Nássô (Tomai)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números 4:21-7:89)

 

Sumário da Porção

A porção descreve as preparações dos filhos de Israel para saírem em uma jornada do Monte Sinai para a terra de Israel. O grosso do trabalho revolve à volta do tabernáculo. A sondagem da tribo de Levi continua e há uma descrição da distribuição de deveres entre as famílias de Levi, Gerson, Kochat e Merari. O Criador dá uma ordem para enviar as pessoas impuras para fora do acampamento como preparação para a inauguração do tabernáculo.

Posteriormente, a porção narra diferentes situações nas quais as pessoas precisam de ajuda dos sacerdotes e do tabernáculo. Os incidentes incluem actos negativos, tais como roubar, uma pessoa evocar o nome do Criador em vão (peo qual um deve oferecer um sacrifício) e uma mulher que se tenha desviado ou seja suspeita de cometer adultério e desta forma seja trazida ao sacerdote.

Há também incidentes positivos, tais como a história do eremita, detalhar as leis que uma pessoa que faz um voto assume sobre si mesma e a bênção dos sacerdotes ao povo.

O fim da porção discute os presentes dos presidentes e a grande celebração – a inauguração do tabernáculo. A porção termina com a conclusão das preparações, quando o povo de Israel consegue partir para a terra de Israel.

 

Comentário

A Torá fala somente de nossas almas e como as devemos corrigir. Não corrigimos o corpo porque o corpo é um animal e atua de acordo com sua natureza. Devemos reinstaurar a “porção de Deus do alto” (Jó 31:2); isto é a alma.

Fazemos como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” *, pois “a luz nela reforma” **. Quando começamos a conectar aos outros sob a condição, “Ama teu próximo como a ti mesmo”,*** achamos esta ação repelente. Não queremos ver ninguém se não os pudermos usar para nosso próprio benefício.

Esta é nossa natureza, como disse o Criador, “Eu criei a inclinação ao mal”. Contudo, quanto mais estudamos e nos tentamos aproximar uns dos outros, mais descobrimos quão absolutamente impossível isso é e mais sentimos nossa natureza como má, como má vontade, como a inclinação ao mal. Então, precisamos de um meio para a corrigir e este é a luz que reforma.

Quando estudamos a sabedoria da Cabala no grupo certo, com pessoas que querem adquirir a boa inclinação, a revelação do Criador, que querem mudar e melhorar, então descobriremos dentro de nós um mundo inteiro de camadas, graus e outras partes. Certamente, os sacerdotes, Levitas, Israel e o mundo inteiro com seus inanimado, vegetativo, animado e falante estão todos nos nossos desejos, na inclinação ao mal.

A Torá conta-nos através de que contexto e com que ordem começaremos a transformar a inclinação ao malpara uma boa inclinação. É isso que precisamos fazer neste mundo. A Torá ensina-nos a usar a luz que reforma, que partes da inclinação do mal devem primeiro ser tratadas e quais mais tarde.

Este processo é como um doutor que diz a um paciente, “Primeiro, vamos cuidar de uma coisa, então a outra. Se um paciente tem um problema de coração, esse é o assunto mais urgente, até se o paciente disser, “Mas minha perna dorida dói mais”. Aqui o doutor tem de dizer, “Espere, já chegamos lá, mas esse não é o problema mais urgente”. O mesmo serve para nós.

A Torá instrui-nos como escrutinar cada detalhe, como o corrigir, como atar todas as partes corrigidas juntas e como partir temporariamente dos desejos que ainda não podem ser corrigidos pois são demasiado grandes, então devemos colocá-los de parte por agora. Avançamos para a conexão com os outros em prol de descobrir o Kli (vaso) da alma, onde descobrimos a luz superior, Boré (Criador), chamado Bô Re’éh (venha e veja). Descobrimos Boré gradualmente, um passo de cada vez, através de causa e efeito.

A porção anterior falava de dividir nossos desejos em tribos, sacerdotes, Levitas e Israel. Quem são os sacerdotes e qual é seu papel entre o povo? Como deve o povo se dividir em doze tribos? Porque são especificamente doze, três linhas e HaVaYaH, três vezes HaVaYaH, que são as quatro letras, perfazendo doze partes da vontade de receber?

Agora, falamos sobre a próxima fase na correção da alma daquele que a quer corrigir e nutrir, uma vez que ela é uma “porção de Deus do alto”. O Criador é absolutamente bom e faz o bem, então aqueles que querem trabalhar com a inclinação do bem, em vez de com a má, o fazem ao adquirir a boa inclinação, a forma do Criador. É por isso que isso é chamado “venha e veja”.

A porção descreve como é isto feito. O tabernáculo é misterioso e desconhecido, um lugar especial na nossa vontade de receber. Nada há senão a vontade de receber; o todo da Criação é desejo de receber e dentro do nosso desejo há um lugar especial onde estamos conectados com a luz superior. Trazemos nossos desejos lá do mesmo modo que vamos a um médico. Isso é chamado “um curador para aqueles de coração quebrado” *, e eles são corrigidos lá. O tabernáculo é o lugar principal onde nossos desejos são corrigidos

 

Perguntas e Respostas

Cada um de nós se conecta ao Criador separadamente?

Sim, cada um deve fazê-lo. É por isso que nosso trabalho é principalmente o trabalho de sacrifícios. Antes disso, fazemos todos os escrutínios: o que é kosher (ajustado/adequado/legitimo), como pode ser feito e o que dentro de nós é um Letiva, um sacerdote, Israel, nações do mundo, Klipot (cascas/peles), inanimado, vegetativo, animado ou falante. Precisamos aprender como separar e ordenar nossos desejos. No fim de todos os escrutínios, trazemos uma oferenda. A palavra, Korban (oferenda/sacrifício), vem da palavra Karov (perto/próximo). Quando corrigimos nossa vontade de receber no tabernáculo, estamos no ponto de nos aproximarmos do Criador.

É verdadeiro trabalho sagrado pois os sacerdotes são a qualidade pura de doação em nós. O alto sacerdote é GAR, ou seja, a “cabeça” desta qualidade em nós. Ele é a força dentro de nós que é chamada “sacerdote”. É também isto que podemos corrigir em todas as camadas da vontade de

 

receber que estão abaixo dela. É por isso que há tamanha elaboração sobre o que fazer com que partes da vontade de receber tais como um homem ou mulher não corrigidos, ou outros problemas que surgem no processo da correção.

Nosso progresso inteiro no caminho da correção é semelhante a estar no deserto. Descobrimos nossa inclinação ao male aprendemos que ela é um desejo inteiramente egoísta e que não conseguimos extrair qualquer vitalidade dele. É por isso que sentimos como se estivéssemos no deserto. Assim, todos somos nutridos pela luz do alto, chamada ”maná dos céus”; é assim que avançamos.

O deserto é uma curta fase no processo. Porque permanecemos nela tanto tempo? Está escrito que o podíamos ter atravessado em três dias, todavia levou-nos quarenta anos. Porquê?

Os “três dias” são aquilo que leva para obter três linhas. “Quarenta anos” são a participação de Malchut em Biná, que é chamado o “grau de quarenta”. Isso não são quarenta anos; a Torá não se refere a anos do mesmo modo que nós. Em vez disso, é um grau. Uma pessoa que atinge um grau na vontade de receber que é chamado Biná ascende ao grau da qualidade de doação e está inteiramente imersa no desejo de doar. Embora a vontade de receber que ainda não foi corrigida arde por dentro tal como antes, essa pessoa “congela-a” e restringe-a, mantendo o ardor por dentro. É como se houvesse uma caixa prestes a entrar em erupção como um vulcão e nós colocamos a tampa por cima e ficamos por cima dela. Tal pessoa é controla todos os desejos egoístas e isto é chamado ”ascender ao grau de Biná e estar pronta para entrar na terra de Israel”.

“Subir acima do vulcão” significa elevar-se acima dos grandes desejos, sobre todos os grandes Kelim (vasos) que levámos do Egito. Cada vez que descobrimos o mal no deserto, isso é considerado que pecamos no deserto. Através deste processo de errar e pecar, nova e novamente, Moisés e Aarão atendiam a estas matérias.

Em outras palavras, descobrimos todos os pensamentos e desejos corruptos na mente e no coração e constantemente procuramos ações e esforços de nos conectar ao meio ambiente, ao grupo no qual estamos, à luz superior, ao Criador. Isto é feito em prol de descobrir como nos conectar aos elementos externos, os aproximar do Criador e sermos santificados através deles.

Não paramos de dizer que a única coisa que precisamos corrigir são nossas conexões; contudo, tudo o que aqui é descrito parece ser interno. Se dizemos que as preparações terminaram e podemos começar, trata-se isto de algo que fizemos sozinhos?

Completámos as preparações com todos os desejos, os ordenámos e separamos em ordem. Já nos equipámos com nossas armas. Agora podemos partir e descobrir os novos desejos que indicarão como proceder no deserto.

Com quem avançamos?

Nós avançamos com nossos próprios desejos, que estão já preparados para este processo, incluindo os sacerdotes, Levitas, Israel, tribos e as divisões feitas na porção anterior. Depois de atender a cada desejo, partimos com eles. Em outras palavras, estamos agora prontos para avançar para a terra de Israel, Biná, com todos os desejos que foram “pausado”. Agora podemos avançar com todos esses desejos – as mulheres, crianças e todos os homens.

Até os animais são levados, ou seja, todos os desejos, nosso inteiro mundo inteiro. Daqui em diante avançamos inteiramente para a doação, para a qualidade de Elokim, chamada Biná.

Qual é a medida de dependência? Por exemplo, se um amigo já se encontra lá, mas eu não, isso significa que estou atrasando o meu amigo?

Isto nada tem a ver com amigos; trata-se do nosso próprio trabalho interno. Nossos amigos podem somente ajudar do exterior, evocar a importância de alcançar a terra de Israel e estar em um estado de Yashar El (direito ao Criador), onde todos os desejos visam doar. Amigos podem ajudar-nos a aumentar nosso desejo de corrigir a inteira inclinação ao malem uma boa inclinação e eles podem aumentar a importância da meta, assim indiretamente nos ajudando e despertando e reunir nossa força.

Alguns dos escrutínios que fazemos são feitos com amigos?

Todos os escrutínios são internos. Isso é trabalho interno e os outros não devem saber o trabalho que estamos a fazer.

O que são “pessoas impuras”, ou uma mulher que se desviou?

Todos nós temos tais desejos, daí que os descubramos. A Torá fala do que existe dentro de nós. Isto abre o nosso próprio interior e explica o que podemos achar no interior: desejos, qualidades e pensamentos. Isso também explica como devemos trabalhar com o “eu”. Precisamos trazer para fora todas estas qualidades e desejos para se identificarem com o Criador, como está escrito, “Retornai, Ó Israel, para o Senhor vosso Deus” (Oseias 14:2). Isso não se refere a nos elevarmos “acima da lua”, mas à ascensão espiritual, nossa elevação interna das nossas próprias qualidades.

Meus pensamentos também me são enviados; é o Criador que os envia?

Tudo nos é enviado. O Criador diz, “Eu criei a inclinação ao mal”. Nada temos com que nos preocupar; isso é o “Seu problema”. Tudo o que precisamos fazer é pedir que a luz que reforma venha e transforme a inclinação ao malem uma boa inclinação. Este é nosso trabalho inteiro; nossas vidas inteiras são para esse propósito.

Se, por exemplo, eu descubro dentro de mim uma qualidade chamada uma “mulher que se desviou”, o que significa que a trago a um sacerdote? O que faz o sacerdote?

Isso refere-se ao que santificamos. Neste caso, santificamos um desejo chamado “uma mulher que se desviou”. “Uma mulher que se desviou” é um desejo de receber que não quer trabalhar em prol de doar, mas somente de receber. Ele é um desejo que quer atrair a luz de Chochmá (sabedoria) de cima para baixo, em vez de baixo para cima. Em outras palavras, ele não quer trabalhar em doação e amor pelos outros, mas por si mesmo. Esse é um desejo egoísta no grau de uma mulher.

Há um marido, uma esposa e nações do mundo. Todos estes estão dentro de nós. Nosso desejo subitamente parece-se com aquele que só quer para si mesmo, como não tendo intenção sequer de ser próximo do Criador, dos outros ou da doação. Quando descobrimos que somos assim e que é isto que atrasa nosso progresso, o descobrimos como “uma mulher que se desviou”.

Em resposta para aqueles que dizem, “E as mulheres que cometem adultério”, um pode dizer que há homens adúlteros, também. Além do mais, hoje o adultério é muito prevalecente.

Os homens e mulheres neste caso são nossos próprios desejos. Você não pode dizer que homens ou mulheres fazem algo de errado. Tudo está no nosso mundo interno, os homens e mulheres são todos nossos desejos.

Uma mulher transporta com ela uma maior carência, enquanto um homem é mais propenso para Masachim (telas), para o poder de superar. Mas de fato, quando uma pessoa descobre estes discernimentos trata-se dos nossos próprios desejos e não faz diferença se eles são chamados, “mulher”, “homem”, “sacerdote”, “Levita”, “Israel”, ou “nações do mundo”. Todos eles devem ser ordenados pelos níveis e qualidades para ver o que deve ser feito de acordo com a Torá, chamada Hora’á (instrução), ou seja, o que deve ser corrigido dentro de mim a seguir.

Há qualquer conexão entre isso e nossos relacionamentos na vida diária?

Não há conexão que se pareça. Você pode encontrar-se com uma pessoa na rua que lhe parece ímpia ou tola, ou alguém que lhe parece esperta, ou alguém que é completamente justa, mas não consegue realmente falar do interior dessa pessoa. Isso nada mais seria senão uma ação.

De O Zohar: Uma Mulher Que Se Desviou

Porque deve um homem trazer sua mulher a um sacerdote e não a um juiz? O juiz é o padrinho da rainha, corrigindo a Malchut para um Zivug com ZA. Assim, a correção do defeito mulher que se desvia, que alcança Malchut, lhe pertencendo. …. Somente o sacerdote é adequado para isso. Ele é a qualidade de Biná, a forte qualidade  de doação.  Sacerdotes  têm  um carácter especial. Ele  é tão poderoso e forte desejo e tão corrigido em prol de doar, que ele pode adicionar a si mesmo todos os pequenos e corrompidos desejos e os corrigir … porque ele é o padrinho da rainha. Também, todas as mulheres no mundo são abençoadas pela Assembleia de Israel … enquanto o sacerdote está pousado para corrigir as palavras da rainha, Malchut e olhar para tudo o que ela necessita. É por isso que somente o sacerdote é digno disso e não outro. Zohar para Todos, Nássô (Tomai), item 61

Falámos sobre a força do sacerdote, mas esta porção também menciona eremitas e até regras sobre eles. O que é um eremita?

Um “eremita” é qualquer um que se limite a si mesmo ou a si mesma. Se uma pessoa que pesa 136 kg para de comer alguma coisa, isso não faz dele ou dela um eremita? Em semelhança, quando vemos que não podemos trabalhar com a revelação do Criador, com maiores prazeres nos serem revelados e recebemos tudo para nos mesmos e nos tornamos egoístas uma vez mais, nós nos limitamos e não atraímos estes prazeres. Na sabedoria da Cabala, isso é considerado “não atrair luz de Chochmá”. Tal pessoa não toca em uvas ou produtos de uva tal como o vinho. Isto é chamado “ser-se eremita”. Contudo, assim não é para um sacerdote, que é permitido obter um pouco dele.

Estas são formas de correção que todos terão de experimentar em alguns dos seus desejos. Através delas, corrigimos o desejo e avançamos. Nesse estado, já sabemos como usar a luz de Chochmá de baixo para cima e a receber. Tudo o que foi proibido foi somente por falta de força de o usar com a meta de doar.

Assumamos que uma pessoa nos oferece uma caixa de óptimos chocolates e nós adoramos doces. Embora a pudéssemos dar a outros, dizemos, “Não a dês a mim”. Isto é chamado “ser-se eremita”. Posteriormente, adquirimos uma Massach (tela) maior e adquirimos uma medida de amor por alguém e essa medida é maior que o amor que temos pelo chocolate. Agora dizemos, “Dá-o a mim” porque agora estamos prontos para fazer uma ação de doação, para passar esta luz, este prazer, ao outro.

No nosso mundo, os Cabalistas falam de se ter de desfrutar da vida, casar, conduzir uma vida normal. Isto é, podemos fazer qualquer coisa desde que tragamos estes prazeres a um nível espiritual e não os percamos no corpóreo. Afinal, no nível corpóreo não podemos desfrutar de tudo na vida.

A Torá ensina-nos como nos elevar a tamanho nível de prazer que ele flua através de nós para os outros e regresse, andando para trás e para a frente. Isto é chamado “vida espiritual” – interminável, inteira e para a qual estamos a ser elevados. Quando agarramos para nós tudo o que pensamos que merecemos, imediatamente isso impede o fluxo e nos deixa com nada no seu lugar até que morramos. Contudo, se entrarmos no círculo de energia, fluxo, conhecimento e sensação dos prazeres intermináveis – porque ele passa entre todos – somos considerados levar uma vida espiritual.

O que é uma bênção na espiritualidade?

Uma “bênção na espiritualidade” é uma força que existe no nível de Biná, influenciando os desejos inferiores e os abençoando, os conduzindo ao nível de Biná, também. Uma benção é o grau de doação, Biná; ela é a habilidade de doar, de dar.

 

Termos

Monte Sinai

“Monte Sinai” é uma montanha de Sina’á (ódio). Se descobrirmos todo o mal no interior, isso é considerado estar no pé do Monte Sinai. Contudo, é possível o descobrir somente se o ponto no interior, chamado Moisés, subir essa montanha. Lá, no abismo entre o fundo da montanha e seu pico, sob essa condição adquirimos a Torá. Isto acontece porque sentimos que simplesmente devemos corrigir, mas não sabemos o que fazer. Tais pessoas são dignas de receber a luz que reforma, chamada “Torá”.

Família

Uma “família” é uma pessoa inteira consistindo de um homem, mulher, crianças e uma casa e o mundo inteiro. Ela é um Kli completo.

Impuro

Aquele que é “impuro” está impregnado de interesse pessoal. Tal pessoa corrompe todas as coisas em que ele ou ela toca porque qualquer coisa que essa pessoa queira é somente para a autogratificação, em vez de dar aos outros. Inversamente, dar, ou doação sobre os outros, é chamado de Kedushá (santidade), pureza.

Acampamento, ou Estar Fora do Acampamento

Um “acampamento” é a parte da vontade de receber que podemos definir e dizer, “nesta parte, estamos a avançar somente com a intenção de doar”. Isto é, um “acampamento” é nossos desejos corrigidos.

Tabernáculo e a Inauguração do Tabernáculo

“Inauguração” é quando estabelecemos o tabernáculo. É quando alcançámos o ponto de estabelecer esse estado.

Presente

À  medida  que  conseguimos  abdicar  da  vontade  de  receber  para  nós  mesmos,  é  como      se estivéssemos a dar um presente ao sacerdote, a nossa própria forma de doação, à qualidade de doação. Quando nos relacionamos ao grau de um sacerdote, a esse desejo de doar, é considerado que recebemos uma bênção por isto em retorno e que santificámos esse desejo.

Bênção

Uma “bênção” significa que a luz que reforma derrama sobre a vontade de receber e a corrige para ter a meta de doar. Esta é a correção.

Bênção dos Sacerdotes

A “bênção dos sacerdotes” é a luz que vem do grau de Biná para o grau de Malchut e o corrige, quando Malchut se começa a relacionar a si mesma ao grau de Biná. Um “sacerdote” é o grau de Biná.

Isto não é somente a correção da vontade de receber; isso relaciona-se à doação e aproxima-se do grau do Criador. Um “sacerdote” é o grau de Elokim, Biná, desejar misericórdia e doação. Sacerdotes não têm lote; eles estão no grau de desejar misericórdia, inteiramente em doação. Assim, se Malchut não se consegue juntar a ele, ela recebe uma bênção, uma correção, a bênção dos sacerdotes.

Falso Voto

Um “falso voto” ocorre quando nos conectamos ao grau de Biná e recebemos sua força, então deliberadamente usamos essa bênção com a intenção de receber, ou seja, doar em prol de receber. Isto é, estamos dispostos a dar, mas tencionamos receber um benefício para nós mesmos como resultado.

De O Zohar: Porque Cheguei Eu e Não Havia Ninguém

Quão amados são Israel pelo Criador? Onde quer que estejam, o Criador está com eles pois ELE não remove SEU amor deles, como foi dito, “E deixai-os ME fazerem um Templo, para que Eu possa morar entre eles”. (Êxodo 25:8). Zohar for All, Nássô (Tomai), item 105

“E deixai-os Me fazerem um Templo, para que Eu possa morar entre eles” significa que se tornamos a nossa vontade de receber como um Templo, é aqui que encontramos o Criador.

 

* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

** Midrash Rába, Eichá, Introdução, Parágrafo 2.

*** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** O Livro do Zohar, Chayei Sára (A Vida de Sara).

BaMidbar (No Deserto)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números 1:1-4:20)

 

Sumário da Porção

A porção, BaMidbar (No Deserto), começa com o Criador ordenar aos filhos de Israel (pela tribo) a trazer homens que haviam servido no exército e que tivessem pelo menos vinte anos de idade e os nomear como cabeças de tribos e como presidentes. Depois da nomeação, é pedido a Moisés que lhes explique onde cada tribo deve estar durante a jornada e enquanto parando no deserto, se ordenarem a si mesmos por tribos e bandeiras de acordo com as quatro direções, com o tabernáculo no meio.

A porção reitera o papel dos Levitas, que devem servir no tabernáculo. A tribo de Levi é especial pois ela não tem lugar ou lote seu; ela deve servir e ajudar a todos, especialmente os sacerdotes no tabernáculo. O papel dos Levitas é reunir ou separar o tabernáculo em cada paragem durante a jornada dos filhos de Israel. Eles devem seguir rígidas regras que lhes explicam o que fazer com cada parte do tabernáculo e como manterem os vasos do tabernáculo.

 

Comentário

A Torá está dividida em duas partes: externa e interna. A Torá externa é aquela que lemos e conhecemos. Ela é a Torá que nossos pais observaram no passado. Contudo, há coisas a clarificar nela.

(Na realidade, nossos pais são nós mesmos em encarnações anteriores, dado que nossas almas reencarnam de geração para geração.)

A Torá descreve a jornada dos filhos de Israel no deserto e como se devem eles conduzir a si mesmos lá. Ela detalha como construir o tabernáculo, se dividir em sacerdotes, Levitas e tribos, como montar o acampamento e como continuar a jornada onde cada um se movimenta de lugar para lugar sob a bandeira da tribo, até as fronteiras da terra de Israel e começo de sua conquista.

A Torá interna é na realidade a coisa principal. Através dela corrigimos e nos ajustamos internamente em prol de descobrir essa força superior da qual recebemos a Torá de fato. Isto é, a Torá interna trata-se de revelar o Criador às Suas criaturas. Aqui, falamos de como o Homem é um pequeno mundo, onde tudo o que é descrito na Torá – sacerdotes, Levitas, Israel e as doze tribos – estão dentro de nós como réplicas. A Torá interna toca em cada um de nós e instrui-nos ao que devemos fazer para descobrir a força superior aqui e agora.

Até que nos tenhamos corrigido a nós mesmos, estamos imersos no ego, a inclinação ao mal, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”. * Esse estado é chamado um “deserto”. A sensação do deserto é o lugar das Klipot (cascas/peles), ou seja, desejos por corrigir. Enquanto nessa sensação, não temos nada que nos reanime, que nos dê vida espiritual. Até se tivermos abundância material, ainda sentimos que estamos no deserto.

Podemos vê-lo na vida de hoje, também, através de nosso mundo desesperado. Julgando pelas taxas de divórcio, abuso de drogas e terrorismo, mais e mais pessoas estão infelizes. Elas sentem que a vida não é mais satisfatória. Crescemos e não nos conseguimos acomodar com aquilo que temos; aspiramos por mais. Nossa sensação é que esta vida é um deserto.

Se pudermos comparar nossas vidas a um deserto, devemos ordená-las correspondentemente para que possamos as atravessar em paz e chegar à terra de Israel. A palavra, Éretz (terra), significa Ratzon (desejo), e Yisrael (Israel) significa Yashar El (direito a Deus), então estou direcionado somente para a revelação da Divindade.

Para tal, devemos usar a sabedoria da Cabala. A Cabala é um método para revelar o Criador para as criaturas neste mundo. “Alcançar a terra de Israel” significa corrigir nosso desejo para um estado onde descobrimos o Criador e o mundo espiritual aqui e agora, como está escrito, “Vereis vosso mundo na vossa vida”. *

A Torá oferece-nos instruções, nos contando que se seguirmos as fases descritas na porção, atravessaremos o deserto em paz e alcançaremos a revelação da Divindade. Este é o propósito de nossas vidas; somos feitos e destinados a obter esta revelação. Assim, devemos ver todas as regras e conselhos na porção como correções internas que devemos descobrir e seguir.

Nossas “doze tribos” são nossa própria vontade de receber. Isto é, elas são nossas qualidades internas que devem ser ordenadas de acordo com o Yod-Hey-Vav-Hey, pelas três linhas. Essa é uma estrutura de nossas almas — CHBD-HGT-NHY. O sacerdote, Levita e Israel são CHBD. Abraão, Isaac e Jacó, Moisés, Aarão, José e David são a estrutura das qualidades da alma e nos devemos definir a nós mesmos em concordância.

À extensão que corrigirmos nossos desejos, gradualmente chegamos a um estado onde descobrimos as fases de “caminhar no deserto”. Nesse processo obtemos as qualidades de doação, Biná. Aquando da conclusão da “caminhada”, alcançamos o estado de Moisés – agora, somos leais pastores. Isto significa que nos elevamos ao grau de fé, doação e completude. Quando o Moisés em nós morre, tendo concluído seu trabalho, esse grau permanece “do outro lado do Jordão”. É então que nos mudamos para a terra de Israel e a começamos a conquistar.

No deserto, bem como na ocupação da terra, há Klipot e  lutas. No deserto, só adquiríamos a  nova qualidade de doação sobre nossa vontade de receber. Nos elevámos acima da vontade de receber. Mas na terra de Israel, devemos conquistar a terra. Quando entramos na terra de Israel, literalmente invertemos nossa vontade de receber da recepção para o desejo de doar. A ocupação é gerir nossos egos na forma de doação e amor.

A porção explica a abordagem para as primeiras grandes correções que experimentamos no nosso caminho espiritual. O processo inteiro de nossa correção se divide em duas partes: o deserto e a terra de Israel. Nossa jornada através do deserto durante os quarenta anos é Malchut subindo a Biná, simbolizado pela letra Mem, que é quarenta em Guematria (valores numéricos dados a cada letra no alfabeto Hebraico).

De Biná, subimos ao grau de Kéter, conquistando a terra e construindo o Templo. É então que o coração se torna um Kli (vaso) para a recepção da luz, a revelação da Divindade. Isto é chamado Beit HaMikdash (Casa do Templo, ou simplesmente o Templo).

 

Perguntas e Respostas

Porque começa a porção com a necessidade de nomear cabeças das tribos e contar todos dos vinte anos de idade para cima?

Este processo representa uma pessoa ter de escolher que princípios seguir. Somos somente desejos de receber, mas também temos um pouco do desejo de doar do alto. Isso é chamado “uma porção de Deus do alto” (Jó 31:2). Esse é o princípio da alma.

Usando o princípio desta alma como cabeça e começando a gerir nossa vontade de receber geral para a doação, amor pelos outros, Arvut (garantia mútua), “ama teu próximo como a ti mesmo”, * e “aquilo que odeias, não faças ao teu próximo”,** dividiram esta massa de nossa vontade de receber adequadamente. Ela seguirá uma ordem de tribos, milhares e dezenas. Esta divisão também acontece dentro de cada tribo – em sacerdote, Levita e Israel.

Os sacerdotes e levitas que os ajudam são separados das tribos. Eles servem somente nossas necessidades espirituais. É por isso que são considerados a “cabeça coletiva”. Através desta psicologia interna, distinguimos o que é importante, o que não é e gradualmente nos corrigimos, onde o secundário se junta ao principal e o segue.

Presentemente, não conseguimos sentir esta divisão. Mas à medida que trabalhamos sobre nós mesmos, começaremos a sentir que nossa vontade de receber não é meramente um desejo, mas consiste verdadeiramente de doze tribos – homens, mulheres, crianças, animais, o deserto e outras partes – até o mundo inteiro.

Descobriremos que nossa vontade de receber está dividida em graus: inanimado, vegetativo, animado e humano. O inanimado, vegetativo e animado compõem o mundo circundante. O humano, é claro, são pessoas. Nos desejos que pertencem ao grau humano, temos livre arbítrio e podemos geri-los. É assim que devemos separar nossos desejos para que possamos avançar.

Dentro de nós, nada há senão desejos e instruções. As instruções são a Torá – a sabedoria da Cabala como a Torá interna. Separamos os desejos para que cada desejo, que é o falante, o Kli (vaso) que foi levado do Egito, seja corrigido em um Kli que pertença à terra de Israel, ao Templo e em prol de doar, em direção do amor.

De O Zohar: A Contagem e o Cálculo

E, todavia, o mundo não foi enraizado na sua raiz até que Jacó gerou doze tribos e setenta almas e o mundo foi plantado. Contudo, ele não foi completado até que Israel tivessem recebido a Torá e

o tabernáculo tivesse sido estabelecido. Então os mundos persistiram e foram completados e os superiores e inferiores foram perfumados. Zohar para Todos, BaMidbar (No Deserto), Item 6

Abraão, Isaac e Jacó são as três linhas. A linha direita é Abraão e sua Klipá (casca/pele) é Ismael. A linha esquerda é Isaac e sua Klipá é Esaú. A linha do meio é Israel e sua Klipá é frequentemente referida como a “multidão misturada”. Temos de gerir esta ordem através da Torá, nomeadamente pelo estudo adequado da sabedoria da Cabala, onde a luz está oculta, pois esta é a Torá da luz, como está escrito, “A luz nela os reformaria”. *

Se verdadeiramente nos queremos corrigir e nos ver ordenados e corrigidos como a Torá descreve, em três linhas, devemos estudar para que a luz nos influencie. Estamos divididos de tal maneira que na esquerda temos o ego e na direita temos a luz da Torá que reforma. Quanta mais da luz da Torá reforma o ego de acordo com nosso trabalho, a linha do meio – que inclui estas duas forças – acumula e subjuga o ego para o governo da luz. Assim, um Kli é formado no qual o poder do Criador, a luz superior, aparece.

Constantemente adicionamos ego à correção, usando uma luz maior que aparece. Deste modo, subimos a linha do meio, a linha de Jacó. Assim, antes da chegada de Jacó, não há correspondência entre o Homem e a força superior, o mundo superior. Assim que colocamos o Abraão, Isaac e Jacó internos na ordem destas três linhas, começamos a corresponder com a força superior e a trabalhar com ela em reciprocidade.

O que precisa uma pessoa de fazer até que estes discernimentos se desenvolvam?

Precisamos seguir à letra o que os Cabalistas escrevem: estudar em um grupo com amor de amigos. Nossas três fontes principais são O Livro do Zohar, os escritos do ARI e os escritos de Baal HaSulam. Internamente, devemos seguir somente o que está escrito nestes livros.

Porque foi Israel mandada nomear homens que serviram no exército e que tivessem vinte anos de idade ou mais. Ter vinte anos de idade na espiritualidade significa que um é adequado para os negócios “concretos”. Ibur (concepção), Yeniká (nutrição/infância) e Môchin (maturidade/idade adulta) são as três fases pelas quais crescemos. É como um feto que nasce passados nove meses que começa a crescer. As fases do crescimento espiritual são idênticas – da infância à maturidade. A infância espiritual termina aos treze anos.

Na espiritualidade, Ibur é um grau muito alto: nos tornamos completamente anulados no superior, incluídos nele como uma gota de sémen, enquanto  o  superior  a  nutre.  Para  a  luz nos influenciar, devemos nos cancelar a nós mesmos como se não existíssemos. Se queremos atrair a luz para que ela nos eleve, devemos aprender com um grupo e fazer parte dele; devemos querer o bom meio ambiente e a luz que vem através dele para nos influenciar. Deste modo avançamos em fases que podem durar menos que nove meses. Tudo depende de nossos esforços.

Quando nascemos, nossa vontade de receber já é maior que a de nossos predecessores. Desenvolvemos em consciência e entendimento até que estejamos nos treze anos e daí continuamos até aos vinte. Aos vinte, não somos meramente crescidos; em vez disso, podemos ser donos de nossa terra. “Terra” refere-se à maior, mais baixa, mais básica vontade de receber. Doravante, estamos prontos para toda a correção interna.

Há uma conexão entre os graus espirituais de Levi (Levita) e Cohen (sacerdote) e pessoas cujo último nome assim é?

Não, os papeis de Levi e Cohen aparecerão de acordo com nosso nível espiritual, não pelo seu apelido. Na espiritualidade, o filho de uma pessoa indica um resultado de um grau espiritual pois a sabedoria da Cabala fala somente de graus espirituais. No mundo físico, não podemos saber quem é um sacerdote, quem é levita e quem é Israel. Tudo isto aparecerá a devido tempo.

Estabelecer o Templo será possível somente depois de nos corrigirmos e restaurarmos o Templo nos nossos corações. Então, como com Bezalel, seremos capazes de construir a estrutura externa a partir de nossa realização e entendimento. Quando somos sábios de coração e nossos corações estão cheios da luz de Chochmá (sabedoria), a revelação da Divindade, saberemos que ação externa tomar através de nossas sensações. No Templo haverão sacerdotes, Levitas e Israel e cada um de acordo com o seu grau.

Esta porção foca-se na tribo de Levi; o que há de tão especial nela?

Está escrito sobre Israel em relação às nações do mundo: “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo 19:6). Falando na generalidade, neste mundo nos é exigido somente reconhecer o negativo, nos tornarmos sensíveis ao que é mau e o corrigir para ser bom. À medida que descobrimos que nossa natureza é má, nos queremos livrar a nós mesmos dela. Mas nosso problema é a educação – de nós mesmos e dos outros.

Deste modo, o único papel dos sacerdotes e Levitas é educar o povo. Os sacerdotes conectam-se a um grau mais alto e trazem de lá a luz que reforma em prol de a passar para os Levitas, que então a passam ao povo. Logo, cada grau, cada Partzuf espiritual, se divide em três partes: CHBD, CHGT, NHY, que são Cohen (sacerdote), Levita (Levi) e Yisrael (Israel).

Os Levitas não têm lote pois o Criador é seu lote. Eles estão em Dvekút (adesão) com um grau mais alto, a força superior. Eles não têm desejo seu, que precisem de corrigir. Eles alcançaram um nível de correção onde sua vontade de receber se direciona inteiramente para doar. Por esta razão, eles estão anexos à força superior. Através dos Levitas, nós – Israel, que estão em um grau mais baixo – podemos receber a luz e a direção para o progresso.

Há um sentido na ordem das porções e se assim for, isso diz respeito ao nosso desenvolvimento espiritual?

Sim, é como nosso mundo está dividido. No nosso mundo, bem como no mundo espiritual, há termos, alturas do ano que são divididas em porções. Tudo possui uma força única. Assim, cada semana tem sua própria porção pois há uma força especial que atua do alto correspondentemente. À medida que avançamos de porção em porção, nos corrigimos.

Deste modo, como raiz e ramo, este estado também ocorre no nosso mundo. Não se deve misturar as porções; cada uma deve ser lida no seu tempo adequado. Logo, você não pode ler a porção, Bamidbar (No Deserto), em Rosh Hashaná (A Noite de Fim de Ano Judaico), nem pode ler durante o inverno uma porção que é para ser lida no verão.

Por vezes quando lemos uma porção, parece que não nos é mais relevante.

Não tratamos as porções como estando no passado. A Torá é a lei da vida. Para alcançar a fonte da vida, devemos assumi-lo sobre nós mesmos.

A Torá foi dada somente para que descobríssemos o Criador e nos apegássemos a Ele.

Qual é o sentido do “alarido” a respeito do tabernáculo: se levantar, partir, viajar e se encontrar ao seu redor?

Ele é o Kli sagrado, corrigido dentro de nós. Nós focamos todos nossos desejos, discernimentos, inclinações e qualidades em um estado de doação, que é semelhante ao Criador, a força de doação, o bom que faz o bem. Tentamos corrigir e trazer-nos a um estado onde nosso núcleo, nossa esperança, nosso ser inteiro tem algo no interior que é semelhante à força superior, para que a luz superior venha e nos corrija para esse estado.

O “tabernáculo” na realidade é a alma do homem. Se, a partir da nossa vontade de receber egoísta, corrigimos uma parte para que ela se direcione para doar, sentimos o Criador nessa parte. Essa parte é chamada “uma alma” e o que a preenche é a revelação do Criador.

O trabalho da correção torna-nos um tabernáculo e rodeia-nos no tabernáculo. Nós, de fato, nos devemos tornar a nós mesmos no Templo.

O quê ou quem é o pastor na porção?

Um “pastor” é o grau de Moisés, o leal pastor. Nós devemos escolher este grau cada momento, pois em cada junção temos de escolher o que nos conduz e para onde, de que se tratam nossas vidas, quem é nosso pastor e a quem devemos seguir com nossos desejos e pensamentos.

Nossa correção é caminhar em um caminho conhecido como “a Torá, Israel e o Criador são um”. Se queremos ser Israel, devemos seguir a luz que reforma. Quando a seguindo, a luz nos traz à qualidade do Criador, como está escrito, “Retornai, Ó Israel, ao Senhor vosso Deus” (Oseias 14:2).

Devemos decidir que precisamos dessa qualidade de doação e amor absoluto. Esta é a única razão pela qual a Torá nos foi dada e é isto que recebemos quando a usamos. Foi dito sobre isso, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”, * pois “a luz nela os reformaria”**.

O que reforma é o Bom que faz o bem, a qualidade de doação e amor que adquirimos. Alcançamos essa qualidade no interior, não em certa imagem fora de nós. Percebemos dentro de nós a qualidade doação e amor a que chamamos Boré (Criador), nas palavras Bô Re’éh (venha e veja).

Esta orientação aparecerá no nosso mundo em um estado mais corrigido e se assim for, como?

É claro que a orientação aparecerá. Hoje, o mundo cai em uma crise global e sentimos que estamos verdadeiramente no deserto. Este deserto nos empurrará para avançar somente para a terra interna de Israel, porque este é o propósito inteiro da crise global.

 

Termos

Tribos

“Tribos” são uma parte da vontade de receber, que está dividida em CHBD, CHGT, NHY. Em todas elas, há HaVaYaH (Yod-Hey-Vav-Hey) e HaVaYaH vezes três é doze. Nossa vontade de receber está dividida em doze partes que, quando corrigidas, são chamadas “tribos”.

O Santo dos Santos

“O Santo dos Santos” é GAR de Biná, a qualidade absoluta de doação.

Exército

O “exército” é todos os desejos que se podem juntar à cabeça, fé, o pastor.

Bandeira

Uma “bandeira” é a tarefa que eu assumo. Cada parte e cada grupo nas doze tribos tem sua própria bandeira, que indica como cada parte progride e se corrige. A bandeira é única para cada tribo, daí que a divisão em doze tribos permaneça até depois de alcançarem o desejo corrigido, a terra de Israel.

Tabernáculo

O “tabernáculo” é onde eu corrijo minha vontade de receber para a direcionar para doar. Este é o lugar melhor e mais importante para nós.

Levita

“Levitas” são os assistentes dos sacerdotes. Seu papel é coordenar a parte sagrada no homem com a parte corrupta e corrigir a parte corrupta ao a juntar através de si mesmos à parte sagrada.

Deserto

O “deserto” é a vontade de receber que deve ser corrigida. Ele é um desejo no qual vemos serpentes marinhas, escorpiões e problemas. Nesse desejo nada temos com o qual nutrir nossas almas. Logo, devemos tornar o deserto na terra de Israel. Avançamos do deserto para a terra de Israel, mas de fato, é o Egito que se tornou um deserto e o deserto se tornou a terra de Israel. Permanecemos sempre dentro de nosso desejo, que corrigimos mais e mais até ao fim da correção.

A Terra de Israel

“A terra de Israel” é o desejo corrigido. O desejo que corrigimos é inteiramente Yashar El (direto a Deus), totalmente direcionado para doar contentamento sobre o Criador, como Ele doa sobre nós. Nós estamos ambos em Dvekút (adesão), doando um ao outro.

AcamparEnquanto avançamos de fase para fase, precisamos fazer paragens, como em Chanucá. Há muitas paragens na jornada no deserto. Acampamentos são ascensões e descidas, a atração da luz de Chassadim face à luz de Chochmá.

 

* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

** Talmude Babilônico, Maséchet Berachot, 17a.

*** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Maséchet Shabat, 31a.

***** Midrash Rába, Eichá, Introdução, Parágrafo 2.

****** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

******* Midrash Rába, Eichá, Introdução, Parágrafo 2.

BeHukotai (Nos Meus Estatutos)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 26:3-27:34)

 

Sumário da Porção

A porção, BeHukotai (Nos Meus Estatutos), lida principalmente com o tópico da recompensa e punição para os filhos de Israel de acordo com se eles seguem ou não os caminhos do Criador. Está escrito, “Se caminhais nos Meus estatutos e mantiveres MEUS mandamentos e os fizeres” (Levítico, 26:3). A porção começa com a apresentação da recompensa: “Então Eu vos darei chuvas na sua época, para que a terra produza e as árvores do campo gerem seu fruto” (Levítico, 26:4).

Oposto a isso está a apresentação da punição: “Mas se não Me obedecerem e não levarem a cabo todos estes mandamentos” (Levítico, 26:14), “Eu nomearei um terror sobre vós: a tuberculose e a malária”, (Levítico, 26:16), e a pior punição de todas, o exílio.

Se o povo de Israel se arrepender, o Criador promete recordar-se da aliança que Ele fez com eles e os perdoar. Está escrito, “Todavia apesar disto, quando eles estão na terra de seus inimigos, Eu não os rejeitarei, nem os abominarei para os destruir, quebrando Minha aliança com eles; pois Eu sou o Senhor seu DEUS” (Levítico, 26:44). A porção termina com leis adicionais que dizem respeito a votos, ostracização, dízimo e outras.

 

Comentário

O assunto da recompensa e punição não foi apresentado no princípio da Torá pois não o conseguimos compreender a menos que tenhamos livre arbítrio. Sem esta habilidade, é inútil para nós recebermos instruções neste assunto. Primeiro, devemos aprender as leis e julgamentos. Então, se as mantivermos, seremos recompensados. E se não, seremos punidos.

Não podemos ser punidos em avançado, pois primeiro precisamos alcançar o grau espiritual de alternar de ódio sem fundamento para o amor fraterno, para “Ama teu próximo como a ti mesmo”, que é toda a Torá. É deste modo que devemos caminhar: devemos corrigir nossas inclinações do mal e as transformar em boas inclinações através da luz que reforma. ** Alcançamos isto ao estudar a sabedoria da Cabala, a sabedoria da luz.

Uma  pessoa  vulgar  não  tem  livre  arbítrio;  em  vez disso,  tal  pessoa  é  “gerida”   pelos Reshimô (lembranças). Estes são desejos e pensamentos que despertam no interior sem a sua consciência da sua origem. As pessoas simplesmente querem as coisas sem saberem as origens de seus desejos, vivendo suas vidas com a meta de satisfazerem o desejo que desperta no interior, sem qualquer habilidade de governar ou se elevarem acima destes Reshimô, estes pedaços de informação.

Tais pessoas não conseguem escrutinar e separar suas vontades, como está escrito, “E não seguireis vosso próprio coração” (Números, 15:39). Em vez disso, eles seguem seus instintos como parte do processo de desenvolvimento. Este tipo de trabalho não requer recompensa ou punição. É por isso que está escrito, “Eles são como bestas” (Salmos, 49:13).

Começamos a desenvolver-nos através da Torá ao estudar a sabedoria da Cabala e atrair a luz que reforma, assim corrigindo o coração. O “coração” são todos os desejos que devemos corrigir       de direcionados a receber para nós mesmos para direcionados a doar, a amar os outros, a favor do mundo e em equivalência de forma com o Criador, enquanto procuramos similaridade com Ele, para nos tornarmos bom como Ele é.

Contudo, não sentimos esta bondade pois ela está escondida de nós. Através de nossos egos, sentimos tudo como mau como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”. * Deste modo, nos é requisitado ganharmos abrangente conhecimento e experiência em prol de nos corrigirmos para controlarmos nossas inclinações e pensamentos, para direcionar essas luzes, essas forças superiores e as conectarmos com a abordagem certa em mutualidade e parceria com o Criador.

Ao assim fazermos, aderimos ao Criador, nos conectamos com Ele, compreendendo o propósito da Criação, tudo o que está a acontecer e o processo que devemos atravessar.

No mundo físico, ensinamos crianças até que elas tenham cerca de vinte anos de idade. De acordo com a Torá, aos vinte anos uma criança está pronta para tudo, ao contrário dos treze. Aos vinte anos de idade podemos controlar todas as coisas e estarmos no nosso próprio direito. Esse grau dá- nos a habilidade de suportar qualquer correção na espiritualidade, de enfrentar a recompensa e a punição.

Não podemos dizer a alguém que nada sabe, “Seja cuidadoso ou será punido”. Essa pessoa é como uma pequena criança que não faz ideia do que lhe está a ser pedido. Deste modo, recompensa e punição requer séria preparação.

Esta porção vem depois de uma pessoa ter atravessado imenso – a saída da Babilônia, o desenvolvimento que conduz ao exílio no Egito, a recepção da Torá e assim por diante. Seguindo a instrução no deserto, aparentemente subimos um pouco acima do ego e gradualmente alcançamos o estado de recompensa e punição.

Hoje, o mundo inteiro está envolvido em um processo e um sistema que são, de fato, recompensa e punição. Todas as 613 Mitzvot (mandamentos) são para corrigir o mal em nós para com os outros. Devemos inverter este padrão e nos tornarmos considerados somente dos outros pois somente do amor pelo homem alcançamos o amor pelo Criador.

Muitas pessoas duvidam que se corrigirem sua atitude para os outros, tal como em “Ama teu próximo como a ti mesmo”, a grande regra da Torá, todos os problemas e enfermidades e todo o mal no mundo venham a ser corrigidos. Podemos prevenir tais doenças e pragas ao corrigir nossas relações? O clima subitamente mudará para o melhor e viveremos no paraíso? Qual é a ligação entre tratar os outros bem e uma boa vida em todo o sentido e em todos os níveis?

É simplesmente assim que funciona – manter a lei, “ama teu próximo como a ti mesmo”, corrige todas as coisas; não há outras Mitzvot (mandamentos). Todas as 613 Mitzvot são os 613 desejos de nossa alma. Elas aparecem quando começamos a corrigir e a nos elevar acima de nossas “bestas” na correção do humano em nós, no nosso desejo de conectar com os outros, de lhes dar abundância, desejando nos elevarmos acima de nós mesmos em prol de descobrir o Criador.

À medida que começamos a conhecer os 613 desejos da alma, descobrimos que todos eles são maus. É por isso que dizemos nos dias dos Slichot (pedir perdão, dias especiais antes de Yom Kipur [Dia da Expiação]) e em Yom Kipur, “Nós somos culpados”, “Nós estamos em falta”, sem entender de onde todo este mal veio.

À medida que descobrimos nossas almas, primeiro descobrimos que elas estão quebradas. Foi assim que as recebemos pois “Eu criei a inclinação ao mal”. * Se corrigirmos estes desejos, não precisaremos de corrigir mais coisa alguma e todos os nossos problemas desaparecerão.

Está escrito nesta porção que se seguirmos esta instrução, teremos amplas chuvas quando necessário, boa saúde e sucesso em todas as coisas que fizermos. Seremos abençoados em tudo. Parece perplexo que haja uma conexão entre a chuva e bom comportamento, especialmente se falamos sobre como tratamos os outros. E, todavia, esta é a solução para todos.

De acordo com o desenvolvimento da humanidade, agora estamos a começar a tomar controle sobre nossos destinos, algo que não tínhamos anteriormente. É surpreendente pois sempre nos desenvolvemos através de desejos que apareciam do interior.

Hoje, contudo, estamos a avançar para uma situação muito especial onde o próximo grau nos está a aparecer, o grau do mundo “redondo” e integral, onde todos estão interligados e onde a obrigação de ser “como um homem com um coração”* está a aparecer.

Pela primeira vez na história, devemos implementar esta lei e não só em Israel, mas por todo o mundo. Desta forma, devemos falar sobre ela e explicá-la a todos, aprender e ensinar e nos tornarmos a “luz para as nações” (Isaías, 42:6). Devemos transmitir a luz que corrige a inclinação ao male é assim que o mundo inteiro alcançará a correção desejável.

 

Perguntas e Respostas

Se eu posso ver e sentir a recompensa ou punição, não há necessidade de explicar. Se erroneamente coloco minha mão no fogo, naturalmente a vou retirar de lá. Mas se não puder ver ou sentir a transgressão, qual é o sentido de a explicar? Eu não consigo manter aquilo sobre o qual não sei, então para que servem a recompensa e punição e para quem é a explicação?

Não falamos sobre colocar nossas mãos no fogo. Falamos sobre corrigir nossos desejos egoístas. Cada desejo nos atrai para aquilo que parece como bom para que lucremos às custas dos outros, nos consideremos somente a nós mesmos e nunca pensemos naquilo que acontece fora de nós. É assim que nos sentimos naturalmente, nomeadamente, que o mundo foi criado para meu próprio prazer. Mas a Torá requer o oposto – que nos elevemos acima do ego e transformemos nosso desejo em “Ama teu próximo como a ti mesmo”.

É por isso que devemos estabelecer garantia mútua entre nós, que foi a condição prévia inicial para a recepção da Torá. Garantia mútua significa que pensamos em todos e os creditamos. Garantia mútua é como assinar por todos e ser responsável pelo que cada pessoa faz. Isso pode soar irracional, mas este é o grau e a correção que devemos eventualmente alcançar.

O mundo está a avançar. Cada dia descobrimos que ele está a mudar, a avançar para estas exigências de nós. A Torá explica que se fizermos isto, as coisas serão boas e se não fizermos, seremos punidos. E se formos completamente indignos, seremos exilados.

“Exílio” é separação completa, um estado onde um vive uma dura vida, separado e atormentado. Estes tormentos são como os tormentos de Faraó, nos conduzindo de volta à meta, como foi dito sobre Faraó, que “trouxe os filhos de Israel mais perto de nosso Pai nos céus”. * Deste ponto em diante, tentamos novamente subir ao grau de escolha.

É melhor se aprendermos em avançado o que fazer e como e de que depende esta elevação. Precisamos aprender a lei geral da realidade usando a sabedoria da Cabala, que explica como as forças atuam sobre nós, como estão elas definidas e como elas nos educam como embriões e como crianças em crescimento.

Enquanto avançamos para esse estado, devemos assumir sobre nós mesmos as leis da vasta realidade e as mantermos consciente e voluntariamente. Em outras palavras, temos de mudar nossos desejos, como está escrito, “Fazei do vosso desejo como o SEU”. **

O mundo está em um estado muito difícil hoje. Se olharmos para onde estamos e o que nos espera pela frente, nos sentiremos obrigados a fazer esse salto de fé e espalhar a sabedoria da Cabala.

De O Zohar: Se Caminhares nos Meus Estatutos

“Se caminhares nos Meus estatutos”. “Nos Meus estatutos” é Malchut, o lugar do qual as sentenças da Torá dependem, como está escrito, “Meus estatutos mantereis vós”. Malchut é chamada “lei”. As sentenças da Torá estão incluídas nela. “Minhas ordenanças mantereis vós”. Uma ordenança é outro, alto lugar, ZA, ao qual o estatuto, Malchut, se agarra. Logo, superior e inferior se juntam. Os estatutos em Malchut estão nas ordenanças em ZA e todas as Mitzvot (mandamentos) e todas as santidades na Torá estão agarradas a estes ZA e Malchut, dado que a Torá escrita é ZA e a Torá oral é Malchut. Zohar para Todos, BeHukotai (Nos Meus Estatutos), item 16

Malchut é chamada a “Assembleia de Israel” pois ela se assemelha a todas nossas almas. Ela é também chamada Shechiná (Divindade) pois o Criador Sochen (reside) nela. Ela se torna revelada pela lei de equivalência de forma.

O Criador é chamado, “O Sagrado Abençoado Seja Ele”, Zeir Anpin. Para Malchut, ele é o superior, e o superior é sempre considerado o “emanador”. Nosso trabalho é somente corrigir Malchut (reinado/realeza), como está escrito, “Para corrigir (também estabelecer) o mundo no reino de Shadai (o Senhor)” .*

O mundo está oculto e devemos revelar todas as coisas. Shadai significa Shê Dai (suficiente), ou seja, “sob limitações”. Quando Malchut se segura a Zeir Anpin, haverá um Zivug (acasalamento), uma conexão entre eles. Isto conectará o Criador e a Shechiná, Zeir Anpin e Malchut, lei e ordenança, a Torá escrita e a Torá oral.

Esta não é a Torá que conhecemos como livro impresso ou como texto no pergaminho. Em vez disso, a Torá é a revelação do Criador para nós, Suas criaturas. De acordo com nosso nível de revelação, temos a Torá escrita e a Torá oral, seja no nível de Malchut ou no nível de Zeir Anpin. O Zohar relaciona-se a nossa ascensão de almas espalhadas nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá, à coleção de nossas almas, desejos e anseios de revelar o Criador e nos elevarmos a Seu grau quando todos nos reunimos em Malchut, a Assembleia de Israel. Pela força de nosso desejo de estarmos juntos, obrigamos Malchut a se elevar a Zeir Anpin e se unir com ele. É assim que alcançamos Dvekút com o Criador.

A recompensa e punição indicam que não agimos de acordo com as leis da Natureza, então a Natureza atua contra nos desfavoravelmente?

Vivemos em um mundo que construímos para nós mesmos. Até agora nos encontramos bem diante da luz de Ein Sof (infinito). O mundo é uma projeção de nossas próprias qualidades. O Criador preenche todas as coisas; somente sentimos o mundo e os outros como externos. Isto é, sentimos nossas próprias qualidades – inanimado, vegetativo, animado e falante – projetando várias sombras sobre a luz abstrata, que vemos como a imagem do mundo. Não fazemos ideia de quão verdadeiramente imersos estamos nesse retrato, na charada.

Construímos nossos mundos pessoais nós mesmos. A sabedoria da Cabala escreve com frequência sobre isso, tal como o “Prefácio ao Livro do Zohar” de Baal HaSulam e no Portão para as Intenções do ARI.

Hoje, até a ciência diz que na medida em que nos corrigimos, veremos um mundo oposto. Se mudarmos uma das nossas qualidades de má para boa, veremos um mundo diferente. É assim que corrigimos todos os desejos que a luz que reforma nos mostra. É claro, é impossível corrigi-los sozinhos, mas podemos pedir a correção e simpatizar com ela, assim alcançando o estado corrigido.

Em outras palavras, o grau animado no qual a humanidade presentemente se encontra deve falecer e se elevar a um grau mais alto, chamado “Adam” (humano). Somente então vamos compreender o que recompensa e punição são verdadeiramente e os sentirmos.

Quando e como tomará lugar essa transformação?

Isso acontecerá somente ao disseminar a sabedoria da Cabala, como escrevem os Cabalistas. Foi por isso que os Cabalistas a esconderam até agora, como escreve Baal HaSulam no seu ensaio, “A Hora de Agir”. Hoje, devemos disseminar a sabedoria e nos corrigirmos enquanto trabalhando pela correção do mundo, assim sendo uma “luz para as nações”.

É este o fluxo natural da humanidade?

É claro, nós temos de o fazer. É o futuro de toda a humanidade. Em um futuro próximo, todos nós teremos de fazer essa mudança. Primeiro, o povo de Israel vai dissipar o antissemitismo e a atitude negativa para Israel que prevalece no mundo hoje.

Na realidade, antissemitismo é uma atitude natural que só vai piorar enquanto o ego cresce na humanidade e o povo de Israel atrasa a correção. Israel será culpada pelo mundo não estar em uma boa   condição.   Isso   está   ordenado   dessa   maneira   do   alto.   O   mundo   está   a   senti-   lo inconscientemente e nós estamos a testemunhar reflexos dessa acusação em uma base diária.

De O Zohar: Sete Vezes Mais pelos Vossos Pecados

O amor sublime do Criador por Israel é como um rei que tinha um filho único que pecou diante do rei. Um dia, ele pecou diante do rei. O rei disse, “Todos esses dias Eu vos tenho golpeado, mas não haveis recebido. Doravante, vede o que farei por vós. Se Eu vos expulsar da terra e vos levar para fora do reino, ursos podem vos atacar no campo, ou lobos selvagens ou assassinos vos podem destruir do mundo. O que fareis? Em vez disso, vós e Eu sairemos da terra”.

“Vós e Eu sairemos da terra e iremos para o exílio”. Foi isto que o Criador disse para Israel. “O que farei convosco? Eu vos bati e vós não escutais; Eu trouxe inimigos em guerra e malfeitores sobre vós para os golpear, mas vós não escutais. Se Eu vos tirar somente a vós da terra, temo que vários ursos e vários lobos se levantem contra vós e vos destruam do mundo. Mas o que farei convosco? Assim, vós e Eu deixaremos a terra e iremos para o exílio, como está escrito, ‘E Eu vos punirei,’ ao ir para o exílio. E se vós disserdes que Eu vos abandonarei, Eu, também, estou convosco”. Zohar para Todos, BeHukotai (Nos Meus Estatutos), item 49-50

O supracitado texto não diz respeito ao exílio do pedaço de terra em que vivemos e chamamos “a terra de Israel”. Em vez disso, esse é o exílio da terra espiritual de Israel. A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo). Yisrael (Israel) vem das palavras, Yashar El (direito a Deus). Queremos corrigir todos os nossos 613 desejos um de cada vez, para que todos eles se direcionem Yashar El, em prol de doar, como o Criador.

Isso é chamado “estar na terra completa de Israel”. Enquanto quisermos corrigir nossos desejos para que eles sejam Israel, seremos dignos de estar nesses desejos, bem como na terra física de Israel. Baal HaSulam escreve que recebemos a terra de Israel e o estado de Israel em avançado, para que possamos começar a correção. Contudo, não a merecemos na realidade e se não levarmos a cabo a correção, ela nos será retirada.

 

Termos

Recompensa

Uma recompensa é tudo o que todos queremos. Um não pode dar aos outros algo que eles não querem. Uma “recompensa” é o objeto de nossos desejos. É avançar para o nosso destino. Não podemos estar noutro lugar porque estamos a corrigir no desejo, então o movimento em si mesmo é a recompensa, como está escrito, “A recompensa de um Mitzvá (mandamento) – Mitzvá” .* A recompensa de um Mitzvá é conhecer o Metsavé (comandante). Conhecer significa conectar, como está escrito, “E Adam conheceu sua esposa novamente” (Gênese, 4:25).

Punição

“Punição” é o oposto de recompensa. É aquilo que ninguém quer ou gosta. Esse é um grau onde compreendemos que nosso progresso é recompensado e o oposto disso é punição. Recompensa e punição são egoístas, onde uma pessoa faz algo e recebe uma recompensa algures.

Temor

“Temor” significa ter medo de falhar corrigir. Tudo acontece devido a nossos esforços e nosso pedido da luz que reforma que venha e nos corrija. É possível que não tenhamos trabalhado o suficiente em prol de a atrair.

Sumário

Esta porção nota que a escolha está nas nossas mãos: Ora vamos para a recompensa ou para a punição. Se aprendermos o que precisamos fazer e se o mundo aprender, também, podemos ter sucesso e ter ambos os tipos de Torá, nomeadamente grandes luzes – a Torá escrita e a Torá oral, a luz de Chassadim e a luz de Chochmá que preenchem nossas almas. Assim, subiremos ao grau de eternidade e perfeição.

* Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

** “Ao se envolverem nela, a luz nela os reformaria” (Midrash Rába, Eichá, Introdução, Parágrafo 2).

*** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

**** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

***** RASHI, Êxodo, 19b.

****** “Quem fez com que Israel se aproximasse do seu pai nos céus? Foi Faraó, como está escrito, ‘E Faraó aproximou’” (Zohar para Todos, BeShalách (Quando Faraó Enviou), item 67).

******* Mishná, Seder Nezikin, Maséchet Avot, Capítulo 2, Mishná 4.

******** Likutei Moharan (Sermões selectos de Rabbi Nachman de Breslev), Parte 1, 17.

********* Mishná, Seder Nezikin, Maséchet Avot (Pirkei Avot), Capítulo 4, p 2.

BaHár (No Monte Sinai)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 25:1-26:2)

 

Sumário da Porção

A porção, Bahár (No Monte Sinai), lida principalmente com o que parecem ser leis das finanças. Ela começa com Moisés estar no Monte Sinai, recebendo do Criador o Mitzvá (mandamento de Shmitá (omissão do cultivo) da terra em cada sétimo ano e as Mitzvot (plural de Mitzvá) de Yovél (jubileu, 50º aniversário). O Criador dá Sua bênção para o fazer para que no sexto ano seja tão produtivo que produção suficiente cresça para durar para os próximos três anos, para observar as Mitzvot (mandamentos) de Shmitá e Yovél sem se preocupar com o sustento. Mais tarde, a porção detalha leis da venda de uma casa ou propriedade, redenção de uma casa ou de um campo de uma pessoa para outra, leis do lote dos Levitas, proibindo a venda de cidades ou casas que lhes pertençam, leis de venda de uma pessoa de Israel para a escravidão, como tratar tal pessoa e leis que proíbem ídolos, pilares e pedras figurativas.

 

Comentário

As leis que esta porção detalha são leis espirituais. Shmitá* é uma questão profunda e sagrada. Ela existe somente na terra de Israel, em um desejo direcionado para o Criador, em prol de doar, para o amor pelos outros. Um Shmitá pode ocorrer em um desejo somente no processo da correção da alma.

A alma consiste de seis Sefirot: Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód (CHGT NHY). A sétima Sefirá é como Shabat, Shmitá. Também, sete vezes sete são 49 e a Yovél (jubileu, aniversário do 50º ano) na contagem do Omer. Estes são graus que subimos.

Não podemos corrigir a sétima qualidade, Malchut, somente as seis qualidades incluídas nela. Deste modo, a deixamos e evitamos a correção e esta é a observação do Shabat, semelhante à observação do Shmitá. Depois das correções está um estado definido como “Aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat comerá no Shabat”, oposta a “E aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat, de onde comerá ele no Shabat? ” **

No Shabat, tudo o que um recebeu das correções feitas durante os seis dias de trabalho se torna verdade. A correção permeia o sétimo dia e aparece sobre ele. É por isso que no Shabat tudo é a dobrar: as refeições e os costumes, como é o caso com o ano de Shmitá. Nesse ano, uma pessoa deve trabalhar e viver de tal maneira que no fim do sexto ano haja colheita suficiente para durar no sétimo ano, durante o qual um não trabalha e também suficiente para o oitavo ano, até que novos cultivos sejam colhidos. É por isso que os lucros no sexto ano devem ser a triplicar o normal.

Quando subimos em graus enquanto corrigimos a alma, saltamos as três Bechinot (discernimentos),

Alef, Bet, Guimel e somente Bechiná Dálet (número quatro) aparece. É impossível corrigir Malchut; é somente possível saltar por cima dela pois ela coleta e  nos  dá  os  resultados  do  que  aconteceu anteriormente.

Não é que não façamos lucros no Shabat, Shmitá ou Yovél. Pelo contrário, há regras especificamente para esses anos, tornando-o possível vender, comprar e fazer outras correções que não podem ser feitas noutros anos. Especificamente, no sétimo ano e nos seus produtos (7×7), condições especiais aparecem onde se um tivesse trabalhado e ganho nos estados anteriores, o lucro é recebido agora. Estes não são anos de mãos-vazias, mas em vez disso um tempo de receber nossa recompensa pelo trabalho que demos.

Estas regras dizem respeito à Shmitá. A respeito da compra e venda de casas, devemos compreender que na espiritualidade, uma casa é o “embrulho” de uma pessoa. Nossa estrutura interna consiste de mocha (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bassar (carne/músculo) e Or (pele). Outro modo de o colocar é, Shoresh (raiz), Neshamá (alma), Guf (pele), Levush (veste) e Heichal (casa/salão). Levush é a vestimenta e Heichal é tudo o que está fora de nós.

Especificamente, durante Shmitá, é possível corrigir desejos muito grandes nesses graus, tais como vender casas, levitas, etc. Não é fácil alcançar esses graus, especialmente as leis que dizem respeito aos escravos israelitas: comprar e vendê-los, libertá-los da escravidão e entregar, ou fazer um ídolo e uma imagem, que é um alto grau.

Os graus de Shmitá e Yovél pertencem ao grau de Biná. Nossa correção inteira diz respeito a juntar Biná com Malchut. Biná é a qualidade de doação, conhecida como “desejar misericórdia”, enquanto Malchut é a vontade de receber egoísta, que inicialmente é corrupta. A meta é conectar as duas, como escrito sobre Rute e Naomi, “E as duas foram” (Ruth, 1:19).

A porção é chamada Bahar (No Monte Sinai) porque especificamente quando subimos para o Criador, para o grau de Biná, recebemos as leis do Shabat, Shmitá e Yovél, que simbolizam nossa vontade de receber egoísta com as qualidades do Criador, as qualidades de Biná.

O símbolo do Shabat, a Yovél e a Shmitá, é a conexão entre Malchut e Biná, quando Malchut é incluída no grau de Biná, a qualidade de doação. Dessa união – a conexão entre os graus de Biná e Malchut, enquanto proibindo tocar na vontade de receber e a corrigir – emergem todas as leis do Shabat, a proibição de realizar as 39 obras, as correções de Malchut.

 

Perguntas e Respostas

Com todos os esforços dos governos e economistas, não conseguimos resolver a crise global. Estamos sem sucesso à procura de uma solução. O que reflete a economia hoje?

A economia reflete nossos egos. Não trabalhamos adequadamente com nossos egos. Se os direcionarmos até ligeiramente para beneficiar os outros, conexão, amor, garantia mútua e compartilhamento, começaremos a sentir seu benefício em todo o reino da vida.

Devemos  compreender  que  as  leis  mencionadas   nesta  porção  foram  dadas  muito  antes   da económica moderna ter sido estabelecida. Nessa altura  não  haviam  bancos,  investimentos ou comércio multinacional. As pessoas viviam da terra. Então, subitamente, lhes foi dito que deixassem de amanhar suas terras e deixassem de colher seus cultivos.

Isto coloca uma questão existencial, aparentemente derivando de uma abordagem irracional para o mundo. Ela deriva do fato de que não seguimos as regras das nações, mas a regras de Israel. “Israel” significa Yashar El (direito a Deus). É por isso que devemos realizar correções sobre Malchut depois de sua conexão com o grau de Biná, com a qualidade superior de doação, com a luz superior. Devemos deixar a luz superior trabalhar.

Em um ano de Shmitá, deixamos nosso desejo e não o corrigimos. A menos que recebamos poderes do alto, não teremos força para o corrigir. Deste modo, devemos corrigir o grau no qual a luz dá de um alto grau, de Biná e nos preenche. Somente então podemos corrigir os desejos na alma usando estas seis qualidades, CHGT NHY. Novamente, devemos ser preenchidos pelo grau de Biná, receber o poder dela e subsequentemente nos tornarmos corrigidos.

Deste modo, como mencionado acima, Shabat vem como resultado dos seis dias de trabalho: “Aquele que não trabalhou na Véspera de Shabat, de onde comerá ele no Shabat?” Além do mais, isso “carrega-nos” com força para a semana seguinte, para a próxima correção, o próximo grau. Cada semana é um novo grau e o mesmo serve para Shmitá. As omissões não significam que comemos aquilo que semeamos mais cedo. Em vez disso, ela é um sumário do anterior, uma preparação para o próximo grau, os seis anos à frente. Se mantivéssemos isto na espiritualidade, estaríamos em uma situação maravilhosa.

Que conselho prático podemos dar aos economistas para melhorar a situação?

Podemos melhorar a situação somente através de trabalho interno, quando temos uma necessidade genuína para corrigir nossos desejos e os elevar ao grau de Biná, “desejar misericórdia”, ou pelo menos para a atitude, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. *** Desse modo, podíamos pelo menos evitar prejudicar ou explorar os outros. Mas idilicamente deve ser “Ama teu próximo como a ti mesmo”. ****

A que se parecerá a nova economia em um futuro próximo?

Nada pode ser feito neste momento, pois a situação económica na Europa, por exemplo, é muito má. Correções são possíveis, mas somente ao educar primeiro.

Primeiro, precisamos reeducar as pessoas através de Educação Integral, que explica a circularidade da Natureza e nossa interconexão. Ao compreender isto, estabelecemos a primeira condição: Arvut (garantia mútua).

Precisamos elevar o entendimento da humanidade nas áreas seguintes: o que nos está a acontecer, o tipo de mundo em que vivemos, os desafios que enfrentamos, porque nos são eles enviados e por quem, porque devemos nos corrigir especificamente desta maneira, o que ganhamos com isso e se temos livre arbítrio na matéria.

Como podemos fazer este trabalho?

Nós  precisamos  o  fazer  através   de  nossas  relações  com  os  outros.  Nós   precisamos  criar    a infraestrutura a  partir  de  nossos  desejos  corrigidos  para  os  outros,   como   os   outros farão, mutuamente, para que a Divindade apareça nesses desejos.

Então em prol de solucionar problemas económicos na nova era, primeiro devemos construir uma infraestrutura social pelo mundo?

Sim, porque inversamente nada acontecerá. Como podemos ver, pelo mundo ninguém consegue chegar a qualquer acordo. Não há sequer planos ou fantasias de alcançar um. O mundo não sabe como solucionar a situação e existe somente ao acumular dívida.

Como você “traduz” as leis especificadas nesta porção em uma infraestrutura social?

Estamos a falar de desejos em Shoresh, Neshamá, Guf, Levush e Heichal, ou Mocha, Atzamot, Gidin, Bassar e Or. Nosso mundo é somente uma réplica dos desejos corrompidos sobre a luz. Semelhante às imagens a preto e branco que vemos nos filmes. Preto é a ausência do branco. Somos nós que lançamos sombra sobre a luz e a escurecemos. Precisamos nos neutralizar para que tudo seja luz e então seremos capazes de nos manter em um mundo completo e eterno.

De O Zohar: Então A Terra Terá Um Shabat Para O Senhor

Hey é repouso do superior e inferior. É por isso que há a Hey superior de HaVaYaH, Biná e a Hey inferior de HaVaYaH, Malchut. A Hey superior é repouso dos superiores e a Hey inferior é repouso dos inferiores. A Hey superior são sete anos sete vezes, os quarenta e nove portões de Biná e a Hey inferior é somente sete anos. A inferior e chamada Shmitá e a superior é chamada Yovél (Jubileu, aniversário de cinquenta anos). Zohar para Todos, BaHar (No Monte Sinai), item 7

Todas as coisas derivam de Malchut e Biná, entre os quais há 49 graus, como contamos na Contagem do Omer entre Pessach e o festival de Shavuot. Todas nossas correções estão em Malchut, que é uma coleção de desejos que devemos elevar ao grau de Biná, desejando misericórdia.

Esse não é o fim do processo, somente seu meio. Ao fazer esta correção, fazemos a correção de

“desejar misericórdia”, como  Hilel  o Ancião  disse.  “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”.

***** Contudo, isso é somente o meio do caminho. O resto diz respeito a elevar o grau de Biná ao grau de Kéter, que é “Ama teu próximo como a ti mesmo”. ****** Este é trabalho adicional, que forma um termo do qual em diante uma pessoa produzirá uma colheita.

Como você pode explicar para uma pessoa contemporânea que em cada sete anos se tem de deixar de produzir?

Se uma pessoa não foi educada nesta direção, ele ou ela não será capaz de o entender, nem será possível explicar sobre isso. Educação deve vir em antemão.

Educação está dividida em duas secções: aprender e educação. Aprender (o fornecimento de informação) envolve explicar sobre o processo pelo qual a humanidade está a atravessar de acordo com o mundo superior e as regras e forças que operam no nosso mundo. Devemos aprender como estas forças evocam em cada um de nós o Reshimô (lembrança), do gene espiritual que nos desenvolve. Precisamos compreender a direção, propósito e meta que alcançaremos enquanto nos desenvolvemos de dia para dia e de momento para momento. Precisamos saber como podemos direcionar nosso destino – como se com duas rédeas – para chegar em paz ao estado final e perfeito.

Se não recebermos uma explicação sobre o sistema inteiro, o mundo em que vivemos, a física do mundo e como ela funciona, como ele se movimenta, não seremos capazes de o compreender. Simplesmente será dito às pessoas, “Deixe de trabalhar.

Isso é feito hoje; sabemos que há alimentos como pão que são feitos em um ano que não é Shmitá.

Certamente, mas não se pode observar uma coisa na totalidade antes que ela seja mantida na sua raiz espiritual.

De O Zohar: O Escravo e o Filho

O sentido desses dois graus, filho e escravo, se encontra nas palavras, “E Ele disse para mim, ‘Vós sois Meus servos, Israel, em quem Eu serei glorificado.’“ “E Ele disse para mim, ‘Vós sois Meus servos’“ é o grau de escravo, linha esquerda, Malchut. “Israel” é o grau de filho, linha direita, ZA. Quando eles estão incluídos como um, está escrito, “Em quem Eu serei glorificado”. Zohar para Todos, BaHar (No Monte Sinai), item 85

Por um lado, um escravo do Criador é um alto grau. Por outro, “Vós sois os filhos do Senhor vosso Deus” (Deuteronômio, 14:1) é também um alto grau e ambos se conectam à linha do meio. Comparar os graus é semelhante a Torá escrita versus a Torá oral, a lei versus regra, a Zeir Anpin versus Malchut. Aqui, também, devemos chegar a um estado onde o grau de escravo e o grau de filho não entram em conflito, mas em vez disso se conectam um com o outro, alcançando a linha do meio, a Massach de Chirik. É assim que avançamos.

Por um lado, um escravo é um grau muito alto. Foi dito sobre Moisés que ele era o servo do Senhor. Por outro lado, esse é um grau de humildade. Também sabemos que há leis que proíbem a venda de escravos. Como se encaixa tudo?

O homem está no meio, nem filho nem escravo, mas ambos. O homem contém as linhas direita e esquerda. As apelações referem-se a uma pessoa trabalhadora que avança para o Criador, onde cada apelação aponta para uma maneira única de se conectar à revelação do Criador.

 

Termos

Economia

Na espiritualidade, “economia” relaciona-se à questão, “Como sustento Eu minha alma”? A luz pode entrar na alma somente quando ela está em Dvekút (adesão) com o Criador. Na medida de Dvekút com o Criador, assim é a medida de preenchimento pelo Criador. É assim que o Criador “sustenta” a alma. É possível alcançar isto ao corrigir o desejo. Enquanto corrigimos cada desejo da recepção para a doação, somos prontamente preenchidos com a luz superior na medida de nossa correção. Isto é chamado “sustentar” e esta é a economia adequada.

Venda de Propriedade

Quando não podemos trabalhar com um desejo porque ele é demasiado grande ou porque ele oferece tamanho prazer que não conseguimos trabalhar com ele, nós o “vendemos”. Há correções nos nossos desejos que pertencem aos grandes desejos, Levush e Heichal. Deixamos fora dos limites dentro dos quais trabalhamos, os retirando do nosso domínio, aparentemente os depositando.

Shmitá (Omissão de Amanhar a Terra em cada Sete Anos)

Shmitá é a conexão com o grau de Biná, quando a luz superior corrige todas as coisas que aconteceram e nos dá força para o próximo grau. É por isso que há regras especiais a respeito da dívida e venda de itens sob a tutela de Biná, a grande qualidade de doação.

Colheita (Produção/Grão)

“Colheita” é a recompensa na vontade de receber. Através dela, começamos a trabalhar realmente com os vasos de doação em prol de “alimentar” o mundo.

Terra

“Terra” é desejo. Há muitos nomes para “desejo”, dependendo de seu grau: terra, solo, terreno, campo. Nomenclamos o desejo e o usamos de acordo com seu grau. Nosso mundo é um retrato da correção de nossos desejos. Não que tudo realmente exista; em vez disso, tudo é retratado dentro de nós.

Escravo

Um “escravo” é um desejo não corrigido. Ele não consegue ter autocontrole, mas é corrigido ao pertencer e se tornar incorporado no grau de Biná. Ele “anexa-se” a ela e assim guarda o que se revela nesse grau. Um escravo é controlado como um embrião no ventre de sua mãe. No grau de embrião espiritual, nos cancelamos e deixamos o superior governar.

 

Sumário

A grandeza do grau de Biná – o grau de doação que atua sobre nós – é que ele nos dá luz, nos preenche e nos concede a força para alcançar Kéter, onde “Ama teu próximo como a ti mesmo” e “Vós amareis o Senhor vosso DEUS” (Deuteronômio, 6:5) existem na totalidade. Os graus, Shmitá e Yovél, são aqueles que nos elevam mais alto.

 

* Omissão do cultivo da terra em cada sétimo ano.

** Talmude Babilônico, Maséchet Avodá Zara, 3a.

*** Maséchet Shabat, 31a.

**** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

***** Maséchet Shabat, 31a.

****** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

Emor (Dizei)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 21:1-24:23)

 

Resumo da Porção

A porção, Emor (Dizei), começa com regras a respeito de sacerdotes, os proibindo de casar com uma mulher divorciada, uma viúva ou uma prostituta e os permitindo se casar somente com uma virgem. Eles também estão proibidos de se aproximar dos mortos. Somente parentescos são permitidos serem corrompidos ou se aproximar dos mortos. O Sumo Sacerdote está proibido de ser corrompido, até se seus próprios parentescos tenham morrido. Eles estão proibidos de barbear suas cabeças e barbas e estão proibidos de lançar quaisquer defeitos nos seus corpos. Um Cohen (sacerdote) com uma mácula no seu corpo não será considerado um sacerdote e não será capaz de servir no Templo. A porção também introduz leis de pureza e impureza para sacerdotes, tais como a proibição contra comer oferendas e as regras para uma filha estéril ou divorciada de um sacerdote. A porção também menciona muitas regras a respeito do Shabat, Pessach, o sétimo dia de Pessach, Shavuot, a Contagem do Omer e Yom Kipur (Dia do Perdão). O fim da porção fala de uma discussão entre dois homens, um deles amaldiçoou o nome do Criador. Ele foi punido pela expulsão do acampamento e execução por apedrejamento.

 

Perguntas e Respostas

O que há de tão especial sobre esta porção que elabora tanto acerca dos sacerdotes e festivais?

A correção é somente uma correção do coração, que contém todos os 613 desejos que precisamos corrigir de usar nossos egos para receber em usá-los para doar sobre os outros e para amar os outros. A Torá inteira lida com a correção do coração. A primeira fase na correção do coração é quando nos livramos do ego. A segunda fase é quando usamos todo nosso coração a favor dos outros.

A porção descreve todos os níveis de correção. Está escrito, “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 19:6). Significa isto que todos devem alcançar o mais alto grau (um Cohen [sacerdote]) depois da preparação descrita nas porções, Aharei Mot (Após a Morte) e Kedoshim  (Santos). A Torá promove-nos  constantemente até  que  entremos na  terra de Israel  e alcancemos Dvekút (adesão) com o Criador.

A porção começa ao elaborar os termos do grau de sacerdotes. Um deve corrigir seus desejos, como ela especifica – há uma proibição contra casar com uma divorciada, uma viúva ou uma prostituta. Um sacerdote deve também evitar barbear sua face e sua cabeça. Ele deve também manter estas proibições até que ele esteja corrigido e veja seus desejos na imagem do Homem. É como aprendemos sobre a percepção da realidade: o mundo inteiro é um reflexo de nossos desejos, uma projeção externa de nossa interioridade.

Um sacerdote deve ter desejos naturais que tenham sido corrigidos para terem a direção de doar. Ele não deve debilitar seu corpo, colocar quaisquer tipos de pinturas nele, ou tocar no seu cabelo.

O cabelo é uma correção especial. A palavra, “Se’arot (cabelo), vem da palavra, Se’ará (tempestade). O cabelo é para ser corrigido e deste modo não deve ser removido.

Um “sacerdote” é um estado no qual um pode verdadeiramente trabalhar com todos os desejos em prol de doar, com todas as carências, com o “cabelo tempestuoso”. Suas fêmeas, nomeadamente seus desejos de receber, foram corrigidos e não estão mais nos graus de prostituta, divorciada ou uma viúva. Em vez disso, eles estão no grau de virgens. Uma pessoa chega a um grau em que ela corrige seus desejos de volta ao seu estado natural.

O sacerdote deve abordar a obra de Deus através de sacrifício. Ele deve aproximar seus desejos mais e mais da direção de doar, de amar. Todos devem alcançar este grau sendo considerados como “servir no Templo”. No grau de sacerdotes, colocamos todos os 613 desejos, chamados “nosso coração”, na casa de Kedushá (santidade) como um sagrado Kli (vaso) que está inteiramente em doação.

Durante os festivais, nos corrigimos em fases que são aparentemente externas. O sistema muda e dá- nos uma chance de corrigir nossos desejos mais em condições externas nos festivais mencionados na Torá: Pessach (Páscoa), Shavuot (Festival das Semanas) e Yom Kipur (Dia da Expiação). A Torá conta-nos sobre todos os festivais, exceto Chanucá e Purim.

Chanucá significa Chanu Kô (aqui acampado). Alcançamos a correção de doar em prol de doar quando nos elevamos acima de nossos egos e alcançamos o grau de Biná, da frase, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. * Deste modo, nos separamos da vontade egoísta de receber e nos elevamos acima dela.

Purim é quando uma pessoa alcança na realidade o fim da correção. Em Yom Kipur (Kipur significa Kê Purim [como Purim]), descobrimos o mal em nós e nos arrependemos. Ao mesmo tempo, estamos felizes pois agora sabemos o que corrigir. Yom Kippur não se trata somente de um dia de choro. Em vez disso, ele é um dia de grande alegria pois estamos felizes que um trilho pelo qual alcançaremos Purim se abriu para nós e corrigimos todos os desejos em doação, para o amor. Em Purim matamos o Hamã em nós, todo o mal em nós e alcançamos o fim da correção – completa equivalência com o Criador.

A porção, Emor, contém todas as preparações, todas as porções anteriores. Ela lida com ascender ao mais alto grau. A porção lida também com o Shabat, um ano sabático, o sétimo dia de Pessach, o sétimo dia da semana e o sétimo ano. Este é um grau que sempre adquirimos no caminho pois Zeir Anpin contém seis dias de semana; ele é o Partzuf superior, do qual recebemos as luzes.

Todas as luzes, que correspondem a Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód, entram nos nossos corações (Malchut) durante os seis dias. Então chega o sétimo dia, quando nada fazemos. Estas qualidades concluem o trabalho, então não nos são requisitados mais esforços, excerto manter a situação para que as luzes a tratem e santifiquem. É por isso que o sétimo dia é considerado um “dia de santidade”, dado que nele elevamos todos os desejos para a direção de doar.

Posteriormente vem o sétimo dia de Pessach, o sétimo dia de Shavuot, como está escrito, “Sete semanas inteiras haverão” (Levítico, 23:15), que são quarenta e nove dias de Pessach a Shavuot e o sétimo ano, Shmitá (omissão). Tal é o ciclo de sete.

O sétimo de Pessach, a Contagem do Omer, Shavuot – parece que é um processo. O que é Pessach e qual é o processo entre Pessach e Shavuot?

“Pessach” é nossa fuga do ego, do Egito. Embora comecemos a nos separar dele, ele continua a nos acompanhar em futuros graus, na forma de problemas que caem sobre nós, tais como o bezerro de ouro, as águas da contenda e espiões. Estes são todos resultados do Egito.

“O deserto” é um estado onde um se separa e purifica do ego até ao grau de Biná, a entrada para a terra de Israel. Esse estado é chamado “quarenta anos no deserto” porque ele é a correção que recebemos ao sair do ego. Não é simples; as correções são um reconhecimento de nossa natureza, a divulgação de nossos desejos quebrados e o entendimento de como os corrigir.

A primeira correção é quando emergimos do ego e nos elevamos acima dele. Ela é chamada o “êxodo do Egito” e o “rasgar do Mar Vermelho”. Instantaneamente alternamos da vontade de receber em prol de receber, nomeadamente Egito e avançamos para o deserto. É por isso que ainda não sabemos o que fazer, ou o que nos acontecerá e como isso se revelará. Não podemos saber como trabalhar com nossa natureza quando não para nosso benefício. Por esta razão, atravessamos um período de confusão até que cheguemos ao rasgar do Mar Vermelho e estejamos no pé do Monte Sinai.

Aqui a correção é na mesma vontade de receber da qual nos separámos e sobre a qual transcendemos. Na direção de Shavuot, começamos a corrigi-la em prol de doar, na direção da recepção da Torá. Sete Shabates são sete vezes sete, que são quarenta e nove dias para correções. Nossa correção é feita pelas seis Sefirot da força superior, Zeir Anpin, que é chamado “O Abençoado Seja Ele”. Este é o sistema superior que nos corrige, contendo seis qualidades – Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód – que entram em Malchut, nossa vontade de receber, nos corrigimos na realidade pela contagem. Isto é, aparentemente contamos dinheiro, pagamos ao realizar correções cada dia.

Durante cada dia e noite, abençoamos a Sefirá (singular de Sefirot), um resultado da passagem do dia, da noite para o dia, como está escrito, “E houve tarde e houve manhã” (Gênese, 1:5). No dia anterior, corrigimos no anoitecer, também, na revelação do mau, bem como durante o dia, na revelação do bom. Atraímos luzes que corrigiram os desejos de receber e assim concluímos o dia. É por isso que damos graças por termos corrigido a Sefirá. Contamos as Sefirot, que é o porquê de ser chamado a “Contagem do Omer”. É assim que todos nossos desejos são corrigidos.

Passados trinta e três dias, há um dia especial, LAG baOmer, LAG significa trinta e três nas Sefirot Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut. Multiplicando as sete Sefirot por sete temos quarenta e nove. Começamos a procurar o meio. Se recebermos todas as luzes antes de alcançarmos o meio, então nos é garantido terminar com sucesso. Isso é semelhante a uma pessoa a quem não é dado tudo. Contudo, se algumas das forças forem dadas e algumas forem corrigidas, essa pessoa pode começar a compreender e a avançar independentemente para o final – a correção de Shavuot. Este é o estado de uma pessoa no 33º dia da contagem.

Nós contamos Chéssed, Gvurá, Tiféret e Netzach, que são Sefirot completas, as luzes que nos devem alcançar. Na Sefirá Hod, contamos cinco Sefirot Chéssed, Gvurá, Tiféret e Hod. Em Hod de Hod, se tivermos recebido as luzes do alto até ao ponto de incisão, nos é garantido continuar com sucesso. Trinta e três simboliza a recepção de todas as luzes da correção; é por isso que estamos felizes e celebramos o Festival da Luz ao acender fogueiras.

A trigésima terceira Sefirá, Hod de Hod, simboliza a conclusão de parte do processo?

Sim. Daí em diante, não há dúvida que a pessoa concretizará Shavuot. É por isso que a proibição de casar (que começa depois da noite de Pessach) é levantada nesse dia. Casamento significa conexão com Malchut. Outras proibições também são levantadas nesse dia, tais como a proibição contra cortar o seu cabelo. Estas correções manifestam-se externamente, também, mas a maioria das correções são por dentro, correções que realizamos sobre nós mesmos pela luz que brilha sobre nós e através de tal dádiva obtemos o amor pelos outros.

Porque é que quando alcança o grau de “sacerdote”, você está ainda atado a muitas leis e proibições?

Está escrito, “Vós sereis sagrados, pois Eu sou sagrado” (Levítico, 11:44). Quando em Kedushá (santidade), nos deleitamos nestas ações. Elas não são indesejáveis, mas em vez disso desejáveis. Logo, se tentarmos afastar uma mãe de fazer metade do trabalho necessário para seu bebê, ela não o permitirá. Ela tem prazer daquilo que ela faz pelo bebê. Este trabalho pode nos parecer difícil, mas quando se torna doação e como resultado recebemos a luz que brilha sobre nós e nos preenche, sentimos a eternidade da Natureza e perfeição e nos elevamos acima de todas as limitações deste mundo. Então, há somente bondade para nós.

Porque é o casamento uma questão tão séria para um sacerdote? É o casamento a conexão?

Sua vontade de receber (Malchut) deve ser purificada de quaisquer maculas. Anteriormente, ele era aparentemente “casado” com uma prostituta, uma viúva ou uma divorciada; isto é, seus desejos eram defeituosos. Agora, ele se elevou a tamanho grau que seu desejo de receber é “virginal”, como o desejo que o Criador criou. O Criador deu-nos um desejo de receber, mas o descobrimos somente na  quarta  e  final  fase,  Yod-Hey-Vav-Hey.  É  assim  que  atravessamos  todos  os  desejos  até   que cheguemos à “virgem”, ou seja como o Criador o deu. Deste modo, podemos trabalhar com o desejo inteiro.

Porque é proibido dizer o nome do Criador?

“Dizer” é revelar. Há uma revelação interna, que é doar em prol doar. Há limitações nela, mas isso não se refere a dizer as palavras ADNI, HaVaYaH e assim por diante. Uma pessoa faz um Zivug de Haka’á sobre a luz superior que deve alcançar os Kelim. Ao revelar, um a divulga dos lábios para fora aos “externos”, desejos que não foram corrigidos. É proibido divulgar o nome do Criador, a luz superior, aos desejos externos. Estes estão fora de Kedushá e não foram corrigidos e isto aparentemente causaria “curto circuito” a luz com um Kli que não foi corrigido com uma Massach (tela) e Ór Chozêr (Luz Refletida). É por isso que isso é chamado a “revelação do mal”, e não a “revelação do bem”.

De O Zohar: Os Filhos de Aarão

Aarão é o princípio de todos os sacerdotes no mundo pois o Criador o escolheu de todos para fazer a paz no mundo e porque os caminhos de Aarão subiam com ele até ela. Isto assim é, pois, todos os dias de Aarão, ele tentaria aumentar a paz no mundo. E porque assim foram seus caminhos, o Criador levantou-o para o sacerdócio, para que ele instasse a paz no agregado do alto, pois pela sua obra, ele causou o Zivug do Criador com Sua Divindade e paz é feita em todos os mundos. Zohar para Todos, Emor (Dizei), Item 2

O papel de um sacerdote é aumentar a paz no mundo.

Uma pesquisa na genética revelou que o sacerdócio é hereditário. Os pesquisadores testaram Judeus com apelidos que indicam relação ao sacerdócio (Kahana, Katz, Cohen, etc.) de todas as facções do povo Judeu. Eles descobriram o mesmo gene entre todos eles. Como ser um Cohen se relaciona ao mundo corpóreo se devemos todos ser sacerdotes?

 

Não podemos saber que mudanças genéticas acontecerão quando todos estivermos corrigidos. Talvez subamos acima de tudo o que é físico. Devemos entender que há o primeiro HaVaYaH no mundo de Ein Sof (infinito), então uma duplicação do HaVaYaH nas quatro Bechinot (discernimentos) de Ór Yashar (Luz Direta) em cada grau, chamada “dez Sefirot”. Cada grau final consiste de uma substância mais materializada que seu superior adjacente, mas a combinação, HaVaYaH, permanece. É por isso que está escrito, “Eu o Senhor não mudo” (Malaquias, 3:6).

O primeiro HaVaYaH é a luz que se expande em quatro Bechinot e alcança Malchut. Essa estrutura permanece. De acordo com este padrão, enquanto a luz desce de grau em grau, do mundo de Ein Sof até ao nosso mundo, ela dá-nos Partzufim (plural de Partzuf), mundos, Sefirot e tudo o que aprendemos no sistema superior. É assim que está em todos os mundos.

A Neshamá (alma), chamada Adam HaRishon (o Primeiro Homem), também foi criada pela mesma estrutura, seguindo a mesma fabricação interna. Esse padrão existe em todas as coisas.

Aprendemos que Abraão quis corrigir toda a Babilônia e que em cada um de nós está uma raiz pela qual podemos alcançar o nível de sumo sacerdote. Todos o devem alcançar, como está escrito, “Todos eles Me conhecerão, do menor deles ao maior entre eles” (Jeremias, 31:33), e “Minha casa será chamada ‘uma casa de oração’ para todas as nações” (Isaías, 56:7).

Há desejos e almas que são mais fáceis de corrigir e há aqueles que são mais difíceis, dependendo do nível do defeito. Os mais fáceis são os filhos de Israel. Eles têm de ser os primeiros a corrigir; assim, há centelhas mais fortes de luz neles, que são claras e ardentes e aparecem como Cohen, Levi e Israel.

Há pessoas que olham para uma pessoa e sabem se ele ou ela é uma Cohen (descendente de um sacerdote). É difícil assinalar um Levita ou Israel. Não surpreendentemente, podemos encontrar estas coisas na biologia e medicina pois tudo no nosso mundo vem do mundo de Ein Sof e é uma réplica no nosso mundo físico, nos nossos genes. É por isso que também deve acontecer neste mundo.

Talvez não tenhamos descoberto todos os fenômenos, mas está claro que cada fenómeno no mundo é o mesmo que o fenómeno que existe no alto, exceto que eles existem na matéria, não em potencial.

 

Termos

Cohen (Sacerdote)

Um “sacerdote” é o mais alto grau na correção do homem, onde um se torna semelhante ao Criador em todos os seus desejos, na sua inteira fabricação e está em um estado de doação e amor. Ao assim fazer, um se corresponde a si mesmo ao Criador e alcança Dvekút (adesão) com Ele. Este é o propósito da Criação.

Tum’á (Impureza)

Tum’á é intenção para si mesmo. Todas as condutas de Tum’á são as mesmas intenções sob diferentes nomes, tais como Faraó, Balaão, Balaque e todas as outras forças ímpias.

É ao contrário com os mesmos desejos assim que tenham sido corrigidos com a direção de doar. Os desejos permanecem o mesmo, mas os nomes que um recebe são em vez disso Cohen, Levi e Israel.

Maldição

Uma “maldição” significa que descobrimos que não podemos concordar com o Criador acerca de nossos desejos. Descobrimos como Balaão, Balaque e assim por diante. Se descobrirmos o termo da força superior, o Criador, Natureza, devemos trabalhar em prol de doar, em amor e dar. Se descobrirmos que nossos desejos são opostos, trabalhando em prol de receber, amaldiçoamos, resistimos, colidimos com o Criador e somos opostos em forma.

Divorciada, Viúva

Este não é o grande desejo inicial, mas podemos trabalhar com ele de uma maneira mais restrita. É por isso que ele não é uma “virgem”. Uma virgem significa que não tocamos no desejo, mas o deixamos como é. Se lhe tivermos tocado e realizado correções sobre ele, isso é chamado “divorciada”, “viúva” ou “prostituta”. Podemos trabalhar com estes desejos, mas no grau de um sacerdote. De fato, alcançamos o grau de sacerdote através de todos os desejos chamados por estes nomes.

Barbear a Cabeça e a Barba

Como aprendemos em O Estudo das Dez Sefirot (Parte 13, Tikuney Dikna), Se’arot (cabelo) é um tema extenso. O termo, Se’arot, vem da palavra So’er (tempestuoso), que aponta para pressão. Os canais de abundância que chegam até nós de Ein Sof devem ser restringidos, se tornarem mais estreitos e gotejar para nós naquilo que é chamado Mazal (sorte), da palavra Nozel (gotejar). Através do cabelo, as luzes vêm muito finas e em quantias limitadas, devido às limitações sobre a pessoa. Isso acontece deste modo para ajustar o tamanho da “colher” (o vaso) na quantidade que um possa receber, tal como com um bebê. A luz vem intermitentemente, em gotas, de acordo com a medida do tempo e peso.

“Barbear” refere-se ao próprio cabelo. Partzuf Se’arot é um Partzuf especial, uma estrutura ou sistema que cria a correspondência entre a luz de Ein Sof e os pequenos – nós. Nós podemos receber somente um pouco, que é o porquê de ser proibido barbear ou cortar o cabelo. Um sacerdote está proibido pois ele usa este sistema inteiro precisamente em prol de doar.

* Maséchet Shabat, 31a.

Aharei Mot (Depois da Morte) – Kedoshim (Santos) 

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 16:1-18:30—19:1-20:27)

 

Resumo da Porção

As porções, Aharei Mot (Depois da Morte) e Kedoshim (Sagrados), estão conectadas. Na porção, Aharei Mot, depois da morte dos dois filhos de Aarão – Nadáv e Avihu – o Criador dá a Moisés várias regras a respeito do modo como Aarão pode se aproximar dos Santos no tabernáculo: eles requerem que Aarão ofereça vários sacrifícios. Aarão deve escolher entre dois bodes, um para ser sacrificado como oferenda de pecado e outro para ser enviado para o deserto como um “bode para Azazel”.

A porção também descreve a proibição contra matança por comida sem trazer uma oferenda à tenda de encontro. O Criador instruiu Moisés a comandar o povo para não seguir os caminhos dos Egípcios e Cananitas e para não obedecer a suas regras. No fim da porção, o Criador diz ao povo de Israel para não serem corrompidos por todas as impurezas das nações que moram na terra de Canaã diante deles. Se eles se tornassem corrompidos, a terra os repeliria.

Na porção, Kedoshim (sagrados), o Criador diz para os filhos de Israel através de Moisés: “Vós sereis sagrados pois Eu o Senhor vosso Deus sou sagrado” (Levítico, 19:2).

A porção detalha muitos diferentes mandamentos entre o homem e Deus, entre o homem e homem e alguns que dizem respeito a oferecer sacrifícios. A porção também lida com temer a Mãe e Pai, observar o Shabat e a proibição contra idolatria. Alguns das Mitzvot (mandamentos) se relacionam à terra de Israel, a terra de Canaã, dizimo, frutos da árvore, idolatria e outras leis.

A porção termina com uma completa proibição contra o incesto e adultério, que serão puníveis com morte. O Criador ordena os filhos de Israel a manterem as leis quando chegarem à terra de Israel e se refrearem daquelas que tinham enquanto no Egito. Eles devem separar bestas puras das impuras e em semelhança, o Criador separará Israel do resto das nações. É assim que Israel serão Sagrados para Ele.

 

Comentário

Maioria acreditam que a Torá fala deste mundo, que ela é cheia de ações físicas e descrições de animais, pessoas e objetos, regras de conduta social, o que é permitido e o que é proibido. Ora nos esquecemos, ou nunca soubemos, que este mundo é senão uma réplica do mundo espiritual.

Na verdade, as histórias na Torá narram somente o mundo espiritual. Percebemos forças espirituais como uma réplica da espiritualidade. Elas são retratadas em nós de acordo com nossos graus e nossas percepções do mundo. É por isso que nos parece que estamos a ver um mundo inteiro com todos seus detalhes, que a Torá detalha exatamente como nos devemos comportar, favorável ou desfavoravelmente, de acordo com a vontade do Criador.

O Criador quer fazer o bem às Suas criações, as elevar ao Seu nível. “Regressai Ó Israel ao Senhor vosso DEUS” (Oseias, 14:2) significa as fazer serem como Ele – amáveis e doadoras. A regra “Ama teu próximo como a ti mesmo”*, é a regra inclusiva da Torá. Ela é a regra pela qual alternamos de amar os outros para amar o Criador no fim da nossa correção.

Precisamos escrutinar a conexão entre matar bestas e evitar certas ações, cometendo outras ações e Dvekút (adesão) com o Criador, amor por Deus, amor por Israel e amor pelo mundo inteiro. A Torá não fala de qualquer outra correção senão a correção do coração, como está escrito que ela foi dada aos homens de coração. ** Assim, todos os mandamentos escritos na Torá – como Iben Ezra escreve no seu comentário sobre a Torá – foram feitos somente para corrigir o coração, ou seja o desejo do homem e inclinação. A Torá foi destinada a nos trazer ao amor pois nossa natureza inicial é o oposto do amor: ela inclui a inclinação ao mal, inveja, cobiça e a busca de honra, como claramente vemos no nosso mundo.

É por isso que a Torá nos conta nos corrigirmos, nossos desejos, de acordo com nossa percepção deste mundo. Não podemos corrigir nossos egos instantaneamente de visar recebermos para nós mesmos para visarmos doar sobre os outros. As numerosas correções que realizamos sobre nossos desejos são graduais.

As duas porções, Aharei Mot (Depois da Morte) e Kedoshim (Sagrados), são adjacentes e conectadas pois elas contêm duas grandes correções. A primeira doar em prol de doar, como está escrito, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo” (Maséchet Shabat, 31a). A segunda é “Ama teu próximo como a ti mesmo”, que é uma correção mais avançada.

A primeira correção é meramente evitar prejudicar os outros. Quando constantemente procuramos nosso próprio benefício, o resultado é sempre às custas dos outros. A primeira correção foi dada a um prosélito, a um egoísta que quer ser corrigido, a se elevar do ego, das “nações do mundo no interior, para o grau de Israel, a um estado de “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. Com isso, restringimos nossos egos e evitamos magoar os outros. A próxima fase é o grau mais avançado, “Ama teu próximo como a ti mesmo” ***, que devemos alcançar.

Depois dessas Mitzvot e correções, percebemos o mundo que é retratado em cada um dos 613 desejos que nos compõem. Quando corrigimos esses desejos do egoísmo para querer dar e amor, vemos um mundo oposto, como está escrito, “Eu vi um mundo invertido”.**** Chegamos a ver um mundo superior conduzido por regras completamente novas e diferentes – de dar, amor e conexão. Hoje não só o mundo nos aparece como integralmente conectado, nós mesmos nos estamos a tornar integrais e nos relacionamos ao mundo desta maneira. Incluímos todos e vemos tudo como um todo.

É esta a razão pela qual as duas porções estão juntas. A correção na porção, Aharei Mot, é a correção de emergir da inclinação ao mal. Na próxima correção, aquela na porção, Kedoshim, transcendemos a inclinação ao male elevamos os desejos que corrigimos ao próximo grau. Primeiro, aparentemente nos “varremos”, então os elevamos até dar, amor até ao lugar dos sagrados.

Primeiro, nos elevamos acima da nossa vontade de receber egoísta e mudamos os pecados para erros e erros para Mitzvot (mandamentos/boas ações/correções). Depois, corrigimos os pecados (que anteriormente tornamos em erros) em Mitzvot. Agora, tudo funciona com amor.

Ao tratar todos com amor absoluto, alcançamos o amor por Deus. Este é o resultado final onde obtemos equivalência com Ele, como está escrito, “Regressai Ó Israel ao Senhor vosso Deus” (Oseias, 14:2). Em outras palavras, obtemos Dvekút (adesão) com Ele. Este é o propósito das correções, o propósito da Criação, do caminho que devemos tomar.

Tudo começa com a quebra, com o reconhecimento do mal. Foi isto que Nadáv e Avihu fizeram na anterior porção e é por isso que a porção é chamada Aharei Mot (Depois da Morte). Todas nossas ações em correções são construídas consecutivamente.

Não nos devemos esquecer que as verdadeiras correções são somente nos nossos desejos. Corrigimos nossos corações e nosso mundo é o mundo inanimado, um mundo imaginário no qual brincamos como crianças na areia.

Hoje, o mundo entra em uma nova era, enfrentando uma crise global que deve ser resolvida. Este é nosso “exercício”. Se o aproximarmos corretamente, como nos conta a Torá, receberemos a Torá – sua interioridade – como a Torá da verdade e saberemos como alcançar redenção do exílio dos pecados nos quais nos encontramos. Então, alcançaremos a fase de Aharei Mot, de Kedoshim (santos).

A porção conta-nos como o povo de Israel entrou na terra de Israel. Se eles escolherem seguir as leis dos Cananitas, a terra os expulsaria. Esta porção é sempre próxima do Dia da Independência Israelita, que é estranho pois regressámos a nossa terra passados 2000 anos, mas parece que ainda não mantemos as leis espirituais.

Parece também que não temos posse sobre a terra de Israel. Ainda estamos “sob ponto de interrogação” nesta terra. Talvez não gostemos de o admitir, mas estamos. Estamos conscientes de que estamos ainda dependentes de nossos vizinhos e do resto do mundo. Se o mundo inteiro nos pressionasse agora, não teríamos escolha senão fazer como eles dizem.

As palavras, “o mundo inteiro”, referem-se ao Criador, a força superior que define as condições pelas quais verdadeiramente nos arrependeremos e começamos a ser na realidade o povo de Israel na terra de Israel. Yisrael (Israel) vem de Yashar El (direito a Deus), ou seja, se assemelhar à força de doação e amor, a força superior, que exige que estejamos em um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo”.

Se alcançarmos amor fraterno de acordo com as leis de Arvut (garantia mútua), as leis da Cabala, de educação integral – enquanto as circulamos – verdadeiramente ganharemos uma posse sobre a terra. Éretz (terra) vem da palavra, Ratzon, (desejo); este é nosso mais interno desejo, que determina precisamente quão anexos estamos ao solo, à terra de Israel.

Tudo depende de nós. Nos foi dada uma pequena porção e se nós não conseguimos viver de acordo com esta parte, uma parte de nós será cortada, então outra parte e então outra. Não é porque os países vizinhos decidiram alguma coisa; é porque nós mesmos não nos encaixamos na terra de Israel.

Na realidade, a ameaça já está lá pois “o coração de ministros e Reis está nas mãos do Senhor” (Provérbios, 25:1). Se estamos de acordo com a terra de Israel, a receberemos e ninguém governará sobre nós – tudo depende de nosso acordo com a terra de Israel. Se direcionarmos nossos desejos para a santidade, como em “Vós sereis sagrados pois Eu sou sagrado” (Levítico, 19:2) — santidade significa doação e amor – então não há dúvida, a receberemos neste mundo, também, o todo da terra de Israel. Ninguém será capaz de dizer coisa alguma; todos concordarão que somos nós que temos verdadeiramente de aqui estar na terra. A nação que viverá aqui será uma diferente, “O povo de Israel” vivendo de acordo com “Ama teu próximo como a ti mesmo”, como era antes da ruína.

 

Perguntas e Respostas

Há uma sensação de que embora estejamos oficialmente na nossa terra, ainda estejamos em exílio.

Sim, é por isso que está escrito que estamos na reunião dos exílios.

O que significa que “a terra expulsa os desejos”?

Se não nos correspondermos com a vontade de Deus, com a terra de Israel, a terra nos ejeta, nos rejeita. Isso é devido a nossa falta de equivalência de forma. “Equivalência de forma” é a lei geral da natureza que determina quão adequados e conectados estamos à terra, ao solo. Equivalência de forma existe à extensão que nos conectamos uns aos outros, à extensão que alcançamos garantia mútua entre nós, unidade e amor fraterno. Se não o fizermos, não pertencemos à terra de Israel.

Isto refere-se à terra de Israel de hoje? Afinal, lá diz “desejos”, não pessoas. Então trata-se isto de desejos ou da terra?

Ainda não estamos na verdadeira terra de Israel porque nós e nossos desejos estão ainda corrompidos e negativos, como está a energia entre nós. Assim, não permitimos que a terra de Israel seja justa (bela). Ainda não sentimos que nossa terra floresce.

De O Zohar: Híbridos e Misturados

Quando o Criador criou o mundo, Ele dispôs cada coisa, cada um no seu lado, seja para a direita ou para a esquerda e nomeou forças superiores sobre eles. E não há sequer uma minúscula lamina de grama na terra sobre a qual não haja força superior no alto nos mundos superiores. Tudo o que eles fazem em cada um e todas as coisas que cada um faz é tudo pelo prevalecer da força superior que é nomeada sobre ele no alto. Zohar para Todos, Kedoshim (Santos), item 108

Estamos muito atrás, mas nos é agora requisitado que estejamos no grau de a “terra de Israel”. O que pode ser mudado aqui? Como podemos alcançar o grau de a terra de Israel?

Se começarmos a examinar nossas qualidades em relação aos outros, veremos quão imersos estamos no Egito, como nossos egos, nossos Faraós internos, nos dominam. Denegrimos todos por inveja, cobiça e a busca de honra e nos relacionamos aos outros somente em prol de os usar. Isto é exílio. Não é um ponto geográfico, mas um estado interno. Finalmente quereremos emergir dele ao nos conectarmos às pessoas e começarmos a questionar, “Quando alcançarei eu minha correção, o estado de ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’”?

Quando o alcançarmos, começaremos a avançar para a correção. Então, veremos quão incapazes disso somos. Este é o sentido de “a terra de Israel não nos pertencer”. Não podemos estar juntos em amor fraterno, então devemos exigir do Criador que o corrija. Devemos gritar, orar, Lhe mostrar nossa necessidade. Na realidade, tudo o que atravessámos aconteceu para que reconheçamos nossa dependência Dele, para que sentíssemos que todas as correções dependem somente Dele.

Estamos a atravessar  tudo  isto  de  propósito;  o  Criador  o  fez  deste  modo.  Inversamente,  nos esqueceríamos Dele. Quando nos voltamos para o Criador por correção, Ele vem e “instala-se” com a qualidade de doação e amor entre nós. Progredimos e O descobrimos entre nós, ou seja, que descobrimos o mundo superior.

Este é o sistema superior no mundo espiritual entre nós, no qual chegamos a nossa correção. E porque nosso desejo fora corrigido devido à presença do Criador, assim é na terra de Israel, um estado de redenção chamado “a terra de Israel”. Anteriormente, isso foi na Babilônia, na terra de Canaã, Egito e no deserto. “A terra de Israel” é um estado de conexão entre nós, que o Criador preenche.

Falamos frequentemente de conexão espiritual. Tratam-se as coisas de que falamos de coisas espirituais, incluindo a terra de Israel?

Tudo está dentro de nós e entre nós.

Porque escutamos que o Criador não julga os filhos de Israel ou coisa alguma a respeito deste mundo, todavia eles são punidos neles mundo?

Eles são julgados pois devemos regressar para o grau espiritual que tínhamos antes da ruína do Templo.

Embora sempre tenhamos pensado que o Criador não “guarda rancor” conosco neste mundo?

O ARI começa seu livro, Árvore da Vida, explicando que “A luz superior e simples preenche toda a realidade”. Em semelhança, está escrito, “Eu o Senhor não mudo” (Malaquias, 3:6), e “ELE deu uma lei e ela não será violada” (Salmos, 148:6). Há um estado constante pelo qual nos devemos medir. Ele é um estado absoluto de amor e uma apertada conexão entre todos, não só entre os filhos de Israel, como foi antes, mas por todo o mundo. Nós somos o “povo escolhido”, aqueles que devem ser “um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 19:6). Primeiro devemos alcançar esse estado, então devemos dar um exemplo para o resto do mundo.

De O Zohar: Ah, Terra do Zumbido de Asas

“Ah, terra do zumbido de asas”. Quando o Criador criou o mundo e desejou revelar as profundezas do escondido e luz a partir das trevas, eles se misturaram um no outro. Devido a isso, Luz saiu das trevas e o abismo saiu e apareceu do escondido; um saiu do outro. E do bem, veio o mal; da misericórdia, veio o julgamento e tudo foi incluindo um no outro. Zohar para Todos, Kedoshim (Santos), item 7

Depois da quebra, tudo se tornou misturado. Agora, depois da ruína, devemos distinguir entre o bem e mal, luz e trevas e assim nos construirmos. Nossa visão do mundo e as relações entre nós tudo resulta do escrutínio. A ruína é a nosso favor pois ao corrigi-la nos edificamos, tal como as crianças constroem com peças de LEGO e assim aprendem.

O que é o grau de Kadosh e Kedoshim (santos)?

“Santos” é o mais alto grau, como está escrito (Levítico, 19:2), “Vós sereis santos pois Eu o Senhor vosso Deus sou santo”. Significa isto que um transcende o ego e evita usá-lo, senão pelo benefício dos outros. “Doar em prol de doar” é a primeira fase. A segunda fase é “receber em prol de doar”. A primeira fase é como Hilel diz, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo” (Maséchet Shabat, 31a). Isto é, não prejudique os outros. Este é o começo das correções. Mas assim que o tenha alcançado, você aceita os desejos dos outros e começa a servi-los, a preenchê-los. Isto é chamado “amor”.

Isto é, Aharei Mot é uma condição prévia para Kedoshim?

Certamente, há duas fases da correção de Galgalta e Eynaim da alma e a correção do AHP da alma. Há dois tipos de Kelim nos quais há Mitzvot positivos e negativos (mandamentos de fazer alguma coisa ou evitar fazer alguma coisa) da Torá. Cada mandamento é uma ação de se elevar acima do ego, de beneficiar os outros, ou pelo menos não prejudicar os outros. Estes são todos os 613 mandamentos – 248 e 365.

Há uma conexão especial entre o Criador e o povo de Israel? Porque são eles sagrados? É isso somente porque Ele é sagrado?

O homem precisa da luz superior em prol de se elevar acima do ego e doar sobre os outros. Não temos força de doação nossa pois consistimos da substância de “somente recepção”. Podemos dar somente se a luz superior brilha sobre nós, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” pois “a luz nela reforma”. *****

Assim, o Criador ilumina essa qualidade para nós, nos eleva acima do ego e tudo o que precisamos é querê-lo. As ações vêm do alto, que é o porquê de serem chamadas “a obra de Deus”, dado que é o Criador que faz o trabalho. Contudo, Ele trabalha somente por nosso convite.

 

Termos

Kadosh (Sagrado)

“Santos” significa usar a vontade de receber que era anteriormente em prol de receber. Ela é a forma inversa do ego e beneficia somente os outros ou o Criador. Quando ela é a favor dos outros, ela está ainda no grau de doar em prol de doar, o grau dos Levitas. Mas quando recebemos em prol de doar, ela está no grau de sacerdotes, o oposto da sua natureza inicial.

Guardar Rancor

Não nos conseguimos corrigir se ainda “guardamos rancor”. Essa é uma energia interna. Há correções muito profundas que nos assombram quando aparecem; subitamente compreendemos quão profundos são nossos cálculos para nosso próprio benefício.

Proibição contra a Divinação

“Divinação” é proibida pois ela contradiz a doação. Se uma pessoa quer doar, não faz diferença o que acontecerá no futuro. Tudo o que precisamos é conectar com os outros e lhes dar o que eles desejam. Ao assim fazer, encontraremos uma nova vida. Se fizermos qualquer cálculo, isso é para a vontade de receber.

Aquele que avança verdadeiramente para a doação é indiferente para com o futuro. Doação pura é tudo aquilo que essa pessoa deseja “ser” na outra. Nesse estado, um não tem conexão com a divinação, pois não podem haver quaisquer considerações. Assim, devemos fazer correções dentro de nós pois em cada um de nós há o desejo de conhecer o futuro ou de o adivinhar.

Um Bode para Azazel

“Um bode para Azazel” são todos os desejos que ainda não conseguimos corrigir. Há 613 desejos em nós e alguns ainda não estão corrigidos. Porque há uma falta de luz que brilha sobre nós, não os conseguimos concertar. Separamos estes desejos de nós, que é o porquê de haverem animais que matamos e elevamos a Kedushá (santidade). Estes são desejos dentro de nós no nível animal. Contudo, há desejos onde não podemos fazer isto. Assim, por agora estamos a libertá-los para que eles não permaneçam conosco, como se não os tivéssemos.

 

* Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p

** Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, p 141.

*** Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Talmude Babilônico, Maséchet Nezikin, Bába Batra, 10b; Talmude Babilônico, Maséchet Pesachim, 50a.

***** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b; Midrash Rába, Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2.

Tázria – Metzorá (Quando uma Mulher Dá À Luz – O Leproso)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 12:1-13:59 – 14:1-15:33)

 

Sumário da Porção

Na porção, Tázria (Quando uma Mulher Dá À Luz), aprendemos sobre leis relacionadas a uma mulher que deu à luz. Se ela der um menino, ela é considerada impura durante sete dias. No oitavo dia, o rapaz é circuncidado e a mulher começa o período de 33 dias de purificação. Se a mulher der uma menina, ela é considerada impura durante quarenta dias e o período de purificação dura 66 dias. A porção também detalha regras a respeito das aflições. Uma pessoa que é infectada com alguma coisa deve ir ao sacerdote, que diagnostica o mal e sabe as regras a respeito de cada enfermidade.

 

Comentário

A porção, Metzorá (O Leproso), é dedicada às regras a respeito da lepra e o que fazer quando um é infectado com ela. Um leproso que foi curado deve ser examinado pelo sacerdote, então trazer dois pássaros. O sacerdote mata um pássaro e molha o outro em água limpa. O fim da porção discute a impureza da ejaculação noturna e as regras a respeito de uma mulher em menstruação – qualquer um que toque nela é considerado impuro até ao anoitecer.

 

Perguntas e Respostas

Porque estão as regras nas porções descritas em tamanho detalhe?

A inteira Torá é uma instrução pela qual corrigir nossa natureza. O homem foi deliberadamente criado com um desejo egoísta; é por isso que queremos tudo para nosso próprio bem, como está escrito, “Pois a inclinação do coração de um homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21). A criação em si mesma é a inclinação ao mal, a soma de nossas qualidades negativas. A natureza inanimada, vegetativa e a animada ao nosso redor são completamente neutras – nem boas nem más. Elas são geridas pelas leis da Natureza que atuam instintivamente sobre todos seus elementos.

Mas o homem tem livre arbítrio e deste modo usa o ego para fazer mal aos outros. Tal é o “software” do qual somos construídos. Constantemente nos examinamos em relação aos outros para determinar se estamos pior ou melhor que eles. É assim que a natureza constantemente nos opera, enquanto nos questionamos, “Como posso eu me beneficiar a mim mesmo ou prejudicar os outros”? Aquele que não vê isto está inconsciente desta lei.

A Torá indica e explica como nos corrigirmos, como nos transformarmos de uma forma oposta que a do Criador para uma forma corrigida e completa. É por isso que não conseguimos ver os mundos superiores, a força superior, a eternidade e perfeição em que nos encontramos, que nos está escondida. Podemos ver somente uma minúscula esfera conhecida como “este mundo”. Neste mundo, não há nada senão um tempo definido durante o qual existimos, então partimos, tal como animais. Encarnamos do alto, descendo do mundo superior e voltamos a subir, inconscientes das fases no nosso desenvolvimento.

A Torá diz-nos como nos podemos corrigir para que possamos começar a descobrir nossas formas eternas e completas. A Torá mostra-nos como devemos trabalhar de modo a descobrir o mundo eterno e perfeito e como sair de nossa sensação de que estamos no exílio, mudando-nos em vez disso para um mundo bom e iluminado.

As duas porções indicam todas as correções que devemos fazer. Tázria e Metzorá detalham como podemos corrigir os sinais egoístas e corruptos que descobrimos constantemente em nós mesmos.

Está escrito em Tázria que o nascimento é uma coisa boa, um novo grau. Aquele que pode dar à luz é o desejo que anseia o nascimento, nomeadamente se voltar a si mesmo para a doação. Quando esse desejo consegue dar à luz da mulher a parte masculina dele, todos os excessos da vontade de receber que não podem ser corrigidos são segregados como sangue de parto impuro.

Nessa altura, uma pessoa é chamada uma “mulher”, embora possa muito bem ser um homem. Isso depende se um está em um estado de recepção ou doação. Se uma pessoa dá à luz de si mesma um ato de doação, essa pessoa é chamada uma “mulher”, que dá à luz uma criança. Então, é dito a uma pessoa o que fazer com tudo o que não saiu nesta ação, chamada “recém-nascido”. Assim, esses desejos que ele ou ela usou, mas ainda não estavam corrigidos, saem como sangue, como várias secreções, tal como em um nascimento físico. Passado algum tempo, estes desejos regressam e tornam-se corrigidos em graus superiores.

Correspondentemente, depois de dar à luz um rapaz, atravessamos sete dias de Tuma’a (impureza), uma circuncisão nos oitavo e trigésimo terceiro dias de purificação. Depois de dar à luz a uma menina, atravessamos sessenta e seis dias de purificação. Estas são correções especiais. Assim que tenhamos corrigidos estes desejos através de uma ação especial, chamada Korban, (sacrifício/oferenda), realizamos uma ação em prol de doar. Aqui, sacrificamos, ou seja, nos aproximamos da doação sobre o Criador, de acordo com a lei de equivalência de forma, em prol de nos tornarmos mais semelhantes ao Criador. É assim que progredimos outro degrau na correção.

Aqui as correções são nas minúsculas revelações de todas as formas do desejo egoísta, que aparecem através da lepra e outros problemas que nos encontram nos nossos lares e nossos animais, nomeadamente em todos os graus – desejos do inanimado, vegetativo e animado.

A porção, Metzorá, detalha as correções realizadas pelo sacerdote. Começamos a discernir forças na nossa estrutura interna que nos ajudam com a experiência – de correções anteriores – a nos corrigirmos em todas as qualidades que nos aparentam ser “más”.

A porção fala de um homem que se traz a si mesmo ou a sua esposa ao sacerdote. A porção detalha como corrigir os “vestidos” sobre a alma, chamados “vestimentas”. A vestimenta é chamada, Ór Chozêr (Luz Refletida), ou Ór Chassadim (luz da misericórdia), ou seja, uma intenção de doar.

Embora nasçamos com desejos egoístas, se os “vestirmos” com a meta de doar e quisermos realizar atos de doação, assim corrigimos nossas “vestimentas”. O mais alto grau nesta correção é limpar as roupas e as mostrar ao sacerdote para seu exame. Este é o sentido da relação entre os graus no sistema superior. Desta maneira, avançamos nos nossos desejos corrigidos para a revelação do mundo superior, como está escrito, “Vereis vosso mundo na vossa vida”. *

Constantemente  nos  desenvolvemos  e  descobrimos  o  mundo.   Nos   sentimos   mais   e   mais incluídos em algo eterno e completo. Vivemos neste mundo como corpos  animados,  todavia descobrimos a parte eterna no interior chamada a “alma”. Identificamo-nos com essa parte pois ela é muito maior e mais poderosa que a parte animada. Essa simpatia faz-nos sentir que nossa parte animada é como um animal domesticado que mantemos no quintal. Não nos faz diferença se ele está morto ou vivo porque o eu, o humano que criámos no interior, que construímos em similaridade com o Criador, é eterno e completo tal como Ele é.

Tudo isto é feito através de trabalho pelo qual descobrimos tudo o que ainda não está “limpo” em nós. Nos limpamos de todos os pensamentos e intenções enfermos direcionados para nosso próprio benefício e para o dano dos outros.

Com cada correção e purificação nos tornamos cada vez mais semelhantes ao Criador.

As duas porções estão conectadas. Uma fala de uma qualidade chamada “mulher” e a outra de um leproso. O que é uma mulher? O que é um leproso? E qual é a conexão entre eles?

Na nossa percepção, “o homem é um pequeno mundo”. * Dentro de nós está uma força especial que “pinta” uma imagem nas traseiras de nossas mentes, na nossa consciência, que há um mundo diante de nós, fora de nós. Mas se um de nossos sentidos desaparecesse, tal como a visão ou audição, parte de nossa percepção também desapareceria.

O mundo é um produto de nossos sentidos, que retratam dentro de nós uma certa realidade. Essa realidade nada tem a ver com o que está na realidade a acontecer no exterior. Se estudarmos animais que vivem perto de nós, descobriremos que eles percepcionam nosso mundo muito diferentemente. O mundo de um cão, por exemplo, está cheio de odores. Os cães percepcionam o mundo usando esse sentido. Cobras percepcionam seu mundo através da temperatura, distinguindo cada elemento com grande exatidão. Noventa e sete por cento da percepção de nosso mundo depende da nossa visão. Assim, cada um tem uma imagem diferente da realidade, mas ela ainda é uma imagem da realidade.

Quando alcançamos a percepção da própria realidade, um sexto sentido se abre em nós. Começamos a ver a força superior, o mundo superior juntamente com este mundo. O mundo superior está presente aqui e agora e não precisamos morrer em prol de o perceber. Nossa morte nada muda neste caso. Também, começamos a descobrir que o mundo é muito diferente do que anteriormente imaginávamos. É por isso que está escrito sobre nosso mundo que ele é imaginário: “Eu vi um mundo invertido”. **

Nós alcançamos verdadeira percepção através  de  todas  as  correções  que  aparecem  nas  porções diante de nós, quando corrigimos nossos desejos para terem a intenção de doar mais e mais. Se usarmos nossos desejos com a meta de receber, constantemente absorvemos tudo o que nossas minúsculas e limitadas ferramentas de percepção retratam para nós. Mas quando saímos de nós mesmos para as frequências intermináveis além de nossos ouvidos e olhos, cujo alcance é muito limitado, entramos no sentido chamado “em prol de doar”, o “sentido de dar e amor”. Nesse estado, achamos uma realidade ilimitada, como se tivéssemos emergido de nossa pele, como está escrito, “Depois de minha pele eles o levantaram” (Jó, 19:26). Então a realidade que começamos a ver não está limitada aos cinco sentidos físicos, mas é a verdadeira realidade, o mundo superior que a Torá descreve.

Nesse sentido, o que é uma mulher que dá à luz e o que é um leproso?

“Uma mulher que dá à luz” é uma correção de um dos sentidos, assim alcançando nova realização, nova doação, na qual descobrimos outro novo mundo. Todavia, não podemos usar estas forças para a correção em prol de doar, uma limitação formada pelo contraste nele. Percebemos tudo através de opostos. Enquanto criaturas, vemos sempre uma coisa oposta a outra. Quando temos somente uma cor, ou algo sem um oposto, ou algo para o qual não temos balança com o qual medir ou comparar, não conseguimos ver ou senti-lo. Se não há situação de preto e branco, não conseguimos ver o preto, branco ou amarelo.

A revelação de nossa correção é sempre limitada e o limite dá-nos um sentido de orientação, que estamos em alguma coisa, com posse de alguma coisa. Inversamente, não fazemos ideia do que é permitido e do que é proibido. Nesse estado, tudo é completamente amorfo e nossas sensações desaparecem.

A mulher é aquela que dá à luz. O Criador podia ter criado um homem que desse à luz; porque criou Ele somente a mulher com a habilidade de dar à luz?

Uma mulher é chamada “a vontade de receber”. Um homem é chamado “a intenção de doar”. Deste modo, o homem assiste ao parto; não pode acontecer sem ele. O homem dá somente uma gota, da qual a mulher cria o recém-nascido. O homem produz somente a vontade de receber através da correção que ele realiza sobre si mesmo. Estas correções são chamadas “nove meses de gravidez”.

No livro de Baal HaSulam, O Estudo das Dez Sefirot, tal como em toda a sabedoria da Cabala, aprendemos sobre esta forma na qual crescemos e nos colocamos em uma situação complicada, o ventre superior – uma situação na qual podemos crescer. Estamos a assistir ao nosso crescimento dentro do ventre. É um grande trabalho que fazemos em prol de nos adaptarmos ao grau do Criador até que sejamos semelhantes a Ele. Então, nascemos. Contudo, cada um de nós tem uma realidade pessoal, a fase da maturidade, oposta à fase de Katnút (infância/pequenez). O resto das fases continuam até alcançarmos o nível completo.

Então uma mulher simboliza a vontade de receber e um homem simboliza o desejo de doar?

Sim.

Estão as questões ordenadas do alto para que a vontade de receber seja a única que pode dar à luz, enquanto o homem, que é doação, não possa?

O homem fornece a forma futura de doação. Não fosse a força de doação, a mulher não seria capaz de dar à luz. Se não há expansão para a vontade de receber ela mesma através da força de doação, ela não seria capaz de dar à luz a coisa alguma.

A porção, Metzorá, lida com infecções capilares. Porquê especificamente a pele? Há muitas outras aflições!

A pele é nosso lugar de escrutínio. Nossos desejos consistem de cinco graus: Mocha (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bassar (carne), e Or (pele). O desejo Or contém sete camadas; ele é o desejo final e mais rude. É por isso que é onde podemos escrutinar nossas intenções egoístas, nossa habilidade de corrigir e como assim fazer.

Nós corrigimos uma parte da pele ao escrever um livro de Torá sobre cabedal. Há um pergaminho de cabedal que cortamos ao meio e escrevemos as letras do livro da Torá na parte externa. Separamos a parte que não pode ser corrigida. Esta parte será corrigida somente no fim da correção, quando não há limitações nem letras. A revelação do Criador na realidade é no último grau mais egoísta que pode ser corrigido.

A “lepra” simboliza um uso desadequado deste conceito?

“Lepra” simboliza a revelação do limite, o lugar de reconhecimento do mal que uma pessoa corrige através da força interior – a grande força de doação chamada “sacerdote”.

A Torá lida com uma doença que ainda hoje é incurável.

Todas as doenças de pele são difíceis de curar e muitos de nós sofrem delas todas nossas vidas. Isso acontece, pois, a pele é o último grau do corpo, então é muito difícil para nós o influenciar. A tratamos como o fim do corpo, uma cobertura externa para nossos órgãos internos, mas a pele é tal como o coração, pulmões e rins. Ela é um órgão em e por si mesma, que ainda estamos por compreender.

Quando pesamos a pele, descobrimos que é o órgão mais pesado no corpo. Também, não podemos viver sem ela.

Verdade. Podemos ver com os problemas que as pessoas que sofreram sérias queimaduras têm. Isso é um resultado da espiritualidade, onde correções neste grau são as mais difíceis. Ela é Malchut na sua conclusão.

É a pele “curável” ou é uma doença crónica?

Somente no fim da correção, quando tenhamos corrigido tudo o resto, seremos capazes de corrigir a pele. Então, a luz brilhará na Alef através da estrutura inteira conhecida como “Adam”, bem como dentro da pele, na letra Ayin.

De O Zohar: Dois Pássaros Vivos

“Ele levou para a purificação dois pássaros, vivos e puros e um cedro e um escarlate e hissopo”. Aquele que se envolve na obra do seu mestre e se envolve na Torá, o Criador está sobre ele e a Shechiná (Divindade) conecta-se com ele. Quando um vem para ser corrompido, a Shechiná parte dele, o Criador parte dele e todo o lado de Kedushá (santidade) de seu mestre parte dele. Então o espírito de Tuma’a (impureza) e o lado inteiro de Tuma’a estão sobre ele. Se ele vem para ser purificado, ele é ajudado. Assim que ele se tenha purificado e arrependido, o que partiu dele a ele retorna e o Criador e Sua Shechiná estão sobre ele. Zohar para Todos, Metzorá (O Leproso), item 18

Isto diz respeito a uma pessoa que veio para ser purificada. Ela  traz dois pássaros diferentes,    bem como uma parte de uma árvore, através de certas pessoas. É assim que nos corrigimos através de nossas próprias forças, os desejos que aparecem na estrada da correção. Tais pessoas devem descobrir os desejos que requerem correção e os corrigir.

 

Termos

Uma Mulher em Trabalho de Parto

Esta é a vontade de receber que recebeu o poder para se desenvolver e produzir novos atos de doação em todo o homem.

Circuncisão

A “circuncisão” é uma correção de um desejo recém-nascido. Se ele é um homem, ele deve atravessar uma correção especial que o impeça de usar seu Siúm, Yessód, em prol de tocar a Malchut. Aqui podem ser encontrados os maiores e piores desejos, que podem ser corrigidos somente no fim da correção. Deste modo, aquele que deseja ser Yashar El (direito a Deus, Israel), deve fazer uma circuncisão, ou seja, se limitar a si mesmo de usar o desejo de doar além do seu ponto de Yessód. Também reconhecemos estes sinais como costumes no nosso mundo.

Menstruação

“Menstruação” é o sangue, as secreções que temos depois dos escrutínios dos desejos que podem ser corrigidos. Distinguimos os desejos que não podem ser corrigidos e partimos deles, os permitindo partir dos desejos destinados à correção. Subsequentemente, há imersão (gotejar) na água, onde devemos trazer a luz de Chasadim pela qual corrigir esses desejos.

Um Pássaro

Um “pássaro” são nossos desejos no grau de (inanimado). Ele tem um significado especial nas oferendas. Dentro do inanimado há uma divisão interna em vegetativo, animado e humano. O humano é especial e é em um dia especial. Através da vestimenta especial se vestir em nós e ao lugar especial, trazemos os desejos especiais em uma combinação especial para a correção chamada Korban.

Devemos aprender todos os detalhes; cada vez, isso tem uma complexidade diferente. É por isso que é chamado “incenso”, um pouco como uma salada. Somente ao combinar as razões e a combinação certa entre elas alcançamos a correção. Cada vez, montamos uma situação inteira, um mundo inteiro e este é nosso novo grau.

* Talmude Babilônico, Maséchet Berachot, 17a.

* Midrash Tanchumá, Pekudei, item 3.

** Talmude Babilônico, Maséchet Nezikin, Baba Bátra, 10b; Talmude Babilônico, Maséchet Pesachim, 50a.

Shmini (No Oitavo Dia)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 9:1-11:47)

Sumário da Porção

A porção, Shmini (No Oitavo Dia), lida com os eventos do oitavo dia depois dos sete dias de preenchimento. * Este é o dia de inauguração do tabernáculo. Aarão e seus filhos oferecem sacrifícios especiais neste dia. Moisés e Aarão vão abençoar o povo e finalmente, o Criador aparece ao povo de Israel. Os filhos de Aarão, Nadáv e AVihu, pecam ao fazer uma oferenda sobre um fogo estrangeiro e o fogo os consome. Aarão e os filhos remanescentes recebem instruções especiais para se conduzirem a si mesmos na situação e entre outras ordens, eles são proibidos de carpir.

 

Cometário:

Esta porção conta outro mal-entendido entre Moisés e Aarão e seus filhos, a respeito de comer a oferenda do pecado. A porção termina com regras sobre comida proibida, detalhando os animais, bestas, aves e peixes que são proibidos* de comer. Regras de alimentação. Regras de Tuma’a (impureza) e Tahará (pureza) são também brevemente explicadas.

 

Perguntas e Respostas

A porção menciona muitos detalhes a respeito do tabernáculo e oferecer sacrifícios, o que é proibido e o que é permitido. Como devemos compreender isto internamente?

Precisamos examinar quais dos nossos 613 desejos precisamos corrigir e como. Foi dito sobre o Homem, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”, * então podemos corrigir nossa inclinação ao mal, os desejos egoístas, nos quais pensamos somente em nos mesmos e não conseguimos realizar uma única ação de dar e amor pelos outros.

Está escrito, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. ** Esta é uma força especial e a Torá foi dada pelo único propósito de a obter. Se estudamos a interioridade da Torá adequadamente, nomeadamente a Cabala, a sabedoria da luz, atraímos a luz que reforma, que nos corrige.

Os desejos em nós são  chamados  a  “inclinação  ao  mal”.  Inicialmente,  eles  são egoístas pois “a inclinação no coração de um homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21). Nossa meta é corrigi-la através de nossos estudos e a transformar na intenção de doar sobre os outros, com a meta da conexão e amor. Ao nos corrigirmos, obtemos a qualidade de doação, equivalência com o Criador e Dvekút (adesão) com Ele em prol de ser como Ele. Este é o propósito da criação do Homem, de ser como o Criador.

Para corrigir nossos desejos e inclinações, precisamos seguir uma certa ordem, do fácil ao difícil. Para corrigir adequadamente nossa natureza, devemos conduzir-nos de acordo com nosso nível de desenvolvimento. Como uma criança que se torna uma pequena criança, então um jovem e finalmente um adulto, cada fase do nosso desenvolvimento requer mais atividades de maior complexidade. Em cada fase, atraímos a luz que reforma. Isto separa para nós, de acordo com a ordem de dificuldade, os desejos cujo tempo de correção chegou. É por isso que a Torá é chamada Ora’á (instrução), pois através dela avançamos e subimos a escada de graus até ao fim da correção de todos nossos desejos.

Na porção, Shmini, escrutinamos que desejos podemos corrigir, como os podemos corrigir e que desejos não podemos corrigir. Dentro de nós há desejos que não podem ser corrigidos, chamados o “coração de pedra”. Estes desejos são a base de nossa natureza. Eles são tão intensos que não conseguimos sequer pedir pela sua correção.

Ao corrigir o que devemos e ao nos arrependermos de não sermos capazes de corrigir o coração de pedra, bem como distinguindo o que é corrigível e o que está além de nossa habilidade de corrigir, ganhamos uma percepção clara da diferença entre eles. Ao nos arrependermos do que não conseguimos corrigir, todavia fazendo tudo o que podemos em respeito a estes desejos, eles se tornam corrigidos.

É por isso que as leis de Kedushá (santidade) são chamadas “leis de Kashrut” (o substantivo do adjetivo, Kosher). Examinamos estas leis – o que é kosher e o que não é, no inanimado, vegetativo, animado e humano, como as devemos realizar e em que nível.

A palavra, Kashrut, refere-se à palavra, Kosher (“permitido”, “adequado”, “licito”), referindo-se à prontidão para a doação. Uma “pessoa kosher” é aquela que se corrigiu a si mesma em todos os desejos de doação e amor pelos outros, pelo menos em um certo nível.

A medida do desejo é a soma de todos os desejos em nós nos níveis de inanimado, vegetativo e animado. Quanto mais o desejo se mistura com a emoção, razão, entendimento, conexão com as pessoas e a força superior, mais nós o corrigimos. As leis de Kashrut contam-nos como santificar, como trazer cada desejo à correção e como o usar para doar. A Torá dá-nos exemplos do nosso mundo, como usando o desejo por comida que na realidade se refere à correção do homem.

Contudo, estamos destinados a falhar, como crianças que não conseguem compreender como um novo brinquedo funciona até que elas o quebrem. Elas não entendem sequer que elas o quebraram, ou como, se de todo, é possível o concertar. Enquanto a criança não compreender totalmente a concepção do brinquedo – como foi ele feito e o papel de cada parte – a criança não se tornará apegada a ele.

Similarmente, devemos compreender as fundações da Criação e tocar nos nossos mais básicos, desejos egoístas, como está escrito, “Não há um homem justo na terra que faça o bem e não peque” (Eclesiastes, 7:20). Devemos experimentar todos os pecados, falhar e então os corrigir. Não há outro caminho.

Devemos reconhecer todo o mal em nós, como diz o Criador, “Eu criei a inclinação ao mal”. Somos nós que devemos descobrir onde reside nossa inclinação ao mal. Quando a descobrimos, somos considerados “ímpios”, “transgressores”. Reconhecemos o mal e nos arrependemos dele.

Contudo, não nos arrependemos do reconhecimento do mal dentro de nós pois foi assim que fomos feitos. Em vez disso, nos arrependemos que nossa inclinação não seja doar, mas receber para nós mesmos. Exigimos a força corretora e receber do alto a luz que reforma. Assim, mudamos de usar cada desejo egoisticamente e procurando autogratificação, para procurar o benefício dos outros. É assim que nos corrigimos a nós mesmos.

O reconhecimento geral da inclinação ao mal ocorre pela quebra dos vasos nos mundos superiores. Esta é nossa raiz da qual este mundo foi criado, preparada nas raízes superiores, o sistema superior. Ela está embutida na fundação da nação, nos atos de Nadáv e Avihu, como abaixo descrito. Agora devemos descobri-lo em nós neste mundo.

Nadáv e Avivhu tiveram de atravessar este processo e embora possa parecer que eles cometeram uma transgressão, sua ação ajuda-nos a descobrir a fundação de “Eu criei a inclinação ao mal” para que a possamos corrigir.

Nadáv e Avihu quiseram alcançar o fim da correção instantaneamente. Contudo, quando assim fizeram, descobriram a vontade de receber em prol de receber, a inclinação ao mal, Sitra Achra, Klipá (casca/pele), na sua pior forma. Nadáv e Avihu atrairam uma luz tão poderosa para si mesmos que não conseguiram recebê-la em prol de doar, então a receberam em prol de receber e deste modo morreram.

Aquele que avança nos graus também assim faz. Dentro de nós estão forças chamadas “Nadáv” e

“Avihu”, em acréscimo às forças de “Aarão” e “Moisés”.

“O homem é um pequeno mundo”, * e o que quer que seja contado na Torá existe em todo e cada um de nós. Podemos fazer as mesmas transgressões e corrigi-las passado algum tempo. É assim que nos tornamos conscientes da verdadeira inclinação ao mal, o coração de pedra, que não pode ser tocado. Através destas histórias, aprendemos a corrigir os desejos que podem ser corrigidos, na ordem certa da correção.

As leis de Kashrut no fim da porção derivam de todos nossos escrutínios. Elas explicam-nos como nos podemos corrigir a nós mesmos e como é melhor trazer o incenso, os desejos que estão adequadamente misturados, as forças de doação e recepção dentro de nós, para que se corrijam uma à outra.

É com isso que a porção, Shmini, (No Oitavo Dia) lida. Ela assim é chamada pois Malchut que ascende até Yessód é a oitava Malchut e nós devemos saber como a corrigir. Ela é chamada “Oitava” segundo a correção básica, de distinguir entre as partes de Malchut que não podem ser corrigidas e aquelas que podem ser e como podemos atrair as forças de correção. Examinamos tudo isso no nosso caminho espiritual, em uma correção chamada Shemini.

O número 7 aparece muitas vezes nesta porção. Há um sentido especial nisso?

Está escrito que há seis dias de trabalho e o sétimo é o Shabat*. Os seis dias são Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód. “Dias” são na realidade graus pelos quais podemos corrigir nossos desejos. O Sétimo dia é Malchut, que é corrigido por si mesmo pelo que fizemos durante os seis graus e ao atrair a luz. De fato, todas as correções são feitas no sétimo dia.

O Shabat não é na realidade um dia de repouso, mas um estado onde não é mais possível examinar ou organizar qualquer coisa. Em vez disso, “Aquele que trabalhou na Véspera de Shabat comerá no Shabat” **. Somente aquilo que fazemos durante os seis dias entra em Malchut e é corrigido em Malchut, na nossa Yessód (também “fundação”), na nossa substância, nossos desejos.

O oitavo é a recepção da qualidade de Aarão, a qualidade de Biná, como está escrito, “Filhos de Biná, oito dias”. *** Malchut conecta-se a Biná, da qual atraímos a força da correção no oitavo dia.

O sistema superior é chamado Zeir Anpin, ou HaKadosh Baruch Hu (O Sagrado Abençoado Seja Ele). Ele é o sistema que nos corrige, a vestimenta, Malchut, que se conecta ao sistema superior. Em outras palavras, nossas almas se conectam ao Criador.

A alma é também chamada a “Assembleia de Israel” porque ela assembla todas as almas que desejam a correção. É assim que chegamos ao oitavo. Aqui, devemos ser cuidadosos quando encontramos situações, como encontraram Nadáv e Avihu, mas ainda temos de as experimentar.

Como já mencionado, “Não há um homem justo na terra que faça o bem e não tenha pecado” (Eclesiastes, 7:20). Significa isto que encontraremos muitas mais experiências para escrutinar quando seguimos nossas raízes e seguimos o que aconteceu a nossos antepassados. Depois de todas as correções e exílio que atravessámos, chegaremos à divulgação e saberemos como continuar. Adicionalmente, teremos boas instruções da sabedoria da Cabala, para  que  quando  enfrentemos escrutínios exigentes, os atravessemos rapidamente e continuemos nossa jornada.

A respeito do exemplo de Nadáv e Avihu, nós queremos sempre que nossos filhos não cometam erros. Isto mostra-nos que os erros são mandatários?

Sem estarmos conscientes disso, constantemente conduzimos nossos  filhos  para  erros.  E  não só crianças – até estudantes da universidade prestes a se tornarem doutores aprendem ao lhes serem apresentados problemas. O processo de aprendizagem em si mesmo envolve solucionar problemas. Apresentamos a crianças problemas e queremos que elas brinquem e os resolvam. Alternativamente, damos-lhes alguma coisa para montar ou exercícios em matemática, física ou química. Constantemente as desafiamos com problemas.

Quando nossas crianças se tornam jovens ou jovens adultos, ainda nos preocupamos que elas possam cometer erros. Como educamos crianças que não atuem sobre seus desejos intensos, como fizeram Nadáv e Avihu, que foram queimados por isso?

As crianças aprendem o que fazer, como o fazer e se o devem fazer completamente, somente por tentativa e erro. Similarmente, nós, também, aprendemos por tentativa e erro. Nós temos de descobrir a quebra, a crise, nossa natureza, ou não saberemos como a corrigir. Foi assim que nos foi dada a Torá, cuja luz brilha para nós e clarifica as matérias.

Há luz para o escrutínio dos Kelim (vasos) e há luz para a correção dos Kelim. Se soubermos como usar nossos Kelim (desejos) corretamente, vamos avançar pelas correções rápida e agradavelmente. Se cada vez que encontrarmos corrupção também soubermos que a podemos concertar e ao assim fazer descobrir outra porção do mundo espiritual, nossa eternidade, perfeição, não há dúvida que seremos felizes quando essa corrupção aparecer.

Em relação à educação, quando vemos nossos filhos cometerem erros e a corrigi-los, devemos ver isto como algo bom?

Sim. Há costumes onde agimos alegremente (até no Dia do Perdão [Yom Kippur]), em oposição à tristeza expressa pelos outros costumes. As diferenças derivam de entender mal o que estamos a descobrir. Na verdade, há algo a ser dito sobre as expressões de todos os costumes. Em cada revelação do mal deve haver também alegria, dado que temos o meio para a corrigir e alcançar contentamento. É impossível sentir-nos bem sem descobrir e corrigir o mau.

Está escrito que todos saberão a diferença entre as regras de Tuma’á (impureza) e Tahará (pureza). Diz-se que no tempo do Primeiro Templo, toda a criança de seis anos de idade conhecia essas leis. O que significa isso?

Isto não se refere a crianças no sentido físico da palavra, embora fosse esse o tipo de educação prevalecente nessa altura e as crianças realmente crescessem com entendimento, sensação e percepção da força superior. Elas recebiam educação que as trouxesse à doação e abertura dos seus olhos. Além deste mundo, que elas viam através dos seus cinco sentidos físicos, elas assistiam em desenvolver um sexto sentido, chamado Neshamá (alma). Com esse sentido, elas experimentavam a força superior e deste modo sabiam o que era bom e o que era mau. Elas conseguiam distinguir entre ambos e assim cresciam.

Tudo depende do meio ambiente. O meio ambiente educava as crianças para correções e cada criança cujo ego (vontade de receber) crescesse recebia a educação adequada. Educação é um sistema de correção através do meio ambiente, com explicações e apoio enquanto nossos desejos crescem. Educação significa ensinar crianças que seus desejos estão constantemente a crescer e devem ser usados em prol de doar, pelo amor.

Pode tal educação ser estabelecida hoje, também?

Isso acontecerá de qualquer modo porque a Natureza hoje nos está a obrigar a fazê-lo. Estamos a dirigir-nos para um estado onde teremos de instar este tipo de educação pelo mundo, não só para nós, mas para o mundo inteiro. Precisamos ser “uma luz para as nações” (Isaías, 42:6), e transmitir o método em diante, “pois Minha casa será chamada ‘uma casa de oração’ para todas as nações” (Isaías, 56:7), para que elas sejam todas como uma.

Hoje estamos no último exílio, que precede a nossa completa redenção. Deste modo, devemos primeiro trazer esta educação ao povo de Israel e subsequentemente ao resto do mundo. Estamos em fases avançadas neste caminho. A crise que experimentamos, o desamparo na educação e o colapso da estrutura familiar todos estamos destinados a abrir nossos olhos para grandes mudanças.

Isso significa que a crise foi destinada a nos fazer pedir uma solução em um nível superior?

Sim. A solução já existe e ela é simples: devemos entender que não há outra escolha, que temos um meio fácil e eficiente de obter prosperidade e felicidade, especialmente com nossos filhos. Inversamente, que tipo de mundo lhes vamos deixar?

Sabemos que os dias e ocasiões mencionados na Torá simbolizam mudanças internas; qual é a fase do dia da “inauguração do tabernáculo”?

Assim que uma pessoa tenha separado todos os seus Kelim na mente e coração, ou seja os seus desejos, pensamentos e intenções, essa pessoa pode trabalhar com estes Kelim em poder completo. Isto é chamado “a inauguração do tabernáculo”. Uma pessoa os traz como oferendas quando são escrutinadas.

As oferendas são todos os desejos que podemos transformar de direcionados para receber, de egoístas (inclinação ao mal), para direcionados para doar, para a forma de doação e amor. Esta é a correção. Ao corrigir mais e mais dos nossos desejos para doação e amor, nos aproximamos do Criador. A palavra, Korban (sacrifício/oferenda), vem da palavra Karov (perto/próximo), e Makriv (aproximar/oferecer/sacrificar). Este é o principal trabalho do Homem. Assim, “a inauguração do tabernáculo” significa que um preparou os Kelim com os quais ele pode começar a trabalhar.

Estar na luz, durante o dia, se refere a um estado que é oposto à noite?

Está escrito (Salmos, 36:10), “Pela Tua luz veremos nós luz”. Assim que que nos tenhamos corrigido a nós mesmos no grau de doar em prol de doar, o grau de Aarão – corrigimos esses desejos que estão em recepção para em prol de doar. Avançamos constantemente de querer receber para nós mesmos em todos nossos desejos, para um estado onde o que nos está a acontecer nos é claro. Assim, neutralizamos esses desejos em um ponto onde não os queremos usar para nosso próprio bem, uma vez que isso literalmente destruiria e “queimaria” nossa alma”. Nos prepararmos é “o tabernáculo”. Doravante, começamos a corrigir esses desejos em prol de doar.

 

Termos

Inauguração do Tabernáculo

“Inauguração do tabernáculo” é o ponto do qual podemos trazer oferendas, ou seja, corrigir nossos desejos de fato. Nesse estado, podemos corrigir cada desejo ao torná-lo semelhante à doação, amor pelos outros e o Criador. Nos tornamos semelhantes ao Criador nesse desejo, compreendendo a inteireza e eternidade da Criação. Nós mesmos nos tornamos como o Criador, como está escrito, “Regressai, Ó Israel, ao Senhor vosso Deus” (Oseias, 14:2). É isto que devemos alcançar e estas ações trazem consigo grande alegria.

Então não é coincidência que a revelação do Criador seja mencionada no mesmo dia que a inauguração do tabernáculo. Mas, o que significa revelar o Criador?

Ao começar a realizar a obra do tabernáculo, descobrimos o Criador, de acordo com a lei de equivalência de forma. À medida que realizamos as mesmas ações que o Criador, o Criador “veste- se” em nós e começamos a sentir que nossas ações criam nossa situação, nosso lugar e nosso estatuto. Aquele que realiza ações de doação e amor, corrigindo a inclinação ao malde um, se torna como o Criador. É por isso que tal pessoa é chamada “Homem” (Adam), da palavra Doméh (semelhante) ao Criador.

Nadáv e Avihu se sacrificaram com fogo estrangeiro. O que significa isso?

“Fogo estranho” é atrair luz que vem para a vontade de receber em prol de receber. Nadáv e Avihu não sabiam que isto era impossível pois eles não conseguiam calcular. Eles pretendiam agir com a direção de doar; eles queriam santificar ainda mais, fazer correções maiores do que era possível. Foi por isso que falharam. Eles pecaram ostensivamente, mas não é verdadeiramente um pecado pois eles não tinham conhecimento prévio disso.

Um “pecado” é quando sabemos que algo é um pecado, todavia o fazemos. Não temos tais pecados. Todos nossos pecados no caminho espiritual são de não saber e as questões subitamente aparecem como egoístas. Da próxima vez, tentamos evitá-lo. Não é como o pecado de Adam HaRishon, de quem está escrito, “Eu comi e eu comerei mais”. Este foi um pecado verdadeiro.

De O Zohar: No Oitavo Dia

Nesse dia, houve a alegria da assembleia de Israel, Malchut, conectando em laços de fé com todos os laços sagrados em todas as Sefirot de ZA. Isto assim é porque o incenso conecta tudo como um, que é o porquê de ser chamado “incenso”. Nadáb e Avihu vieram e ataram todos estes ao Sitra Achra e deixaram a Malchut fora pois eles não a conectaram às Sefirot de ZA. Eles ataram outra coisa no lugar de Malchut, que é o porquê de mais tarde ele alertar os sacerdotes, como está escrito “Com isto virá Aarão para o sagrado lugar”, quando ele ata Malchut, chamada “isto”. Zohar para Todos, Shmini (No Oitavo Dia), item 37

Aquando da recepção da luz, Nadáv e Avihu quiseram misturar todos os desejos juntos, para os corrigir e realizar uma ação de doação com eles, mas sem primeiro realizarem o trabalho de escrutínio. Contudo, é impossível atrair tudo de uma vez; isso deve ser feito gradualmente. Somente através deste trabalho, que cada um de nós experimenta, compreendemos nós como continuar na ordem adequada da correção.

* “Vós não saireis para fora da entrada da tenda do encontro durante sete dias, até ao dia em que o período da ordenação seja concretizado; pois ele vos ordenará durante sete dias” (Levítico, 8:33).

** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

*** Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Midrash Tanchumá, Pekudei, item 3

***** “Seis dias será trabalho feito, mas no sétimo dia há um Shabat de repouso absoluto, uma convocação sagrada. Vós não fareis qualquer trabalho; esse é um Shabat para o Senhor em todas vossas moradias” (Levítico, 23:3)

****** Talmude Babilônico, Maséchet Avodá Zara, p 3a.

******* Como cantado na canção de Chanucá, Maoz Tzur.

******* Midrash Rabá, Beresheet, Porção 19

Tzáv (Comando)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 6:1-8:36)

 

Sumário da Porção

A porção, Tzáv (Comando), lida com as regras de sacrificar, especialmente aquelas relacionadas aos sacerdotes. A porção menciona o comando de doar fertilizante, a oferenda presente, a oferenda  de  pecado,  a  oferenda  de  culpa,  a  oferenda  da  paz  e  a  proibição  contra   comer gordura animal.

Tzáv também menciona punições para aqueles que comem carne não-kosher, como está escrito, “A alma que come dela produzirá iniquidade (Levítico, 7:18). Aquele que come gordura das oferendas, “A alma que come será separada do seu povo” (Levítico, 7:25), e aquele que come das oferendas de sangue, “Essa alma será separada de seu povo” (Levítico, 7:20).

Subsequentemente, a porção lida com os sete dias de preenchimento e a inauguração do tabernáculo. O Criador ordena Moisés a reunir Aarão e seus filhos, os sacerdotes e toda a congregação na porta da tenda de encontro. Moisés lava Aarão e seus filhos e os veste nas roupas do sacerdócio. Moisés coloca o óleo de unção sobre o tabernáculo e tudo o que está nele e santifica Aarão e seus filhos, demonstrando aos sacerdotes – seguindo a ordem do Criador – o que fazer com os vários órgãos das oferendas.

 

Comentário

O Korban (oferenda/sacrifício, da palavra, Karov [perto]) é a forma de se aproximar do Criador. Nada há senão as oferendas. Hoje, nós estamos no pior estado na história. Nada há pior que este mundo e nosso presente estado. Devemos sair desse estado e avançar para o Boré (Criador), das palavras Bô Re’é (venha e veja). Descobriremos o Criador de acordo com as mudanças e correções em nós pois a força superior, nomeadamente a luz superior, está em repouso absoluto e todas as mudanças ocorrem em nós, como está escrito, “Eu o Senhor não mudo” (Malaquias, 3:6).

Aproximação do Criador depende de nossas qualidades. Deste modo, devemos nos mudar a nós mesmos e corrigir todos os desejos negativos e egoístas em nós, de acordo com a ordem que a Torá narra. A palavra Hebraica Torá, vem da palavra, Ora’á (instrução), ou seja, como corrigir nossos desejos egoístas, direcionando-os para a doação e amor e alternando de ódio infundado para o amor absoluto.

A crise global está a acontecer devido ao ódio infundado entre todos. Não podemos estabelecer a justiça social, conexão, unidade e não nos conseguimos organizar a nós mesmos e a nossas vidas melhor por causa do nosso carácter, como está escrito, “A inclinação no coração de um homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21). Para corrigir o coração, que simboliza nossos 613  desejos egoístas, corruptos, precisamos da Torá.

A Torá é a “luz que reforma”. * Aquele que trata a Torá adequadamente descobre a sua impiosidade, como está escrito, “O mundo foi criado somente para os completos ímpios ou para os completos justos”.** Isto é, devemos descobrir que somos completamente ímpios, criados com uma inclinação ao mal. Então, “Eu criei para ela a Torá como um tempero”***, pois “a luz nela os reforma”. **** Então, chegamos a um estado de completos justos. É assim que o devemos ver.

A palavra, Tzáv, significa “mandamento”. Podemos atravessar o processo ao sofrer e receber golpes, mas este caminho não é nem respeitável nem desejável aos olhos do Criador, ou aos nossos. Mas há outro caminho. Podemos atravessar o processo reconhecendo e entendendo que estamos a ser conduzidos para descobrir a força superior e estamos sendo elevados a uma dimensão superior. A crise e o sofrimento que sentimos neste mundo são dirigidos a nos empurrar para nos desenvolvermos em um nível superior, o humano, que se assemelha ao Criador.

Há muitas fases neste trabalho. Algumas fases são chamadas “as nações do mundo”, e nelas escrutinamos nossos desejos e os corrigimos ligeiramente no nível das “nações do mundo” que seguem sete Mitzvot (mandamentos). Somente então alcançamos o grau de Israel, ou seja Yashar El (direito ao Criador), onde já nos direcionamos para o Criador.

Manter ou observar Mitzvot (em Hebraico, é descrito como “fazer”) significa corrigir nossos desejos. Dos 613 desejos que pertencem ao trabalho de Israel, alcançamos o grau de Levitas e o grau de sacerdotes. Assim, podemos atravessar o Yod-Hey-Vav-Hey de baixo para cima, de Malchut passando por Zeir Anpin, Biná, Chochmá e Kéter até alcançarmos Dvekút (adesão) com o Criador.

Esta é a ordem inteira do trabalho que a Torá descreve e é apresentado no Talmude Babilônico. As oferendas são um assunto mais complicado – elas são, de fato, nosso inteiro trabalho. “Fazer uma oferenda” significa aproximar o Criador através de correções consecutivas de nossos desejos. Gradualmente nos aproximamos o Criador com correções que começam com os mais fáceis desejos e continuamos até aos mais duros, mais pesados e mais egoístas.

Estes são desejos que separamos dentro de nós e então determinamos como os corrigir. É por isso que o texto menciona partes do corpo, óleo, tempo, movimento, lugares, a força pela qual corrigimos e em que estado. Também devemos manter em mente que tudo isto diz respeito somente a nossa estrutura interna.

Nós estamos imersos em um oceano de luz superior, que é o Criador, como está escrito, “A luz superior está em repouso absoluto”*****, e todas as mudanças aparecem somente a nós, que estamos dentro da luz. Se não sentimos que a luz, o Criador, está a preencher o todo da realidade, isso significa que estamos em um estado de “dupla ocultação”. Isto é, não temos sensação de que algo está escondido de nós. O primeiro grau que alcançamos é a sensação de ocultação, a consciência que alguma coisa está escondida de nós.

Hoje, toda a humanidade está a começar a percebe-lo. Cientistas e psicólogos estão a começar a ver que o mundo é redondo. Eles falam de uma única força que nos cerca e controla, que há orientação e governação unificada e que o mundo está atado em harmonia através de leis fixas.

Está escrito, “Ele deu uma lei que não será quebrada” (Salmos, 148:6). Gostemos disso ou não, eventualmente teremos de nos aproximar dessa lei, a estudar, a imitar e a manter. Se o quisermos, bom. Se não o quisermos, seremos forçados a aceitá-la através de golpes, como muitas histórias da Torá descrevem.

A Torá conta-nos sobre coisas más que ostensivamente acontecem se não fizermos o que devemos. É necessário reconhecer o mal e sua divulgação. Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”******, para que cada vez que a inclinação aparece, a devemos corrigir. Podemos discernir a inclinação ao mal somente se cairmos nela. Mas se chegarmos preparados, não nos misturaremos com ela ou cairemos debaixo dela, mas a controlaremos e corrigiremos. Foi por isso na realidade que nos foi dada a Torá.

O mundo inteiro está a aproximar-se desse reconhecimento. Muitos cientistas já afirmam que existimos em um sistema circular, que há uma força na Natureza que atua sobre nós, exigindo que nos adaptemos a ela em um mundo global e integral, em harmonia e equilíbrio com a Natureza. Eles já falam sobre holismo e outros tais fenômenos, então há excitação e algumas novas impressões que se aproximam da verdade.

Primeiro devemos reconhecer que há verdadeiramente algo escondido de nós. Isto é considerado “ocultação”, e isso é bom; essa é a sensação de exílio. Quando estamos no exílio, o sentimos através do nosso contato com a força superior que nos controla e atua sobre nós. Isto assim é, embora não saibamos como funciona ou como ela nos controla, nem compreendemos suas ordens ou o que ela quer de nós. De fato, até se compreendêssemos, não saberíamos como levar a cabo sua vontade. Seríamos incapazes de melhorar nossa situação. Internamente, reconhecemos que não o saber seria uma perda terrível. O mundo inteiro está gradualmente a avançar para este reconhecimento.

 

Perguntas e Respostas

Quando dizemos “Ele”, estamos a referir-nos a uma lei superior, ou ao Criador?

Não nos estamos a referir a uma imagem, mas a uma qualidade abrangente que nos governa, a qualidade de completa doação e amor. Quanto mais perto dela, melhor a conseguimos detectar.

Aproximamo-nos dela ao fazermos boas conexões entre nós, como está escrito, “Do pelo homem ao amor por Deus”. ******* Se estabelecermos grupos que ensinam a natureza superior em prol de nos aproximarmos e estarmos em amor fraterno, começaremos a sentir a força superior de acordo com a lei de equivalência de forma, nomeadamente a equivalência de qualidades. Então, descobriremos que estamos verdadeiramente em exílio. Este é o princípio do processo. Assim, quando lemos a história de Ester, descobrimos ocultação, que é o primeiro passo.

Quando nos aproximamos de Pessach, a um estado onde sentimos que estamos no Egito, exilados da revelação da luz, a força superior, temos o “grande Shabat”, que salienta a importância da sensação do exílio. É impossível alcançar a redenção sem essa sensação. A diferença entre Gadlút (exílio) e Geulá (redenção) é a soma da letra Alef, em Geula, representando o Aluf (Campeão) do mundo, no qual o Criador aparece. Exílio é o desejo de O descobrir, pois é a Ele que devemos alcançar.

Quando queremos descobrir o Criador, trazemos todos nossos desejos a um estado onde eles não impedem o caminho da luz, como está escrito, “Sua glória preenche o mundo”. * Ele preenche tudo sem interrupção de nós. Quando restringindo nossa sensação de auto importância, o ego, independência e a sensação de singularidade, nosso inteiro “Eu” – sentimos que o Criador passa através de nós. É assim que O descobrimos.

Mas primeiro, devemos ser “transparentes” e evitar ser uma partição, interferindo com a qualidade de doação e amor que prevalece no mundo. Então descobrimos que estamos verdadeiramente imersos na luz superior que preenche todas as coisas e que estamos nela. Este é o grau que devemos alcançar. Esta é a primeira fase da redenção.

A aproximação é sentida dentro de nós e começamos a sentir que estamos dentro da luz superior que preenche todas as coisas e faz tudo, como está escrito, “Ele fez, faz e fará todas as ações”.

********* Esta é nossa salvação de todas as crises, desespero e confusão nas nossas vidas.

A oferenda é para o Criador. A queimamos e assim aparentemente damos alguma coisa. Porque não   nos   sacrificamos   uns   para   os   outros   em    prol    de    nos    aproximar?    Deste  modo poderíamos realmente dizer que através do amor pelos outros, obtemos algo superior.

Isso só parece desse modo devido a como usamos nossa linguagem. A respeito do trabalho com as oferendas, precisamos trabalhar com cada desejo egoísta que repele os outros, desejos com os quais desejamos explorar os outros e sermos absortos deles. O sacrifício é parar esse desejo que nos dificulta aproximar dos outros.

Quando nos aproximamos dos outros, criamos um sistema de doação mútua e descobrimos a luz superior que está entre nós, não dentro de nós individualmente. A atraímos e a descobrirmos precisamente ao criar a qualidade de doação entre nós.

Significa que esta aproximação toma lugar entre nossos amigos no mundo?

A aproximação é entre as pessoas, não dentro de nós. Dentro de nós, podemos somente sentir fenômenos egoístas. É por isso que presentemente sentimos somente este mundo através dos nossos cinco sentidos físicos.

Como se oferece um sacrifício do grupo para o Criador?

É o mesmo se corrigimos nossos desejos para os outros ou para o Criador. Todos realizamos a correção juntos, entre nós, para revelar a qualidade abrangente de doação e amor que prevalece no mundo.

A qualidade de doação é o Criador. Ele é uma qualidade, o pensamento da Criação. Nós não nos direcionamos para certa entidade. É difícil explicar pois no nosso mundo tudo é muito “terra-a- terra”, revestido em matéria, enquanto que na sabedoria da Cabala não há tal substância, somente forças.

Está escrito nesta porção que se os filhos de Israel não fizerem adequadamente a oferenda, eles serão punidos. Qual é a punição?

A punição é que a faremos independentemente, como está escrito, “Pois nenhum banido será exilado Dele” (Samuel 2, 14:14), e tudo retornará à sua raiz.

Está escrito na porção, “essa alma será separada do seu povo” (Levítico, 7:20). Que significa isso?

Isso significa que somos separados do nosso grau. Se já estivemos no nível de “Israel” (Hebraico: Yisrael), ou seja Yashar El (direito a Deus) e caímos dele para o grau de “nações do mundo”, sofreríamos   porque havíamos   nos afastado   da   doação,   amor,   revelação,   entendimento     e consciência. Assim, devemos passar mais tempo a buscando de um modo desagradável e somente então regressaremos. Esta é a punição.

Não conseguimos processar a informação adequada e rapidamente ao trabalhar sobre o desejo com nossas mentes, como nos convida a Torá a fazer, faremos o mesmo trabalho, mas levará mais tempo e será desagradável. Similarmente, se as crianças escutarem o que lhes é dito e fizerem o que lhes é pedido, elas beneficiam. Se não fizerem, ainda têm de fazer suas tarefas pois não têm escolha, mas elas sofrem.

Como podemos usar o tópico das oferendas na nossa educação?

Não há diferença. Se nascemos preguiçosos e teimosos, podemos voltar-nos para nossos pais e lhes dizer, “Tu me fizeste desta maneira; Eu não quero estudar; Eu não quero te escutar; tudo o que quero é brincar é assim que sou. Pedi estas qualidades? Não, nada há que eu possa fazer”.

É culpa dos pais ou nossa? O que podemos fazer é criar um meio ambiente que nos ajude a tornar espertos e bem-sucedidos. Nosso meio pode ajudar-nos a entender o propósito da Criação, como o alcançar e como diminuir o sofrimento. Tudo depende do meio ambiente. Se trabalharmos em um meio ambiente adequado, bom que nos apoie, aprenderemos como ser dadores e desfrutar disso. É assim que nos aproximamos da doação e amor – esse é o trabalho das oferendas que realizamos.

A porção fala de sacerdotes, que indicam um grau muito alto. As questões podem ser atribuídas à educação também neste nível?

Começamos do zero, do grau de “nações do mundo”. Todos estão destinados a alcançar este grau. O propósito da criação é que todos cheguem a este trabalho, corrijam a si mesmos e alcancem o fim da correção, chamado “redenção completa”. No Primeiro Templo, o povo de Israel já estava no nível da redenção, Môchin de Chaiá. No Segundo Templo, descemos ao nível de Môchin de Neshamá. Agora devemos chegar ao Terceiro Templo, o mais alto grau na escada de graus espirituais, onde incluímos o todo da humanidade.

Se o sacrifício significa nos aproximarmos da sociedade, incorporamos a educação nisso, ou essa é uma questão separada?

Não podes ser educado sozinho, somente em uma sociedade. Somos ensinados a nos conectar com os outros em um relacionamento cuja qualidade é semelhante a aquela do Criador. Descobrimos esta qualidade entre nós pois é somente entre nós que Ele é revelado. Isto é semelhante a alterar algo em um receptor de rádio para que ele receba a onda no exterior.

De O Zohar: NRN dos Dias da Semana e NRN do Shabat

Um sábio discípulo deve ver-se a si mesmo igual a todos os estudantes da Torá. É assim que ele se deve considerar a si mesmo da perspectiva das NRN noéticas. Mas da perspectiva dos órgãos do corpo, a perspectiva das NRN animalescas, ele se deve considerar a si mesmo como se o mundo inteiro dependesse dele”. Por esta razão, ele deve direcionar sua mente, espírito e alma para fazer esses sacrifícios com todas as pessoas no mundo e o Criador acrescenta um bom pensamento à ação. Com isso, “Homem e besta VÓS libertais, Ó Senhor”. Zohar para Todos, Tzav (Comando), item 71

A luz superior está destinada a reformar cada um – aqueles no grau animado e aqueles no grau humano. É por isso que ninguém pode dizer, “Isto não é para mim”. Tem de haver um estudo da sabedoria da Cabala pois não conseguimos atrair a luz sem ela. É por isso que a sabedoria da Cabala é chamada “Torá da luz”, “interioridade da Torá”, e a luz que reforma.

É somente a luz que corrige? Nunca seremos capazes de corrigir nossos relacionamentos sem ela?

Nunca é o mundo está a começar a entendê-lo. Pode levar algum tempo, mas já estamos nos aproximando disso e a começar a concordar com isso.

Sinto que o mundo está à beira de desistir de praticamente todo o resto.

Isso é sentido e o mundo está finalmente a avançar na direção certa. As pessoas já compreendem que a mudança tem que acontecer dentro de nós, independentemente de ser judeu ou não, secular ou ortodoxo. A mudança tem de ser substancial e igual para todos – aquela de começar a corrigir a natureza humana. Não há problema se um seguir aquilo que é chamado de “Mitzvot práticas” (mandamentos), mas também não há se ele não as seguir. Em relação à mudança interna, todos somos iguais e todos a devemos fazer.

A direção é considerada para onde o mundo se dirige um sacrifício?

Ainda não. Sacrifícios começam somente através da luz que reforma pois é ela que nos corrige. Todos estamos no pior grau, embora ainda tenhamos de o reconhecer como o pior. Estamos ainda inconscientes em respeito ao mal.

 

Termos

Donativo

Tarum (“elevar”, mas também “doar”) ao Criador”. Para avançarmos para a meta, devemos envolver-nos na singularidade, importância e grandeza da força superior. Devemos ver que não há outro senão Ele, Ele é o único operador na realidade, nós estamos nele e somos totalmente operados. À extensão que adquirimos Suas qualidades, nos tornamos independentes. Isto é, assumimos sobre nós mesmos as ações que podemos levar a cabo corretamente e começamos a fazê- las nós próprios até que nos tornemos como Ele, até que possamos fazer tudo aquilo que Ele faz.

É assim que começamos a reconhecer e compreender esse grau, o todo da realidade, o propósito, o princípio e o fim, a causa e a consequência, o inteiro processo pelo qual estamos a atravessar. Assim, nos tornamos tão grandes, sábios, fortes e unidos como o Criador. Isto é verdade para cada um de nós e para todos nós juntos.

Assim que tenhamos nos corrigido e alcançado a completude da correção e todos nós juntos tenhamos nos tornado completamente como Ele, outro desenvolvimento nos espera. Precisamos nos corrigir e adquirir o poder e sabedoria para realizar outro, trabalho muito especial depois do fim da correção, depois do Terceiro Templo. Mas por agora, nossa percepção é desadequada para compreender a realidade que descobriremos nessa altura.

A Inauguração do Tabernáculo

A “inauguração do tabernáculo” é como a celebração de novo lar. Concluímos a construção de certa fase do trabalho, a partir da qual podemos começar a nos corrigir. O tabernáculo é o lugar da correção.

Óleo

A luz de Chochmá (sabedoria) é chamada “óleo”. “Óleo para acender” significa que a luz de Chochmá nos ilumina. Ela não pode iluminar sem a luz de Chassadim, sem o Kli especial (ferramenta/vaso) destinado para isso. Óleo, sal e água são forças desenhadas para corrigir nossos desejos. Elas aliviam os desejos e a combinação certa entre elas ajuda-nos a trazer nossos desejos mais perto da correção.

Punição Espiritual

Através da punição, nos aproximamos de algo bom. Se soubermos o que é a punição, podemos aprender dela. Se as crianças não aprendem o que é permitido e o que é proibido, elas não saberão como se comportar adequadamente no mundo. Punição é o limiar. Nós temos de experimentar limites ou nos tornamos desorientados. Limites fornecem uma sensação de posse e entendimento. Sem limites, não conseguimos saber onde nos encontramos.

 

Sumário

Tzáv (Comando) é uma aproximação de Aarão e seus filhos através dos quais Ele alcança todas as qualidades do homem. Devemos entender que o Criador dispôs todo o nosso trabalho nos nossos desejos. Para onde quer que nos voltemos, especialmente nos relacionamentos, se alcançarmos o amor de Israel corrigiremos tudo. Este é o comando.


* Midrash Rabá, Eichá
, “Introdução”, Parágrafo

** Talmude Babilônico, Maséchet Berachot, p 61b.

*** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

**** Midrash Rabá, Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2.

***** Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, p 521.

****** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

******* Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor a Deus e o Amor ao Homem”, p 482.

******** Parte da Tefilá Amidá (Oração de Pé (18)).

********* Dito depois da oração matinal (Tefilat Shacharit), o primeiro dos 13 princípios de Maimônides.

VaYikrá (O Senhor Chamou)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Levítico, 1:1-5:26)

Sumário da Porção

A porção, VaYikrá (O Senhor Chamou), lida com as regras do sacrifício e sacerdotes servirem no tabernáculo. Algumas oferendas são opcionais; algumas são mandatárias. Algumas das oferendas são queimadas em cinzas no altar e algumas permanecem para os sacerdotes e o dador da oferenda.

As regras das oferendas falam de uma “oferenda queimada” que a pessoa traz voluntariamente do gado, rebanho e aviário. Há também uma “oferenda de presente”, que um traz voluntariamente da flora. Também, há a “oferenda da paz”, que é uma oferenda que um trás do gado, ovelhas e cabras. A “oferenda do pecado” é uma oferenda trazida por aquele que pecou por engano. Essa pessoa faz uma oferenda para expiar pelo pecado.

 

Comentário

A porção, VaYikrá (O Senhor Chamou), ensina-nos sobre o trabalho das oferendas, que são também o tópico principal no Talmude. Aprendemos todos os trabalhos do Templo.

Quando as pessoas se aproximam do propósito da Criação e Dvekút (adesão) com o Criador – o nível humano e a sensação da Natureza como completa e eterna, como foi preparado para nós, essa aproximação é chamada Korban (oferenda/sacrifício), da palavra Karov (perto). Estamos a aproxima- lo passo a passo ao corrigir nossa natureza.

Há 613 desejos em nós que devemos corrigir um de cada vez, cada desejo com todas suas partes. Nossos desejos se dividem em quatro níveis: inanimado, vegetativo, animado e falante. O trabalho das oferendas ensina-nos a como os sacrificar e corrigir para que estejam em doação e amor. A regra no nosso trabalho é corrigir nossa natureza e alcançar o estado, “Ama teu próximo como a ti mesmo; esta é uma grande  regra  na  Torá.  ”*  Assim,  nos  tornamos  similares  ao  Criador  e alcançamos Dvekút com Ele.

A correção do desejo egoísta de receber para mim mesmo para a doação sobre os outros é chamada uma “oferenda”. A oferenda pode vir de várias fontes. Ela pode vir do inanimado, como está escrito, “Sobre todas tuas oferendas ofertarás tu sal” (Levítico, 2:13), ou água ou óleo. Pode também ser do vegetativo ou plantas processadas, tais como o pão da presença. Do animado, somente uma certa espécie é ofertada. O trabalho diário dos sacerdotes e Levitas no Templo é sacrificar o rebanho e o gado.

Há oferendas que se deve fazer em uma base diária, semelhantes ao nosso progresso do dia-a-dia de acordo com o plano da Criação, em um ritmo predeterminado. Quando não seguimos o exemplo, as forças negativas empurram-nos por trás.

As oferendas que não podemos fazer, nomeadamente os desejos que não conseguimos corrigir direcionando-os para doar sobre os outros, tornam-se as forças negativas que se manifestam como problemas. Estes problemas empurram-nos por trás através de sofrimento e se acumulam até que irrompam como crises, semelhante à crise abrangente que agora experimentamos.

Uma crise não é um estado negativo. Ela é um resultado de negligência. Ela ocorre porque estamos submersos em materialismo em vez de nos elevarmos acima dele e porque somos tão obstinados e nos recusamos a escutar a orientação dos Cabalistas.

De fato, a crise é um ponto de novo nascimento. Ela aponta para nossa incapacidade de viver de acordo com o velho paradigma. Nossa perspectiva sobre a vida e nossa atitude para os valores nas nossas vidas quebra e se desmorona, enquanto se manifesta na educação, relações familiares e assim por diante.

Se em cada momento corrigirmos mais e mais pedaços do nosso egoísmo para altruísmo e amor pelos outros, em conexão com a humanidade, com a Natureza, nos aproximaremos do Criador, a única força que existe na realidade. Desta maneira, estamos em equilíbrio com ela e não há melhor estado para nós que esse. Afinal, nesse estado não precisamos coisa alguma e residimos em um mundo de felicidade absoluta.

VaYikrá detalha a ordem da correção de todos os 613 desejos quebrados egoístas em conexão com os outros e através disso, nossa conexão com o Criador. Está escrito, “Do Amor pelo homem para o amor a Deus”. ** Contudo, antes de nos conectarmos com os outros, devemos ser adequadamente edificados por dentro e devemos nos preparar para a conexão interna, bem como externamente.

Assumamos que uma pessoa tem de ser “casada”, ou seja ter uma carência. Uma mulher é uma carência ao lado do homem, uma carência adaptada à habilidade de a corrigir. A parte feminina de uma pessoa é como uma carência, o lado esquerdo, enquanto a parte masculina é o lado direito, que complementa a mulher. Em estado de trabalho colaborativo, uma pessoa é considerada “casada”.

O homem – que é mais elevado que a mulher e quer avançar e corrigir a carência – faz uma oferenda. A oferenda é também pela parte feminina da pessoa. O mesmo se aplica ao resto do povo.

O trabalho das oferendas é o trabalho no Templo, o Kli comum onde exprimimos nossa atitude para o Criador. Há muitos detalhes neste trabalho: como matar, queimar e discernir todas as partes nas oferendas.

Há uma parte de nós que desfruta e uma parte que é como “fumo”. A palavra “fumo” é um acrônimo de Olam, Shaná, Néfesh (ASHAN [fumo]) pelo qual transcendemos as limitações do nosso mundo, assim avançando para o propósito da Criação.

Quando começamos a nos conectar e a aproximar o Criador através de nossas oferendas, nos tornamos mais ajustados ao Criador. Cada vez, um dos 613 desejos se torna mais adequado ao Criador. Deste modo, começamos a sentir que o sistema no interior se está a tornar mais semelhante a aquele do Criador. Então, começamos a compreendê-Lo uma vez que contemos uma amostra parcial Dele que gradualmente se expande. Quanto mais nossos desejos se fecham em uma estrutura semelhante à da Divindade, mais o Criador se “veste” na pessoa. Assim, nos tornamos mais semelhantes ao Criador.

Através de nosso sistema interno, onde já se encontra uma parte do Criador, começamos a compreender e a conhecê-Lo. Podemos imaginar ou visionar esse sistema, pensamentos, desejos e a abordagem do Criador para conosco. Assim, podemos compreender crescentemente nossa atitude para o Criador. O modelo que construímos no interior permite-nos estar em conexão recíproca com o Criador e é assim que nos tornamos um homem (Adam).

Desde o princípio da Criação até seu fim, devemos atravessar um processo pelo qual nos devemos corrigir a nós mesmos e nos elevar do nosso mundo ao mundo de Ein Sof (infinito). Devemos fazê-lo internamente, na nossa estrutura interna, para que cada vez mais nos tornemos semelhantes a força superior. Este é o trabalho com que esta porção lida.

O Criador convida-nos a fazer este trabalho, esperando que a humanidade responda. O trabalho inteiro é da parte de nós chamada “Israel”, e sobre a qual foi escrito, “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 19:6). Os sacerdotes são aqueles que gerem o trabalho no Templo, trazendo o resto da nação a esta obra para que todos sejam capazes de se corrigir a si mesmos.

Toda a Israel é considerada sacerdotes, em relação ao resto do mundo. VaYikrá (O Senhor Chamou) é primeiro e antes de mais um chamamento para Israel e porque Israel está obrigada a ensinar o resto da humanidade a como se aproximar do Criador. Está escrito sobre isso, “Todos eles Me conhecerão, do menor deles ao maior entre eles” (Jeremias, 31:33), e, “pois, Minha casa será chamada ‘uma casa de oração’ para todas as nações” (Isaías, 56:7), assim que seja construída.

É por isso que VaYikrá é um chamamento para a nação inteira de Israel se corrigir a si mesma tão rápido quanto o possível, assim também corrigindo a crise global, os problemas mundiais e abolindo o antissemitismo. Então, cada um será verdadeiramente como uma nação.

 

Perguntas e Respostas

Nós sacrificamos para o Criador, mas sacrifício na realidade significa aproximação entre as pessoas. Qual é a ligação entre aproximar as pessoas e sacrifício para o Criador?

Há uma ação e há a intenção. Para realizar uma correção, devemos aproximar-nos dos outros. Não nos podemos aproximar dos outros a menos que a força comum de doação que existe no mundo, nomeadamente o Criador, apareça entre nós. Com a aproximação mútua podemos construir uma oportunidade, um lugar, um espaço de desejo mútuo onde a força mútua de doação aparece, ou seja, a força do amor, que não existe no nosso mundo. Essa força não existe nas nossas qualidades a menos que nos esforcemos para o fazer, abrindo espaço para ela. O lugar onde a força de doação aparece é chamado “morador” ou “a revelação da Divindade”. Ela requer três condições de modo a existir: você, eu e o Criador.

Qual é a ordem entre eles? Parece razoável dizer, “Dá-me este tipo de templo e eu sacrificarei minha vaca lá”.

Tudo está dentro de nós. A vaca, também.

Sucede-se que devemos nos aproximar do Criador para que Ele nos dê a força para amar os outros. Deste modo, não alcança uma pessoa o Criador através dos outros, mas do Criador alcança os outros? Porque os problemas estão entre nós e não com o Criador?

Verdade, não há outro modo. Começamos a odiar-nos uns aos outros; não temos desejo que se pareça de nos aproximarmos dos outros. Somente através de problemas e apuros, quando perguntamos como e porquê, qual é o sentido da vida, o que está acontecendo no mundo, compreendemos que precisamos corrigir nossa natureza e começar a procurar uma solução. Nossa correção é da recepção para a doação, do ódio para o amor, do entendimento que o ódio está a destruir o mundo e nossas vidas.

Hoje o mundo inteiro está a lidar com corrigir a natureza humana pois ela arruína tudo, incluindo este planeta. Muitos cientistas nos alertam sobre estes problemas, que já estão a causar nosso colapso.

O problema é que não conseguimos restringir a natureza humana. Marchamos como ovelhas para a matança, incapazes de nos impedir a nós mesmos. Baal HaSulam escreveu que o anjo da morte vem com uma gota de veneno na ponta de sua espada e você abre sua boca para ela porque há um último pedaço de prazer nela e então você morre. “Você não consegue ver além de si mesmo e até se conseguir, simplesmente tem de ter esta gota”. *** Tal e qual, avançamos cegamente, seguindo nossa natureza para guerras e apuros, arruinando tudo no caminho pois tudo é feito sem a orientação superior.

Nós precisamos da força superior. Esta necessidade surge da sensação de apuros e problemas que já aparecem no mundo, mas ela devia vir com uma explicação. Deve haver um sistema que fornece informação que nós, os filhos de Israel, devemos transmitir ao resto do mundo. Este é o sentido de “serão um reino de sacerdotes”. Os sacerdotes são aqueles que ensinam as pessoas, como está escrito, “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 19:6).

Devemos tornar a razão da crise conhecida, bem como o meio para corrigir a natureza humana, em prol de trazer o todo da humanidade ao equilíbrio com a Natureza, ou não sobreviveremos.

Embora as condições para isso já tenham sido preparadas, temos de fazer nossa quota deste trabalho. É por isso que estamos a testemunhar um aumento no antissemitismo global, que só aumentará a menos que tornemos o método de correção e seu uso conhecidos a devido tempo e promovamos sua implementação por todo o mundo.

Deste modo está claro que nós mesmos devemos estar conectados ao Criador, estudarmos e exigirmos a revelação do Criador em prol de nos permitirmos avançar. Tudo o que precisamos é da sensação de carência e nosso impulso para isso, dado que no momento em que precisarmos de Sua força, a pediremos e receberemos.

O que significa que sacrificamos uma vaca, uma ovelha ou uma cabra?

O Livro do Zohar explica que estas não são vacas, ovelhas ou qualquer outro animal kosher. Em vez disso, é uma pessoa que precisa se corrigir, de discernir a parte animal no interior, a parte falante, que é o sacerdote, Levita e Israel. Uma pessoa oferece e sacrifica parte do animal, que é todo o animado dentro de nós. Na realidade, sacrifício diz respeito aos desejos dentro de nós, que estão divididos em inanimado, vegetativo, animado e humano.

Então porque é tão difícil oferecer o sacrifício?

Não podemos executar correção sem primeiro saber o que fazer, sem internamente distinguir o bem do mal. Presentemente, não sabemos o que corrigir. Você pode dizer, “Sim, por vezes eu minto”, mas como pode dizer que é isto o que deve corrigir? Qualquer um pode dizer isso, pelo menos para si mesmo. Contudo, até então, não é uma confissão sincera. Então como saberá o que o impede de se aproximar da meta? Para isto, você precisa da revelação do Criador, a luz que reforma, para iluminar os desejos que podemos sacrificar.

De O Zohar: Aquele Que Não Casou Com Uma Mulher é Defeituoso

“Quando qualquer homem de vós trouxer uma oferenda” significa excluir aquele que não casou com uma mulher, dado que sua oferenda não é uma oferenda e não há bênçãos nele, nem acima nem abaixo. Isto significa que quando ele escreve, “Quando qualquer homem de vós trouxer uma oferenda”, ele é diferente, não um humano e não incluído no homem. Divindade não está sobre ele pois ele é defeituoso e chamado “mutilado”, e aquele que é mutilado é removido de todas as coisas, tanto quanto o mais do altar, de oferecer sacrifícios. Zohar para Todos, VaYikrá (O Senhor Chamou), item 63

Pergunte a maioria das pessoas e elas lhe dirão, “Eu estou bem com o Criador; eu dou-me bem com Ele”. Como sabem elas? Elas sentem deste modo? É assim que o Criador é retratado para elas?

Elas sentem-se assim pois o Criador está escondido delas, para que elas tenham a certeza que estão bem com Ele.

Se a pessoa está bem com o Criador, porque está Ele escondido?

Nós não fazemos essa pergunta a nós mesmos. Dizemos, “Eu pago meus impostos, sou amigável aos meus vizinhos, até coloco o lixo nos contentores certos. Estou bem”.

Como você explica para as pessoas que há a conexão, que devemos descobrir a qualidade de doação dentro de nós, que isto é o Criador? Como explica que VaYikrá significa que o Criador nos chama para nos aproximarmos de algo muito diferente?

Determinamos nossa própria situação na balança, de acordo com a força superior, que é benevolente, inteira, na qual não há ódio, mas somente amor. Medimos quão semelhantes ou diferentes somos do Único, de Quem tudo foi criado e para Quem tudo retorna. Primeiro, devemos sentir e ver quão diferentes ou semelhantes somos Dele. Devemos também nos envolver na sabedoria da Cabala, ou não teremos chance de nos aproximar Dele.

É assim que todos pensam, e é por isso que é impossível nos voltarmos para alguém desta maneira. Precisamos nos medir a nós mesmos em comparação com o Criador e então será possível ver quão obrigados nós estamos e como o Criador assim nos fez. Podemos dizer, “Ide ao artesão que me fez”,

**** dado que Ele me fez deste modo e somente ao trazer a luz superior será alguma coisa resolvida.

Nossas qualidades foram desenhadas desde a infância pelos nossos pais, educação, o meio ambiente, o Criador, genes, avós e gerações anteriores. Então há nossos acréscimos. Sobre essa parte, que podemos evitar acrescentar a nós mesmos, temos uma escolha e podemos dizer, “Isto eu preciso de corrigir”. Este é o escrutínio inicial. Esse é um trabalho muito especial, que é o porquê de não chegarmos imediatamente às oferendas.

Durante todas as porções anteriores, avançamos para este trabalho, descobrindo o Criador – a força superior – no nível em que estamos através da qualidade de Moisés em nós. Nos medimos em comparação com esta qualidade e somente então podemos corrigir nossas qualidades e sabemos quantas delas precisamos concertar e como. Afinal, temos muitas qualidades que não precisam de correção pois elas são corrigidas por si mesmas, uma vez que não nos pertencem.

 

Termos

Oferenda/Sacrifício

A palavra, Korban (oferenda/sacrifício), vem da palavra, Karov (perto), como está escrito, “Quando Faraó se aproximou, os filhos de Israel olharam, e eis, os Egípcios marchavam atrás deles e eles ficaram muito assustados; então os filhos de Israel clamaram para o Senhor” (Êxodo, 14:10). Faraó é nossa maior força de avanço. De fato, tudo o que matamos no altar, tudo o que corrigimos, são partes de Faraó, essa grande vontade de receber da qual cortamos fatias e sacrificamos. Com isso, nos tornamos corrigidos e nos aproximamos, até que a imagem do Criador emerge em nós da imagem do Faraó.

Pecado

“Pecado” é a divulgação completa de nossa natureza, mostrando quão absorvidos estamos no amor- próprio em vez de amor pelos outros.

Erro

A corrupção da força de Biná em nós é chamada “erro”. A corrupção da força de Malchut em nós é chamada “pecado” (ação deliberadamente faltosa). No nosso mundo, os pecados são de longe maiores que erros. Tomemos por exemplo, uma pessoa que quer roubar; o erro é que ela é invejosa de outra e aparentemente não lhe faz mal ao ser invejosa.

A correção do erro é quando uma pessoa transcende a sua vontade de receber e não a quer usa. Nessa altura, a pessoa se torna desconexa do erro e mais tarde inverte o ego inteiro, a inteira vontade de receber, ao ter a direção de doar sobre os outros. É assim que corrigimos os pecados.

De O Zohar: Se Sua Oferenda For Uma Oferenda Queimada

A oferenda queimada sobe sobre o coração, ou seja, sobre o pensamento, que está acima do coração. É sabido que aquele que se encontra sobre o coração é o pensamento, dado que o pensamento, que é Chochmá (sabedoria), é considerado macho e o coração como feminino – Biná (entendimento), o coração entende – pois ela recebe de Chochmá. É por isso que uma oferenda queimada sobe e todos eles são machos e é por isso que a escritura começa com uma oferenda queimada mais que todas as outras oferendas, dado que o pensamento é o princípio de todas as coisas. Zohar para Todos, VaYikrá (O Senhor Chamou), item 73

Sucede-se que tudo acontece nas nossas mentes. Não precisamos trabalhar fisicamente. O mundo inteiro é um mundo espiritual, um de forças. Nós vemos pela tecnologia como avançamos para um estado onde grandes fábricas e máquinas que produzem metais se estão a tornar redundantes. Quando agimos pelo pensamento, o mundo se torna muito mais “etéreo”, espiritual. Através de nossos pensamentos, e por eles nos aproximarmos da boa vida.

* Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p

** Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor por Deus e o Amor pelo Homem”, p 482.

*** Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “Introdução  ao  Livro, Panim  Meirot uMasbirot (Face Brilhante e Acolhedora) ”, p 149.

**** Talmude Babilônico, Maséchet Taanit, p 20b.