Nomes Paralelos
Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”
Em “A Essência da Sabedoria da Cabalá”, Baal HaSulam explica que os mundos ABYA são todos muito semelhantes entre si: “Os Cabalistas descobriram que a forma dos quatro mundos, chamados Atzilut, Beriá, Yetzirá e Assiyá, começando com o primeiro, mais elevado, chamado Atzilut, e terminando neste mundo corpóreo, tangível, chamado Assiyá, é exatamente o mesmo… Isso significa que tudo o que, eventualmente, ocorre no primeiro mundo, também é encontrado inalterado no próximo mundo. E assim ocorre igualmente em todos os mundos que o seguem, até este mundo tangível.
“Não há diferença entre eles, mas apenas um grau distinto, percebido na substância dos elementos da realidade em cada mundo. A substância dos elementos da realidade no primeiro, mundo Superior, é mais pura [mais doadora] que em todos os mundos abaixo dele, e a substância dos elementos da realidade do segundo mundo é mais grosseira [mais recebedora] do que a do primeiro mundo, porém mais pura que a dos graus inferiores.
“Isso continua da mesma maneira até este nosso mundo, cuja substância dos elementos é mais grosseira e mais escura que em todos os mundos precedentes [mais recebedora, até o ponto do egoísmo]. As formas e os elementos da realidade e todas as suas ocorrências, no entanto, vêm inalteradas e iguais em todos os mundos, tanto em quantidade quanto em qualidade.”60
Embora a Cabalá fale de desejos e não de objetos físicos, porque todos os mundos são praticamente idênticos, os Cabalistas costumam usar nomes de objetos ou processos do mundo físico para explicar os estados espirituais ou processos que ocorrem no nível dos desejos. Exemplos físicos são muito mais claros e tangíveis. O termo Partzuf (Face), que discutimos acima, é um desses casos. Um exemplo mais “picante” seria Zivug de Hakaa (acoplamento por golpes), que é um nome em código para descrever todo o processo de rejeição da luz (o golpear) e depois a recepção (o acoplamento) de apenas a quantidade de luz que pode ser recebida com o fim de outorgar.
Em conformidade, em sua “Introdução ao Livro do Zohar”, Ashlag explica que o nome “inanimado” foi dado ao mundo de Atzilut, porque consiste do desejo de receber no Estágio Um, que é completamente passivo61.
O equivalente corporal do mundo de Atzilut são os minerais. Todos os minerais se esforçam (desejam) manter sua forma. Eles não têm nenhum desejo de se tornar outra coisa senão o que eles já são; se você tentar mudá-los em outra coisa, terá de aplicar energia e manipulá-los, porque irão resistir à mudança.
Nas palavras de Ashlag, “o Estágio Um do desejo de receber, chamado ‘inanimado’, (…) é a manifestação inicial da vontade de receber neste mundo corpóreo. (…) nenhum movimento, porém, é aparente em seus itens particulares. (…) E já que há somente um pequeno desejo de receber (…) o seu poder sobre os itens particulares [minerais] é indistinguível”62.
Beriá recebeu o nome de “vegetativo”, já que é o começo de um desejo independente. Como o esperado, a manifestação material desse desejo são plantas. As plantas crescem, florescem e murcham, e cada planta é uma entidade distinta, ao contrário do agregado de moléculas que forma os minerais. As plantas, no entanto, não têm livre escolha em seus movimentos. Quando as plantas de um certo tipo crescem em estreita proximidade, todas se comportam exatamente da mesma maneira. Por exemplo, a cabeça de qualquer girassol estará sempre virada para o sol (Imagem 1), e todas as espigas de trigo ficam amarelas quando se aproxima a época da colheita.
Imagem 1: A cabeça do girassol sempre irá se mover em direção ao sol.
Yetzirá foi chamado “animado” e corresponde ao Estágio Três do desejo de receber. Em Yetzirá, a Criação desfruta de uma substancial medida de “liberdade e individualidade (…) uma vida única para cada item”, escreve Ashlag na Introdução acima mencionada. Em Yetzirá, no entanto, explica ele, “o desejo ainda não tem a sensação dos outros, ou seja, não está preparado para participar das dores ou alegrias dos outros”63.
Assiyá foi chamado “falante” ou “humano”, uma vez que reflete a forma completa e mais complexa do desejo de receber. No nível humano, e Ashlag explica que essa é uma diferença fundamental entre os níveis falante e animado, o desejo de receber inclui a sensação dos outros64: “O desejo de receber no animado, que não tem a sensação dos outros, só pode gerar necessidades e desejos, na medida em que eles são impressos somente nessa criatura. O humano, porém, que pode sentir os outros também, torna-se carente de tudo o que os outros têm e sente, portanto, inveja de tudo o que os outros têm.” Por essa razão, “quando tem cem, deseja ter duzentos, e assim suas necessidades sempre se multiplicam até que queira devorar tudo o que há no mundo inteiro.” 65
Para realmente entender a diferença entre o nível humano dos desejos e todos os outros níveis, considere o seguinte experimento: ofereça a um cão um smartphone touch- screen novo em vez de sua comida favorita e veja qual deles ele escolhe. Depois, substitua o alimento do cão por comida humana e deixe o smartphone. Então tente a mesma experiência com uma pessoa.
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