A Tela e As Três Linhas

Excertos seleccionados do blogue de Michael Laitman:

O Que é a Tela?

Uma questão que recebi: O que é a tela? Do que é feita e como eu posso reconhecê-la?

Minha Resposta: A tela é uma força que permite que você pense  nos outros em vez de si mesmo. É quando você adquire uma maneira diferente de pensar, sentir e tomar decisões. Quando isso acontece, é como se você nascesse de novo!

Isso é chamado de um milagre – “O milagre de sair do Egito.” É quando você sai do seu desejo egoísta e de repente começa a cuidar dos outros. Todos os seus pensamentos começam a trabalhar dessa maneira.

No momento parece que é uma mudança assustadora. Quem iria querer isso? E mesmo que não falássemos sobre isso, dentro de nós existe muito medo dele.

Entanto, a luz superior irá realizar esta mudança em nós. Eu não sei como ela vai fazer isso. Simplesmente irá acontecer da mesma forma que nos criou. Esta mudança de uma pessoa é chamado de um milagre. A Luz que criou nosso desejo também pode executar esse “upgrade” nele.

 

Como Funciona o Masach (Tela) Espiritual?

Pergunta: Como funciona o Masach (tela) espiritual?

Resposta: Por um lado, o Masach não permite que a Luz Superior entre no nosso ego e trabalhe com ele. Isso significa que ele mantém e sustenta a restrição do desejo.

Por outro lado, ajusta gradualmente o atributo de doação da Luz superior aos nossos desejos e, ao nos desprender de nossos desejos anteriores, nos permite adquirir novos desejos de amor e doação. O Masach é a parte mais importante da alma.

Da Lição de Cabalá em Russo 18/12/16

 

O Que É Trabalhar nas Três Linhas?

Pergunta: O que é trabalhar em três linhas?

Resposta: Trabalhar em três linhas é a conexão mútua completa entre suas inclinações.

A linha esquerda é o desejo egoísta de receber, de desfrutar. Subindo acima dele, a pessoa restringe seu uso.

Trabalhar na linha direita significa receber a Luz superior e usá-la dentro de si mesmo como o atributo de doação.

A linha do meio é a combinação das linhas direita e esquerda dentro de você. Na combinação certa, você pode usar o seu egoísmo apenas na medida em que ele é destinado à doação.

Da Lição de Cabala em Russo 12/18/16

Perguntas Selectas sobre o Estudo do Zohar

O Segulá [Poder] no Livro do Zohar

Há outro poder magnifico nela: Todos aqueles que se envolvem nela, embora eles ainda não compreendam o que está escrito nela, são purificados por ela, e as Luzes Superiores se aproximam deles.

Baal HaSulam, “O Ensinamento da Cabala e Sua Essência”

 

Pergunta: Não estou realmente seguro de como o Segulá em O Livro do Zohar funciona.
Resposta: Em nossa presente situação, é difícil o compreender. É por isso que é chamado Segulá.
Digamos que me é dito que se eu saltar num lugar dez vezes, a lâmpada no tecto vai se ligar. Eu não sei qual a ligação entre eles. Talvez um interruptor tenha sido colocado por baixo do chão, e haja um contador que conta até dez e a liga depois das dez contagens, mas eu não sei isso. Tem de haver uma ligação, mas ela está escondida de mim. Na Cabala tal conexão escondida é chamada Segulá.
Por outras palavras, Segulá é uma lei que existe na Natureza, mas uma que ainda não conhecemos. Aqueles que já se estudaram a si mesmos e a ela estão a dizer-me, “Se a usares de tal e tal maneira, vais activá-la. Tu não a vês, mas é assim que a activas.”
Se um alienígena viesse ao nosso mundo de outro planeta, ele olharia para um bebé e para um bezerro recém-nascido e diria que o bezerro crescerá para se tornar uma figura proeminente, e o bebé crescerá para ser pequeno e desamparado. Contudo, nós sabemos que se deres a ambos o que precisam, um crescerá para ser uma vaca ou um boi, e o outro para ser um humano. Este é um milagre, um Segulá. Nós ficamos habituados a que isto aconteça, mas é realmente um milagre.
O pequeno bebé subitamente começa a compreender, a reagir, a realizar todo o tipo de acções. Cada dia, novas habilidades aparecem. Como acontece isso? Afinal, não fizemos nada para que acontecesse. Ficámos habituados à existência de um processo de desenvolvimento, mas na realidade, ele é uma manifestação da força da vida, uma força espiritual que age na criatura e aparece de tal maneira.
A mesma coisa acontece com o nosso desenvolvimento espiritual. Afinal, as leis do desenvolvimento espiritual não são diferentes, só que este desenvolvimento está ainda escondido de nós; não estamos acostumados a ele. Mas o dia em que as pessoas usarão estas leis tal como usam todas as outras leis da Natureza não está longe.
Os Cabalistas estão a dizer-nos que há uma força na Natureza cujo impacto pode ser atraído ao estudar O Livro do Zohar. Quanto mais o estudas, mais forte, sábio, mais sensível e mais entendedor te vais tornar. Com esse processo, espiritualidade vai aparecer-te porque este livro tem a habilidade de te mudar.
Mas não há outros livros que me mudam? Há, certamente. Há outros livros que mudam a nossa percepção da realidade e nos ajudam a descobrir os reinos ocultos. Mas O Livro do Zohar afecta a mudança com mais potência, todavia mais suavemente que qualquer outro livro.
O Mundo dos Desejos

Uma pessoa que está nas trevas e que sempre esteve nas trevas. Quando lhe quiserdes dar luz, vós primeiro precisais de acender uma pequena luz, como o olho de uma agulha, e então um pouco maior. Assim, cada vez um pouco mais até que toda a luz adequadamente brilhe para ela.

Zohar para Todos, VaYishlach [Jacob Enviou], Item 91

Pergunta: Se eu escuto que tudo está dentro de mim, como devo eu me relacionar a todos aqueles ao meu redor? Como devo eu ver o mundo? Como devo eu considerar aqueles que me amam, aqueles que me odeiam, e geralmente me relacionar ao que acontece ao meu redor?
Resposta: Precisamos de compreender que há o ideal, e há a realidade. O ideal é o que descobriremos no futuro, nos nossos estados corrigidos. Por agora, estamos só a aprender que outra realidade existe na qual tudo está a acontecer dentro de nós. Por agora, nada disso é real para nós, e talvez tudo o que imaginamos como imagem futura não seja nada como o veremos.
Não fazemos ideia de como as nossas vidas mudarão assim que descubramos esta imagem. Não é que nosso mundo mude a certa extensão, mas que um novo mundo vai aparecer perante nós. Assim, quando lemos em O Livro do Zohar devemos nos separar a nós mesmos de tudo o que conhecemos e simplesmente tentar “mergulhar” nele. Neste momento, não podemos estar em dois mundos em simultâneo. Por agora, podemos só estar num mundo.
Desta forma, nos separamos a nós mesmos da realidade material e tentamos construir uma imagem diferente, muito como uma criança que quer crescer. As crianças querem sr adultos de todas as maneiras — em como eles se vestem, como eles se comportam, e aos olhos dos outros. Elas querem que todos as tratem como adultos.
Nós, também, devemos imaginar de todas as maneiras que pudermos que O Livro do Zohar fala sobre o nosso novo mundo, e que estamos nele. Por outras palavras, este livro discute nossas qualidades interiores dentro das quais nós existimos, e dentro das quais vemos uma nova realidade. Este jogo produz o impacto da luz de correcção sobre nós, e este novo mundo aparece.
Então quando o novo mundo aparece, o velho mundo desaparece e voamos para os céus? Nem por isso. Descobrimos uma nova vida nos nossos desejos. Dois desejos — sobre o nosso e aquele do Criador — aparecem em nós um oposto ao outro. Sentimos-os, e estamos entre eles como uma linha média, como os nossos “eus,” e não há nada mais senão isso. Entre as duas forças estou eu.

 

A Diferença Entre a Torá e O Zohar

“Abri meus olhos, para que eu possa ver maravilhas da Vossa lei.” Quão tolas são as pessoas, pois elas não sabem e não consideram se envolver na Torá. Mas a Torá é o todo da vida, e toda a liberdade e toda a bondade.

Zohar para Todos, Chayei Sarah [A Vida de Sara], Item 219

Pergunta: Porque precisamos de O Zohar se já temos a Torá?
RespostaO Zohar é uma interpretação Cabalística da Torá. Moisés dispôs a fundação, mas a Torá é um livro codificado. Há um único código nela, mas é muito profundo. A Torá está escrita em “a linguagem dos ramos” [1]. A sabedoria da Cabala explica a linguagem dos ramos e ajuda-nos a ler a Torá e a compreender o que Moisés pretendia realmente.
Estamos acostumados a nos relacionar à Torá como uma narrativa histórica sobre os feitos de uma tribo antiga. Mas a Cabala permite-nos ver as raízes superiores através de tudo isso, as forças que evocam tais acções no nosso mundo. Através da Cabala, podemos subir ao nível do sistema de forças que governam o nosso mundo, e daqui em diante, podemos corrigir e gerir a realidade.
A Torá serviu como método de correcção para aqueles que viviam desde o tempo de Moisés até a ruína do Templo, que simbolizou a separação da humanidade do mundo espiritual. Nessa altura, tornou-se evidente que a Torá de Moisés estava tão afastada de nós que não nos corrigiríamos a nós mesmos directamente através dela. [2]
A Torá está simplesmente demasiado codificada para ser um guia para as almas que caíram para a corporalidade. Essa queda criou uma necessidade por outra fonte de orientação. Foi nesta altura em que O Livro do Zoharfoi escrito. Contudo, O Zohar não foi escrito para as pessoas que viviam nesses dias — o princípio do exílio — mas para os nossos dias — o fim do exílio.

 

Ai daquele que diz que a Torá vem para contar contos literais e as palavras incultas de tais como Esau e Labão. Se assim é, até hoje podemos tornar as palavras de uma pessoa inculta numa lei, e até melhores que as suas. E se a Torá indica questões mundanas, até os governantes do mundo têm entre eles coisas melhores, então sigamos-os e tornemos-os numa lei da mesma maneira. Contudo, todas as palavras da Torá têm o sentido mais superior.

O mundo superior e o mundo inferior são julgados o mesmo. Israel abaixo correspondem aos altos anjos acima. Está escrito dos altos anjos, “Quem fazem ventos Seus mensageiros,” e quando eles descem, eles vestem-se em vestes deste mundo. Não se tivessem eles vestido em vestes tais como as deste mundo, então eles não seriam capazes de permanecer neste mundo e o mundo não os toleraria.

E se isto assim é com os anjos, é tanto quanto o mais com a lei que criou os anjos e todos os mundos, e eles existem para ela. Além do mais, quando ela desceu a este mundo, o mundo não a toleraria se ela não se tivesse vestido nas roupagens mundanas, que são os contos e as palavras dos incultos.

Assim, esta história na Torá é uma veste da Torá. E aquele que considera esta roupagem como a própria Torá e nada mais, amaldiçoado será seu espírito e ele não terá quota no mundo vindouro.

Zohar para Todos, BeHaalotchá [Quando Vós Levantais], Itens 58-60

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Este capítulo é só um aperitivo de O Zohar. Tentámos apresentá-lo ao ler excertos de O Zohar para tornar fácil para si se juntar ao estudo. Nos apêndices encontrará excertos selectos de O Zohar, bem como citações dos maiores Cabalistas sobre a importância do estudo de O Zohar. Se desejar mergulhar mais fundo nas palavras de Baal HaSulam sobre a abordagem a estudar O Zohar, você pode fazer isso no apêndice, “Introduções de Baal HaSulam a O Livro do Zohar.”
Até se primeiro sentirmos que não estamos a sentir nada quando lendo O Zohar, somente depois de dez lições pela Internet será você capaz de sentir distintamente como O Zohar o afecta.
O impacto do estudo de O Zohar é muito poderoso realmente, e como dissemos acima, isso não depende do nível de entendimento, mas em vez disso de nossos esforços de percepcionar do que fala O Zohar. Só precisamos de escutar, de querer sentir. Esta é a única maneira de conhecer o mundo — nosso mundo, bem como o mundo espiritual.
O Livro do Zohar é uma corda salva-vidas que foi jogada para nós pelo Criador. Se agarrarmos a extremidade dessa corda, seremos capazes de trepar todo o caminho até Ein Sof.

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“Quão grande é Vossa bondade, que Vós haveis guardado para aqueles que Vos temem.”

“Quão grande é Vossa bondade,” ou seja quão sublime e preciosa é a Luz Superior chamada, “bem.”

Esta é a luz oculta, com a qual o Criador faz o bem no mundo. Ele não a nega cada dia, nela é o mundo sustentado, e dela ele se encontra.

Zohar para Todos, Emor [Dizei], Item 3

 

Notas

[1] Os Cabalistas estudam o mundo superior, que está além do raio de percepção de um indivíduo egoista. De acordo com eles, de cada objecto no mundo espiritual, que é chamado “uma raiz,” uma força cascateia para o nosso mundo e produz um objecto aqui, que é chamado “um ramo.” No seu ensaio, “A Essência da Sabedoria da Cabala,” Baal HaSulam explica-o da seguinte maneira: “Não há um elemento da realidade, ou uma ocorrência da realidade num mundo inferior, que vós não encontrareis sua semelhança no mundo acima dela, tão idêntica como duas gotas num lago. E eles são chamados ‘Raiz e Ramo.’ Isso significa que o item no mundo inferior é considerado um ramo de seu padrão, encontrado no mundo superior, que é a raiz do elemento inferior, pois foi aqui que esse item no mundo inferior foi impresso e e veio a ser.”

[2] Para mais sobre este tópico, veja a “Introdução a O Estudo das Dez Sefirot” de Baal HaSulam

Os Amigos

Todos esses amigos que não se amam uns aos outros abandonam o mundo antes do seu tempo. Todos os amigos no tempo de Rashbi tinham amor de alma e amor de espírito entre eles. é por isso que na sua geração, os segredos da Torá foram revelados. Rabi Shimon diria, “Todos os amigos que não se amam uns aos outros causam a si mesmos se desviar do caminho certo.” Além do mais, eles colocam uma nódoa na Torá, uma vez que há amor, fraternidade e verdade na Torá.

Avraham amava Itzhaak, Itzhaak amava Avraham e eles estavam abraçados. E eles estavam ambos agarrados a Yakov com amor e fraternidade e davam seus espíritos um ao outro. Os amigos devem ser como eles e não os manchar, pois se o amor carece neles eles mancharão seu valor acima, isto é, Avraham, Itzhaak e Yakov, que são Chesed, Gevurá e Tifferet.

Zohar para Todos, Ki Tissa [Quando Vós Tomais], Item 54

O Zohar foi escrito por um grupo de Cabalistas, assim, ele pode somente ser entendido dentro da estrutura de um grupo. Para conectar o que está escondido nele, devemos nos unir com todas as outras pessoas que o almejam. Juntos, formamos um grupo.
Somente a conexão entre nós nos permitirá abrir o livro porque tudo sobre o que o livro fala se encontra somente entre as almas. Se nos desejamos unir, nossos desejos serão chamados “almas” e na conexão entre eles, descobriremos o Criador, a luz que nos conecta a todos juntos.

“Quão bom e quão agradável é que irmãos morem juntos em unidade, também.” Estes são os amigos, pois eles se sentam juntos inseparavelmente. Inicialmente, eles parecem como pessoas em guerra, desejando se matar uns aos outros. Então eles retornam a um estado de amor fraterno.

O Criador, o que diz Ele sobre eles? “Quão bom e quão agradável é que irmãos morem juntos em unidade, também.” A palavra, “também” indica a presença da Divindade com eles. Além do mais, o Criador escuta suas palavras e Ele é agradado e contente com eles.

E vós, os amigos que aqui estão, como estiveram em afeição e amor anteriormente, não partireis daqui doravante, até que o Criador rejubile convosco e evoque paz sobre vós. E pelo vosso mérito haverá paz no mundo. Este é o significado das palavras, “Pelo bem dos meus irmãos e meus amigos deixem-me dizer, ‘Que a paz esteja dentro de vós.’”

Zohar para Todos, Aharei Mot [Depois da Morte], Itens 65-66

Se não considerarmos a união entre nós enquanto lendo O Zohar, estaremos a falhar o ponto principal.
Mas espere! Até agora, dissemos que devemos sentir estas coisas dentro de nós, olhar para os detalhes mencionados em O Zohar dentro de nós e agora estamos a falar de união com outros amigos, união com o grupo fora de nós. Não há aqui uma contradição?
A questão é que até o grupo não está realmente no exterior. Devemos recordar-nos a cada momento que tudo o que sentimos como externo a nós está na realidade dentro de nós.
Devemos ligar o conceito de “eu” dentro de nós com o conceito do “outro” dentro de nós. Não sentimos “outros” que estão fora dos nossos corpos. Em vez disso, eles, também, estão dentro de nós, dentro dos nossos desejos. É assim que nossos desejos estão divididos. Há Kelim [vasos] internos e há Kelim externos e precisamos somente de remendar a conexão entre eles. E as outras pessoas no grupo são as primeiras as quais vamos conectar a nós mesmos.

Na Minha Cama À Noite

“Na minha cama noite após noite eu o procurei a quem minha alma ama.” A assembleia de Israel falou perante o Criador e O questionou sobre o exílio, dado que ela está sentada entre o resto das nações com seus filhos e repousa na poeira. E porque ela está deitada noutra terra, uma impura, ela disse, “Eu peço na minha cama, pois estou deitada no exílio,” e exílio é chamado “noites.” Assim, “Eu o procurei a quem minha alma ama,” para me livrar dele.

“Eu o procurei mas não o encontrei,” uma vez que não é Sua maneira acasalar comigo, mas somente no Seu palácio, e não no exílio. “Eu o chamei mas ele não me respondeu,” pois eu morava entre as outras nações, que não querem escutar sua voz excepto Seus filhos. “Alguma vez um povo escutou a voz de Deus?”

“Na minha cama noite após noite,” disse a assembleia de Israel, Divindade. “Na minha cama eu estava irada perante Ele, Lhe pedindo para acasalar comigo para me deleitar — da linha esquerda — e me abençoar — da linha direita — com completa alegria — da linha média.” Quando o rei, ZA, acasala com a assembleia de Israel, vários justos herdam a herança de um legado sagrado, Mochin superiores, e várias bênçãos são encontradas no mundo.

Zoharpara Todos, Ki Tazriá [Quando uma Mulher Insemina], Itens 1-3

 

Devemos tentar traduzir cada palavra em O Zohar para o seu sentido espiritual e interior, e não o percepcionar no seu sentido familiar, corpóreo. Se permanecermos com o sentido corpóreo, degradaremos a Torá do mundo superior até este mundo, e não foi por isso que ela foi escrita. Devemos aspirar a nos elevar através dela deste mundo ao mundo superior.
Se desejamos alcançar Zeir Anpin, o Criador, estar em contacto com Ele, devemos atravessar o mecanismo chamado Malchut de Atzilut ou “a Assembleia de Israel,” através da colecção de almas que estão unidas directamente ao Criador, ou seja com amor e doação. Não há outra maneira.
Se eu não me vejo a mim mesmo a conectar a todas as almas quebradas dentro de mim e a as trazer a todas ao Criador, ao contacto e a Zivug [acasalamento] com Ele, então não há “eu.” Esta é uma imagem necessária que deve ser sempre mantida à minha frente. Caso contrário, não estou a ir na direcção certa.
Também, “eu” significa que me levei a mim mesmo pelo mecanismo de conexão entre todas as almas. Esta é a única maneira como me posso abrir para O Livro do Zohar. Porquê? Porque o poder de O Zoharfoi dirigido a manter a conexão entre todas essas partes em mim, que presentemente aparentam não serem minhas.

O Portão Sobre O Abismo

Estes três filhos de Noach são a persistência do mundo inteiro … e destes a terra inteira se dispersou, pois todas as almas das pessoas vieram deles porque eles são o sentido das três cores superiores em Biná, as três linhas…

Quando o rio que se estende para fora do Éden, Zeir Anpin, regou o jardim, aNukva [fêmea], ele regou-a com o poder destas três linhas superiores da Biná superior, e de lá as cores se espalham — branco, vermelho e preto…

E quando vós olhais para os graus, vós descobrireis como as cores se espalham a todos esses lados, direita, esquerda e meio, até que elas entrem abaixo, em Malchut, como vinte e sete canais de portas que cobrem o abismo.

Zohar para Todos, , Noach, Itens 302-303

 

Quanto mais nos pudermos assemelhar à luz, ou seja sua qualidade de dar e amor, mais nos conectaremos a ela e descobriremos seus canais de abundância. Na realidade, até agora estamos no mundo de Ein Sof, mas ele está escondido de nós por todos os mundos — Haalamot [ocultações] — que existem dentro de nós, no nosso desejo, porque ele está em contraste com a qualidade do mundo de Ein Sof.

As vinte e sete letras, com as cinco letras finais de Malchut, são os vinte e sete canais que trazem a abundância a ela. Eles foram feitos portas para cobrir os Dinim em Malchut, que são chamados “abismos.”

Zohar para Todos, Noach, Item 303

Nós mesmos somos aqueles que estamos a construir estes canais e portas acima deles. Uma vez, estas portas abrirem um caminho para a luz, e outra vez elas fecham-o, como válvulas que se abrem e fecham à extensão de nossa semelhança com a luz. Nossos esforços devem estar direccionados somente a um propósito — fazer todas nossas qualidades se assemelharem às qualidades espirituais e receberem luz nelas.
À medida que tornarmos o egoísmo em nós semelhante à luz, descobriremos dentro de nós as qualidades do Criador e o pensamento da Criação. Há uma parte especial em O Livro do Zohar, chamada Sáfra de Tzniuta [Livro da Humildade], que fala sobre isso. É também porque foi dito, “Sabedoria está com os humildes” (Provérbios, 11:2).

O Que é o Inferno?

“Melhor é aquele que é ignóbil e tem um servo, que aquele que representa o homem de estatuto e carece de pão.” Isto versa a inclinação do mal porque ela se queixa sempre contra as pessoas. E a inclinação do mal eleva o coração do homem e desejo com orgulho, e o homem segue-o, encaracolando seu cabelo e sua cabeça, até que a inclinação do mal toma orgulho sobre ele e o puxa para o Inferno.

Zohar para Todos, VaYishlach [Jacob Enviou], Item 16

 

Também devemos sentir esse estado de Inferno? E como sabem os Cabalistas sobre ele? Eles o experimentaram eles mesmos. Afinal, é impossível que um descubra algo senão através da experiência. Então temos todos de estar no Inferno? Aparentemente, sim.
Afundamos sempre na inclinação do mal primeiro, e somente então descobrimos o que ela é verdadeiramente. Inicialmente, não vemos que ela é má. Se víssemos, não entraríamos nela. Inicialmente, ela é apelativa, brilhante, cintilante, e maravilhosa. Assim, nosso egoísmo nos engana.
Aqui O Zohar fala de uma pessoa que examina as várias partes na sua alma. Ela deve ser entrelaçada, e a partir desse entrelaçamento ela deve descer a um estado de Inferno. Esse estado existe em cada grau, e diz-se sobre isso, “Não há um homem justo na terra que não faça o bem e não peque” (Eclesiastes, 7:20). Somente quando um está nesse estado pode este examinar o mal que se encontra no interior, e descobrir quanto um está a perder devido ao seu mal, quão impotentes somos, quando diz respeito a fazer algo connosco mesmos sem a ajuda do Criador.
Devemos recordar-nos que cada palavra que foi escrita por Cabalistas é baseada no seu próprio alcance pessoal, pois “Aquilo que não sabemos, não definimos por um nome ou uma palavra [1].” Os autores deO Zohar experimentaram todos esses estados em si próprios. Vamos esperar que nós, também, obtenhamos estes estados. Afinal, eles são parte da estrada para descobrir a verdade.

 

Notas

[1] Baal HaSulam, “A Essência da Sabedoria da Cabala”

Os Monstros Marinhos

“Vem ao Faraó.” Deveria dizer, “Vai ao Faraó.” Mas Ele permitiu Moisés em quartos dentro de quartos, a um monstro do alto mar, do qual vários graus descem.

E Moisés temeu e não se aproximou, excepto daqueles Nilos que são dos seus graus. Mas ele temeu o próprio monstro e não se aproximou porque ele o viu enraizado nas raízes superiores.

Uma vez que o Criador viu que Moisés tinha medo e nenhum outro dos nomeados emissários acima o podia aproximar, o Criador disse, “Eis, Eu estou contra vós, Faraó rei do Egipto, o grande monstro que repousa no meio de seus rios.” O Criador precisou de travar guerra contra ele, e não outro, como está escrito, “Eu, e nenhum emissário.” E eles explicaram a sabedoria do monstro que repousa no meio de seus Nilos para “aqueles que viajam na estrada,” aqueles que conhecem o segredo de seu Mestre.

Zohar para Todos, Bo [Vinde], Itens 36-38

 

O Livro do Zohar fala sobre nós. Ele conta-nos sobre o que acontece dentro de nós e somente dentro de nós — embora de uma maneira muito peculiar que frequentemente parece como um conto de fadas ou um livro de história. Nós temos pulmões, rins, baço e outros órgãos. Mas em acréscimo, nos nossos sentimentos, há muitos desejos, qualidades, pensamentos e impulsos. Por outras palavras, além do corpo físico, existe também o humano em nós.
Quem é o humano em nós? Se abrirmos nossas almas e as examinarmos, descobriremos sobre o que os autores deO Zohar escrevem. No humano em nós há qualidades conhecidas como “Moisés,” “Faraó,” “monstros,” “Nilos,” etc.. Precisamos de tentar os encontrar no interior.
O que os procurar por dentro nos dá? Na verdade, isso não nos dá nada. Contudo, ao tentar encontrar estas qualidades no interior atraímos sobre nós mesmos “a luz que reforma,” e é isto o que é suposto querermos. Não há perigo de mal entendido. Até se compreendermos tudo para trás, não fará diferença. O que conta é o esforço.
Assumamos que uma pessoa sai para o exterior no fim de uma aula de Zohar e pensa, “Saí-me bem hoje! Senti que compreendi realmente o que Moisés e Faraó significam dentro de mim.” Todavia, isto é completamente insignificante. Pode muito bem ser que da próxima vez, essa mesma pessoa sinta, “Eu não apanhei nada dele hoje; é tudo seco. Excepto um minuto ou dois, não consegui sequer me concentrar.” Contudo, esses poucos minutos são exactamente o que essa pessoa ganhou.
É por uma boa razão que Baal HaSulam escreveu na “Introdução a O Estudo das Dez Sefirot” que os estados de ocultação são os estados nos quais um pode trabalhar. Aquele que se esforça durante as trevas e sente que é inútil deve compreender que estados nos quais somos feitos trabalhar sem receber algo para refrescar o ego, orgulho, entendimento, a mente, e o sentimento são muito bons para o nosso progresso espiritual. Devemos acolher estados em que nos sentimos mal, uma vez que é através deles que crescemos.

 

“E Deus criou os grandes monstros marinhos,” que é a baleia e seu parceiro feminino. A palavra “monstro” [em Hebraico] está escrita sem uma Yod, uma vez que ele matou a fêmea, e o Criador a elevou aos justos. Assim, somente um grande monstro sobrou. Também, sabei que uma baleia é um peixe puro.
A baleia e seu parceiro fêmea são de uma raiz muito alta. Isto é porque o mar éMalchut do discernimento de Chochmá, e a mais importante de todas as criaturas do mar é a baleia. Assim, ele é o todo da Chochmá no mar, embora ele não se estenda da própria Chochmá, mas de Biná que retornou aChochmá, a linha esquerda nela, chamada, “o ponto de Shuruk.” É por isso que está escrito sobre eles, “E Deus criou os grandes monstros marinhos,” uma vez que Biná é chamada Beriá.
E todavia, seu lugar não era determinado pelo próprio mar, que é Malchut de Atzilut. Em vez disso, um lugar foi preparado no mundo de Beriá, fora de Atzilut, abaixo de Malchut deAtzilut, que são os dez Nilos.”

Zohar para Todos, Bo [Vinde], Item 39

 

O que nos dá esta descrição se não a compreendemos e não sabemos como a conectar a nós? Baal HaSulam devia ter explicado as palavras de O Zohar num estilo um pouco mais emocional, mais próximo de nós, em acréscimo à explicação da linguagem da Cabala. Todavia, ele deixa-nos espaço para esforço, para procurar o seu significado, para que serve, e onde está a acontecer dentro de nós.
Nós estamos em Ein Sof, e há 125 ocultações da nossa presente sensação até Ein Sof. Devemos tentar sentir o nosso verdadeiro estado mais e mais animicamente para “reganhar consciência.” É nos dada esta história especificamente para que comecemos a procurar. A busca produzirá dentro de nós novas qualidades e discernimentos com os quais começaremos a sentir o que presentemente não conseguimos. Caso contrário, a habilidade de sentir a espiritualidade não se desenvolverá em nós.
Tem de haver um esforço da nossa parte aqui, como está escrito, “A recompensa é de acordo com o esforço.” Não há nada mais senão esforço aqui, que é porque foi dito, “Vós trabalhaste e achaste, acredita.” Quando virá o achado? Quando a luz superior nos afecta suficientemente e o sentido espiritual é complementado dentro de nós no seu primeiro grau.
Saber não tem significado aqui, somente querer. Nós devemos querer sentir o que está realmente a acontecer aqui, e não as palavras. “Realização espiritual,” como o Hazon Ish [1] disse, “É uma subtil inclinação da delicadeza da alma.” É impossível a adquirir com o intelecto, mas somente com a vontade do coração.
É por boa razão que O Livro do Zohar é abstracto. Quando abrirmos esse portão fechado entramos na espiritualidade. Nova e novamente, dia após dia, sem entender o que está a acontecer, avançaremos para um estado onde de súbito, começaremos a sentir algo. Nesse ponto, respostas interiores às palavras despertarão em nós. E assim, naturalmente sentiremos como uma qualidade é formada dentro de nós e como um novo mundo está a ser estruturado no interior.

 

Notas

[1] Rabi Avraham Isaiah Karlitz (1878-1953), Fé e Confiança

Não Temais Vós, Verme de Jacob

O Criador colocou todas as nações idolatras no mundo sob ministros nomeados, e todas elas seguem seus deuses. Todas derramam sangue e fazem a guerra, roubam, cometem adultério, se misturam entre todos aqueles que agem para prejudicar, e sempre aumentam sua força de prejudicar.

Israel não têm a força e poder para as derrotar, excepto com suas bocas, com oração, como um verme, cuja única força e poder está na sua boca. Mas com a boca, ele quebra tudo, e é por isso que Israel são chamados “um verme.”

“Não temais vós, verme de Jacob.” Nenhuma outra criatura no mundo é como esse verme tecedor de seda, do qual todas as vestes de honra vêm, o vestuário de reis. E depois de tecer, ela semeia e morre. Posteriormente, dessa mesma semente, ela é reanimada como antes e vive novamente. Tais são Israel. Como esse verme, até quando eles morrem, eles regressam e vivem no mundo como antes.

Também se diz, “como barro nas mãos do oleiro, assim vós, a casa de Israel, são nas Minhas mãos.” O material é esse vidro; embora ele quebre, ele é corrigido e pode ser corrigido como antes. Tais são Israel: embora eles morram, eles revivem.

Israel é a árvore da vida, ZA. E porque os filhos de Israel se seguraram à árvore da vida, eles terão vida, e eles se levantarão da poeira e existirão no mundo.

Zohar para Todos, VaYishlach [Jacob Enviou], Itens 250-254

 

O ponto no coração, a predilecção que pode despertar dentro de cada pessoa, onde quer que ela esteja, de alcançar directamente a qualidade de amor e doação do Criador, isto é chamado Israel, Yashar[direito] El [Deus]. O resto das nossas inclinações egocêntricas são chamadas “as nações do mundo.”
No caminho para o Criador, o ponto no coração atravessa muitos estados diferentes até que ele é finalmente recompensado com se apegar à “árvore da vida.”

Jacob, Esau, Labão e Balaão

Estudamo-nos a nós mesmos e desejamos encontrar dentro de nós todas as distinções que O Livro do Zohar descreve.

“Assim vós direis ao meu senhor Esau: ‘Assim diz vosso servo Jacob: ‘Eu vivi com Labão.’’” Jacob imediatamente abriu, para se tornar num escravo perante ele para que Esau não olhasse sobre as bênçãos que seu pai o havia abênçoado, porque Jacob os abandonou para o fim dos dias.

O que viu Jacob que ele procurou por Esau e disse, “Eu vivi com Labão”? Fez-o ele numa missão de Esau? Ao invés, Labão o Arameu, uma voz caminhava no mundo, pois nunca nenhum homem alguma vez foi salvo dele, porque ele foi o adivinho dos adivinhos e o maior encantador, e o pai de Be’or, e Be’or foi o pai de Balaão, como está escrito, “Balaão… filho de Be’or, o adivinho.” E Labão era mais versado em adivinhar e feitiçaria que eles, mas ele não conseguiu prevalecer sobre Jacob. E ele quis destruir Jacob de várias maneiras, como está escrito, “Um Arameu errante foi meu pai.” Por esta razão, ele procurou-o e disse, “Eu vivi com Labão,” para o deixar saber de sua força.

O mundo inteiro sabia que Labão era o maior de todos os sábios e adivinhos e encantadores. E aquele que Labão desejava destruir não podia ser salvo dele. E tudo o que Balaão sabia veio de Labão. Está escrito sobre Balaão, “pois eu sei que aquele que vos abençoais é abençoado.” É tanto quanto o mais com Labão. E o mundo inteiro temia Labão e sua magia. Assim, a primeira palavra que Jacob enviou a Esau foi, “Eu vivi com Labão.” E não por um curto tempo, mas durante vinte anos eu me atrasei com ele.

Zohar para Todos, VaYishlach [Jacob Enviou], Itens 21-23

Se imaginarmos perante nós todas essas formas e explicações que escutámos na escola e na vida em geral sobre as histórias da Bíblia — sobre Jacob, Esau, e outros nomes familiares — e abordarmos o estudo de O Zohar com elas, caímos numa grande confusão e não nos conseguimos focar no que O Zohar realmente diz [1].
Enquanto lendo, devemos praticamente ir para o espaço, como se o planeta terra não existisse, como se estivéssemos só a imaginar que alguma coisa alguma vez tomou lugar nele. Afinal, tempo, movimento e espaço são ilusões que existem somente na nossa presente percepção.
O facto de que imaginamos que alguém lá esteve há milhares de anos atrás, e avançamos para cavar e encontrar achados arqueológicos, é somente nas nossas mentes. Todavia nós chamamos-lhe “realidade.” Agora queremos mudar essa percepção. Queremos ver este mundo como existindo somente na nossa vontade, que é onde ele está verdadeiramente.
Desde que nascemos, estamos acostumados a ver o filme da vida desta maneira — que há aparentemente alguma coisa fora de nós. Contudo, o filme inteiro está a acontecer somente na nossa vontade. Devemos lutar contra nosso hábito e nos convencer a nós mesmos nova e novamente que na realidade, está tudo a acontecer dentro do desejo.
Esta abordagem não nega a realidade porque o desejo é a realidade. Até agora, quando corremos para algo, estamos na realidade a correr para um desejo. Até a sensação de que há cosias a acontecer ao nosso redor é uma manifestação de desejos, forças que aparecem desta maneira perante nós.
Quanto mais tentamos viver esta imagem interior através de O Zohar e nos abstemos de afundar em imagens históricas de histórias bíblicas familiares, mais O Zohar nos promoverá para o interior da Torá, para a verdadeira Torá — a verdadeira percepção da realidade.
O Zohar está a direccionar-nos.

 

Notas

[1] Todavia, há uma rígida condição durante o envolvimento nesta sabedoria — de não materializar as questões com assuntos imaginários e corpóreos, pois assim eles violam, “Vós não fareis para vós uma imagem gravada, nem qualquer maneira de semelhança” (Baal HaSulam, “Introdução a O Estudo das Dez Sefirot,” item 156).

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