LISHMÁ É UM DESPERTAR DE CIMA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Não está em nossas mãos compreender como somos recompensados com Lishmá (em Nome Dela). Isso ocorre porque a mente humana não é capaz de apreender como tal coisa é possível no mundo. Isto deve-se ao fato de que temos acesso a tal compreensão apenas se nos ocuparmos com a Torá e com as Mitzvot, alcançando assim algo de fato. A existência de auto-gratificação se faz necessária, pois, caso contrário, não somos capazes de realizarmos coisa  alguma.

Em vez disso, Lishmá é uma iluminação que vem do Alto, e unicamente alguém que a tenha experimentado pode saber e compreender. Está escrito sobre isso, “Provai e vede como o Senhor é bom”.

Portanto, devemos compreender porque precisamos buscar conselho e orientação sobre como alcançarmos Lishmá. Afinal, nenhum conselho irá nos ajudar, e se Deus não nos conceder a outra natureza, chamada “o Desejo de Doar” nenhum esforço nos será de ajuda no alcance de Lishmá.

A resposta é, como nossos sábios disseram (Avot, 2:21), “Não cabe a você completar o trabalho, e você não está livre para deixar de fazê-lo”. Isso significa que devemos ativar o despertar de baixo, visto que isso é discernido como uma oração.

Uma oração é considerada uma deficiência, e sem uma deficiência não há realização. Dessa forma, quando temos uma necessidade por Lishmá, a realização  vem do Alto, e a resposta à oração vem do Alto, a saber, recebemos a realização para nossa necessidade. Verifica-se portanto que nosso trabalho se faz necessário para o recebimento de Lishmá a partir do Criador unicamente na forma de uma deficiência e de um Kli (Vaso). Contudo, jamais podemos obter a realização sozinhos; inversamente, trata-se de uma dádiva vinda do  Senhor.

No entanto, a oração deve ser plena, originada no fundo do coração. Isso significa que sabemos com toda certeza que não existe ninguém no mundo que possa nos ajudar, exceto o próprio Criador.

Porém, como sabemos que não existe ninguém que possa nos ajudar, exceto o próprio Criador? Podemos adquirir essa conscientização precisamente, se tivermos empregado todas as nossas forças disponíveis para alcançarmos Lishmá, e tal tentativa tiver sido em vão. Por conseguinte, devemos envidar todos os esforços possíveis para sermos recompensados com “para o Criador”. Então, podemos orar do fundo do nosso coração, e assim o Senhor ouvirá nossa  prece.

Não obstante, devemos saber que quando nos esforçamos para alcançar Lishmá, devemos nos comprometer a trabalhar exclusivamente para doar, de forma plena, a saber, apenas doar e não receber coisa alguma. Só então, começamos a ver que nossos órgãos físicos não concordam com essa  ideia.

A partir dai, podemos chegar à clara conscientização de que não dispomos de nenhum outro conselho, exceto colocar nossa queixa diante do Senhor para que Ele nos ajude, de forma que o corpo possa concordar em se render a Ele incondicionalmente, posto que vemos que não somos capazes de persuadir nossos corpos a se anularem de forma completa. Acontece que precisamente quando vemos que não existe razão para esperarmos que nossos corpos, por si mesmos, irão concordar em trabalhar para o Criador, nossa oração pode brotar do fundo do coração, e então essa súplica será aceita.

Devemos saber que ao alcançarmos Lishmá, levamos a má inclinação para a morte. A má inclinação é o desejo de receber, e a obtenção do desejo de doar impede que o desejo de receber seja capaz de fazer alguma coisa. Isso é considerado colocá-  lo em estado de morte, pois ele fica desprovido de sua função; e não tem nada mais  a fazer, pois não o usamos mais. E quando a má inclinação é destituída de sua função, considera-se que a colocamos no estado de  morte.

E quando contemplamos, “Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho… debaixo do sol”, perceberemos que não é tão difícil nos escravizarmos em Seu Nome, por duas razões:

  1. Em todo caso, voluntária ou involuntariamente, devemos fazer esforços neste mundo, e que obtemos de todos os esforços que tivermos feito?
  2. Todavia, se trabalharmos Lishmá, receberemos prazer durante o trabalho também.

Isso está de acordo com o provérbio do Sayer de Dubna sobre o verso, “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel”. Ele disse que isso é como um homem rico que saiu do trem com uma mala pequena.  Ele a colocou no lugar onde todos os negociantes colocavam suas bagagens para que os carregadores as levassem para o hotel onde os negociantes ficavam. O carregador pensara que o negociante certamente levaria uma mala pequena ele próprio, já que não seria necessário um carregador para isso, então o carregador levou um grande pacote para o hotel.

O negociante quis pagar um pequeno valor ao carregador, como sempre o fez, para aquela pequena mala. Porém, o carregador não quis recebê-lo, e disse, “Coloquei uma grande mala no depósito do hotel; mal pude carregá-la, e isso me deixou exausto, e você quer me pagar tão pouco por  isso?”

A lição é que quando uma pessoa vem e diz que se esforçou muito para manter a Torá e as Mitzvot, o Senhor lhe responde, “Contudo tu não me invocaste   a mim, ó Jacó”. Em outras palavras, não foi minha bagagem que você carregou, mas  a bagagem de outra pessoa. Se você está afirmando que se esforçou muito com a Torá e as Mitzvot, deve ter tido um outro senhor para o qual trabalhou, então a pessoa deve ir até ele para receber seu pagamento.

Isto é o que significa, “mas te cansaste de mim, ó Israel”. Em outras palavras, aquele que trabalha para o Criador não tem trabalho, pelo contrário, tem prazer e estado de espírito elevado.

Entretanto, aquele que trabalha por outro propósito não pode chegar ao Criador com reclamações de que Ele não lhe dá vitalidade no trabalho, já que a pessoa não trabalha para o Criador, para o Senhor lhe pagar pelo trabalho. Ao invés disso, a pessoa deve reclamar às pessoas para as quais trabalhou para que estas lhe administrem prazer e vitalidade.

E como há muitos propósitos em Lo Lishma (Não em Nome Dela), a pessoa deve exigir do objetivo pelo qual trabalhou, que lhe dê a recompensa, a saber, prazer e vitalidade. É dito sobre elas, “Aqueles que as fazem sejam iguais a elas; de fato, que cada um confia nelas”.

No entanto, de acordo com isso, é desconcertante. Afinal de contas, vemos que, mesmo quando uma pessoa toma para si o fardo do Reino dos Céus, sem qualquer outra intenção, ela ainda não sente alguma motivação, para dizer que esta motivação obriga-a a tomar sobre si o fardo do Reino dos Céus. E a razão é que tomar sobre si este fardo é somente por causa da fé acima da  razão.

Em outras palavras, a pessoa o faz por coerção, sem desejo de fazê-lo. Assim, podemos perguntar, “Por que sentimos fadiga nesse trabalho, como o corpo constantemente buscando um momento em que possa se livrar dele, visto que não sentimos qualquer motivação no trabalho?” E quando trabalhamos em silêncio, e temos como único objetivo trabalhar a fim de doar, por que o Criador não nos concede sabor e vitalidade no trabalho?

A resposta é que devemos saber que isso é uma grande correção. Se tal não tivesse acontecido, se a Luz e a motivação tivessem iluminado logo que tivéssemos começado a assumir o fardo do Reino dos Céus, teríamos imediata motivação no trabalho. Em outras palavras, o desejo de receber teria cedido a esse trabalho também.

E por que teria anuído? Certamente, porque tal desejo quer satisfazer seu apetite, a saber, trabalhar para seu próprio benefício. Caso tal tivesse ocorrido, jamais teria sido possível alcançar Lishmá, visto que seríamos obrigados a trabalhar pelo nosso próprio benefício, pois sentiríamos maior prazer no trabalho de Deus do que nos desejos corpóreos. Consequentemente, teríamos que permanecer em Lo Lishma, visto assim que teríamos tido satisfação no trabalho. Onde não há satisfação, não podemos fazer coisa alguma, pois sem lucro, não podemos trabalhar. Verifica-se portanto que se recebêssemos satisfação neste trabalho de Lo Lishma, teríamos que permanecer naquele estado.

Isso é parecido com o que as pessoas costumam dizer, que quando se corre atrás de um ladrão para pegá-lo, o ladrão, também, corre e grita, “Pega ladrão”. Logo, é impossível dizer quem é o verdadeiro ladrão, pegá-lo e restituir o produto do roubo.

No entanto, quando o ladrão, ou seja, o desejo de receber, não sente qualquer gosto e motivação no trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus, se neste caso a pessoa trabalha com fé acima da razão, coercivamente, e o corpo se torna habituado a esse trabalho contra a vontade do desejo de receber, então a pessoa tem os meios pelos quais chegar a um trabalho que vai ter como propósito levar contentamento ao Criador.

Sucede dessa forma porque a exigência principal para uma pessoa é alcançar Dvekút (Adesão) com o Criador através do trabalho dela, o que é discernido como Similaridade de Forma, onde todas as intenções da pessoa são direcionadas ao doar.

É como está expresso no verso, “então você terá no Senhor a sua alegria”. O significado de “Então” é “antes”, que no começo do nosso trabalho, não havia prazer. Inversamente, nosso trabalho é coercitivo.

Contudo, mais tarde, quando tivermos nos acostumado a trabalhar a fim de doar, e não atentarmos para nós mesmos—se estivermos sentindo prazer no trabalho—mas acreditamos que estamos dando contentamento ao nosso Criador através do nosso trabalho. E devemos acreditar que o Senhor aceita o trabalho dos mais desprovidos, sem levar em consideração como e quanto é a forma do trabalho deles. Em tudo, o Criador examina apenas a intenção, e se isso traz contentamento para Ele. Então somos agraciados com o “você terá no Senhor a sua alegria”.

Até mesmo durante o trabalho de Deus, sentiremos deleite e prazer, visto que agora realizamos realmente trabalho para o Criador, pois que os esforços que empreendemos durante o trabalho coercitivo nos qualificam e nos habilitam para o verdadeiro trabalho para o Criador. Então, você descobre que o prazer que recebemos se relaciona ao Criador também, a saber, especificamente para o Criador.

A RAZÃO DO PESO NO TRABALHO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Precisamos conhecer a razão para a existência do peso sentido quando queremos trabalhar para anular o nosso “ego” diante do Criador, e não nos importamos com nosso próprio interesse. Chegamos a um estado como se o munto inteiro estivesse inerte, e sozinhos estivéssemos agora aparentemente ausentes do mundo, e deixássemos nossa família e amigos em prol da  anulação diante do Criador.

Existe apenas uma razão para isso, chamada “falta de fé”. Isso implica que não vemos diante de quem estamos nos anulando, significando que não sentimos a existência do Criador, e isso nos causa tal peso.

Entretanto, quando começamos a sentir a existência do Criador, nossa alma imediatamente anseia para ser anulada e conectada à raiz, para ser contida nela como uma vela numa tocha, sem qualquer preocupação ou razão. Contudo, isso nos ocorre de forma natural, como uma vela é anulada diante de uma  tocha.

Assim, segue que a essência do nosso trabalho é unicamente alcançar aquela sensação da existência do Criador, sentir a existência do Criador, que “a terra inteira está cheia da sua glória”. Nisso consistirá todo o nosso trabalho, ou seja, todo o vigor que depositamos no trabalho será unicamente a fim de alcançarmos tal meta, e não qualquer outra coisa.

Não devemos nos deixar desviar com vista a adquirir qualquer outra coisa. Inversamente, existe apenas algo de que carecemos, a saber, fé no Criador. Não devemos pensar em coisa alguma, ou seja, a única recompensa desejada para nosso trabalho deve ser a concessão de fé no Criador.

Sabemos que não há diferença alguma entre uma pequena iluminação e uma grande iluminação, a qual adquiramos. Isso ocorre porque não há mudanças na Luz. Ao invés disso, todas as mudanças ocorrem nos vasos que recebem a abundância, como está escrito, “eu, o Senhor, não mudo”. Por conseguinte, se pudermos magnificar nossos vasos, até aquele ponto magnificaremos  a luminescência.

Porém, a pergunta é, “Com o que podemos magnificar nossos vasos?” A resposta é, “Na medida em que louvemos e demos graças ao Criador por Ele nos ter aproximado dEle, assim podemos senti-lO um pouco e considerarmos a importância do fato, ou seja, que fomos recompensados com alguma conexão com o Criador”.

Quanto mais valor atribuirmos à importância que tal conexão tem para nós mesmos, crescerá, de forma proporcional, em nós mesmos, a medida da luminescência. Devemos saber que jamais saberemos a verdadeira medida da importância da conexão entre o homem e o Criador, porque não podemos avaliar seu verdadeiro valor. Em vez disso, quanto mais apreciarmos tal conexão, perceberemos seu mérito e importância. Existe uma força nisso, pois assim podemos ser recompensados em ter essa iluminação de forma  permanente.

DIVINDADE NO EXÍLIO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito que “não há ninguém além do Criador”, o que significa que não há nenhum poder no mundo capaz de fazer alguma coisa contra Sua Vontade. E se o homem vê que há coisas neste mundo, que negam o domínio do Alto, é porque Ele quer assim.

E considera-se uma correção, chamada “a esquerda rejeita e a direita acrescenta”, significando que aquilo que o lado esquerdo rejeita é considerado uma correção. Isso significa que há coisas no mundo, que por princípio estão destinadas  a desviar a pessoa do caminho correto, e mantê-la  distanciada da santidade.

O benefício dessas rejeições é que através delas a pessoa recebe a real necessidade e um completo desejo pela ajuda de Deus, pois vê que de outra forma está perdida. Não apenas ela não progride em seu trabalho, como vê ainda que regride, e que lhe falta a força para sequer observar a Torá e as Mitzvot, mesmo em  Lo Lishmá (que não seja em Seu nome). Porque somente se superar genuinamente todos os obstáculos, acima da razão, ela pode observar a Torá e as Mitzvot. Mas nem sempre ela tem a força para ir acima da razão, porque se ocorresse o contrário, Deus proíba, ela seria forçada a se desviar do caminho do Criador, mesmo de Lo Lishmá (não em Seu nome).

A pessoa sempre sentiu que o fragmento é maior que o total, o que significa que há mais descidas que ascensões. Ela não vê uma finalidade para esses apuros, e sempre se sente excluída da santidade, porque vê que é difícil para ela observar até mesmo uma insignificância, se não agir acima da razão, mas nem sempre ela é capaz de agir assim. E qual será o fim de tudo isso?

Então essa pessoa entende que ninguém pode ajudá-la, a não ser o próprio Deus. Isso faz com que ela dirija um pedido sincero ao Criador para que abra seus olhos e coração, e a aproxime da eterna adesão a Deus. Ela compreende, então, que todas as rejeições que ela experimentou vieram do Criador.

Isso significa que as rejeições que ela experimentou não aconteceram por sua culpa, ou por que não era capaz de prosseguir, mas sim porque essas rejeições são para aqueles que verdadeiramente querem se aproximar de Deus. E para que essa pessoa não se satisfaça com apenas um pouco, mais precisamente, para que não permaneça como uma criança sem conhecimento, ela recebe ajuda do Alto, de modo a que não seja capaz de dizer que “graças a Deus, eu tenho Torá e Mitzvot e pratico boas ações, e portanto, o que mais eu poderia pedir?”

Só se essa pessoa tiver um verdadeiro desejo, ela receberá ajuda do Alto. E lhe são mostradas constantemente as suas faltas no estado presente, isto é, são-lhe enviados pensamentos e opiniões que trabalham contra seus esforços. Isto é para  que ela veja que ela não está unificada a Deus. E quanto mais ela supera, mais percebe o quão longe da santidade ela se encontra, por comparação aos outros, que se sentem unificados a Deus.

Mas essa pessoa, por outro lado, sempre tem suas queixas e exigências, e não consegue justificar o comportamento do Criador, nem o modo como Ele age com relação a ela. E isso vai lhe provocando dor, porque ela não se sente unificada ao Senhor, até que chegue a sentir que não tem participação nenhuma na santidade.

A pessoa sempre deve tentar se aproximar do Criador, isto é: tentar fazer com que todos os seus pensamentos se refiram a Ele. Isso quer dizer que mesmo que ela esteja no pior estado, do qual não possa haver uma grande queda, ela não deve abandonar Seu domínio, isto é, não deve pensar que há outra autoridade que o afaste de entrar na santidade, e que tenha o poder de beneficiar ou ferir.

Portanto a pessoa não deve pensar que é o poder da Sitra Achra (Outro Lado), que não lhe permite praticar boas ações e seguir os caminhos de Deus, mas sim, que tudo isso é determinado pelo Criador.

Como dizia o Baal Shem Tov, aquele que afirmar que há outro poder no mundo, isto é, Klipót (cascas), está num estado em que “serve a outros deuses”, ainda que não pense, necessariamente, em cometer o pecado da heresia; mas se ele pensa que há outra autoridade e força, que não o Criador, desse modo ele está cometendo um pecado.

Além disso, aquele que diz que o homem tem sua própria autoridade, ou seja, aquele que diz que ontem ele mesmo não quis seguir os caminhos de Deus, esse também se considera como tendo cometido o pecado de heresia. Isso significa que ele não acredita que somente o Criador conduz o  mundo.

Quando a pessoa comete um pecado, certamente deve se lamentar por isto e se arrepender por tê-lo cometido, mas aqui também nós devemos colocar a dor e a lástima na ordem correta: aquilo a que ela atribuir a causa do pecado, é nesse ponto que ela deve se arrepender.

A pessoa então deve se arrepender e dizer: “eu cometi esse pecado porque o Criador me lançou abaixo da santidade, em um lugar imundo, no lavatório, onde está a imundície”. Isso é o mesmo que dizer que o Criador lhe deu um desejo e um apetite por se divertir e respirar o ar de um lugar malcheiroso. (E também se pode dizer, como está nos livros, que às vezes o homem encarna no corpo de um porco, e então ele recebe um desejo e o apetite por manter-se com coisas que ele já teria decidido que eram lixos, mas agora ele novamente quer se reavivar com elas).

E também, quando a pessoa sente que está em um estado de ascensão, e sente algum prazer no trabalho, ela não deve dizer: “agora eu estou em um estado em que compreendo que é valioso servir a Deus”. Melhor seria que soubesse que agora o Senhor a notou, e por isso a atraiu para Si, o que é a razão pela qual ela sente prazer no trabalho. Ela deve tomar o cuidado de nunca abandonar o domínio da santidade, nem dizer que há outra força operando, além do Criador. (Mas isso significa que a questão de encontrar favor aos olhos do Senhor, ou o oposto, não depende do homem, mas sim, que tudo depende de Deus. E o homem com sua mente superficial, não consegue compreender por que o Senhor agora gosta dele e após, não gostará).

igualmente quando a pessoa lamenta que o Criador não a traz para perto,  ela também deveria ter cuidado para não se queixar por ter sido distanciada do Criador, pois fazendo assim ela se torna um recipiente para seu próprio benefício, e aquele que recebe é separado do Criador. Melhor seria que ela lamentasse o exílio da Shechiná (Presença Divina), isto é, por infligir tristeza à Presença  divina.

A pessoa deveria tomar como exemplo a ocasião em que algum pequeno órgão está dolorido. A dor é sentida principalmente no coração e na mente, que são a generalidade do homem. E certamente a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da completa estatura da pessoa, onde a maior parte da dor é sentida.

Igualmente é a dor que a pessoa sente quando ela é distanciada do Senhor,  já que o homem é apenas um órgão da Santa Shechiná, pois a Santa Shechiná é a alma de Israel em geral. Assim a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da dor em geral. Isso significa que a Shechiná lamenta que haja partes dela mesma que estejam distanciadas, e que ela não pode ajudar.

(E esse pode ser o significado das palavras: “quando o homem lamenta, a Shechiná diz: isto está mais leve que a minha cabeça”). E se o homem não relaciona   a ele mesmo a tristeza de estar distanciado de Deus, ele é salvo de cair na armadilha do desejo de receber para si mesmo, que é a separação  da santidade.

O mesmo se aplica quando alguém se sente um tanto mais próximo da santidade. Quando ele está feliz de ter merecido favor aos olhos do Senhor, ele precisa dizer que o centro de sua alegria é que agora há alegria na Santa Shechiná, por ter conseguido trazer seu próprio órgão para mais perto, e não rejeitá-lo.

E o homem se alegra por ter sido dotado com a capacidade de agradar à Shechiná. Do mesmo modo, a alegria que um indivíduo sente, é apenas uma parte da alegria que o total sente. E através desses cálculos ele perde seu individualismo, e evita cair na armadilha do Outro Lado, que é o desejo de receber para si mesmo.

Todavia, o desejo de receber é necessário, pois é isso o que constitui uma pessoa, e nada existe numa pessoa além do desejo de receber que lhe é atribuído pelo Criador. De qualquer forma, o desejo de receber prazer deve ser corrigido para adquirir a forma de doação.

Isso quer dizer que o prazer e a alegria, sentidos pelo desejo de receber, devem ter a intenção de transmitir prazer ao Alto, em razão do prazer que acontece abaixo. Pois esse foi o propósito da criação, de beneficiar Suas criações. E isso é chamado à alegria da Shechiná acima.

Por essa razão, o homem deve buscar conselho sobre como ele pode causar prazer acima. E certamente, se ele recebe prazer, o prazer será sentido acima. Assim, ele deve ansiar por estar sempre no palácio do Rei, e por ter a capacidade de lidar com os tesouros do Rei. E isso certamente causará prazer acima. Conclui-se que seu inteiro anseio deve ser em prol do Criador.

INTRODUÇÃO AO LIVRO DO ZOHAR

Do livro “Cabala Para o Estudante”

1) Nesta introdução, eu gostaria de esclarecer coisas aparentemente simples que foram procuradas por muitos e pelas quais muita tinta foi derramada tentando clarificá-las. Todavia, elas ainda não nos levaram a uma compreensão satisfatória. E eis as perguntas:

  1. Qual é a nossa essência?
  2. Qual é o nosso papel na longa corrente da realidade, da qual somos apenas pequenos elos?
  3. Quando examinamos a nós mesmos, nos sentimos extremamente inferiores e corruptos, dignos de nada se não a desgraça. Porém, quando examinamos o Criador Que nos formou, somos compelidos a estar no grau mais elevado, pois não há ninguém tão louvável como Ele. Pois é necessário que apenas ações perfeitas derivem de um
    Arquiteto perfeito.
  4. A nossa mente necessita que Ele seja bom e o Provedor da benevolência Que não possui ninguém acima dEle. Como, então, Ele criou tantas criaturas que sofrem e agonizam ao longo de suas vidas? Afinal, não é a natureza do Bom fazer o bem em qualquer caso, e não causar tanto mal?
  5. Como é possível que Ele Que é Eterno, Que não tem princípio nem fim, produza criaturas que vivem, morrem e transitam?

2) De forma a esclarecer todas estas questões, precisamos fazer algumas averiguações preliminares. E não, Deus proíba, onde é proibido, na essência do Criador, da qual nenhum pensamento pode ser concebido e de Quem, portanto, não temos qualquer pensamento ou palavra, a não ser onde a averiguação é uma Mitzvá (mandamento/boa ação), que é a averiguação das Suas ações. É como a Torá nos ordena: “Conhece o Deus de teu pai e sirva-O”, e como diz no Shir HaYichud (Canção da Unificação), “Te conheceremos por Tuas ações”.

Averiguação No. 1: Como podemos imaginar que a criação seria algo novo, ou seja, que algo novo que não estava incluído nEle antes de Ele a criar, quando é óbvio para qualquer observador que não há nada que não esteja incluído nEle? Isto é algo que o senso comum também nos compele a concluir, pois como alguém pode
dar o que não tem dentro de si mesmo?

Averiguação No. 2: Se você diz que do aspecto de Sua onipotência, Ele certamente pode criar existência a partir da ausência, isto é, algo novo que não existia nEle, lá surge a pergunta – que realidade é essa, que pode ser determinada como não tendo lugar nEle, mas que é algo completamente novo?

Averiguação No. 3: Refere-se ao que os Cabalistas disseram, que a alma do ser humano é parte de Deus Acima (Jó, 31:2), de tal maneira que não há diferença entre Ele e a alma, apenas que Ele é o “todo” e a alma é uma “parte”. E eles compararam isto a uma pedra esculpida de uma montanha. Não há diferença entre a pedra e a montanha, exceto que Ele é o “todo” e a pedra é uma “parte”. Logo, nós devemos perguntar: uma coisa é quando uma pedra esculpida de uma montanha é separada dela por um machado feito para esse propósito, causando a separação da “parte” do “todo”. Mas como você pode imaginar isso sobre Ele, que Ele irá separar uma parte da Sua Essência até que ela esteja fora da Sua Essência e se torne separada dEle, isto é, uma alma, ao ponto que só pode ser compreendida como uma parte da Sua Essência?

3) Averiguação No. 4: Dado que a carruagem da Sitra Achra (Outro Lado, Impureza) e das Klipót (cascas) estão tão longe da Santidade do Criador quanto possível, ao ponto que tal afastamento esteja além da nossa capacidade de imaginar, como isto pode ser formado e extraído da Santidade, muito menos que a Sua Santidade o sustente?

Averiguação No. 5: Refere-se à questão da Ressureição dos Mortos: dado que o corpo é tão desprezível, que imediatamente ao nascer ele está condenado a perecer e a ser enterrado. Além disso, O Zohar disse que antes que o corpo apodreça inteiramente – enquanto ainda existem remanescentes dele – a alma não pode ascender até ao seu lugar no Jardim do Éden. Desta forma, porque o corpo deveria ser ressuscitado para a Ressurreição dos Mortos? Não poderia o Criador deleitar as almas sem isso?

Ainda mais desconcertante é o que nossos sábios disseram, que os mortos estão destinados a se levantarem com seus defeitos corporais, para que ninguém seja capaz de dizer que é outra pessoa, e depois disso Ele curará seus defeitos (Kohelet Raba 1:4). Devemos compreender porque o Criador deve se importar tanto que alguém diga que ela era outra pessoa, ao ponto onde Ele recriaria seus defeitos e então teria de curá-los.

Averiguação No. 6: Relativamente ao que nossos sábios disseram, que o ser humano é o centro de toda realidade, que os Mundos Superiores e este mundo corpóreo e tudo neles foram fundamentalmente criados apenas para ele (O Zohar, Tazria, 48), e obrigaram o homem a acreditar que o mundo tinha sido criado para ele (Sanhedrin 37). Isto é aparentemente difícil de compreender: que o Criador tivesse se dado ao trabalho a criar tudo isto para ele – para este insignificante humano que não é digno do valor de nem mesmo um fio de cabelo quando comparado à existência deste mundo, e muito menos em respeito quando comparado à todos os Mundos Superiores, cuja Altura e Sublimidade é imensurável. E também, porque alguém precisaria de tudo isso?

4) Para compreender todas estas perguntas e averiguações, a única tática é examinar o fim da ação, isto é, o propósito da Criação. Pois nada pode ser compreendido no meio do processo, mas apenas no seu fim. E é claro que não há ninguém que aja sem um propósito, pois apenas o insano poderia agir sem um propósito.

Eu sei que existem os que jogam para trás de suas costas o fardo da Torá e Mitzvot (plural de Mitzvá), dizendo que o Criador criou toda a realidade, então deixou-a sozinha, que devido à insignificância de Suas criaturas não é digno do
Criador, que é tão Elevado e Exaltado, olhar sobre seus maus e mesquinhos caminhos. Certamente, eles não falaram por sabedoria pois é impossível comentar a nossa inferioridade e insignificância, antes que decidamos que nós criamos a nós mesmos com todas as nossas naturezas corruptas e repugnantes.

Porém, ao mesmo tempo, se concluirmos que o Próprio Criador, Que é perfeito em todas as perfeições possíveis, é o Artesão Que criou e projetou nossos corpos, com todas as suas inclinações admiráveis e desprezíveis, seguramente, um Fazedor Perfeito nunca criaria um produto desprezível e defeituoso, pois toda ação testemunha a qualidade de seu fazedor. Então que culpa deve ser atribuída em uma vestimenta defeituosa, se um alfaiate ruim a fez?

Na mesma linha de estudo encontramos em Masechet Taanit, 20 uma história é contada sobre o Rabi Elazar, filho do Rabi Shimon bar Yochai, que se cruzou com um homem excessivamente feio. Ele disse para ele: “Quão feio tu és”. E o homem respondeu: “Vá e diga ao Artesão que me fez, ‘Quão feio é o vaso que Tu criaste’”.

Estude isto bem. Aqueles que são sábios em seus próprios olhos e dizem: “Devido a nossa inferioridade e insignificância, não somos dignos que o Criador olhe por nós, e por isto Ele nos abandonou”, não fazem nada a não ser exibir sua própria tolice.

Tente imaginar, suponha que você viesse a encontrar alguém que encontrou uma forma de criar seres vivos com uma Kavaná (intenção) predeterminada para que sofressem e agonizassem ao longo de suas vidas, assim como nós, e não apenas isso, mas assim que as tivesse criado, ele negligentemente as abandonaria, não querendo sequer olhar por elas, para dar-lhes um pouco de ajuda. Quão grandemente você condenaria e desprezaria esta pessoa? É possível imaginar tal coisa da Fonte da Existência – o Próprio Criador?

5) Portanto, o senso comum nos obriga a entender o oposto do que é superficialmente aparente, e estabelecemos que nós somos, de fato, seres nobres e altamente evoluídos, de importância imensurável, exatamente como convém ao
Artesão Que nos fez. Pois qualquer falha ou defeito que você queira atribuir aos nossos corpos, não importa que motivos e desculpas você encontre, termina sendo atribuído ao Criador que criou a nós e a toda nossa natureza, pois é evidente que Ele nos criou e não nós.

Ele também sabe todas as consequências que poderiam ser derivadas de todas estas inclinações naturais e más que Ele colocou em nós. Mas é por isto que dissemos que nós precisamos contemplar o resultado final da ação, e então seremos capazes de compreender tudo. E é um dito comum conhecido por todos: “Não mostres a
um tolo algo no meio de sua criação”.

6) E nossos sábios já nos instruíram (veja Árvore da Vida, Portão dos Vasos, no início do Capítulo 1) que o Criador criou o mundo unicamente para deleitar Suas criaturas. E aqui está onde nós devemos colocar nossos olhos e todos os nossos pensamentos, pois esta é a derradeira Kavaná (intenção) e ação da criação do mundo.

E nós devemos analisar isto: já que o Pensamento da Criação era dar prazer às Suas criaturas, necessariamente segue que Ele deveria ter criado uma grande quantidade de desejo em suas almas para receber aquilo que Ele pensou lhes dar. Afinal, a quantidade de cada prazer e deleite é medida pelo nível do Desejo de Recebê-lo.

Então, quanto maior o desejo de receber, a esta medida o nível do prazer é muito maior, e quanto menor o desejo, a este mesmo nível a quantidade de prazer da recepção é reduzida.

Logo, o Pensamento da Criação em si mesmo requer a criação de um Desejo de Receber excessivo nas almas que seja equivalente ao nível do imenso prazer com que o Todo-Poderoso pensou deleitar as almas. Isto é porque o grande prazer e o grande Desejo de Receber andam de mão dadas.

7) Depois de aprendermos tudo isso, chegamos a um completo entendimento da segunda averiguação, de forma que está absolutamente resolvido.

Nós averiguamos saber que realidade existe lá, que pode ser claramente decidida como não existente e não incluída dentro de Sua Essência, a ponto que pode ser referida como uma nova Criação, Existência a Partir da Ausência. E agora que nós chegamos a conhecer claramente que o Pensamento da Criação era deleitar Suas criaturas, Ele necessariamente criou um nível de Desejo para receber dEle todo este prazer e bondade que Ele planejou para elas. E este Desejo de Receber certamente não estava presente na Sua Essência antes das almas serem criadas, pois de quem Ele receberia? Assim, segue-se que ele criou algo novo, que não estava nEle.

Além disso, é compreendido que de acordo com o Pensamento da Criação, não houve qualquer necessidade de criar algo mais que este Desejo de Receber porque esta nova criação já era suficiente para Ele preencher o Pensamento da
Criação inteiro, que Ele tinha pensado dar sobre nós o prazer. Mas todo o preenchimento no Pensamento da Criação, isto é, todos os prazeres que Ele tinha planejado para nós, derivam diretamente da Sua Essência, e Ele não tem necessidade de recriá-las, dado que eles já estão estendendo como Existência a Partir da Existência, em direção ao grande Desejo de Receber que existe nas almas. E, com isto, ficou absolutamente claro para nós que toda a substância desta Criação gerada, do princípio ao fim, é simplesmente este Desejo de Receber.

8) Agora nós chegamos a compreender a ideia que os Cabalistas tinham em mente, que foi levantada na terceira averiguação. Como estávamos querendo saber sobre elas, como é possível dizer sobre as almas que elas são uma parte de Deus Acima, sendo comparado a uma pedra esculpida de uma montanha, onde não há diferença entre elas exceto que uma é uma “parte” e a outra é o “todo”. Nós perguntamos: é entendível que a pedra foi esculpida da montanha através de um machado que foi especialmente feito para este propósito. Mas quando nós falamos
sobre Sua Essência, como é possível dizer tal coisa e qual ferramenta está lá para separar as almas da Essência do Criador para que deixem de ser o Criador e se tornem seres criados?

Do que foi explicado, se tornou muito claro que assim como um machado corta e divide um objeto material em dois, assim também a Diferença de Forma separa dentro do reino espiritual e os divide em dois. Por exemplo, quando duas pessoas se amam uma à outra, você poderia dizer que elas estão ligadas uma à outra como um corpo. E por outro lado, quando elas odeiam uma à outra, você poderia dizer que elas estão tão longe uma da outra como o Leste é do Oeste. Esta não é uma questão de proximidade ou distância. Pelo contrário, o significado refere-se à Similaridade de Forma: quando elas são similares em forma uma à outra, uma ama tudo que seu amigo ama e odeia tudo que seu amigo odeia, e assim por diante, elas amam-se uma à outra e estão ligadas uma à outra.

Mas se há qualquer Diferença de Forma entre elas, isto é, que uma ama algo que seu amigo odeia, e assim por diante, então ao nível que esta Diferença de Forma existe, elas odeiam uma a outra e estão distantes uma da outra. E se, por exemplo, elas são completamente opostas em forma, no caso em que tudo que uma pessoa ama é odiado pelo seu amigo e tudo que odeia é amado pelo amigo, então elas estão tão distantes uma da outra como o Leste do Oeste, em outras palavras, como de um extremo ao outro.

9) E assim, você descobre que na espiritualidade a Diferença de Forma funciona assim como um machado que separa as coisas no mundo corpóreo, e que o nível da distância é equivalente ao nível da Diferença de Forma. E, disto, você aprende que uma vez que o Desejo de Receber Seu prazer tenha sido profundamente plantado nas almas, como mencionado e provado acima, esta forma não existe de maneira alguma no Criador porque, Deus proíba, de quem Ele receberia? Por isto, é esta Diferença de Forma que as almas receberam, que agiu para separá-los da Sua
Essência, assim como um machado separa a pedra da montanha. Isto aconteceu de tal forma que através desta Diferença de Forma, as almas deixaram de ser um Criador e foram separadas dEle para se tornar criaturas. De fato, o que quer que as almas obtenham da Luz do Criador é uma extensão, Existência a Partir da Existência, da Sua Essência.

Portanto, segue-se desta forma que do aspecto da Sua Luz que é recebida no Vaso que está dentro deles, que é o Desejo de Receber, não há qualquer diferença entre eles e Sua Essência porque eles estão recebendo Existência a Partir da Existência diretamente da Sua Essência. E assim, a única diferença entre as almas e Sua Essência é meramente que as almas são uma parte da Sua Essência.

Isto significa que o nível de Luz que elas recebem no Kli, que é o Desejo de Receber, já é uma parte distinta do Desejo de Receber porque está contida dentro da Diferença de Forma do Desejo de Receber. Pois é esta Diferença de Forma que foi feita uma “parte”, e através disto, ela saiu do aspecto do “todo” e se tornou uma “parte”. Assim, não há diferença entre eles exceto que um é o “todo” e o outro é uma “parte”, como uma montanha e a pedra cortada dela.

Contemple isto bem porque não podemos dizer mais em uma questão tão Elevada.

10) E agora o portão foi aberto para nós entendermos a quarta averiguação: como é possível que a Carruagem da Impureza e das Klipót (cascas) sejam formadas de Sua Santidade, já que eles estão muito distantes da Sua Santidade, como um extremo do outro? E como é possível que Ele os nutra e sustente? Aqui é necessário primeiro entender qual a essência da existência da Impureza e das Klipót (cascas).

Saiba que este grande Desejo de Receber que nós descrevemos – que é o ser essencial das almas do aspecto da própria essência de sua criação, porque elas são preparadas para receber o total preenchimento no Pensamento da Criação – não fica nesta mesma forma nas almas. Porque se isto tivesse permanecido nesta forma nelas, elas seriam sempre forçadas a estarem separadas do Criador, já que a Diferença de Forma nelas as teria separado dEle.

Assim para reparar o problema desta separação, que é colocada sobre o Kli das almas, o Criador criou todos os Mundos e os separou em dois sistemas, de acordo com o significado secreto da passagem da escritura: “O Criador os fez um em oposição ao outro”. Estes são os Quatro Mundos ABYA da Santidade, e opostos a eles estão os Quatro Mundos ABYA da Impureza. O Criador estampou o Desejo de Compartilhar no sistema dos Quatro Mundos ABYA da Santidade, e removeu o Desejo de Receber para Si Mesmo deles (como foi mencionado em Prefácio à Sabedoria da Cabalá, do verso 14 ao verso 19; estude isto bem). E Ele colocou-o no sistema dos Mundos ABYA da Impureza. E devido a isto, eles são separados do Criador e de todos os Mundos da Santidade.

Por esta razão, as Klipót (cascas) são referidas como “mortos”, como é dito nas Escrituras: “sacrifícios dos mortos” (Salmos 106:28) e o mesmo se aplica aos perversos que são atraídos a elas, como nossos sábios disseram: “Os perversos são chamados mortos, mesmo quando ainda estão vivos” (Tratado Berachot 15b). Já que o Desejo de Receber que foi instilado nelas por sua Oposição de Forma da Santidade, as separa da Vida das Vidas e elas estão muito longe dEle, como um extremo ao outro, porque Ele não tem qualquer aspecto de receber, apenas de
doação. No entanto, as Klipót (cascas) não têm qualquer aspecto de compartilhar, apenas de receber apenas para seu próprio prazer, e não há maior divergência que esta. E você já sabe que a distância espiritual começa com alguma Diferença de Forma e termina com uma completa Oposição de Forma, que é a distância mais afastada no último grau.

11) E os mundos gradualmente evoluíram e desdobraram até a realidade deste mundo físico, isto é, ao lugar no qual há uma existência para um corpo e uma alma, e também um período de corrupção e Tikun (correção). Isto é porque o corpo, que é o Desejo de Receber para Si Mesmo, se estende da sua raiz no Pensamento da Criação, como mencionado acima, e passa através do sistema dos Mundos da Impureza, como é dito na passagem da escritura: “e do potro de um asno selvagem nasce um homem” (Jó 11, 12) e ele permanece escravizado sob este sistema até
completar 13 anos de idade, e este é o período da corrupção.

Ao engajar com as Mitzvot dos 13 anos de idade em frente, engajamento pelo propósito de dar prazer ao seu Fazedor, a pessoa começa a purificar o Desejo de Receber para Si Mesmo que está impregnado nela, lenta e gradualmente transformao em Prol de Doar. Através disto, ele atrai a Néfesh da Santidade de sua fonte no Pensamento da Criação. E ela passa através do sistema dos Mundos da Santidade e é vestida em um corpo, e este é o período do Tikun (correção).

E assim a pessoa continua ganhando e atingindo estágios da santidade do Pensamento da Criação no Ein Sóf até que eles a ajudem, a pessoa, a transformar o Desejo de Receber para Si Mesmo nela, para que esteja completamente no aspecto de Receber em Prol de Doar prazer ao seu Fazedor e não para seu próprio benefício.

É assim que ele ganha Similaridade de Forma com seu Fazedor, porque Receber em Prol de Doar é considerado como uma forma de pura Doação.

Como é mencionado em Masechet Kidushin, página 7, sobre uma pessoa importante onde ela dá (o anel) e ele diz (a benção) então esta mulher é santificada.

Pois quando a sua recepção é em prol de a deleitar, a doadora, ela é considerada absoluta doação e compartilhar, estude isto bem. Assim ganhando completa Adesão ao Criador porque a Adesão espiritual não é nada além de Similaridade de Forma, como nossos sábios disseram: “Como é possível aderir a Ele? É apenas ao aderir aos
Seus atributos. Estude isto, Masechet Shabat 133b”. E desta forma, a pessoa se torna digna de receber todos os deleites, prazeres e delícias no Pensamento da Criação.

12) E por meio disto a questão da correção do Desejo de Receber, que está enraizado nas almas como parte do Pensamento da Criação, foi completamente esclarecida. O Criador preparou para eles os dois sistemas ditos, um em oposição ao outro. E através deles as almas passam e são divididas em dois aspectos, corpo e alma, onde um é vestido com o outro.

E através da Torá e Mitzvot, elas são encontradas em sua conclusão, transformando o Desejo de Receber para ser como a forma do Desejo de Compartilhar, e então eles podem receber todos os deleites no Pensamento da
Criação. Ao mesmo tempo, eles merecem uma forte Adesão ao Criador porque através de seu trabalho em Torá e Mitzvot, elas mereceram a Similaridade de Forma com seu Fazedor, que é considerado o Gmar HaTikún (Fim da Correção).

E então, não haverá mais necessidade para o Impuro Sitra Achra, e ele será exterminado da terra e a morte será tragada para sempre. E todo o trabalho em Torá e Mitzvot, que foi dado para toda a humanidade durante os 6000 anos da existência do mundo assim como a todos os indivíduos durante os 70 anos de sua vida, é unicamente para leva-los à completamente correção, a dita Similaridade de Forma.

E o assunto da formação e extensão do Sistema da Impureza e das Klipót (cascas) da Sua Santidade também foi cuidadosamente clarificada. Pois isso tinha que acontecer, para estender através dele a criação dos corpos, que foram depois corrigidos através da Torá e Mitzvot. E se os corpos, com seu Desejo de Receber corrupto, não fossem estendidos até nós através do Sistema da Impureza, nós nunca seríamos capazes de corrigir este desejo, porque uma pessoa não pode corrigir algo que ela não possua dentro dela.

13) Por fim, ainda há uma coisa que precisamos compreender: afinal, o Desejo de Receber para Si Mesmo é tão falho e prejudicial, como ele pode ter emergido no Pensamento da Criação em Ein Sóf, Cuja Unidade está além de
qualquer palavra e além da descrição? A verdade é de fato que Seu mero pensamento completou e manifestou tudo instantaneamente no pensamento de criar as almas, porque Ele não precisa de um instrumento de ação como nós. E assim instantaneamente todas as almas, assim como todos os mundos futuros que seriam criados, saíram e vieram a ser com toda a sua perfeição derradeira e final, com todo o prazer e deleite que Ele pensou para elas, que as almas são destinadas a receber no Gmar HaTikún (Fim da Correção), isto é, depois do Desejo de Receber nas almas ter
atingido a correção completa, e ter se transformado em pura doação em uma completa Similaridade de Forma com o Próprio Emanador.

Isto é assim porque na Sua Eternidade, passado, presente e futuro são como um, e o futuro serve a Ele como o presente. E o conceito da falta de tempo não se aplica a Ele (Zohar, Mishpatim 51 e Zohar Chadash, Bereshit 243). E por este motivo, o Desejo de Receber corrupto não estava de forma alguma em uma forma fragmentada
em Ein Sóf.

Pelo contrário, esta Similaridade de Forma que é destinada a ser revelada no futuro no Gmar HaTikún (Fim da Correção) emergiu instantaneamente na Eternidade do Criador. E neste segredo, os sábios disseram em Pirkei (os Capítulos do) Rabi Eliezer: antes do mundo ser criado, ele estava em um estado de “Ele e Seu Nome são Um” porque a separação de forma, que está no Desejo de Receber, não tinha sido revelada na existência das almas que emergiram no Pensamento da Criação. Pelo contrário, elas aderiram a Ele em Similaridade de Forma, de acordo com o segredo de “Ele e Seu Nome são Um”. Veja em Talmud Eser Sefirot (O Estudo das Dez Emanações), Parte Um.

14) Você descobre necessariamente que no todo, existem três estados para as almas:

O Primeiro Estado é sua existência em Ein Sóf, no Pensamento da Criação, onde elas já tinham sua forma futura que aparecerá no Gmar HaTikún (Fim da Correção).

O Segundo Estado é sua existência ao longo dos 6000 anos, onde elas foram divididas pelos dois sistemas acima mencionados em corpo e alma, e receberam o trabalho com a Torá e Mitzvot, para transformar o Desejo de Receber nelas em Desejo de Doar Prazer ao seu Fazedor, e não para si mesmas.

E durante o período deste estado, nenhuma correção virá aos corpos, apenas à Néfesh. Isto significa que elas têm que erradicar de si mesmas qualquer aspecto da recepção para si mesmas, que é o aspecto do corpo, e continuar unicamente no aspecto do Desejo de Doar, que está na forma do Desejo das almas. E mesmo as almas dos Tzadikim (Justos) não serão capazes de rejubilar no Jardim do Éden após sua morte, apenas depois que seus corpos sejam decompostos na terra.

O Terceiro Estado é o Gmar HaTikún (Fim da Correção) das almas, depois da Ressurreição dos Mortos. Então a completa correção chegará aos corpos também, porque então eles também terão transformado a recepção para si mesmos, que é a forma do corpo, para que a forma de pura doação esteja sobre ele, e eles serão dignos de receber para si mesmos todos os deleites, prazeres e benevolência que existem no Pensamento da Criação.

E com tudo isso, eles ganharão a forte adesão pela virtude de fazer sua forma similar à do seu Fazedor. Porque eles não receberão tudo isto pela virtude de seu Desejo de Receber, mas pelo contrário, pela virtude do Desejo de Dar Prazer ao seu Fazedor, dado que Ele desfruta quando eles recebem dEle. E por propósitos de brevidade, daqui em diante eu usarei os nomes destes três estados, ou seja, “Primeiro Estado”, “Segundo Estado” e “Terceiro Estado”. E você deve relembrar tudo que foi explicado aqui sobre cada um destes estados.

15) E quando você examina os três estados acima, você descobre que um necessita completamente da existência do outro, de uma maneira que, se fosse possível que mesmo uma pequena parte de qualquer um deles fosse cancelada, todos seriam cancelados.

Por exemplo, se o Terceiro Estado – que é a transformação da forma de recepção na forma de doação – não aparecesse no Primeiro Estado, necessariamente, não teria aparecido no Ein Sóf.

Afinal, a perfeição emergida em sua totalidade foi apenas porque foi destinada a se manifestar no Terceiro Estado, que já servia em Sua eternidade como se estivesse no presente. E toda a perfeição que foi formada lá, naquele estado, foi como se tivesse sido copiada do futuro no presente que estava lá. Assim, se fosse possível que o futuro fosse cancelado, não haveria qualquer realidade no presente. Portanto, isto significa que o Terceiro Estado requer toda a realidade do Primeiro Estado.

Tanto o mais quando algo é cancelado do Segundo Estado, que é onde nós encontramos todo o trabalho que é destinado a ser completado no Terceiro Estado, isto é, o trabalho em corrigir o que está corrupto, e em atrair os níveis das almas, como viria a existir um Terceiro Estado? Então segue-se que o Segundo Estado
necessariamente requer o Terceiro Estado.

Também, a existência do Primeiro Estado em Ein Sóf, onde a perfeição do Terceiro Estado já está presente, necessita definitivamente que ele corresponda, isto é, para o Segundo e Terceiro Estados serem revelados. Ou seja, verdadeiramente com toda a perfeição que existe lá, não menos e não mais.

Então segue-se que o Primeiro Estado em si requer, necessariamente, que os sistemas se expandam um oposto ao outro no Segundo Estado da realidade para permitir um corpo com o Desejo de Receber, que é corrompido pelo Sistema da Impureza para que possamos corrigi-lo. Mas se não houvesse um sistema dos Mundos da Impureza, não teríamos tido este Desejo de Receber, e não poderíamos corrigi-lo e atingir o Terceiro Estado, porque uma pessoa não corrige algo que não possui dentro de si. Portanto, nós não devemos perguntar como a existência do Sistema da
Impureza veio a existir no Primeiro Estado porque, de fato, é o Primeiro Estado que precisa da sua realidade e sua existência no Segundo Estado.

16) Não devemos levantar a questão que, de acordo com isto, a livre escolha é anulada de nós, Deus proíba, porque nós temos que atingir a perfeição e definitivamente chegar ao Terceiro Estado, já que ele já está presente no Primeiro
Estado. O ponto é que o Criador preparou para nós dois caminhos no Segundo Estado para nos levar ao Terceiro Estado:

  1. O Caminho de Guardar Torá e Mitzvot na maneira que foi clarificada acima.
  2. O Caminho do Sofrimento, onde o sofrimento em si purifica o corpo e finalmente nos força a transformar o Desejo de Receber dentro de nós e tomar a forma do Desejo de Compartilhar e assim aderir ao Criador. E isto é de acordo com o que nossos sábios disseram (no Tratado Sanhedrin, 97b): “Se consertares os teus caminhos, bom! E se não, eu porei sobre ti um rei como Haman, e contra tua vontade ele te trará de volta ao caminho certo”. E isto é o que nossos sábios disseram sobre a passagem da escritura: “…em seu devido tempo, Eu o apressarei”, se eles tiverem mérito, Eu o apressarei; e se não, será em seu devido tempo (Tratado Sanhedrin, 98a).

O significado aqui é que se nós ganharmos mérito através do primeiro caminho, que é ao seguir a Torá e Mitzvot, então nós apressaremos nosso Tikun (correção), e nós não precisaremos do sofrimento duro e amargo juntamente com o comprimento suficiente de tempo para obtê-los, para que eles possam nos retornar ao caminho certo contra nossa vontade. E se não, “em seu devido tempo”, que significa apenas depois do período em que o sofrimento completará nossa correção, e o tempo da correção é forçado sobre nós contra a nossa vontade. A punição das
almas no Gehinom (Purgatório) também está incluída no Caminho do Sofrimento.

Mas de uma forma ou de outra, o Gmar HaTikún (Fim da Correção) – o Terceiro Estado – é absolutamente necessário e garantido do aspecto do Primeiro Estado, e todo o assunto da nossa livre escolha vem da escolha entre o Caminho do Sofrimento e o Caminho da Torá e Mitzvot. Assim nós clarificamos cuidadosamente como estes três estados das almas estão interligados e são necessários e essenciais um ao outro.

17) De tudo o que foi explicado, a dita terceira averiguação que nós examinamos pode ser bem compreendida. Isto é, quando olhamos para nós mesmos sendo tão corruptos e mesquinhos como nenhum outro em condenação, embora
quando olhemos ao Fazedor Que nos criou, nós devemos ser impecavelmente sublimes como nenhum outro em louvores, como convém ao Fazedor Que nos criou. Isto é porque é a natureza do Fazedor Que é Perfeito, que Suas ações sejam perfeitas.

E do que foi dito, é bem compreendido que este nosso corpo, com todos seus padrões e todas suas posses insignificantes, não é de forma alguma nosso corpo verdadeiro. Nosso corpo verdadeiro, isto é, nosso eterno, que é completo em cada tipo de perfeição, já existe, colocado e localizado em Ein Sóf no estado do Primeiro Estado, onde ele recebe sua forma completa do que será no futuro no Terceiro Estado, isto é, Recepção na forma de Doação, que está em Similaridade de Forma com Ein Sóf.

E se de fato o Primeiro Estado em si dita que nós iremos, no Segundo Estado, receber a Klipá deste nosso corpo em sua forma mesquinha e corrupta, isto é, o Desejo de Receber para Si Mesmo, que é a força que cria a separação de Ein Sóf, como mencionamos anteriormente, para corrigi-lo e nos permitir receber nosso corpo eterno em sua forma completa no Terceiro Estado, nós não devemos protestar furiosamente sobre isso de forma alguma porque nosso trabalho seria possível apenas neste corpo transitório e mesquinho, já que uma pessoa não pode corrigir algo que
não possui dentro de si.

De fato, mesmo no nosso Segundo Estado, nós verdadeiramente somos posicionados na mesma taxa de perfeição que é adequada e convém ao Perfeito Fazedor Que nos criou porque este corpo não nos causa, de forma alguma, um
defeito. Afinal, este corpo é destinado a morrer e ser cancelado, e está disponível para nós apenas pelo período de tempo necessário para cancelá-lo para que possamos receber nossa forma eterna.

18) Ao mesmo tempo, nós estamos liquidando a quinta averiguação que levantamos: como é possível que do Eterno conduzam ações que são transitórias e perecíveis? Do que nós já explicamos, é claro que verdadeiramente nós emergimos de dentro dEle, como convém Sua Eternidade, isto é, como seres eternos em toda perfeição. E esta nossa eternidade necessita que a Klipá do corpo, que nos foi dada apenas para o trabalho, será perecível e desprezível porque se fosse eterna, Deus proíba, teríamos permanecido, Deus proíba, eternamente separados da Essência de
toda vida.

Nós já dissemos no verso 13 que esta forma do nosso corpo, que é o Desejo de Receber para Si Mesmo, não existe de forma alguma no eterno Pensamento da Criação porque lá nós existimos em nossa forma do Terceiro Estado. Mas ele é completamente necessário para nós no Segundo Estado da realidade para nos permitir corrigi-lo, como mencionado acima.

Nós dissemos anteriormente (Item 13), que esta forma do nosso corpo, que é o desejo de receber somente para nós mesmos, não está presente no eterno Pensamento da Criação, pois lá nós estamos na forma do terceiro estado. Todavia, ela é obrigatória no segundo estado, para nos permitir corrigi-la.

Nem devemos perguntar sobre a condição do restante dos seres criados do mundo, além da humanidade, porque a humanidade é o centro de toda Criação, como será mostrado abaixo. Os outros seres criados não contam e não tem valor por si próprios, além da extensão que eles ajudem o homem a leva-lo à perfeição, e portanto eles sobem e caem com ele, sem qualquer significância própria.

19) E com isso, nós clarificamos a quarta averiguação que nós levantamos: dado que a natureza do Bom é agir e fazer o bem, como o Criador criou, do princípio, criaturas que passassem por agonia e sofrimento durante suas vidas?

Como foi dito, todo este sofrimento é ditado pelo nosso Primeiro Estado, onde nossa completa eternidade que recebemos do futuro Terceiro Estado nos força a tomar ou o Caminho da Torá ou o Caminho do Sofrimento, até que eventualmente atinjamos nossa eternidade no Terceiro Estado (como mencionado acima no verso 15).

E todo este sofrimento pertence apenas à Klipá do nosso corpo, que foi criada apenas para a morte e sepultamento. Isto nos ensina que o Desejo de Receber para Si Mesmo nele foi criado apenas para ser erradicado e apagado do mundo e para ser transformado em Desejo de Compartilhar. Assim, o sofrimento que passamos é nada mais que revelações para nos mostrar a insignificância e o dano que é correlato a ele.

Venha e veja, no momento em que todas as pessoas do mundo concordarem unanimemente a cancelar e erradicar o Desejo de Receber para Si Mesmo que está nelas, e tenham nenhum outro desejo se não compartilhar com seus próximos, então todas as preocupações e males serão erradicados do mundo e todos serão assegurados de uma vida sã e íntegra. Isto é porque cada um de nós terá então o grande mundo para cuidar de si e preencher suas necessidades.

E, de fato, no momento em que todos possuírem apenas o Desejo de Receber para Si Mesmo, disto ele se desenvolve na fonte de todas as preocupações, sofrimentos, guerras e massacres, que são inescapáveis, e que enfraquecem nosso
corpo com várias doenças e aflições. E você descobrirá que todos os sofrimentos que existem no nosso mundo são apenas expressões trazidas perante os nossos olhos para nos empurrar para cancelar nossa Klipá má do corpo e receber a forma sã do Desejo de Compartilhar. E isto é o que nós dissemos, que o Caminho do Sofrimento em si é
capaz de nos levar até a forma desejada. E saiba que as Mitzvot entre uma pessoa e seu próximo tem prioridade sobre as Mitzvot entre uma pessoa e o Criador porque doar para um próximo a leva a doar para o Criador.

20) Agora que tudo isto foi explicado, a primeira averiguação que levantamos: “Qual é a nossa essência” foi resolvida. Isto é porque nossa essência é a mesma da essência de todos os indivíduos na realidade, que é nada mais e nada menos que o Desejo de Receber (como mencionado acima no verso 7). Porém, não como nos aparece agora na Segunda Realidade, que é o Desejo de Receber Somente para Si Mesmo, mas pelo contrário na forma que ele existe no Primeiro Estado, em Ein Sóf, isto é, na forma eterna, que é Receber em Prol de Compartilhar prazer ao seu Fazedor (como mencionado acima no verso 13).

E embora nós não tenhamos ainda alcançado o Terceiro Estado, e nos falte ainda tempo, isto não danifica a nossa principal essência porque nosso Terceiro Estado é necessário pela virtude do Primeiro Estado. Portanto, tudo o que é devido a ser recolhido é considerado como se já tivesse sido recolhido, e porque ainda nos falta tempo, é considerado uma carência apenas quando há incerteza se nós devemos completar este tempo que é necessário estar completo.

Mas já que nós não temos qualquer dúvida sobre isto, é como se nós já tivéssemos atingido o Terceiro Estado. E o corpo em sua forma negativa, que foi nos dado por agora, não estraga a nossa essência porque ele e todas as suas propriedades serão erradicados junto com o Sistema da Impureza do qual eles despertaram. E tudo que está destinado a ser queimado já é considerado como se estivesse queimado, e é considerado como se nunca tivesse existido.

De fato, a Néfesh, que está vestida neste corpo e cuja essência também está em um aspecto do Desejo, embora um Desejo de Compartilhar, que se estende até nós do sistema dos Quatro Mundos da Santidade ABYA (como mencionado acima no item 11), ela existe por toda eternidade. Isto é porque esta forma do Desejo de Compartilhar está em Similaridade de Forma com Ele, a Fonte Vivente de toda Vida e não tem qualquer mudança dentro dele, Deus proíba. A elaboração neste assunto será explicada abaixo, do item 32 em diante.

21) E não deixe seu coração oscilar pelas opiniões dos filósofos que alegam que a própria essência da Néfesh é uma substância mental, que seu ser apenas ganha vida através dos pensamentos intelectuais que ela pensa, e destes ela cresce e tornase todo seu ser. E o assunto da continuação da alma após o corpo morrer depende inteiramente do nível intelectual e do conhecimento que ganhou, ao ponto que se ela não ganhasse este conhecimento, então não haveria nada pelo qual a alma possa continuar a existir. Esta não é a opinião da Torá e também não é aceitável ao coração.

Qualquer ser vivente que já tenha tentado ganhar conhecimento intelectual sabe e sente que este conhecimento é algo que é adquirido e não é a essência daquele que o adquire.

Mas, como explicado, toda a substância da Criação renovada, tanto a substância dos objetos espirituais quanto a substância dos objetos físicos, não é mais e nem menos que um aspecto do Desejo de Receber (e mesmo que tenhamos dito que a Néfesh é apenas o Desejo de Compartilhar). Este vem apenas do poder das correções das Vestimentas da Luz Retornante que ela recebe dos Mundos Superiores, dos quais ela vem até nós.

O assunto desta Vestimenta é bem explicado no Prefácio à Sabedoria da Cabalá (versos 14, 15, 16 e 19; de fato, a própria essência da Néfesh é também o Desejo de Receber, estude lá e você entenderá). E toda a capacidade perceptiva que é dada a nós para distinguir entre um objeto e outro é distinguida apenas pelos seus Desejos porque o Desejo que está em todos os seres dá a luz a suas necessidades, e estas necessidades produzem pensamentos e conhecimento a esta extensão, que ele irá atingir e adquirir estas necessidades, porque o Desejo de Receber necessita deles.

E assim como os desejos das pessoas são diferentes uns dos outros, assim, também, as suas necessidades, pensamentos e conhecimento intelectual difere um do outro. Por exemplo, os indivíduos cujo Desejo de Receber é limitado apenas às luxúrias animais, então suas necessidades, pensamentos e conhecimento intelectual serão apenas para preencher estes desejos em toda a sua luxúria animalesca. E mesmo que estas pessoas usem sua mente e conhecimento intelectual como humanos, em qualquer caso é suficiente que o escravo seja como seu mestre, e suas mentes ainda são como uma mente Animal porque ela está completamente escravizada e serve seus
desejos Animalescos.

E com aqueles cujo Desejo de Receber é especialmente forte com relação aos desejos humanos, tais como honra e dominar os outros, que não estão presentes nas espécies Animais, então a essência de todas as suas necessidades, pensamentos e aprendizagem é apenas para satisfazer aqueles desejos à máxima possível extensão. E para aqueles cujo Desejo de Receber é invocado principalmente em receber educação intelectual, então suas principais necessidades, pensamentos e aprendizagem são voltados para satisfazer este desejo a sua plenitude.

22) Estes três tipos de desejos estão presentes, na maior parte, em todos os membros das espécies humanas, mas eles são misturados em cada indivíduo diferentemente. Esta é a fundação das diferenças entre uma pessoa e outra. E das qualidades materiais nós também podemos deduzir sobre as propriedades dos objetos espirituais, de acordo com seu valor espiritual.

23) De tal forma, que mesmo a Néfesh dos humanos – que é espiritual e que, pela virtude da vestimenta pela Luz Retornante que eles recebem dos Mundos Superiores de onde eles vieram – não tem outro desejo se não dar prazer ao seu Fazedor, e este Desejo é a essência e o próprio ser da Néfesh, como mencionado acima. Assim, uma vez que é vestida com um corpo humano, ela dá a luz nele às necessidades, pensamentos e conhecimento pelo propósito de preencher o próprio Desejo de Compartilhar da forma mais completa possível. Em outras palavras, dar prazer ao seu Fazedor, de acordo com o nível de quanto ela deseja.

24) E já que a essência e o próprio ser do corpo é o Desejo de Receber para Si Mesmo, e todas as suas interações e suas posses são o preenchimento deste corrupto Desejo de Receber, que foi inicialmente criado apenas para ser exterminado e removido do mundo para atingir o completo Terceiro Estado no Gmar HaTikún (Fim da Correção), portanto, por esta razão, ele é perecível e um ser mortal inútil, tanto ele quanto suas posses com ele, como uma sombra que passa e não deixa nenhum rastro atrás de si.

E dado que a essência e o próprio ser da Néfesh é o Desejo de Compartilhar, e todas as suas interações e posses são preenchimentos daquele Desejo de Compartilhar, que já existe e é estabelecido no eterno Primeiro Estado assim como no Terceiro Estado que é o futuro a vir, portanto ela não é de forma alguma mortal e perecível, mas ela e todas as suas posses são eternas, vivas e existem para sempre, e nenhum desvanecimento ou perda ocorre a elas com a morte do corpo. De fato, o caso é o oposto: a perda da forma falha e corrupta do corpo fortalece a alma
consideravelmente e o permite a ascender mais alto naquele momento, em direção ao Jardim do Éden.

E foi bem explicado que a qualidade eterna da Néfesh não depende de forma alguma do conhecimento que ela adquiriu, como aqueles filósofos alegaram; pelo contrário, sua natureza eterna está em sua própria essência, isto é, no Desejo de Compartilhar, que é sua essência, enquanto o conhecimento que ela ganhou é sua recompensa, não sua essência.

25) Disto, nós ganhamos a completa resposta para a nossa quinta averiguação, onde perguntamos: sendo que o corpo é tão corrupto ao ponto que a Néfesh não atinge seu sentido último de pureza até que o corpo tenha sido
decomposto na terra, por que então ele retorna e se levanta na Ressurreição dos Mortos? E também ao que os nossos sábios se referem quando dizem: “Os mortos ressuscitarão com suas falhas, para que não digam que é outra pessoa!” (Zohar, Emor verso 51 e Kohelet Raba 1:4).

Esta questão você pode entender claramente se referindo ao Pensamento da Criação, isto é, o Primeiro Estado, porque nós dissemos que já que o Pensamento da Criação era doar prazer sobre Suas criaturas, era então necessário que Ele criasse um extremamente grande Desejo de Receber toda esta grande e boa abundância incluído no Pensamento da Criação, já que o Grande Prazer e o Grande Desejo andam de mãos dadas (como mencionado acima nos itens 6 e 7, estude isto bem).

Nós dissemos lá que este Grande Desejo de Receber é toda a substância renovada que Ele criou porque nada mais é necessário para sustentar o Pensamento da Criação. E é a natureza do perfeito Fazedor que Ele não faça qualquer coisa supérflua, como é dito no Shir HaYichud (Poema da Unificação): “De todo Teu trabalho, nem uma coisa Tu esqueces, omites, ou acrescentas”.

E nós também dissemos lá que este excessivo Desejo de Receber foi completamente removido do Sistema da Santidade e foi dado ao sistema dos Mundos da Impureza, dos quais a existência dos corpos, seu sustento e todas as suas posses Neste Mundo emergem, até que a pessoa atinja a idade de 13 anos. É através do envolvimento com a Torá que ela começa a atingir a Néfesh da Santidade. Então ele sustenta a si mesmo do sistema dos Mundos da Santidade, de acordo com o nível da grandeza da alma da Santidade que ele alcançou.

Nós também dissemos acima que durante estes 6000 anos que foram dados para nós para engajar na Torá e Mitzvot, nenhuma correção vieram dali ao corpo que é o excessivo Desejo de Receber dentro dele, e todas as correções que vem através do nosso trabalho atingem apenas a Néfesh, que então ascende por meio dele até os estágios mais elevados da santidade e pureza, ou seja, para aumentar o Desejo de Compartilhar que é estendido junto com a Néfesh.

Por esta razão, o corpo é destinado a morrer, ser sepultado e apodrecer porque ele não recebeu qualquer das correções para si mesmo. De fato, ele não pode permanecer desta forma porque afinal, se o excessivo Desejo de Receber é removido do mundo, então o Pensamento da Criação não seria preenchido. O Pensamento da Criação significa que eles irão receber todos os grandes prazeres que Ele pretendeu doar sobre Suas criaturas. Afinal, o Grande Desejo de Receber e o Grande Prazer andam de mãos dadas, e ao nível que o Desejo de Receber é diminuído, o deleite e o prazer do recebimento são diminuídos a esta extensão.

26) Nós já dissemos que o Primeiro Estado absolutamente necessita do Terceiro Estado, que emerge em sua total extensão do Pensamento da Criação no Primeiro Estado, sem qualquer coisa sendo omitida dele (como mencionado acima no item 15). Portanto, o Primeiro Estado necessita da Ressurreição dos Corpos Mortos, que quer dizer seu excessivo Desejo de Receber, que já pereceu, deteriorou e se decompôs no Segundo Estado, deve ser ressuscitado com toda sua excessiva magnitude sem quaisquer restrições, ou seja, com todos os seus defeitos originais.

Então o trabalho começa novamente para transformar este excessivo Desejo de Receber para que possa ser apenas no nível em prol de dar, e então nós teremos ganhado em dobro:

  1. Nós teremos um espaço para receber todo o deleite, prazer e doçura incluídos no Pensamento da Criação, pela virtude de já ter um corpo com um excessivo Desejo de Receber dentro dele, que está completamente de acordo com estes prazeres, como mencionado acima.
  2. Já que receber desta forma apenas será ao nível de dar prazer ao nosso Fazedor, então este recebimento é considerado completa doação (como mencionado acima no item 11), nós também atingimos Similaridade de Forma, que é completa Dvekút (Adesão) e que é nosso estado no Terceiro Estado. Assim, o Primeiro Estado necessariamente demanda e necessita da Ressurreição dos Mortos.

27) De fato, não é possível haver uma Ressurreição dos Mortos exceto muito próximo do Gmar HaTikún (Fim da Correção), isto é, no fim do Segundo Estado da existência. Pois após nós termos merecido negar nosso excessivo Desejo de Receber e termos recebido o Desejo de Apenas Doar, e após termos merecido todos os maravilhosos níveis da Alma, que são chamados Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá ao trabalhar em negar este Desejo de Receber, nós iremos então atingir tal grande perfeição que é impossível trazer o corpo de volta a vida com a totalidade do seu excessivo Desejo de Receber. E, nós não seremos mais prejudicados por nos separar de nossa Dvekút.

Pelo contrário, nós o superamos e lhe demos a forma da Doação, como mencionado acima. De fato, esta é a forma de nos conduzirmos com cada qualidade negativa particular que queremos remover de nós mesmos: Primeiro, nós temos que removê-lo completamente aos seus alcances máximos, para que nada seja deixado dele. Então, é possível voltar e recebe-lo e direcioná-lo no caminho do meio. E enquanto não tivermos removido ele de nós mesmos, nós não poderemos de forma alguma direcioná-lo de acordo com o desejado caminho do meio.

28) Isto é o que nossos sábios queriam dizer quando disseram que os mortos serão ressuscitados com todos os seus defeitos (Zohar, Sulam, Emor, verso 51 e Kohelet Raba 1:4), e então depois serão curados. Isto significa, como dissemos acima, que primeiro o corpo será ressuscitado com seu excessivo Desejo de Receber que não tem quaisquer fronteiras. Foi levantado sobre a carruagem dos Mundos da Impureza antes que tivessem merecido de alguma forma purifica-lo mesmo um pouco através da Torá e Mitzvot. Este é o que eles quiseram dizer por “com todos os seus defeitos”.

E então nós começamos com o novo trabalho: colocar todo este excessivo Desejo de Receber sob a Forma de Doação, como foi mencionado acima; e isto é quando é curado porque ele atingiu então Similaridade de Forma. E eles disseram que a razão é para que ninguém pudesse dizer que é outra pessoa, ou seja, que não será dito dele que ele é uma forma diferente da que ele era no Pensamento da Criação. Afinal, seu excessivo Desejo de Receber ficou lá pronto para receber todo deleite do Pensamento da Criação, exceto que no meio tempo, foi dado às Klipót e
é possível ser purificado.

Mas, no final, não é permitido estar em um corpo diferente porque se a ele estivesse faltando qualquer nível, mesmo um pouco, então é como se fosse alguém completamente diferente e não seria de forma alguma apto para todo o deleite que está lá no Pensamento da Criação, da mesma forma que ele recebia no Primeiro Estado. Entenda isto bem.

29) Em tudo que foi explicado até agora, uma abertura foi criada para nós resolvermos a segunda questão mencionada anteriormente, que é: Durante nosso curto período de vida, qual é o nosso papel na longa cadeira da realidade, da qual nós somos apenas pequenos elos? Saiba que nosso trabalho durante nossa vida de 70 anos é dividido em quatro divisões.

Na Primeira Divisão, nós obtemos o excessivo Desejo de Receber sem fronteiras, em toda sua magnitude falha, sob o controle do sistema dos Quatro Mundos Impuros de ABYA. Isto é porque se nós não tivermos este corrupto Desejo
de Receber, nós não podemos corrigi-lo de forma alguma porque ninguém pode corrigir algo que não possui.

Portanto, não apenas este é o nível do Desejo de Receber arraigado no corpo em sua fonte ao ar do mundo, ele além disso deve ser um veículo para as Klipót impuras por não menos que 13 anos. Isto significa que as Klipót devem governá-lo e sustentá-lo de suas Luzes. Suas Luzes continuam aumentando o Desejo de Receber porque o preenchimento deste Desejo de Receber que as Klipót fornecem não faz nada exceto aumentar constantemente a demanda deste Desejo de Receber.

Por exemplo, ao nascer, tem um desejo por apenas uma centena e não mais; mas quando a Sitra Achra preenche este desejo por uma centena, imediatamente o Desejo de Receber cresce e quer duas centenas. E então, quando a Sitra Achra fornece a ela o preenchimento das duas centenas, o desejo se torna maior e ela quer quatro centenas. E se não superar a si mesma através da Torá e Mitzvot para purificar o Desejo de Receber e transformá-lo em Doação, então seu Desejo de Receber continuará ficando maior ao longo de sua vida, ao ponto que “não há uma pessoa que morra tendo metade dos seus desejos preenchidos”. E isto é considerado que ela está sob o domínio da Sitra Achra e das Klipót, cujo propósito é expandir e ampliar seu Desejo de Receber e fazê-lo excessivo e sem quaisquer limites. A razão para isto é fornecer àquela pessoa com todas as substâncias que precisa para trabalhar nisto e corrigi-lo.

30) A Segunda Divisão é dos 13 anos em diante, durante o qual a força é dada àquele Ponto em Seu Coração, que é o segredo do Dorso da Néfesh da Santidade, que é vestida com seu Desejo de Receber desde o momento de seu
nascimento, embora ele não comece a despertar até a idade dos 13 anos. E então ela começa a cair sob o domínio do sistema dos Mundos da Santidade, de acordo com o nível que ela engaja com a Torá e Mitzvot.

E seu principal propósito neste momento é atingir e expandir seu Desejo de Receber espiritual porque desde o momento de seu nascimento, ele não teve nenhum Desejo de Receber exceto pela fisicalidade. Portanto, mesmo que ele tenha atingido o excessivo Desejo de Receber antes dos 13 anos de idade, este não é o fim do crescimento do seu Desejo de Receber. O principal crescimento deste Desejo de Receber pode apenas ser atingido na espiritualidade.

Por exemplo, antes dos 13 anos de idade, seu Desejo de Receber ansiava devorar todas as riquezas e a honra deste mundo material, e é evidente à todos que para ele, este é um mundo que não é eterno e que é disponível para todos apenas como uma sombra passageira, que está aqui um momento e some no próximo. Este não é o caso quando ele adquire o excessivo Desejo de Receber espiritual porque então ele quer devorar para seu próprio prazer todo o deleite e riquezas do eterno Mundo Vindouro, que para ele é uma aquisição da eternidade e imortalidade.

Assim, a essência de seu excessivo Desejo de Receber não é completada a menos que seja um Desejo de Receber espiritualidade.

31) E isto é o que foi referido nos Tikunim (Zohar, Novas Correções 97:b) sobre a passagem das escrituras: “A Sanguessuga tem duas filhas; ‘Hav, Hav (Hebraico: Dê, Dê)’ elas gritam”. (Provérbios 30:15) “Sanguessuga” se refere ao Gehinom (Purgatório), e os perversos que estão presos neste Purgatório gritam como um cão: “Hav, Hav” (Dê, Dê), isto é, “Nos dê as riquezas Deste Mundo; nos dê as riquezas do Mundo Vindouro”.

Todavia, apesar de tudo isto, ele é um estágio imensuravelmente mais importante que o primeiro porque além de possuir a real magnitude do Desejo de Receber e ser provido com toda a ‘substância’ que precisa para o trabalho, é este estágio que a leva até Lishmá (em Nome Dela), como nossos sábios disseram (no Tratado Pessachim 50:b): Uma pessoa deve sempre se engajar com a Torá e Mitzvot Lo Lishmá (não em Nome Dela), pois de Lo Lishmá chega até Lishmá”.

Por esta razão, o seguinte estágio, que vem após os 13 anos de idade, é considerado como um aspecto da Santidade, e este é o segredo de “a criada da Santidade que está servindo sua senhora”, que é o segredo da Santa Shechiná
(Divindade). É a criada que o leva até Lishmá, e assim ele merece a presença da Shechiná. Entretanto, ele tem que aplicar todos os meios apropriados para chegar até Lishmá, porque se ele não fizer este esforço e, Deus proíba, não chegar até Lishmá, então ele cairá na armadilha da Criada da Impureza, que é oposta à Criada da Santidade e cujo único foco é confundir o ser humano, para que engajar em Lo Lishmá não o leve até Lishmá. E dela foi dito: “uma Criada que é herdeira de sua senhora” (Provérbios 30:23) pois ela não deixará o ser humano se aproximar da senhora, que é a Santa Shechiná.

E o estágio final nesta divisão é que se apaixonará com o Criador com grande paixão, semelhante a uma pessoa apaixonada que está tão inflamada com luxúria material ao nível que esta luxúria não a deixa todo dia e toda noite.

Nas palavras do poeta: “Quando eu me lembro dEle, Ele não me deixa dormir”. E é então dito sobre ele: “Luxúria é despertada pela Árvore da Vida” (Provérbios 13:12). Isto é assim porque os cinco níveis da alma são o segredo da Árvore da Vida, cujo intervalo é 500 anos, pois cada nível é 100 anos. Isto significa que isto a levará a obter todos estes cinco Bechinot (discernimentos) NARANCHAY (Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá), que são explicados na terceira divisão.

32) A Terceira Divisão é o trabalho em Torá e Mitzvot Lishmá, que significa em prol de doar e não receber recompensa. Este trabalho purifica o Desejo de Receber para Si Mesmo e o transforma em um Desejo de Compartilhar, que, ao nível da pureza do Desejo de Receber, lhe faz digna e preparada para receber as cinco partes da alma, que são chamadas NARANCHAY (veja abaixo Item 42). Isto é porque elas são estruturadas como o Desejo de Compartilhar (como mencionado acima no Item 23) e não podem entrar e revestir com este corpo enquanto o Desejo de Receber, ou mesmo em Diferença de Forma, o dominar.

Isso é porque a questão de revestir a si mesmo e a Similaridade de Forma são alinhadas uma com a outra (como discutido anteriormente no Item 11). E uma vez que a pessoa mereça estar completamente com o Desejo de Compartilhar e não para seu próprio benefício, isto indica que ela mereceu a Similaridade de Forma com seus
superiores NARANCHAY, que se estendem do Primeiro Estágio da sua fonte no Ein Sóf através dos ABYA da Santidade, e eles irão imediatamente serem atraídos a ela e se revestirão com ela gradualmente.

A Quarta Divisão é o trabalho que é aplicado após a Ressurreição dos Mortos, isto é, quando o Desejo de Receber, após ter sido completamente ausente através da morte e sepultamento, retornar e estar novamente vivo com a pior forma do excessivo Desejo de Receber. Este é o significado secreto do dito que os mortos são destinados a serem ressuscitados com seus defeitos (como mencionado acima no Item 28). E então eles o transformarão em Receber na forma de Compartilhar, como foi explicado lá extensivamente. De fato, existem alguns indivíduos unicamente
selecionados que receberam este trabalho enquanto ainda estavam vivos Neste Mundo.

33) A sexta averiguação permaneceu para nós explicarmos, sobre o que os sábios nos disseram: que todos os Mundos Superiores e Inferiores foram criados unicamente pelo bem do homem (Tratado Sanhedrin, 37). Parece muito intrigante que o Criador se incomodaria em criar todos estes mundos para este homem insignificante, que não é nem mesmo um fio de cabelo em comparação com toda a realidade que nós vemos aqui Neste Mundo, e muito menos quando comparado aos Mundos Espirituais Superiores. E ainda mais intrigante: Que necessidade o homem
tem por todos estes vastos Mundos Espirituais?

É importante que você saiba que todo o prazer de nosso Criador é doar prazer para Seus seres criados em proporção com o nível que estes seres sentem que Ele é Aquele Que doa e Que lhes dá alegria porque então Ele tem grande prazer com elas. Como um pai que brinca com seu amado filho, à extensão que o filho sente e reconhece a grandeza e elevação do seu pai, e o pai lhe mostra todos os tesouros que ele preparou para ele, com as Escrituras dizem: “Meu querido filho, Efraim! Pois ele não é meu filho predileto? Pois quando quer que eu fale dele, Eu ainda me lembro
dele. Portanto, Meu coração anseia por ele; Eu certamente terei misericórdia dele, diz o Criador” (Jeremias 31:20).

Examine este texto bem e você poderá se educar e conhecer o grande prazer que o Criador deriva daqueles que atingiram perfeição e que mereceram sentir Ele e reconhecer Sua grandeza em todos os seus vários caminhos que Ele lhes preparou, até que Ele apareça para eles como um pai relativo ao seu amado filho, como um pai com seu filho brincalhão etc. Tudo isto aparece no texto para os olhos dos educados.

Mas nós não devemos falar extensivamente sobre coisas desta natureza porque é suficiente para nós sabermos que, pelo bem do Seu prazer e deleite com aqueles perfeitos, era digno para Ele criar todos os Mundos, tanto os Superiores quanto os Inferiores, como ficará claro abaixo.

34) Para preparar Seus seres criados para que eles pudessem atingir o estágio elevado e exaltado mencionado acima, o Criador quis realizar isto através de uma sequência de quatro estágios, que evoluem um do outro e são referidos como Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante. E estas são realmente as quatro fases do Desejo de Receber, ainda não é possível para esta quarta fase ser revelada de uma vez. Pelo contrário, através do poder das três fases que vêm antes dela, e ela é revelada e se desenvolve neles e através deles lentamente até que tenha sido completada em
toda sua forma na quarta fase, como é explicado no Talmud Eser Sefirot (Estudo das Dez Sefirot), Parte 1, parágrafo 50, começando com as palavras: “E o motivo…”

35) Na primeira fase do Desejo de Receber, que é chamada Inanimado e que começa a revelar o Desejo de Receber neste mundo físico, há simplesmente uma força coletiva de movimento para todas as espécies Inanimadas; porém, nos segmentos individuais dele, nenhum movimento pode ser discernido com o olho nu. Isto é porque o Desejo de Receber dá a luz às necessidades e as necessidades dão a luz aos movimentos suficientes para atingir e obter estas necessidades. E porque o Desejo de Receber é limitado a uma pequena quantidade, ele governa apenas todo
o coletivo de uma vez, e seu domínio sobre os detalhes individuais não pode ser discernido.

36) Para isto, o Vegetativo é adicionado, e eles são a segunda fase do Desejo de Receber, cujo nível é maior que seu nível no Inanimado. Aqui o Desejo de Receber governa todo e cada indivíduo em todas as suas partições. Isto é porque cada parte tem seu próprio movimento individual, que lhe permite se expandir em comprimento e em largura, e se move em direção ao nascer do sol. Também, a pessoa pode discernir em toda e cada parte o assunto do “comer”, “beber” e a “eliminação do desperdício”. Mas com tudo isto, eles não têm ainda livre emoção individual em
toda e cada parte.

37) Para isto a espécie Animal é adicionada. Esta é a terceira fase do Desejo de Receber, e seu nível foi completo a uma grande extensão, pois este Desejo de Receber já deu a luz às emoções livres e individuais em cada parte, que é a vida única em cada parte de uma maneira diferente da outra. Ao mesmo tempo, eles ainda não têm qualquer sentimento um pelo outro; em outras palavras, eles não têm preparação para se lamentar pela tristeza do seu amigo próximo ou estar feliz pela felicidade de seu amigo próximo etc.

38) Adicionado a todos estes está a espécie Humana, que é a quarta fase do Desejo de Receber, que está agora em seu nível completo e final. Isto é porque, tanto o Desejo de Receber assim como o sentimento um pelo outro estão ativos nele. E se você quiser saber com grande precisão qual é a diferença entre a terceira fase do Desejo de Receber, que está na espécie Animal, e a quarta fase do Desejo de Receber, que pode ser encontrado na espécie Humana, eu te direi que é como a diferença entre o valor de um indivíduo da realidade quando comparado a toda a realidade.

O Desejo de Receber na espécie Animal, que não inclue qualquer sentimento um pelo outro, não pode criar carências e necessidades dentro de si mesmo, exceto ao nível que está arraigado no próprio ser. Este não é o caso do Humano que também sente os outros, de modo que lhe falta tudo o que o outro tem e é preenchido com inveja para adquirir todo o ser que o outro tem. E se ele tem uma centena, ele quer duas centenas, e assim suas carências e necessidades
continuam crescendo e multiplicando até que ele queira devorar todas as entidades no mundo inteiro.

39) Nós explicamos o seguinte: Todo o propósito que o Criador desejou para toda a Criação que Ele criou é causar o prazer para Seus seres criados para que eles reconheçam Sua verdade e Sua grandeza, e que eles recebam dEle todos os deleites e prazeres que Ele preparou para eles, no nível que é explicado na passagem das escrituras: “Meu querido filho, Efraim! Pois ele não é meu filho predileto? etc.” (Jeremias 31:20) Agora você encontra claramente que este propósito não se aplicaria ao Inanimado ou aos grandes globos tais como a Terra, a Lua e o Sol, e não importa
qual seja seu esplendor e tamanho. Nem ocorreria através da espécie Vegetativa, nem através da espécie Animal, pois elas não têm a capacidade de sentir o outro mesmo quando se trata de membros de sua própria espécie, que são similares a eles, então como pode a emoção Divina e seus benefícios serem aplicados a eles.

A espécie Humana, apenas após ter sido preparada para sentir o outro, com relação aos membros de sua própria espécie semelhante. Após engajar com a Torá e Mitzvot, através dos quais eles transformam seu Desejo de Receber em um Desejo de Compartilhar, assim atingindo Similaridade de Forma com seu Fazedor, eles recebem todos os níveis que foram preparados para eles nos Mundos Superiores, que são chamados NARANCHAY. Nisto, eles se tornam preparados para receber o propósito que estava lá no Pensamento da Criação, então segue-se que o propósito
do Pensamento da Criação de todos os mundos foi apenas pelo bem da humanidade.

40) Eu sei que isto é completamente inaceitável a alguns dos filósofos. E eles não podem concordar que o ser humano, que a seus olhos é tão inferior e insignificante, é o centro de toda a grande e sublime Criação. Mas são similares a um verme que nasceu dentro de um rabanete, e ficam lá e pensam que todo o mundo do Criador é tão amargo, tão escuro e tão pequeno quanto o rabanete que eles nasceram. Mas uma vez que rompem a casca externa do rabanete e espreitam fora do rabanete, ficam surpresos e dizem, “Eu pensei que o mundo todo fosse do tamanho do rabanete que eu nasci, e agora eu vejo perante mim um mundo grande, iluminado, poderoso e extremamente bonito”.

Da mesma maneira, todos aqueles que são apanhados na casca do seu Desejo de Receber que eles nasceram e que nunca tentaram receber o remédio especial que são a Torá e as Mitzvot, práticas que são capazes de penetrar esta casca dura, transformando-a em um Desejo de Dar Prazer ao Criador. Certamente deve ser que eles tenham que concluir a sua insignificância e o vazio como eles realmente são.

Eles nem podem possivelmente conceber da possiblidade que toda esta grande realidade foi criada apenas para eles.

De fato, se eles tivessem engajado na Torá e Mitzvot em prol de dar prazer ao seu Fazedor com toda a pureza apropriada, e eles chegassem a penetrar a casca de seu Desejo de Receber com que nasceram, e recebido o Desejo de Compartilhar, seus olhos se abririam imediatamente para ver e entender a si mesmos assim como todos os estágios da sabedoria, inteligência e conhecimento claro, que são adoráveis e agradáveis ao extremo e que foram preparados para eles nos Mundos Espirituais.

E então eles mesmos diriam o que nossos sábios disseram: “O que um bom convidado diz? Ele diz, ‘todo o esforço que o anfitrião fez, ele fez apenas por mim’” (Tratado Berachot, 58a)”.

41) E no fim, ainda permanece a ser explicado por que o homem deve ter todos estes Mundos Superiores que o Criador criou para ele. Qual é sua necessidade por eles? Saiba que a existência de todos os Mundos é geralmente dividida em cinco, e estes Mundos são chamados: 1) Adam Kadmon, 2) Atzilut, 3) Briá, 4) Yetzirá e 5) Assiá. Embora cada um deles tenha inúmeros detalhes e seja o aspecto de uma das cinco Sefirot KACHÁB TUM (Kéter, Chochmá, Biná, Tiféret e Malchut). Pois o Mundo de AK (Adam Kadmon) é Kéter, o Mundo de Atzilut é Chochmá, o Mundo de Briá é Biná, o Mundo de Yetzirá é Tiféret e o Mundo de Assiá é Malchut.

E as Luzes que são vestidas nestes Cinco Mundos são chamadas YECHNARAN. A Luz de Yechidá brilha no Mundo de Adam Kadmon; a Luz de Chaiá no Mundo de Atzilut; a Luz de Neshamá no Mundo da Briá; a Luz de Ruach no
Mundo de Yetzirá, e a Luz de Néfesh no Mundo de Assiá.

E todos estes Mundos, assim como tudo que é contido neles, são incluídos no Nome Sagrado, Yud e Hey e Vav e Hey e a ponta da letra Yud. Porque o primeiro Mundo, que é AK, está além do nosso alcance, nós portanto damos apenas uma indicação através da ponta da letra Yud do Nome Sagrado. Portanto, nós nunca falamos sobre ele; nós apenas falamos sobre os Quatro Mundos ABYA. A letra Yud é o Mundo de Atzilut; a letra Hey é o Mundo de Briá, a letra Vav é o Mundo de Yetzirá, e a última letra Hey é o Mundo de Assiá.

42) E através disto, nós explicamos os Cinco Mundos, que contém toda a realidade espiritual que se estende do Ein Sóf até Este Mundo. E eles são incluídos um do noutro, e dentro de cada um dos Mundos está contido a totalidade dos Cinco Mundos, como foi mencionado acima, assim como as cinco Sefirot: KACHÁB TUM, em que as cinco Luzes NARANCHAY são vestidas e que correspondem aos Cinco Mundos, como mencionado acima.

E além das cinco Sefirot KACHÁB TUM que estão em cada Mundo, existem também quatro aspectos espirituais: Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante em cada Mundo. Lá a Alma Humana é o aspecto do Falante, os anjos são o aspecto do Animado no Mundo, o aspecto do Vegetativo é chamado Vestimentas, e o aspecto do Inanimado é referido como Câmaras. E são considerados como envolvendo uns aos outros.

Isto significa que o aspecto do Falante, que são as almas dos humanos, é a vestimenta das cinco Sefirot KACHÁB TUM, que são o aspecto Divino naquele Mundo específico. (O assunto das Dez Sefirot, sendo o Divino, será clarificado posteriormente no Prefácio ao Livro do Zohar.) E os aspectos do Animado, que são os anjos, é a vestimenta das almas; e o Vegetal, que são as Vestimentas, reveste os anjos; e os aspectos do Inanimado, que são as Câmaras, circundam todos eles.

E o assunto desta Vestimenta é aproximado, no sentido que eles servem um ao outro no desenvolvimento um do outro, da mesma forma que nós explicamos em relação ao Físico Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante Neste Mundo (veja acima, Itens 35 e 38). Como nós dissemos lá, os três aspectos do Inanimado, Vegetativo e Animado não emergem por seu próprio bem, mas apenas para que o quarto aspecto, que é a espécie humana, seja capaz de evoluir e se elevar por eles. E, portanto, seu único papel é servir o humano e levar a ele benefício.

Isto é assim também nos Mundos Espirituais, onde estes três aspectos: Inanimado, Vegetativo e Animado, surgem apenas para servir e beneficiar o aspecto Falante no Mundo, que é a Alma Humana. Portanto, é considerado que todos estes aspectos são as vestimentas da Alma Humana, ou seja, para seu benefício.

43) No momento em que o ser humano nasce, ele imediatamente recebe o aspecto da Néfesh 4 de Kedushá (Santidade). Esta não é a essência da Néfesh, mas o aspecto do Dorso da Néfesh, que significa seu último aspecto e que, devido à sua pequenez, é chamado “um ponto”. E é vestido dentro do coração de uma pessoa, isto é, no aspecto do Desejo de Receber dentro dela, que se manifesta principalmente no coração da pessoa.

E você deve conhecer esta regra: tudo que se aplica à totalidade da realidade se aplica também a cada Mundo, e mesmo a menor parte que pode ser detalhada e que exista naquele Mundo. E assim, assim como existem Cinco Mundos na totalidade da realidade, que são, assim como dissemos anteriormente, as cinco Sefirot KACHÁB TUM, assim também, existem as cinco Sefirot KACHÁB TUM em todo e cada Mundo. E existem cinco Sefirot em toda pequena parte daquele Mundo.

Nós dissemos que Este Mundo é dividido em: Inanimado, Vegetativo, Animado e Falante (IVAF), que correspondem às quatro Sefirot CHÁB TUM. O Inanimado corresponde à Malchut, o Vegetativo corresponde à Tiféret, o Animado
corresponde à Biná e o Falante corresponde à Chochmá. A raiz de todos eles corresponde à Kéter. E como dissemos, cada parte de quaisquer espécies dos aspectos IVAF também contém dentro de si mesma os quatro aspectos IVAF. E assim, mesmo uma parte da espécie Falante, isto é, mesmo uma pessoa tem dentro de si mesma os aspectos IVAF, que são as quatro partes do seu Desejo de Receber, dentro dela.

Dentro de cada uma o ponto da Néfesh de Kedushá está vestido.

44) Antes dos 13 anos de idade, nenhuma consciência do Ponto no seu Coração pode ser imaginável. Este Ponto no seu Coração começa a crescer e mostrar sua atividade apenas após os 13 anos, quando ela começar a engajar com a Torá e Mitzvot mesmo se fizer isto sem qualquer Kavaná (consciência direcionada), isto é, sem amor e temor como é apropriado para aquele que serve o Rei, mesmo em Lo Lishmá.

Isto é porque as Mitzvot não precisam de uma Kavaná (consciência direcionada), e mesmo ações sem Kavaná (consciência direcionada) são capazes de purificar o Desejo de Receber, embora seja apenas o primeiro nível nele, que é chamado Inanimado. E ao nível ao qual ela purifica a parte Inanimada do Desejo de Receber, a este mesmo nível ela estende e constrói os 613 membros do Ponto no Coração, que é o Inanimado da Néfesh de Kedushá, cujos 248 órgãos espirituais são construídos através da realização das 248 Mitzvot Positivas 5, e cujos 365 tendões
espirituais são construídos através da realização das 365 Mitzvot Negativas. Até que se torne um completo Partzuf (Estrutura Espiritual, lit. Face) da Néfesh de Kedushá, e então a Néfesh ascende e é a Vestimenta da Sefirá de Malchut, que está no Mundo Espiritual de Assiá.

E todas as partes individuais espirituais do Inanimado, Vegetativo e Animado daquele Mundo que são correspondentes à Sefirá de Malchut de Assiá, estão em serviço, e ajudam o Partzuf da Néfesh do homem que ascendeu lá, e que está no nível que a Néfesh os compreende. E esta compreensão se torna como nutrição
espiritual para ela, que lhe dá força para aumentar e crescer ao ponto que ela possa atrair a Luz da Sefirá de Malchut de Assiá com toda a perfeição que é desejada, e possa brilhar dentro do corpo do Humano. E esta Luz completa ajuda a pessoa para que ela possa adicionar mais esforço para fazer seu trabalho com a Torá e Mitzvot, e receber todos os estágios remanescentes.

E nós dissemos (verso 43), que no instante do nascimento do corpo da pessoa, um ponto da Luz da Néfesh nasce e se veste com ela. Assim também, aqui, quando o Partzuf da Néfesh de Kedushá nasce, um ponto de um estágio elevado dela nasce com ele, ou seja, o aspecto da Luz de Ruach de Assiá, que se torna vestido com o interior do Partzuf da Néfesh.

E assim é com todos os estágios. Com cada estágio que nasce, o último aspecto do estágio acima é imediatamente estendido a ele porque esta é toda a conexão entre o elevado e o inferior até o estágio mais elevado. Não há mais nada para expandir nisso.

45) E esta Luz de Néfesh é referida como a Luz do Inanimado da Santidade do Mundo de Assiá, e ela corresponde ao lado purificado da parte Inanimada do Desejo de Receber que existe no corpo da pessoa, como mencionado acima.
Também, a ação de sua iluminação na espiritualidade é semelhante ao aspecto da espécie Inanimada no mundo físico, que nós explicamos acima (Item 35), já que ele não tem qualquer movimento individual de suas partes mas apenas um movimento coletivo que inclui todas as partes igualmente. E é o mesmo com a Luz do Partzuf da
Néfesh de Assiá. Mesmo que tenha 613 membros, que são 613 tipos de Diferenças de Forma nos caminhos de receber a abundância, estas diferenças ainda não podem ser discernidas nele, mas apenas uma Luz geral cuja ação circunda todos eles igualmente, sem reconhecer suas particularidades.

46) E saibam que mesmo que as Sefirot sejam Divinas, e não haja nenhuma dissimilaridade ou diferença da Cabeça de Kéter no mundo de AK até o final da Sefirá de Malchut no Mundo de Assiá, ainda há uma grande diferença do ponto de vista daqueles que recebem. Isto é assim porque as Sefirot tem dois aspectos – o das Luzes e o dos Kelim (vasos) – e a Luz nas Sefirot é a completa Divindade, como mencionado acima. No entanto, os Kelim, que são chamados KACHÁB TUM, não são considerados Divindade em cada um dos três Mundos Inferiores referidos como
Briá, Yetzirá e Assiá. Pelo contrário, eles são como coberturas que ocultam a Luz de Ein Sóf dentro de si mesmas, e elas determinam a taxa e o nível de Sua Iluminação em direção aos receptores, para que cada um deles apenas receba de acordo com o nível de sua pureza.

Deste aspecto, embora a Luz em si é Um, ainda assim nos referimos as Luzes nas Sefirot por termos: NARANCHAY, já que a Luz é dividida de acordo com as propriedades dos Kelim. Porque Malchut é a cobertura mais grossa que oculta a Luz de Ein Sóf, e a Luz que ela transfere dEle para os receptores é apenas uma pequena proporção que é associada ao nível da pureza na parte Inanimada apenas do corpo humano, e portanto ela é chamada Néfesh.

E o Kli de Tiféret é mais puro que o Kli de Malchut, e a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Vegetativa do corpo humano porque ele funciona como mais do que apenas a Luz de Néfesh, e é chamada a Luz de Ruach.

E o Kli de Biná é ainda mais puro que Tiféret, e a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Animal do corpo humano, e é chamada a Luz de Neshamá.

E o Kli de Chochmá é o mais puro de todos, a Luz que ele transfere de Ein Sóf é associada ao nível de pureza da parte Falante do corpo humano, e é chamada a Luz de Chaiá, e sua ação é imensurável, como veremos.

47) Como dissemos acima, no Partzuf de Néfesh que a pessoa ganha pela virtude de se engajar com a Torá e Mitzvot sem Kavaná (intenção) o ponto da Luz de Ruach já está vestido lá. Quando a pessoa se fortalece para engajar com a Torá e Mitzvot com a Kavaná (intenção) própria, ela continua purificando a parte Vegetativa do Desejo de Receber nela, e a esta extensão, ela vai construindo o ponto da Ruach no aspecto de um Partzuf. Então, através das 248 Mitzvot Positivas realizadas com Kavaná (intenção), o ponto expande através de seus 248 membros espirituais. E
através da realização das 365 Mitzvot Negativas, o ponto expande em seus 365 tendões.

E quando completar em todos os 613 membros, ele ascende e veste a Sefirá de Tiféret no Mundo Espiritual de Assiá, que transmite a ele, de Ein Sóf, uma Luz mais significante chamada “a Luz de Ruach”, que é associada com a pureza na parte Vegetativa no corpo humano. Todos os elementos do Inanimado, Vegetativo e Animado no Mundo de Assiá, que são associados com a estatura de Tiféret, apoia o Partzuf de Ruach da pessoa para receber as Luzes da Sefirá de Tiféret com toda sua perfeição, da mesma forma que foi clarificado acima para a Luz de Néfesh. Estude isto. Por esta razão, ele é chamado Vegetativo da Santidade.

E assim a natureza de sua iluminação é a mesma que o Vegetativo físico, que foi explicado acima, na medida em que já tem mudança individual no movimento que pode ser discernida em todo e cada indivíduo membro daquele domínio, independentemente (veja Item 36). E portanto, a Luz do Vegetativo espiritual cujo poder já é grande o suficiente para brilhar em formas especiais sobre todo e cada um dos membros dos 613 membros que estão no Partzuf de Ruach. Todo e cada um deles demonstra uma força que é atribuída àquele membro. E junto com o surgimento do Partzuf de Ruach, um ponto do próximo estágio elevado acima também surge. Este é o ponto da Luz da Neshamá, que está vestida dentro de sua parte interna.

48) E através do engajamento com os segredos da Torá e com os sabores das Mitzvot, purifica a parte Animal do Desejo de Receber que está nela. E à extensão que ela faz isto, ela continua construindo o ponto da Neshamá que está vestida dentro dela com seus 248 membros e 365 tendões. E quando sua construção é concluída e se torna um Partzuf, então ela ascende e se torna a vestimenta da Sefirá de Biná no Mundo Espiritual de Assiá que este Kli é imensuravelmente mais puro que os primeiros Kelim, TUM (Tiféret e Malchut). E portanto ele transfere uma imensa Luz de Ein Sóf, chamada a “Luz de Neshamá”.

E todos os elementos dos aspectos Inanimado, Vegetativo e Animado no Mundo de Assiá, que é associado com a estatura de Biná, são encontrados servindo e apoiando o Partzuf da Neshamá da pessoa para receber suas Luzes perfeitamente da Sefirá de Biná na forma que foi explicada com a Luz de Néfesh; estude isto lá. Ele também é chamado o aspecto Animado da Santidade porque ele se destina à purificação da parte Animada do corpo humano. E esta é a natureza de sua iluminação, como foi explicado em relação às físicas espécies Animadas (veja acima,
Item 37) que dá um sentimento individual a todo e cada um dos 613 membros do Partzuf porque cada um deles está vivo e sente com um senso independente sem depender de todo o Partzuf.

Assim é considerado que os 613 membros nele são 613 Partzufim (plural de Partzuf) que são únicos em diferentes tipos de suas iluminações, cada um em sua própria forma. E a qualidade desta Luz sobre a Luz de Ruach na espiritualidade é como a diferença entre as espécies Animada comparada com o Inanimado e Vegetativo na realidade física. Com o surgimento do Partzuf de Neshamá um Ponto também surge da Luz de Chaiá de Kedushá. Este ponto é vestido com sua parte interna.

49) E depois que já tenha merecido esta grande Luz que é chamada a Luz de Neshamá os 613 membros naquele Partzuf já estão brilhando, cada um deles em uma Luz completa e clara que é única para ele, como um Partzuf especial e único em si. Então a possibilidade é aberta para ele engajar em cada Mitzvá de acordo com seu verdadeiro propósito original porque cada membro no Partzuf de Neshamá brilha nele os caminhos de cada Mitzvá que correlata àquele membro.

Então, capacitado pela grande força daquelas Luzes, ele continua para purificar o aspecto Falante do seu Desejo de Receber e transforma-o em um Desejo de Compartilhar. E a esta extensão, o ponto da Luz de Chaiá, que está vestido nele, continua sendo construído, com seus 248 membros espirituais e 365 tendões espirituais.

Quando ele está completo em um Partzuf inteiro, então ele ascende e reveste a Sefirá de Chochmá no Mundo Espiritual de Assiá. Este Kli é infinito em sua pureza, e portanto passa para ela uma grande e enorme Luz de Ein Sóf, que é chamada a “Luz de Chaiá” ou a Neshamá da Neshamá. E todos os segmentos particulares do Mundo de Assiá, que são o Inanimado, Vegetativo e Animado relacionados à Sefirá de Chochmá, o ajudam a receber a Luz da Sefirá de Chochmá, em toda sua perfeição, como foi explicado sobre a Luz de Néfesh; estude isto (Item 45).

E ele também é chamado o ponto do Falante da Santidade porque ele corresponde à purificação do aspecto Falante da pessoa. E assim é a significância do Falante no IVAF físico, isto é, ela ganha a capacidade de sentir o outro. Ou seja, à extensão da dimensão daquela Luz, à dimensão do Inanimado, Vegetativo e Animado espiritual é como a extensão da dimensão das espécies Faltante física em relação ao Inanimado, Vegetativo e Animado físico. E o aspecto da Luz de Ein Sóf, que é vestida dentro deste Partzuf, é chamada de a “Luz de Yechidá”.

50) Você deve saber que estes cinco aspectos da Luz, NARANCHAY, que foram recebidos do Mundo de Assiá são apenas o NARANCHAY da Luz de Néfesh. Eles não têm realização neles pertencendo à Luz de Ruach porque a Luz de Ruach existe apenas no Mundo de Yetzirá, a Luz de Neshamá existe apenas no Mundo de Briá, a Luz de Chaiá existe apenas no Mundo de Atzilut e a Luz de Yechidá existe apenas no Mundo de AK.

Mas, como dissemos antes, tudo que está em todo o coletivo é também revelado em todo e cada indivíduo nos mínimos detalhes que possam ser detalhados.

Portanto, todos os cinco aspectos de NARANCHAY também existem no Mundo de Assiá, na forma que nós já explicamos, mas eles são apenas NARANCHAY de Néfesh.

E exatamente da mesma forma, todos os cinco aspectos NARANCHAY estão presentes Mundo de Yetzirá, e eles são apenas as cinco partes de Ruach. E também todos os cinco aspectos NARANCHAY existem no Mundo de Briá; eles são as cinco partes da Neshamá. E assim é no Mundo de Atzilut, que são as cinco partes da Luz de Chaiá. Assim é no Mundo de AK que são as cinco partes da Luz de Yechidá. E a distinção entre um Mundo e outro é a mesma como nós explicamos quando discutimos as diferenciações entre cada um dos NARANCHAY do Mundo de Assiá.

51) E saiba que a Teshuvá (arrependimento) e a purificação não são aceitáveis a menos que seja completamente permanente de forma que nunca retorne à sua tolice. De acordo com o verso: “Quando ocorre a Teshuvá?” – “Quando Aquele Que conhece todos os Mistérios testemunha que não retornará a sua tolice novamente”
(De acordo com Salmos 85:9). Assim, foi revelado o que nós já dissemos: Que se uma pessoa purifica a parte Inanimado do Desejo de Receber inerente a si, ela ganha o Partzuf de Néfesh do Mundo de Assiá e ela ascende e veste a Sefirá de Malchut de Assiá.

Isto significa que é certo que esta pessoa merecerá a purificação da parte Inanimado de uma forma completa e permanente, para que não mais retorne à sua tolice. E então ela pode ascender ao Mundo Espiritual de Assiá pois ela tem pureza e absoluta Similaridade de Forma com aquele Mundo.

Quanto ao restante dos estágios que mencionamos que são Ruach, Neshamá, Chaiá e Yechidá de Assiá – deve-se purificar os aspectos Vegetativo, Animado e Falante do seu Desejo de Receber, para que eles possam revestir estas Luzes. Esta purificação não tem que ser completamente permanente, isto é, ao ponto que“Aquele Que Conhece todos os Mistérios, testemunhe que não retornará à sua tolice novamente”.

O motivo para isto é que todo o Mundo de Assiá, com as suas cinco Sefirot KACHÁB TUM, é apenas um aspecto de Malchut, que é associado com a purificação somente do aspecto Inanimado. E as cinco Sefirot são apenas cinco partes de Malchut.

Portanto, porque já mereceu a purificação da parte Inanimado em seu Desejo de Receber, ela já ganhou Similaridade de Forma com todo o Mundo de Assiá. No entanto, toda e cada Sefirá do Mundo de Assiá recebe do aspecto que
corresponde aos Mundos acima de si mesma. Por exemplo, a Sefirá de Tiféret de Assiá recebe do Mundo de Yetzirá, que é totalmente o aspecto de Tiféret; e a Luz de Ruach.

A Sefirá de Biná de Assiá recebe do Mundo de Briá, que é totalmente o aspecto da Neshamá. E a Sefirá de Chochmá de Assiá recebe do Mundo de Atzilut, que é totalmente Chochmá, e a Luz de Chaiá.

Portanto, mesmo se tenha purificado apenas a parte Inanimado permanentemente, no entanto, se ela purificou as outras três partes do seu Desejo de Receber embora não permanentemente, ela pode também receber Ruach, Neshamá e Chaiá de Tiféret, Biná e Chochmá de Assiá embora não permanentemente.

Porque assim que um dos três aspectos de seu Desejo de Receber for despertado novamente, ela perderá estas Luzes imediatamente.

52) Após ela também purificar permanentemente a parte Vegetativa de seu Desejo de Receber, ela então ascende permanentemente ao Mundo de Yetzirá, onde ela permanentemente ganha Luz até o nível de Ruach. Ela pode também obter lá as Luzes de Neshamá e Chaiá das Sefirot de Biná e Chochmá que residem lá, que são consideradas a Neshamá da Ruach e a Chaiá da Ruach, mesmo antes de ter merecido purificar a parte do Animado e Falante, de uma forma absoluta e permanente, como foi explicado no Mundo de Assiá mas apenas não permanentemente. Pois depois te atingir a purificação permanente do Vegetativo do Desejo de Receber dentro dela, ela está também em Similaridade de Forma com todo o Mundo de Yetzirá nas alturas das alturas como foi mencionado acima no Mundo de Assiá.

53) E depois de também purificar a parte Animal do seu Desejo de Receber e transformá-lo em Desejo de Compartilhar, o ponto onde “Aquele Que Conhece todos os Mistérios testemunha que não retornará à sua tolice novamente”, ela já está em Similaridade de Forma com o Mundo de Briá, e ascende e permanentemente recebe até o nível da Luz de Neshamá. Similarmente, ao purificar a parte Falante em seu corpo, ela pode ascender à Sefirá de Chochmá e receber também a Luz de Chaiá que reside lá, embora ainda não tenha purificado permanentemente. Da mesma forma Yetzirá e em Assiá. Mas a Luz, também, não brilha permanentemente para ela, como mencionado acima.

54) E quando merece permanentemente purificar a parte Falante do Desejo de Receber, ela então ganha Similaridade de Forma com o Mundo de Atzilut e ascende e recebe lá a Luz de Chaiá permanentemente. E quando ela ganha mais, ela merece a Luz de Ein Sóf e a Luz de Yechidá que se veste na Luz de Chaiá. E não há necessidade de acrescentar neste ponto.

55) E nisto foi bem explicado o que nós discutimos acima (no Item 41), quando perguntamos porque a pessoa deveria conhecer todos estes Mundos Superiores que o Criador criou para ela. E qual a necessidade que o ser humano tem deles? Agora você pode ver que não é possível para uma pessoa dar prazer ao seu Fazedor sem ser ajudada por todos estes Mundos.

E à extensão que ela purifica seu Desejo de Receber, ela atingirá as Luzes e estágios de sua alma que são chamados NARANCHAY. E cada estágio que ela atinge, as Luzes daquele estágio a ajudam em sua purificação, e assim ela ascende em seus estágios até que ela mereça atingir os prazeres da Essência do propósito do Pensamento da Criação, como foi mencionado acima (no Item 33).

E isto é o que está dito no Zohar (Noach, verso 63) sobre a passagem: “Aquele que vem para se purificar recebe ajuda. E ele pergunta: De que forma ele é ajudado? E a resposta é que ele está sendo ajudado com a santa alma”, estude lá. Isto é porque não é possível atingir a purificação desejada pelo Pensamento da Criação, apenas através da ajuda de todos os níveis NARANCHAY de nossa alma.

56) Nós devemos saber que todos estes NARANCHAY de que falamos até agora são as cinco partes pelas quais toda a realidade está dividida. De fato, tudo que se aplica à totalidade do coletivo se aplica mesmo aos menores detalhes da realidade, como mencionamos acima (no Item 42). Por exemplo, mesmo no aspecto do Inanimado de Assiá espiritual somente é possível conceber lá todos os cinco aspectos NARANCHAY, que são relacionados aos cinco aspectos NARANCHAY do coletivo.

Neste sentido, não é possível atingir mesmo a Luz do Inanimado em Assiá a menos que seja através das quatro partes do trabalho mencionadas acima. Isto significa que não há uma pessoa entre os Israelitas que possa se absolver de engajar com todas elas, de acordo com seu nível. Ela precisa engajar na Torá e Mitzvot com a Kavaná (intenção) apropriada para receber a Ruach de acordo com o seu nível. E ela precisa engajar com os Segredos da Torá de acordo com o seu nível para receber o aspecto da Neshamá de acordo com o seu nível. E é o mesmo no caso dos Ta’amim
(Sabores) por trás das Mitzvot porque mesmo a menor Luz na Santa Realidade não pode ser completa sem eles.

57) Disto você entenderá a aridez e a escuridão que nos sobreveio nesta geração, das quais não foram ouvidas em qualquer geração anterior a nossa. Isto é porque mesmo aqueles que trabalham com o Criador abandonaram o envolvimento com os segredos da Torá.

O Rambam (Rabi Moshe ben Maimôn, ou o Maimônides) surgiu com uma verdadeira parábola sobre isto. Ele disse que em uma linha de 1000 pessoas cegas andando ao longo da estrada, se houver ao menos uma pessoa com visão nítida em sua frente, eles certamente seguirão o caminho certo sem cair em quaisquer armadilhas ou redes porque eles estão seguindo a pessoa com visão nítida em sua frente. Mas faltando esta pessoa, não há dúvida que eles tropeçarão sobre tudo que reside em seu caminho e cairão em um poço de desespero.

Então este é o caso diante de nós: Se ao menos aqueles que trabalham com o Criador engajassem com o significado interior da Torá e estendessem uma Luz completa de Ein Sóf, todos os membros da nossa geração os teriam seguido, e todos estariam seguros em seu caminho, de que não cairiam. Mas quando, mesmo aqueles que trabalham com o Criador, se esquivaram desta sabedoria, não é surpreendente que toda a geração tenha falhado por causa deles. No entanto, devido a minha grande tristeza, eu não posso falar sobre este assunto em grande extensão.

58) No entanto, eu sei a razão: É principalmente porque a fé em geral diminuiu, especificamente a fé nos grandes santos, nos sábios das gerações. Além disso, O Zohar e os livros de Cabalá estão cheios de expressões físicas, e isto causou grande temor entre todos que eles iriam perder mais do que ganhar, porque, Deus proíba, poderia fazê-los falhar com imagens de escultura. E isto é o que me motivou a escrever um comentário suficiente nos Escritos do Ari, e agora do Santo Zohar, pelos quais eu removi completamente este temor. Pois eu expliquei, e provei claramente, a alegoria espiritual de cada assunto, que é abstrato além de qualquer semelhança física, além de tempo e espaço, como aqueles que estudam perceberão.

Isto para permitir que todo o povo de Israel estude O Zohar e se aqueçam na Santa Luz.

E eu chamei este comentário o Sulam (Escada) para mostrar que o propósito do meu comentário é apenas como qualquer outra escada. Se você tem um sótão que está cheio de todos os tipos de objetos de valor, tudo que te falta é uma “escada” para subir, e então, os deleites de todo o mundo estarão em suas mãos. Mas a escada não é a meta em si porque se você parar nos degraus da escada e não entrar no sótão, então seu propósito não será concluído.

Assim é com meu comentário no Zohar. Para explicar suas palavras, que são mais profundas que qualquer profundeza, até o final, expressões como esta não foram criadas. Em todo caso, nesta minha explicação, eu pavimentei uma estrada e abri um portão para todos os seres humanos serem capazes de ascender através dele
e irem profundamente e examinar o próprio Zohar, porque apenas então meu propósito de criar este comentário será concluído.

59) E todos aqueles que são familiares com o Santo Zohar, isto é, aqueles que entendem o que está escrito nele, unanimemente concordaram que o santo livro do Zohar foi composto pelo Tana (sábio divino do Talmud) Rabi Shimon bar Yochai.

As exceções a isto são aqueles que estão distantes desta sabedoria, alguns dos quais têm dúvidas em relação a esta atribuição. Eles tendem a dizer, baseado em histórias fabricadas por aqueles que se opõem a esta sabedoria, que seu autor é o cabalista Rabi Moshe de Leon (por volta de 1250-1305) ou outros de seus contemporâneos.

60) Quanto a mim, desde o dia em que fui agraciado, pela Luz do Criador, a olhar brevemente este livro sagrado, nem mesmo me ocorreu questionar sua origem. Isto é pelo simples motivo que devido ao conteúdo do livro, eu senti em meu coração a grandeza do Tana Rashbi que se elevou muito acima de todos os outros Tanaim (plural de Tana). E se tivesse ficado completamente claro para mim que o autor tinha um nome diferente, tal como Rabi Moshe de Leon etc., então minha apreciação por tal homem, Rabi Moshe de Leon, teria crescido para ser mais do que minha apreciação por todos os santos Tanaim, inclusive Rashbi.

Na verdade, julgando pela profundidade da sabedoria no livro, se eu tivesse encontrado uma evidência clara que seu autor era um dos 48 profetas, teria sido muito mais fácil para mim aceitar em meu coração do que atribuí-lo a um dos Tanaim. E ainda mais, se eu tivesse encontrado que nosso grande Mestre, Moisés, tivesse recebido no Monte Sinai do Próprio Criador, então minha mente estaria em completa tranquilidade porque tal obra é digna dEle e cabe a Ele tê-la criado.

Portanto, porque eu tive o privilégio de escrever uma explicação apropriada que está no nível de qualquer um interessado em estudar, para que sejam capazes de entender um pouco do conteúdo do livro, eu penso que nisto eu me eximi completamente de me incomodar mais e me colocar nesta questão, porque qualquer um que tenha estudado O Zohar não pode mais duvidar da presunção que seu autor é ninguém menos que o Tana Rashbi.

61) Isto levanta outra questão: “Por que o Livro do Zohar não foi revelado para as primeiras gerações, que eram indubitavelmente de maior significância que as gerações mais recentes e eram mais dignas dele?” Ao mesmo tempo, temos que perguntar: “Por que a explicação do Livro do Zohar não foi revelada até a época do Ari e não para os cabalistas que vieram antes dele?” E a pergunta que supera todas as outras perguntas: “Por que as explicações das palavras do Ari, assim como das palavras do Zohar dos dias do Ari, não foram reveladas até a nossa geração?” (Estude minha Introdução ao Livro Panim Masbirot [Face Acolhedora] sobre a Árvore da Vida no verso 8, começando com as palavras: “E está escrito…” Estude isto bem.)

Isto levanta a questão: “A nossa geração é apta para ela?” E a resposta é que o mundo, durante os 6000 anos de existência, é como um Partzuf, que tem três terços: Rosh (cabeça), Toch (interior) e Sóf (fim), que são, CHABAD (Chochmá, Biná e Dáat), CHAGAT (Chéssed, Gvurá e Tiféret) e NEH”Y (Netzach, Hod e Yessód). E isto é o que nossos sábios disseram: Dois milênios de Tohu (caos), dois milênios de Torá e dois milênios dos dias do Messias” (Tratado Sanhedrin 97a).

Porque nos primeiros dois milênios, que são referidos como Rosh e CHABAD, as Luzes eram muito pequenas e eram consideradas como Rosh sem Guf (corpo), que apenas tem as Luzes de Néfesh. Isto é porque há uma relação inversa
entre os Kelim (vasos) e as Luzes. Pois nos Kelim, a regra é que primeiro os Kelim crescem em cada Partzuf, e com relação às Luzes, é o contrário: As Luzes inferiores são revestidas dentro do Partzuf primeiro.

E assim ocorre que enquanto os Kelim são apenas os superiores, ou seja, os Kelim de CHABAD, eles se tornam apenas a veste das Luzes de Néfesh, que são as Luzes mais inferiores. E isto é o que eles queriam dizer quando disseram que os primeiros dois milênios são considerados Tohu. E nos segundos dois milênios do mundo, que são o aspecto dos Kelim de CHAGAT, a Luz de Ruach desceu e revestiuse no mundo que é considerado como Torá. E por isso disseram que os dois milênios do meio são Torá. E os últimos dois milênios são os Kelim de NEH”YM (Netzach,
Hod, Yessód e Malchut), e portanto naquele tempo a Luz de Neshamá reveste o mundo, sendo a maior Luz, pois estes são os dias do Messias.

Esta é também a forma como funciona em cada Partzuf individual. Assim, nos Kelim de CHABAD, CHAGAT, através do seu Chazê (peito), as Luzes são encobertas e elas não começam a brilhar as reveladas Chassadim (Misericórdias), isto é, a revelação da iluminação da Luz de Chochmá Sublime, mas apenas do Chazê para baixo; ou seja, em seu NEH”YM. E esta é a razão pela qual antes dos Kelim de NEH”YM começassem a aparecer no Partzuf do Mundo, que se refere aos últimos dois milênios, a Sabedoria do Zohar em geral e a Sabedoria da Cabalá em particular foram ocultas do mundo.

Mas durante o tempo do Ari, quando o tempo de conclusão dos Kelim que estão abaixo do Chazê estava se aproximado, então a iluminação da Sublime Chochmá foi revelada em uma forma oculta pela alma do divino Rabi Isaac Luria, que estava pronto para receber esta grande Luz. E portanto ele revelou os princípios do Livro do Livro do Zohar e também a Sabedoria da Cabalá ao ponto que ele ofuscou todos os Rishonim (Antigos Sábios) que o precederam.

No entanto como estes Kelim ainda não estavam totalmente completos (já que ele faleceu no ano 5332 (1572 dC.), como sabemos), portanto o mundo ainda não era digno para que suas palavras fossem reveladas. E suas santas palavras foram dadas apenas a uns poucos escolhidos, que não receberam permissão de revela-las para o mundo.

E agora nesta nossa geração, já que nós estamos muito próximos do fim dos últimos dois milênios, a permissão foi portanto agora concedida para revelar suas palavras e as palavras do Zohar ao mundo, a uma grande e importante medida. Desta forma, desta nossa geração em frente, as palavras do Zohar serão cada vez mais e mais
reveladas até que sua total e completa extensão seja revelada de acordo com a vontade do Criador.

63) E portanto você entenderá que na verdade, não há fim ao nível de grandeza das primeiras gerações sobre as mais recentes. Esta é a regra com relação a todos os Partzufim dos Mundos e as almas: Que aquilo que é pristino é purificado primeiro no Partzuf. E portanto, os Kelim de CHABAD foram purificados primeiro no Mundo e as almas também, e portanto as almas dos primeiros dois milênios eram infinitamente superiores.

Todavia, elas não eram capazes de atingir a estatura da Luz completa porque as partes inferiores estavam faltando do Mundo e de si mesmas; estas são CHAGAT NEH”YM, como mencionado acima.

E posteriormente, nos dois milênios do meio, quando os Kelim de CHAGAT foram refinados para o Mundo e as almas, as almas de seu próprio aspecto ainda eram extremamente puras. Devido a qualidade dos Kelim de CHAGAT estar muito próximo aos de CHABAD (como mencionado no Zohar, Prólogo, página 11, começando com as palavras: “E o que…”). Todavia as Luzes ainda estavam ocultas no mundo porque os Kelim do Chazê Abaixo estavam faltando do mundo e também das almas.

Consequentemente, em nossa geração, embora a essência das almas seja o pior que possa ser, que é o porquê elas não puderam ser refinadas à santidade até este dia, elas ainda são aquelas que completarão o Partzuf do Mundo e o Partzuf de todas as almas, enquanto nos referimos aos Kelim e o trabalho pode ser completado apenas por elas.

Porque agora que os Kelim de NEH”Y estão completos, e agora que nós temos todos os Kelim: Rosh, Toch e Sóf do Partzuf, todas as estaturas completas das Luzes no Rosh, Toch e Sóf são atraídas para todos aqueles que são dignos delas, ou seja, o completo NARA”N como foi mencionado anteriormente. E portanto, apenas com a conclusão destas almas inferiores podem as Luzes Superiores ser reveladas, e não antes disto.

64) Na verdade, esta pergunta já existe nas palavras dos sábios (no Tratado Berachot, página 20a): “Rabi Papa disse ao Abayei: ‘O que era diferente sobre os antigos para os quais milagres ocorreram, e qual é a nossa diferença para os quais os milagres não ocorrem?’ É devido ao seu estudo? Porque no tempo do Rabi Yehuda, todos os seus estudos estavam confinados ao Nezikin, e nós estudamos todos os seis Tratados (da Mishná), e quando o Rabi Yehuda mergulhou em Uktzin… ele costumava dizer, ‘eu vi aqui todas as dificuldades do Rabi e Shmuel. Enquanto nós
estudamos treze versões de Uktzin e ainda quando Rabi Yehuda meramente removia seu sapato, a chuva cairia imediatamente. Enquanto nós nos afligimos e gritamos (nas orações), e ninguém presta atenção em nós!’ Ele respondeu: Os antigos costumavam estar prontos para sacrificar suas vidas pela santidade do Nome etc.”

Fim da citação, Estude isto bem.

Assim, embora tanto aquele que perguntou quanto aquele que respondeu era muito claro que os antigos eram mais importantes que eles, em relação à Torá e a Sabedoria, Rabi Papa e Abayey eram mais importantes que os Rishonim (Antigos Sábios). É claro que embora as gerações antigas fossem mais importantes que as últimas gerações quanto a essência de suas almas como mencionado acima, porque o pristino é purificado primeiro para vir até o Mundo, porém, a sabedoria da Torá se revela mais e mais nas últimas gerações. Isto é devido ao que nós dissemos: que
porque a estatura geral está atualmente sendo completada especificamente pelos últimos, portanto Luzes mais completas estão sendo estendidas até eles, embora sua própria essência seja extremamente pior.

65) E nós não devemos questionar, baseado nisto, por que é proibido disputar com os antigos sobre a Torá revelada. O ponto é que na medida que a conclusão da parte da ação das Mitzvot é oposta, porque os antigos eram mais
completos nelas que os mais recentes. Isto é porque o aspecto da ação se estende dos sagrados Kelim das Sefirot, enquanto que os Segredos da Torá e os Ta’amim (Sabores) por trás da Mitzvá estendem das Luzes das Sefirot.

Como nós já sabemos, há um relacionamento inverso entre os Kelim e as Luzes: Nos Kelim, os superiores crescem primeiro (como mencionamos acima no Item 62), que é o porquê os Rishonim (Antigos Sábios) eram mais perfeitos com relação à prática do que os últimos. Isto não é assim com relação às Luzes, onde as inferiores entram primeiro, e portanto os inferiores são mais completos com elas do que os Rishonim (Antigos Sábios). Entenda isto bem!

66) Saiba que tudo tem um aspecto interior e um exterior. Na totalidade do mundo os Israelitas – os descendentes de Abraão, Isaac e Jacó – são considerados a interioridade do mundo, e as 70 nações são consideradas a exterioridade do mundo.

E também entre os Israelitas existe a interioridade, que são aqueles que realizam completamente o trabalho com o Criador, e a exterioridade, que são aqueles que não são devotos ao trabalho com o Criador. Similarmente, entre as Nações do Mundo, há a interioridade, que são os Justos das Nações, e a exterioridade, que são os rudes e prejudiciais neles etc.

Mesmo entre os Israelitas que trabalham com o Criador, há a interioridade, que são aqueles que merecem entender a alma da interioridade da Torá e seus segredos, e a exterioridade, que são aqueles que lidam apenas com a parte prática da Torá.

E da mesma forma, todas as pessoas de Israel tem a interioridade, que é o aspecto de Israel nelas, que é o segredo do Ponto no Coração. E há também uma exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo nelas que é o próprio corpo.

Mas mesmo o aspecto das Nações do Mundo neles é considerado como prosélitos; já que são anexados à interioridade, eles são como prosélitos justos das Nações do Mundo que vieram e se anexaram aos Israelitas.

67) E quando uma pessoa de Israel valoriza e dignifica o aspecto da sua interioridade, que é o aspecto de Israel dentro dela, sobre sua exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo nela – isto é, quando ela gasta mais do seu esforço e trabalho para aumentar e elevar o aspecto da interioridade dentro dela para o benefício de sua alma, e menos esforço, apenas para o nível necessário, para a existência do aspecto das Nações do Mundo dentro dela, isto é, para as necessidades corporais, como dissemos em Pirkei Avot [Ética dos Pais]: “Faça tua Torá permanente e teu trabalho temporário”. Assim, através de suas ações tanto na interioridade quanto na exterioridade de todo o mundo, faz com que os Filhos de Israel continuem aumentando em sua perfeição mais e mais, para que as Nações do
Mundo, que representam a exterioridade do mundo como um todo, reconheçam e apreciem o valor dos Filhos de Israel.

E se, Deus proíba, o oposto acontece, que um indivíduo de Israel enfatiza e dá mais importância ao aspecto de sua exterioridade, que é o aspecto das Nações do Mundo dentro dele, sobre o aspecto Israelita dentro dele, então, como é dito: “O Estranho que está no meio de ti” (Deuteronômio 28:43) isto é, a exterioridade dentro de ti, “montará sobre ti mais e mais; e você…” em si mesmo, ou seja, sua interioridade, que é o aspecto do Israelita em você, “…descerá mais e mais”. E assim, através de suas ações, ele causa a exterioridade do mundo em geral, que são as Nações
do Mundo, para se elevar mais e mais, e superar os Israelitas e humilhá-los ao chã; e os Filhos de Israel, que são a interioridade do mundo, descem mais e mais, Deus proíba.

68) E isto não deve te surpreender que um indivíduo pode, através de suas próprias ações, causar qualquer elevação ou declínio ao mundo inteiro. É uma lei imutável que o coletivo e o indivíduo são iguais um ao outro como duas gotas de água, e tudo que se aplica ao coletivo também se aplica ao indivíduo. São os indivíduos que fazem o coletivo fazer o que faz. Isto é porque o coletivo será percebido apenas após os indivíduos dentro tiverem se manifestado, de acordo com a quantidade e qualidade dos indivíduos. Então certamente a ação do indivíduo, de acordo com o seu valor, causa com que todo o coletivo a ou se elevar ou declinar.

Através disto, ficará claro para você o que nós aprendemos no Zohar: que através do nosso envolvimento com o Zohar e com a Sabedoria da Verdade, eles serão recompensados com a saída do exílio em completa redenção (Tikunim, fim do Tikun nº. 6). Aparentemente, qual é a conexão entre estudar o Zohar e a redenção dos
Israelitas dentre as nações?

69) Pelo que foi explicado, é claramente compreendido que mesmo a Torá tem interioridade e exterioridade, assim como o mundo como um todo. Portanto, uma pessoa que se engaja com a Torá também tem estes dois aspectos. E conforme ela aumenta seu esforço no aspecto interior da Torá e seus segredos, então ao mesmo nível ela causa a qualidade da interioridade do mundo, que são os Israelitas, para continuar ascendendo e elevando bem acima da exterioridade do mundo, isto é, as Nações do Mundo. E todas as nações irão concordar e reconhecer a qualidade dos
Israelitas sobre eles, ao ponto onde as passagens das escrituras sejam cumpridas: “E as nações os tomarão e lhes levarão ao seu lugar, e eles estabelecerão a Casa de Israel na terra do Senhor”, etc. (Isaías 14:2), assim como a seguinte passagem: “Assim disse o Senhor: Eis, Eu erguerei Minha mão às nações, e levantarei Meu sinal aos povos: e eles trarão seus filhos em seus seios, e suas filhas serão carregadas sobre seus ombros” (Isaías 49, 22).

Mas se, Deus proíba, o oposto acontecer, que a pessoa dentre os Israelitas degrade a importância da interioridade da Torá e seus segredos, que trata com os caminhos das nossas almas e seus níveis assim como com nossa mente e raciocínio por trás de cada uma das Mitzvot, em favor de louvar a virtude da exterioridade da Torá, que trata apenas com os aspectos práticos, e mesmo se ela engajar com a interioridade da Torá, mas devotar a ela apenas uma pequena porção do seu tempo, quando não é nem dia nem noite, como se ela fosse, Deus proíba, algo que não tem
valor, nisto, esta pessoa está causando a interioridade do mundo, que são os Israelitas, a caírem mais e mais, e faz com que a exterioridade do mundo, que são as Nações do Mundo, cada vez mais fortes para que eles humilhem os Israelitas e os ponham em vergonha, e considerem os Israelitas como algo supérfluo no mundo e que o mundo não lhes necessita, Deus proíba.

Além disso, através disto, eles até mesmo causam com que a exterioridade das Nações do Mundo cresça em força sobre sua própria interioridade porque os piores das Nações do Mundo, que são os malfeitores e os destruidores do mundo, crescem mais forte e se elevam cada vez mais acima da sua interioridade, que são os Justos dentre as Nações do Mundo. E então eles cometem todas as suas destruições e massacres horrendos, que as pessoas de nossa geração testemunharam, que o Criador nos proteja daqui em diante. Isto demonstra para você que a redenção e toda a virtude dos Israelitas dependem do estudo do Zohar e a interioridade da Torá.

Por outro lado, toda a destruição e todo o declínio dos Israelitas aconteceu porque eles negligenciaram a interioridade da Torá e degradaram sua virtude cada vez mais baixo e lhe transformou, Deus proíba, em algo que não é necessário.

70) E isto é o que foi dito nos Tikunim do Zohar [em negrito] (Tikun 30, segundo caminho), que diz: “Levantem e despertem pelo bem da Shechiná, pois vosso coração carece do entendimento para conhecer Ela, que Ela está em teu
meio”. Despertem e elevem-se pelo bem da Santa Shechiná, pois vós tendes um coração vazio, sem o entendimento de conhecer e compreender Ela, embora Ela esteja em teu meio. O significado secreto disto é, “Uma voz diz, Clama!” (Isaías 40:6) como em “Clama agora, há alguém que te responderá? E para quais dos santos te tornarás?” (Jó 5:1) E Ela diz, “O que devo clamar? Toda carne é palha seca” (Isaías 40:6), isto é, eles são todos como bestas que comem palha. “E toda sua bondade é como a flor do campo”. (Ibid) Cada ato de bondade que eles fazem, eles fazem para
si mesmos. E mesmo aqueles que engajam com a Torá, toda a bondade que eles realizam, eles fazem apenas para si mesmos”.

E o segredo da passagem: “Uma voz diz, Clama!” (Isaías 40:6) é que uma voz bate dentro do coração de todo e cada Israelita para clamar e orar pela elevação da Santa Shechiná, que são as almas coletivas de todos os Israelitas (e há evidência da passagem, “Clame agora, há alguém que te responderá?” (Jó 5:1) este “clamor” se
refere à oração).

Mas a Shechiná diz, “O que devo clamar?” (Isaías 40:6) Em outras palavras, eu não tenho poder para me elevar do pó porque “toda carne é palha seca” (Ibid), todos são como bestas comendo grama e palha, isto é, eles fazem suas Mitzvot sem qualquer entendimento, assim como bestas, “E toda sua bondade é como uma flor do campo,” (Ibid) e todo ato de bondade que eles fazem, é apenas para si mesmos, ou seja, que todas as Mitzvot que eles cumprem são feitas sem qualquer intenção de dar prazer ao Criador, pelo contrário eles realizam as Mitzvot apenas para beneficiar
a si mesmos.

“E mesmo aqueles que engajam com a Torá, cada ato de bondade que eles fazem, eles fazem para si mesmos”, mesmo os melhores deles, que dedicaram seu tempo em se envolver com a Torá, fizeram isto apenas para beneficiar seu próprio eu sem a própria intenção de dar prazer ao seu Fazedor.

Naquele tempo, está escrito sobre esta geração: “Uma Ruach (Espírito) partiu e nunca retorna ao mundo.” (Salmos 78:39) e este é o Espírito do Messias, que tem que redimir os Israelitas de todos os seus problemas até que eles atinjam a completa redenção para cumprir a passagem das escrituras: “Pois a terra será cheia do conhecimento do Criador etc.” (Isaías 11:9) Este Espírito desapareceu e partiu, e não brilha no mundo.

Ai daquelas pessoas que fazem desaparecer e abandonar o mundo, e nunca retornar, porque eles fazem a Torá seca, e eles não querem se engajar na sabedoria da Cabalá. Ai destas pessoas que fazem o Espírito do Messias desaparecer e
abandonar o mundo, e nunca serão capazes de retornar. Eles são aqueles que fazem a Torá seca porque eles não querem se engajar com o estudo da Sabedoria da Cabalá.

Isto é, sem qualquer “umidade” da Sabedoria e conhecimento. Isto é porque eles se restringem apenas à parte prática da Torá. E eles não querem fazer um esforço e entender a Sabedoria da Cabalá, conhecer e ganhar a Sabedoria nos Segredos da Torá assim como nos Ta’amim (Sabores) da Mitzvá. Ai daqueles que através destas ações, causam a pobreza, guerras, roubos, saques, matanças e destruição no mundo. Fim da citação.

71) E o significado de suas palavras, como nós explicamos, é que existem aqueles que engajam com a Torá e ainda desprezam sua própria interioridade e a interioridade da Torá, colocando ela de lado com algo que não é necessário no mundo e engajam com ela apenas nos momentos em que não é nem dia nem noite, e eles são, com isto, cegos que estão buscando uma parede. Com isso, eles aumentam sua própria exterioridade, isto é, seus benefícios corporais.

Eles também consideram a exterioridade da Torá mais do que consideram a interioridade da Torá. Através
destas ações, eles provocam o aumento e fortalecimento de todos os aspectos exteriores no mundo sobre os aspectos interiores no mundo, todos de acordo com sua própria essência, porque o exterior do coletivo dos Israelitas, isto é, os ignorantes entre eles que não são educados, é fortalecido e cancela a interioridade do coletivo dos Israelitas que são os grandes na Torá.

E também a exterioridade das Nações do Mundo, que são aqueles dentre eles que espalham destruição, se tornam mais fortes e anulam sua interioridade, que são os Justos das Nações. E também a exterioridade do mundo inteiro, que são as Nações do Mundo, se tornam mais fortes e anulam os Israelitas, que são a interioridade do
mundo.

E em tal geração, todos aqueles que espalharem destruição entre as Nações do Mundo levantarão suas cabeças e principalmente desejarão destruir e matar os Filhos de Israel. Isto é como nossos sábios disseram (Tratado Yevamot pg. 63): “Devastação vem ao mundo apenas por conta dos Israelitas”. Isto significa, como foi dito acima nos Tikunim, que eles causam a pobreza, guerras, roubos, matanças e destruição no mundo inteiro.

E de fato nós temos, devido aos nossos muitos pecados, testemunhado tudo que foi dito naqueles Tikunim, e no topo disto, o atributo do julgamento severo atingiu os melhores de nós. Como foi dito (Tratado Bava Kama pg. 60):
“Calamidade… sempre começa com os justos primeiro”. E de toda a glória que os Israelitas tinham nos países da Polônia e Lituânia etc., tudo que permaneceu foram remanescentes que estão em nossa Terra Santa.

Então de agora em diante, cabe a nós, os sobreviventes da destruição, corrigir esta severa distorção. E todo e cada um de nós, os remanescentes, deve tomar sobre si mesmo, com todo seu coração e com todo seu ser, para melhor daqui em diante a interioridade da Torá e dar a ela seu devido lugar como mais importante que a parte exterior da Torá. Então todo e cada um de nós irá merecer o melhoramento da qualidade de sua própria interioridade, isto é, a qualidade do Israelita dentro dele, que se refere às necessidades da alma mais do que as necessidades do eu exterior,
que é o aspecto das Nações do Mundo nele, que alude às necessidades corporais.

E este poder atingirá a totalidade dos Israelitas ao ponto onde mesmo os iletrados e incultos entre nós irá reconhecer e conhecer a superioridade e excelência dos grandes dos Israelitas e irão lhes escutar e seguir. E a interioridade das Nações do Mundo, que são os Justos das Nações do Mundo, se tornará mais forte e vencerá a exterioridade, que são os propagadores da destruição.

E desta forma, a interioridade do mundo, que são os Israelitas, aumentará em toda sua superioridade e excelência sobre a exterioridade do mundo, que são as Nações. E então todas as Nações do Mundo conhecerão e admitirão a vantagem que os Israelitas tem sobre eles. E eles cumprirão a passagem das escrituras: “E os povos os tomarão e os levarão ao seu lugar, e eles estabelecerão os Israelitas sobre a terra do Criador etc.” (Isaías 49:22) E isto é o que quer dizer a passagem do Zohar, Naso (verso 90) página 124b, que diz: E através desta tua composição, que é o Livro do
Zohar etc., eles sairão do exílio com misericórdia, como explicado. Amén, que assim seja.

4 Nota do tradutor: Pela Néfesh ele quer dizer o primeiro grau em NARANCHAY.
5 Nota do tradutor: Mitzvot Positivas são preceitos que você tem que realizar em ação, e Mitzvot Negativas são preceitos que você tem que guardar ao evitar certas ações.

SHOFAR DO MESSIAS*

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A REDENÇÃO VIRÁ SOMENTE ATRAVÉS DA CABALÁ

Saiba que isto é o que significa que os filhos de Israel só serão redimidos após a revelação da sabedoria do oculto em larga escala, como está escrito no Zohar: “Com esta composição, os filhos de Israel serão salvos do exílio”. Isso porque naquele tempo havia esperança de redenção, assim como a escrita do Zohar, que começou nos dias
de Rashbi, foi durante os dias em que Bar-Kokheva (séc. II D.C.) apareceu. O Rabi Akiva, professor do Rashbi, disse sobre ele: “Haverá um passo à frente da estrela que procederá de Jacó”. Assim, após a ruína de Beitar havia grande esperança.

ESCREVENDO O ZOHAR E OCULTANDO-O

E, por causa disso, o Rashbi permitiu-se e revelou a sabedoria do oculto nos seus livros, O Zohar e os Tikunim. No entanto, o fez com grande cuidado, uma vez que ele permitiu apenas ao Rabi Abba revelá-la em segredo, de forma que só os sábios dos filhos de Israel entendessem, e os sábios das nações do mundo não, temendo que os perversos soubessem como servir os seus mestres. Por isso, logo que eles viram que era muito cedo para a redenção Israel, eles o esconderam. Foi na época dos Savoraim (500 a 700 DC), porque se descobriu que os nossos sábios, os Savoraim,
escreveram as suas matérias dentro do Zohar.

A REVELAÇÃO DA CABALÁ É A VONTADE DE DEUS

Na verdade, foi por vontade de Deus que apareceu O Zohar. É por isso que ele vagueou na viúva do Rabi Moshe de Leon. Ela herdou o manuscrito do seu marido, que provavelmente não lhe contou nada sobre a proibição de o divulgar, e, acidentalmente ela o colocou à venda.

OS PROBLEMAS DE ISRAEL SÃO POR CAUSA DA REVELAÇÃO DA CABALÁ

Realmente, até hoje causaram muitas ruínas na casa de Israel, pelas razões acima.

AS VANTAGENS DA REVELAÇÃO DA CABALÁ

No entanto, não há mau sem bom. E portanto, este domínio, que as nações obtiveram pelo roubo dos segredos da Tora, deu um grande impulso no desenvolvimento da santidade. Na minha avaliação, estamos numa geração que se
encontra no limiar da redenção, se soubermos como difundir a sabedoria do oculto às multidões.

A PRIMEIRA VANTAGEM

Além da simples razão de que “Ele engoliu riquezas, porém as vomitará”, isso revelará aquilo que está entre o meu filho e o meu sogro, e a diferença entre a essência do núcleo e a Klipá (casca) superior, a partir da qual todos os sábios das nações do mundo se despiram. Isto porque todos os campos de Israel que negaram a Tora certamente retornarão ao Criador e ao Seu trabalho.

A SEGUNDA VANTAGEM

Há outra razão para isso: Nós aceitamos que existe uma pré-condição para a redenção – que todas as nações do mundo reconhecerão as leis de Israel, como está escrito, “e a terra ficará cheia do conhecimento”, como no exemplo do êxodo do Egito, quando o Faraó, também, reconheceu o verdadeiro Deus e Suas leis e permitiu que eles fugissem.

REDENÇÃO ATRAVÉS DA DIVULGAÇÃO DA CABALÁ ÀS NAÇÕES DO MUNDO

É por isso que está escrito que cada uma das nações tomará um homem Judeu e o conduzirá à Terra Santa. E isso não foi suficiente para que elas pudessem sair por si mesmas. Você deve compreender de onde as nações do mundo chegariam a tal desejo e ideia. Saiba que isso ocorre através da disseminação da verdadeira sabedoria, de modo que elas, evidentemente, vejam o verdadeiro Deus e a verdadeira lei.

A DISSEMINAÇÃO DA SABEDORIA DA CABALÁ EM TODO O MUNDO

E a divulgação da sabedoria da Cabalá às multidões é chamada de “um Shofar”. Como o Shofar, cujo som viaja uma grande distância, o eco da sabedoria se espalhará pelo mundo, de modo que até as nações ouvirão e reconhecerão que existe a sabedoria Divina em Israel.

A REVELAÇÃO DA CABALÁ A TODAS AS NAÇÕES É A REVELAÇÃO DE ELIYAHU (ELIAS)

E esta tarefa foi dita sobre o profeta Eliyahu, já que a divulgação dos segredos da Torá é sempre referida como a “divulgação de Eliyahu”. É como eles disseram, “Deixe-os descansar até à vinda de Elias”, e também, “o Tishbi responderá às questões e aos problemas”. E por esta razão, eles disseram que três dias (uma conhecida alusão)
antes da vinda do Messias, Elias caminharia sobre as montanhas e sopraria um grande chifre etc.

A REVELAÇÃO DA CABALÁ A TODAS AS NAÇÕES É UMA PRÉ- CONDIÇÃO PARA A COMPLETA REDENÇÃO

Você deve compreender estas alusões: A questão do Shofar (chifre) é apenas a divulgação da sabedoria do oculto em grandes multidões, que é uma pré-condição necessária que deve ser cumprida antes da redenção completa.

E os livros que já foram revelados por mim nesta sabedoria, testemunharão isso, que questões da maior importância foram espalhadas como um vestido para todos verem, que é um verdadeiro testemunho de que já estamos no limiar da redenção, e que a voz do grande Shofar já foi ouvida, embora não à distância porque ainda soa muito suavemente.

Mas na verdade, qualquer grandeza exige antes a pequenez, e não há uma grande voz se não for precedida por um som suave, porque esta é a forma do Shofar, que cresce progressivamente. E ninguém melhor do que eu sabe que não sou digno de ser nem mesmo um mensageiro e um escriba para a revelação desses segredos, e muito menos para compreendê-los perfeitamente.

E por que o Criador fez isso comigo? Unicamente porque esta geração é digna, pois é a última geração, que está no limiar da redenção completa. E por essa razão, é digna de começar a ouvir a voz do Shofar do Messias, que é a revelação dos segredos, como foi explicado.

* Nota do tradutor: Shofar (do hebraico שופר shofar): é é considerado um dos instrumentos de sopro mais antigos, semelhante à trombeta, feito do chifre do carneiro. Mas, para os judeus, o shofar não é um instrumento “musical”; não é usado por prazer ou divertimento. É considerado sagrado, quase como uma voz celestial, e usado em ocasiões festivas em feriados judaicos.

UMA CRIADA QUE É HERDEIRA DE SUA SENHORA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Isso requer uma explicação completa. Para o tonar claro para todos, vou escolher interpretar a questão pelo que ela parece ser para nós por essa razão, se estende a nós aqui na conduta deste mundo.

A INTERIORIDADE DA EXTERIORIDADE

O caso é que as Raízes Superiores estendem seu poder, cascateando-se até que seus ramos apareçam neste mundo, como está escrito na explicação das raízes e dos ramos.

Os mundos como um todo são considerados internamente e externamente. Isso é similar a uma carga pesada que ninguém consegue levantar ou carregar de um lugar para outro. Sendo assim, o conselho é dividi-la em pequenas partes, e assim, transferila uma de cada vez.

Isso é similar à nossa questão, dado que o propósito da Criação é inestimável, pois uma pequena centelha como a alma de uma pessoa pode elevar a sua realização mais Alta que os ministérios dos anjos, como os nossos sábios disseram sobre o versículo “Agora será dito a Jacó e Israel: “O que Deus fez!”. Eles interpretaram que os anjos Superiores perguntaram a Israel: “O que Deus tem feito?”.

A EVOLUÇAO DE ISRAEL (INTERIORIDADE) – UM DE CADA VEZ

Essa recompensa apenas chegará a nós através do desenvolvimento de um de cada vez. Como na alegoria acima, até o fardo mais pesado pode ser levantado se for dividido em partes e levantado um de cada vez. Não só o propósito geral nos chega dessa forma, como também o propósito físico, o que não é senão uma preparação para o propósito geral, e nos chega através do desenvolvimento gradual e lento.

Assim, os mundos foram divididos em interioridade e exterioridade, onde cada mundo contém iluminações capazes de operar num desenvolvimento lento. E estas são chamadas de “interioridade do mundo”.

EVOLUÇÃO INSTANTÂNEA DAS NAÇÕES DO MUNDO (EXTERIORIDADE)

Opostos a eles estão iluminações que só podem agir instantaneamente. Assim, quando elas aparecem aqui nos seus ramos deste mundo e lhes é dado o controle, não só, não se corrigem, como se arruínam.

Os nossos sábios chamam isso de “verde”, como está escrito relativamente à Árvore do Conhecimento e Adam HaRishon, que eles comeram fruta verde. Isto significa que é uma deliciosa guloseima, destinada a encantar o homem, mas no futuro, não no presente, porque ainda estão crescendo e desenvolvendo-se. É por isso que eles o compararam com uma fruta verde, como o figo, também, que é uma das mais doces e mais saborosas frutas, mas quando comida prematuramente, fará mal ao estômago e poderá matar.

De fato, devemos perguntar, “Quem é aquele que traz tal ação ao mundo?”

Afinal de contas, é conhecido que não há ação no nosso mundo que não venha de um ataque duma Raiz Superior. Isso é o que chamamos de “domínio da exterioridade”, como no versículo: “Deus fez igual um tanto quanto o outro”. Isso contém uma força que impulsiona e corre em direção a revelação do domínio da interioridade, como os nossos sábios disseram: “Eu coloco sobre eles um rei tal como Haman, e ele os forçará a arrependerem-se”.

A INTERIORIDADE É O POVO DE ISRAEL

Dado que esclarecemos a Raiz Superior, esclareceremos os ramos neste mundo.

Entendendo que o ramo que se estende da interioridade é o povo de Israel, que foi escolhido como um operador do propósito geral da correção. Isso contém a preparação requerida para o crescimento e o desenvolvimento até que mova as nações do mundo, também, para que possam atingir a meta comum.

A EXTERIORIDADE SÃO AS NAÇÕES DO MUNDO

O ramo que se estende da exterioridade são as nações do mundo. Não lhes foram transmitidas as qualidades que os tornam dignos de receber o desenvolvimento do propósito, um de cada vez. Ao contrário, eles estão aptos a receber a correção imediatamente e a mais completa, de acordo com a sua Raiz Superior. Assim, quando elas recebem o domínio da sua Raiz, elas destroem as virtudes das crianças de Israel e causam sofrimento no mundo.

UMA ESCRAVA E UMA SERVA

As Raízes Superiores, chamadas “exterioridade”, como explicado acima, são geralmente chamadas de “serva” e “escrava”. E o objetivo disso é mostrar que elas não têm a intenção de causar mal algum, como possa parecer superficialmente. Ao contrário, servem à interioridade, como a escrava e a serva que servem a seus mestres.

A EXTERIORIDADE GOVERNA QUANDO ISRAEL NÃO EXIGE PROFUNDIADE NO SEU TRABALHO

A lei supramencionada da exterioridade é chamada de “o exílio de Israel entre as nações do mundo”. A partir disso, são infligidas muitas formas de sofrimento, degradação e ruína à nação de Israel. No entanto, e para ser breve, explicaremos somente o que é revelado a partir de uma observação geral, que é de um propósito geral. Isso é, os adoradores de ídolos e supersticiosos, como está escrito: “mas misturam-se com as nações e aprendem com as suas obras”. Esse é o mais terrível e perigoso veneno, que destruirá as almas de Israel, pois este traz a sua vaidade mais
próxima da razão humana. Em outras palavras, eles não precisam de muito aprofundamento para entender e assim plantar a fundação dos seus trabalhos nos corações dos filhos de Israel. E, embora um homem israelense é bastante incapaz de aceitar a sua tolice, no final, eles induzem a idolatria e imundície, até flagrante heresia, até que ele diz, “todos os rostos são iguais”.

A RAZÃO DO OCULTAÇÃO DA CABALÁ

Agora você pode compreender a questão da ocultação da sabedoria do oculto dos olhos dos externos, bem como o que os sábios disseram, “Ao gentio não deve ser ensinada Torá”. Parece haver uma contradição entre este e o Tanah (grande sábio, nos primeiros anos da EC) Debei Eliyahu, que disse: “Mesmo um gentio, mesmo um escravo, e até mesmo uma serva que sentar e aprender Torá, a Divindade está com eles”. Então, por que os sábios proibiram ensinar a Torá aos gentios?

ENSINANDO TORÁ AOS GENTIOS

De fato, o Tana Debei Eliyahu refere-se à um gentio convertido, ou pelo menos alguém que deixou a idolatria e superstição. Os nossos sábios, reciprocamente, referem-se a alguém que não se afastou da adoração de ídolos e superstições e queria conhecer as leis de Israel e a Sabedoria para fortalecer e fortificar sua idolatria. E você pode dizer: “por que deveríamos nos importar se este gentio se tornou mais piedoso nas suas adorações por causa da nossa Torá? Se isso não ajudar, que mal fará?”

O CHORO DE RASHBI

De fato, por isso Rashbi chorou antes de explicar o segredo importante na Sabedoria oculta, como está escrito: “Rabi Shimon chorou, ‘ai de mim se eu falar e ai de mim se eu não falar. Se eu contar, os pecadores saberão como servir a seus ídolos; e se eu não contar, os amigos perderão aquela palavra’”.

Ele estava com medo que seu segredo viesse pelas mãos dos idólatras e eles executassem sua idolatria com a força desta Mente Santa. Isto é o que prolonga nosso exílio e trás sobre nós todas as aflições e as ruínas, como vemos agora perante nós, dado que os sábios das nações do mundo estudaram todos os livros dos filhos de Israel e os tornaram em iguarias para fortalecer sua fé, isto é sua sabedoria, chamada “teologia”.

DOIS MALES DE REVELAR A SABEDORIA DE ISRAEL ÀS NAÇÕES DO MUNDO

Eles cometeram dois erros:

  1. Além de se vestirem em nosso manto, dizendo que toda a sabedoria é da realização de seu próprio espírito sagrado, estes imitadores ganharam sua reputação às nossas custas. Assim, eles fortalecem seu falso ensinamento e obtêm a força para negar nossa Santa Torá.
  2. Mas um mal ainda maior veio sobre nós: o que observa sua teologia descobre nela conceitos e sabedoria sobre o trabalho de Deus que aparentam mais verdadeiros e genuínos que nossa sabedoria.

Isto é por duas razões:

A primeira é que eles são muitos, e entre eles existem grandes e proficientes filólogos que conhecem seu trabalho: para fazer questões aceitáveis às pessoas ignorantes. Filologia vem dos ensinamentos externos, e certamente uma sociedade de oito bilhões de pessoas pode produzir muito mais e muito maiores filólogos que a nossa sociedade de quinze milhões. Assim, o que observa seus livros cai ao duvidar que eles podem estar certos, ou ainda pior, é claro.

A segunda, e a mais importante razão, é que os sábios de Israel ocultam a sabedoria da religião das massas por trás de portas fechadas de todas as formas. Os sábios de cada geração oferecem simples explicações às massas e rejeitam-nas com todos os tipos de artifícios do desejo de sequer se aproximarem e tocarem na sabedoria do oculto.

AI SE EU CONTO

Eles fazem isto por medo que as questões venham a cair nas mãos dos idolatras, como Rashbi escreveu, “Se eu conto, os pecadores saberão como servir seus ídolos”. Afinal de contas, nós sofremos bastante até pelas pequenas coisas que eles roubaram de nossos recipientes, que escoaram até eles além de toda a guarda vigilante.

A RAZÃO PELA OCULTAÇÃO DA CABALÁ

Isto clarifica o que se desdobraria se nossos sábios revelassem a sabedoria do oculto a todos. E dado que nós ocultamos, enquanto o nosso plebeu é incapaz de lhe serem dados os segredos da Torá, ele não tem conhecimento na sabedoria da religião. Logo, tal pessoa fica obviamente inspirada e exaltada quando ela descobre a sabedoria
insignificante e explicações na sua teologia, cuja essência é senão uma seleção de conceitos roubados da nossa oculta, com guloseimas literárias acrescentadas. Assim que alguém vê isso, ele diz e nega nossa lei prática, e termina em completa heresia.

UMA CRIADA QUE É HERDEIRA DE SUA SENHORA

Isto é chamado “uma criada que é herdeira de sua senhora”, dado que o próprio poder da senhora – o domínio da interioridade – é pela força da nossa sabedoria e conhecimento, como está escrito, “nós somos distinguidos, Eu e Teu povo, de todos os povos que estão sobre a face da terra”. E agora a criada avançou em frente e orgulha-se em público que ela é herdeira desta sabedoria. E agora você deve saber que este poder deles é a corrente pela qual as pernas dos filhos de Israel estão acorrentadas no exílio, sob seu domínio.

GRILHÕES DO EXÍLIO

Então, a essência das correntes do exílio e seu poder é da sabedoria da Torá e seus segredos, os quais eles conseguiram roubar e colocar em seus vasos, passando toda a guarda vigilante que nós colocamos. Com isso, eles enganam as massas, dizendo que eles herdaram o trabalho de Deus, e lançam dúvida e heresia, também, sobre as almas de Israel.

SABEDORIA DA CABALÁ E FILOSOFIA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

O QUE É A ESPIRITUALIDADE?

A Filosofia passou por uma série de dificuldades para provar que a corporalidade é uma ramificação da espiritualidade e que a alma gera o corpo. Ainda assim, as suas palavras não são aceitáveis ao coração de forma alguma. O seu principal erro é a sua percepção errônea da espiritualidade, de que a espiritualidade deu origem à
corporalidade, que é certamente uma mentira.

Qualquer pai deve de alguma forma assemelhar-se a seus filhos. Sendo esta relação de parentesco o caminho que conduz à continuidade. Além disso, cada operador deve ter alguma consideração à sua operação pela qual possa contatála.

Uma vez que dizem que a espiritualidade é desvinculada de quaisquer incidentes corpóreos, então tal caminho não existe, nem uma relação pela qual o espiritual possa contatar e estabelecer-se em qualquer tipo de ação.

No entanto, compreender o significado da palavra “espiritualidade” não tem nada a ver com a Filosofia. Como eles podem discutir algo que nunca tenham visto ou sentido? Em que se baseiam essas observações?

Se existir qualquer definição que possa distinguir o espiritual do corpóreo, diz respeito apenas aos que o alcançaram e sentiram algo espiritual. Essas pessoas são os Cabalistas genuínos; então, é da sabedoria da Cabalá que precisamos.

FILOSOFIA NO QUE DIZ RESPEITO À SUA ESSÊNCIA

A Filosofia adora relacionar-se com Sua Essência, e provar que regras não se aplicam a Ele. Porém, a Cabalá não tem quaisquer relações no que diz respeito à isto, porque como pode o inatingível e imperceptível ser definido? De fato, uma definição negativa é tão válida como uma positiva. Por exemplo, se você ver um objeto à distância e reconhecer seus aspectos negativos, ou seja, tudo o que ele não é, isso também é considerado ver e alguma extensão de reconhecimento. Se um objeto está verdadeiramente fora de vista, então até as suas características negativas não são se encontram aparentes.

Se, por exemplo, vemos uma imagem negra à distância, podemos ainda assim determinar que não é um humano ou um pássaro, isto também é considerado ver. Se estivesse mais longe, seríamos incapazes de determinar de que não se trata de uma pessoa.

Esta é a origem da confusão e invalidade da Filosofia. A Filosofia adora orgulhar-se por compreender todos os traços negativos de Sua essência. No entanto, os sábios da Cabalá colocam suas mãos sobre suas bocas neste ponto, não lhe dando mesmo um simples nome, pois não definimos por nome ou palavra o que não alcançamos. Isto porque uma palavra designa determinado grau de compreensão.

Contudo, os Cabalistas falam bastante sobre a Sua iluminação na realidade, ou seja todas as iluminações que eles conseguiram alcançar, de forma tanto válida quanto tangível.

O ESPIRITUAL É UMA FORÇA SEM UM CORPO

Isto é o que os Cabalistas definem como “espiritualidade” e é sobre isto que falam. Não há imagem ou espaço ou tempo ou qualquer valor corpóreo. Penso que a Filosofia tem usado um manto que não lhe diz respeito, porque distorceu definições da sabedoria da Cabalá e deleitou-se com o seu entendimento humano. Se não tivesse sido esse o caso, nunca teriam pensado em fabricar tal perspicácia. Embora, esta seja apenas uma força em potencial, isto é, não é uma força vestida num corpo comum, mundano, mas uma força sem corpo.

UM VASO ESPIRITUAL É CHAMADO “UMA FORÇA”

Este é o lugar para salientar de que a força de que a espiritualidade fala não é a Luz espiritual em si. Que a Luz espiritual estende diretamente da Sua Essência e é então a mesma que a Sua Essência. Isso significa que não temos qualquer compreensão na Luz espiritual que possamos definir com um nome. Até o nome “Luz” é emprestado
e não é real. Então, devemos saber que o nome “Força” sem um corpo se refere apenas ao “vaso espiritual”.

LUZES E VASOS

Desta forma, não devemos questionar os sábios da Cabalá, que preenchem toda a sabedoria com os seus entendimentos, diferenciando entre as várias Luzes. Isto porque as observações não se referem às Luzes em si mesmas; mas à impressão causada no recipiente, sendo a força supramencionada, que é afetada quando a Luz
vem ao seu encontro.

VASOS E LUZES (O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS)

Aqui reside a linha que deve ser traçada entre a doação e o amor que é criado por ela. A Luz, ou seja a sua impressão no recipiente, que é alcançável, é denominada “forma e matéria”. A impressão é a forma e a força acima é a matéria.
Porém, o amor que é criado por ela é considerado uma “forma sem matéria”. Isto significa que se separarmos o amor da doação em si, como se nunca tivesse sido vestida em qualquer doação, mas apenas no nome abstrato, “o amor de
Deus”, então seria considerada uma forma. Nessa ocorrência, a prática disto é considerada como “Cabalá Formativa”. Mas, ainda assim seria considerada real, sem qualquer similaridade com a Filosofia Formativa porque o espírito deste amor permanece na compreensão. É completamente desvinculada da doação, sendo a Luz em si.

MATÉRIA E FORMA NA CABALÁ

A razão é que apesar do amor ser meramente uma consequência da doação, é ainda assim muito mais importante que a doação em si. É como um grande rei que dá um objeto de pouca importância a uma pessoa. Embora a doação em si seja desprovida de valor, é o amor e a atenção do rei que a torna de valor incalculável e preciosa. É então completamente separada da substância, sendo a Luz e a doação, de forma que o trabalho e os entendimentos permaneçam gravados na realização apenas com o amor em si. A doação em si, porém, parece esquecida ao coração. Assim sendo, este aspecto da sabedoria é denominado de “Sabedoria Formativa da Cabalá”.

Verdadeiramente, esta é a parte mais importante da sabedoria.

ABYA

Este amor consiste de quatro partes que se assemelham muito com o amor humano: quando recebemos inicialmente a doação não nos referimos ao doador da doação como alguém que nos ame, ainda mais se essa pessoa é importante e o receptor não
é igual a ele.

Porém, a doação repetitiva e a perseverança fará até mesmo a pessoa mais importante parecer-nos alguém que nos ama verdadeiramente, de igual forma. Isto é porque existe uma regra de que no amor não existe um maior e um menor, e dois verdadeiros amantes devem sentir-se iguais.

Então, podemos medir quatro graus de amor aqui. O primeiro incidente é chamado Assiá, a repetição da doação é chamada Yetzirá, e a aparição do amor em si é chamado de Briá.

É aqui que o estudo da Sabedoria Formativa da Cabalá começa, pois é neste grau que o amor está separado das doações. Este é o significado das palavras, “e criou a escuridão”, ou seja que a Luz é removida de Yetzirá e que o amor permanece sem Luz, assim como sem doações.

Depois vem Atzilut. Depois de ter provado e separado inteiramente a forma da matéria, tal como em, “e criou a escuridão”, tornou-se digno de ascender ao grau de Atzilut, onde a forma veste a substância uma vez mais, ou seja, a Luz e o amor juntos.

A ORIGEM DA ALMA

Tudo o que é espiritual é percebido como uma força separada do corpo porque não tem imagem corpórea. Ainda que, devido a isso, permaneça isolado e completamente separado do corpóreo. Em tal estado, como pode colocar algo
corpóreo em movimento, muito menos gerar algo físico, quando não entrou em contato com o físico de alguma forma?

O ELEMENTO ÁCIDO

Entretanto, a verdade é que a força em si é também considerada uma substância genuína, tal como qualquer outra substância corpórea do mundo concreto, e o fato de que não tenha uma imagem que os sentidos humanos consigam perceber não reduz o valor da substância, isto é, da “força”.

Tomemos em conta uma molécula de oxigênio por exemplo: é um constituinte da maioria dos materiais no mundo. Embora, se pegarmos numa garrafa de oxigênio puro quando não está misturado com qualquer outra substância,
descobriremos que parece que a garrafa parece estar completamente vazia. Não conseguiremos perceber nada acerca dela; será completamente como o ar, intangível e invisível ao olho humano.

Se removermos a tampa e a cheirarmos, não obteremos odor algum; se a provarmos não encontraremos qualquer sabor e se a colocarmos numa balança não pesará mais do que a garrafa vazia. O mesmo é aplicável ao hidrogênio, que também não tem sabor, cheiro e peso.

No entanto, colocando ambos os elementos juntos, eles formarão imediatamente um líquido – água potável que possui tanto sabor quanto peso. Se colocarmos água dentro de cal vivo irá imediatamente misturar-se com ela e tornarse tão sólida como o cal em si.

Assim, os elementos, oxigênio e hidrogênio, nos quais não há percepção tangível, se tornam um corpo sólido. Então, como conseguimos determinar que forças naturais não são uma substância corpórea apenas porque não se encontram alinhadas de forma a que os nossos sentidos as consigam perceber? Além disso, conseguimos ver evidentemente que a maior parte de materiais tangíveis do nosso mundo consistem a priori do elemento de oxigênio, que os sentidos humanos não conseguem perceber e sentir!

Mesmo o sólido e o líquido na realidade tangível que vividamente percebemos no nosso mundo, podem transformar-se em ar e gaseificar a determinada temperatura. Similarmente os vapores podem transformar-se em sólidos quando a temperatura cai.

Neste caso, devemos nos perguntar, como alguém pode dar aquilo que não possui? Claramente vemos que as imagens tangíveis provêm de elementos que em si mesmos são intangíveis e que não existem como materiais por si mesmos. De forma similar todas as imagens estáticas que conhecemos e usamos para definir os materiais são inconsistentes e não existem no seu devido direito. Em vez disso, vestem e despem formas sob a influência de condições como o calor e o frio.

A parte primária da substância corpórea é a “força” que reside nela, embora não consigamos separar estas forças, tal como com elementos químicos. Talvez no futuro sejam descobertas na sua forma pura, tal como recentemente descobrimos os elementos químicos.

FORÇA EQUIVALENTE NO ESPIRITUAL E FÍSICO

Em poucas palavras: todos os nomes aos quais atribuímos materiais são completamente fabricados, ou seja, derivam da percepção concreta nos nossos cinco sentidos. Eles não existem em si mesmos. Por outro lado, qualquer definição que atribuamos a uma força, que a separe do material, é também fabricada. Mesmo quando a ciência chegar ao seu desenvolvimento culminante, ainda assim necessitaremos levar em conta a realidade tangível. Isto significa que dentro de qualquer operação material que vejamos ou sintamos, temos de perceber o seu operador, que é a substância, como a operação em si. Existe uma correlação entre estes, ou então não teriam chegado a tal.

Devemos saber que este erro de separação do operador da operação advém da Filosofia Formativa, que insistiu em comprovar que uma ação espiritual influencia uma operação corpórea. Isso resultou em pressupostos errôneos tais como os acima, dos quais a Cabalá não precisa.

CORPO E ALMA NOS SUPERIORES

A opinião da Cabalá nesta matéria é clara como a água, excluindo qualquer mistura filosófica. Isto é porque a opinião dos sábios da Cabalá é a de que até entidades espirituais separadas, cuja Filosofia nega ter qualquer fisicalidade e apresenta como pura substância conceitual, embora elas sejam de fato espirituais, mais sublimes e abstratas, elas ainda consistem de um corpo e alma, tal como o ser humano físico.

Portanto, não precisam imaginar como dois podem ganhar o prêmio e dizer que são complexos. Além disso, a Filosofia crê que algo complexo irá eventualmente desintegrar-se e decompor-se, ou seja morrer. Então, como se pode declarar que são ambos complexos e eternos?

LUZES E VASOS

Certamente, os seus pensamentos não são os nossos pensamentos, porque a maneira dos sábios da Cabalá é uma de encontrar provas reais de compreensão, fazendo a sua anulação através do questionamento intelectual impossível.

Mas deixem-me clarificar estas matérias para o entendimento de cada pessoa:

Primeiro temos de saber que a diferença entre as Luzes e vasos é imediatamente criada no primeiro ser emanado de Ein Sóf (Infinito). Naturalmente a primeira emanação é também a mais completa e nobre de todas as que se seguiram a esta. É certo que esta agradabilidade e este preenchimento são recebidos da Sua Essência, que deseja conceder-lhe todo o prazer e agradabilidade.

É sabido que a medida do prazer é essencialmente a medida da recepção daquele prazer. Isto é porque o que mais queremos também é sentido como o mais agradável. Devido a isto, devemos discernir duas observações na primeira emanação: o “desejo de receber” que recebeu a Essência, e a Essência do objeto em si.

Devemos também saber que o desejo de receber é o que percebemos como “corpo” do emanado, ou seja a sua essência primária, sendo o recipiente para receber a Sua bondade. A segunda é a Essência da bondade que é recebida, que é a Luz que é eternamente estendida da emanação.

Acontece que nós necessariamente distinguimos dois discernimentos que vestem um ao outro mesmo nas mais sublimes e espirituais matérias que o coração possa contemplar. Esta é a opinião oposta à da Filosofia, que fabricou que indivíduos diferentes não são materiais complexos. É necessário que aquele “desejo de receber”, que necessariamente existe no emanado (porque sem ele não existiria prazer mas coerção, e nenhum sentimento de prazer) está ausente na Sua Essência. Este é o motivo do nome “emanado”, pois uma vez que já não é Sua Essência, pois de quem Ele receberia?

No entanto, a parte que ele recebe é necessariamente uma parte da Sua Essência, porque aqui e ali não são necessárias inovações. Então vemos uma grande diferença entre o corpo renovado e a abundância recebida, que é considerada a Sua essência.

COMO PODE O ESPIRITUAL GERAR O CORPÓREO

É aparentemente difícil compreender como o espiritual pode gerar e estender algo corpóreo. Esta questão é uma antiga questão filosófica sobre a qual muita tinta foi derramada na tentativa de a resolver.

A verdade é que esta questão é apenas difícil se seguir a sua doutrina. Isto porque eles determinaram que a forma da espiritualidade era desprovida de qualquer ligação a algo corpóreo. O que produz uma questão difícil: como pode o
espiritual levar ou gerar algo corpóreo?

Mas na visão dos sábios da Cabalá isto não é tão difícil, pois os seus termos são completamente opostos aos dos filósofos. Eles mantém que qualquer qualidade espiritual se equipara com o corpóreo como duas gotas de água num lago. Então, os relacionamentos são da maior afinidade e não existe uma separação entre eles exceto na substância, ou seja que o espiritual consiste de uma substância espiritual e que o corpóreo consiste de uma substância corpórea.

Embora, todas as qualidades nos materiais espirituais se encontrem também nos materiais corpóreos, tal como explicado no artigo “A Essência da Sabedoria da Cabalá”.

A velha Filosofia apresenta três opiniões como obstáculos à minha explicação: A primeira é sua decisão que o poder do intelecto humano é a alma eterna, a essência do homem. A segunda é sua conjectura que o corpo é um resultado
da alma. A terceira é ao dizer que as entidades espirituais são objetos simples e não complexos.

PSICOLOGIA MATERIALISTA

Não só é o lugar errado para discutir com eles sobre as suas conjecturas fabricadas mas também porque o seu tempo passou e sua autoridade foi revogada. Também deveríamos agradecer aos peritos da psicologia materialista por isso, tendo construído o seu suporte sobre a ruína do anterior, ganhando a preferência do público. Agora todos admitem a nulidade da Filosofia, pois não é construída sobre bases concretas.

A velha doutrina tornou-se uma pedra no sapato e um espinho mortal para os sábios da Cabalá pois onde eles deveriam ter se submetido aos sábios da Cabalá, e assumir a abstinência e prudência, santidade, e pureza antes dos sábios revelarem diante deles mesmo a menor coisa na espiritualidade, eles receberam o que queriam facilmente da Filosofia formativa. Sem pagamento ou um preço eles têm se banhado da sua fonte de sabedoria até se saciarem, e se abstiveram de se aprofundar na sabedoria da Cabalá até que a sabedoria se tornou praticamente esquecida entre
Israel. Por esse motivo estamos gratos à psicologia materialista por a ter vencido com um golpe mortal.

EU SOU SALOMÃO

O acima descrito é muito parecido com uma fábula que os nossos sábios contam:

“Asmodeus (o demônio) levou o Rei Salomão por quatrocentos parsás (uma medida de distância) de Jerusalém e deixou-o sem dinheiro e meio de se suster. Então ele sentou-se no trono do Rei Salomão enquanto o rei estava mendigando às portas.

Cada lugar onde ia dizia: “Eu sou Eclesiastes!” mas ninguém acreditava nele. Então ele andou de cidade em cidade declarando “Eu sou Salomão!” Mas quando ele chegou ao Sanhedrin (os sábios do Talmud) eles disseram: “Um tolo não pronuncia a mesma tolice toda hora, dizendo ‘Eu já fui um rei’”.

Parece que embora o nome não seja a essência de uma pessoa, mas ao invés o dono do nome é. Então, como pode um homem sábio como o Rei Salomão não ser reconhecido se ele é verdadeiramente o dono do nome? Além disso, é a pessoa que dignifica o nome e ele deveria ter demonstrado a sua sabedoria ao povo!

TRÊS PREVENÇÕES

Existem três razões que nos previnem de saber o dono de um nome:

  1. Devido à sua veracidade, a sabedoria torna-se clara apenas quando todos os seus detalhes aparecem juntos. Então, antes que saiba toda a sabedoria, é impossível vislumbrar sequer uma pequena fração dela.
    Então, é a publicidade da sua veracidade de que precisamos, de forma a
    ter suficiente crédito nela para levar a cabo um grande esforço.
  2. Assim como Asmodeus, o demônio, vestiu as roupas do Rei Salomão e herdou o seu trono, também a Filosofia se sentou no trono da Cabalá com conceitos simples de pegar, porque a mentira é facilmente aceita.
    Então, existe um problema duplo aqui: primeiro, a sabedoria da verdade é profunda e trabalhosa, enquanto que a Filosofia é falsa e facilmente compreendida; e segundo, é supérflua, porque a Filosofia é bastante satisfatória.
  3. Assim como o demônio proclama que o Rei Salomão é louco, também a Filosofia goza e rejeita a Cabalá.

No entanto, enquanto sabedoria é sublime, é elevada acima das pessoas e separada delas. Porque o Rei Salomão era o mais sábio dos homens, ele era também mais elevado que qualquer homem. Então, os mais sábios estudantes não podiam compreendê-lo. Apenas tais amigos, ou seja o Sanhedrin, a quem ele ensinou esta sabedoria todos os dias durante dias e anos. Foram eles os que o compreenderam e publicaram o seu nome no mundo inteiro.

O motivo para isto é que a sabedoria pequena é percebida em cinco minutos, e é assim acessível por qualquer um e pode ser facilmente publicada. Porém, um conceito mais pesado não será compreendido em menos que várias horas.

Pode até levar dias ou anos, dependendo da inteligência. Respectivamente, os estudantes mais elevados serão compreendidos por alguns poucos escolhidos na sua geração, porque conceitos profundos são fundados em muito conhecimento adquirido anteriormente.

Desta forma não é surpreendente que o mais sábio de todos os homens, que foi exilado num lugar onde não era conhecido, não conseguia demonstrar a sua sabedoria ou mesmo dar uma pista acerca dela antes que acreditassem que ele era o dono do nome.

É o mesmo com a sabedoria da Cabalá nos nossos tempos: As dificuldades e o exilo que chegou sobre nós fez-nos esquecê-la (e se existem pessoas que a praticam, não é a favor da Cabalá mas ao invés disso lhe traz mal. Isto porque não a receberam de um sábio Cabalista). Então, a Cabalá está na mesma situação hoje, como quando o Rei Salomão estava exilado, declarando, “Eu sou a sabedoria e todos os sabores da religião e da Torá são meus”, no entanto ninguém acreditou.

Mas isto é perplexo, pois se é uma sabedoria genuína, não se pode demonstrar como todas as outras sabedorias? Não pode. Tal como o Rei Salomão não conseguiu demonstrar a profundidade desta sabedoria aos estudantes no espaço
do seu exílio e teve de vir até Jerusalém, o espaço dos Sanhedrin, que o conheciam e atestam a profundidade desta sabedoria, por esse motivo a Cabalá requisita que grandes sábios examinem os seus corações e a estudem por vinte ou trinta anos. Só então poderão a poderão justificar.

E assim como o Rei Salomão não conseguiu prevenir que Asmodeus se sentasse no trono, fingindo ser ele até que chegasse a Jerusalém, os sábios da Cabalá também observam a Filosofia teológica e queixam-se que os teólogos filosóficos roubaram a prateleira superior da sua sabedoria, que Platão e os seus predecessores Gregos adquiriram enquanto estudaram com discípulos dos profetas em Israel. Eles roubaram constituintes elementares da sabedoria de Israel e usaram uma capa que não lhes pertence. Até hoje, a Filosofia teológica se senta no trono da Cabalá, sendo
herdeira à sua senhora.

Quem acreditaria nos sábios da Cabalá num tempo em que outros se sentam no seu trono? É como quando não acreditavam no Rei Salomão em exílio porque eles sabiam que ele se encontrava sentado no seu trono, ou seja, o demônio Asmodeus. Tal como o Rei Salomão, é desesperante que a sabedoria da verdade seja exposta, pois é profunda e não pode ser expressada por testemunho ou mera experimentação. É só revelada aos que a acreditam e se lhe dedicam com alma e coração.

Assim como o Sanhedrin não reconheceu o Rei Salomão enquanto a falsidade de Asmodeus não se tornou aparente, também a Cabalá não poderá provar a sua natureza e veracidade, e nenhuma revelação será suficiente para o mundo
conhecê-la enquanto que a futilidade da Filosofia teológica que tomou o seu trono se torne aparente.

Portanto, não havia uma salvação para Israel na altura em que a psicologia materialista apareceu e atingiu a Filosofia teológica na sua cabeça com um golpe mortal. Agora, toda a pessoa que busca o Senhor deve trazer a Cabalá de volta ao seu trono – e restaurar a sua glória passada.

PAZ NO MUNDO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“Misericórdia e Verdade se encontraram,
Justiça e Paz se beijaram.
A Verdade brotará da Terra
e a Justiça olhará desde o Céu.
E o Senhor dará o que é bom,
e nossa terra dará seu fruto”.
–Salmos 85:11-13

TUDO É AVALIADO NÃO PELA SUA APARÊNCIA NUM DADO MOMENTO, MAS DE ACORDO COM SUA MEDIDA DE DESENVOLVIMENTO

Tudo que existe na realidade, seja bom ou mal, incluindo mesmo as coisas mais más e causadoras de dano no mundo, tem o direito de existir, ao nível que destruí-lo ou remove-lo completamente do mundo é proibido. Ao invés, nosso dever é apenas reparar ou corrigi-lo e guia-lo em direção à bondade.

Isto é porque qualquer observação no trabalho da Criação que está diante de nós é suficiente para interferir no nível elevado da perfeição d’Aquele Que os criou. Portanto, nós temos que entender e ter grande cuidado para que não
encontremos defeitos em qualquer parte da Criação, declarando ser supérfluo e desnecessário, pois isto equivale a dar um mau nome, Deus proíba, para Aquele Que o criou.

É amplamente conhecido que durante os dias da Criação, o Criador não completou Sua Criação. Isto é porque nós encontramos que toda e cada parte da realidade, tanto em geral quanto no particular, é sujeito às leis da evolução gradual, de um estado de completa ausência até o ponto de crescimento máximo. Por esta razão que, por exemplo, quando provamos a amargura de um fruto em seus estágios iniciais de crescimento, nós não julgamos isto como uma existência de um defeito no fruto. Todos nós sabemos o motivo para o sabor amargo: é devido ao fruto não ter ainda completado seu processo de evolução até seu completo desenvolvimento.

Este, também, é o caso com todas as outras partes particulares da realidade. Assim, se nós sentimos que alguma parte particular da Criação é destrutiva ou má, isto apenas indica que ela está em uma fase de transição em termos de seu processo evolutivo. Em todo caso, nós não devemos concluir que ele não é bom e encontrar defeitos nesta parte particular, pois isto não seria sábio.

A FRAQUEZA DOS “REFORMADORES DO MUNDO”

Esta é a fonte de toda a fraqueza dos reformadores do mundo ao longo da história: Eles consideravam os seres humanos como se eles fossem máquinas que não estão funcionando adequadamente que precisam de reparo, ou seja, as partes quebradas devem ser removidas e substituídas por aquelas devidamente corrigidas. Este é o
único propósito destes reformadores do mundo: exterminar tudo que é mal e destrutivo nas espécies humanas.

E, de fato, se não fosse o Próprio Criador levantar-Se contra eles, certamente eles teriam sucedido há muito tempo em peneirar o ser humano como se através de uma peneira e deixariam nele apenas aquilo que é bom e benéfico.

Mas o Criador guarda todos os aspectos de Sua Criação com grande cuidado e não deixa ninguém destruir qualquer coisa que está em Sua possessão: Ele apenas permite restaurá-la e transformá-la em boa, como explicado acima.

Portanto, todos estes falsos reformadores do mundo desapareceriam da face da Terra, enquanto que as más qualidades do mundo não seriam removidas da face da Terra; ao invés, elas estariam esperando e contando o número de níveis de evolução que elas precisam passar até que elas tenham atingido um completo processo de amadurecimento.

Mas como o Criador olha meticulosamente sobre todos os elementos na Sua Criação, não deixando ninguém destruir uma única coisa no Seu Domínio mas apenas o reformar e fazê-lo útil e bom, todos os reformadores do tipo
supramencionado desaparecerão da face da terra, e as inclinações ao mal não. Elas continuam a viver e a contar os graus que elas ainda precisam atravessar até que completem seu amadurecimento.

Neste ponto, aquelas mesmas más qualidades se transformariam e se tornariam boas e benéficas, como o Criador tinha originalmente o concebido. Isto é como um fruto sentado no galho de uma árvore, esperando e contando os dias e meses que precisa passar até que seu processo de amadurecimento seja completo; quando seu sabor e doçura serão revelados a todos.

SE MERECEREM – EU APRESSAREI, SE NÃO MERECEREM – SERÁ A SEU TEMPO

É claro, devemos saber que a dita lei da evolução, que se aplica a toda realidade e que promete transformar qualquer coisa que não é boa em algo bom e benéfico, é capaz de agir pelo poder do Governo do Céu Acima, isto é, sem consultar as pessoas que habitam a Terra.

Por outro lado, o Criador de fato deu sabedoria e governo aos humanos e os permitiu tomar a dita lei da evolução sobre sua própria autoridade e governo, e fazendo isto os permitiu a acelerar grandemente este processo de evolução, de acordo com sua vontade e em completa liberdade e independência, com respeito à limitação do tempo.

Assim, existem dois Governos que agem de acordo com esta evolução. Um é o Governo do Céu, que assegura a transformação de tudo que é mal e destrutivo em ser bom e benéfico, embora este procedimento, por natureza, leve tempo e movase muito lentamente e vagarosamente. E se o que está evoluindo é um ser vivo sensível, o resultado é que ele sofre dores e angústias horríveis enquanto encontrase sob a compressão da evolução, que se move com imensa crueldade.

Por outro lado, há o Governo da Terra, ou seja, os seres humanos, que assumiram o governo sobre as leis da evolução. Estas pessoas são poderosas o suficiente para se libertarem dos grilhões do tempo, e fazendo isto, elas estão apressando o Fim, isto é, o fim do processo do amadurecimento e correção, que é o fim de seu desenvolvimento.

E isto está de acordo com o que nossos sábios disseram (Talmud, Tratado Sanhedrin, 98a) sobre o fim do processo da salvação e redenção para os Israelitas. Comentando sobre o verso: “Eu o Senhor o apressarei a seu tempo” (Isaías 60:22), eles disseram, “Se eles merecerem, eu apressarei; se eles não merecerem, será a seu tempo”.

Eles quiseram dizer que se os Israelitas merecerem e adotarem a lei da evolução, através da qual eles transformarão suas más qualidades em boas, e trouxerem sobre seu próprio governo, ou seja, que eles irão focar seus corações e
suas mentes em corrigir suas más qualidades e transformá-las em boas, então “Eu apressarei”.

Isto significa que os Israelitas iriam portanto ser completamente libertados dos grilhões do tempo. Mas este Fim é totalmente dependente de seu próprio desejo, ou seja, que é uma função da maioria de suas ações e atenção. Assim, eles estariam “apressando” o Fim. Mas se eles não merecerem tomar a evolução de suas más qualidades sobre seu próprio governo, mas ao invés escolherem deixar isto nas mãos do Governo do Céu, eles ainda assim alcançarão o fim de sua salvação e o fim de sua correção.

Isto é porque há completa confiança no Governo do Céu, que opera de acordo com a lei da evolução gradual, nível após nível, até transformar tudo que é mal e destrutivo em bom e benéfico, assim como o fruto em uma árvore. E o Fim é certo, exceto que ele virá “em seu tempo”. Isto significa que a questão é completamente dependente e conectada com a dimensão do tempo porque este desenvolvimento gradual deve passar por muitos níveis de vários tipos até atingir seu Fim. A natureza deste processo é proceder muito lentamente e com grande lentidão e acaba tomando um longo tempo de fato.

O que emerge do que discutimos até agora é que o que está evoluindo é um ser senciente, que devem, no decurso da passagem através destes estágios evolutivos, se submeter a grande e terrível sofrimento. Isto é porque a força motriz inerente nestes níveis, uma força que é capaz de empurrar o ser humano de um nível inferior a um mais elevado, é poderosa simplesmente porque ela usa a energia propulsora da dor e sofrimento que acumularam no nível inferior.

Apenas quando se tornaram insuportáveis a pessoa é forçada a abandonar aquele nível e ascender a um mais
importante.

Os sábios disseram: “O Criador coloca sobre eles um rei cujos decretos são tão severos como os de Haman. Então os Israelitas fazem teshuvá (retorno, arrependimento), sobre o qual Ele os leva de volta ao bom caminho” (Talmud,
Tratado Sanhedrin, 97b). E o Fim que é prometido aos Israelitas, de acordo com a lei da evolução gradual, é referido como “em seu tempo”, ou seja, amarrado pelos grilhões do tempo. E o Fim certo para os Israelitas, se eles tomarem a evolução de suas próprias qualidades em suas próprias mãos, é chamado “Eu apressarei”, isto é, é completamente independente do tempo.

BEM E MAL SÃO AVALIADOS PELAS AÇÕES DO INDIVÍDUO EM RELAÇÃO À SOCIEDADE

Mas antes de começar a contemplar a correção do que é mal na espécie humana, nós temos que primeiro estabelecer o valor destes termos abstratos: “Bem” e “Mal”. Isto é, qual é nosso padrão contra o qual avaliamos a qualidade e o ato quando nós determinamos se é uma qualidade ou ato bom e benéfico, ou ao contrário, se é o oposto: uma qualidade ou ato ruim.

Para compreender isso, nós devemos cuidadosamente conhecer o valor proporcional entre o individual e o coletivo, isto é, entre o indivíduo e sua comunidade em que vive e da qual ele é nutrido, materialmente assim como
espiritualmente. E da realidade atual, nós aprendemos que o indivíduo não poderia existir, se ele se isolasse sem uma comunidade eficiente o suficiente para servi-lo e ajudá-lo a satisfazer suas necessidades.

Disto, nós entendemos que, para começar, o ser humano foi criado para viver uma vida em sociedade, e todo e cada indivíduo na sociedade é como uma engrenagem que está atada a um número de outras engrenagens, todas das quais são interdependentes e condicionadas por uma máquina. A engrenagem individual não tem liberdade de movimento por si só; ao invés, ela é levada ao movimento através do movimento de todas as engrenagens em uma direção pré-definida, que serve para fazer a máquina mais capaz de cumprir sua função geral. E se uma engrenagem tem
mau funcionamento, este mau funcionamento não é avaliado e examinado de acordo com aquela engrenagem em si mesma, mas ao invés de acordo com sua função e o serviço que ela presta a toda a máquina.

Da mesma forma, nós avaliamos o nível de Bondade de cada indivíduo em sua comunidade, não de acordo com quão Bom este indivíduo é em si mesmo, mas pelo quanto de serviço ele presta a comunidade como um todo. E da mesma forma, nós não avaliamos o nível do Mal de cada indivíduo, exceto com relação ao dano que ele causa a comunidade em geral, e não de acordo com seu próprio valor.

Estas coisas são óbvias como o Sol ao meio-dia, em termos de tanto a verdade quanto a Bondade inerente neles. O coletivo tem apenas o que está lá nos indivíduos, e o Bem da sociedade significa o Bem de cada indivíduo naquela
sociedade. E um indivíduo que prejudica a sociedade termina tomando sua porção daquele dano. Da mesma forma, um indivíduo que beneficia sua sociedade termina tendo sua porção daquela Bondade. Isto é porque os indivíduos existem apenas como partes do coletivo, e o coletivo não tem valor adicional ou importância adicionada além de ser a soma total dos indivíduos que o compõem.

Por este motivo, nós precisamos entender que tanto o coletivo quanto os indivíduos são um e o mesmo, e que nenhum dano é causado ao indivíduo devido à sua grande subserviência ao coletivo. Isto é porque a liberdade do coletivo e a liberdade do indivíduo também são uma e a mesma porque assim como eles compartilham o Bem entre eles, assim, também, eles compartilham a liberdade entre eles.

Assim, boas qualidades e más qualidades, boas ações e más ações são medidas como tais apenas com referência ao Bem do todo. Naturalmente, estas coisas são verdadeiras se todos os indivíduos na comunidade realizem seus deveres com o coletivo perfeitamente e são compensados de acordo com o que eles realmente merecem, ou seja, ninguém toma a porção que pertence ao seu amigo.

De fato, se uma pequena porção da comunidade não se comporta desta maneira, o resultado final é que não apenas eles prejudicam a comunidade, mas eles também prejudicam a si mesmos. Enquanto não deveria haver necessidade de discutir em detalhes algo que é familiar e conhecido, nós discutimos isto longamente para atrair a atenção ao ponto fraco, isto é, o lugar que precisa ser corrigido.

Em outras palavras, nós queríamos mostrar que a única coisa que falta neste mundo é que cada indivíduo entenda que seu próprio Bem depende sobre o serviço que ele presta ao coletivo, assim como sobre as alocações justas para cada membro individual do coletivo. Certamente, nós temos um mundo abundante, mas nós precisamos saber como desfrutar disto.

AS QUATRO QUALIDADES: MISERICÓRDIA, VERDADE, JUSTIÇA, E PAZ, NO INDIVIDUAL E NO COLETIVO

Agora que nós devidamente verificamos o nível de Bondade em sua imagem que está reservado para nós, isto é: 1) que todos os indivíduos na sociedade cumprem seu papel perfeitamente, cada um de acordo com o que foi atribuído a ele, e 2) que cada indivíduo tome sua porção do sustento disponível, em uma taxa justa, de forma que
não toque a porção de seu amigo. De agora em diante, nós devemos ver e refletir sobre as formas e meios atuais que estão a nossa disposição para acelerar para nós mesmos esta bondade e felicidade.

Existem quatro qualidades que são instrumentais para isto, e elas são Misericórdia, Verdade, Justiça e Paz, as qualidades que todos os reformadores do mundo sempre usaram até este dia. Mais precisamente, estas são as quatro
qualidades com as quais o desenvolvimento da humanidade, ou seja o Governo do Céu, pavimentou seu caminho gradual, até que trouxe a humanidade a sua condição atual.

E nós já falamos sobre isto anteriormente, que caberia e nos beneficiaria tomar a lei da evolução em nossas próprias mãos e assumir o governo nós mesmos.

Desta forma, nós nos livraríamos de todos os tipos de sofrimento, que a história do desenvolvimento reservou para nós daqui em diante. Portanto, nós olharemos e averiguaremos nestas quatro qualidades para conhecer bem o que elas nos deram até este presente dia, e fazendo isto, nos informar sobre que mais ajuda nós podemos esperar obter disto no futuro.

DIFICULDADES PRÁTICAS EM DETERMINAR A VERDADE

Agora em teoria, não há melhor qualidade do que a Verdade. Isto é porque toda a Bondade que nós falamos antes, que ocorre quando cada indivíduo realiza seus deveres ao coletivo e recebe sua porção de direito, isto é nada se não a Verdade. Mas o problema é que, de fato, esta qualidade não é aceitada pelas pessoas da sociedade.

E esta dificuldade atual inerente na Verdade prova há algo errado aqui, e causará que não seja aceita pela sociedade, e nós precisamos nos perguntar qual é ela.

E se nós realmente examinarmos a qualidade da Verdade em termos de seu potencial prático, nós inevitavelmente acharemos vago e muito complicado, e é impossível para o olho humano a examinar. Afinal, a Verdade demanda que nós tratemos todos os indivíduos na sociedade como iguais, para que cada um deles receba uma porção de acordo com seu esforço, não mais e nem menos. Esta é a única base para a Verdade, e a pessoa não deve duvidar, porque é óbvio e certo que qualquer um que queira se beneficiar do trabalho de outra pessoa está indo contra a Verdade e a sabedoria.

De fato, como nós podemos imaginar e examinar esta Verdade de modo que seja aceitável a todos os membros da sociedade? Por exemplo, se considerarmos a questão de acordo com o trabalho por hora observado que um indivíduo realiza, isto é, se cada um dos membros da sociedade deve trabalhar uma quantidade igual de horas, isto ainda não revelaria a Verdade acima mencionada para nós de forma alguma.

Além disso, há uma mentira evidente aqui por duas razões: A primeira é uma questão física: Porque nem todos são naturalmente dotados com uma capacidade igual para trabalhar, nós podemos ter um membro da sociedade que, devido a sua fraqueza, fica mais cansado em uma hora de trabalho que seu colega que trabalha duas horas ou mais.

Há também uma questão psicológica aqui, porque uma pessoa muito lenta por sua natureza fica muito mais cansada em uma hora do que seu amigo fica em duas horas ou mais. Se nós considerarmos tudo isto da perspectiva da qualidade da Verdade clara, nós não devemos obrigar uma parte da sociedade a se esforçar mais do que qualquer outra parte como tentativa de satisfazer as necessidades de suas vidas.

Pois, de fato, existem membros da sociedade que são naturalmente energéticos e fortes mas que vivem e se beneficiam do trabalho dos outros e maliciosamente se aproveita deles. Isto está em oposição direta à Verdade porque tais pessoas se esforçam muito pouco comparado aos fracos e lentos na sociedade.

E além disso, se nós levarmos em conta a lei natural de “seguir a maioria”, então este tipo de Verdade, que leva em conta o número de horas de trabalho, não é duradoura porque os fracos e lentos sempre formam a vasta maioria das pessoas em uma sociedade, e eles não permitirão a minoria dos energéticos e fortes tirar proveito de seu esforço e trabalho.

E porque a base do esforço, que é onde a Verdade clara reside e onde a maioria das pessoas se relaciona, não pode ser testada e avaliada de forma alguma, segue-se que a qualidade da Verdade é, de fato, imprópria para ser o critério segundo o qual os caminhos do indivíduo e os caminhos da sociedade devem ser absolutamente dispostos, de uma forma que ele deve ser completamente satisfatório.

Também, ela é completamente insuficiente para regular a vida no fim da correção do mundo.

Além disso, há um problema ainda maior aqui do que o mencionado anteriormente, pois não há Verdade mais clara que a própria conduta da natureza.

E é natural que todo e cada indivíduo sinta a si mesmo no mundo do Criador, como único governante, e que todos os outros foram criados apenas para facilitar e melhorar a sua vida, ao ponto que ele não sinta qualquer obrigação de dar algo em troca.

Para simplificar, poderíamos dizer que a natureza de todo ser humano é de explorar as vidas de todos os outros seres viventes para seu próprio benefício. E tudo o que ela dá ao outro é apenas por necessidade. Inerente nesta necessidade de dar ao outro está, de fato, ainda outra forma de explorar o outro, embora em uma forma muito engenhosa e de forma que a outra pessoa não sinta que estará dando de bom grado.

A razão para isso é que a natureza de cada ramo está próxima à sua raiz. E, como a alma do homem se estende do Criador, que é Um e Único, e tudo é Seu, assim, também o homem, que se estende dEle, sente que todas as pessoas no mundo devem estar sob seu próprio governo e para seu próprio benefício. E esta é uma lei inquebrável. A única diferença está nas escolhas das pessoas: Uma escolhe explorar os outros para satisfazer seus desejos inferiores, e outra tenta fazer isto ao alcançar uma posição de poder, enquanto a terceira tenta fazer isto assegurando a honra.

Além do mais, se ele pudesse realizá-lo sem muito esforço, ele concordaria em explorar o mundo em todos os três aspectos – riqueza, poder e honra. Contudo, ele é forçado a escolher de acordo com as suas possibilidades e capacidades.

Esta lei pode ser chamada “a Lei da Única Individualidade” no coração do homem. E ninguém pode escapar desta lei: o grande de acordo com a sua grandeza, e o pequeno de acordo com a sua pequenez.

Então, esta Lei da Única Individualidade, que está inerente na natureza de cada pessoa, não deve ser nem condenada nem louvada, pois ela é um fenômeno natural e tem direito a existir como todos os outros aspectos da realidade. E não há esperança de a erradicar do mundo ou sequer atenuar um pouco a sua forma, assim como não há esperança de erradicar toda a espécie humana da face da terra. Desta forma, não estaríamos mentindo se disséssemos que esta lei corresponde a “verdade absoluta”.

E dado que é indubitavelmente assim, como poderíamos sequer tentar acalmar a mente de alguém ao lhe prometer igualdade com todos os membros da comunidade? Afinal, não há nada mais contrário a natureza humana que isso, dado que a única inclinação do indivíduo é atingir uma posição mais elevada que qualquer outro membro da comunidade.

Então nós demonstramos cuidadosamente de acordo com a qualidade da verdade, que não há real possibilidade de trazer condutas boas e aceitáveis à vida do indivíduo e à vida da comunidade que fossem satisfatórias, e completamente concordadas por todos os indivíduos, embora isto é o que precisa ser feito para trazer
o Gmar HaTikún (Fim da Correção).

NA AUSÊNCIA DA HABILIDADE DE ESTABELECER O ATRIBUTO DA VERDADE, ELES TENTARAM ESTABELECER OS ATRIBUTOS NOBRES

Agora voltemos aos três atributos remanescentes: Misericórdia, Justiça e Paz. Para começar, parece que eles só foram criados para serem usados como apoio para fortalecer a Verdade, que se tornou muito fraco em nosso mundo.

E saiba que esta é a fase em que a história do desenvolvimento começou sua ascensão lenta e gradual
aos níveis de ordem social da vida da sociedade.

Em teoria, todos os membros da sociedade concordaram voluntariamente e tomaram sobre si mesmos o compromisso de não se desviarem, de forma alguma, da Verdade. Mas, o que realmente aconteceu foi que todos eles agiram em direção completamente oposta de seu compromisso. E desde então, a Verdade tem caído nas
mãos dos mais mentirosos e nunca nas mãos dos fracos e dos justos, que, portanto, não poderiam ser ajudados por ela em qualquer nível.

E porque a qualidade da Verdade não pode ser estabelecida como uma forma de vida, o número de membros da sociedade que era ou fraco ou explorado cresceu.

Este é o motivo pelo qual as qualidades de Misericórdia e Justiça apareceram, para que eles pudessem agir e apoiar a ordem social. Para a sociedade como um todo existir, seus membros mais bem sucedidos têm que apoiar aqueles que ficaram para trás, para não prejudicar a sociedade em geral. Desta forma, eles os trataram
indulgentemente, isto é, com Misericórdia e Justiça.

É claro que a natureza destas condições aumentaria o número daqueles que cairiam e seriam explorados, tanto que haveria suficientes deles para protestar contra os bem sucedidos e iniciar brigas e disputas. E daí emergiu a qualidade da Paz no mundo. Assim, todas estas qualidades – Misericórdia, Justiça e Paz – emergiram e
nasceram da debilidade da Verdade.

E esta é a razão pela qual a sociedade se dividiu em numerosas facções. Algumas delas adotaram Misericórdia e Justiça, ou seja, abrirão mão de suas posses pelo bem dos outros. Outras se agarraram à qualidade da Verdade, ou seja, “O que é meu é meu e o que é seu é seu”.

Em palavras mais simples, nós podemos dividi-las em “Construtores” e “Destruidores”. Construtores estão interessados em apoiar e defender a comunidade como um todo. Como resultado eles foram muitas vezes forçados a abrir mão de suas posses pelo bem dos outros.

Mas aqueles que, por natureza, eram mais inclinados em direção a destruição e anarquia foram propensos a se apegar à qualidade da Verdade por seu próprio benefício, acreditando que “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, e nunca abdicariam nem mesmo de uma pequena parte de sua porção em prol dos outros sem levar em consideração o fato de comprometer o bem-estar do coletivo pois, por natureza, eles são Destruidores.

ESPERANÇAS PELA PAZ

Apenas após estas condições criaram os maiores conflitos na sociedade, chegando inclusive a arriscar o próprio bem-estar da sociedade como um todo, os “pacificadores” apareceram na sociedade. Eles assumiram controle e poder e
renovaram a vida social baseados em novas condições, que eles consideravam verdadeiras, que bastasse para a existência pacífica da sociedade.

Todavia, a maioria desses pacificadores, que brotaram após cada disputa, naturalmente vêm dentre os Destruidores, isto é dos buscadores da verdade, por meio de “O que é meu é meu e o que é seu é seu”. Isto acontece porque eles são os mais poderosos e corajosos na sociedade, chamados “heróis”, pois eles estão sempre dispostos a sacrificar as suas próprias vidas e as vidas de toda a sociedade, se a sociedade discordar com seus pontos de vista.

Mas os Construtores na sociedade, que são os homens da Misericórdia e Justiça, que se preocupam com suas próprias vidas e com a vida de toda a sociedade, se recusam a arriscar tanto a si mesmos quanto a sociedade de forma a impor a sua opinião sobre o coletivo. Por esta razão, eles estão sempre do lado mais fraco da sociedade, chamado “os fracos de coração” e “os covardes”.

É então óbvio que os anárquicos sempre serão mais vitoriosos, e assim, é apenas natural que os pacificadores venham dos Destruidores e não dos Construtores.

Assim nós vemos de tudo isto que qualquer esperança pela Paz, a qual o povo da nossa geração tanto anseia, é inútil, tanto da perspectiva do sujeito quanto da perspectiva do predicado.

Pois os sujeitos, que são os pacificadores da nossa geração e em qualquer outra geração, e que têm o poder em suas mãos para trazer a Paz no mundo, são sempre feitos do elemento humano conhecido como Destruidores. Isto é porque eles buscam a Verdade, ou seja, eles querem que o mundo seja estabelecido pelo princípio de “O que é meu é meu e o que é seu é seu”.

Então, é apenas natural que essas são as pessoas que pressionam agressivamente suas opiniões adiante, ao ponto de pôr em perigo tanto suas próprias vidas quanto as vidas de toda a sociedade. E isto é o que sempre os dá poder para
superar o outro tipo de elemento humano chamado, os Construtores, que buscam Misericórdia e Justiça, e que sempre estão dispostos a dar do seu próprio pelo bem dos outros, para salvar a construção do mundo; e eles são os covardes que são fracos de coração.

Em outras palavras, buscar a Verdade é o mesmo que destruir o mundo, e buscar a Misericórdia é o mesmo que construir o mundo. Portanto, a pessoa não pode esperar que os Destruidores sejam aqueles que estabelecerão a Paz.
E, da mesma forma, a Paz que todos ansiamos também é inútil do ponto do predicado, ou seja, do ponto de vista das próprias condições da Paz. Até este dia, não é possível criar as condições que são consideradas apropriadas, de acordo com o critério da Verdade, tanto para a vida do indivíduo quanto para a vida da sociedade, como desejado pelos pacificadores. E é inevitável que sempre houve, e sempre haverá, uma importante minoria na sociedade que será infeliz com estas condições, assim como dissemos anteriormente quando nós demonstramos as fraquezas da
Verdade, e esta minoria sempre permanecerá como um combustível pronto e disposto para os novos fomentadores de guerra e pacificadores que sempre seguirão ad infinitum.

O BEM-ESTAR DE UMA DEERMINADA SOCIEDADE E O BEM-ESTAR DO MUNDO INTEIRO

Não fique surpreso se eu associar o bem-estar de uma determinada sociedade com o bem-estar do mundo inteiro pois, certamente, nós já chegamos a um ponto em que o mundo inteiro é considerado como uma comunidade e uma sociedade. Ou seja, como cada pessoa no mundo suga sua seiva vital e seu sustento de todas as pessoas do mundo, ela é coagida a servir e cuidar do bem-estar do mundo inteiro.

Nós já provamos acima que a subordinação total do indivíduo à sua comunidade é como uma pequena engrenagem que é subordinada a uma máquina.

Isto é porque o indivíduo extrai toda sua vida e felicidade da comunidade e, portanto, o bem-estar da comunidade e seu próprio bem-estar são um e o mesmo, e vice-versa. Portanto, à mesma extensão que uma pessoa é subordinada a si mesma, ela precisa se tornar mais subordinada a comunidade, como nós explicamos detalhadamente anteriormente.

Além disso, nós precisamos entender que o nível da comunidade pode ser avaliado de acordo com a extensão pela qual o indivíduo extrai desta comunidade.

Pois, por exemplo, em tempos históricos, a medida de subserviência era apenas a sua própria família; ou seja, o indivíduo não precisa ajudar ninguém, exceto os membros de sua própria família. Neste caso, ele não precisava ser subordinado a ninguém exceto aos membros de sua própria família.

Tempos depois, as famílias se reuniram para formar cidades e países, e o indivíduo se tornou subordinado à sua cidade. E mais tarde, quando as cidades e países se tornaram países, o indivíduo foi apoiado por todos os membros do país com seu bem-estar e felicidade, e assim ele se tornou subordinado a todo o país.

É por isto que, em nossa geração, quando a felicidade de cada pessoa é ajudada por todos os países do mundo, é necessário que esta será a extensão a qual o indivíduo é subordinado ao mundo inteiro – como uma engrenagem em uma máquina.

Desta forma, a possibilidade de estabelecer pacificamente procedimentos bons e felizes em um país, enquanto se negligenciar a fazer isto em todos os países do mundo, é inconcebível. E vice-versa, pois em nossos dias e época, nossos países já estão ligados uma ou outro na satisfação das suas necessidades da vida, isto é similar aos tempos antigos, quando os indivíduos nas famílias dependiam uns dos outros.

Portanto, hoje em dia nós não podemos mais falar ou lidar com apenas condutas e procedimentos para assegurar o bem-estar de um país ou uma nação, mas devemos cuidar apenas com o bem-estar do mundo inteiro, pois o bem-estar ou a calamidade de cada indivíduo do mundo depende da extensão do bem-estar dos indivíduos do mundo inteiro, e é medido de acordo com isso.

E embora estas coisas tenham sido conhecidas e, na verdade, concretamente experimentadas em algum grau, o mundo ainda não assimilou adequadamente e completamente este conceito. E por quê? Porque esta é a conduta natural em que um processo se desenvolve, com ação precedendo compreensão, é por isto que apenas as ações ensinarão a humanidade e a empurrarão em frente.

NA VIDA PRÁTICA, AS QUATRO QUALIDADES SE CONTRADIZEM UMA À OUTRA

Acima de todas as dificuldades práticas mencionadas acima que nos impedem, os desamparados, em nosso caminho, nós também temos que lidar com a grande confusão e o conflito interno com relação às tendências psicológicas dentro de nós, ou seja, que aquelas próprias qualidades que nós mencionamos residem em cada um de nós, especificamente no conflito entre uma pessoa e outra.

Especificamente, isto é porque as quatro qualidades mencionadas – Misericórdia, Verdade, Justiça e Paz, que são divididas entre as naturezas dos seres humanos, sejam através da evolução ou através da educação, estas próprias
qualidades se contradizem uma à outra.

Vamos, por exemplo, examinar a qualidade da Misericórdia como algo abstrato. Vemos que o poder de seu domínio se coloca em oposição às outras qualidades. Isto é, quando a Misericórdia governa, não há mais qualquer espaço para
aparecer o restante das qualidades em nosso mundo porque a qualidade da Misericórdia é compreendida e definida como uma pessoa dizendo, “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, como nossos sábios disseram na Mishná (Avot 5).

E se o mundo inteiro se comportasse de acordo com esta qualidade, então todas as grandes recompensas e grandes respeitos com os quais o mundo matinha as qualidades da Verdade e do Julgamento seriam canceladas e desapareceriam pois quando cada um de nós estiver disposto, por sua própria vontade, a dar tudo que possui para os outros e não tomar de volta nada que pertença ao outro, então qualquer interesse e razão para mentir ao seu próximo é cancelada e desaparece.

Nem haverá mais necessidade para falar sobre Verdade, pois a Verdade e Falsidade são relativos um ao outro, e se não houvesse Falsidade neste mundo, não haveria o conceito da Verdade.

Não é necessário dizer que todas as outras qualidades apenas surgiram como resultado da fraqueza da Verdade para que eles pudessem fortalece-la, como explicado anteriormente. E com relação à Verdade, que é definida ao dizer “O que é meu é meu e o que é seu é seu”, está em oposição à qualidade da Misericórdia e não pode tolerá-la, pois desde o ponto de vista da Verdade, é completamente injusto que uma pessoa deva trabalhar e labutar pelo bem do outro. Não apenas a pessoa faz o seu amigo falhar, deixando-o acostumado em explorar os outros, mas a Verdade também ensina que cada pessoa deve poupar alguns bens para um dia chuvoso, para que ela não tenha que ser um fardo e viver sobre o esforço dos outros.

E acima disto, todo mundo tem parentes que são herdeiros de seus bens. De acordo com a Verdade, estes parentes tem uma maior prioridade do que os outros, pois é isto o que a natureza compele. Portanto, quem quer que dê todos os seus bens para os outros está, de fato, enganando seus parentes e herdeiros, de forma que não
lhes deixa nada de herança.

Semelhantemente, a Paz está em oposição à Justiça pois para criar a Paz na sociedade, as condições presentes devem permanecer como são para garantir que os ágeis e espertos se tornem ricos, enquanto que os negligentes e ingênuos
permaneçam pobres. Isto significa que um indivíduo mais dinâmico acaba tomando sua própria porção assim como a porção de seus próximos negligentes. E ele vive uma vida de grande luxúria, tanto que nada permanece para o negligente e ingênuo, ao ponto de não serem capazes de cobrir suas necessidades mais básicas. Portanto, eles permanecem nus, sem quaisquer bens, mas com muitos coletores de dívidas.

É certamente injusto infligir extrema punição aos negligentes e ingênuos, que são inocentes, pois qual é o seu pecado e qual é o crime dessas pessoas desventuradas, se a Providência não deu aos miseráveis energia e perspicácia?

Devemos puni-los por isto com um sofrimento tão extremo, que é ainda mais duro que a morte? Isto significa que não há Justiça qualquer nas condições definidas pela Paz. Então a Paz está em oposição à Justiça. E da mesma forma, a Justiça está em oposição à Paz, porque se nós organizarmos a distribuição da riqueza de acordo com a Justiça, ou seja, dar àqueles que são negligentes e ingênuos uma porção importante que se destina aos energéticos e espertos, certamente estas pessoas de poder e iniciativa não descansarão ou terão paz até que derrubem tal administração que escraviza os membros grandes e energéticos, e os explora em favor dos fracos. Desta forma, não há esperança para a Paz pública. Assim, a Justiça está em oposição à Paz.

O ATRIBUTO DA SINGULARIDADE NO EGOÍSMO AFETA RUÍNA E DESTRUIÇÃO

Assim nós vemos como estas qualidades dentro de nós colidem e lutam umas com as outras, não apenas entre uma facção da sociedade e outra, mas dentro de cada indivíduo também. Pois estas quatro qualidades dominam todos de uma vez ou um de cada vez, e lutam dentro dele ao ponto que não há como a pessoa classifica-los com a ajuda do senso comum e organizá-los e traze-los a um consentimento absoluto.

Pelo contrário, um obstrui ao outro. A verdade é que a raiz para toda esta grande confusão que prevalece em nós
é nada além da Individualidade Única que nós mencionamos anteriormente, que está presente em cada um de nós, a um nível maior ou menor. Nós explicamos seu propósito belo, exaltado e magnífico, na medida que esta qualidade se estende a nós diretamente do Criador, que é Um e o Único no universo e a Raiz de todas as criaturas. Porém, porque ela envolveu nosso egoísmo estreito, sua ação afeta destruição e devastação. Tanto que, ela se tornou a fonte para toda a destruição que foi infligida e será infligida neste mundo.

E saiba que nenhum ser humano no mundo está livre dela. Todas as discordâncias são apenas nas maneiras pelas quais ela é utilizada, seja pelos desejos do coração, por poder, por honra, estas são as maneiras em que as pessoas diferem uma da outra. Mas o aspecto comum que todas as pessoas do mundo compartilham é que cada um de nós está pronto para explorar todas as outras pessoas no mundo por seu próprio benefício pessoal, usando todos os meios em sua disposição, sem levar em conta que fazendo isto, estará se beneficiando na base da destruição do
outro.

O tipo de justificação que cada pessoa dá a si mesma, de acordo com seus interesses e ponto de vista, não importa nada aqui. O Desejo de Receber é a raiz da mente, a mente não é a raiz do desejo. E falando francamente, pode ser dito que quanto maior e mais notável uma pessoa é, maior e mais notável é a sua Individualidade Única.

USANDO A NATUREZA DA SINGULARIDADE COMO OBJETO DE EVOLUÇÃO NO COLETIVO E NO INDIVÍDUO

Agora iremos penetrar no entendimento das condições adequadas que finalmente serão aceitas pela humanidade quando a era da paz mundial aparecer em prol de determinar a que medida estas condições são adequadas para trazer uma vida de felicidade tanto para o indivíduo quanto para a sociedade, e para examinar a medida em que a humanidade como um todo está preparada para finalmente tomar estas condições sublimes.

Voltemos à questão da Individualidade Única no coração de cada pessoa, que está pronta para engolir o mundo inteiro para seu próprio prazer. Nós devemos considerar a questão previamente mencionada sobre a importância e glória da raiz como uma extensão direta do Um e Único do universo aos humanos, que são Seus ramos, como mencionado anteriormente. Esta questão é válida e requer uma resposta: Como é que ela se manifesta dentro de nós de uma forma tão distorcida, se tornando a causa e progenitora de todos os destruidores e arruinadores do mundo? Como pode a fonte de toda a construção trazer, diretamente, a fonte de toda destruição? Tais questões não podem ser deixadas de lado sem uma resposta.

De fato, existem dois lados da moeda para esta Individualidade Única. Se examinarmos ela do ponto de vista de um lado, o lado exaltado, que significa do aspecto de sua afinidade com o Um e Único deste universo, ela opera apenas através do modo de “compartilhar com os outros”. Afinal, o Criador está lá totalmente pelo bem de doar. Ele não tem qualquer traço de receber nEle, pois Ele não carece nada e não precisa receber nada de Suas criaturas – Seus próprios seres criados. Portanto, esta Individualidade Única que é estendida para nós dEle deve, necessariamente,
operar também na forma de “compartilhar com os outros” ao invés de “receber para si mesmo”.

Mas olhando para o outro lado da mesma moeda, do segundo aspecto, inferior, ou seja, do ponto de vista da conduta que ela opera dentro de nós na prática, encontramos que ela se comporta em uma direção completamente oposta
porque ela opera apenas na forma de “receber para si mesma”, por exemplo, como uma ambição de ser a única pessoa mais rica do mundo inteiro, ou a única pessoa mais honrada do mundo inteiro etc. No fim, portanto, estes dois aspectos formam dois extremos que são tão distantes um do outro quanto possível, assim como o Leste é do Oeste.

Aqui nós encontramos a resposta para a questão que fizemos anteriormente: “Como é que a mesma Individualidade Única, que deriva e vem a nós do Um e Único do universo, Que é a Fonte de toda construção, nos serve como a fonte de toda a destruição?” Tudo isto tinha que acontecer a nós porque nós estamos usando este vaso precioso em uma direção oposta, como nós explicamos. Eu não estou dizendo que a Individualidade Única dentro de nós absolutamente nunca age na forma de “compartilhar com os outros”, refletindo o lado A, que nós discutimos
anteriormente. Nós não podemos negar que existem pessoas dentro nós em quem a Individualidade Única opera em prol de compartilhar com os outros, tais como aqueles que gastam excessivamente de sua própria riqueza pelo benefício da sociedade com notável excelência, ultrapassando qualquer outro no mundo, e também aqueles que gastam toda sua energia pelo bem da sociedade etc.

Mas estes dois lados da moeda, que eu descrevi, falam apenas dos dois pontos na evolução da Criação, que leva tudo à sua perfeição. Ela começa da ausência, e lentamente e gradualmente sobe a escada da evolução, de um nível inferior a um nível superior, e para um nível ainda mais elevado, até que atinja a meta na altura de sua escalada, que é o nível predeterminado de perfeição, onde ele repousa, permanecendo naquele estado pela eternidade.

Nesta sequência de desenvolvimento, existem dois pontos: A) o ponto de partida, que é o estado mais inferior e está muito próximo do completo vazio, que é o ponto descrito como o segundo lado da moeda, e B) o zênite da evolução, onde ele repousará e permanecerá pela eternidade, e que foi anteriormente descrito como o primeiro lado da moeda.

Certamente, este período em que nos encontramos, já está bem desenvolvido, tendo passado por muitos níveis. Ele ascendeu do estágio mais inferior, que é o acima mencionado lado B, e consideravelmente se aproximou do lado A. É por isto que existem aqueles dentre nós que usam a Individualidade Única dentro deles no modo de “compartilhar com os outros”. Mas porque nós ainda estamos no meio do caminho do processo de evolução, estas pessoas ainda são raras.

E quando nós finalmente atingirmos o zênite, o nível final mais alto, então todos nós usaremos nossa Individualidade Única unicamente no modo “compartilhar com os outros”. E nunca haverá qualquer caso de uma pessoa que a utilize no modo “receber para si mesmo”, ou seja, como o lado B da moeda.

Baseado nestes pensamentos, agora nós temos a possiblidade de olhar ao estilo de vida da última geração, que é o tempo quando a paz no mundo prevalecerá.

Em outras palavras, este é o tempo quando a humanidade como um todo atingirá o cume da evolução, ou o lado A da moeda. Este será o tempo quando a Individualidade Única será usada apenas no modo “compartilhar com os outros” e não, de forma alguma, no modo “receber para si mesmo”. E é bom copiar aqui seu modo de vida, tanto a vida do indivíduo quanto a vida da sociedade, de forma que nos ensine lições valiosas, e para que isto seja incorporado mesmo no dilúvio de ondas das nossas vidas. Talvez seja possível e valha a pena fazer um experimento e adotar este modo de vida mesmo em nossa presente geração.

A CONDIÇÃO DA VIDA NA ÚLTIMA GERAÇÃO

Para começar, seria apropriado começar com a coisa mais sublime que, muito provavelmente, é a fundação pela qual toda a estrutura da sociedade é baseada e pela qual ela é apoiada. Eles investiram um grande e imenso esforço para criar para si mesmos uma clássica caixa do tesouro literário de livros de sabedoria, editados com grande habilidade dialética. O propósito é cultivar uma única opinião mundial com relação a “compartilhar com os outros” e trazer a manifestação tal visão.

Eles capturam os corações de tantos que todas as pessoas, dos pequenos aos grandes, estão completamente imersas neles com grande deleite. Suas casas de justiça estão completamente ocupadas com dar “títulos de distinção” para as pessoas, que realmente demonstram uma obtenção de um certo nível de “compartilhar com os outros”. Não há ninguém que não carregue na manga um título de distinção de um nível ou outro. A opinião pública considera estes portadores de títulos em alta consideração e honra.

Grande competição foi envolvida entre as pessoas ao redor da esfera de atividade de “compartilhar com os outros”, ao ponto que elas algumas vezes se levaram a grandes perigos. Uma pessoa que falhou com relação a algum aspecto e
agiu por seu próprio benefício, pode experimentar como sua posição social desaparece no fluxo da vida social assim como as nuvens desaparecem no vento devido à profunda aversão que todos os níveis da sociedade sentem com relação a ela.

Se nós não levarmos em consideração a perda de títulos de distinção devido à culpa, as leis da justiça de suas cortes não incluem qualquer forma de punição, e além disso, cada réu sai da casa da justiça com algum lucro. Por exemplo, se a acusação diz respeito a negligência no trabalho, o veredito é normalmente adicionar às rações de seu sustento para que ele fique mais saudável ou reduzir as horas de seu trabalho. Apenas raramente aconteceria que o réu seria enviado a uma instituição de educação especial para melhorar sua consciência.

Cada pessoa cumpre seu papel no serviço do público com total perfeição e sem qualquer supervisão porque a opinião pública coloca pressão em cada um tanto abertamente quanto ocultamente, ao ponto que a pessoa sente, em seus ossos, a severidade do crime de mesmo uma pequena traição à confiança pública da mesma forma que nossas pessoas sentem o crime de matar outra pessoa.

A diferença em status na sociedade entre aqueles que são negligentes e aqueles que são energéticos é óbvia e aparente: O status daqueles que são negligentes é muito menor porque a Providência Suprema tomou toda a honra deles. Cada grupo, ou seja, um certo número de pessoas com meios suficientes para cobrir todas as suas necessidades e torná-los independentes dos outros, tem sua própria administração com a atribuição de um certo número de horas de trabalho de acordo com as condições de sua localização. Isto é feito de forma que haverá suficiente para prover por todas as suas necessidades. A atribuição é preenchida pelos membros através do trabalho obrigatório de horas de trabalho e horas de trabalho voluntário.

Existem quatro tipos de trabalhos obrigatórios, e cada pessoa, em completa confiabilidade e em seu próprio acordo, deve assinar para si mesmo, de acordo com sua capacidade. O primeiro tipo se trata com os fracos da comunidade, que estão comprometidos a uma hora de trabalho por dia. O segundo tipo se trata aos saudáveis que se comprometem com duas horas de trabalho. O terceiro tipo se trata aos fortes que se comprometem com quatro horas, e o quarto tipo se trata com os mais energéticos que se comprometem com oito horas por dia. Estas são as horas de trabalho obrigatórias.

Além disso, existem membros de todos os quatro tipos que tomam horas de trabalho voluntário por sua forte vontade de “compartilhar com os outros”. Os proventos do trabalho voluntário criam uma base de riqueza para a comunidade, e esta riqueza está lá para apoiar as comunidades em todos os países que estão ficando
para trás.

Eu imagino que agora não há muita necessidade de seguir em frente por muito tempo sobre o estilo de vida da geração futura porque mesmo as coisas que eu já disse estimularão o interesse de qualquer pessoa inteligente para contemplar e ver quão bem adaptada e qualificada é para esta nossa geração. E eu também tentarei elaborar sobre isto porque eu acredito que há uma possibilidade em incorporar no futuro próximo estas condutas de vida mesmo na forma que nós vivemos hoje, isto só depende da nossa compreensão.

Primeiramente, todos devem entender bem e explicar em sua vizinhança que a paz da sociedade, isto é, a paz do país e a paz do mundo, são completamente interdependentes, porque enquanto as leis da sociedade não satisfazem as
necessidades de cada indivíduo no país mas deixa alguma minoria não satisfeita pela forma que a sociedade é governada, esta minoria deve fazer um esquema contra o governo e tentar derrubá-lo.

E se eles não forem poderosos o suficiente para lutar face a face com o governo de dentro, então eles devem tentar derrubar indiretamente. A forma mais fácil de realizar isto é incitar um governo contra o outro e fazê-los lugar um contra o outro porque é natural que em nossos tempos de guerra, seu poder será aumentado pela adição de muitas pessoas descontentes de dentro do país. Desta forma, eles esperam ganharam uma maioria decisiva e derrubar o governo de seu país e erguer um governo que é mais adequado para eles. Isto torna claro que a paz de um país
individual é uma causa direta para a paz no mundo.

Além disso, se você levar em consideração a seção da população do país que são especialistas em guerra e dos quais o conflito é sua esperança por sucesso, por exemplo, especialistas em guerra e indústrias de armas, que formam uma minoria muito importante no país assim como a qualidade da sociedade, e se você adicionálos a minoria que não está contente com as regras que governam o país, então você pode ver que a qualquer tempo dado, a maioria das pessoas do país estão buscando por guerras e derramamentos de sangue. Esta é uma demonstração muito prática que a paz no mundo e a paz de um país são interligadas e interdependentes.

E se este é o caso, segue-se necessariamente que mesmo aqueles da população do país que estão satisfeitos com as leis presentes, ou seja, os energéticos e os espertos, ainda estão muito preocupados com a segurança de suas vidas devido à ausência da paz no mundo. E que tipo de satisfação poderia alguém encontrar quando sabe que a maioria das pessoas em seu país está fazendo um esquema contra sua vida? Se todos entenderem isto, eles provavelmente ficarão felizes em aceitar completamente o estilo de vida mencionado acima da última geração porque todos irão alegremente dar tudo que eles possuem para proteger suas vidas.

DOR VS. PRAZER NA AUTORRECEPÇÃO.

Então, quando nós examinamos e cuidadosamente percebemos o plano acima da última geração, veremos que toda a dificuldade e dureza reside em mudar a nossa natureza de um Desejo de Receber para Nós Mesmos, para um Desejo de Compartilhar com os Outros, dado que essas duas coisas aparentemente se negam uma à outra. À primeira vista, o plano pode parecer como uma fantasia geral, algo que está além da natureza humana, pelo menos na medida em que a maioria da humanidade é considerada. De fato, quando olhamos profundamente nisto, nós encontramos que a contradição entre “receber para si mesmo” e “compartilhar com os outros” não está apenas no aspecto psicológico.

Na realidade, não há uma única pessoa no mundo que receba por si mesma, mas, pelo contrário, todos nós compartilhamos com os outros sem derivar qualquer recompensa por nosso próprio benefício. Isto é porque embora o Receber para Si Mesmo tenha sido descrevido como tendo elementos diferentes, de bens, propriedades e várias luxúrias que agradam o coração, os olhos, o palato etc., quando de fato, todos estes são definidos por um termo: prazer. Segue-se que, toda a essência de Receber para Si Mesmo que a pessoa deseja, é nada além de seu próprio desejo por prazer.

Agora, imagine que pudéssemos reunir todos os tipos diferentes de prazer que nós obtemos durante nossos setenta anos de vida e colocássemos de um lado, e todo o sofrimento e problemas que sofremos durante estes setenta anos do outro lado, pesando-os um contra o outro, e apresentando-os a pessoa imediatamente antes de nascer. Qualquer pessoa inteligente juraria que ninguém escolheria nascer por sua própria vontade porque não há nenhuma pessoa neste mundo cujos problemas não sejam setenta e sete vezes mais que seu prazer ao longo de sua vida. E se este é o
caso, o que a pessoa obtém ao viver neste mundo?

Faça um simples cálculo matemático: suponha que uma pessoa tenha vinte por cento de prazer e oitenta por cento de problema em sua vida. Se você subtrair vinte de oitenta, você verá que os sessenta por cento do sofrimento é sem qualquer recompensa. Daqui, você pode medir a atual recepção, que está atualmente disponível para aquela pessoa. De fato, aqueles sessenta por cento de sofrimento que permaneceram sem qualquer retorno são considerados um déficit apenas àquela pessoa, porém, se nós fizermos um cálculo mundial geral, aqui pela primeira vez uma
pessoa produz mais do que recebe por sua própria existência e prazer. Então, se a direção mudasse de Receber para Si Mesmo para Compartilhar com os Outros, o indivíduo iria desfrutar de todo o produto que ele produz sem muita dor.

UM DISCURSO PELA CONCLUSÃO DO ZOHAR

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Entregue em uma refeição de celebração especial pela conclusão da publicação do Zohar com o Comentário Sulam

Nós sabemos que o desejado propósito do trabalho em Torá e Mitzvot é aderir-se ao Criador, como está escrito: “e aderir-se a Ele” (Deuteronômio 11:22). Como nós podemos, e precisamos entender o significado da Dvekút (adesão) com o Criador, se, afinal, a mente não pode concebê-lO? De fato, os sábios me precederam no argumento que eles colocaram sobre o verso “e aderir-se a Ele”, fazendo a pergunta: como é possível se aderir ao Criador se Ele é “um fogo consumidor”?

E eles responderam, “A pessoa deve aderir-se às Suas qualidades, assim como Ele é misericordioso, sê tu misericordioso, assim como ele é compassivo, sê tu compassivo etc.” (Rashi em Deuteronômio 11:22). No entanto, é difícil ver como os sábios entenderam isto do significado literal do verso, pois ele declara claramente, “e aderir-se a Ele”. E se isto de fato significa “aderir-se às Suas qualidades”, o verso deveria dizer, “e aderir-se às Suas condutas”, então por que ele diz, “e aderir-se a Ele”?

A explicação é que na realidade física que envolve espaço, nós entendemos Dvekút como estar fisicamente próximo, enquanto que a separação significa estar fisicamente distante. Contudo, no nível espiritual, onde não há a questão do espaço físico, Dvekút e separação não podem ser entendidos como próximo ou distante, pelo contrário, nós entendemos Dvekút como a Similaridade de Forma entre duas entidades espirituais, e separação como a Diferença de Forma entre duas entidades espirituais.

E assim como um machado corta e divide um objeto material em dois, ao separar e distanciar as duas partes um do outro, a Diferença de Forma divide o espiritual em dois. E se a Diferença de Forma é pequena, nós dizemos que a distância entre as partes é pequena, e se a Diferença de Forma é grande, nós dizemos que as partes estão muito distantes uma da outra, e se as formas são opostas, nós dizemos que a distância entre elas é absoluta.

Por exemplo, quando duas pessoas odeiam uma à outra, nós dizemos que elas estão tão distantes uma da outra como o Leste do Oeste. E se elas amam uma à outra, nós dizemos que elas se fundem e se unem uma à outra como um corpo.

E isto não se refere à sua distância física, mas pelo contrário à sua Similaridade de Forma ou Diferença de Forma. Porque quando duas pessoas amam uma à outra, é porque elas têm Similaridade de Forma. Quando uma pessoa ama
tudo que seu amigo ama e odeia tudo que seu amigo odeia, isto as torna aderidas e conectadas uma à outra e amam uma à outra.

Mas se há alguma Diferença de Forma entre elas, isto é, se uma ama algo embora seu amigo odeie, o nível desta diferença as faz odiar uma à outra e as separa e distancia uma da outra. E se elas são opostas, em que tudo que uma ama a outra odeia, nós dizemos que elas são tão distantes como o Leste do Oeste.

Nós vemos que a Diferença de Forma no nível espiritual age como um machado que separa o nível físico. E assim, o nível da distância e separação entre elas é proporcional ao nível da Diferença de Forma entre elas. E o nível da Dvekút é proporcional ao nível de Similaridade de Forma entre elas.

Disto, nós podemos entender quão certas as palavras dos sábios são ao dizer que aderir ao Criador significa “aderir-se às Suas qualidades, assim como Ele é misericordioso, sê tu misericordioso, assim como ele é compassivo, sê tu
compassivo”. De fato, eles não tiraram a citação do contexto de seu significado literal, pelo contrário, este é o significado literal da citação, pois a Dvekút espiritual não pode ser descrita exceto em termos da Similaridade de Forma. E assim, ao assumir uma forma similar à do Criador, nós nos aderimos a Ele.

E isto é o que eles queriam dizer por: “assim como Ele é misericordioso” etc., ou seja, assim como todas as ações do Criador são para beneficiar os outros sem beneficiar a Si Mesmo de forma alguma. Assim como o Criador não tem faltas ou atalhos, ou que precisem ser aperfeiçoadas e completadas, e Ele não tem de quem receber, todas as suas ações devem beneficiar os outros, e assim você tornará sua forma similar à forma das qualidades do Criador, e isto é Dvekút espiritual.

Esta Similaridade de Forma possui um discernimento de “mente” e um discernimento de “coração”, e nos aplicarmos à Torá e Mitzvot para dar prazer ao Criador significa tornar nossa forma similar em termos de mente. Porque assim
como o Criador não pensa em Si Mesmo, se Ele está presente ou se Ele está supervisionando Suas criações, e assim por diante, assim aquele que deseja tornar sua forma similar à do Criador não deve pensar nestas coisas, pois é claro que o Criador não pensa nelas, pois não há maior diferença que esta. E assim, qualquer um que deseje estas coisas está certamente em um estado de separação do Criador e nunca atingirá Similaridade de Forma com Ele.

E isto é o que nossos sábios disseram, “Que todas as tuas ações sejam pelo bem dos Ceús”, ou seja, Dvekút aos Céus, que a pessoa não deve fazer nada que não a leve mais próxima da meta da Dvekút com o Criador. Isto é, todas as suas ações devem ser para compartilhar e beneficiar os outros, e isto fará sua forma similar à dos Céus, e assim como todas as ações do Criador são para compartilhar e beneficiar os outros, assim as suas ações devem ser para compartilhar e beneficiar os outros, e esta é a completa Dvekút.

E a pessoa poderia fazer a questão, “Como é possível que uma pessoa faça todas as suas ações pelo benefício dos outros, visto que ela precisa trabalhar por seu próprio sustento e o sustento de sua família?” A resposta é que todas as ações que a pessoa faz por necessidade, tais como receber o mínimo que precisa para sobreviver, não é nem condenado nem louvado, e não é considerado como se estivesse fazendo isto para seu próprio benefício.

E qualquer um que entenda a profundidade destas coisas completamente certamente ficará surpreendido em como é possível que uma pessoa chegue ao ponto de completa Similaridade de Forma, onde todas as suas ações são destinadas a beneficiar os outros, quando toda a existência do ser humano é receber somente para si mesmo. E a natureza inerente do ser humano não lhe permite fazer nem mesmo a mínima coisa enquanto beneficia os outros a menos que espere que eventualmente receberá algo valioso em troca. E se ele tiver qualquer dúvida de que receberá algo em troca, não fará a ação. Então como é possível que todas as suas ações sejam apenas pelo benefício dos outros, e nada para si mesmo?

Certamente, eu admito que esta é uma questão muito difícil, pois ninguém tem a força para mudar sua natureza inerente, que é receber somente para si mesmo, sem mencionar mudar sua natureza absolutamente, ou seja, não fazer nada para seu próprio benefício mas apenas pelo benefício dos outros.

Mas é por isto que o Criador nos deu a Torá e as Mitzvot, as quais fomos ordenados a fazer apenas em prol de dar prazer ao Criador. E sem nos aplicarmos à Torá e Mitzvot Lishmá (em Nome Dela), isto é, para dar prazer ao Criador, sem beneficiar a si mesmo, não há artifício e nada no mundo que possa nos ajudar a mudar nossa natureza inerente.

Disto, nós podemos compreender o imperativo de nos aplicarmos à Torá e Mitzvot Lishmá. Pois se nós nos aplicarmos à Torá e Mitzvot, não pelo benefício do Criador, mas pelo nosso próprio bem, não apenas nós não mudaremos nossa natureza inerente que é receber para nós mesmos, mas ao contrário, nosso Desejo de Receber Somente para Si Mesmo ficará ainda mais forte do que é naturalmente, como eu expliquei na Introdução ao Comentário Sulam no Volume 1 do Zohar (veja Itens 30 e 31, e este não é o lugar para expandir nisto).

Quais são as qualidades da pessoa que atingiu a Dvekút com o Criador? Elas não são descritas em detalhes em qualquer lugar exceto em insinuações sutis. Mas para clarificar isto em meu artigo, eu sou forçado a revelar um pouco “pois há uma necessidade por isto” e eu explicarei isto por meio da analogia.

O corpo e seus órgãos são um, o corpo como um todo troca pensamentos e sentimentos com cada um de seus órgãos individuais. Por exemplo, se o corpo como um todo pensa que um de seus órgãos o servirá e lhe trará prazer, aquele órgão irá saber imediatamente esse pensamento e providenciará o prazer que estava sendo pensado. E se um órgão pensa e se sente desconfortável com onde está, o corpo como um todo sabe e imediatamente o movo para outro lugar onde ele fique confortável.

Contudo, caso um órgão seja cortado do corpo, eles irão tornar-se duas entidades separadas; o resto do corpo não mais saberá as necessidades do órgão separado, e o órgão não saberá os pensamentos do corpo, para o beneficiar e
servir. Mas se um médico vier e reconectar o órgão ao corpo como antes, o órgão, uma vez mais, saberá os pensamentos e necessidades do resto do corpo, e o resto do corpo, uma vez mais, saberá as necessidades do órgão.

Através desta analogia, nós podemos entender a distinção de uma pessoa que mereceu a Dvekút com o Criador, porque eu já provei isto em minha Introdução ao Zohar, Volume 1, Item 9 (assim como no “Livreto para a Idra Zuta” que eu publiquei especialmente para Lag BaOmer), que a alma é uma iluminação que deriva e se estende da essência do Criador, e esta iluminação foi separada do Criador por Ele vestindo-a com o Desejo de Receber. O Pensamento da Criação de satisfazer Suas criações, criou em cada alma o Desejo de Receber prazer, e esta forma do Desejo de
receber separou esta iluminação da essência do Criador e lhe fez uma entidade separada. Veja isto no original, pois este não é o lugar para entrar nisto.

Disto, aprendemos que cada alma estava, antes da Criação, incluída na essência do Criador, mas através do processo da Criação, ou seja, juntamente com a natureza do Desejo de Receber preenchimento que foi instilado nela, ela adquiriu Diferença de Forma e foi separada do Criador, cuja única intenção é compartilhar, pois a Diferença de Forma causa separação espiritual assim como um machado causa separação física, como explicado acima.

Assim, encontramos que a alma é assim como o órgão na analogia que é separado do corpo e dele, e embora originalmente o órgão estivesse separado eles se tornaram duas entidades separadas e um não podia mais conhecer os pensamentos e necessidades do outro. É ainda mais assim na alma, uma vez que ela foi vestida no corpo deste mundo, todas as conexões que ela uma vez tinha antes de ser separada do Criador terminaram, e eles se tornam como duas entidades separadas.

Disto, a distinção de uma pessoa que mereceu a Dvekút com o Criador se torna óbvia, ou seja, que ela merece tornar sua forma similar à do Criador, através do poder da Torá e Mitzvot, ela mudou sua natureza inerente de receber, que a separa do Criador em um desejo de beneficiar os outros e direcionar todas as suas ações pelo benefício dos outros tornando sua forma similar à do seu Criador. Nós vemos que isto é assim como um órgão que foi separado do corpo e então é religado ao corpo, e uma vez mais, conhece os pensamentos do corpo como um todo, assim
como antes de ter sido separado do corpo.

O mesmo é verdade para a alma, uma vez que ela atinge a Similaridade de Forma com o Criador, ela novamente conhece Seus pensamentos assim como antes de ter sido separada dEle através da Diferença de Forma do Desejo de Receber, e ela então manifesta o verso “Conheça o Deus de teus pais” (1 Crônicas, 28:9). Pois então a alma merece o completo conhecimento, que é o conhecimento Divino, e ela merece receber todos os segredos da Torá, visto que os pensamentos do Criador são os segredos da Torá.

E isto é o que o Rabi Meir queria dizer por: “Todo aquele que estuda Torá Lishmá merece muitas coisas, e merece os segredos e sabores da Torá, e se torna como uma fonte que sempre flui etc.” (Pirkei Avot – Ética dos Pais, Capítulo 6, Mishná 1).

Ou seja, como dissemos, ao se aplicar com a Torá Lishmá, que significa direcionar suas ações para dar prazer ao seu Criador aplicando-se à Torá Lishmá sem benefício pessoal, é garantido que atinja a Dvekút com o Criador. Isto significa atingir Similaridade de Forma, enquanto que todas as suas ações são direcionadas pelo benefício dos outros e não para seu próprio benefício, assim como o Criador, cujas todas as ações são pelo benefício dos outros, e fazendo isto, a pessoa uma vez mais atinge a Dvekút com o Criador, como a alma estava antes de ser criada.

E assim, a pessoa “merece muitas coisas e merece os segredos e sabores da Torá, e devido ter se reconectado com o Criador ela conhece novamente o Pensamento da Criação, assim como um membro que foi cortado do corpo e foi
reconectado. Os Pensamentos do Criador são chamados “segredos e sabores da Torá” e é por isto que quando a pessoa está estudando a Torá Lishmá ela merece a revelação dos segredos e sabores da Torá e se torna como uma fonte que sempre flui” através da remoção das paredes que separaram ela do Criador, e ela uma vez mais se
torna um com o Criador, como era antes de ser criada.

E certamente toda a Torá, revelada e oculta, são os Pensamentos do Criador, sem qualquer distinção. Isto é como um homem se afogando no rio cujo amigo lhe atira uma corda para salvá-lo, e se o homem se afogando agarrar o fim da corda próxima a ele, seu amigo pode puxá-lo do rio e resgatá-lo. Não apenas isto, mas mesmo se um pensamento inadequado acompanhe o cumprimento de uma Mitzvá, ele ainda é aceito pelo Criador, como está escrito: “Uma pessoa deve sempre se aplicar à Torá e Mitzvot, mesmo Lo Lishmá, pois de Lo Lishmá chegará a Lishmá”
(Pesachim, pg. 50b).

E assim a Torá e Mitzvot são como o fim da corda, que ninguém no mundo é incapaz de se agarrar. E se a pessoa se agarrar firmemente, isto é, se merecer cumprir a Torá e Mitzvot Lishmá, dando portanto prazer ao seu Criador, e não fazendo por seu próprio benefício, então a Torá e Mitzvot lhe trazem à Similaridade de Forma com o Criador, que é o segredo de “e aderir-se a Ele” como mencionado acima, ela merece o entendimento de todos os pensamentos do Criador, que são chamados os “segredos da Torá” e os “sabores da Torá”, que são o resto da corda, que a pessoa
não merece até atingir completa Dvekút, como mencionado acima.

E a razão que nós comparamos os pensamentos do Criador, que são os segredos da Torá e os sabores da Torá, a uma corda, é que existem muitos níveis na Similaridade de Forma ao Criador, e portanto, existem muitos níveis para a corda, isto é, a compreensão dos segredos da Torá, pois o nível de Similaridade de Forma com o Criador é proporcional ao nível de compreensão dos segredos da Torá, que são os pensamentos do Criador.

E em geral existem cinco níveis: Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá, Yechidá. E cada um dos cinco níveis contém todos os cinco níveis, então juntos existem pelo menos cento e vinte e cinco níveis.

E estes também são chamados “mundos”, como os sábios disseram, “No futuro Deus dará a cada justo 310 mundos” (Yalkut Shimoni, Salmos Capítulo 68). E a razão pela qual os níveis de compreensão do Criador são chamados mundos é que a palavra Mundo (heb.: Olam, lit.: ocultação) tem dois significados:

  1. Todas as pessoas que pertencem a cada “mundo” recebem a mesma capacidade sensorial, e tudo o que uma pessoa do “mundo” vê, ouve e sente, todos os outros daquele “mundo” veem, ouvem e sentem.
  2. Todos os que pertencem a este mundo oculto não podem saber ou compreender qualquer coisa de outro mundo.

E assim, nós também encontramos dois níveis de compreensão:

  1. Qualquer um que atinja um nível dado sabe e compreende tudo o que todas as outras pessoas atingiram naquele mesmo nível ao longo de todas as gerações passadas e futuras souberam e compreenderam, então elas tem uma compreensão comum pois elas são do mesmo mundo.
  2. Qualquer um que atinja um dado nível não pode saber ou compreender qualquer coisa de outro nível, por exemplo, as pessoas deste mundo não podem saber nada do Mundo da Verdade. É por isto que os níveis são chamados “mundos” (Olamot, ocultações).

Logo, os que atingiram compreensão espiritual podem escrever livros e entregar suas compreensões em dicas e analogias, que podem ser percebidas por qualquer um que tenha atingido os mesmos níveis espirituais que os livros falam e eles têm compreensão mútua. Mas qualquer um que não tenha atingido completamente o nível que os autores não pode entender suas dicas, sem mencionar àqueles que não atingiram qualquer nível espiritual de compreensão, que não entenderão nada sobre elas, pois eles não possuem estes níveis comuns de compreensão.

E nós já declaramos que a completa Dvekút e a completa compreensão é dividida em 125 níveis inclusivos, e devido a isto, antes da vinda do Messias é impossível atingir todos os 125 níveis. E existem duas diferenças entre a geração do
Messias e todas as outras gerações:

  1. Apenas na geração do Messias todos os 125 níveis podem ser atingidos.
  2. Em todas as gerações, aqueles que atingiram a compreensão e Dvekút foram poucos, como os sábios disseram sobre o verso: “Encontrei um homem em mil, mil entram em uma sala (de estudo) …e um sai para ensinar” (Vayikra Raba 2:1), ou seja, a pessoa atinge Dvekút e compreensão. Mas na geração do Messias, qualquer um poderá merecer a Dvekút e compreensão como está escrito: “E a Terra estará cheia do conhecimento do Senhor…” (Isaías 11:9), “e cada homem não ensinará mais o seu próximo e seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor’, pois todos eles Me conhecerão, do menor ao maior deles”.

Apenas Rashbi (Rabi Shimon bar Yochai) e sua geração, os autores do Zohar, atingiram todos os 125 níveis completamente, embora eles estivessem vivos antes dos dias do Messias. É dito de Rabi Shimon e seus estudantes, “um sábio é preferível a um profeta” (Yalkut Shimoni, Salmos, Capítulo 19). E portanto, nós encontramos escrito muitas vezes no Zohar que não haverá geração como a de Rashbi até as gerações do Rei Messias. É por isto que sua grande composição fez uma impressão tão grande no mundo. Os segredos da Torá escritos nele englobam todos os 125 níveis.

E portanto, é dito no Zohar que O Livro do Zohar será revelado apenas no Fim dos Dias, os dias do Messias. Como nós dissemos, se os níveis dos leitores não atingiram os níveis completos do autor, eles não entenderão suas insinuações, pois eles não possuem um nível comum de compreensão, e visto que o nível dos autores do Zohar englobava todos os 125 níveis, eles não podem ser compreendidos até os dias do Messias.

Assim, encontramos que as gerações precedentes aos dias do Messias não tinham uma compreensão comum com os autores do Zohar, e portanto, o Zohar não pode ser revelado às gerações que precederam a geração do Messias.

E esta é prova clara que esta geração é a geração do Messias, pois nós vemos que nenhum dos comentários anteriores do Livro do Zohar conseguiu explicar mesmo dez por cento das passagens difíceis no Zohar, e no pouco que elas explicaram, suas palavras são quase tão impenetráveis como as do próprio Zohar.

Enquanto que em nossa geração, nós tivemos o mérito do Comentário Sulam, que é a explicação completa do Zohar em sua totalidade. E além do fato que o Sulam não deixa nada do Zohar sem explicação, as explicações são baseadas no pensamento analítico simples, que qualquer estudante intermediário pode compreender. E visto que o Zohar foi revelado para esta geração, esta é uma prova clara que os dias do Messias estão aqui, e nós estamos no princípio da geração da qual foi dito, “e a terra estará cheia do conhecimento do Senhor”.

Nós devemos saber que questões espirituais não são como questões materiais, em que dar e receber são simultâneos, pois no nível espiritual, o tempo de dar e o tempo de receber são diferentes. Primeiro, aquilo que é dado pelo Criador é dado ao receptor, e através disto, apenas a oportunidade de receber é dada, mas nada é recebido até que o receptor santifique e purifique a si mesmo adequadamente.

Apenas então tem o mérito de receber. Desta forma, muito tempo pode passar entre o tempo de dar e o tempo de receber.

Podemos ver que o que dissemos, que esta geração atingiu “e a terra estará cheia com o conhecimento do Senhor”, refere-se apenas ao aspecto de dar, e nós certamente ainda não atingimos o aspecto de receber, e não iremos até que nós nos purifiquemos, santifiquemos, estudemos e nos apliquemos suficientemente o tempo de receber chegará, quando o verso “e a terra estará cheia com o conhecimento do Senhor”, se aplicará a nós.

É sabido que a Redenção e a completa compreensão estão interligadas, e a prova para isto é que todos que se sentem atraídos aos segredos da Torá são atraídos à terra de Israel, e é por isto que a promessa que “e a terra estará cheia com o conhecimento do Senhor” pertence apenas ao Fim dos Dias, isto é, no tempo da redenção.

Assim, tanto quanto a completa compreensão, nós vemos que assim como ainda não chegamos ao tempo de receber, mas apenas ao tempo de dar, através do qual nós temos a oportunidade de atingir a completa compreensão, assim é com a Redenção que nós ainda não merecemos, exceto no nível de dar. Pois o fato é que o Criador tomou nossa Terra Santa dos estrangeiros e a deu de volta a nós, todavia nós ainda não possuímos a terra pois nós ainda não atingimos o tempo de receber, como nós explicamos em referência ao assunto da completa compreensão, pois Ele deu mas nós ainda não recebemos, porque nós não somos economicamente interdependentes, e não há independência política sem independência econômica.

E além disso, não há redenção do corpo sem a redenção da alma, e enquanto a maioria dos residentes de Israel estiverem cativas em culturas estrangeiras das nações, e não estiverem acostumadas com a religião e a cultura de Israel, os corpos ainda estarão cativos sob forças estrangeiras. E assim, deste aspecto, Israel ainda está nas mãos dos estrangeiros.

E a prova é que ninguém está tão entusiasmado com a Redenção como deveria após dois mil anos. E não apenas os residentes da Diáspora não estão entusiasmados em vir até nós e desfrutar da Redenção, muitas pessoas que já foram redimidas e vivem entre nós, esperam ansiosamente para serem livres desta redenção e retornar a Diáspora.

Logo, embora o Criador tenha tomado a terra das mãos das nações e a tenha dado a nós, nós ainda não a recebemos, e nós nem nos beneficiamos dela ainda. Ao nos dar a terra, o Criador nos deu a oportunidade para a redenção, isto é, para nos purificar, santificar e aceitar o trabalho do Criador através de nossa aplicação à Torá e Mitzvot Lishmá, e então o Templo será reconstruído e nós receberemos a terra, e então sentiremos a grande alegria da Redenção.

Mas enquanto não tivemos atingido isto, nada vai mudar, e não há diferença entre as condutas da Terra Santa agora e como era quando estava sob as mãos dos estrangeiros, em termos da lei, economia e do trabalho do Criador. E isto é nada além de uma oportunidade para a Redenção.

Disto, nós entendemos que esta é a geração do Messias. E portanto, nós merecemos a Redenção de nossa Terra Santa das mãos dos estrangeiros. E nós também merecemos a revelação do Livro do Zohar, que é o princípio do cumprimento do verso, “e a terra estará cheia do conhecimento do Senhor…”, “…e homem não mais ensinará… pois todos Me conhecerão, do menor ao maior deles”.

Mas destes dois, nós somente merecemos o dar do Criador, enquanto que nós ainda não recebemos nada exceto a oportunidade de começar a fazer o trabalho do Criador e nos aplicarmos à Torá e Mitzvot Lishmá. Uma vez que fizermos então mereceremos grande sucesso como prometido à geração do Messias, que nenhuma das gerações anteriores conheceu. E então mereceremos receber a “completa compreensão” e “a completa redenção”.

Assim, nós explicamos claramente a resposta dos sábios de como é possível aderir-se a Ele, em que eles responderam, “aderir-se a Suas qualidades”, que é correto por duas razões:

  1. Porque Dvekút espiritual não é um assunto de proximidade física, mas de Similaridade de Forma.
  2. Uma vez que a alma foi separada apenas da Sua Essência devido ao Desejo de Receber, ela retorna ao seu estado anterior de Dvekút com Sua Essência.

Isto tudo é verdade em teoria, mas na prática nós ainda não recebemos uma explicação de aderir-se às Suas qualidades, que significa que a pessoa tem que se separar de seu Desejo de Receber inerente e atingir o Desejo de Compartilhar, que é o oposto da natureza humana.

E como nós explicamos, visto que o homem se afogando tem que agarrar a corda firmemente, e até que se aplica a Torá e Mitzvot Lishmá ao ponto onde a pessoa nunca retornará às suas condutas tolas, não é considerado como se estivesse “agarrando a corda firmemente”. Isto nos traz de volta à pergunta: De onde a pessoa encontra “combustível” para fazer todo esforço com todo seu coração e com todo seu poder para dar prazer ao seu Criador, pois o ser humano não pode fazer nada sem derivar algum benefício para si mesmo, assim como uma máquina não pode funcionar sem combustível, e se a pessoa não se beneficiar, não terá “combustível” para trabalhar.

E a resposta é que qualquer um que suficientemente compreenda adequadamente a grandeza do Criador, o que quer que compartilhe com o Criador se transforma em recepção, como está escrito em Masechet Kidushin pg. 7a, que se
refere a uma pessoa espiritualmente importante – se a mulher (noiva) lhe dá dinheiro e ele aceita, é considerado como se ela que estivesse recebendo o dinheiro dele, e assim, é santificada.

E assim é com o Criador, se a pessoa compreende Sua grandeza não há recepção mais importante para ela do que dar prazer ao seu Criador e isto é “combustível” suficiente para ela se aplicar com todo seu coração, alma e poder para
dar prazer ao Criador. Porém é claro que se a pessoa não compreende a grandeza do Criador suficientemente, o ato de dar prazer ao Criador não é ainda considerado “recepção” à medida que ela devota todo seu coração, alma e poder ao Criador.

Logo, cada vez que alguém verdadeiramente se devota apenas a dar prazer ao seu Criador e não para seu próprio benefício, a pessoa perde imediatamente e completamente a força para trabalhar, pois ela se torna como uma máquina sem combustível. Um ser humano não move nem mesmo um membro a menos que derive algum benefício de fazer isto, muito menos fazer um grande esforço e devotar toda sua alma e poder, como a Torá lhe obriga, pois não há dúvida que ele é incapaz de fazer isto sem derivar algum benefício para si mesmo.

A verdade é que não é difícil compreender a grandeza do Criador ao nível onde o compartilhar da pessoa se torna receber, como no caso de uma pessoa extremamente importante, pois todos estão cientes da grandeza do Criador, que criou tudo, dura além de tudo, sem princípio nem fim e Sua grandeza é infinita.

Todavia, a dificuldade é que o nível da grandeza não depende do indivíduo mas do seu ambiente circundante. Por exemplo, mesmo se a pessoa está cheia de boas qualidades, se seu ambiente circundante não reconhece estas qualidades e não lhe respeita por elas, tal pessoa será sempre deprimida e incapaz de se orgulhar de suas qualidades, embora ela própria não duvide delas. E inversamente, uma pessoa que não tenha qualquer mérito mas é respeitada pelo seu ambiente circundante como se estivesse cheia de boas qualidades é preenchida com orgulho, pois o nível
da importância e grandeza é completamente dependente do ambiente circundante.

E quando alguém vê que seu ambiente circundante não leva o trabalho do Criador a sério e não aprecia adequadamente Sua grandeza, a pessoa não pode superar seu ambiente e não será capaz de compreender a grandeza do Criador. Ela não levará o trabalho do Criador seriamente, assim como eles.

E dado que ela não tem base para atingir a percepção da grandeza do Criador, é óbvio que ela não pode trabalhar para dar prazer ao seu Criador, nem por seu próprio benefício, pois ela não tem “combustível” para fazer o esforço. E “se uma pessoa diz não trabalhei e encontrei, não acredite nela” (Megilá 6b) a pessoa não tem escolha se não trabalhar por seu próprio benefício ou não trabalhar nada, pois ela não pode sentir que está recebendo preenchimento ou “combustível” ao dar prazer ao Criador.

E isto explica o verso: “Na multidão do povo está a glória do rei” (Provérbios 14:28), uma vez que a medida da grandeza depende do ambiente circundante por duas condições:

  1. O nível de apreciação do ambiente circundante.
  2. O tamanho em números do ambiente, assim “Na multidão do povo está a glória do rei”.

E porque isto é tão difícil, os sábios nos aconselharam: “Faça para si um Rav2 e compre um amigo” (Pirkei Avot, Capítulo 1:6), ou seja, que a pessoa deve escolher uma pessoa importante e bem conhecida para ser seu Rav para que ela possa se aplicar em Torá e Mitzvot em prol de trazer prazer ao seu Criador. O Rav da pessoa facilita em duas formas:

  1. Dado que ele é uma pessoa importante, o estudante pode dar prazer a ele de acordo com a grandeza do seu Rav, pois o compartilhar do estudante se torna como recepção, que é o combustível natural que a permite fazer mais atos benéficos. E uma vez que se acostume a compartilhar com seu Rav, pode transformar isto em se aplicar a Torá Torá e Mitzvot Lishmá e pelo bem do Criador, dado que hábito se torna segunda natureza.
  2. Similaridade de Forma com o Criador só é efetivo se for permanente, isto é, até que possa ser dito que “Aquele que conhece todos os mistérios venha a testemunhar que ele não voltará a insanidade” (RAMBAM).
    Isto não é assim quando ela chega à Similaridade de Forma com seu Rav, pois o Rav é parte deste mundo, sujeito ao tempo.

Assim, tornar a sua forma similar com a do seu Rav será bom apenas temporariamente, e depois ela retornará aos seus velhos caminhos.

Porém, toda vez que a pessoa torna sua forma similar com a do seu Rav, ela se adere a ele pelo tempo presente, e fazendo isto compreende o conhecimento e os pensamentos de seu Rav, em proporção ao nível de Dvekút, como explicado através da analogia do órgão que é separado do corpo e então é reunido a ele – leia isto cuidadosamente.

Por esta razão, o estudante pode usar a compreensão de seu Rav da grandeza do Criador, que inverte o compartilhar em receber e tem suficiente combustível para devotar sua alma e poder. Então o estudante pode se aplicar também a Torá e Mitzvot Lishmá com todo seu coração, alma e poder, que é a qualidade que leva a Dvekút eterna com o Criador.

E disto, você pode entender as palavras dos sábios: “O serviço da Torá é maior do que o estudo dela, pois está escrito de Elishá Ben Shafat que derramou água nas mãos de Elyahu HaNavi (O Profeta Elias). Não é dito, que aprendeu, mas que ele derramou água” (Berachot 7b).

Parece estranho que simples atos possam ser maiores do que o estudo da sabedoria e conhecimento, e nós aprendemos desta passagem que ao servir o seu Rav fisicamente com todo seu poder para dar prazer ao seu Rav, a pessoa chega a Dvekút com o seu Rav, isto é, a Similaridade de Forma, e através disto recebe o conhecimento e os pensamentos do seu Rav. Este segredo é chamado “boca a boca”, que é a Dvekút de espírito com espírito, e através disto ela chega a compreender a grandeza do Criador ao nível que ela muda seu compartilhar em receber, que é
combustível suficiente para dar completamente sua alma e seu ser, até que mereça a Dvekút com o Criador, como mencionado acima.

Isto não é assim relativamente ao estudo da Torá com seu Rav, que é necessário para o seu próprio benefício, e isto não a leva a Dvekút. Isto é chamado “boca a orelha”, pois através do serviço o estudante aprende os pensamentos do seu Rav, enquanto que ao estudar ele só aprende as palavras de seu Rav, e portanto o serviço é maior do que o estudo, assim como os pensamentos do Rav são maiores do que suas palavras, e “boca a boca” é maior do que “boca a orelha”.

Mas tudo isto só se aplica quando o serviço é com a intenção de dar prazer ao Rav, enquanto que se a intenção é beneficiar a si mesmo, a pessoa não atinge Dvekút com seu Rav, e então o estudo com o Rav é mais importante do que o serviço.

Assim como nós dissemos sobre compreender a grandeza do Criador, que um ambiente circundante que não O aprecia adequadamente enfraquece o indivíduo e o previne de atingir a percepção da grandeza do Criador, isto também é verdade para o seu Rav. Se o ambiente circundante não aprecia o Rav, isto previne o estudante de compreender sua grandeza adequadamente.

E é por isto que nossos sábios disseram, “Faça para si um Rav e compra um amigo”, ou seja, a pessoa pode fazer ou criar novos ambientes circundantes que a ajudarão a compreender a grandeza do seu Rav através do amor dos amigos que apreciam o Rav, pois através das conversas entre os amigos sobre a grandeza do Rav, cada um recebe uma sensação da grandeza do Rav, e este compartilhar se torna receber e combustível a medida que ele leva cada uma delas a se aplicar a Torá e Mitzvot Lishmá.

Este é o significado ao dizer que “incluídos entre os 48 níveis pelos quais a Torá é adquirida, estão o serviço aos sábios e o estudo detalhado com os amigos”, pois não é suficiente que ele sirva seu Rav, ele precisa do estudo detalhado com seus amigos, que é a influência dos seus amigos que trabalharão nele para atingir a compreensão da grandeza do Rav, porque atingir a percepção desta grandeza depende completamente do seu ambiente circundante, e um indivíduo não pode atingir isto sozinho, como nós explicamos.

De fato, existem duas condições para atingir a compreensão da grandeza:

  1. Sempre escute e aceite a apreciação do ambiente circundante à sua completa extensão.
  2. Que o ambiente circundante deve ser populoso, como está escrito, “Na multidão do povo está a glória do rei”.

E para cumprir a primeira condição, cada estudante deve sentir que ele é o menor de seus amigos, e então ele pode receber a apreciação da grandeza de todos eles, pois o grande não pode receber do pequeno, muito menos ser inspirado por suas palavras, apenas o pequeno pode ser inspirado pela apreciação do grande.

E em termos da segunda condição, cada estudante é obrigado a louvar cada um de seus amigos e amá-lo como se eles fossem os maiores de sua geração, e então o ambiente circundante agirá sobre ele como se eles fossem tão populosos como deveriam, pois a qualidade é mais importante do que a quantidade.

2 Nota do tradutor: um grande professor

EXÍLIO E REDENÇÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“E entre estas nações contudo não haverá repouso”.
-Deuteronômio 28:65

Nada sucederá do que chegar em tua mente; em que tu dizes seremos como
as nações, como as famílias dos países”.
-Ezequiel 20:32

O Criador irá evidentemente nos mostrar que Israel não pode existir em exílio, e não encontrará descanso como o resto das nações que se misturaram entre as nações e encontraram repouso, e se assimilaram nelas, até que nenhum vestígio delas tenha permanecido. Assim não é a casa de Israel. Esta nação não achará descanso entre as
nações até que ela realize o verso, “E de lá buscarás o Senhor teu Deus, e irás encontrá-Lo, clamando, com todo teu coração e com toda tua alma” (Deuteronômio 4:29 ).

Isto pode ser examinado ao estudar a Providência e o verso que afirma sobre nós, “A Torá é verdadeira e todas suas palavras são verdadeiras, e ai de nós enquanto duvidarmos de sua veracidade”. E nós dizemos que toda a repreensão que nos ocorrem são ao acaso e fé cega. Isto tem apenas uma cura – trazer os problemas de volta para nós a ponto de vermos que eles não são coincidentes mas a inabalável Providência, determinada para nós na Santa Torá.

E devemos clarificar esta questão pela própria lei do desenvolvimento: a natureza da inabalável Orientação que nós alcançamos por meio da Santa Torá, como no caminho da Torá em Providência (ver “Dois Caminhos”), um desenvolvimento muito mais rápido que as outras nações chegou até nós. E como os membros da nação se desenvolveram assim, sempre houve a necessidade de ir em frente e ser extremamente meticuloso com todas as Mitzvot da Torá. E pelo fato de eles não terem feito isto, mas desejado incluir seu limitado egoísmo, ou seja, Lo
Lishmá, isto desenvolveu a ruína do Primeiro Templo, dado que eles desejaram exaltar riqueza e poder acima da justiça, como as outras nações.

Mas porque a Torá o proíbe, eles negaram a Torá e a profecia e adotaram os hábitos dos vizinhos para que eles pudessem desfrutar da vida tanto quanto o egoísmo exigia deles. E porque eles fizeram isso, os poderes da nação se
desintegraram: alguns seguiram os reis e os oficiais egoístas, e alguns seguiram os profetas. E a separação continuou até à ruína.

No Segundo Templo, foi ainda mais conspícuo, dado que o início da separação foi publicamente exibido por discípulos desvirtuosos, liderados por Tzadok e Bytos. Seu motim contra nossos sábios revolveu principalmente à volta da obrigação de Lishmá, como nossos sábios disseram, “Homens sábios, sejam cautelosos com vossas palavras”. Porque eles não queriam se retirar do egoísmo, eles criaram comunidades deste tipo corrupto e se tornaram uma grande seita chamada “Tzdokim”, que eram os ricos e os oficiais, perseguindo desejos egoístas ao contrário do caminho da Torá. E eles lutaram com os Prushim e trouxeram o governo do reino Romano sobre Israel.

Eles são aqueles que não fariam paz com os imperiosos, conforme nossos sábios aconselharam pela Torá, até que a casa fosse arruinada e a glória de Israel fosse exilada.

A DIFERENÇA ENTRE O IDEAL SECULAR E O IDEAL RELIGIOSO

O ideal secular deriva da humanidade e, portanto, não se pode elevar a si mesmo acima da humanidade. Mas uma ideia religiosa, que deriva do Criador, pode se elevar acima da humanidade. Isto é porque a base de um ideal secular é equalização e o preço de glorificar o homem, que age para se glorificar aos olhos das pessoas. E embora às vezes ele seja visto desgraciado aos olhos dos seus contemporâneos, ainda assim confia nas outras gerações e isto é ainda uma coisa preciosa para ele, como uma gema que abastece o seu dono embora ninguém saiba dele ou o preze.

Uma ideia religiosa, é baseada na glória aos olhos de Deus. Então, o que segue uma ideia religiosa pode elevar a si mesmo acima da humanidade.

E assim é entre as nações do nosso exílio. Enquanto nós seguimos o caminho da Torá, nós permanecemos seguros, pois é sabido a todas as nações que nós somos uma nação altamente desenvolvida e elas desejavam a nossa cooperação. Elas nos exploram, cada uma de acordo com seus próprios desejos egoístas. Todavia, ainda tínhamos grande poder sobre as nações, pois depois de toda a exploração, ainda sobrou uma porção generosa para nós, maior que para os civis da terra.

Mas porque as pessoas se revoltaram contra a Torá na sua aspiração de executar seus estratagemas egoístas, elas perderam o propósito da vida, ou seja, o trabalho de Deus. E como o objetivo sublime foi trocado por objetivos egoístas dos prazeres da vida, quem quer que alcançasse fortuna elevava seu próprio objetivo com glória e beleza. E onde o homem religioso espalhava seu excesso monetário em caridade, boas ações, construir seminários, e outras necessidades coletivas, os egoístas espalhavam seu excesso nas alegrias da vida: comida e bebida, roupas e joias, igualando-se com os proeminentes em cada nação.

Com estas palavras, pretendo apenas mostrar que a Torá e a lei natural do desenvolvimento andam lado a lado em maravilhosa unidade, mesmo com fé cega. Assim, os maus incidentes no exílio, que temos muito a contar dos dias do
nosso exílio, todos se deram porque nos desviamos da Torá. E se tivéssemos mantido os mandamentos da Torá, nenhum mal chegaria a nós.

CONGRUÊNCIA E UNIDADE ENTRE A TORÁ E A FÉ CEGA, E O DESENVOLVIMENTO DO CÁLCULO HUMANO

Então, eu proponho desta forma à Casa de Israel dizer aos nossos problemas, “Basta!” e, no mínimo, fazer um cálculo humano sobre estas aventuras que nos afligiram várias e várias vezes, e aqui no nosso país, também. Nós desejamos iniciar a nossa política, pois nós não temos esperança de nos agarrarmos ao chão como uma nação enquanto não aceitarmos a nossa santa Torá sem quaisquer extenuações, até a ultima condição do trabalho Lishmá, e não para si mesmo, com qualquer resíduo de egoísmo, como eu provei no artigo “Matan Torá”.

Se nós não nos estabelecermos a nós mesmos adequadamente, então existem muitas classes entre nós, e iremos indubitavelmente ser empurrados para a direita e esquerda como as nações são, e muito mais. Isto é porque a natureza dos desenvolvidos é que eles não podem ser restringidos, pois qualquer noção importante que venha de uma pessoa opinada não curvará sua cabeça perante nada e não conhece qualquer compromisso. Foi por isso que nossos sábios disseram, “Israel é a mais feroz das nações”, pois aquele cuja mente é mais ampla é mais obstinado.

Esta é uma lei psicológica. E se você não me compreender, vá e estude esta lição entre os membros contemporâneos da nação: Enquanto nós só começamos a construir, o tempo já divulgou a nossa ferocidade e assertividade da mente, e o que uma constrói, a outra arruína.

…Isto é conhecido por todos, mas há apenas uma inovação nas minhas palavras: Eles acreditam que no fim, o outro lado irá compreender o perigo e irá baixar sua cabeça e aceitar a sua opinião. Mas eu sei que mesmo que os atemos juntos num cesto, eles não se renderão ao outro nem mesmo um pouco, e nenhum perigo irá interromper ninguém de levar a cabo a sua ambição.

Numa palavra: Enquanto nós não elevarmos o nosso objetivo acima da vida corpórea, nós não teremos reanimação corpórea pois o espiritual e o corpóreo em nós não podem caber num cesto, pois nós somos os filhos da ideia. E mesmo que nós estejamos imersos em quarenta e cinco portais de materialismo, nós ainda assim não desistiremos da ideia. Então, é apenas do santo propósito de por Seu nome de que precisamos.