Força Doadora e Força Receptora

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

O conhecimento Cabalístico que possuímos é resultado das investigações Cabalísticas realizadas por pessoas cujas almas ansiavam com a pergunta sobre o sentido da vida. Elas usaram um método especial para começar a sentir a realidade de forma abrangente, e escreveram livros sobre o que descobriram. Quando os Cabalistas sentiram pela primeira vez a realidade completa, eles a chamaram de “abertura do dos olhos”.

A abertura dos olhos é o processo de subir os mesmos degraus pelos quais todos nós descemos, do já mencionado estado infinito (Ein Sof). A sabedoria da Cabala compreende duas ordens paralelas:

  1.  De cima para baixo: a descida do desejo de receber desde Ein Sof, através de todos os Mundos Superiores, até “este mundo”.
  2. De baixo para cima: a subida do investigador desde “este mundo”, atravessando a barreira, os Mundos Superiores, até Ein Sof.

A Cabala fala sobre o desejo de receber, ou seja, o desejo de desfrutar. Como nós já dissemos, existem cinco fases no processo de criação do desejo de receber. Nós sinalizamos estas fases com quatro letras hebraicas: a ponta do Yod (.), depois o Yod (י), Hei (ה), Vav (ו), Hei (ה), e nós chamamos esta estrutura pelas letras HaVaYaH. Nós também atribuímos a esses cinco estágios, cinco nomes: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut.

A ponta do Yod é Keter (Figura 7), designando o início da manifestação do desejo que se afasta da Luz, como um ponto negro dentro da Luz. A partir deste ponto, desenvolve-se a letra Yod – o desejo primordial. A forma da letra Yod é como um ponto com um espinho na sua cabeça e uma cauda em sua extremidade. Ela simboliza a criação da nova matéria, anteriormente inexistente, a o desejo de receber. Este estágio é chamado Hochma.

Visto que a letra Yod evolui, o desejo de receber continua a evoluir, absorvendo o atributo de doação do Criador. A combinação do atributo de doação e de recepção gera uma nova qualidade, chamado Bina, designado pela letra Hei.
Bina contém a primeira matéria que quer ser semelhante à Luz que a gerou. A forma da letra Hei simboliza a integração dos atributos de recepção e doação. Isso gera a forma de doação acima do desejo primordial.

Após isso, o desejo quer realizar um ato de doação, como o Criador fez anteriormente, e por isso tenta ser como a letra Yod. Mas como dessa vez este é um ato que o próprio desejo executa, atribui-se a ele a forma da letra Vav.

A letra Vav simboliza os nossos esforços de ser como o Doador, o Criador. No entanto, o ato de Vav é considerado incompleto, pois é uma decisão que foi tomada antecipadamente, uma conseqüência do desejo de Hei de doar. A incompletude do desejo, simbolizada pela letra Vav, é sugerida em seu nome Zeir Anpin – face pequena (Aramaico). Em Zeir Anpin falta a decisão independente, a “cabeça”.

Quando Zeir Anpin realiza o ato de doação, ele descobre o que significa ser um doador. Em conseqüência, ele começa a querer atingir o status do Doador, e este último desejo é chamado Malchut. O desejo de Malchut é voltado totalmente a receber o atributo de doação; portanto, como Bina, ele é simbolizado pela letra Hei.

No entanto, há uma diferença fundamental entre o primeiro Hei de Bina e o último Hei de Malchut. Em Bina, a combinação de recepção e doação vem do Criador, “do Alto”, enquanto que em Malchut esta combinação vem “de baixo”, da nossa ânsia pelo status do doador, um desejo que se origina do seu próprio desejo de receber. Agora nós podemos ver porque as letras Yod, Hei, Vav, Hei simbolizam o nome do Criador. É o padrão pelo qual o Criador formou o desejo de receber, dentro do qual o desejo de receber sente o Criador como uma Luz que o preenche.

Figura 7

Visto que a Luz preencheu o desejo de receber em Hochma e o inseriu com a sensação do Doador, o desejo começou a se sentir como um receptor, e quis ser como o Doador. O desejo pode facilmente mudar a sua natureza, porque nesta fase ele não é um desejo independente, mas que  veio do Criador. No entanto, o desejo de receber em Malchut já é um desejo independente da criatura.

Quando o desejo de receber em Malchut quer receber tanto a Luz que vem do Criador quanto o prazer de ter o status do Doador, ele começa a ver a oposição que existe entre os seus próprios atributos e os atributos da Luz. Então, o desejo de receber experimenta a diferença entre ele e a Luz. A sensação desta dolorosa diferença faz com que ele realize o Tzimtzum (restrição da Luz). Em outras palavras, a reação por descobrir o quão opostos são seus atributos daqueles do Criador, remove toda a Luz que o preencheu.

A partir deste momento, o Tzimtzum (restrição) se torna a lei reguladora em todas as ações do ser criado. A Luz deixará de entrar num desejo oposto ao Criador, porque a criatura assim decidiu. Desta forma, o Tzimtzum torna-se uma lei obrigatória na Criação.

A lei do Tzimtzum diz que, enquanto nós (a criatura) formos egoístas, não seremos capazes de sentir o Criador e o prazer que vem Dele. Existe apenas um pequeno segmento de toda a realidade, chamado “este mundo”, onde se pode receber prazer e desfrutar dentro de um desejo egoísta, apesar da lei do Tzimtzum. Isto nos permite existir no nível físico, antes de começarmos a nos corrigir e nos tornarmos mais equivalentes ao Criador.

Nós temos que entender que a existência egoísta, tal como a nossa atual existência neste mundo, não existe na realidade. Ascender a partir deste mundo significa ascender um desejo pessoal à qualidade de doação. Neste mundo, o desejo de receber funciona para dentro, e no mundo espiritual, ele funciona para fora, dando, como o Criador.

Em outras palavras, o mundo espiritual observa a lei do Tzimtzum, e o termo “espiritualidade” se refere aos estados em que somos semelhantes ao Criador. Em nosso estado atual, nós somos egoístas, e estamos opostos ao Criador.

Vamos voltar ao processo da criação. O termo “mundo” descreve certo estado da criatura, o desejo de receber. Deste modo, o estado da criatura antes do Tzimtzum é chamado de “o mundo Ein Sof” (o mundo infinito), e o estado após o Tzimtzum é chamado de “o mundo do Tzimtzum” (o mundo  da restrição).

Após o Tzimtzum, o Kli (vaso/ recipiente) permanece vazio e deve decidir o que fazer depois. Ele sente que ficar vazio é inútil tanto para si mesmo como para o Criador. O ato do Tzimtzum tornou- o independente do domínio da Luz, mas com isso ele ainda não alcançou nada, porque o Tzimtzum não o torna um doador como o Criador.

O Kli entende que pode realizar uma ação semelhante àquela que tinha realizado enquanto transitava de Hochma a Bina. No entanto, agora isto seria por sua própria vontade, livre e independente. Ele entende que pode dar prazer ao Criador se receber a Luz Dele com a intenção de dar a Ele. Afinal de contas, esta é a vontade do Criador – deleitar e contentar a criatura.

Assim, quando a Luz (prazer) alcançou a criatura (Kli), a criatura, juntamente com a sensação que veio do Criador, primeiro a rejeitou. Ela fez isso para não senti-la diretamente, para não sentir a vergonha de ser oposta ao Criador. Desta forma, a criatura seguiu a lei do Tzimtzum, que não permite a recepção com a intenção da autogratificação.

Depois, a criatura mediu os prazeres que havia a sua frente e avaliou o resultado em relação ao seu próprio desejo de desfrutar. Ela só recebeu esta quantidade específica de prazer depois que sabia exatamente o quanto poderia receber a fim de satisfazer o Criador, e não a si mesma. O restante da Luz foi, então, recusado.

Os Cabalistas explicam isso usando o exemplo do convidado e o anfitrião. O anfitrião serve todos os tipos de iguarias requintadas e conduz o convidado à mesa. O convidado sente vergonha e recusa educadamente. Na verdade, o convidado tem medo de se sentir como um receptor e por  isso protege seu ego da vergonha.

Agora é a vez do anfitrião implorar: “Eu fiz tudo isso para você! Você sabe como eu me importo com você. Quero satisfazer-lhe com o que eu preparei para você; por favor, você comerá por mim?”. Fazendo isto, o anfitrião demonstra ao convidado uma deficiência, uma necessidade de que este receba suas iguarias. Agora, o convidado sente que aceitando comer os alimentos ele satisfaz a necessidade do anfitrião. Ao comer ele faz um bem ao anfitrião.

Assim, o equilíbrio do poder muda: se o convidado recebe para satisfazer o anfitrião, já não é mais recepção, e sim doação. Segue-se que o convidado usa o amor do anfitrião para devolver prazer ao anfitrião.

Outro exemplo de uma relação do tipo doação-recepção é entre pais e filhos. Na verdade, a criança é o chefe da família, usando o amor dos pais para manipulá-los, a fim de satisfazer suas necessidades. Naturalmente, as pessoas nesses exemplos são egoístas. As coisas acontecem de forma bem diferente no mundo espiritual, mas tais exemplos podem nos ajudar a entender o princípio. O processo que ocorre nos Mundos Superiores é construído sobre um princípio muito semelhante: se a pessoa recebe prazer com a intenção de satisfazer o Criador, isso não é considerado recepção, mas doação. Ao realizar este ato, o ser humano iguala-se ao Criador e adquire os pensamentos do Criador.

Em outras palavras, a Luz nos criou desde o princípio com um enorme e gigantesco desejo por ela. Este desejo está em nós até mesmo agora, mas ele está latente e, portanto, nós não sentimos a Luz do Criador. Este desejo (pela Luz) deve ser evocado.

É importante perceber que estamos lidando com a pesquisa do termo “Criador” de uma forma puramente científica. Em outras palavras, nós podemos medir a nossa sensação do Criador com ferramentas precisas, quantificando cada sensação, e expressando-a numericamente. A ferramenta com a qual podemos medir a sensação do Criador é chamada “a sabedoria da Cabala”. Nós podemos definir com precisão quais Luzes penetram que parte do Kli, com que força, e em que condições.

A Cabala fala sobre o desejo de receber criado pelo Criador. Estes dois, o desejo de receber e o Criador, são elementos muito elevados, no sentido de que precedem todas as religiões e crenças. A Cabala trata das duas forças atuantes na realidade, a força que doa, chamada “Criador”, e a força que recebe, chamada “criatura”.

A Cabala não tem nada a ver com qualquer religião ou qualquer outra fé. Eu não quero comparar a Cabala a outros ensinamentos, nem desejo discutir qualquer religião, seja Hinduísmo, Judaísmo, Cristianismo, ou Islã. Afinal, por que lidar com a religião, se nós podemos discutir a física do Mundo Superior?

O desafio de explicar esse material é que não podemos comparar nossas emoções. Nós não podemos dizer que o termo “Força Superior” que uma pessoa sente é idêntico ao termo “Força Superior” que outra pessoa sente. Portanto, é inútil tentar comparar este ou aquele ensinamento com a Cabala.

A Cabala é uma técnica que fornece ferramentas precisas, matemáticas e mensuráveis. Quando eu registro dados relacionados a um estado, qualquer outro Cabalista pode realizar o mesmo ato com suas próprias ferramentas, e conhecer os dados aos quais eu estava me referindo. A sabedoria da Cabala oferece uma medição precisa das emoções do ser humano.

Os livros de Cabala descrevem as impressões dos Cabalistas da Força Superior. Eles descrevem suas emoções e nos deixam fórmulas que explicam quais ações internas precisamos realizar no nosso desejo de receber. Dessa forma, nós aprendemos a praticar atos de recepção e de doação da Luz que o Criador quer conceder a nós.

Um Cabalista mede com bastante precisão o prazer que pode ser recebido ou rejeitado. Assim, nós recebemos instruções exatas quanto ao tipo de trabalho interior que devemos fazer em cada estágio. Desta forma, nós saberemos como trabalhar com nossos desejos em relação à Luz.

A Natureza Da Matéria

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

A Sabedoria da Cabala tem evoluído durante milhares de anos e foi disseminada entre os Cabalistas ao longo da história. Eu gostaria de fazer uma breve revisão dos pontos-chaves neste processo.

  • • O primeiro Cabalista foi o Patriarca Abraão (aproximadamente 1.800 a.C.). O
    Sefer Yetzira (O Livro da Criação) é atribuído a ele.
  • 500 anos depois de Abraão, Moisés escreveu seu Livro da Torá (O Pentateuco), por volta de 1.350 a.C..
  • No século II d.C., o Rabi Shimon Bar-Yochai escreveu o Sefer ha Zohar (O Livro do Esplendor).
  • A Cabala floresceu no século XIX na cidade israelense de Safed, liderada pelo Cabalista Rabbi Isaac Luria Ashkenazi, o Ari (1534-1572). Ele apresentou seu método em seus livros e, atualmente a sabedoria da Cabala baseia-se na Cabala Luriânica (A Cabala do Ari). A Cabala Luriânica relaciona a Cabala a uma ciência: não há meditação, cantos, encantos, amuletos ou desenhos mágicos de letras.
  • O rabino Yehuda Ashlag (1884-1954), conhecido como Baal HaSulam (dono da escada) por seu comentário Sulam (Escada) sobre o Zohar, pavimentou o caminho para nossa geração. Seus escritos permitem com que nos conectemos às antigas e autênticas fontes que os gigantes do passado deixaram para trás.

A Cabala que nós estudamos hoje contém o mesmo conhecimento que foi transmitido desde Abraão através de todas as gerações. Eu tive o privilégio de passar doze anos ao lado do filho mais velho e sucessor do Baal HaSulam, o Cabalista Baruch Shalom Ashlag, e eu dele recebi esse conhecimento.

A sabedoria da Cabala é um método para descobrir a parte oculta da realidade, o reino imperceptível da realidade que nossos cinco sentidos não podem apreender. Ela desenvolve outro sentido em nós, aquele que percebe a realidade que existe além de nossa atual percepção.

A Cabala diz que toda a realidade é constituída por uma substância chamada “desejo de receber prazer”. Este desejo de receber prazer é basicamente o desejo de ser preenchido com alegria e prazer; isso é o que muitas vezes referimos como “egoísmo”. Este desejo de receber opera em todos os níveis de existência: inanimado, vegetal, animado, e falante.

Embora o desejo de receber seja a substância de toda a realidade, o desejo em si não é nem matéria nem átomo, que veio mais tarde. Tudo o que foi criado, que existe como base da realidade, baseia- se no desejo de desfrutar, uma aspiração pelo prazer. Em cada nível de realidade, essa aspiração assume diferentes formas.

Todo Cabalista, sem exceção, de Abraão até o último grande cabalista (Baal HaSulam), sustentou que toda a substância da Criação consiste do desejo de receber. Cada livro de Cabala fala sobre a mesma coisa, e todos os Cabalistas estão de acordo a esse respeito.

Os Cabalistas são pessoas que atingem o Mundo Superior; eles falam sobre a realização real, não sobre teoria. A palavra “realização” refere-se ao último grau de compreensão. Deixe-me tornar as coisas mais fáceis de entender, utilizando alguns desenhos.

Nós dizemos que o desejo de receber é a base da Criação. Ele é criado pela expansão da Luz Superior. (Na Cabala, o termo “Luz” designa dar, doar, amor; ela é referida como “o Criador”). Assim, a Luz criou o desejo de receber que quer ser preenchido com a Luz. Assim, o desejo de receber também é chamado Kli (vaso/recipiente). Veja a Figura 1.

Figura 1

Em outras palavras, o desejo de dar cria o desejo de receber, isto é, a Luz quer que o Kli (vaso) receba o que ela quer lhe dar.

O desejo de desfrutar é o princípio da matéria; a Cabala nomeia-o “matéria primordial”. No entanto, ela ainda não é uma matéria completa, porque neste ponto ela é criada inteiramente pela ação da Luz. Este processo precede a formação de qualquer matéria conhecida por nós, muito tempo antes da formação material do nosso universo.

Uma vez que este desejo de receber origina-se da ação da Luz, ele sente a Luz (o prazer) em um nível mínimo. Neste ponto o desejo de receber não tem nenhum desejo independente pela Luz. Para torná-lo independente e desenvolver ainda mais o desejo de receber, nós precisamos acrescentar outro elemento: a consciência do desejo de sua própria existência.

O Criador (Luz) dá ao desejo de receber a sensação de que ele existe, que há “um Doador”, isto é, algo que lhe dá o prazer que ele está sentindo. Assim, uma vez que o desejo de receber prazer é sentido, ele começa a sentir o doador do prazer dentro do prazer.

Da mesma forma, quando nós recebemos um presente, nós sentimos a atitude do doador em relação a nós, além da doação propriamente dita. Nós devemos observar que quando nos referimos ao Criador, nos referimos na verdade ao doador. Neste estado de coisas, o ser criado (criatura) começa a sentir que há uma colisão entre o prazer e a sensação do doador do prazer (Figura 2). Esta colisão provoca uma reação na criatura, fazendo-a querer ser como o Criador, porque o Criador é maior do que o próprio prazer. Neste ponto, o desejo de receber evolui para o nível seguinte.

Figure 2

Então, o desejo de receber escolhe ser um doador, como o Criador (doador). Esta é a primeira reação da criatura, embora ela ainda não seja uma escolha totalmente independente. Ela é, antes de tudo, uma reação oriunda da sua sensação do doador, o que a torna uma reação obrigatória, derivada inteiramente da presença do doador. Portanto, o desejo de receber não tem livre escolha na questão.

Figure 3

Agora, a criatura começa a contemplar o que ela pode dar ao Criador. O Criador dá porque Ele é a fonte do prazer. Mas quando a criatura também quer dar, ela descobre que não tem nada para dar em troca.

Assim, através da sua necessidade de dar ao Criador, a criatura descobre a natureza do Criador. A criatura descobre o Amor do Criador por ela. No entanto, se o Criador ama a criatura e quer agradá-la, conseqüentemente o Criador deve querer ou precisar de algo. A criatura percebe que a necessidade do Criador é Seu desejo de satisfazer a criatura; quando a criatura aproveita, o Criador também aproveita. Mas quando a criatura não aproveita, nem o Criador aproveita.

Para concretizar o seu desejo de dar ao Criador conforme o Criador dá à criatura, a criatura decide receber o prazer do Criador. Este processo é, de certa forma, semelhante a uma criança que come para agradar sua mãe. Desta forma, mesmo quando a criança recebe o alimento da mãe, ela age como um doador em relação a sua mãe.

Quando a criatura está neste estado de ser, podemos dizer que ela é semelhante ao Criador: ela recebe aquilo que o Criador quer dar, mas apenas para devolver ao Criador. A criatura dá da mesma forma o Criador dá. No entanto, este não é o fim do processo. Agora que a criatura realizou um ato similar ao do Criador, ela sente um prazer adicional: o prazer de ter o status do doador.

Esse prazer cria um novo desejo na criatura: o desejo de desfrutar o status do doador, bem como o desejo que a Luz criou pela primeira vez na criatura. Este novo desejo não vem “de Cima”, e por isso merece o título de “um ser criado”, “uma criatura” (Figura 3).

A raiz da palavra hebraica NIVRA (ser criado) vem da palavra Bar (fora). Assim, o termo “criatura” ou “ser criado” refere-se a algo ou alguém fora da vontade do Criador.

Uma vez que a criatura é formada, ela passa por uma seqüência de estados interligados como conseqüência de causa e efeito. Esses estados são referidos como “Mundos Superiores”. A Luz Superior e o desejo de receber descem através dos Mundos Superiores ao nível mais inferior, chamado de “nosso mundo”.

No nível do nosso mundo, nós somos totalmente controlados pelo desejo de receber e estamos completamente separados da sensação da Luz Superior, o Criador.

Uma vez que o desejo de receber desce ao nosso mundo, torna-se independente da dominação do Criador, pois é somente através dessa separação que o propósito da Criação (tornar o desejo de receber idêntico ao Criador) pode ser realizado. Na Cabala, esta identificação é chamada de “Equivalência de Forma entre a criatura e o Criador”.

A sabedoria da Cabala descreve cada estágio evolutivo do desejo de receber, desde a primeira fase da Criação descendo até o nosso mundo. Ao estudar estas fases, podemos compreender como o mundo material, o tempo, o espaço e o movimento foram todos formados, e como o desejo de receber evoluirá.

Toda a nossa história é determinada pela evolução do nosso desejo de receber; isso pode nos ajudar a entender como a humanidade evolui. Na realidade, todo processo, sem exceção, é o resultado do nosso sempre crescente desejo de receber.

Uma vez que a estrutura espiritual que acabamos de descrever se materializa, a matéria que forma o nosso mundo é criada. O nosso mundo tem experimentado diversas épocas de evolução, e hoje estamos numa fase em que estamos começando a compreender que a evolução espiritual deve começar.

Atualmente, a humanidade está enfrentando uma série de crises sociais e científicas. Muitos sinais apontam para o atual estado desolador da humanidade e a crise mundial que ela está experimentando. A dependência de drogas cresce continuamente e começa em uma idade cada vez mais jovem; a depressão está se espalhando como uma praga e o terrorismo internacional se  tornou incontrolável.

Há apenas um propósito em relação a todas as questões acima: ajudar a humanidade a entender que a raiz de todos os nossos problemas é a intensificação do nosso desejo egoísta de receber, e que temos de corrigir isso. Os Cabalistas escreveram sobre a intensificação do ego há muito tempo atrás, explicando que quando a humanidade atingisse esse estado, seria o momento de revelar a sabedoria da Cabala como meio para se corrigir o ego.

Vamos reiterar o que discutimos até agora. Existe um Criador que quer dar. Esta é a Raiz, ou Fase Zero. A fim de dar, Ele deve ter alguém para dar, e como o Criador quer dar, Ele cria um Kli que recebe o “presente”, isto é, o Criador dá ao Kli. Este é o Estágio Um.

Para que isso ocorra, o receptor precisa primeiro querer o prazer. Se eu construo em você um desejo por algo e depois dou o que você quer, você não vai aproveitar meu presente, porque esse não é o seu próprio desejo. Você deve sentir que ele é o seu próprio desejo, antes que possa defini- lo como “prazer”. Assim, no final do Estágio Um, a criatura começa a sentir o Doador e Sua natureza.

O desejo de receber evolui ao sentir o Doador (Estágio Um), e, conseqüentemente, ao querer ser como o Doador (Estágio Dois). Nesse estágio torna-se vantajoso para a criatura ser como o Doador (Estágio Três). No entanto, esta é apenas uma fase na formação do desejo de receber, e a criatura não está realmente ciente que está recebendo algo.

Na verdade a criatura não tem consciência de nenhuma destas observações; elas são apenas fases na evolução do desejo de receber bruto. Este desejo bruto ainda deve descer, formular e afastar-se do Criador até que pare de senti-Lo completamente. Ele deve descer ao nível do nosso mundo, e  só então sentirá o desejo nele como seu próprio desejo independente (Estágio Quatro). Desta forma, ele acreditará que é livre e não se submete ao governo do Criador.

Neste estágio, quando o indivíduo quer descobrir o Criador no nosso mundo, o desejo parecerá surgir primeiro. Assim, a pessoa será capaz de dar ao Criador como resultado do livre-arbítrio, e isso constituirá a sua forma de doação livre. Você poderia dizer que da perspectiva do Criador, isso nada é mais que uma fantasia, e que o Criador realmente comanda o espetáculo. Embora isso seja verdade, não diminui o fato de que, da perspectiva da criatura, a ocultação do Criador permite que ela sinta-se independente.

No final do Estágio Três, a criatura decide receber do Criador a fim de assemelhar-se a Ele. Embora no Estágio Dois a criatura já tenha o desejo de dar, este ainda não é o seu próprio desejo; ele não é um desejo “como o Criador”, como no Estágio Três, mas um desejo oriundo diretamente do Criador.

Deixe-me dar um exemplo para explicar o que quero dizer. Suponha que estou servindo-lhe um pedaço de bolo. Você poderia dizer que não sabe o que é isso, que você não tem o desejo inicial por tal bolo, mas daí eu o convenço de que você realmente deve experimentá-lo porque o bolo é fantástico. Nesse processo, eu lhe dou tanto o desejo quanto a satisfação, a realização do desejo.

Portanto, há uma evolução na transição entre as fases, em que “essa coisa” (o desejo) de repente “acorda” e torna-se consciente de si mesma. É como se ela começasse a conversar com o Criador. Esta evolução resulta de uma colisão interior na criatura entre os dois fatores: o prazer e o Doador do prazer. Na realidade, tudo o que existe são estes dois elementos.

Figura 4

O Estágio Três também marca o despertar de um novo desejo da criatura: a inveja em relação ao Criador. Em relação a isso, a inveja é um elemento positivo e útil, porque nos impulsiona a evoluir mais.

Finalmente, no fim do Estágio Quatro, a criatura sente que está dando prazer ao Criador. Assim, ela se considera contendo o mesmo status do Criador, e sente o prazer que surge ao ter alcançado o status do Criador, o prazer de dar, de ser um criador.

Este estado de ser cria na criatura um desejo de desfrutar esse status, apreciar esse prazer. Como esse desejo não chega à criatura diretamente do Criador, mas evolui como resultado de suas próprias ações, ele é considerado um novo desejo, que nós atribuímos à criatura. Isto é o que chamamos de “desejo de desfrutar” (Figura 4).

Neste último estágio, a criatura recebe o prazer de compartilhar o status do Criador , e se entrega a ele. Deste modo, a criatura se entrega a dois prazeres: o prazer que vem do Criador, e o prazer que vem da partilha do status do Criador. Este estado de ser é chamado de Ein Sof (Sem Fim ou Infinito), e se refere ao estado onde não há limitações em relação ao desejo.

Isto não se refere à distância, tempo ou espaço no sentido físico. Pelo contrário, esta é uma observação que diz respeito à natureza do desejo, isto é, que o próprio desejo é ilimitado.

Ao receber esses prazeres, a criatura descobre de novo que existe uma fonte de prazer. Ela descobre que o Doador é a fonte do prazer, e sente-se como o receptor. Desta vez, a sensação é válida porque o desejo de receber neste estágio é a própria criatura, e não um que chegou até ela do Criador.

Conseqüentemente, a criatura sente que quer escapar de seu próprio desejo. Ela quer evitá-lo, e não quer pertencer ao seu próprio desejo por mais tempo. A rejeição que ela sente em relação ao seu próprio desejo a induz a “restringi-lo” (evitar usá-lo). O desejo ainda está lá, mas agora a criatura se abstém de utilizá-lo. Portanto, a sensação de satisfação, o prazer, cessa.

Ao permanecer com o desejo, a criatura decide alcançar o status do Criador, o único status que agora a criatura deseja ter – o do Criador. Ela sente que deve dar ao Criador sem receber qualquer recompensa para si. A partir de agora, todas as suas ações serão destinadas exclusivamente para atingir esse objetivo.

Para alcançar este objetivo, a criatura realiza uma complexa série de operações: ela cria uma cadeia de ocultações (revestimentos) na Luz Superior, chamados “mundos” (a palavra hebraica para “mundo” é Olam, que deriva da palavra Haalama, ocultação). No final da cadeia dos mundos está “este mundo”. Como o processo que criou a criatura é composto de cinco partes, a diminuição da Luz Superior ocorre através de cinco níveis de ocultação, cinco mundos, cujos nomes são Adam Kadmon, Atsilut, Beria, Ietsira e Assia.

No processo de construção desses mundos, a criatura constrói um ambiente para si. No mundo de Atsilut, o desejo de receber é dividido em dois: uma parte interna (alma) e uma parte externa (ambiente, entorno), na qual a alma opera. Este estágio ainda não pertence ao nosso mundo.

Como resultado dos eventos posteriores, a alma e o seu ambiente experimentarão o processo de quebra, e, conseqüentemente, cairão vários níveis até o nível “deste mundo”. Só agora começa a formulação da matéria que compõe o nosso mundo.

A partir desta fase, da quebra do desejo de receber, começa a evolução histórica do mundo material que estamos familiarizados. Uma vez que o universo foi criado, os níveis inanimado (imóvel), vegetal e animado são criados, e depois deles, o nível falante (humano) é formado (Figura 5).

Figura 5

Na sua fase inicial da evolução, a humanidade tem desejos físicos por sustento, reprodução e família. O corpo sempre tem estas necessidades elementares para se manter; nós precisamos delas mesmo se estivermos sozinhos em uma ilha.

A segunda fase de nossa evolução caracteriza-se por um desejo crescente por riqueza, seguido por um desejo de poder e respeito. Esses impulsos por riqueza, poder e respeito são considerados “desejos sociais”, assim chamados por duas razões:

  1. Nós absorvemos estes desejos do nosso ambiente social. Se vivêssemos sozinhos, não os desejaríamos.
  2. Estes desejos só podem ser realizados dentro de uma estrutura social.

O último estágio evolutivo é o desejo por conhecimento e erudição. Nós queremos cada vez mais conhecimento, queremos saber tudo e investigar tudo – donde a evolução da ciência.

Hoje, como nós estamos nos aproximando do final desta evolução, a qual durou milhares de anos, nós estamos começando a perceber que isso realmente não rendeu nenhum fruto. Nós nos encontramos em uma situação única: queremos ser preenchidos com prazeres, mas não conseguimos encontrar nenhuma fonte de prazer verdadeiro. Além disso, não podemos definir com precisão o que queremos. Assim, encontramo-nos perplexos e desorientados, como crianças perdidas, sem saber que caminho escolher. Embora queiramos algo, nós não sabemos o que é ou onde encontrá-lo.

Nós atribuímos à palavra “coração” a soma dos desejos que evoluíram em nós através dos nossos ciclos de vida: desejos físicos, desejos sociais, e o desejo de conhecimento. Em oposição a esses desejos situa-se “o ponto no coração”, uma “partícula” de um novo desejo que evolui acima de todos os outros desejos. Na verdade, o ponto no coração é o despertar do desejo de conhecer a Força Superior, e é o despertar deste desejo que traz a pessoa à sabedoria da Cabala, como meio para realizar este desejo.

O despertar do ponto no coração traz confusão, o subproduto da origem desse ponto no Mundo Superior. As leis do Mundo Superior pertencem a uma realidade onde o tempo, o espaço e o movimento não se aplicam.

Naturalmente, os nossos cérebros estão organizados de modo que sempre pensamos em termos de tempo, espaço e movimento. Mas nesta nova etapa, nós começamos a sentir que aquilo que determina tudo é o modo como pessoalmente sentimos a realidade, e que a realidade em si é imutável.

Assim, nós gradualmente sentimos que a realidade é estática e que o tempo, o espaço e o movimento realmente não existem. Nós começamos a perceber que todas as nossas experiências passadas aconteceram apenas dentro de nossas sensações, e que tudo depende do quanto cultivamos nossa capacidade de sentir.

Nós precisamos de tempo para nos ajustar ao conceito de que nada muda, exceto o ritmo pelo qual abrimos as nossas “ferramentas sensoriais”. Quando tivermos feito isso, começaremos a sentir o mundo em que vivemos de forma muito natural, simples, sem quaisquer limitações, preconceitos, regras, opressão, coerção, ou pressões externas.

O ponto no coração é o princípio do desejo pela espiritualidade. Atualmente, poucas pessoas estão nesta fase, mas seu número está aumentando o tempo todo. Finalmente, todo ser humano deve alcançar esse ponto onde o desejo pelo Criador é o mais elevado, um ponto iniciado pela inveja mencionada anteriormente, isto é, pela necessidade inerente em cada criatura de atingir o status do Criador.

Nós devemos entender que quando dizemos que o Criador é bom, queremos dizer que o Criador nos criou com a intenção de nos levar ao melhor estado de ser possível, ou seja, ao próprio estado do Criador. Assim, este é o estado ao qual deve ser levada a criatura. Qualquer estado inferior a este não será, portanto, considerado adequado. Conseqüentemente, o propósito da Criação é permitir que atinjamos o status do Criador (veja a Figura 6).

No entanto, para atingirmos o nível do Criador, nós devemos começar a sentir que o nosso desejo é totalmente oposto a do Criador, que o Criador quer apenas dar, e que nós queremos apenas receber. Este é o vazio e a escuridão do Kli (vaso), em oposição à Luz. Reconhecer esta oposição desenvolve-nos como criaturas. Para nós conhecermos o Criador, primeiro devemos conhecer o estado oposto ao seu, o “anti-Criador”, um estado de tormentos insuportáveis que coloca um grande ponto de interrogação sobre a nossa capacidade de resistir a esses tormentos.

É justo dizer que nós ainda não iniciamos o processo de conhecimento do anti-Criador. Para sentirmos a nossa total oposição do Criador, nós teremos que descer emocionalmente a níveis mais inferiores. A sabedoria da Cabala está surgindo agora porque é impossível experimentar estes estados fisicamente, e a Cabala é o meio que facilita a nossa caminhada através dos estados de oposição ao Criador, para experimentá-los em nossa consciência e nossas mentes, não em nossos corpos.

Nós podemos comparar este processo a uma pessoa com dor. Essa pessoa pode aguardar até que a dor se torne insuportável e então recorrer a um médico, ou recorrer ao médico logo que a dor aparece. Neste último caso, o diagnóstico precoce do problema poupará a pessoa do sofrimento que vem com a doença. Em outras palavras, uma pessoa inteligente toma a medicação logo que os sintomas da doença aparecem, impedindo assim o seu início.

Ao fazê-lo, a pessoa pode evoluir de forma consciente, através do raciocínio, e, assim o Kli (criatura) aprende a se conscientizar da sua oposição à Luz. A sabedoria da Cabala é um método que nos ajuda a evoluir através do conhecimento, em vez da dor, e ela está surgindo hoje para permitir que a humanidade reconheça o mal que reside no egoísmo, antes que ele se manifeste completamente, infligindo danos terríveis em todos os aspectos da vida.

Portanto, a sabedoria da Cabala, como meio para se alcançar tanto a nossa evolução quanto o propósito da criação, deve alcançar toda a humanidade. Quanto mais pessoas participarem da Cabala, e quanto mais disseminarmos ela em todo o mundo, melhor para todos nós. O Baal HaSulam escreve sobre isso claramente em sua Introdução ao Livro do Zohar.

O primeiro investigador a se questionar sobre o universo e as forças que conduzem a humanidade foi Abraão. Ele fazia parte de um dos vários povos que viviam na Mesopotâmia (antiga Pérsia), e naquela época não havia divisão em nações. Ele descobriu o método pelo qual podemos conhecer  a realidade além da nossa percepção comum, e descreveu suas pesquisas e descobertas em seu Sefer Ietsira (Livro de Criação).

Abraão começou a reunir os alunos e ensinou-lhes a sabedoria da Cabala. Com o tempo, este grupo de Cabalistas tornou-se uma nação. Muitos anos mais tarde, após a ruína do Primeiro e Segundo Templo, este grupo de Cabalistas perdeu a sua percepção da Realidade Superior ; eles caíram do seu nível de consciência espiritual e só foram capazes de perceber sua realidade física.

Este  foi  um   processo   realmente   gradual.   Alguns   perderam   sua   percepção   espiritual  com a ruína do Primeiro Templo, e o resto perdeu com a ruína do Segundo Templo. O Rabino Akiva foi o último grande Cabalista a atingir o nível da lei espiritual denominada “Amai ao teu próximo como a ti mesmo”. A intensificação do egoísmo levou a um ódio infundado entre as pessoas, em vez da sabedoria da Cabala.

Mesmo assim, apesar da queda, um seleto grupo de Cabalistas permaneceu, e passou a sabedoria de geração em geração até o momento em que toda a humanidade necessitasse dela. Atualmente, é preciso reavivar a ciência antiga, reviver o estudo da Cabala, descobrir a Realidade Superior através dela, e passá-lo a toda humanidade.

Entretanto, é importante observar que a Cabala não tem nada a ver com religião, e não implica que nós precisemos fazer qualquer ação física. Como já foi dito anteriormente, a Cabala só fala dos desejos e intenções com relação ao Criador

Isso pode nos levar a concluir que, visto que a solução para nossos futuros desafios reside na disseminação da Cabala para toda humanidade, teremos que converter todo mundo em Cabalista. Na verdade, nós não precisamos.

A humanidade é construída como uma pirâmide. Como em qualquer outro campo  do envolvimento humano, noventa e nove por cento da população mundial é passiva. Eles não investigam ou criam, mas simplesmente contam com os frutos das descobertas científicas.

Portanto, nós devemos nos voltar para aqueles que estão preocupados com o destino do nosso mundo e o futuro da humanidade. Nós não esperamos que bilhões de pessoas estudem Cabala, mas se nós pudermos usar a ciência para presentear a humanidade com a imagem da realidade, isso fará com que todos mudem, pois todos nós somos partes de uma estrutura única.

Como dissemos anteriormente, o Kli (vaso/criatura) que o Criador criou tornou-se uma alma no mundo de Atsilut. Esta é a alma coletiva ou geral, chamada Adam ha Rishon (O Primeiro Homem). No início, todas as suas partes estavam unidas em harmonia maravilhosa, e ela era preenchida com a Luz Superior. Nesse estágio, a soma das partes criava a perfeição. Mais tarde, a alma experimentou um processo de quebra e caiu a um nível chamado de “abaixo da barreira”, onde a sensação espiritual termina. As partes da alma única continuaram a existir abaixo da barreira, mas sentiam-se separadas entre si. (Figura 6).

Figura 6

Para esclarecer estas palavras, podemos dizer que elas permanecem no “mesmo lugar”, como antes, mas outra sensação foi adicionada a elas. Esta é a sensação de que elas existem dentro de si mesmas. Na espiritualidade não há lugares e as mudanças são apenas na qualidade da percepção delas e suas sensações. Assim, cada uma das partes vive agora dentro de si, e sente somente a si mesma.

Tal estado de ser é chamado de “este mundo”, que é a situação em que estamos hoje. A Força Superior está agindo sobre nós (partes separadas) para nos trazer de volta ao estado corrigido, e esta será a realização do propósito da Criação.

Na verdade, a Força Superior “atirou-nos” neste mundo para reconhecermos quão diferentes nós somos Dela. Nós temos que desejar voltar a subir a partir deste ponto mais baixo até o estado corrigido da existência, onde estamos todos conectados. A diferença entre a natureza humana e a natureza do Criador é evidente através dos milênios de sofrimento, um processo completo de descida e subida projetado para que possamos perceber quão abomináveis nós somos uns para os outros. Em outras palavras, todo o egoísmo da pessoa deve ser exposto, e só então perceberemos porque devemos, voluntariamente, nos reconectar.

Nós devemos entender o problema que surge quando queremos satisfazer um desejo. Por exemplo, quando uma pessoa faminta senta em um restaurante e espera por uma refeição, no momento que a refeição é servida e a pessoa começa a comer, o apetite começa a diminuir. Quanto mais a pessoa come, menos fome ela sente, e com a falta de fome, o prazer diminui. Mesmo que grande parte da comida seja deixada sobre a mesa, e mesmo que a comida seja deliciosa, sem o desejo (apetite)  por ela, o prazer cessa.

Este cenário se repete na satisfação de cada desejo. Se surge um desejo em nós, nós somos motivados a satisfazê-lo. Nós ficamos tensos e nos esforçamos para satisfazer nosso desejo, mas uma vez que tenhamos atingido o nosso desejo, ele desaparece. Pode levar alguns minutos, algumas horas ou semanas, mas mais cedo ou mais tarde (geralmente mais cedo), a satisfação desaparece. Deste modo, o mesmo prazer que satisfaz o desejo também o elimina.

 

Além disso, a obtenção de um prazer constrói um desejo que é duas vezes mais forte que o anterior. Os Cabalistas disseram que “Aquele que tem cem quer duzentos”, aquele que tem duzentos quer quatrocentos, e assim por diante. Como conseqüência, quando nós adquirimos certo prazer, nós permanecemos duas vezes mais vazios que antes. Se pudéssemos encontrar uma forma de estarmos sempre preenchidos com prazeres, nós estaríamos sentindo a vida eterna.

Existe uma maneira de fazer isso: separar a “unidade sensorial” em duas partes. Uma parte receberá o prazer, e a outra parte vai senti-lo. Em outras palavras, se houvesse alguém para quem o prazer fluísse através de mim, o meu prazer não seria extinto. Se houvesse outra pessoa no processo de recepção do meu prazer, a unidade sensorial seria dividida em duas.

Nesse caso, eu poderia separar o receptor do prazer daquele que sente. O receptor seria outra pessoa, e aquele que sente o prazer seria eu. Ao fazer isso, a sensação do prazer pode se tornar interminável e render a sensação de vida eterna.

Nós podemos comparar a situação acima a uma mãe e seu filho. A mãe aproveita o prazer de seu filho e pode, portanto, dar sem restrição e deleitar-se nele. Se eu pudesse amar alguém de forma que o agradando eu sentisse isso como o meu próprio prazer, o meu prazer seria ilimitado. Para reconhecer esse princípio, as nossas almas tiveram de quebrar e descer a este mundo.

Quando o ponto no coração, o desejo verdadeiro de despertar a sensação do mundo espiritual, desperta nas pessoas, elas se voltam à sabedoria da Cabala. O estudo da sabedoria da Cabala é o estudo do nosso verdadeiro estado: o estado de pré-ruptura. Este é o único estado que existe. Mesmo agora nós estamos nele, embora não tenhamos consciência disso. Ao desejarmos sair do estado obscuro que nos encontramos e despertarmos para sentir a nossa existência real, nós atraímos o efeito da Luz dentro desse estado.

Nossos esforços em destravar nossas ferramentas de sensação e perceber o nosso verdadeiro estado de ser, desenvolvem novos vasos em nós. Assim, nós começamos a sentir o quanto nós estamos todos conectados, como partes de um único sistema.

Há Luz e satisfação infinita fluindo continuamente através de cada parte do sistema. A razão para todos os sofrimentos e problemas que o mundo está vivendo hoje é forçar a humanidade a retornar ao seu estado verdadeiro e perfeito, chamado Gmar Tikkun (“O Fim da Correção).

Voltar ao estado natural e perfeito é um processo que o Criador predeterminou do começo ao fim. Cada fase é ditada de cima para baixo. Em cada um de nós existe um gene espiritual no qual todos os nossos estados (passado, presente e futuro) estão impressos. A alma deve subir pela mesma rota e estágios pelos quais caiu do Alto. No entanto, o caminho de volta depende do quanto reconhecemos que o nosso estado egoísta é ruim, e compreendemos que estar mais perto do Criador é o estado que preferimos experimentar.

Assim, os estágios predeterminados construídos no gene espiritual evoluem através da Luz, ou seja, através da Força Superior, e nos levam de um estado ao outro. Se nós percebermos que é do nosso interesse ascender e “convidar” a Luz Circundante a trabalhar em nós, nós aceleraremos a nossa evolução e sentiremos a verdadeira espiritualidade. Por isso, nossa liberdade de escolha reside apenas em acelerar o processo.

O termo “Luz Circundante” descreve a Força que nos atrai em direção ao atributo de doação. Ela nos atrai ao estado corrigido, que é o atributo do Criador. Todos os nossos estados futuros existem dentro de cada um de nós, mesmo que não os sintamos. A projeção do nosso estado corrigido e altruísta sobre o nosso estado egoísta, desperta em nós o atributo de doação.

 

O nosso estado corrigido é chamado de Gmar Tikkun (“Fim da Correção”). No Gmar Tikkun, cada alma está preenchida com prazeres ilimitados e uma completa equivalência de forma com o Criador. Em nosso estado atual, a Luz que preenche nossas almas no Gmar Tikkun brilha sob a forma de Luz Circundante; seu poder é determinado pela intensidade do nosso desejo em adquirir o atributo de doação.

A Luz é o poder de doação, o poder de dar. Se a pessoa quer atingir o atributo de doação, ela deve fazer com que a força de doação, a luz que preenche a pessoa quando ela está corrigida, projete-se sobre seu estado atual. A Luz Circundante nos corrige e nos traz de volta para a qualidade de doação. É como uma pessoa digna que se perdeu e agora desperta para retornar à decência.

De fato, para atravessarmos a barreira que separa o mundo material do mundo espiritual, nós devemos mudar a nossa intenção, da relação de ódio mútuo para a relação de amor. As mesmas regras se aplicam a todas as partes da Criação, do elemento mais inferior da realidade ao mais elevado. Tudo depende da perspectiva do observador que descobre as regras.

Entretanto, até que uma ciência seja matematicamente estabelecida, não pode ser considerada uma ciência. Por exemplo, a física quântica diz respeito a uma realidade limitada pelo tempo e espaço. Mas o que estamos falando aqui está além do tempo e do espaço.

Portanto, enquanto a física quântica não é estendida para incluir dimensões além do tempo e do espaço, pode ser difícil para a ciência convencional prosseguir com a investigação. Por esta razão, é importante encontrar um ponto tangencial, uma conexão entre a física quântica e a Cabala, para que a Cabala investigue a realidade no local onde a física não pode alcançar.

Em outras palavras, para se avançar a um nível mais elevado, nós devemos expandir a ciência contemporânea para incluir a consciência, e este é um grande passo.

Neste ponto, pode ser benéfico descrever como a Cabala se relaciona com a nossa percepção da realidade. Nós percebemos a realidade através de nossos cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. No entanto, tudo aquilo que nós realmente sentimos é a nossa própria reação ao que existe fora de nós, sem nenhuma percepção da realidade objetiva e real.

Por exemplo, uma onda atinge meu ouvido, que a interpreta como som. Eu sei disso graças à reação da membrana da minha orelha (tímpano) à onda que a pressiona. Na verdade, tudo que eu estou medindo é a minha própria reação; eu não sinto a onda em si. Eu percebo uma gama de sons de acordo com as mudanças nas minhas capacidades auditivas e a saúde do meu mecanismo auditivo. No entanto, eu não tenho idéia do que realmente acontece fora de mim. Todos os nossos instrumentos de percepção e os nossos sentidos funcionam de forma semelhante.

Nós podemos dizer que estamos encerrados numa caixa, e tudo aquilo que medimos são nossas impressões interiores, criando em nós a sensação de que a realidade fora de nós muda. Nós não podemos saber se algo muda; não podemos sequer saber se algo realmente existe fora de nós. Nós simplesmente não temos meios para sair de nós mesmos e testar isso.

O Prof. Tiller mencionou Tor Norretranders, o renomado pesquisador dinamarquês que publicou um livro intitulado A Ilusão do Usuário1. Norretranders observa um ponto intrigante quanto à funcionalidade do inconsciente e o que ele contém. Parece que os cinco sentidos percebem cinqüenta milhões de bits de informação por segundo, recolhidos na forma de fluxos de informação na consciência. O subconsciente processa a informação matematicamente, mas ele só processa um pequeno fragmento da informação, cerca de cinqüenta bebês de informação por segundo.

Evidentemente, há uma enorme lacuna entre os cinqüenta milhões bebês de informação recebidos e os cinqüenta bebês processados. O principal elemento a ser observado é que o subconsciente envia ao cérebro apenas a informação que o cérebro determinou antecipadamente que seria significativa. O resto da informação é descartado pelo subconsciente. Estes resultados parecem corroborar a perspectiva da Cabala com relação ao desejo de receber.

Desconhece-se ainda se a ciência de ponta e os destacados investigadores percebem que a evolução da investigação depende da mudança do nosso próprio interior – o interior do investigador. Afinal, nós estamos estudando a nós mesmos; a nossa capacidade de progredir na investigação depende do modo como mudamos a nós mesmos.

No filme “What the Bleep Do We Know?” e em publicações similares da ciência popular, podemos encontrar declarações de que existem possibilidades infinitas a nossa volta. A sabedoria da Cabala explica que tudo o que existe a nossa volta é a Luz Superior em um estado de completa imobilidade, e que todas as mudanças e possibilidades infinitas estão dentro de nós. Tudo aquilo que vemos é o reflexo de nós mesmos na Luz fixa e imutável.

Eu respeito o conceito de que para progredirmos na investigação nós devemos mudar a nós mesmos, como a próxima percepção que o mundo virá a compreender. Esse é um processo que começou com Newton, continuou com Einstein, e continuou com a Física Quântica. Agora é a hora de uma nova fase. A investigação finalmente descobrirá que nada muda, exceto as nossas ferramentas internas, algo que os Cabalistas descobriram há milhares de anos. Hoje, um número crescente de pesquisadores e pensadores estão antecipando que a ciência chegará a essa opinião.

1 The User Illusion: Cutting Consciousness Down to Size (Penguin Press Science S. 1991).

Apresentando a Cabala

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

(Um resumo da apresentação do Dr. Laitman no painel público na presença de alunos e professores das universidades de Berkeley e Stanford).

A sabedoria da Cabala (“recepção” em hebraico), como seu nome implica, nos ensina a receber. Ela explica como percebemos a realidade à nossa volta. Para entendermos quem somos, primeiro devemos entender como chegamos a perceber a realidade que nos rodeia, e como lidamos com os eventos que acontecem conosco. A sabedoria da Cabala oferece-nos todas essas percepções.

A sabedoria da Cabala não veio para um indivíduo naturalmente, mas somente quando ele atinge o nível certo de maturação. É por isso que a Cabala está sendo exposta a tantas pessoas nos dias atuais, e esta é também a razão pela qual ela ficou oculta durante milhares de anos.

As gerações anteriores acreditavam que o mundo existe por si só; quer queiramos ou não nós estamos aqui para percebê-lo, o mundo é do jeito que é e existe objetivamente, de forma independente. Posteriormente, as pessoas começaram a compreender que a nossa imagem do mundo é formada pelo que somos. Em outras palavras, a imagem do mundo é uma combinação de nossos próprios atributos e circunstâncias externas.

Portanto, nós percebemos apenas uma parte de tudo que nos cerca. Por exemplo, agora existem inúmeras ondas fora de nós, mas só podemos perceber uma delas, a onda que nós estamos sintonizados a perceber. Assim, nós percebemos as condições externas de acordo com nossas qualidades internas. Se nós não temos nada em comum com o mundo exterior, não perceberemos nem sentiremos nada disso.

A Cabala fala amplamente da nossa percepção do tempo, do espaço e do movimento. Por que nos parece que a realidade se expande, que está a certa distância de nós? Qual é a fonte do nosso perpétuo sentimento de movimento e mudança? Ele é resultado da internalidade dos processos que estamos experimentando, ou será que ele existe independentemente deles?

Quanto mais progredimos no estudo do nosso ser interno, mais descobrimos que a nossa  percepção da realidade depende de nós. Quando a humanidade evoluir suficientemente em conhecimento, ciência e tecnologia, nós seremos capazes de perceber o que a sabedoria da Cabala tem para oferecer.

A sabedoria da Cabala afirma que em torno de nós só há “A Luz Superior”, uma força única em um estado permanente e imutável. Nada existe além desta Luz Superior.Em tal estado, as palavras existentes ou inexistentes significam a mesma coisa, porque nós só medimos as mudanças. Quando não há mudanças, não há nada a ser medido.

Dentro de cada um de nós existe um “gene”, um pouco de informação que constantemente evoca em nós novas sensações e emoções. Nós imaginamos o mundo de dentro dessas sensações, de onde nós podemos obter a consciência de que existimos. Todos estes processos ocorrem dentro de nós e projetam a nossa percepção do mundo exterior.

Na verdade, nada existe fora de nós, mas nossa imagem da realidade surge como se estivesse fora de mim. O conceito que eu apresento aqui foi descrito pelos maiores Cabalistas há milhares de anos atrás, e é fascinante e impressionante na riqueza de experiências que ele proporciona. Está escrito no Livro do Zohar (O Livro do Esplendor) que somente quando compreendermos, experimentarmos e dominarmos essa percepção é que entenderemos os escritos nos livros Cabalísticos e no próprio Zohar.

Uma   vez   que   tenhamos   reconhecido   os    limites    de    nossa    percepção,    a    Cabala pode ensinar-nos a descobrir o que realmente existe fora de nós. Através da Cabala, nós podemos transcender as nossas qualidades naturais, construir novas ferramentas de sensação, e através delas experimentarmos plenamente a realidade externa.

Quando nós somos libertados das cadeias de nossas percepções inatas, podemos descobrir um mundo totalmente novo e começamos a experimentar o fluxo eterno, completo e ilimitado da vida. Nós seremos capazes de experimentar as forças que atuam sobre a realidade como uma força única, e eventos que pareciam acidentais para nós, inesperados ou incompreensíveis, de repente fazem sentido.

Para essas pessoas, o mundo espiritual pode tornar-se um sistema de forças que está por trás de nossa realidade visível, as forças que impulsionam a realidade. É como examinar um bordado: de frente, ele se parece com qualquer outra imagem, mas por trás, você pode ver os fios  que compõem a imagem, e suas interconexões. Descobrir esses fios e interconexões fornece o conhecimento sobre nós mesmos e o mundo que nos rodeia.

A sabedoria da Cabala está surgindo agora porque estamos vivendo em uma época especial: por um lado, temos muitos meios de triunfar em sermos felizes, mas por outro lado, parece que não conseguimos alcançar isso. A Cabala não anula nenhum outro ensinamento ou ciência. Ela também não contesta o progresso da humanidade ao longo das gerações. Ela aprecia as conquistas da humanidade, mas à medida que chegamos ao ápice dessas conquistas, a humanidade está começando a experimentar uma crescente necessidade de sentir a realidade completa. Esta é a razão para o interesse crescente na Cabala atualmente.

Para atingirmos esse objetivo e experimentarmos o mundo espiritual, nós devemos cultivar em nós qualidades idênticas às do mundo espiritual. Tudo o que percebemos na realidade, é através de uma equivalência de qualidades. Portanto, nós vemos e descobrimos coisas novas no mundo de acordo com as qualidades dentro de nós.

À medida que amadurecemos, nós adquirimos novas qualidades, tanto de nossos pais quanto do nosso entorno. Depois de absorvê-los, podemos usá-las para estudar a realidade à nossa volta. Nós adquirimos diferentes tipos de atributos, alguns dos quais despertam em nós naturalmente no devido tempo, e alguns são adquiridos pela influência do nosso ambiente. No entanto, algumas qualidades não podem ser adquiridas naturalmente, e devem ser desenvolvidas dentro de nós através de um método especial.

A sabedoria da Cabala constrói tais qualidades. O ato de estudar textos autênticos de Cabalistas genuínos nos afeta como leitores de uma forma única, evocando discernimentos sutis. Não existem outros textos ou métodos no nosso mundo que possam fazer tanto. O estudo da Cabala cria uma percepção especial com a qual podemos começar a ver o que parece ser a “realidade usual” de uma nova perspectiva.

Podemos comparar isso à observação de um estereograma (uma figura na qual os objetos delineados têm a aparência de solidez). Quando olhamos diretamente para a foto, ela parece um misto de linhas incompreensíveis. Mas se nós fixarmos nosso olhar, nós seremos capazes de “penetrar” a imagem e ver uma imagem rica e tridimensional.

A sabedoria da Cabala age em nós da mesma maneira, ajudando-nos a “capturar” essa imagem. Na verdade, a Cabala não apresenta nada de novo, mas simplesmente redireciona o nosso olhar para que possamos começar a “ver”.

Quando a pessoa começa a perceber a imagem correta, e experimenta a abertura do Mundo Superior, esta descoberta é acompanhada da maravilhosa sensação de vida eterna e do infinito e ilimitado fluxo de prazeres. Este é o lugar para onde nossas vidas estão nos levando.

 

Participantes da Conferência de São Francisco

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Professor William Tiller

Prof. William Tiller, PhD em Física, Universidade de Toronto, anteriormente foi professor de Engenharia e Ciência de Materiais na Universidade de Stanford. Publicou mais de 250 artigos científicos, incluindo muitos livros. Alguns de seus primeiros livros foram: Some Science Adventures with Real Magic, Conscious Acts of Creation: The Emergence of A New Physics, Science and Human Transformation: Subtle Energies, Intentionality e Consciousnes.

Fred Alan Wolf, PhD

Fred Alan Wolf, PhD em Física Teórica, pela UCLA, é palestrante e físico quântico, que esteve  em contato com físicos renomados como David Bohm (1917-1992), estudou com Richard Feynman (1918-1988), um dos físicos mais importantes do Século XX.

O Dr. Wolf é também autor de onze livros traduzidos em vários idiomas. Alguns de seus livros são: Taking the Quantum Leap: The New Physic for Scientists, The Yoga of Time Travel: How the Mind Can Defeat Time, Matter into Feeling: A New Alchemy of Science and Spirit e Mind into Matter.

Jeffrey Satinover, MD, MSc

Dr.Jeffrey Satinover é graduado no M.I.T (SB), Harward (EdM), Universidade do Texas (MD), e Yale (MS). Ele completou o treinamento em psicologia analítica no Instituto C.G. Jung de Zurique. Foi integrante da “Fellow in Psychiatry” and “Child Psychiatry’s Seymor Lustman Residency Research Prize” (segundo lugar). Em 1975 ele foi o “Conferencista William James” em Harward. Até recentemente, ele era Professor Associado no Departamento de Física da Universidade de Yale. Atualmente, o Dr. Satinover está completando seu doutorado em Física Quântica na Universidade de Nice, na França, e ensina lei constitucional na Universidade de Princeton.

O Dr. Satinover escreveu cinco livros de sucesso que foram traduzidos em nove idiomas, e venderam milhares de cópias. Seu livro mais famoso,  The Quantum Brain, criou novos padrões em relação à literatura de ciência popular e foi aclamado pela critica. Esse livro toca em vários assuntos: matemática, ciência, computadores, física quântica e inteligência artificial. Outros dois livros do Dr. Satinover se tornaram best-sellers: Cracking the Bible Code; e Homosexualilty and the Politics Truth.

Michael Laitman, PhD

O Dr. Michael Laitman tem PhD em Filosofia pela Academia Russa de Ciência e Mestrado em biocibernética pelo Instituto Politécnico de São Petersburgo. Ele foi discípulo e assistente pessoal do Rabino Baruch Ashlag (1907-1991) por 12 anos. Durante esses anos, o Dr. Laitman aprendeu o Método Sulam, que são os ensinamentos que foram passados ao seu mentor pelo pai dele, o Rabino Yehuda Ashlag (1884-1954), conhecido por Baal HaSulam e por seu comentário Sulam sobre O Zohar.

O Dr. Laitman já escreveu trinta livros sobre Cabala, os quais foram traduzidos em dez idiomas. Suas aulas diárias são transmitidas ao vivo e gravadas em TV a cabo nos Estados Unidos, Israel e pela Internet , para milhares de estudantes do mundo inteiro. Nos últimos anos, o Dr. Laitman tornou-se palestrante em conferências científicas e convenções na Europa, Leste Asiático e América do Norte, expondo sobre as ligações entre a Cabala e a Ciência.

O Dr. Laitman conta que quando terminou os estudos, estava procurando por uma profissão onde fosse possível explorar o sentido da vida. Ele escolheu Biocibernética pois esse campo estuda os sistemas de vida e as leis que regem a existência deles.

“Eu esperava”, ele explica, “que através desses estudos, eu pudesse entender como os seres inanimados evoluem para seres vegetais e, depois, para seres animados. Mesmo assim, a pergunta que mais me incomodava era: Para que nós vivemos?”. Essa é uma  pergunta que surge em cada um de nós, mas desaparece no decorrer de nossa rotineira corrida pela vida.

“Quando eu completei meus estudos acadêmicos, eu trabalhei no Instituto de Hematologia de Leningrado, na Rússia. Mesmo quando conduzia minhas pesquisas enquanto estudante, eu era fascinado com a maneira surpreendente com que uma célula viva sustenta a vida. Eu estava abismado pela incorporação harmoniosa de cada célula no corpo. A pesquisa centralizava-se na estrutura da célula e suas varias funções no corpo, mas eu não consegui achar uma resposta a respeito do porque da existência do corpo.

“Eu achava que, assim como uma célula do corpo, o corpo também faz parte de um sistema maior, e esse sistema opera como uma parte do todo. Mesmo assim, minhas tentativas  de pesquisar essa questão do ponto de vista científico foram rejeitadas com freqüência. Foi-me dito que a Ciência não lida com essas questões.

“Desiludido, eu resolvi ir embora da Rússia o mais rápido possível, esperando continuar em Israel a pesquisa que tinha cativado meu coração. Em 1974, depois de ter sido um “refusinik” (pessoa que era negada a permissão de saída pelo governo da União Soviética) por quatro anos, eu recebi a tão esperada permissão de saída e cheguei em Israel. Aliás, lá também, só me ofereceram para conduzir estudos e pesquisas no limitado nível da celula-única.

“Eu percebi que teria que procurar por um lugar onde pudesse estudar o sistema da realidade. Procurei isso na Filosofia, mas em pouco tempo percebi que a resposta não seria encontrada lá. Então, tentei encontrar as respostas na religião, mas não encontrei nada além de uma representação mecânica dos Mandamentos. Aqui, não havia um entendimento profundo.

“Somente depois de muitos anos procurando, eu finalmente encontrei o meu mestre, o Rabino Baruch Ashlag. Estive com ele por doze anos, de 1979 a 1991. Para mim, ele foi O Último dos Moicanos, o último Cabalista na cadeia dos grandes Cabalistas que existiram através das gerações. Eu era seu assistente pessoal e discípulo. Eu não saí de perto dele todo esse período. Em 1983, eu escrevi e publiquei meus três primeiros livros, com seu apoio.

“Depois que meu mestre faleceu, eu comecei a desenvolver e publicar todo o conhecimento que adquiri dele. Eu considerei isso uma continuação direta do seu trabalho. Em 1991, eu fundei o Bnei Baruch, um grupo de Cabalistas que estuda e pratica o método do Baal Ha Sulam e do seu filho, o Rabino Baruch Ashlag”.

Desde então, Bnei Baruch tem se tornado uma organização internacional com milhares de estudantes . Seus membros pesquisam, estudam e disseminam a Cabala’.

O Bnei Baruch mantém o maior site de Cabala na Internet, oferecendo informações preciosas em vinte dois idiomas, e o maior arquivo de mídia, textos, livros, e filmes na Internet (www.kabbalah.info). O Bnei Baruch fundou recentemente o Ari Films, uma companhia de produção de documentários e filmes educacionais, transmitidos na TV a cabo em Israel, América do Norte e Europa.

Além disso, o Bnei Baruch estabeleceu o Instituto de Pesquisa Ashlag (ARI), em homenagem ao Baruch Ashlag, que serve como um centro de debates públicos sobre Cabala. O objetivo educacional e acadêmico do ARI nasceu de um profundo compromisso de trazer os ensinamentos do Baal HaSulam para o palco central do debate publico.

Quando o Rav Laitman viu o filme, “What the Bleep do we Know?” (Quem somos nós?), ele disse: “Eu fiquei radiante com a sensação de que parece que os cientistas que apareceram no filme estavam fazendo a mesma pergunta que eu fazia tempos atrás. Eu pensei que talvez eles se interessassem com o que a sabedoria da Cabala oferece”.

A Cabala Encontra a Física Quântica

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Uma conferencia científica única aconteceu em São Francisco, Califórnia, em março de 2005, apresentando o Cabalista e PhD Michael Laitman, e os físicos quânticos William Tiller, PhD, Dr. Jeffrey Satinover, e Fred Alan Wolf, PhD. Os três cientistas participaram do documentário de grande sucesso “What the Bleep Do We Know?” (Quem somos nós?). O tema da conferência foi “A Física Quântica encontra a Cabala”.

Essa fascinante conferência consistiu de discussões fechadas e apresentações públicas. Seguindo as introduções dos outros participantes, o Dr. Laitman deu uma visão geral da Cabala, explicando a estrutura da realidade, e como a substância da Criação – o desejo de receber prazer – se desenvolve. Levou apenas uma sessão para se criar uma linguagem comum entre os cientistas.

Ainda à noite, os cientistas apresentaram suas áreas específicas de especialização em uma apresentação pública para palestrantes e alunos da Universidade da Califórnia (Berkeley) e da Universidade de Stanford.

Na manhã seguinte, eles voltaram à mesa de discussão. Entre os debates, eles trocaram suas impressões sobre a conferência e compartilharam histórias de suas próprias buscas.

Algumas semanas mais tarde, o Dr. Satinover participou de um congresso em Israel cujo tema era “A Sabedoria da Cabala”. Durante o congresso, o Dr. Laitman e o Dr. Satinover discutiram diversos tópicos, como o livre arbítrio, a crise global, a unidade familiar no século XXI, a intensificação da busca pela espiritualidade, e o futuro da raça humana. O Dr. Satinover fez uma apresentação pública sobre a física quântica e suas implicações.

As explanações sobre a Cabala nesta parte do livro são baseadas nessas reuniões.

O Editor

 

Prefácio

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

A essência da natureza humana é o seu perpétuo e evolutivo desejo por prazer. Para concretizar este desejo, nos sentimos compelidos a descobrir, inventar e melhorar a nossa realidade. A progressiva intensificação do desejo de prazer foi a força por trás da evolução humana ao longo da nossa história.

O desejo pelo prazer evolui através de várias etapas. Na primeira fase, manifesta-se pela necessidade de subsistir, como alimentação, reprodução e família. Na segunda fase aparece o desejo por riqueza, e na terceira, há um desejo de honra, poder, e fama. O desenvolvimento destas três fases levou a grandes mudanças na sociedade humana: ela se tornou diversificada, uma sociedade de muitas classes.

A quarta etapa representa o nosso anseio de aprendizagem, conhecimento e sabedoria. Isso se manifesta no desenvolvimento da ciência, dos sistemas educativos, e da cultura. Esta etapa associou-se à Renascença e a Revolução Científica, e ainda é predominante hoje. O desejo de conhecimento e erudição exige que compreendamos o nosso entorno.

Para compreender o estado atual da humanidade e suas perspectivas, temos que construir uma ponte ligando várias divisas na evolução da ciência. Estas divisas afetaram significativamente nossa abordagem da vida.

A Revolução Científica que ocorreu durante o século XVI trouxe mudanças radicais em nossos padrões de pensamento. Naquele tempo, os pesquisadores acreditavam que as teorias deviam ser testadas através de experiências e observações. Além disso, advertiram-nos a evitar explicações mitológicas e religiosas. O pensamento científico centrava-se na análise da realidade, e a busca por respostas científicas para antigas questões. Até então, esses temas eram atribuídos a um poder divino.

Em seu livro “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural” (1687), Isaac Newton (1642-1727) propôs uma teoria da mecânica que nos permitiu calcular a mudança no movimento de qualquer corpo quando influenciado por uma determinada força. O sucesso da teoria de Newton apresentava uma visão nova e completa do mundo. O ponto de vista determinístico de Newton declarava que, em qualquer caso, independente de sua natureza, certa lei natural irá manifestar-se. A presença do Divino era de pouca importância, porque a trajetória de todos os movimentos é fixa, e não havia intervenção do Divino.

A abordagem determinística foi bem descrita pelo astrônomo Pierre Simon Laplace (1749-1827) quando ele tentou explicar a Napoleão como o nosso sistema solar foi formado. Quando Napoleão lhe perguntou sobre o lugar de Deus no processo, Laplace respondeu: “Je n’avais pas besoin de cette hypothèse-la” (“Eu não vejo a necessidade desta hipótese”).

Assim, a ciência não deixou margem para a existência de outros aspectos além de seus próprios limites, incluindo as realidades que estão ocultas a partir de nossa percepção. Todos acreditavam que a humanidade tinha descoberto as medidas necessárias para conhecer o mundo como ele realmente era.

No final do século XIX, parecia que a física clássica tinha fornecido aos pesquisadores um conjunto completo de leis para todos os fenômenos naturais. Muitos pesquisadores defenderam que essas leis os ajudariam a explicar os poucos fenômenos que permaneciam mistérios. Visto que a física sempre foi considerada “a mãe de todas as ciências”, e a vanguarda da tecnologia e da experimentação, suas descobertas também serviram como base para a investigação de outras ciências.

A era da física moderna começou no início do século XX, com as descobertas revolucionárias de Albert Einstein (1879-1955). A Teoria da Relatividade de Einstein gerou uma mudança fundamental na atitude frente a tudo o que se conhecia previamente sobre tempo, espaço, massa, movimento e gravidade. A teoria de Einstein unificava o tempo e o espaço em uma única entidade – tempo-espaço – revogando a premissa de que o tempo e o espaço eram absolutos.

Na década de 1930, surgiu outra teoria: a Mecânica Quântica, também conhecida como Teoria Quântica. Isso impulsionou uma revolução na física onde todas as medições rendiam apenas resultados quantitativos aproximados, probabilidades que os cálculos da Teoria Quântica iriam interpretar.

A Teoria Quântica foi capaz de descrever diversos fenômenos que não podiam ser explicados por teorias anteriores. O mais famoso destes foi a dualidade onda-partícula, que mostra que objetos microscópicos, tais como elétrons, se comportam como ondas em algumas condições, e como partículas em outras.

Um conceito fundamental da Física Quântica é o Princípio da Incerteza, que sustenta que o observador afeta o evento observado. Daí, a pergunta chave é: “O que as medições realmente medem?”. Este princípio implica que o conceito de um “processo objetivo” torna-se irrelevante. Além dos resultados medidos, uma “realidade objetiva” simplesmente não pode existir.

As descobertas da Física Quântica mudaram drasticamente a abordagem dos cientistas. O conceito determinista, que dizia que a física revelou fatos objetivos da natureza e descrevia suas existências absolutas, foi descartado.

Ele foi substituído pelo entendimento de que a física não conhece a verdadeira essência da natureza. A física só pode auxiliar na construção de paradigmas, padrões e fórmulas que calculam resultados de um experimento dentro de certo limite de probabilidade.

A ciência contemporânea faz a distinção entre a “verdadeira realidade”, que existe independente do observador, e a realidade que o observador consegue descrever. Hoje, os pesquisadores compreendem que o que havia sido definido como “verdade absoluta” foi destinado a abrir caminho a novas conclusões e experimentos. Estes, por sua vez, renderão novas fórmulas e experimentos.

Agora fica evidente que a ciência não apresenta a verdade absoluta, mas sim uma imagem do mundo como demonstrado através de experimentos, percepções e paradigmas atuais. Além disso, quanto maior o nosso conhecimento do mundo, maiores as incertezas e contradições que enfrentamos.

O reconhecimento do que foi exposto acima tem reduzido significativamente a predominância das ciências naturais em geral e da física em particular. Como alternativa, a ciência foi colocada como uma ferramenta que descobre uma parte limitada da realidade, ao invés de uma verdade absoluta. A verdadeira realidade está escondida de nós, não podemos descobri-la por meio dos conhecimentos científicos.

Nos últimos anos, muitos cientistas têm se interessado por várias religiões, teorias da nova era e misticismo. Eles estão tentando encontrar novos instrumentos e novas maneiras de compreender as partes ocultas da realidade, inatingíveis pelo uso de métodos convencionais de investigação.

Esta difícil situação científica tem culminado em uma crise desde a virada do século, desafiando a nossa capacidade de expor a imagem completa do mundo em que vivemos, e de compreender as regras que regem tanto a natureza como a humanidade.

Uma vez que a humanidade tenha esgotado seu desejo de conhecimento e erudição, e que a realidade visível tenha sido pesquisada, um novo desejo vem à tona: conhecer os conceitos mais elevados e a parte oculta da realidade. Esta é a fase da evolução dos desejos que a humanidade alcançou hoje.

Este é o pano de fundo para o surgimento da sabedoria da Cabala, que oferece uma nova perspectiva à humanidade, uma visão científica do mundo que os Cabalistas descobriram há milhares de anos. Nosso desejo de conhecer toda realidade mostra que a humanidade está pronta para ser exposta à Cabala.

A percepção Cabalística do mundo inclui premissas que outras religiões aceitam sem questionar, juntamente com a abordagem científica. A Cabala desenvolve ferramentas dentro de nós que nos levam a uma realidade abrangente e fornece os meios para investigá-la.

Cabala, Ciência e o Significado da Vida apresenta os fundamentos da ciência que exploram os aspectos da realidade que estão ocultos dos cientistas. Quando descobrirmos essas partes ocultas, o conhecimento do mundo em que vivemos será completo. Ao unirmos ambos, o oculto e o revelado, nos prepararemos para a investigação científica precisa e para a descoberta das fórmulas genuínas.

Ao revelarmos o oculto, a nossa visão do mundo se tornará completa, livre dos limites da percepção relativa,  e  seremos  capazes  de  revelar  a  existência  de  qualquer  parte  da  realidade, além do tempo, espaço e movimento. A Sabedoria da Cabala confere tudo o que foi descrito acima a todas as pessoas que realmente a procuram.

Este livro é baseado em palestras dadas pelo autor e compiladas por seus alunos.

 

O Sábio Coração

Contos e alegorias de três sábios contemporâneos

Michael Laitman, PhD

“Nosso trabalho interior é a afinar os nossos corações e os nossos sentidos para perceber o mundo espiritual”, diz Michael Laitman no poema, “Onda Espiritual.”

O Sábio de coração é uma antologia amorosamente trabalhada composta de contos cabalísticos e alegorias passando pelo Dr. Michael Laitman e seus mentores Rav Baruch Ashlag (Rabash) e o pai do Rabash  Rav Yehuda Ashlag (autor do aclamado Sulam, um comentário sobre o livro do Zohar).

O desejo de um estudante de Kabbalah é alcançar níveis mais altos de realização espiritual, mas é difícil imaginar as sensações do mundo espiritual. Os versos nesta compilação reflexiva e perspicaz dá  ao leitor uma visão da essência desse estado elevado de ser.

Os poemas aqui são trechos de cartas e de lições dadas por estes três líderes espirituais. Eles oferecem representações inspiradoras e muitas vezes divertidas da natureza humana que ressoam com o leitor, independentemente do seu nível de estudo. Na verdade, O Sábio Coração é uma ferramenta para qualquer estudante que procura encontrar níveis mais elevados de realização espiritual.

Obtenha a sua cópia em www.kabbalahbooks.info

Através de palavras e letras

Nós tocamos sobre esse reino oculto chamado

“O Mundo Espiritual”

ÍNDICE

Epílogo

Do livro “O Sábio Coração”

Baseado em uma palestra de Michael Laitman (01 de janeiro de 2008)
“Não faz diferença o quanto uma criança entende.
Mas precisamente do ponto que que ele lê e não entende,
a Luz circundante é atraída a ele
e guarda a sua alma.
Nessa hora, a essa pessoa, é garantido ficar fora de perigo,
já que está cercada por uma força maior do que o nosso mundo.
Por isso, a sabedoria da Cabalá é o trampolim
para crianças e para todos os povos. “

Em Dois Níveis

Do livro “O Sábio Coração”

Baseado em uma palestra de Michael Laitman (29 setembro de 2006)

Cada coisa e cada conceito
Devem ser interpretados em dois níveis:
O nível comum
E o nível de verdade.

O nível comum é inteiramente fictício,
Como crianças brincando com um carrinho de brinquedo
Como se fosse um carro real,
Ou um avião de brinquedo
Como se fosse um avião real.

Mas o nível chamado de “verdade”
Ou: “A sabedoria da verdade”
É inteiramente trabalho verdadeiro.
E esse é o nível que devemos alcançar.

No entanto, precisamos dessas forças
Que nos eleva
E nos trás a esse nível.

Um Vaso Para A Abundância

Do livro “O Sábio Coração”

Uma alegoria de Rabash de Degraus da Escada, vol. 2 º do artigo n º. 856

Abundância por si mesma
É semelhante a um vasto mar.

Alguns tomam dele
Com um dedal,
Enquanto outros
Com um balde.