosso
corpo com várias doenças e aflições. E você descobrirá que todos os sofrimentos que existem no nosso mundo são apenas expressões trazidas perante os nossos olhos para nos empurrar para cancelar nossa Klipá má do corpo e receber a forma sã do Desejo de Compartilhar. E isto é o que nós dissemos, que o Caminho do Sofrimento em si é
capaz de nos levar até a forma desejada. E saiba que as Mitzvot entre uma pessoa e seu próximo tem prioridade sobre as Mitzvot entre uma pessoa e o Criador porque doar para um próximo a leva a doar para o Criador.

20) Agora que tudo isto foi explicado, a primeira averiguação que levantamos: “Qual é a nossa essência” foi resolvida. Isto é porque nossa essência é a mesma da essência de todos os indivíduos na realidade, que é nada mais e nada menos que o Desejo de Receber (como mencionado acima no verso 7). Porém, não como nos aparece agora na Segunda Realidade, que é o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo, mas pelo contrário na forma que ele existe no Primeiro Estado, em Ein Sóf, isto é, na forma eterna, que é Receber em Prol de Compartilhar prazer ao seu Fazedor (como mencionado acima no verso 13).

E embora nós não tenhamos ainda alcançado o Terceiro Estado, e nos falte ainda tempo, isto não danifica a nossa principal essência porque nosso Terceiro Estado é necessário pela virtude do Primeiro Estado. Portanto, tudo o que é devido a ser recolhido é considerado como se já tivesse sido recolhido, e porque ainda nos falta tempo, é considerado uma carência apenas quando há incerteza se nós devemos completar este tempo que é necessário estar completo.

Mas já que nós não temos qualquer dúvida sobre isto, é como se nós já tivéssemos atingido o Terceiro Estado. E o corpo em sua forma negativa, que foi nos dado por agora, não estraga a nossa essência porque ele e todas as suas propriedades serão erradicados junto com o Sistema da Impureza do qual eles despertaram. E tudo que está destinado a ser queimado já é considerado como se estivesse queimado, e é considerado como se nunca tivesse existido.

De fato, a Néfesh, que está vestida neste corpo e cuja essência também está em um aspecto do Desejo, embora um Desejo de Compartilhar, que se estende até nós do sistema dos Quatro Mundos da Santidade ABYA (como mencionado acima no item 11), ela existe por toda eternidade. Isto é porque esta forma do Desejo de Compartilhar está em Similaridade de Forma com Ele, a Fonte Vivente de toda Vida e não tem qualquer mudança dentro dele, Deus proíba. A elaboração neste assunto será explicada abaixo, do item 32 em diante.

21) E não deixe seu coração oscilar pelas opiniões dos filósofos que alegam que a própria essência da Néfesh é uma substância mental, que seu ser apenas ganha vida através dos pensamentos intelectuais que ela pensa, e destes ela cresce e tornase todo seu ser. E o assunto da continuação da alma após o corpo morrer depende inteiramente do nível intelectual e do conhecimento que ganhou, ao ponto que se ela não ganhasse este conhecimento, então não haveria nada pelo qual a alma possa continuar a existir. Esta não é a opinião da Torá e também não é aceitável ao coração.

Qualquer ser vivente que já tenha tentado ganhar conhecimento intelectual sabe e sente que este conhecimento é algo que é adquirido e não é a essência daquele que o adquire.

Mas, como explicado, toda a substância da Criação renovada, tanto a substância dos objetos espirituais quanto a substância dos objetos físicos, não é mais e nem menos que um aspecto do Desejo de Receber (e mesmo que tenhamos dito que a Néfesh é apenas o Desejo de Compartilhar). Este vem apenas do poder das correções das Vestimentas da Luz Retornante que ela recebe dos Mundos Superiores, dos quais ela vem até nós.

O assunto desta Vestimenta é bem explicado no Prefácio à Sabedoria da Cabalá (versos 14, 15, 16 e 19; de fato, a própria essência da Néfesh é também o Desejo de Receber, estude lá e você entenderá). E toda a capacidade perceptiva que é dada a nós para distinguir entre um objeto e outro é distinguida apenas pelos seus Desejos porque o Desejo que está em todos os seres dá a luz a suas necessidades, e estas necessidades produzem pensamentos e conhecimento a esta extensão, que ele irá atingir e adquirir estas necessidades, porque o Desejo de Receber necessita deles.

E assim como os desejos das pessoas são diferentes uns dos outros, assim, também, as suas necessidades, pensamentos e conhecimento intelectual difere um do outro. Por exemplo, os indivíduos cujo Desejo de Receber é limitado apenas às luxúrias animais, então suas necessidades, pensamentos e conhecimento intelectual serão apenas para preencher estes desejos em toda a sua luxúria animalesca. E mesmo que estas pessoas usem sua mente e conhecimento intelectual como humanos, em qualquer caso é suficiente que o escravo seja como seu mestre, e suas mentes ainda são como uma mente Animal porque ela está completamente escravizada e serve seus
desejos Animalescos.

E com aqueles cujo Desejo de Receber é especialmente forte com relação aos desejos humanos, tais como honra e dominar os outros, que não estão presentes nas espécies Animais, então a essência de todas as suas necessidades, pensamentos e aprendizagem é apenas para satisfazer aqueles desejos à máxima possível extensão. E para aqueles cujo Desejo de Receber é invocado principalmente em receber educação intelectual, então suas principais necessidades, pensamentos e aprendizagem são voltados para satisfazer este desejo a sua plenitude.

22) Estes três tipos de desejos estão presentes, na maior parte, em todos os membros das espécies humanas, mas eles são misturados em cada indivíduo diferentemente. Esta é a fundação das diferenças entre uma pessoa e outra. E das qualidades materiais nós também podemos deduzir sobre as propriedades dos objetos espirituais, de acordo com seu valor espiritual.

23) De tal forma, que mesmo a Néfesh dos humanos – que é espiritual e que, pela virtude da vestimenta pela Luz Retornante que eles recebem dos Mundos Superiores de onde eles vieram – não tem outro desejo se não dar prazer ao seu Fazedor, e este Desejo é a essência e o próprio ser da Néfesh, como mencionado acima. Assim, uma vez que é vestida com um corpo humano, ela dá a luz nele às necessidades, pensamentos e conhecimento pelo propósito de preencher o próprio Desejo de Compartilhar da forma mais completa possível. Em outras palavras, dar prazer ao seu Fazedor, de acordo com o nível de quanto ela deseja.

24) E já que a essência e o próprio ser do corpo é o Desejo de Receber para Si Mesmo, e todas as suas interações e suas posses são o preenchimento deste corrupto Desejo de Receber, que foi inicialmente criado apenas para ser exterminado e removido do mundo para atingir o completo Terceiro Estado no Gmar HaTikún (Fim da Correção), portanto, por esta razão, ele é perecível e um ser mortal inútil, tanto ele quanto suas posses com ele, como uma sombra que passa e não deixa nenhum rastro atrás de si.

E dado que a essência e o próprio ser da Néfesh é o Desejo de Compartilhar, e todas as suas interações e posses são preenchimentos daquele Desejo de Compartilhar, que já existe e é estabelecido no eterno Primeiro Estado assim como no Terceiro Estado que é o futuro a vir, portanto ela não é de forma alguma mortal e perecível, mas ela e todas as suas posses são eternas, vivas e existem para sempre, e nenhum desvanecimento ou perda ocorre a elas com a morte do corpo. De fato, o caso é o oposto: a perda da forma falha e corrupta do corpo fortalece a alma
consideravelmente e o permite a ascender mais alto naquele momento, em direção ao Jardim do Éden.

E foi bem explicado que a qualidade eterna da Néfesh não depende de forma alguma do conhecimento que ela adquiriu, como aqueles filósofos alegaram; pelo contrário, sua natureza eterna está em sua própria essência, isto é, no Desejo de Compartilhar, que é sua essência, enquanto o conhecimento que ela ganhou é sua recompensa, não sua essência.

25) Disto, nós ganhamos a completa resposta para a nossa quinta averiguação, onde perguntamos: sendo que o corpo é tão corrupto ao ponto que a Néfesh não atinge seu sentido último de pureza até que o corpo tenha sido
decomposto na terra, por que então ele retorna e se levanta na Ressurreição dos Mortos? E também ao que os nossos sábios se referem quando dizem: “Os mortos ressuscitarão com suas falhas, para que não digam que é outra pessoa!” (Zohar, Emor verso 51 e Kohelet Raba 1:4).

Esta questão você pode entender claramente se referindo ao Pensamento da Criação, isto é, o Primeiro Estado, porque nós dissemos que já que o Pensamento da Criação era doar prazer sobre Suas criaturas, era então necessário que Ele criasse um extremamente grande Desejo de Receber toda esta grande e boa abundância incluído no Pensamento da Criação, já que o Grande Prazer e o Grande Desejo andam de mãos dadas (como mencionado acima nos itens 6 e 7, estude isto bem).

Nós dissemos lá que este Grande Desejo de Receber é toda a substância renovada que Ele criou porque nada mais é necessário para sustentar o Pensamento da Criação. E é a natureza do perfeito Fazedor que Ele não faça qualquer coisa supérflua, como é dito no Shir HaYichud (Poema da Unificação): “De todo Teu trabalho, nem uma coisa Tu esqueces, omites, ou acrescentas”.

E nós também dissemos lá que este excessivo Desejo de Receber foi completamente removido do Sistema da Santidade e foi dado ao sistema dos Mundos da Impureza, dos quais a existência dos corpos, seu sustento e todas as suas posses Neste Mundo emergem, até que a pessoa atinja a idade de 13 anos. É através do envolvimento com a Torá que ela começa a atingir a Néfesh da Santidade. Então ele sustenta a si mesmo do sistema dos Mundos da Santidade, de acordo com o nível da grandeza da alma da Santidade que ele alcançou.

Nós também dissemos acima que durante estes 6000 anos que foram dados para nós para engajar na Torá e Mitzvot, nenhuma correção vieram dali ao corpo que é o excessivo Desejo de Receber dentro dele, e todas as correções que vem através do nosso trabalho atingem apenas a Néfesh, que então ascende por meio dele até os estágios mais elevados da santidade e pureza, ou seja, para aumentar o Desejo de Compartilhar que é estendido junto com a Néfesh.

Por esta razão, o corpo é destinado a morrer, ser sepultado e apodrecer porque ele não recebeu qualquer das correções para si mesmo. De fato, ele não pode permanecer desta forma porque afinal, se o excessivo Desejo de Receber é removido do mundo, então o Pensamento da Criação não seria preenchido. O Pensamento da Criação significa que eles irão receber todos os grandes prazeres que Ele pretendeu doar sobre Suas criaturas. Afinal, o Grande Desejo de Receber e o Grande Prazer andam de mãos dadas, e ao nível que o Desejo de Receber é diminuído, o deleite e o prazer do recebimento são diminuídos a esta extensão.

26) Nós já dissemos que o Primeiro Estado absolutamente necessita do Terceiro Estado, que emerge em sua total extensão do Pensamento da Criação no Primeiro Estado, sem qualquer coisa sendo omitida dele (como mencionado acima no item 15). Portanto, o Primeiro Estado necessita da Ressurreição dos Corpos Mortos, que quer dizer seu excessivo Desejo de Receber, que já pereceu, deteriorou e se decompôs no Segundo Estado, deve ser ressuscitado com toda sua excessiva magnitude sem quaisquer restrições, ou seja, com todos os seus defeitos originais.

Então o trabalho começa novamente para transformar este excessivo Desejo de Receber para que possa ser apenas no nível em prol de dar, e então nós teremos ganhado em dobro:

  1. Nós teremos um espaço para receber todo o deleite, prazer e doçura incluídos no Pensamento da Criação, pela virtude de já ter um corpo com um excessivo Desejo de Receber dentro dele, que está completamente de acordo com estes prazeres, como mencionado acima.
  2. Já que receber desta forma apenas será ao nível de dar prazer ao nosso Fazedor, então este recebimento é considerado completa doação (como mencionado acima no item 11), nós também atingimos Similaridade de Forma, que é completa Dvekút (Adesão) e que é nosso estado no Terceiro Estado. Assim, o Primeiro Estado necessariamente demanda e necessita da Ressurreição dos Mortos.

27) De fato, não é possível haver uma Ressurreição dos Mortos exceto muito próximo do Gmar HaTikún (Fim da Correção), isto é, no fim do Segundo Estado da existência. Pois após nós termos merecido negar nosso excessivo Desejo de Receber e termos recebido o Desejo de Apenas Doar, e após termos merecido todos os maravilhosos níveis da Alma, que são chamados Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá ao trabalhar em negar este Desejo de Receber, nós iremos então atingir tal grande perfeição que é impossível trazer o corpo de volta a vida com a totalidade do seu excessivo Desejo de Receber. E, nós não seremos mais prejudicados por nos separar de nossa Dvekút.

Pelo contrário, nós o superamos e lhe demos a forma da Doação, como mencionado acima. De fato, esta é a forma de nos conduzirmos com cada qualidade negativa particular que queremos remover de nós mesmos: Primeiro, nós temos que removê-lo completamente aos seus alcances máximos, para que nada seja deixado dele. Então, é possível voltar e recebe-lo e direcioná-lo no caminho do meio. E enquanto não tivermos removido ele de nós mesmos, nós não poderemos de forma alguma direcioná-lo de acordo com o desejado caminho do meio.

28) Isto é o que nossos sábios queriam dizer quando disseram que os mortos serão ressuscitados com todos os seus defeitos (Zohar, Sulam, Emor, verso 51 e Kohelet Raba 1:4), e então depois serão curados. Isto significa, como dissemos acima, que primeiro o corpo será ressuscitado com seu excessivo Desejo de Receber que não tem quaisquer fronteiras. Foi levantado sobre a carruagem dos Mundos da Impureza antes que tivessem merecido de alguma forma purifica-lo mesmo um pouco através da Torá e Mitzvot. Este é o que eles quiseram dizer por “com todos os seus defeitos”.

E então nós começamos com o novo trabalho: colocar todo este excessivo Desejo de Receber sob a Forma de Doação, como foi mencionado acima; e isto é quando é curado porque ele atingiu então Similaridade de Forma. E eles disseram que a razão é para que ninguém pudesse dizer que é outra pessoa, ou seja, que não será dito dele que ele é uma forma diferente da que ele era no Pensamento da Criação. Afinal, seu excessivo Desejo de Receber ficou lá pronto para receber todo deleite do Pensamento da Criação, exceto que no meio tempo, foi dado às Klipót e
é possível ser purificado.

Mas, no final, não é permitido estar em um corpo diferente porque se a ele estivesse faltando qualquer nível, mesmo um pouco, então é como se fosse alguém completamente diferente e não seria de forma alguma apto para todo o deleite que está lá no Pensamento da Criação, da mesma forma que ele recebia no Primeiro Estado. Entenda isto bem.

29) Em tudo que foi explicado até agora, uma abertura foi criada para nós resolvermos a segunda questão mencionada anteriormente, que é: Durante nosso curto período de vida, qual é o nosso papel na longa cadeira da realidade, da qual nós somos apenas pequenos elos? Saiba que nosso trabalho durante nossa vida de 70 anos é dividido em quatro divisões.

Na Primeira Divisão, nós obtemos o excessivo Desejo de Receber sem fronteiras, em toda sua magnitude falha, sob o controle do sistema dos Quatro Mundos Impuros de ABYA. Isto é porque se nós não tivermos este corrupto Desejo
de Receber, nós não podemos corrigi-lo de forma alguma porque ninguém pode corrigir algo que não possui.

Portanto, não apenas este é o nível do Desejo de Receber arraigado no corpo em sua fonte ao ar do mundo, ele além disso deve ser um veículo para as Klipót impuras por não menos que 13 anos. Isto significa que as Klipót devem governá-lo e sustentá-lo de suas Luzes. Suas Luzes continuam aumentando o Desejo de Receber porque o preenchimento deste Desejo de Receber que as Klipót fornecem não faz nada exceto aumentar constantemente a demanda deste Desejo de Receber.

Por exemplo, ao nascer, tem um desejo por apenas uma centena e não mais; mas quando a Sitra Achra preenche este desejo por uma centena, imediatamente o Desejo de Receber cresce e quer duas centenas. E então, quando a Sitra Achra fornece a ela o preenchimento das duas centenas, o desejo se torna maior e ela quer quatro centenas. E se não superar a si mesma através da Torá e Mitzvot para purificar o Desejo de Receber e transformá-lo em Doação, então seu Desejo de Receber continuará ficando maior ao longo de sua vida, ao ponto que “não há uma pessoa que morra tendo metade dos seus desejos preenchidos”. E isto é considerado que ela está sob o domínio da Sitra Achra e das Klipót, cujo propósito é expandir e ampliar seu Desejo de Receber e fazê-lo excessivo e sem quaisquer limites. A razão para isto é fornecer àquela pessoa com todas as substâncias que precisa para trabalhar nisto e corrigi-lo.

30) A Segunda Divisão é dos 13 anos em diante, durante o qual a força é dada àquele Ponto em Seu Coração, que é o segredo do Dorso da Néfesh da Santidade, que é vestida com seu Desejo de Receber desde o momento de seu
nascimento, embora ele não comece a despertar até a idade dos 13 anos. E então ela começa a cair sob o domínio do sistema dos Mundos da Santidade, de acordo com o nível que ela engaja com a Torá e Mitzvot.

E seu principal propósito neste momento é atingir e expandir seu Desejo de Receber espiritual porque desde o momento de seu nascimento, ele não teve nenhum Desejo de Receber exceto pela fisicalidade. Portanto, mesmo que ele tenha atingido o excessivo Desejo de Receber antes dos 13 anos de idade, este não é o fim do crescimento do seu Desejo de Receber. O principal crescimento deste Desejo de Receber pode apenas ser atingido na espiritualidade.

Por exemplo, antes dos 13 anos de idade, seu Desejo de Receber ansiava devorar todas as riquezas e a honra deste mundo material, e é evidente à todos que para ele, este é um mundo que não é eterno e que é disponível para todos apenas como uma sombra passageira, que está aqui um momento e some no próximo. Este não é o caso quando ele adquire o excessivo Desejo de Receber espiritual porque então ele quer devorar para seu próprio prazer todo o deleite e riquezas do eterno Mundo Vindouro, que para ele é uma aquisição da eternidade e imortalidade.

Assim, a essência de seu excessivo Desejo de Receber não é completada a menos que seja um Desejo de Receber espiritualidade.

31) E isto é o que foi referido nos Tikunim (Zohar, Novas Correções 97:b) sobre a passagem das escrituras: “A Sanguessuga tem duas filhas; ‘Hav, Hav (Hebraico: Dê, Dê)’ elas gritam”. (Provérbios 30:15) “Sanguessuga” se refere ao Gehinom (Purgatório), e os perversos que estão presos neste Purgatório gritam como um cão: “Hav, Hav” (Dê, Dê), isto é, “Nos dê as riquezas Deste Mundo; nos dê as riquezas do Mundo Vindouro”.

Todavia, apesar de tudo isto, ele é um estágio imensuravelmente mais importante que o primeiro porque além de possuir a real magnitude do Desejo de Receber e ser provido com toda a ‘substância’ que precisa para o trabalho, é este estágio que a leva até Lishmá (em Nome Dela), como nossos sábios disseram (no Tratado Pessachim 50:b): Uma pessoa deve sempre se engajar com a Torá e Mitzvot Lo Lishmá (não em Nome Dela), pois de Lo Lishmá chega até Lishmá”.

Por esta razão, o seguinte estágio, que vem após os 13 anos de idade, é considerado como um aspecto da Santidade, e este é o segredo de “a criada da Santidade que está servindo sua senhora”, que é o segredo da Santa Shechiná
(Divindade). É a criada que o leva até Lishmá, e assim ele merece a presença da Shechiná. Entretanto, ele tem que aplicar todos os meios apropriados para chegar até Lishmá, porque se ele não fizer este esforço e, Deus proíba, não chegar até Lishmá, então ele cairá na armadilha da Criada da Impureza, que é oposta à Criada da Santidade e cujo único foco é confundir o ser humano, para que engajar em Lo Lishmá não o leve até Lishmá. E dela foi dito: “uma Criada que é herdeira de sua senhora” (Provérbios 30:23) pois ela não deixará o ser humano se aproximar da senhora, que é a Santa Shechiná.

E o estágio final nesta divisão é que se apaixonará com o Criador com grande paixão, semelhante a uma pessoa apaixonada que está tão inflamada com luxúria material ao nível que esta luxúria não a deixa todo dia e toda noite.

Nas palavras do poeta: “Quando eu me lembro dEle, Ele não me deixa dormir”. E é então dito sobre ele: “Luxúria é despertada pela Árvore da Vida” (Provérbios 13:12). Isto é assim porque os cinco níveis da alma são o segredo da Árvore da Vida, cujo intervalo é 500 anos, pois cada nível é 100 anos. Isto significa que isto a levará a obter todos estes cinco Bechinot (discernimentos) NARANCHAY (Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá), que são explicados na terceira divisão.

32) A Terceira Divisão é o trabalho em Torá e Mitzvot Lishmá, que significa em prol de doar e não receber recompensa. Este trabalho purifica o Desejo de Receber para Si Mesmo e o transforma em um Desejo de Compartilhar, que, ao nível da pureza do Desejo de Receber, lhe faz digna e preparada para receber as cinco partes da alma, que são chamadas NARANCHAY (veja abaixo Item 42). Isto é porque elas são estruturadas como o Desejo de Compartilhar (como mencionado acima no Item 23) e não podem entrar e revestir com este corpo enquanto o Desejo de Receber, ou mesmo em Diferença de Forma, o dominar.

Isso é porque a questão de revestir a si mesmo e a Similaridade de Forma são alinhadas uma com a outra (como discutido anteriormente no Item 11). E uma vez que a pessoa mereça estar completamente com o Desejo de Compartilhar e não para seu próprio benefício, isto indica que ela mereceu a Similaridade de Forma com seus
superiores NARANCHAY, que se estendem do Primeiro Estágio da sua fonte no Ein Sóf através dos ABYA da Santidade, e eles irão imediatamente serem atraídos a ela e se revestirão com ela gradualmente.

A Quarta Divisão é o trabalho que é aplicado após a Ressurreição dos Mortos, isto é, quando o Desejo de Receber, após ter sido completamente ausente através da morte e sepultamento, retornar e estar novamente vivo com a pior forma do excessivo Desejo de Receber. Este é o significado secreto do dito que os mortos são destinados a serem ressuscitados com seus defeitos (como mencionado acima no Item 28). E então eles o transformarão em Receber na forma de Compartilhar, como foi explicado lá extensivamente. De fato, existem alguns indivíduos unicamente
selecionados que receberam este trabalho enquanto ainda estavam vivos Neste Mundo.

33) A sexta averiguação permaneceu para nós explicarmos, sobre o que os sábios nos disseram: que todos os Mundos Superiores e Inferiores foram criados unicamente pelo bem do homem (Tratado Sanhedrin, 37). Parece muito intrigante que o Criador se incomodaria em criar todos estes mundos para este homem insignificante, que não é nem mesmo um fio de cabelo em comparação com toda a realidade que nós vemos aqui Neste Mundo, e muito menos quando comparado aos Mundos Espirituais Superiores. E ainda mais intrigante: Que necessidade o homem
tem por todos estes vastos Mundos Espirituais?

É importante que você saiba que todo o prazer de nosso Criador é doar prazer para Seus seres criados em proporção com o nível que estes seres sentem que Ele é Aquele Que doa e Que lhes dá alegria porque então Ele tem grande prazer com elas. Como um pai que brinca com seu amado filho, à extensão que o filho sente e reconhece a grandeza e elevação do seu pai, e o pai lhe mostra todos os tesouros que ele preparou para ele, com as Escrituras dizem: “Meu querido filho, Efraim! Pois ele não é meu filho predileto? Pois quando quer que eu fale dele, Eu ainda me lembro
dele. Portanto, Meu coração anseia por ele; Eu certamente terei misericórdia dele, diz o Criador” (Jeremias 31:20).

Examine este texto bem e você poderá se educar e conhecer o grande prazer que o Criador deriva daqueles que atingiram perfeição e que mereceram sentir Ele e reconhecer Sua grandeza em todos os seus vários caminhos que Ele lhes preparou, até que Ele apareça para eles como um pai relativo ao seu amado filho, como um pai com seu filho brincalhão etc. Tudo isto aparece no texto para os olhos dos educados.

Mas nós não devemos falar extensivamente sobre coisas desta natureza porque é suficiente para nós sabermos que, pelo bem do Seu prazer e deleite com aqueles perfeitos, era digno para Ele criar todos os Mundos, tanto os Superiores quanto os Inferiores, como ficará claro abaixo.

34) Para preparar Seus seres criados para que eles pudessem atingir o estágio elevado e exaltado mencionado acima, o Criador quis realizar isto através de uma sequência de quatro estágios, que evoluem um do outro e são referidos como Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante. E estas são realmente as quatro fases do Desejo de Receber, ainda não é possível para esta quarta fase ser revelada de uma vez. Pelo contrário, através do poder das três fases que vêm antes dela, e ela é revelada e se desenvolve neles e através deles lentamente até que tenha sido completada em
toda sua forma na quarta fase, como é explicado no Talmud Eser Sefirot (Estudo das Dez Sefirot), Parte 1, parágrafo 50, começando com as palavras: “E o motivo…”

35) Na primeira fase do Desejo de Receber, que é chamada Inanimado e que começa a revelar o Desejo de Receber neste mundo físico, há simplesmente uma força coletiva de movimento para todas as espécies Inanimadas; porém, nos segmentos individuais dele, nenhum movimento pode ser discernido com o olho nu. Isto é porque o Desejo de Receber dá a luz às necessidades e as necessidades dão a luz aos movimentos suficientes para atingir e obter estas necessidades. E porque o Desejo de Receber é limitado a uma pequena quantidade, ele governa apenas todo
o coletivo de uma vez, e seu domínio sobre os detalhes individuais não pode ser discernido.

36) Para isto, o Vegetativo é adicionado, e eles são a segunda fase do Desejo de Receber, cujo nível é maior que seu nível no Inanimado. Aqui o Desejo de Receber governa todo e cada indivíduo em todas as suas partições. Isto é porque cada parte tem seu próprio movimento individual, que lhe permite se expandir em comprimento e em largura, e se move em direção ao nascer do sol. Também, a pessoa pode discernir em toda e cada parte o assunto do “comer”, “beber” e a “eliminação do desperdício”. Mas com tudo isto, eles não têm ainda livre emoção individual em
toda e cada parte.

37) Para isto a espécie Animal é adicionada. Esta é a terceira fase do Desejo de Receber, e seu nível foi completo a uma grande extensão, pois este Desejo de Receber já deu a luz às emoções livres e individuais em cada parte, que é a vida única em cada parte de uma maneira diferente da outra. Ao mesmo tempo, eles ainda não têm qualquer sentimento um pelo outro; em outras palavras, eles não têm preparação para se lamentar pela tristeza do seu amigo próximo ou estar feliz pela felicidade de seu amigo próximo etc.

38) Adicionado a todos estes está a espécie Humana, que é a quarta fase do Desejo de Receber, que está agora em seu nível completo e final. Isto é porque, tanto o Desejo de Receber assim como o sentimento um pelo outro estão ativos nele. E se você quiser saber com grande precisão qual é a diferença entre a terceira fase do Desejo de Receber, que está na espécie Animal, e a quarta fase do Desejo de Receber, que pode ser encontrado na espécie Humana, eu te direi que é como a diferença entre o valor de um indivíduo da realidade quando comparado a toda a realidade.

O Desejo de Receber na espécie Animal, que não inclue qualquer sentimento um pelo outro, não pode criar carências e necessidades dentro de si mesmo, exceto ao nível que está arraigado no próprio ser. Este não é o caso do Humano que também sente os outros, de modo que lhe falta tudo o que o outro tem e é preenchido com inveja para adquirir todo o ser que o outro tem. E se ele tem uma centena, ele quer duas centenas, e assim suas carências e necessidades
continuam crescendo e multiplicando até que ele queira devorar todas as entidades no mundo inteiro.

39) Nós explicamos o seguinte: Todo o propósito que o Criador desejou para toda a Criação que Ele criou é causar o prazer para Seus seres criados para que eles reconheçam Sua verdade e Sua grandeza, e que eles recebam dEle todos os deleites e prazeres que Ele preparou para eles, no nível que é explicado na passagem das escrituras: “Meu querido filho, Efraim! Pois ele não é meu filho predileto? etc.” (Jeremias 31:20) Agora você encontra claramente que este propósito não se aplicaria ao Inanimado ou aos grandes globos tais como a Terra, a Lua e o Sol, e não importa
qual seja seu esplendor e tamanho. Nem ocorreria através da espécie Vegetativa, nem através da espécie Animal, pois elas não têm a capacidade de sentir o outro mesmo quando se trata de membros de sua própria espécie, que são similares a eles, então como pode a emoção Divina e seus benefícios serem aplicados a eles.

A espécie Humana, apenas após ter sido preparada para sentir o outro, com relação aos membros de sua própria espécie semelhante. Após engajar com a Torá e Mitzvot, através dos quais eles transformam seu Desejo de Receber em um Desejo de Compartilhar, assim atingindo Similaridade de Forma com seu Fazedor, eles recebem todos os níveis que foram preparados para eles nos Mundos Superiores, que são chamados NARANCHAY. Nisto, eles se tornam preparados para receber o propósito que estava lá no Pensamento da Criação, então segue-se que o propósito
do Pensamento da Criação de todos os mundos foi apenas pelo bem da humanidade.

40) Eu sei que isto é completamente inaceitável a alguns dos filósofos. E eles não podem concordar que o ser humano, que a seus olhos é tão inferior e insignificante, é o centro de toda a grande e sublime Criação. Mas são similares a um verme que nasceu dentro de um rabanete, e ficam lá e pensam que todo o mundo do Criador é tão amargo, tão escuro e tão pequeno quanto o rabanete que eles nasceram. Mas uma vez que rompem a casca externa do rabanete e espreitam fora do rabanete, ficam surpresos e dizem, “Eu pensei que o mundo todo fosse do tamanho do rabanete que eu nasci, e agora eu vejo perante mim um mundo grande, iluminado, poderoso e extremamente bonito”.

Da mesma maneira, todos aqueles que são apanhados na casca do seu Desejo de Receber que eles nasceram e que nunca tentaram receber o remédio especial que são a Torá e as Mitzvot, práticas que são capazes de penetrar esta casca dura, transformando-a em um Desejo de Dar Prazer ao Criador. Certamente deve ser que eles tenham que concluir a sua insignificância e o vazio como eles realmente são.

Eles nem podem possivelmente conceber da possiblidade que toda esta grande realidade foi criada apenas para eles.

De fato, se eles tivessem engajado na Torá e Mitzvot em prol de dar prazer ao seu Fazedor com toda a pureza apropriada, e eles chegassem a penetrar a casca de seu Desejo de Receber com que nasceram, e recebido o Desejo de Compartilhar, seus olhos se abririam imediatamente para ver e entender a si mesmos assim como todos os estágios da sabedoria, inteligência e conhecimento claro, que são adoráveis e agradáveis ao extremo e que foram preparados para eles nos Mundos Espirituais.

E então eles mesmos diriam o que nossos sábios disseram: “O que um bom convidado diz? Ele diz, ‘todo o esforço que o anfitrião fez, ele fez apenas por mim’” (Tratado Berachot, 58a)”.

41) E no fim, ainda permanece a ser explicado por que o homem deve ter todos estes Mundos Superiores que o Criador criou para ele. Qual é sua necessidade por eles? Saiba que a existência de todos os Mundos é geralmente dividida em cinco, e estes Mundos são chamados: 1) Adam Kadmon, 2) Atzilut, 3) Briá, 4) Yetzirá e 5) Assiá. Embora cada um deles tenha inúmeros detalhes e seja o aspecto de uma das cinco Sefirot KACHÁB TUM (Kéter, Chochmá, Biná, Tiféret e Malchut). Pois o Mundo de AK (Adam Kadmon) é Kéter, o Mundo de Atzilut é Chochmá, o Mundo de Briá é Biná, o Mundo de Yetzirá é Tiféret e o Mundo de Assiá é Malchut.

E as Luzes que são vestidas nestes Cinco Mundos são chamadas YECHNARAN. A Luz de Yechidá brilha no Mundo de Adam Kadmon; a Luz de Chaiá no Mundo de Atzilut; a Luz de Neshamá no Mundo da Briá; a Luz de Ruach no
Mundo de Yetzirá, e a Luz de Néfesh no Mundo de Assiá.

E todos estes Mundos, assim como tudo que é contido neles, são incluídos no Nome Sagrado, Yud e Hey e Vav e Hey e a ponta da letra Yud. Porque o primeiro Mundo, que é AK, está além do nosso alcance, nós portanto damos apenas uma indicação através da ponta da letra Yud do Nome Sagrado. Portanto, nós nunca falamos sobre ele; nós apenas falamos sobre os Quatro Mundos ABYA. A letra Yud é o Mundo de Atzilut; a letra Hey é o Mundo de Briá, a letra Vav é o Mundo de Yetzirá, e a última letra Hey é o Mundo de Assiá.

42) E através disto, nós explicamos os Cinco Mundos, que contém toda a realidade espiritual que se estende do Ein Sóf até Este Mundo. E eles são incluídos um do noutro, e dentro de cada um dos Mundos está contido a totalidade dos Cinco Mundos, como foi mencionado acima, assim como as cinco Sefirot: KACHÁB TUM, em que as cinco Luzes NARANCHAY são vestidas e que correspondem aos Cinco Mundos, como mencionado acima.

E além das cinco Sefirot KACHÁB TUM que estão em cada Mundo, existem também quatro aspectos espirituais: Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante em cada Mundo. Lá a Alma Humana é o aspecto do Falante, os anjos são o aspecto do Animado no Mundo, o aspecto do Vegetativo é chamado Vestimentas, e o aspecto do Inanimado é referido como Câmaras. E são considerados como envolvendo uns aos outros.

Isto significa que o aspecto do Falante, que são as almas dos humanos, é a vestimenta das cinco Sefirot KACHÁB TUM, que são o aspecto Divino naquele Mundo específico. (O assunto das Dez Sefirot, sendo o Divino, será clarificado posteriormente no Prefácio ao Livro do Zohar.) E os aspectos do Animado, que são os anjos, é a vestimenta das almas; e o Vegetal, que são as Vestimentas, reveste os anjos; e os aspectos do Inanimado, que são as Câmaras, circundam todos eles.

E o assunto desta Vestimenta é aproximado, no sentido que eles servem um ao outro no desenvolvimento um do outro, da mesma forma que nós explicamos em relação ao Físico Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante Neste Mundo (veja acima, Itens 35 e 38). Como nós dissemos lá, os três aspectos do Inanimado, Vegetativo e Animado não emergem por seu próprio bem, mas apenas para que o quarto aspecto, que é a espécie humana, seja capaz de evoluir e se elevar por eles. E, portanto, seu único papel é servir o humano e levar a ele benefício.

Isto é assim também nos Mundos Espirituais, onde estes três aspectos: Inanimado, Vegetativo e Animado, surgem apenas para servir e beneficiar o aspecto Falante no Mundo, que é a Alma Humana. Portanto, é considerado que todos estes aspectos são as vestimentas da Alma Humana, ou seja, para seu benefício.

43) No momento em que o ser humano nasce, ele imediatamente recebe o aspecto da Néfesh 4 de Kedushá (Santidade). Esta não é a essência da Néfesh, mas o aspecto do Dorso da Néfesh, que significa seu último aspecto e que, devido à sua pequenez, é chamado “um ponto”. E é vestido dentro do coração de uma pessoa, isto é, no aspecto do Desejo de Receber dentro dela, que se manifesta principalmente no coração da pessoa.

E você deve conhecer esta regra: tudo que se aplica à totalidade da realidade se aplica também a cada Mundo, e mesmo a menor parte que pode ser detalhada e que exista naquele Mundo. E assim, assim como existem Cinco Mundos na totalidade da realidade, que são, assim como dissemos anteriormente, as cinco Sefirot KACHÁB TUM, assim também, existem as cinco Sefirot KACHÁB TUM em todo e cada Mundo. E existem cinco Sefirot em toda pequena parte daquele Mundo.

Nós dissemos que Este Mundo é dividido em: Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante (IVAF), que correspondem às quatro Sefirot CHÁB TUM. O Inanimado corresponde à Malchut, o Vegetativo corresponde à Tiféret, o Animado
corresponde à Biná e o Falante corresponde à Chochmá. A raiz de todos eles corresponde à Kéter. E como dissemos, cada parte de quaisquer espécies dos aspectos IVAF também contém dentro de si mesma os quatro aspectos IVAF. E assim, mesmo uma parte da espécie Falante, isto é, mesmo uma pessoa tem dentro de si mesma os aspectos IVAF, que são as quatro partes do seu Desejo de Receber, dentro dela.

Dentro de cada uma o ponto da Néfesh de Kedushá está vestido.

44) Antes dos 13 anos de idade, nenhuma consciência do Ponto no seu Coração pode ser imaginável. Este Ponto no seu Coração começa a crescer e mostrar sua atividade apenas após os 13 anos, quando ela começar a engajar com a Torá e Mitzvot mesmo se fizer isto sem qualquer Kavaná (consciência direcionada), isto é, sem amor e temor como é apropriado para aquele que serve o Rei, mesmo em Lo Lishmá.

Isto é porque as Mitzvot não precisam de uma Kavaná (consciência direcionada), e mesmo ações sem Kavaná (consciência direcionada) são capazes de purificar o Desejo de Receber, embora seja apenas o primeiro nível nele, que é chamado Inanimado. E ao nível ao qual ela purifica a parte Inanimada do Desejo de Receber, a este mesmo nível ela estende e constrói os 613 membros do Ponto no Coração, que é o Inanimado da Néfesh de Kedushá, cujos 248 órgãos espirituais são construídos através da realização das 248 Mitzvot Positivas 5, e cujos 365 tendões
espirituais são construídos através da realização das 365 Mitzvot Negativas. Até que se torne um completo Partzuf (Estrutura Espiritual, lit. Face) da Néfesh de Kedushá, e então a Néfesh ascende e é a Vestimenta da Sefirá de Malchut, que está no Mundo Espiritual de Assiá.

E todas as partes individuais espirituais do Inanimado, Vegetativo e Animado daquele Mundo que são correspondentes à Sefirá de Malchut de Assiá, estão em serviço, e ajudam o Partzuf da Néfesh do homem que ascendeu lá, e que está no nível que a Néfesh os compreende. E esta compreensão se torna como nutrição
espiritual para ela, que lhe dá força para aumentar e crescer ao ponto que ela possa atrair a Luz da Sefirá de Malchut de Assiá com toda a perfeição que é desejada, e possa brilhar dentro do corpo do Humano. E esta Luz completa ajuda a pessoa para que ela possa adicionar mais esforço para fazer seu trabalho com a Torá e Mitzvot, e receber todos os estágios remanescentes.

E nós dissemos (verso 43), que no instante do nascimento do corpo da pessoa, um ponto da Luz da Néfesh nasce e se veste com ela. Assim também, aqui, quando o Partzuf da Néfesh de Kedushá nasce, um ponto de um estágio elevado dela nasce com ele, ou seja, o aspecto da Luz de Ruach de Assiá, que se torna vestido com o interior do Partzuf da Néfesh.

E assim é com todos os estágios. Com cada estágio que nasce, o último aspecto do estágio acima é imediatamente estendido a ele porque esta é toda a conexão entre o elevado e o inferior até o estágio mais elevado. Não há mais nada para expandir nisso.

45) E esta Luz de Néfesh é referida como a Luz do Inanimado da Santidade do Mundo de Assiá, e ela corresponde ao lado purificado da parte Inanimada do Desejo de Receber que existe no corpo da pessoa, como mencionado acima.
Também, a ação de sua iluminação na espiritualidade é semelhante ao aspecto da espécie Inanimada no mundo físico, que nós explicamos acima (Item 35), já que ele não tem qualquer movimento individual de suas partes mas apenas um movimento coletivo que inclui todas as partes igualmente. E é o mesmo com a Luz do Partzuf da
Néfesh de Assiá. Mesmo que tenha 613 membros, que são 613 tipos de Diferenças de Forma nos caminhos de receber a abundância, estas diferenças ainda não podem ser discernidas nele, mas apenas uma Luz geral cuja ação circunda todos eles igualmente, sem reconhecer suas particularidades.

46) E saibam que mesmo que as Sefirot sejam Divinas, e não haja nenhuma dissimilaridade ou diferença da Cabeça de Kéter no mundo de AK até o final da Sefirá de Malchut no Mundo de Assiá, ainda há uma grande diferença do ponto de vista daqueles que recebem. Isto é assim porque as Sefirot tem dois aspectos – o das Luzes e o dos Kelim (vasos) – e a Luz nas Sefirot é a completa Divindade, como mencionado acima. No entanto, os Kelim, que são chamados KACHÁB TUM, não são considerados Divindade em cada um dos três Mundos Inferiores referidos como
Briá, Yetzirá e Assiá. Pelo contrário, eles são como coberturas que ocultam a Luz de Ein Sóf dentro de si mesmas, e elas determinam a taxa e o nível de Sua Iluminação em direção aos receptores, para que cada um deles apenas receba de acordo com o nível de sua pureza.

Deste aspecto, embora a Luz em si é Um, ainda assim nos referimos as Luzes nas Sefirot por termos: NARANCHAY, já que a Luz é dividida de acordo com as propriedades dos Kelim. Porque Malchut é a cobertura mais grossa que oculta a Luz de Ein Sóf, e a Luz que ela transfere dEle para os receptores é apenas uma pequena proporção que é associada ao nível da pureza na parte Inanimada apenas do corpo humano, e portanto ela é chamada Néfesh.

E o Kli de Tiféret é mais puro que o Kli de Malchut, e a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Vegetativa do corpo humano porque ele funciona como mais do que apenas a Luz de Néfesh, e é chamada a Luz de Ruach.

E o Kli de Biná é ainda mais puro que Tiféret, e a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Animal do corpo humano, e é chamada a Luz de Neshamá.

E o Kli de Chochmá é o mais puro de todos, a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Falante do corpo humano, e é chamada a Luz de Chaiá, e sua ação é imensurável, como veremos.

47) Como dissemos acima, no Partzuf de Néfesh que a pessoa ganha pela virtude de se engajar com a Torá e Mitzvot sem Kavaná (intenção) o ponto da Luz de Ruach já está vestido lá. Quando a pessoa se fortalece para engajar com a Torá e Mitzvot com a Kavaná (intenção) própria, ela continua purificando a parte Vegetativa do Desejo de Receber nela, e a esta extensão, ela vai construindo o ponto da Ruach no aspecto de um Partzuf. Então, através das 248 Mitzvot Positivas realizadas com Kavaná (intenção), o ponto expande através de seus 248 membros espirituais. E
através da realização das 365 Mitzvot Negativas, o ponto expande em seus 365 tendões.

E quando completar em todos os 613 membros, ele ascende e veste a Sefirá de Tiféret no Mundo Espiritual de Assiá, que transmite a ele, de Ein Sóf, uma Luz mais significante chamada “a Luz de Ruach”, que é associada com a pureza na parte Vegetativa no corpo humano. Todos os elementos do Inanimado, Vegetativo e Animado no Mundo de Assiá, que são associados com a estatura de Tiféret, apoia o Partzuf de Ruach da pessoa para receber as Luzes da Sefirá de Tiféret com toda sua perfeição, da mesma forma que foi clarificado acima para a Luz de Néfesh. Estude isto. Por esta razão, ele é chamado Vegetativo da Santidade.

E assim a natureza de sua iluminação é a mesma que o Vegetativo físico, que foi explicado acima, na medida em que já tem mudança individual no movimento que pode ser discernida em todo e cada indivíduo membro daquele domínio, independentemente (veja Item 36). E portanto, a Luz do Vegetativo espiritual cujo poder já é grande o suficiente para brilhar em formas especiais sobre todo e cada um dos membros dos 613 membros que estão no Partzuf de Ruach. Todo e cada um deles demonstra uma força que é atribuída àquele membro. E junto com o surgimento do Partzuf de Ruach, um ponto do próximo estágio elevado acima também surge. Este é o ponto da Luz da Neshamá, que está vestida dentro de sua parte interna.

48) E através do engajamento com os segredos da Torá e com os sabores das Mitzvot, purifica a parte Animal do Desejo de Receber que está nela. E à extensão que ela faz isto, ela continua construindo o ponto da Neshamá que está vestida dentro dela com seus 248 membros e 365 tendões. E quando sua construção é concluída e se torna um Partzuf, então ela ascende e se torna a vestimenta da Sefirá de Biná no Mundo Espiritual de Assiá que este Kli é imensuravelmente mais puro que os primeiros Kelim, TUM (Tiféret e Malchut). E portanto ele transfere uma imensa Luz de Ein Sóf, chamada a “Luz de Neshamá”.

E todos os elementos dos aspectos Inanimado, Vegetativo e Animado no Mundo de Assiá, que é associado com a estatura de Biná, são encontrados servindo e apoiando o Partzuf da Neshamá da pessoa para receber suas Luzes perfeitamente da Sefirá de Biná na forma que foi explicada com a Luz de Néfesh; estude isto lá. Ele também é chamado o aspecto Animado da Santidade porque ele se destina à purificação da parte Animada do corpo humano. E esta é a natureza de sua iluminação, como foi explicado em relação às físicas espécies Animadas (veja acima,
Item 37) que dá um sentimento individual a todo e cada um dos 613 membros do Partzuf porque cada um deles está vivo e sente com um senso independente sem depender de todo o Partzuf.

Assim é considerado que os 613 membros nele são 613 Partzufim (plural de Partzuf) que são únicos em diferentes tipos de suas iluminações, cada um em sua própria forma. E a qualidade desta Luz sobre a Luz de Ruach na espiritualidade é como a diferença entre as espécies Animada comparada com o Inanimado e Vegetativo na realidade física. Com o surgimento do Partzuf de Neshamá um Ponto também surge da Luz de Chaiá de Kedushá. Este ponto é vestido com sua parte interna.

49) E depois que já tenha merecido esta grande Luz que é chamada a Luz de Neshamá os 613 membros naquele Partzuf já estão brilhando, cada um deles em uma Luz completa e clara que é única para ele, como um Partzuf especial e único em si. Então a possibilidade é aberta para ele engajar em cada Mitzvá de acordo com seu verdadeiro propósito original porque cada membro no Partzuf de Neshamá brilha nele os caminhos de cada Mitzvá que correlata àquele membro.

Então, capacitado pela grande força daquelas Luzes, ele continua para purificar o aspecto Falante do seu Desejo de Receber e transforma-o em um Desejo de Compartilhar. E a esta extensão, o ponto da Luz de Chaiá, que está vestido nele, continua sendo construído, com seus 248 membros espirituais e 365 tendões espirituais.

Quando ele está completo em um Partzuf inteiro, então ele ascende e reveste a Sefirá de Chochmá no Mundo Espiritual de Assiá. Este Kli é infinito em sua pureza, e portanto passa para ela uma grande e enorme Luz de Ein Sóf, que é chamada a “Luz de Chaiá” ou a Neshamá da Neshamá. E todos os segmentos particulares do Mundo de Assiá, que são o Inanimado, Vegetativo e Animado relacionados à Sefirá de Chochmá, o ajudam a receber a Luz da Sefirá de Chochmá, em toda sua perfeição, como foi explicado sobre a Luz de Néfesh; estude isto (Item 45).

E ele também é chamado o ponto do Falante da Santidade porque ele corresponde à purificação do aspecto Falante da pessoa. E assim é a significância do Falante no IVAF físico, isto é, ela ganha a capacidade de sentir o outro. Ou seja, à extensão da dimensão daquela Luz, à dimensão do Inanimado, Vegetativo e Animado espiritual é como a extensão da dimensão das espécies Faltante física em relação ao Inanimado, Vegetativo e Animado físico. E o aspecto da Luz de Ein Sóf, que é vestida dentro deste Partzuf, é chamada de a “Luz de Yechidá”.

50) Você deve saber que estes cinco aspectos da Luz, NARANCHAY, que foram recebidos do Mundo de Assiá são apenas o NARANCHAY da Luz de Néfesh. Eles não têm realização neles pertencendo à Luz de Ruach porque a Luz de Ruach existe apenas no Mundo de Yetzirá, a Luz de Neshamá existe apenas no Mundo de Briá, a Luz de Chaiá existe apenas no Mundo de Atzilut e a Luz de Yechidá existe apenas no Mundo de AK.

Mas, como dissemos antes, tudo que está em todo o coletivo é também revelado em todo e cada indivíduo nos mínimos detalhes que possam ser detalhados.

Portanto, todos os cinco aspectos de NARANCHAY também existem no Mundo de Assiá, na forma que nós já explicamos, mas eles são apenas NARANCHAY de Néfesh.

E exatamente da mesma forma, todos os cinco aspectos NARANCHAY estão presentes Mundo de Yetzirá, e eles são apenas as cinco partes de Ruach. E também todos os cinco aspectos NARANCHAY existem no Mundo de Briá; eles são as cinco partes da Neshamá. E assim é no Mundo de Atzilut, que são as cinco partes da Luz de Chaiá. Assim é no Mundo de AK que são as cinco partes da Luz de Yechidá. E a distinção entre um Mundo e outro é a mesma como nós explicamos quando discutimos as diferenciações entre cada um dos NARANCHAY do Mundo de Assiá.

51) E saiba que a Teshuvá (arrependimento) e a purificação não são aceitáveis a menos que seja completamente permanente de forma que nunca retorne à sua tolice. De acordo com o verso: “Quando ocorre a Teshuvá?” – “Quando Aquele Que conhece todos os Mistérios testemunha que não retornará a sua tolice novamente”
(De acordo com Salmos 85:9). Assim, foi revelado o que nós já dissemos: Que se uma pessoa purifica a parte Inanimado do Desejo de Receber inerente a si, ela ganha o Partzuf de Néfesh do Mundo de Assiá e ela ascende e veste a Sefirá de Malchut de Assiá.

Isto significa que é certo que esta pessoa merecerá a purificação da parte Inanimado de uma forma completa e permanente, para que não mais retorne à sua tolice. E então ela pode ascender ao Mundo Espiritual de Assiá pois ela tem pureza e absoluta Similaridade de Forma com aquele Mundo.

Quanto ao restante dos estágios que mencionamos que são Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá de Assiá – deve-se purificar os aspectos Vegetativo, Animado e Falante do seu Desejo de Receber, para que eles possam revestir estas Luzes. Esta purificação não tem que ser completamente permanente, isto é, ao ponto que“Aquele Que Conhece todos os Mistérios, testemunhe que não retornará à sua tolice novamente”.

O motivo para isto é que todo o Mundo de Assiá, com as suas cinco Sefirot KACHÁB TUM, é apenas um aspecto de Malchut, que é associado com a purificação somente do aspecto Inanimado. E as cinco Sefirot são apenas cinco partes de Malchut.

Portanto, porque já mereceu a purificação da parte Inanimado em seu Desejo de Receber, ela já ganhou Similaridade de Forma com todo o Mundo de Assiá. No entanto, toda e cada Sefirá do Mundo de Assiá recebe do aspecto que
corresponde aos Mundos acima de si mesma. Por exemplo, a Sefirá de Tiféret de Assiá recebe do Mundo de Yetzirá, que é totalmente o aspecto de Tiféret; e a Luz de Ruach.

A Sefirá de Biná de Assiá recebe do Mundo de Briá, que é totalmente o aspecto da Neshamá. E a Sefirá de Chochmá de Assiá recebe do Mundo de Atzilut, que é totalmente Chochmá, e a Luz de Chaiá.

Portanto, mesmo se tenha purificado apenas a parte Inanimado permanentemente, no entanto, se ela purificou as outras três partes do seu Desejo de Receber embora não permanentemente, ela pode também receber Ruach, Neshamá e Chaiá de Tiféret, Biná e Chochmá de Assiá embora não permanentemente.

Porque assim que um dos três aspectos de seu Desejo de Receber for despertado novamente, ela perderá estas Luzes imediatamente.

52) Após ela também purificar permanentemente a parte Vegetativa de seu Desejo de Receber, ela então ascende permanentemente ao Mundo de Yetzirá, onde ela permanentemente ganha Luz até o nível de Ruach. Ela pode também obter lá as Luzes de Neshamá e Chaiá das Sefirot de Biná e Chochmá que residem lá, que são consideradas a Neshamá da Ruach e a Chaiá da Ruach, mesmo antes de ter merecido purificar a parte do Animado e Falante, de uma forma absoluta e permanente, como foi explicado no Mundo de Assiá mas apenas não permanentemente. Pois depois te atingir a purificação permanente do Vegetativo do Desejo de Receber dentro dela, ela está também em Similaridade de Forma com todo o Mundo de Yetzirá nas alturas das alturas como foi mencionado acima no Mundo de Assiá.

53) E depois de também purificar a parte Animal do seu Desejo de Receber e transformá-lo em Desejo de Compartilhar, o ponto onde “Aquele Que Conhece todos os Mistérios testemunha que não retornará à sua tolice novamente”, ela já está em Similaridade de Forma com o Mundo de Briá, e ascende e permanentemente recebe até o nível da Luz de Neshamá. Similarmente, ao purificar a parte Falante em seu corpo, ela pode ascender à Sefirá de Chochmá e receber também a Luz de Chaiá que reside lá, embora ainda não tenha purificado permanentemente. Da mesma forma Yetzirá e em Assiá. Mas a Luz, também, não brilha permanentemente para ela, como mencionado acima.

54) E quando merece permanentemente purificar a parte Falante do Desejo de Receber, ela então ganha Similaridade de Forma com o Mundo de Atzilut e ascende e recebe lá a Luz de Chaiá permanentemente. E quando ela ganha mais, ela merece a Luz de Ein Sóf e a Luz de Yechidá que se veste na Luz de Chaiá. E não há necessidade de acrescentar neste ponto.

55) E nisto foi bem explicado o que nós discutimos acima (no Item 41), quando perguntamos porque a pessoa deveria conhecer todos estes Mundos Superiores que o Criador criou para ela. E qual a necessidade que o ser humano tem deles? Agora você pode ver que não é possível para uma pessoa dar prazer ao seu Fazedor sem ser ajudada por todos estes Mundos.

E à extensão que ela purifica seu Desejo de Receber, ela atingirá as Luzes e estágios de sua alma que são chamados NARANCHAY. E cada estágio que ela atinge, as Luzes daquele estágio a ajudam em sua purificação, e assim ela ascende em seus estágios até que ela mereça atingir os prazeres da Essência do propósito do Pensamento da Criação, como foi mencionado acima (no Item 33).

E isto é o que está dito no Zohar (Noach, verso 63) sobre a passagem: “Aquele que vem para se purificar recebe ajuda. E ele pergunta: De que forma ele é ajudado? E a resposta é que ele está sendo ajudado com a santa alma”, estude lá. Isto é porque não é possível atingir a purificação desejada pelo Pensamento da Criação, apenas através da ajuda de todos os níveis NARANCHAY de nossa alma.

56) Nós devemos saber que todos estes NARANCHAY de que falamos até agora são as cinco partes pelas quais toda a realidade está dividida. De fato, tudo que se aplica à totalidade do coletivo se aplica mesmo aos menores detalhes da realidade, como mencionamos acima (no Item 42). Por exemplo, mesmo no aspecto do Inanimado de Assiá espiritual somente é possível conceber lá todos os cinco aspectos NARANCHAY, que são relacionados aos cinco aspectos NARANCHAY do coletivo.

Neste sentido, não é possível atingir mesmo a Luz do Inanimado em Assiá a menos que seja através das quatro partes do trabalho mencionadas acima. Isto significa que não há uma pessoa entre os Israelitas que possa se absolver de engajar com todas elas, de acordo com seu nível. Ela precisa engajar na Torá e Mitzvot com a Kavaná (intenção) apropriada para receber a Ruach de acordo com o seu nível. E ela precisa engajar com os Segredos da Torá de acordo com o seu nível para receber o aspecto da Neshamá de acordo com o seu nível. E é o mesmo no caso dos Ta’amim
(Sabores) por trás das Mitzvot porque mesmo a menor Luz na Santa Realidade não pode ser completa sem eles.

57) Disto você entenderá a aridez e a escuridão que nos sobreveio nesta geração, das quais não foram ouvidas em qualquer geração anterior a nossa. Isto é porque mesmo aqueles que trabalham com o Criador abandonaram o envolvimento com os segredos da Torá.

O Rambam (Rabi Moshe ben Maimôn, ou o Maimônides) surgiu com uma verdadeira parábola sobre isto. Ele disse que em uma linha de 1000 pessoas cegas andando ao longo da estrada, se houver ao menos uma pessoa com visão nítida em sua frente, eles certamente seguirão o caminho certo sem cair em quaisquer armadilhas ou redes porque eles estão seguindo a pessoa com visão nítida em sua frente. Mas faltando esta pessoa, não há dúvida que eles tropeçarão sobre tudo que reside em seu caminho e cairão em um poço de desespero.

Então este é o caso diante de nós: Se ao menos aqueles que trabalham com o Criador engajassem com o significado interior da Torá e estendessem uma Luz completa de Ein Sóf, todos os membros da nossa geração os teriam seguido, e todos estariam seguros em seu caminho, de que não cairiam. Mas quando, mesmo aqueles que trabalham com o Criador, se esquivaram desta sabedoria, não é surpreendente que toda a geração tenha falhado por causa deles. No entanto, devido a minha grande tristeza, eu não posso falar sobre este assunto em grande extensão.

58) No entanto, eu sei a razão: É principalmente porque a fé em geral diminuiu, especificamente a fé nos grandes santos, nos sábios das gerações. Além disso, O Zohar e os livros de Cabalá estão cheios de expressões físicas, e isto causou grande temor entre todos que eles iriam perder mais do que ganhar, porque, Deus proíba, poderia fazê-los falhar com imagens de escultura. E isto é o que me motivou a escrever um comentário suficiente nos Escritos do Ari, e agora do Santo Zohar, pelos quais eu removi completamente este temor. Pois eu expliquei, e provei claramente, a alegoria espiritual de cada assunto, que é abstrato além de qualquer semelhança física, além de tempo e espaço, como aqueles que estudam perceberão.

Isto para permitir que todo o povo de Israel estude O Zohar e se aqueçam na Santa Luz.

E eu chamei este comentário o Sulam (Escada) para mostrar que o propósito do meu comentário é apenas como qualquer outra escada. Se você tem um sótão que está cheio de todos os tipos de objetos de valor, tudo que te falta é uma “escada” para subir, e então, os deleites de todo o mundo estarão em suas mãos. Mas a escada não é a meta em si porque se você parar nos degraus da escada e não entrar no sótão, então seu propósito não será concluído.

Assim é com meu comentário no Zohar. Para explicar suas palavras, que são mais profundas que qualquer profundeza, até o final, expressões como esta não foram criadas. Em todo caso, nesta minha explicação, eu pavimentei uma estrada e abri um portão para todos os seres humanos serem capazes de ascender através dele
e irem profundamente e examinar o próprio Zohar, porque apenas então meu propósito de criar este comentário será concluído.

59) E todos aqueles que são familiares com o Santo Zohar, isto é, aqueles que entendem o que está escrito nele, unanimemente concordaram que o santo livro do Zohar foi composto pelo Tana (sábio divino do Talmud) Rabi Shimon bar Yochai.

As exceções a isto são aqueles que estão distantes desta sabedoria, alguns dos quais têm dúvidas em relação a esta atribuição. Eles tendem a dizer, baseado em histórias fabricadas por aqueles que se opõem a esta sabedoria, que seu autor é o cabalista Rabi Moshe de Leon (por volta de 1250-1305) ou outros de seus contemporâneos.

60) Quanto a mim, desde o dia em que fui agraciado, pela Luz do Criador, a olhar brevemente este livro sagrado, nem mesmo me ocorreu questionar sua origem. Isto é pelo simples motivo que devido ao conteúdo do livro, eu senti em meu coração a grandeza do Tana Rashbi que se elevou muito acima de todos os outros Tanaim (plural de Tana). E se tivesse ficado completamente claro para mim que o autor tinha um nome diferente, tal como Rabi Moshe de Leon etc., então minha apreciação por tal homem, Rabi Moshe de Leon, teria crescido para ser mais do que minha apreciação por todos os santos Tanaim, inclusive Rashbi.

Na verdade, julgando pela profundidade da sabedoria no livro, se eu tivesse encontrado uma evidência clara que seu autor era um dos 48 profetas, teria sido muito mais fácil para mim aceitar em meu coração do que atribuí-lo a um dos Tanaim. E ainda mais, se eu tivesse encontrado que nosso grande Mestre, Moisés, tivesse recebido no Monte Sinai do Próprio Criador, então minha mente estaria em completa tranquilidade porque tal obra é digna dEle e cabe a Ele tê-la criado.

Portanto, porque eu tive o privilégio de escrever uma explicação apropriada que está no nível de qualquer um interessado em estudar, para que sejam capazes de entender um pouco do conteúdo do livro, eu penso que nisto eu me eximi completamente de me incomodar mais e me colocar nesta questão, porque qualquer um que tenha estudado O Zohar não pode mais duvidar da presunção que seu autor é ninguém menos que o Tana Rashbi.

61) Isto levanta outra questão: “Por que o Livro do Zohar não foi revelado para as primeiras gerações, que eram indubitavelmente de maior significância que as gerações mais recentes e eram mais dignas dele?” Ao mesmo tempo, temos que perguntar: “Por que a explicação do Livro do Zohar não foi revelada até a época do Ari e não para os cabalistas que vieram antes dele?” E a pergunta que supera todas as outras perguntas: “Por que as explicações das palavras do Ari, assim como das palavras do Zohar dos dias do Ari, não foram reveladas até a nossa geração?” (Estude minha Introdução ao Livro Panim Masbirot [Face Acolhedora] sobre a Árvore da Vida no verso 8, começando com as palavras: “E está escrito…” Estude isto bem.)

Isto levanta a questão: “A nossa geração é apta para ela?” E a resposta é que o mundo, durante os 6000 anos de existência, é como um Partzuf, que tem três terços: Rosh (cabeça), Toch (interior) e Sóf (fim), que são, CHABAD (Chochmá, Biná e Dáat), CHAGAT (Chéssed, Gvurá e Tiféret) e NEH”Y (Netzach, Hod e Yessód). E isto é o que nossos sábios disseram: Dois milênios de Tohu (caos), dois milênios de Torá e dois milênios dos dias do Messias” (Tratado Sanhedrin 97a).

Porque nos primeiros dois milênios, que são referidos como Rosh e CHABAD, as Luzes eram muito pequenas e eram consideradas como Rosh sem Guf (corpo), que apenas tem as Luzes de Néfesh. Isto é porque há uma relação inversa
entre os Kelim (vasos) e as Luzes. Pois nos Kelim, a regra é que primeiro os Kelim crescem em cada Partzuf, e com relação às Luzes, é o contrário: As Luzes inferiores são revestidas dentro do Partzuf primeiro.

E assim ocorre que enquanto os Kelim são apenas os superiores, ou seja, os Kelim de CHABAD, eles se tornam apenas a veste das Luzes de Néfesh, que são as Luzes mais inferiores. E isto é o que eles queriam dizer quando disseram que os primeiros dois milênios são considerados Tohu. E nos segundos dois milênios do mundo, que são o aspecto dos Kelim de CHAGAT, a Luz de Ruach desceu e revestiuse no mundo que é considerado como Torá. E por isso disseram que os dois milênios do meio são Torá. E os últimos dois milênios são os Kelim de NEH”YM (Netzach,
Hod, Yessód e Malchut), e portanto naquele tempo a Luz de Neshamá reveste o mundo, sendo a maior Luz, pois estes são os dias do Messias.

Esta é também a forma como funciona em cada Partzuf individual. Assim, nos Kelim de CHABAD, CHAGAT, através do seu Chazê (peito), as Luzes são encobertas e elas não começam a brilhar as reveladas Chassadim (Misericórdias), isto é, a revelação da iluminação da Luz de Chochmá Sublime, mas apenas do Chazê para baixo; ou seja, em seu NEH”YM. E esta é a razão pela qual antes dos Kelim de NEH”YM começassem a aparecer no Partzuf do Mundo, que se refere aos últimos dois milênios, a Sabedoria do Zohar em geral e a Sabedoria da Cabalá em particular foram ocultas do mundo.

Mas durante o tempo do Ari, quando o tempo de conclusão dos Kelim que estão abaixo do Chazê estava se aproximado, então a iluminação da Sublime Chochmá foi revelada em uma forma oculta pela alma do divino Rabi Isaac Luria, que estava pronto para receber esta grande Luz. E portanto ele revelou os princípios do Livro do Livro do Zohar e também a Sabedoria da Cabalá ao ponto que ele ofuscou todos os Rishonim (Antigos Sábios) que o precederam.

No entanto como estes Kelim ainda não estavam totalmente completos (já que ele faleceu no ano 5332 (1572 dC.), como sabemos), portanto o mundo ainda não era digno para que suas palavras fossem reveladas. E suas santas palavras foram dadas apenas a uns poucos escolhidos, que não receberam permissão de revela-las para o mundo.

E agora nesta nossa geração, já que nós estamos muito próximos do fim dos últimos dois milênios, a permissão foi portanto agora concedida para revelar suas palavras e as palavras do Zohar ao mundo, a uma grande e importante medida. Desta forma, desta nossa geração em frente, as palavras do Zohar serão cada vez mais e mais
reveladas até que sua total e completa extensão seja revelada de acordo com a vontade do Criador.

63) E portanto você entenderá que na verdade, não há fim ao nível de grandeza das primeiras gerações sobre as mais recentes. Esta é a regra com relação a todos os Partzufim dos Mundos e as almas: Que aquilo que é pristino é purificado primeiro no Partzuf. E portanto, os Kelim de CHABAD foram purificados primeiro no Mundo e as almas também, e portanto as almas dos primeiros dois milênios eram infinitamente superiores.

Todavia, elas não eram capazes de atingir a estatura da Luz completa porque as partes inferiores estavam faltando do Mundo e de si mesmas; estas são CHAGAT NEH”YM, como mencionado acima.

E posteriormente, nos dois milênios do meio, quando os Kelim de CHAGAT foram refinados para o Mundo e as almas, as almas de seu próprio aspecto ainda eram extremamente puras. Devido a qualidade dos Kelim de CHAGAT estar muito próximo aos de CHABAD (como mencionado no Zohar, Prólogo, página 11, começando com as palavras: “E o que…”). Todavia as Luzes ainda estavam ocultas no mundo porque os Kelim do Chazê Abaixo estavam faltando do mundo e também das almas.

Consequentemente, em nossa geração, embora a essência das almas seja o pior que possa ser, que é o porquê elas não puderam ser refinadas à santidade até este dia, elas ainda são aquelas que completarão o Partzuf do Mundo e o Partzuf de todas as almas, enquanto nos referimos aos Kelim e o trabalho pode ser completado apenas por elas.

Porque agora que os Kelim de NEH”Y estão completos, e agora que nós temos todos os Kelim: Rosh, Toch e Sóf do Partzuf, todas as estaturas completas das Luzes no Rosh, Toch e Sóf são atraídas para todos aqueles que são dignos delas, ou seja, o completo NARA”N como foi mencionado anteriormente. E portanto, apenas com a conclusão destas almas inferiores podem as Luzes Superiores ser reveladas, e não antes disto.

64) Na verdade, esta pergunta já existe nas palavras dos sábios (no Tratado Berachot, página 20a): “Rabi Papa disse ao Abayei: ‘O que era diferente sobre os antigos para os quais milagres ocorreram, e qual é a nossa diferença para os quais os milagres não ocorrem?’ É devido ao seu estudo? Porque no tempo do Rabi Yehuda, todos os seus estudos estavam confinados ao Nezikin, e nós estudamos todos os seis Tratados (da Mishná), e quando o Rabi Yehuda mergulhou em Uktzin… ele costumava dizer, ‘eu vi aqui todas as dificuldades do Rabi e Shmuel. Enquanto nós
estudamos treze versões de Uktzin e ainda quando Rabi Yehuda meramente removia seu sapato, a chuva cairia imediatamente. Enquanto nós nos afligimos e gritamos (nas orações), e ninguém presta atenção em nós!’ Ele respondeu: Os antigos costumavam estar prontos para sacrificar suas vidas pela santidade do Nome etc.”

Fim da citação, Estude isto bem.

Assim, embora tanto aquele que perguntou quanto aquele que respondeu era muito claro que os antigos eram mais importantes que eles, em relação à Torá e a Sabedoria, Rabi Papa e Abayey eram mais importantes que os Rishonim (Antigos Sábios). É claro que embora as gerações antigas fossem mais importantes que as últimas gerações quanto a essência de suas almas como mencionado acima, porque o pristino é purificado primeiro para vir até o Mundo, porém, a sabedoria da Torá se revela mais e mais nas últimas gerações. Isto é devido ao que nós dissemos: que
porque a estatura geral está atualmente sendo completada especificamente pelos últimos, portanto Luzes mais completas estão sendo estendidas até eles, embora sua própria essência seja extremamente pior.

65) E nós não devemos questionar, baseado nisto, por que é proibido disputar com os antigos sobre a Torá revelada. O ponto é que na medida que a conclusão da parte da ação das Mitzvot é oposta, porque os antigos eram mais
completos nelas que os mais recentes. Isto é porque o aspecto da ação se estende dos sagrados Kelim das Sefirot, enquanto que os Segredos da Torá e os Ta’amim (Sabores) por trás da Mitzvá estendem das Luzes das Sefirot.

Como nós já sabemos, há um relacionamento inverso entre os Kelim e as Luzes: Nos Kelim, os superiores crescem primeiro (como mencionamos acima no Item 62), que é o porquê os Rishonim (Antigos Sábios) eram mais perfeitos com relação à prática do que os últimos. Isto não é assim com relação às Luzes, onde as inferiores entram primeiro, e portanto os inferiores são mais completos com elas do que os Rishonim (Antigos Sábios). Entenda isto bem!

66) Saiba que tudo tem um aspecto interior e um exterior. Na totalidade do mundo os Israelitas – os descendentes de Abraão, Isaac e Jacó – são considerados a interioridade do mundo, e as 70 nações são consideradas a exterioridade do mundo.

E também entre os Israelitas existe a interioridade, que são aqueles que realizam completamente o trabalho com o Criador, e a exterioridade, que são aqueles que não são devotos ao trabalho com o Criador. Similarmente, entre as Nações do Mundo, há a interioridade, que são os Justos das Nações, e a exterioridade, que são os rudes e prejudiciais neles etc.

Mesmo entre os Israelitas que trabalham com o Criador, há a interioridade, que são aqueles que merecem entender a alma da interioridade da Torá e seus segredos, e a exterioridade, que são aqueles que lidam apenas com a parte prática da Torá.

E da mesma forma, todas as pessoas de Israel tem a interioridade, que é o aspecto de Israel nelas, que é o segredo do Ponto no Coração. E há também uma exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo nelas que é o próprio corpo.

Mas mesmo o aspecto das Nações do Mundo neles é considerado como prosélitos; já que são anexados à interioridade, eles são como prosélitos justos das Nações do Mundo que vieram e se anexaram aos Israelitas.

67) E quando uma pessoa de Israel valoriza e dignifica o aspecto da sua interioridade, que é o aspecto de Israel dentro dela, sobre sua exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo nela – isto é, quando ela gasta mais do seu esforço e trabalho para aumentar e elevar o aspecto da interioridade dentro dela para o benefício de sua alma, e menos esforço, apenas para o nível necessário, para a existência do aspecto das Nações do Mundo dentro dela, isto é, para as necessidades corporais, como dissemos em Pirkei Avot [Ética dos Pais]: “Faça tua Torá permanente e teu trabalho temporário”. Assim, através de suas ações tanto na interioridade quanto na exterioridade de todo o mundo, faz com que os Filhos de Israel continuem aumentando em sua perfeição mais e mais, para que as Nações do
Mundo, que representam a exterioridade do mundo como um todo, reconheçam e apreciem o valor dos Filhos de Israel.

E se, Deus proíba, o oposto acontece, que um indivíduo de Israel enfatiza e dá mais importância ao aspecto de sua exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo dentro dele, sobre o aspecto Israelita dentro dele, então, como é dito: “O Estranho que está no meio de ti” (Deuteronômio 28:43) isto é, a exterioridade dentro de ti, “montará sobre ti mais e mais; e você…” em si mesmo, ou seja, sua interioridade, que é o aspecto do Israelita em você, “…descerá mais e mais”. E assim, através de suas ações, ele causa a exterioridade do mundo em geral, que são as Nações
do Mundo, para se elevar mais e mais, e superar os Israelitas e humilhá-los ao chã; e os Filhos de Israel, que são a interioridade do mundo, descem mais e mais, Deus proíba.

68) E isto não deve te surpreender que um indivíduo pode, através de suas próprias ações, causar qualquer elevação ou declínio ao mundo inteiro. É uma lei imutável que o coletivo e o indivíduo são iguais um ao outro como duas gotas de água, e tudo que se aplica ao coletivo também se aplica ao indivíduo. São os indivíduos que fazem o coletivo fazer o que faz. Isto é porque o coletivo será percebido apenas após os indivíduos dentro tiverem se manifestado, de acordo com a quantidade e qualidade dos indivíduos. Então certamente a ação do indivíduo, de acordo com o seu valor, causa com que todo o coletivo a ou se elevar ou declinar.

Através disto, ficará claro para você o que nós aprendemos no Zohar: que através do nosso envolvimento com o Zohar e com a Sabedoria da Verdade, eles serão recompensados com a saída do exílio em completa redenção (Tikunim, fim do Tikun nº. 6). Aparentemente, qual é a conexão entre estudar o Zohar e a redenção dos
Israelitas dentre as nações?

69) Pelo que foi explicado, é claramente compreendido que mesmo a Torá tem interioridade e exterioridade, assim como o mundo como um todo. Portanto, uma pessoa que se engaja com a Torá também tem estes dois aspectos. E conforme ela aumenta seu esforço no aspecto interior da Torá e seus segredos, então ao mesmo nível ela causa a qualidade da interioridade do mundo, que são os Israelitas, para continuar ascendendo e elevando bem acima da exterioridade do mundo, isto é, as Nações do Mundo. E todas as nações irão concordar e reconhecer a qualidade dos
Israelitas sobre eles, ao ponto onde as passagens das escrituras sejam cumpridas: “E as nações os tomarão e lhes levarão ao seu lugar, e eles estabelecerão a Casa de Israel na terra do Senhor”, etc. (Isaías 14:2), assim como a seguinte passagem: “Assim disse o Senhor: Eis, Eu erguerei Minha mão às nações, e levantarei Meu sinal aos povos: e eles trarão seus filhos em seus seios, e suas filhas serão carregadas sobre seus ombros” (Isaías 49, 22).

Mas se, Deus proíba, o oposto acontecer, que a pessoa dentre os Israelitas degrade a importância da interioridade da Torá e seus segredos, que trata com os caminhos das nossas almas e seus níveis assim como com nossa mente e raciocínio por trás de cada uma das Mitzvot, em favor de louvar a virtude da exterioridade da Torá, que trata apenas com os aspectos práticos, e mesmo se ela engajar com a interioridade da Torá, mas devotar a ela apenas uma pequena porção do seu tempo, quando não é nem dia nem noite, como se ela fosse, Deus proíba, algo que não tem
valor, nisto, esta pessoa está causando a interioridade do mundo, que são os Israelitas, a caírem mais e mais, e faz com que a exterioridade do mundo, que são as Nações do Mundo, cada vez mais fortes para que eles humilhem os Israelitas e os ponham em vergonha, e considerem os Israelitas como algo supérfluo no mundo e que o mundo não lhes necessita, Deus proíba.

Além disso, através disto, eles até mesmo causam com que a exterioridade das Nações do Mundo cresça em força sobre sua própria interioridade porque os piores das Nações do Mundo, que são os malfeitores e os destruidores do mundo, crescem mais forte e se elevam cada vez mais acima da sua interioridade, que são os Justos dentre as Nações do Mundo. E então eles cometem todas as suas destruições e massacres horrendos, que as pessoas de nossa geração testemunharam, que o Criador nos proteja daqui em diante. Isto demonstra para você que a redenção e toda a virtude dos Israelitas dependem do estudo do Zohar e a interioridade da Torá.

Por outro lado, toda a destruição e todo o declínio dos Israelitas aconteceu porque eles negligenciaram a interioridade da Torá e degradaram sua virtude cada vez mais baixo e lhe transformou, Deus proíba, em algo que não é necessário.

70) E isto é o que foi dito nos Tikunim do Zohar [em negrito] (Tikun 30, segundo caminho), que diz: “Levantem e despertem pelo bem da Shechiná, pois vosso coração carece do entendimento para conhecer Ela, que Ela está em teu
meio”. Despertem e elevem-se pelo bem da Santa Shechiná, pois vós tendes um coração vazio, sem o entendimento de conhecer e compreender Ela, embora Ela esteja em teu meio. O significado secreto disto é, “Uma voz diz, Clama!” (Isaías 40:6) como em “Clama agora, há alguém que te responderá? E para quais dos santos te tornarás?” (Jó 5:1) E Ela diz, “O que devo clamar? Toda carne é palha seca” (Isaías 40:6), isto é, eles são todos como bestas que comem palha. “E toda sua bondade é como a flor do campo”. (Ibid) Cada ato de bondade que eles fazem, eles fazem para
si mesmos. E mesmo aqueles que engajam com a Torá, toda a bondade que eles realizam, eles fazem apenas para si mesmos”.

E o segredo da passagem: “Uma voz diz, Clama!” (Isaías 40:6) é que uma voz bate dentro do coração de todo e cada Israelita para clamar e orar pela elevação da Santa Shechiná, que são as almas coletivas de todos os Israelitas (e há evidência da passagem, “Clame agora, há alguém que te responderá?” (Jó 5:1) este “clamor” se
refere à oração).

Mas a Shechiná diz, “O que devo clamar?” (Isaías 40:6) Em outras palavras, eu não tenho poder para me elevar do pó porque “toda carne é palha seca” (Ibid), todos são como bestas comendo grama e palha, isto é, eles fazem suas Mitzvot sem qualquer entendimento, assim como bestas, “E toda sua bondade é como uma flor do campo,” (Ibid) e todo ato de bondade que eles fazem, é apenas para si mesmos, ou seja, que todas as Mitzvot que eles cumprem são feitas sem qualquer intenção de dar prazer ao Criador, pelo contrário eles realizam as Mitzvot apenas para beneficiar
a si mesmos.

“E mesmo aqueles que engajam com a Torá, cada ato de bondade que eles fazem, eles fazem para si mesmos”, mesmo os melhores deles, que dedicaram seu tempo em se envolver com a Torá, fizeram isto apenas para beneficiar seu próprio eu sem a própria intenção de dar prazer ao seu Fazedor.

Naquele tempo, está escrito sobre esta geração: “Uma Ruach (Espírito) partiu e nunca retorna ao mundo.” (Salmos 78:39) e este é o Espírito do Messias, que tem que redimir os Israelitas de todos os seus problemas até que eles atinjam a completa redenção para cumprir a passagem das escrituras: “Pois a terra será cheia do conhecimento do Criador etc.” (Isaías 11:9) Este Espírito desapareceu e partiu, e não brilha no mundo.

Ai daquelas pessoas que fazem desaparecer e abandonar o mundo, e nunca retornar, porque eles fazem a Torá seca, e eles não querem se engajar na sabedoria da Cabalá. Ai destas pessoas que fazem o Espírito do Messias desaparecer e
abandonar o mundo, e nunca serão capazes de retornar. Eles são aqueles que fazem a Torá seca porque eles não querem se engajar com o estudo da Sabedoria da Cabalá.

Isto é, sem qualquer “umidade” da Sabedoria e conhecimento. Isto é porque eles se restringem apenas à parte prática da Torá. E eles não querem fazer um esforço e entender a Sabedoria da Cabalá, conhecer e ganhar a Sabedoria nos Segredos da Torá assim como nos Ta’amim (Sabores) da Mitzvá. Ai daqueles que através destas ações, causam a pobreza, guerras, roubos, saques, matanças e destruição no mundo. Fim da citação.

71) E o significado de suas palavras, como nós explicamos, é que existem aqueles que engajam com a Torá e ainda desprezam sua própria interioridade e a interioridade da Torá, colocando ela de lado com algo que não é necessário no mundo e engajam com ela apenas nos momentos em que não é nem dia nem noite, e eles são, com isto, cegos que estão buscando uma parede. Com isso, eles aumentam sua própria exterioridade, isto é, seus benefícios corporais.

Eles também consideram a exterioridade da Torá mais do que consideram a interioridade da Torá. Através
destas ações, eles provocam o aumento e fortalecimento de todos os aspectos exteriores no mundo sobre os aspectos interiores no mundo, todos de acordo com sua própria essência, porque o exterior do coletivo dos Israelitas, isto é, os ignorantes entre eles que não são educados, é fortalecido e cancela a interioridade do coletivo dos Israelitas que são os grandes na Torá.

E também a exterioridade das Nações do Mundo, que são aqueles dentre eles que espalham destruição, se tornam mais fortes e anulam sua interioridade, que são os Justos das Nações. E também a exterioridade do mundo inteiro, que são as Nações do Mundo, se tornam mais fortes e anulam os Israelitas, que são a interioridade do
mundo.

E em tal geração, todos aqueles que espalharem destruição entre as Nações do Mundo levantarão suas cabeças e principalmente desejarão destruir e matar os Filhos de Israel. Isto é como nossos sábios disseram (Tratado Yevamot pg. 63): “Devastação vem ao mundo apenas por conta dos Israelitas”. Isto significa, como foi dito acima nos Tikunim, que eles causam a pobreza, guerras, roubos, matanças e destruição no mundo inteiro.

E de fato nós temos, devido aos nossos muitos pecados, testemunhado tudo que foi dito naqueles Tikunim, e no topo disto, o atributo do julgamento severo atingiu os melhores de nós. Como foi dito (Tratado Bava Kama pg. 60):
“Calamidade… sempre começa com os justos primeiro”. E de toda a glória que os Israelitas tinham nos países da Polônia e Lituânia etc., tudo que permaneceu foram remanescentes que estão em nossa Terra Santa.

Então de agora em diante, cabe a nós, os sobreviventes da destruição, corrigir esta severa distorção. E todo e cada um de nós, os remanescentes, deve tomar sobre si mesmo, com todo seu coração e com todo seu ser, para melhor daqui em diante a interioridade da Torá e dar a ela seu devido lugar como mais importante que a parte exterior da Torá. Então todo e cada um de nós irá merecer o melhoramento da qualidade de sua própria interioridade, isto é, a qualidade do Israelita dentro dele, que se refere às necessidades da alma mais do que as necessidades do eu exterior,
que é o aspecto das Nações do Mundo nele, que alude às necessidades corporais.

E este poder atingirá a totalidade dos Israelitas ao ponto onde mesmo os iletrados e incultos entre nós irá reconhecer e conhecer a superioridade e excelência dos grandes dos Israelitas e irão lhes escutar e seguir. E a interioridade das Nações do Mundo, que são os Justos das Nações do Mundo, se tornará mais forte e vencerá a exterioridade, que são os propagadores da destruição.

E desta forma, a interioridade do mundo, que são os Israelitas, aumentará em toda sua superioridade e excelência sobre a exterioridade do mundo, que são as Nações. E então todas as Nações do Mundo conhecerão e admitirão a vantagem que os Israelitas tem sobre eles. E eles cumprirão a passagem das escrituras: “E os povos os tomarão e os levarão ao seu lugar, e eles estabelecerão os Israelitas sobre a terra do Criador etc.” (Isaías 49:22) E isto é o que quer dizer a passagem do Zohar, Naso (verso 90) página 124b, que diz: E através desta tua composição, que é o Livro do
Zohar etc., eles sairão do exílio com misericórdia, como explicado. Amén, que assim seja.

4 Nota do tradutor: Pela Néfesh ele quer dizer o primeiro grau em NARANCHAY.
5 Nota do tradutor: Mitzvot Positivas são preceitos que você tem que realizar em ação, e Mitzvot Negativas são preceitos que você tem que guardar ao evitar certas ações.

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