Posts

A AGENDA DA REUNIÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Deve haver uma agenda no início da reunião. Cada um deve falar da importância  da sociedade tanto quanto puder, descrevendo os lucros que ela lhe trará e as coisas importantes que espera que a sociedade lhe traga, as quais não pode obter por si mesmo e como ele a aprecia nesse sentido.

É como os nossos sábios escreveram (Berachot 32), “Rabi Shamlai disse, ‘Devemos sempre louvar o Criador e então orar’. De onde recebemos isso? De Moisés, como está escrito: ‘E então eu roguei ao Senhor’. Também está escrito: ‘Ó Senhor Deus, Tu começaste’ e está escrito: ‘Deixa-me passar, Eu rogo-Te, e ver a boa terra’”.

A razão que precisamos começar a louvar ao Criador é que é natural que haja duas condições quando alguém pede algo a outro:

  1. Que tenha o que lhe pedir, tal como riqueza, poder, a quem repute como rico e próspero.
  2. Que tenha um coração bondoso, isto é: um desejo de fazer bem aos

De tal pessoa você pode pedir um favor. Por isso eles disseram: “Devemos sempre louvar ao Criador e então orar”. Isto significa que depois que acreditarmos na grandeza do Criador, que Ele tem todos os tipos de prazeres para dar às criaturas  e que deseja fazer o bem, então é pertinente dizer que está orando ao Criador, o que certamente o irá ajudar, dado que Ele deseja doar e o Criador pode dar-lhe o que ele deseja e também a oração pode ser feita com a confiança que o Criador a irá conceder.

Da mesma forma, com o amor dos amigos, quando nos encontramos, bem no inicio da reunião, devemos louvar os amigos, a importância de cada um deles. Na medida em que assumimos a grandeza da sociedade, podemos  aprecia-la.

“E então orar”, isto significa que cada um deve examinar a si mesmo e ver quanto esforço está dando à sociedade. Então, quando veem que você está impotente para fazer alguma coisa pela sociedade, há espaço para orar ao Criador para ajudá-lo e dar-lhe força e desejo para se empenhar no amor dos  outros.

Depois, cada um deve se comportar da mesma maneira que os três últimos da “Décima Oitava Oração”. Em outras palavras, depois de ter pedido perante o Criador, o Sagrado Zohar diz que nos três últimos da “Décima Oitava Oração”, deve- se pensar como se o Criador já tivesse concedido seu pedido e se  afastado.

No amor dos amigos devemos comportar-nos da mesma maneira: Depois de examinarmos a nós mesmos e seguirmos o conhecido conselho de orar, devemos pensar como se a nossa oração tivesse sido atendida e rejubilarmo-nos com nossos amigos, como se todos os amigos fossem um só corpo. E, como o corpo deseja que todos os seus órgãos desfrutem, nós também, queremos todos os nossos amigos para desfruta-los agora.

Então, depois de todos os cálculos vem o momento de alegria e amor dos amigos. Nessa altura, cada um deve sentir-se feliz, como se tivesse acabado de selar um negócio muito bom que lhe renderá montes de dinheiro. É costume que nesse momento se dê bebidas aos amigos.

Aqui, da mesma forma, todos precisam dos seus amigos para beber, comer bolos, etc. Porque agora está feliz e também deseja que seus amigos se sintam bem. Daí, a dispersão da reunião deva ser num estado de alegria e  exaltação.

Isto segue a maneira de “um tempo de Torá” e “um tempo de oração”. “Um tempo de Torá” significa plenitude, quando não existem carências. Isto é chamado “direita”, como está escrito, “na Sua mão direita estava uma lei  ardente”.

Mas “um tempo de oração” é chamado “esquerda”, dado que um lugar de carência é um lugar que precisa de correção. Isto é chamado “a correção dos Kelim (vasos)”. Mas no estado de Torá, chamado “direita”, não há lugar para correção. É por isso que a Torá é chamada uma “dádiva”.

É costume dar presentes a uma pessoa que você ama. Também é costume não amar quem é carente. Assim, num “tempo de Torá”, não há lugar para pensamentos de correção. Então, quando deixar a reunião, deve ser como nos últimos três da “Décima Oitava Oração”. Por esta razão, cada um irá sentir plenitude.

 

SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A respeito da importância dos amigos na sociedade e como os apreciar, isto é, com que tipo de importância todos devem considerar seu amigo. O senso comum diz que se a pessoa considerar o seu amigo como estando num grau inferior ao seu mesmo, então irá querer ensiná-lo como se comportar mais virtuosamente que as qualidades que ele tem. Então, ele não pode ser seu amigo; ele pode tomar o amigo como um estudante, mas não como um amigo.

E, se vê o seu amigo como estando num grau superior que o seu próprio e  vê que pode adquirir boas qualidades dele, então ele pode ser seu Rabi, mas não seu amigo.

Isto significa que precisamente quando se vê o amigo como estando num grau igual ao seu próprio, pode-se aceitar o outro como um amigo e se vincular a ele. Isto é assim, pois um amigo significa que estão ambos no mesmo estado. Isto é o que é o senso comum dita. Em outras palavras, eles têm os mesmos pontos de vista e então decidem se vincular. Então, ambos agem para o objetivo que ambos desejam alcançar.

É como dois amigos que pensam da mesma forma e que estão fazendo algum negócio juntos, para que este negócio lhes traga lucros. Nesse estado, eles sentem  que têm poderes iguais. Mas se um deles sentir que é mais competente que o outro, não irá querer aceitá-lo como um parceiro igual. Em vez disso, eles criariam uma parceria proporcional, de acordo com a força e qualidades que um tem sobre o outro. Nesse estado, a parceria é uma parceria de trinta e três ou vinte e cinco por cento e não se pode dizer que eles são iguais no negócio.

Mas, com amor dos amigos, quando amigos se unem para criar unidade entre si mesmos, isso significa explicitamente que eles são iguais. Isto é chamado “unidade”. Por exemplo, se eles fazem um negócio juntos e dizem que os lucros não serão distribuídos igualmente, é isto chamado “unidade”? Claramente, um negócio de amor de amigos deve ser quando todos os lucros e posses que o amor de amigos rende serão igualmente controlados por eles. Eles não devem esconder ou ocultar um do outro, mas tudo deve ser com amor, amizade, sinceridade  e paz.

Mas no ensaio, “Um Discurso para a Conclusão de O Zohar”, está escrito: “A medida da grandeza vem sob duas condições: 1) de escutar sempre e receber a apreciação da sociedade, na medida da sua grandeza; 2) o meio ambiente deve ser grande, como está escrito, ‘Na multidão do povo está a glória do  rei’”.

Para aceitar a primeira condição, cada estudante deve sentir que ele é o menor entre todos os amigos e então ele será capaz de receber a apreciação da grandeza de todos. Isto é assim, pois o maior não pode receber do menor, muito menos se impressionar por suas palavras. Apenas o menor é impressionado pela apreciação do maior.

E pela segunda condição, cada estudante deve exaltar o mérito de cada amigo como se fosse o maior na geração. Então o meio ambiente irá afetá-lo como deve um grande ambiente, dado que qualidade é mais importante que  quantidade.

Segue-se que na matéria de amor de amigos, eles ajudam-se uns aos outros, ou seja, é suficiente para todos considerar seu amigo como sendo do mesmo grau que o seu próprio. Mas porque todos devem aprender de seus amigos, há o assunto do Rabi e discípulo. Por esta razão, ele deve considerar o amigo como maior que si mesmo.

Mas como pode se considerar seu amigo como maior que si mesmo, quando ele pode ver que os seus próprios méritos são maiores que os do seu amigo, que ele   é mais talentoso e tem melhores qualidades naturais? Existem duas maneiras de compreender isto:

  1. Ele avança com fé acima da razão: uma vez que ele o escolheu como um amigo, ele aprecia-o acima da razão.
  2. Isto é mais natural, dentro da razão. Se, decidiu aceitar o outro como amigo e trabalha sobre si mesmo para amá-lo, o que é natural, com o amor, ver apenas coisas boas. E mesmo que existam coisas más no seu amigo, ele não as pode ver, como está escrito, “o amor cobre todas as transgressões”.

Nós podemos ver que uma pessoa pode ver as falhas nos filhos do seu vizinho, mas não nos seus próprios filhos. E quando alguém menciona alguma falha nos seus filhos, ela resiste imediatamente ao seu amigo e começa a declarar os méritos dos seus filhos.

E a questão é: qual é a verdade? Afinal, existem méritos nos seus filhos e então ela fica chateada quando outros falam de seus filhos. A coisa é esta, como eu   a ouvi de meu pai: Na verdade, cada pessoa tem vantagens e desvantagens. E ambos o vizinho e o pai estão dizendo a verdade. Mas o vizinho não trata as crianças do outro como um pai às suas crianças, dado que não tem o mesmo amor pelas crianças que o pai tem.

Então, quando ele considera os filhos do outro, ele vê apenas falhas nas crianças, dado que isto lhe dá mais prazer. Isto, porque pode mostrar que é mais virtuoso que o outro, porque os seus próprios filhos são melhores. Por esta razão, vê apenas as falhas do outro. O que ele está vendo é verdade, mas vê apenas coisas que lhe agradam.

Mas o pai, também, vê apenas a verdade, exceto que ele considera apenas as coisas boas que seus filhos têm. Ele não vê as falhas dos seus filhos, dado que isso não lhe dá prazer. Por isso, ele está dizendo a verdade sobre o que ele vê em seus filhos. E porque considera apenas as coisas que lhe podem agradar, vê apenas as virtudes.

Acontece que se temos o amor de amigos, a lei no amor é que você quer ver os méritos dos amigos e não suas falhas. Então, se alguém vê alguma falha no seu amigo, não é um sinal que seu amigo esteja em falha, mas que a falha está nele, isto, porque ele falhou no amor de amigos, ele vê falhas no  seu amigo.

Portanto, agora ele não deve ver a correção do seu amigo. Em vez disso, ele mesmo precisa de correção. Segue-se de todo o exposto que ele não deve cuidar da correção das falhas do seu amigo, que vê no seu amigo, mas ele mesmo precisa corrigir a falha que criou no amor dos amigos. E quando se corrige a si mesmo, irá ver apenas os méritos do seu amigo e não suas falhas.

 

SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SOCIEDADE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Sabe-se que desde que o homem está sempre entre pessoas que não tem ligação com o trabalho, no caminho da verdade, mas, ao contrário, sempre resistem àqueles que andam no caminho da verdade e uma vez que os pensamentos das pessoas se misturam os pontos de vista daqueles que opõem ao caminho da verdade, permeiam aqueles que têm algum desejo de caminhar no caminho da  verdade.

Por isso, não há outro conselho a não ser estabelecer uma sociedade separada para eles mesmos, para ser sua moldura, ou seja, uma comunidade separada, que não se misture com outras pessoas cujos pontos de vista diferem dessa sociedade. Eles devem constantemente evocar neles mesmos a questão do propósito da sociedade, para que não sigam a maioria, porque seguir a maioria é a nossa natureza.

Se a sociedade se isola do resto do povo, se eles não têm nenhuma conexão com outras pessoas em relação aos assuntos espirituais e seu contato com eles é apenas sobre questões corporais, eles não se misturam com o seu ponto de vista, pois não existe ligação em assuntos de religião.

Mas quando uma pessoa está entre os religiosos e começa a conversar e discutir com eles, ela imediatamente se mistura com suas opiniões. Seus pontos de vista penetram na sua mente, abaixo do limiar de sua consciência a tal ponto que ela não será capaz de discernir que estes não são os seus próprios pontos de vista, mas o que ela recebeu das pessoas com quem se conectou.

Portanto, em assuntos de trabalho no caminho da verdade, deve-se isolar das outras pessoas. Isso porque o caminho da verdade requer um fortalecimento constante, uma vez que é contrário a visão do mundo. A visão do mundo é saber e receber, enquanto a visão da Torá é a fé e doação. Se alguém se desvia disso, imediatamente se esquece de todo o trabalho do caminho da verdade e cai  no mundo de amor-próprio. Somente a partir de uma sociedade sob a forma de “Eles ajudaram cada um ao seu amigo” que cada pessoa na sociedade recebe a força para lutar contra a visão do mundo.

Além disso, encontramos o seguinte, nas palavras d’O Zohar (Pinchas, p 31, item 91, e no Sulam): “Quando uma pessoa mora em uma cidade habitada por pessoas más e não pode manter as Mitzvot da Torá e não tem êxito na Torá, ele muda- se e arranca suas raízes desse lugar e as planta num lugar habitado por pessoas boas, com Torá e Mitzvot. Isso ocorre porque a Torá se chama ‘Árvore’, como está escrito: ‘Ela é uma árvore de vida para os que se apegam a ela’. E o homem é uma árvore, como está escrito, ‘é para a árvore do homem do campo’. E as Mitzvot na Torá são comparadas aos frutos. E o que ela diz? ‘Somente as árvores que tu sabes não serem árvores de alimento, elas poderás destruir e cortar’, destruir deste mundo e cortar do outro mundo”.

Por esta razão, ele deve arrancar-se do lugar onde há maus, pois lá, não terá sucesso na Torá e Mitzvot e plantar-se em outro lugar, entre justos e, ele terá sucesso em Torá e Mitzvot.

E o homem, a quem O Zohar compara com árvore do campo, como a árvore do campo sofre de maus vizinhos. Em outras palavras, devemos sempre cortar as ervas más que nos rodeiam que nos afetam e devemos também manter-nos longe de ambientes ruins, de pessoas que não favorecem o caminho da verdade. Precisamos  de uma vigilância atenta de modo a não sermos atraídos a  segui-los.

Isso é chamado de “isolamento”, quando se tem pensamentos de “autoridade única”, chamado “doação”, e não “autoridade pública”, que é o amor-próprio. Isso é chamado de “duas autoridades” – a autoridade do Criador e sua própria autoridade.

Agora podemos compreender o que nossos sábios disseram (Sanhedrin, p 38), “Rabi Yehuda disse: ‘o Rabi disse, ‘Adam HaRishon foi herege’, como esta escrito: ‘E o Senhor Deus chamou ao homem, e disse: lhe: ‘Onde estás?’ ‘Onde foi o teu coração?’”

Na interpretação de Rashi, “herege” se refere a uma tendência para a adoração de ídolos. E no comentário, Etz Yosef (A Árvore de José), está escrito: “Quando se escreve, ‘Onde, onde foi o teu coração?’ é heresia, como está escrito, ‘que vos não sigais vosso próprio coração’, isso é heresia, quando o seu coração se inclina para o outro lado”.

Mas tudo isso é muito complicado: Como se pode dizer que Adam HaRishon estava inclinado para a idolatria? Ou de acordo com o comentário Etz Yosef, que estava sob a forma de “que não segue o seu próprio coração”, isso é heresia? De acordo com o que aprendemos sobre a obra de Deus, que é exclusivamente sobre a intenção de doar, se uma pessoa trabalha, a fim de receber, este trabalho é estranho para nós, pois precisamos trabalhar apenas para doar e ele pegou tudo a fim de receber.

 

Este é o significado do que ele disse: que falhou em “não seguir seu próprio coração”. Em outras palavras, ele não poderia comer da Árvore do Conhecimento,  a fim de doar, mas recebeu o alimento da Árvore do Conhecimento, a fim de receber. Isso é chamado “coração”, significando que o coração deseja apenas receber para auto-gratificação. E este foi o pecado da Árvore do  Conhecimento.

Para entender este assunto, veja a introdução ao livro Panim Masbirot. E a partir disso, podemos compreender os benefícios da sociedade, ela pode criar um ambiente diferente, trabalhando só para doação.

 

O PRIMEIRO GRAU QUANDO ALGUÉM NASCE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

No Zohar, Mishpatim (p 4, Item 11 no comentário Sulam), está escrito: “Vem e vê, quando nasce uma pessoa, lhe é dado um Néfesh do lado da besta, do lado da pureza, do lado daqueles chamados ‘Anjos Santos’, que significa o mundo de Assiá. Se ele é recompensado ainda mais, lhe é dado Ruach ao lado dos ‘Animais Santos’, que significa do lado de Yetzirah. Se mais recompensado, lhe é dada Neshama do lado do Kissê (trono), o que significa do mundo de Briá. Se for mais recompensado, lhe é dado Néfesh, na forma de Atzilut. Se mais recompensado, lhe é dado Ruach de Atzilut do lado do pilar do meio e ele é considerado um filho para o Criador, como está escrito: ‘Vós sois os filhos do Senhor, vosso Deus’. Se mais recompensado, lhe é dada Neshamá ao lado de Aba ve Ima, que são Biná, sobre a qual foi dito: ‘Deixe a alma inteira louvar ao Senhor’ e com elas, o nome  HaVaYaH está concluído.”

Assim, a perfeição da alma é ter NARAN de BYA e NARAN de Atzilut. Esta   é a perfeição que Adam HaRishon tinha antes do pecado. Somente após o pecado, ele baixou de seu grau e sua alma foi dividida em 600.000  almas.

Esta é a razão pela qual a espiritualidade do homem é chamada Neshamá (alma), mesmo quando se tem apenas Néfesh de Néfesh, uma vez que existe uma regra que ao se falar de qualquer coisa, sempre nos referimos ao seu nível mais alto. E uma vez que o mais alto nível do homem é o grau de Neshamá, a espiritualidade do homem é geralmente referida como Neshamá.

E, embora as pessoas nasçam com o menor grau, eles disseram: (Sha’ar HaGilgulim p 11 b), “cada pessoa pode ser como Moisés se desejar limpar suas ações. Isto é assim porque se pode ter outro espírito, um mais elevado, com altura de Yetzirá, bem como uma Neshamá a partir da altura de Briá”.

Agora você também pode compreender as famosas palavras dos nossos sábios: “O espírito dos justos ou suas almas vêm e estão impregnadas no que é chamado Ibúr (gestação), para auxiliá-Lo com o trabalho de  Deus”.

É também apresentado no Sulam (Introdução ao Livro de Zohar, p 93): “A única coisa é que o condutor dos burros é o ajudante das almas dos justos, que lhes foi enviado do Alto, a fim de elevá-los de um grau ao próximo. Se não fosse por essa ajuda, que O Criador envia aos justos, eles seriam incapazes de sair de um grau e elevar-se mais Alto. Assim, o Criador envia a cada justo, uma alma Elevada do Alto,  a cada um de acordo com o seu mérito e grau, que o ajuda em seu caminho. Isso é chamado de ‘impregnação da alma de um justo’ e ele é chamado de ‘revelação da alma do justo’.”

Daí resulta que, quando se diz que não há geração sem os gostos de Abraão, Isaac e Jacob, isso não significa que eles nasceram assim e não tiveram uma escolha na questão. Pelo contrário, estas são as pessoas que estão tentando andar no caminho da verdade e fazer os esforços necessários. Essas pessoas sempre recebem ajuda do Alto através de impregnação das almas dos justos e recebem força para escalar Graus mais Elevados.

Acontece que tudo o que é dado do Alto é considerado assistência, mas não sem qualquer trabalho e escolha. E a persistência do mundo vem através desses justos, que estendem a abundância do Alto e assim há  sustentação do Alto.

QUE GRAU CADA UM DEVE ATINGIR?

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Pergunta: Qual é o grau que cada um deve alcançar, para não ter que reencarnar?

Resposta: Está escrito no livro Sha’ar HaGilgulim (Portão das Reencarnações) que “Todos os filhos de Israel devem reencarnar até que eles estejam completos, com toda a NARANCHAY. No entanto, a maioria das pessoas não têm todas as cinco partes chamadas NARANCHAY, apenas Néfesh, que é de  Assiá”.

Isto significa que cada pessoa deve corrigir apenas sua própria parte e a raiz da sua própria alma e nada mais e, isso completa o que a pessoa deve  corrigir.

O fato é que devemos saber que todas as almas vêm da alma de Adam HaRishon. Depois do pecado da Árvore do Conhecimento, a alma de Adão dividiu em 600.000 almas. Isto significa que a única luz que Adam HaRishon tinha no Jardim do Éden, que o Zohar Sagrado chama, “Zihara Ilaa” (Luz Superior), dispersou-se em muitos pedaços.

No livro, Panim Masbirot (p 56), Baal HaSulam escreve: “Depois do bom se misturar com o mau (após o pecado), uma grande estrutura de Klipót (cascas) foi estabelecida, com o poder de se apegar a Kedushá (Santidade)”. Com o fim de cuidar- lhes, a Luz dos sete dias da Criação foi dividida em pedaços muito pequenos, que são pequenos demais para que as Klipót possam sugar  deles.

Isso pode ser comparado a um rei que pretendia entregar uma grande soma de dinheiro para seu filho, que morava do outro lado do mar. Infelizmente, todas as pessoas no país do rei eram coniventes ladrões e ele não conseguia encontrar um emissário leal. O que ele fez? Ele dividiu o dinheiro em moedas de um centavo e as enviou com um grande número de emissários. Assim, eles descobriram que o prazer do roubo não valia a pena desonrar a realeza.

Desta forma, ao longo do tempo e em muitas almas, através da iluminação dos dias, foi possível separar as centelhas sagradas que foram roubadas pelas Klipót (cascas), pelo pecado da Árvore do Conhecimento.

“Muitas almas” se refere à divisão em luzes internas e, muitos dias é uma divisão em muitas luzes externas. E os pedaços acumulados numa grande quantidade de Luz na qual Adam HaRishon pecou e então trará o fim da  correção.

Isso leva à conclusão de que cada um nasce com apenas um pequeno pedaço da alma de Adam HaRishon. Quando se corrige esse pedaço, então não precisa mais reencarnar. É por isso que cada um só pode corrigir o pedaço que lhe pertence.

Está escrito sobre isso no livro do Ari A Árvore da Vida, “Não há um dia como outro dia, um momento como outro momento ou, uma pessoa como outra pessoa.  E o Helbona (parte do incenso sagrado) irá corrigir o que o Levona (outra parte do incenso sagrado) não irá. Cada um deve corrigir a sua própria  parte”.

No entanto, devemos saber que cada pessoa tem uma escolha, pois não nasce um justo. Nossos sábios disseram (Nida 16b): “Rabi Chanina Bar Pappa disse: ‘O anjo nomeado na concepção é chamado Laila (noite). É preciso uma gota para colocá-lo diante do Criador, e diz: ‘Meu Deus, essa gota, o que deve tornar-se dela? Um herói ou um fraco? Um sábio ou um tolo? Rico ou pobre?’ Mas ele não pergunta: ‘justo ou perverso’.”

Isto significa que não se nasce justo, pois “não pergunte, ‘justo ou perverso’.” Isto é deixado para a nossa escolha, cada um segundo o seu trabalho na Torá e Mitzvot. Assim, se é recompensado com a limpeza do seu coração, com a correção do que deve, de acordo com a raiz da sua alma e, então ele será completo.

 

O QUE PURIFICA O CORAÇÃO AO GUARDAR TORÁ E MITZVOT

Pergunta: Manter Torá e Mitzvot, a fim de receber recompensa, também purifica o coração? Nossos sábios disseram: “Eu criei a inclinação para o mal, Eu criei especiaria da Torá”. Isso significa que ela não purifica o coração. Mas é assim quando se visa especificamente não receber recompensa ou também ao purificar o coração, se trabalha a fim de receber recompensa?

Resposta: Na “Introdução ao Livro do Zohar” (Item 44), está escrito: “Quando alguém começa se envolver em Torá e Mitzvot, mesmo sem qualquer intenção, ou seja, sem amor e sem medo, como é adequado ao servir o Rei, mesmo em Lo Lishma (não em Seu Nome), o ponto em seu coração começa a crescer e mostrar a sua atividade. Isto é assim porque Mitzvot não exigem intenção e até mesmo ações sem intenção podem purificar o desejo de receber da pessoa, mas em seu primeiro grau, chamado de ‘inanimado’. E na medida em que se purifica a parte inanimada do desejo de receber, se desenvolve gradualmente os 613 órgãos do ponto do coração, que é o inanimado de Néfesh de Kedushá (Santidade)”. Assim, vemos que a observância da Torá e Mitzvot, mesmo Lo Lishma purifica o  coração.

Pergunta: É o caminho de observar Torá e Mitzvot a fim de não ser recompensado, destinado apenas para uns poucos escolhidos, ou se pode trilhar este caminho de observar tudo de forma a não ser recompensado, pelo qual eles serão recompensados com Dvekút (adesão) com o Criador?

Resposta: Embora o desejo de receber só para si mesmo, tenha surgido e passou a estar no Pensamento da Criação, sendo dada uma correção, que as almas vão corrigi-lo, a fim de doar, ou seja, observar Torá e Mitzvot irá transformar a nossa vontade de receber em vontade de doar. Isto é dado a todos, sem exceção, para todos foi dado este remédio e não necessariamente para uns  poucos escolhidos.

Mas, uma vez que esta é uma questão de escolha, alguns avançam mais rapidamente e outros mais lentamente. Mas como está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar” (itens 13, 14), no final, todo mundo vai atingir sua perfeição completa, como está escrito: “Aquele que é banido, não seja dele um desamparado”.

Ainda assim, quando se começa a aprender a observar Torá e Mitzvot, se começa em Lo Lishma. Isto é porque o homem é criado com um desejo de receber, portanto ele não entende nada que não lhe traga benefício próprio e nunca vai querer começar a observar a Torá e Mitzvot.

É como escreveu o Rambam (Hilchot Teshuvá, capítulo 10), “Os sábios disseram: ‘deve se envolver sempre em Torá, mesmo Lo Lishma, porque a partir de  Lo Lishma, se chega a Lishma’. Assim, ao ensinar as crianças, as mulheres e ao populacho, são apenas ensinados a trabalhar com medo e receber a recompensa. E quando ganham conhecimento e adquirem sabedoria, que o segredo é revelado para eles pouco a pouco. Eles são acostumados a isso com calma, até atingi-Lo e servi-Lo com amor.” Assim, vemos nas palavras do Rambam de que todos devem atingir Lishma, mas a diferença está no tempo.

Pergunta: Se uma pessoa vê e sente que está trilhando um caminho que a conduz à Lishma, ela deverá tentar influenciar os outros para que eles também trilhem o caminho certo, ou não?

Resposta: Esta, é uma pergunta geral. É como uma pessoa religiosa examinando uma pessoa secular. Se ele sabe que pode reformá-lo, então é preciso reformá-lo, devido a Mitzvá, “Certamente repreenderás o teu próximo”. Da mesma forma, neste caso, pode-se dizer que você deve dizer ao seu amigo sobre a melhor maneira que ele possa se conduzir, desde que sua intenção seja apenas a Mitzvá. Mas há muitas vezes, quando uma pessoa repreende outra, somente a finalidade de dominar e não o sentido de “repreender o teu próximo”.

E nós aprendemos a partir do exposto que o desejo de todos que o outro trilhe o caminho da verdade, criou conflitos entre os ortodoxos e seculares, entre Litaim17 e Chassidim e, entre os próprios Chassidim. Isto é porque todos pensam que estão na verdade e todos estão tentando convencer o outro a trilhar o caminho certo.

17 Nota do tradutor: Uma facção do Judaísmo Ortodoxo que começou com o Gaon de Vilna (GRA) em Vilna, Lituânia.

DE ACORDO COM O QUE É EXPLICADO SOBRE “AMA AO TEU PRÓXIMO”

Do livro “Cabala Para o Estudante”

De acordo com o que é explicado a respeito de “ama ao teu próximo como a ti mesmo”, todos os detalhes das 612 Mitzvot estão contidos nesta regra. É como dizem os nossos sábios: “O resto é seu comentário, vá e estude”. Isso significa que, mantendo as 612 Mitzvot seremos recompensados com a regra, “ama ao teu próximo” e em seguida, o amor de Deus.

Assim, o que o amor dos amigos nos dá? Está escrito que, reunindo alguns amigos juntos, já que cada um tem uma pequena força do amor dos outros, o que significa que pode realizar o amor dos outros apenas em potencial e, quando o implementam, se lembram que decidiram abandonar o amor-próprio em favor do amor dos outros. Mas de fato, ele vê que não pode renunciar a qualquer prazer do desejo de receber em favor de outro, nem um pouco.

No entanto, por reunir algumas pessoas que concordam que têm que atingir o amor aos outros, quando se anulam a si mesmos perante o outro, estão todos misturados. Assim, ai, em cada pessoaai, acumula uma grande força, de acordo com o tamanho da sociedade. E então eles podem executar na realidade o amor aos outros.

Assim, o que os detalhes das 612 Mitzvot adicionam para nós, pois dissemos que estão para manter a regra, já que a regra é mantida pelo amor dos amigos? E vemos que na realidade existe o amor dos amigos também entre os seculares. Eles também se reúnem em vários círculos, a fim de ter o amor dos amigos. Qual é então a diferença entre o religioso e o secular?

O versículo diz (Salmos 1), “nem se sentou no banco dos escarnecedores”. Devemos entender a proibição do “banco dos escarnecedores”. É devido a calúnia ou palavras vãs? Assim, a proibição não é por causa de um “banco de escárnio”. Então, o que o “banco de escárnio” adiciona para nós?

O significado é que quando algumas pessoas ficam juntas com o propósito do amor dos amigos, com a intenção de que todos e cada um irão ajudar seu amigo  a melhorar seu estado corpóreo, cada um antecipa que por ter mais encontros, eles irão lucrar com a sociedade e melhorar o seu estado corporal.

No entanto, depois de todas as reuniões, todos calculam e veem o quanto receberam da sociedade para o amor-próprio, o que o desejo de receber ganhou com isso, já que investiu tempo e esforço em benefício da sociedade, então, o que ganhou com isso? Provavelmente poderia ser mais bem sucedido se tivesse se ocupado em benefício próprio, pelo menos parte de seus próprios esforços. Mas “eu entrei na sociedade, porque pensei que por meio da sociedade, seria capaz de ganhar mais do que poderia ganhar sozinho. Mas agora vejo que não  ganhei nada”.

Então, ele se arrepende e diz: “Eu estaria melhor usando a minha própria pouca força ao invés de dar o meu tempo para a sociedade. No entanto, agora que dei o meu tempo para a sociedade, a fim de ganhar mais propriedades através da ajuda da sociedade, finalmente percebi que não só não ganhei nada da sociedade,  eu até perdi o que poderia ter ganhado sozinho”.

Quando há alguém que quer dizer que o amor dos amigos deve ser exercido com o objetivo de doação, que todos irão trabalhar para beneficiar os outros, todo mundo ri e o zomba. Parece-lhes como uma espécie de piada e este é um lugar de seculares. Diz-se sobre o assunto, “mas o pecado é o opróbrio a quaisquer pessoas e toda a graça que eles fazem, fazem para si próprios”. Tal sociedade destaca alguém  de santidade. Ela o lança no mundo da zombaria e esta é a proibição da roda dos escarnecedores.

Nossos sábios disseram sobre essas sociedades “Disperse os ímpios, melhor para eles e melhor para o mundo”. Em outras palavras, é melhor que eles não existam. No entanto, é o oposto com os justos: “Junte os justos; melhor para eles e melhor para o mundo”.

Qual o significado de “justo”? São aqueles que querem manter a regra, “Ame ao teu próximo como a ti mesmo”, cuja única intenção é sair do amor-próprio e assumir uma natureza diferente de amor aos outros. E, embora seja uma Mitzvá que deva ser mantida e pode-se forçar a mantê-la, no entanto, o amor é algo que é dado para o coração e o coração não concorda com ela por natureza. O que então se pode fazer para que o amor pelos outros, toque o coração?

É por isso que nos foram dadas as 612 Mitzvot: elas têm o poder de induzir   a uma sensação no coração. No entanto, uma vez que é contra a natureza, que a sensação seja muito pequena para ter a capacidade de manter o amor dos amigos de fato, mesmo que ele tenha uma necessidade para isso. Por isso, ele agora deve procurar conselhos sobre como implementá-lo  realmente.

O conselho para a pessoa ser capaz de aumentar sua força no Estado, “Ama ao teu próximo”, é o amor dos amigos. Se cada um é anulado frente a seu amigo e  se confunde com ele, se tornam uma massa, onde todas as peças pequenas que querem o amor dos outros se unem em uma força coletiva que consiste de muitas partes. E quando ele tem grande força, ele pode executar  o amor dos outros.

E então ele pode conseguir o amor de Deus. Mas, a condição é que cada um irá se anular frente ao outro. No entanto, quando ele é separado de seu amigo, ele não pode receber a parcela que deveria receber do seu  amigo.

Assim, todos devem dizer que não se é nada, comparados ao seu amigo. É como escrever números: Se você escrever primeiro “1” e “0” é dez vezes mais. E quando você escreve “00” é cem vezes mais. Em outras palavras, se seu amigo é o número um e o zero o segue, consideram-se que se recebe do seu amigo 10 (dez) vezes mais. E, se diz que é duplo zero em comparação com seu amigo, recebe de seu amigo 100 (cem) vezes mais.

No entanto, se for o contrário e disser que seu amigo é zero e ele é um, então ele é dez vezes menos que seu amigo de 0,1. E, se ele puder dizer que ele é um e ele tem dois amigos que são os dois zeros em relação a ele, então ele é considerado cem vezes menos que eles, o que significa que é 0,01. Assim, o seu grau diminui de acordo com o número de zeros que ele tem de seus amigos.

No entanto, mesmo depois que adquira essa força e possa manter o amor  dos outros, na realidade e, sinta sua própria gratificação como ruim para si, ainda não acredita em si mesmo. Não deve haver medo de cair no amor-próprio no meio da obra. Em outras palavras, lhe deve ser dado um prazer maior do que esteja acostumado a receber, embora já possa trabalhar, a fim de doar com pequenos prazeres e, esteja disposto a abandoná-los, vive com medo dos grandes prazeres.

Isso é chamado de “medo” e esta é a porta para receber a Luz da fé, chamada de “A inspiração da Divindade”, como está escrito no Sulam,15 “pela medida medo é a medida da fé”.

Por isso, é preciso lembrar que a questão de “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” deve ser mantida, porque é uma Mitzvá, uma vez que o Criador ordenou participar no amor de amigos. E Rabi Akiva só interpreta esta Mitzvá que o Criador ordenou. Ele pretendia fazer esta Mitzvá uma regra pela qual todas as Mitzvot seriam mantidas por causa do mandamento do Criador e para  autogratificação.

Em outras palavras, não é que as Mitzvot devam expandir o nosso desejo de receber, o que significa que mantendo as Mitzvot seriamos generosamente recompensados. Muito pelo contrário, mantendo as Mitzvot chegaremos à recompensa de sermos capazes de anular o nosso amor-próprio e conseguir o amor dos outros e, posteriormente, o amor de Deus.

Agora podemos entender o que nossos sábios disseram sobre o versículo “Coloque-os” Ela vem da palavra: “Poção”16. “Se for concedida, ela é uma poção de vida, se não for concedida, é uma poção da morte”. Não concedida significa que se   a pessoa se engaja em Torá e Mitzvot para multiplicar o amor-próprio, para que o corpo adquira bens em troca do seu trabalho. Se concedida, seu amor-próprio é anulado e ele pretende receber uma recompensa que é a força do amor dos outros, pelo qual vai chegar ao amor do Criador, que o seu único desejo será dar contentamento ao Criador.

15 Nota do tradutor: O comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar.

16 Nota do tradutor: O comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar.

AMOR DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“E, certo homem o encontrou e eis que ele estava vagando pelo campo. E o homem perguntou-lhe, dizendo: ‘O que procuras?’ E ele disse: ‘Procuro aos meus irmãos. Diz-me, peço-te, onde eles apascentam o rebanho’” (Gênesis, 37).

Um homem “vagando pelo campo” refere-se a um lugar a partir do qual a colheita do campo para sustentar o mundo deveria brotar. E os trabalhos do campo são arar, semear e colher. Diz-se sobre isso: “Os que semeiam em lágrimas colherão com alegria” e isto é chamado de “um campo que o Senhor abençoou”.

Baal HaTurim explicou que uma pessoa vagando pelo campo refere-se a quem se desvia do caminho da razão, que não sabe o verdadeiro caminho que leva  ao lugar onde ele deve chegar, como em “um burro vagando pelo campo”. E ele chega a um estado em que pensa que nunca alcançará a meta que deve alcançar.

“E o homem perguntou-lhe, dizendo: ‘O que procuras?’” significando  “Como posso te ajudar?” “E ele disse: ‘Procuro aos meus irmãos’”. Para estar junto com meus irmãos, isto é, estar num grupo onde existe amor dos amigos, serei capaz de seguir a trilha que conduz à casa de Deus.

Esta trilha é chamada de “um caminho de doação” e esta via é contra a nossa natureza. Para ser capaz de alcançá-la, não há outro caminho senão o amor dos amigos, pelo qual cada um pode ajudar ao seu amigo.

“E o homem disse: ‘Partiram daqui’”. E Rashi interpretou que eles próprios se tinham afastado da irmandade, ou seja, eles não querem se relacionar com você. Isto, no final, causou o exílio de Israel no Egito. E para sermos resgatados do Egito temos que nos levar a entrar num grupo que quer estar no amor dos amigos e, por isso seremos recompensados com o êxodo do Egito e com a recepção da Torá.

O QUE “AMA AO TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO” NOS DÁ?

Do livro “Cabala Para o Estudante”

O que a lei (Klal14) “ama ao teu próximo como a ti mesmo” nos dá? Através desta lei, podemos vir a amar ao Criador. Se é assim, o que o cumprimento das 612 Mitzvot nos dá?

Primeiro, necessitamos saber o que é uma lei. Sabe-se que um coletivo (Klal) é composto de muitos indivíduos. Sem indivíduos, não pode haver um coletivo. Por exemplo, quando nos referimos a uma audiência como “uma audiência sagrada”, estamos nos referindo a um número de indivíduos que se reuniram e formaram uma unidade. Depois, é nomeado um cabeça para a reunião, etc. e isto é chamado Minian (dez/quorum) ou uma “congregação”. Pelo menos dez pessoas devem estar presentes e então é possível dizer Kedushá (parte específica de uma oração judaica) no  serviço.

O Santo Zohar diz sobre isso: “Onde houver dez, a Divindade habita”. Isto significa que, num lugar onde existem dez homens, existe lugar para a habitação da Divindade.

Daí resulta que a lei “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” é construída sobre 612 Mitzvot. Em outras palavras, se mantivermos as 612 Mitzvot seremos capazes de alcançar a lei “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Acontece que os elementos específicos nos permitem alcançar o coletivo e, quando tivermos o coletivo, seremos capazes de alcançar o amor do Criador, como está escrito: “A minha alma anseia pelo Senhor”.

No entanto, não se pode manter sozinho todos as 612 Mitzvot. Tomemos, por exemplo, a redenção do primogénito. Se o primeiro filho de alguém for uma menina, ele não pode manter a Mitzvá da redenção do primogênito. Além disso, as mulheres estão isentas de observar Mitzvot dependentes do tempo, tais como Tzitzit  e Tefilin. Mas porque “todos de Israel são responsáveis uns pelos outros”, através de todos, eles são mantidos. É como se cada um mantivesse todos os mandamentos em conjunto. Assim, através das 612 Mitzvot, podemos alcançar a lei: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.

14 Nota do tradutor: Em Hebraico, a palavra Klal significa igualmente “lei” e “coletivo”. O autor alterna entre os dois significados.

PROPÓSITO DA SOCIEDADE

Uma vez que o homem é criado com um Kli chamado “amor-próprio”, onde se não vê que uma ação trará beneficio próprio, não tem motivação para fazer sequer um movimento minúsculo. E sem anular o amor-próprio, é impossível alcançar Dvekút (adesão) com o Criador, isto é, Similaridade de Forma.

E já que é contra a nossa natureza, precisamos de uma sociedade que venha  a formar uma grande força para que possamos trabalhar juntos em anular a vontade de receber, chamada “mal”, pois ela dificulta a realização do objetivo para o qual o homem foi criado.

Por esta razão, a sociedade deve consistir de indivíduos que concordam por unanimidade que devam alcançá-lo. Então, todos os indivíduos tornam-se uma grande força que possa lutar contra si mesma, já que cada um está integrado em todos os outros. Assim, cada pessoa é fundada num grande desejo de alcançar a meta.

Para ser integrada no outro, cada pessoa deve anular a si mesma perante os outros. Isto é feito com cada um vendo os méritos dos amigos e não seus defeitos. Mas o que pensa que é um pouco mais elevado que os amigos já não pode se unir a eles.

Também, é importante permanecer sério durante a reunião para não perder a intenção, pois é para esse fim que eles se reuniram. E para caminhar humildemente, o que é uma grande coisa, se deve estar acostumado a parecer como se não fosse sério. Mas na verdade, um fogo arde em seus corações.

Todavia, para pessoas pequenas durante a reunião, devemos ser cautelosos em seguir palavras e ações que não rendam ao objetivo do encontro, que daí deve alcançar Dvekút com o Criador. Sobre Dkevut, veja o ensaio, “Matan  Torá”.

Mas quando não se está com os amigos, é melhor não mostrar nada do intento no seu coração e aparentar ser como todo mundo. Este é o significado de “caminha humildemente com o Senhor teu Deus”. Embora haja interpretações mais elevadas que esta, a simples explicação também é uma grande  coisa.

Por isso, é bom que haja igualdade entre os amigos que se unem, para que possamos ser anulados perante o outro. E deve haver cuidadosa vigilância na sociedade, proibindo frivolidade entre eles, uma vez que a frivolidade arruína tudo. Mas como dissemos acima, esta deve ser uma questão  interna.

Mas quando há alguém que não seja desta sociedade, nenhuma seriedade deve ser mostrada, mas, para igualar com a pessoa que acaba de chegar. Em outras palavras, evite falar de assuntos sérios, mas apenas de coisas que se adequem ao que acabou de entrar, que é chamado um “hospede não  convidado”.