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ELES AJUDARAM CADA UM SEU AMIGO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Devemos entender como se pode ajudar a seu amigo. Será onde existam ricos e pobres, sábios e tolos, fracos e fortes? Mas quando todos forem ricos, inteligentes,  ou fortes, etc., como se pode ajudar o outro?

Vemos que há uma coisa que é comum a todos – o estado de ânimo. É dito, “Uma preocupação no seu coração, deixe-o falar sobre isso com os outros”. Isso porque, no que diz respeito ao sentimento de bom ânimo, nem riqueza, nem a erudição podem ajudar.

Pelo contrário, é a pessoa que pode ajudar o outro, vendo que seu amigo está por baixo. Está escrito: “Não se sai sozinho da prisão”. Pelo contrário, é seu amigo quem pode elevar seu ânimo.

Isto significa que seu amigo o eleva de seu estado para um estado de animação. Então, se começa a readquirir força e confiança na vida e na riqueza e se começa como se o seu objetivo estivesse agora perto dele.

Acontece que todos e cada um devem estar atentos e pensarem como podem ajudar seu amigo a aumentar seu ânimo, porque em matéria de ânimo, qualquer pessoa pode encontrar um lugar carente em seu amigo, o qual possa  preencher.

 

EM RELAÇÃO AO AMOR DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

  • A necessidade do amor dos amigos.
  • Qual é a razão pela qual escolhi especificamente estes amigos e porque os amigos me escolheram?
  • Deve cada um dos amigos revelar o seu amor para a sociedade ou, é suficiente sentir amor no seu coração e praticar o amor dos amigos em ocultação e portanto não necessitar mostrar abertamente o que está no seu coração?

É sabido que ser humilde é uma grande coisa. Mas podemos também dizer   o oposto, que se deve divulgar o amor no seu coração para os amigos, dado que ao revelá-lo ele evoca os corações de seus amigos para os amigos, para que eles sintam que cada um deles está praticando o amor dos amigos. O beneficio disso é que desta maneira, a pessoa ganha força para praticar o amor dos amigos com mais força, pois a força do amor de cada pessoa é integrada em cada um dos  outros.

Acontece que, quando uma pessoa tem uma medida de força para praticar o amor dos amigos, se o grupo é composto por dez membros, então ela é integrada com dez forças da necessidade, que compreendem que é necessário se envolverem  no amor dos amigos. Contudo, se cada uma delas não mostrar à sociedade que está praticando o amor dos amigos, então carece da força do  grupo.

Isto é assim, pois é muito difícil julgar um amigo numa escala de mérito. Cada um, pensa que é o justo e que apenas ele se empenha no amor dos amigos. Nesse estado, se tem muito pouca força para praticar o amor aos outros. Assim, este trabalho especificamente, deve ser público e não oculto.

Mas se deve sempre recordar a si mesmo do propósito da sociedade. Caso contrário, o corpo tende a enevoar o objetivo, dado que o corpo se preocupa sempre pelo seu próprio beneficio. Devemos recordar-nos que a sociedade foi estabelecida somente com base de alcançar o amor dos outros e que isto seria o trampolim para  o amor de Deus.

Isto é alcançado especificamente ao dizer que se precisa uma sociedade para que seja capaz de doar ao seu amigo sem qualquer recompensa. Em outras palavras, não precisa de uma sociedade para que a sociedade lhe dê assistência e presentes, que fariam os vasos de recepção do corpo contentes. Tal uma sociedade é construída sobre amor-próprio e solicita apenas o desenvolvimento dos seus vasos de recepção, pois agora ele vê uma oportunidade de ganhar mais posses através da assistência de seu amigo para obter posses corporais.

Em vez disso, devemos nos recordar que a sociedade foi estabelecida sobre a base do amor dos outros, de modo que cada membro recebesse do grupo o amor dos outros e ódio de si mesmo. E vendo que seu amigo está se esforçando para anular seu ego e para amar aos outros faria com que todos fossem integrados nas intenções de seus amigos.

Assim, se a sociedade é composta por dez membros, por exemplo, cada um terá dez forças praticando auto-anulação, ódio ao ego e amor dos outros. Caso contrário permanece, mas com uma única força do amor dos outros, uma vez que não vê que os amigos o estão praticando, dado que os amigos estão praticando o amor aos outros em ocultação. Além disso, os amigos fazem-no perder sua força no seu desejo de percorrer o caminho de amar aos outros. Nesse estado, ele aprende das suas ações e cai no domínio do amor-próprio.

4) Se todos conhecerem as necessidades de seus amigos, especificamente para cada amigo, assim ele saberia como as pode satisfazer, ou é suficiente praticar amor de amigos em geral?

 

PROPÓSITO DA SOCIEDADE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Nós nos reunimos aqui para estabelecer uma sociedade para todos os que desejam seguir o caminho e o método de Baal HaSulam, o caminho pelo qual subimos os graus do homem e não permanecermos como animais, como nossos sábios disseram (Yevamot, 61a) sobre o versículo, “E vós Minhas ovelhas, as ovelhas de Meu pasto, são homens”. E Rashbi disse, “Vocês são chamados ‘homens’ e idolatras não são chamados ‘homens’”.

Para entender o mérito do homem, traremos agora um versículo dos nossos sábios (Berachot, 6b) sobre o versículo, “O fim do assunto, tudo foi ouvido: tema a Deus, e guarde Seus mandamentos; pois este é o homem completo” (Eclesiastes, 12:13). E a Gemará pergunta, “O que é ‘pois isto é o homem completo’? Rabi Elazar disse, ‘O Criador disse, ‘O mundo inteiro foi criado apenas para isso’. Isto significa que o mundo inteiro foi criado para o temor a Deus”.

Todavia, precisamos compreender o que o temor a Deus é, sendo a razão pelo qual o mundo foi criado. De todas as palavras de nossos sábios, aprendemos que a razão para a Criação foi de fazer bem às Suas criações. Isto significa que o Criador desejou deleitar as criaturas para que se sentissem felizes no mundo. E aqui os nossos sábios disseram sobre o versículo, “pois isto é o homem completo”, que a razão para a Criação foi o temor a Deus.

Mas de acordo com o que é explicado no ensaio “Matan Torá”, está escrito que a razão pela qual as criaturas não estão recebendo o deleite e prazer, embora seja a razão da Criação, é a Diferença de Forma entre o Criador e as criaturas. O Criador é o doador e as criaturas são os receptores. Mas há uma regra de que os ramos são similares à raiz da qual os ramos nasceram.

E dado que não há recepção em nossa raiz, uma vez que o Criador não é de maneira alguma deficiente, não precisando receber nada para satisfazer Sua vontade, o homem sente desconforto quando precisa ser receptor. É por isto que cada pessoa tem vergonha de comer o pão da vergonha.

E para corrigir isso, o mundo teve que ser criado. Olam (mundo) significa Hey’elem (ocultação), que o deleite e o prazer devem ser ocultados. Porque é assim?   A resposta é por temor. Em outras palavras, é assim, para que o homem tema usar seus vasos de recepção, chamados “amor próprio”. Isto significa que se deve prevenir a si mesmo de receber prazeres porque os anseia, e deve ter a força para prevalecer sobre o anseio, o objeto do seu desejo.

Em vez disso, se devem receber prazeres que tragam contentamento ao Criador. Isto significa que a criatura irá querer doar ao Criador e terá temor do Criador, de receber para si mesma, dado que a recepção de prazer, quando se recebe para seu próprio beneficio, o afasta de se apegar ao Criador.

Portanto, quando uma pessoa executa uma das Mitzvot (mandamentos) do Criador, deve objetivar que este Mitzvá lhe traga pensamentos puros, que ele venha  a doar ao Criador por manter as Mitzvot de Deus. É como nossos sábios disseram, “Rabi Chanania Ben Akashia diz, ‘O Criador queria purificar Israel; então, lhes deu abundantes Torá e Mitzvot’”.

E é por isto que nós nos reunimos aqui, para estabelecer uma sociedade em que cada um de nós segue o espírito de doar ao Criador. E para alcançar doação ao Criador, devemos começar com a doação ao homem, que é chamado “amor ao próximo”.

E o amor ao próximo pode ser apenas ao revogar de si mesmo. Assim, por um lado, cada pessoa deve sentir-se humilde e por outro lado, ser orgulhosa que o Criador nos deu a chance de estarmos numa sociedade em que cada um de nós tem somente um único objetivo: que a Divindade esteja entre  nós.

E embora não tenhamos ainda alcançado este objetivo, temos o desejo de alcançá-lo. E isto, também, deve ser apreciado por nós, apesar de estarmos no principio do caminho, esperamos alcançar o exaltado  objetivo.

 

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE SOBRE UMA PESSOA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

…Nós sabemos que há um costume, aplicado pelo mundo afora, que não é bom para um profissional altamente qualificado se encontrar entre trabalhadores pouco qualificados e aprender com suas ações. Por exemplo, quando um sapateiro está entre sapateiros inábeis, eles deixam-no entender que não vale à pena fazer um bom sapato, mas fazer o que quer que saia e que não vale a pena fazer um bom e belo sapato.

Ou um alfaiate, se ele for hábil, quando estiver entre alfaiates inábeis, eles deixam-no entender que não vale à pena se esforçar para fazer uma roupa limpa, arrumada e ajustada ao seu dono. Então, ele deve ser cauteloso ao estar em contato com eles.

Mas quando um construtor está entre alfaiates, não pode aprender de suas más ações, pois não há conexão entre eles. Mas dentro da mesma profissão, cada um deve observar a si mesmo e estar em contato apenas com pessoas de coração puro.

De acordo com o exposto, com qualquer pessoa que você considere um servo do Criador, você deve estar atento e ver se ele é um profissional qualificado, ou seja, deseja que seu trabalho seja limpo e puro e dirigido ao Seu Nome. No mínimo, ele deve saber que não é um bom trabalhador e procurar conselho na sua alma para ser um trabalhador hábil e não um trabalhador comum que visa apenas à recompensa.

Mas um bom e hábil trabalhador é o que não considera a recompensa, mas desfruta de seu trabalho. Se, por exemplo, um hábil alfaiate sabe que a roupa serve em seu dono em cada ponto, isso lhe dá prazer espiritual, mais que o dinheiro que recebe.

Então, com pessoas que não são da sua profissão, não é importante se você está entre elas, uma vez que você se empenha em construir e elas se empenham em desfrutar. Mas com pessoas que se empenham na Torá, mas não são meticulosas sobre manter a roupa ajustada ao seu dono, elas têm apenas uma mente que é contra a Torá, oposta a visão da Torá. E aqui você deve sempre estar atento… e manter uma boa distância dessas pessoas, como se fosse de um lançamento de flecha. E isto não   é assim com pessoas comuns.

  • Então, desde  que  você  não  tenha  qualquer  contato  com  o  povo de

Mizrahi, você não precisa de uma guarda cuidadosa.

  • Mas do povo de Agudat Israel, você precisa se
  • E com o Hassidismo, você precisa de ainda mais vigilância.
  • E com as pessoas que eram próximas de meu pai (Baal HaSulam) você precisa manter um olho muito

E a razão é esta: No mundo de Nekudim, Melech ha Da’at, o nível de Kéter, que é o primeiro Melech (rei), caiu mais baixo que todos os Melachim (Reis) durante   a quebra. Isto é assim porque enquanto que mais denso é também mais elevado quando tem um Massach, ele é o pior quando perder o Massach. Por esta razão, caiu mais baixo que todos os Melachim.

E nós podemos interpretar estas palavras. Quando eles andam no caminho do Criador, eles têm uma dupla vontade de receber para corporalidade, assim como para a espiritualidade. Assim, os que eram próximos a Baal HaSulam, enquanto estavam inclinados, tinham um Massach e Aviut (espessura). Mas agora eles não estão se entregando e não têm interesse em ter um Massach, todo o seu trabalho é serem “Judeus formosos” ou “Rebbes” (grandes rabinos).

Então, isto é Aviut sem uma Massach e eles naturalmente dão do que fazem. E quanto a mim, eu não tenho confiança neles e não há ninguém para segurá-los para baixo. Estou sendo breve, pois não desejo tê-los nos meus pensamentos, pois você conhece a regra: “Se está onde pensa”.

Para entender a questão mais claramente, vou lhe dar um breve exemplo: É sabido que entre cada dois graus há um meio, feito de ambos os discernimentos juntos.

  • Entre o inanimado e o vegetativo, há um meio chamado “corais”.
  • Entre o vegetativo e o animado, há a pedra do campo, que é um animal que está ligado a terra pelo seu umbigo e se nutre fora
  • E entre o animado e o falante, há o

Portanto, há uma pergunta: Qual é o meio entre a verdade e a mentira? Qual é o ponto que é feito de ambos os discernimentos  juntos?

Antes de esclarecer, irei acrescentar outra regra: É sabido que é impossível  ver um objeto pequeno e que é mais fácil ver um objeto grande. Assim, quando uma pessoa comete algumas mentiras, ela não pode ver a verdade, que ela está percorrendo um caminho falso. Em vez disso, ela diz que está percorrendo o caminho da verdade. Mas não há maior mentira que isso. E a razão é que ela não tem mentiras suficientes para ver o seu verdadeiro estado.

Mas quando uma pessoa adquiriu muitas mentiras, as mentiras crescem nela a uma extensão que ela as possa ver se ela desejar. Assim, agora que ela vê as mentiras, que está percorrendo um caminho falso, vê o seu verdadeiro estado. Em outras palavras, ela vê a verdade na sua alma e como voltar ao caminho  correto.

Segue-se que este ponto, que é um ponto de verdade, que ela está trilhando um caminho falso, é o meio entre verdade e falsidade. Esta é a ponte que liga a verdade e falsidade. Este ponto é também o fim da mentira e daqui em diante começa o caminho da verdade.

Então, podemos ver que para sermos recompensados com Lishmá (em Seu Nome), primeiro precisamos preparar a maior Lo Lishmá (não em Seu Nome) e então nós podemos alcançar Lishmá. E, da mesma forma Lo Lishmá é chamado uma “mentira” e Lishmá é chamado “verdade”. Quando a mentira é pequena e as Mitzvot e boas ações são poucas, ela tem uma pequena Lo Lishmá e ela não pode ver a verdade. Assim, nesse estado, diz que está percorrendo o caminho bom e verdadeiro, isto é trabalhando Lishmá.

Mas quando ela se envolve na Torá todo o dia e toda a noite em Lo Lishmá, então ela pode ver a verdade, uma vez que pelo acúmulo de mentiras, sua mentira aumenta e ela vê que está certamente percorrendo um caminho  falso.

E então ele começa a corrigir suas ações. Em outras palavras, então ela sente que tudo o que faz é apenas Lo Lishmá. A partir deste ponto, passa para o caminho da verdade, para Lishmá. Apenas aqui, neste ponto, começa o assunto de “de Lo Lishmá se chega a Lishmá”. Mas antes disso, ela afirma que está a trabalhando Lishmá e, como pode mudar o seu estado e seus caminhos?

Então, se uma pessoa estiver inativa no trabalho, ela não pode ver a verdade, que está imersa em falsidade. Mas ao aumentar Torá a fim de dar contentamento ao seu Fazedor, pode-se então ver a verdade: que ela está andando num caminho falso, chamado Lo Lishmá. E este é o ponto médio entre verdade e falsidade. Por isso, temos que ser fortes e confiantes em nosso caminho, assim cada dia será para nós como novo, pois nós precisamos sempre renovar nossas fundações e então iremos marchar em frente.

 

AMOR DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

E, o que você escreveu que me informou do exílio no Egito, eu me pergunto, você precisará estudar mais. “E eles gritaram e o seu grito veio até Deus por razão da escravidão”. Então, “e Deus sabia”. Sem o conhecimento de Deus no exílio, a redenção é impossível. Além do mais, o conhecimento do exilo em si é a razão para a redenção. Assim, como você pode desejar me informar no momento da redenção?

A verdade mostra a sua maneira e, o luto de alguém declara o seu pesar e, não o pode conter ou ocultá-lo. De fato, eu os sinto a todos, que dentro de vocês, hoje foi substituído pelo amanhã e em vez de “agora” vocês dizem “mais tarde”. Não há cura para isso, mas se esforçar para compreender esse erro e perversão – que só  os que precisam de salvação hoje são salvos pelo Criador. E aqueles que podem esperar pelo amanhã irão obter sua sagacidade apenas depois de seus anos, Deus proíba.

E isto veio até você, devido à sua negligência ao meu pedido para se esforçar no amor dos amigos, pois agora lhe expliquei de todas as maneiras possíveis que este remédio é suficiente para complementar todas as suas deficiências. E, se você não pode subir ao céu, eu lhe dei os caminhos na terra e, porque você não se colocou neste trabalho afinal?

E além do grande poder oculto nele, você deve saber que há muitas centelhas de santidade em cada pessoa no grupo. E quando você junta todas as centelhas de santidade em um lugar, como irmãos, com amor e amizade, você irá certamente ter um nível muito elevado de santidade…

UNIDADE DOS AMIGOS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Faça o que puder e a salvação do Senhor acontecerá num piscar de olhos. A coisa mais importante com que você se depara hoje é a união de amigos. Trabalhe nisso mais e mais, pois isso pode compensar todas as  falhas.

Está escrito, “Um estudante exilado, seu Rabi está exilado com ele”. Os nossos sábios estavam perplexos. Como as queixas podem reger a Torá e o trabalho do aluno ao ponto de repeli-lo de estar no domínio de Deus, em especial quando ele se ligou a um Rabi autêntico?

E eles explicaram que quando um estudante decai, parece-lhe que o Rabi decaiu igualmente com ele. E por isto ser assim e, é de fato assim. Isto é, ele será capaz de se beneficiar do seu Rabi apenas na medida em que o assuma no seu coração. Por isso, ele tem apenas um Rabi humilde e inferior na medida em que o mediu assim. E assim, seu Rabi está exilado com ele.

O início do exílio e da escravidão no Egito começa com as palavras: “Agora surgiu um novo rei no Egito, que não conhecia a José”. Isto significa que um novo domínio apareceu na mente de todos; um recém-surgido domínio, pois eles caíram do seu grau anterior, como está escrito: “Um estudante exilado, seu Rabi está exilado com ele”. Assim, eles não conheciam José, isto é, apreenderam-no apenas na medida em que o assumiram nos seus corações.

Por esta razão, retrataram a imagem de José igual ao que eles próprios eram. E por esta razão, não conheciam José e a escravidão começou. Caso contrário, os justos certamente os protegeriam e nenhum exílio ou escravidão lhes seria retratado.

A MENSAGEM EM MATAN TORÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Nos três ensaios: “Matan Torá” (A Entrega da Torá), “O Arvut” (A Garantia Mútua)  e “A Paz”, Baal HaSulam nos ensina sobre a necessidade de uma grande sociedade atingir o objetivo da Criação. Ele demonstra porque uma pessoa sozinha não pode alcançar seus objetivos sem o resto das pessoas do mundo e, que apenas a combinação certa entre unidade social e trabalho de Deus recompensará a humanidade com paz, prosperidade e a realização do nosso potencial humano.

Em “Matan Torá”, item 14, ele escreve explicitamente que a parte da Torá que diz respeito à relação entre os homens é a mais capaz de nos levar à meta desejada. No final do ensaio, ele ressalta e ainda desenvolve o significado da conexão recíproca no nível de uma nação inteira quando ele diz: “Nós demonstramos que cada um das 613 Mitzvot na Torá gira em torno da única Mitzvá ‘Ame ao teu próximo como a ti mesmo’”. Ele também diz que este ponto não é exequível, exceto quando feito por toda uma nação na qual cada membro esteja pronto e disposto a isso.

No ensaio “O Arvut”, item 20, Baal HaSulam explica que o fim da correção do mundo ocorrerá quando todas as pessoas no mundo se juntarem à Sua obra. Mas os primeiros a entrarem na obra de Deus e conduzirem o mundo inteiro atrás de si, são os filhos de Israel: “O papel de Israel em relação ao resto do mundo é similar ao papel dos Santos Patriarcas com relação à nação de Israel… Também, a nação de Israel deve… se qualificar e ao resto dos povos do mundo, a se desenvolver até eles assumirem esse trabalho sublime de amor do homem, que é a escada para o propósito da Criação… Assim, cada Mitzvá que um indivíduo de Israel realiza a fim de trazer satisfação ao seu Criador e, por nenhuma outra recompensa e amor- próprio, afeta (de alguma forma) a evolução do resto das pessoas no  mundo”.

Mais adiante no ensaio (item 28), ele define o papel dos filhos de Israel, como os que devem ser o remédio através dos quais as faíscas da pureza e da purificação  do corpo se transmitirão a todas as nações do mundo. Isto ocorre porque o resto das nações do mundo, ainda não está pronta para isso e, o Criador precisa de pelo menos de uma nação para começar, por isso será escolhida dentre todas as nações.

Todas as nações do mundo Me pertencem (ao Criador), tal como vocês e, acabarão eventualmente por se unirem a Mim. Mas enquanto elas ainda são incapazes desta tarefa, Eu preciso de um povo virtuoso. Se concordarem em ser o povo escolhido, então Eu vos mandarei ser um reino de sacerdotes para Mim, que é a forma suprema do amor aos outros: “ame ao teu próximo como a ti mesmo”.

No ensaio “A Paz”, Baal HaSulam nos ensina a verdadeira razão para o sofrimento das pessoas em geral e, do povo de Israel em particular. Ele escreve que   a resistência dura e egoísta entre as pessoas, que provoca tensão nas relações entre   os membros da nação, não cessará por nenhuma tática humana. Podemos ver claramente que já somos como uma pessoa doente, virando-se de um lado para o outro com dores imensuráveis, como a humanidade já se lançou para a extrema direita, como a Alemanha, ou para a extrema esquerda, como a Rússia. E não só eles não aliviaram a situação, como só agravaram a dor e, os gritos sobem aos céus, como todos sabemos.

A partir daqui, ele conduz à inevitável conclusão de que as pessoas não terão outra escolha senão aceitar o Seu fardo, conhecer ao Criador e, dirigir as suas ações para a satisfação de Deus e para o Seu objetivo, como Ele havia planejado para eles antes da Criação. E quando o fazem, é evidente que juntamente com servi-Lo, qualquer pingo de inveja ou ódio desaparecerá da humanidade, a partir de então, todos os membros da humanidade se unirão num só corpo e num só coração, preenchido com o conhecimento de Deus. Assim, a paz mundial e o conhecimento de Deus são uma e a mesma coisa.

Para resumir suas palavras nos três ensaios, podemos destacar uma série de mensagens distintas:

  1. O propósito de toda a Criação é para todas as criaturas se apeguem ao seu Criador. Assim, elas serão recompensadas com alegria e plenitude eternas através dos seus próprios
  2. É possível atingir este objetivo somente através da realização da lei: “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.

Esta regra será realizada gradualmente, começando com a unidade de poucas pessoas, através de um grupo que cresce gradualmente, até uma nação inteira que acabará por levar todas as nações do mundo para a obra de Deus e o amor do homem.

  1. A primeira nação que deve desempenhar o seu papel de realizar esta ideia é a nação de
  2. O povo de Israel deverá ser um exemplo para todas as nações e deverá conduzi-las aos mesmos
  3. Qualquer indivíduo, grupo ou nação que se recuse a percorrer este caminho, infligirá tormentos terríveis sobre si, os quais o encaminharão de volta ao caminho certo: em direção ao final da correção.
  4. Qualquer indivíduo, grupo ou nação que irá se dedicar a este objetivo afetará e acelerará todo o processo e será recompensado com a desejada plenitude.
  5. Os seguintes são os princípios orientadores do grupo de Cabalistas, Bnei Baruch.

Os membros deste grupo levam uma vida de partilha e de unidade como base no dia-a-dia, aprendendo os escritos dos grandes cabalistas, que implementaram estes princípios e, ensinando o que aprenderam, em Israel e por todo o mundo. Isto é feito através dos seus muitos grupos de estudo, ativos durante todo o ano, da difusão de livros de cabalistas, e através de aulas de Cabala ao vivo e arquivadas, pela Internet e TV. O seu site na Internet, www.kabbalah.info, é o site mais importante de Cabala na net e, até o momento, disponibiliza conteúdos em trinta e dois idiomas. Existem também artigos de Cabala e revistas publicadas mensalmente em oito idiomas.

O principal objetivo do Bnei Baruch é apresentar o material cabalístico complexo em termos tão simples quanto possível, para que qualquer pessoa que procure o propósito da vida seja capaz de se relacionar com eles. Além disso, seguindo os ensinamentos de Baal HaSulam, o Bnei Baruch tenta através de todos  os meios à sua disposição, ensinar a todo o povo de Israel o seu papel histórico.

Eles ensinam a única mensagem que pode evitar sofrimento, dor e guerra: a mensagem chamada: “Não há ninguém além d’Ele”.

É claro para os membros do Bnei Baruch que a situação política, econômica e global depende unicamente do ensino desta mensagem simples. A única razão para o sofrimento no mundo é desenvolver as pessoas e ensiná-las a se voltarem para o Criador e contatá-Lo. As várias tentativas de evitar esta missão, de conduzir o mundo rumo a essa conclusão, infligem dor tremenda sobre os  Judeus.

A evolução humana é obrigatória, ela não pode ser interrompida. Tudo o que podemos fazer é entender a mensagem e apressar a sua realização. Infelizmente,  a história sangrenta do povo de Israel nos ensina onde leva a recusa obstinada em realizar esta missão.

A única coisa que devemos ter em mente é que existe apenas uma causa em toda a realidade. Esta causa aparece-nos em várias formas, fora de nós e dentro de nós. Contata-nos através dos nossos sentimentos, pensamentos, desejos e ações e, aparece da mesma forma ao resto das pessoas no mundo. É importante lembrar que só com a sua ajuda seremos capazes de realizar a regra: “Ama ao teu próximo como   a ti mesmo”. Tudo isto pode ser alcançado mudando simplesmente a nossa atitude em relação à realidade; não há necessidade de fazer quaisquer mudanças externas.

Se formos bem sucedidos em ensinar tantas pessoas quanto possível a relacionarem-se com a vida desta maneira, rapidamente nos encontraremos num mundo muito mais tranquilo e pacífico. A ligação profunda com o Criador ajudará cada um de nós a entender o propósito das nossas vidas, a raiz das nossas almas e, como podemos obter prazer sem fim. Ao conseguirmos isso, estaremos atingindo o objetivo da Criação e receberemos todo o deleite e prazer que foram preparados para cada um de nós.

A ARVUT (GARANTIA MÚTUA)

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Continuação de “Matan Torá”

 

Todos os Israelitas são responsáveis uns pelos  outros

(Sanhedrin, 27b, Shavuot 39a)

Isto é para falar da Arvut (Garantia Mútua), quando todos de Israel se tornaram responsáveis uns pelos outros, ou seja, que a Torá não foi dada para eles até que todo e cada Israelita foi questionado se ele concordava em assumir a Mitzvá de amar seu próximo ao grau descrito pelo verso: “Ame ao próximo como a ti mesmo” a sua completa extensão, como explicado nas seções 2 e 3 – leia palavra por palavra. Isto   é, todo Israelita toma a obrigação de cuidar e servir todos os outros membros da nação; satisfazer todas as suas necessidades não menos do que é natural para ele satisfazer as suas próprias.

E depois que toda a nação concordou unanimemente e disseram, “Faremos e ouviremos”, cada Israelita tornou-se responsável por todas as necessidades e desejos de todos os outros membros da nação, e apenas então eles foram dignos de receber  a Torá e não antes.

Pois embora a responsabilidade coletiva de cada membro da nação seja aliviada da preocupação por suas próprias necessidades, e possam cumprir a Mitzvá de amar seu próximo como a si mesmo a sua completa extensão e dar tudo que tem para qualquer um que precise, já que não precisa se preocupar com suas próprias necessidades porque sabe e é certo que 600.000 pessoas confiáveis quem o amam estão perto de si e preparadas para cuidar de si, como explicado no Item 16 – leia lá cuidadosamente.

E por este motivo eles não estavam todos preparados para receber a Torá no tempo de Abraão, Isaac e Jacó, até o Êxodo do Egito. Então eles se tornaram uma nação completamente distinta, porque apenas então foi possível para cada pessoa se assegurar que suas necessidades seriam atendidas sem nenhuma preocupação, que não era verdade quando eles ainda estavam misturados com os Egípcios, porque por necessidades algumas de suas necessidades estaria nas mãos daquelas outras pessoas selvagens que estavam cheias de egocentrismo e amor egoísta.

Este nível de necessidade que estava sob o domínio das outras pessoas não era garantido para todo Israelita já que seus amigos não seriam capazes de cumprir suas necessidades, pois não estava em suas mãos. E já vimos que enquanto um indivíduo esteja preocupado com seu próprio bem estar, não está em uma posição de até mesmo começar a cumprir a Mitzvá de amar ao próximo como a si mesmo.

É muito claro que o assunto da entrega da Torá tinha que ser adiado até o Êxodo do Egito, quando os Israelitas poderiam se tornam uma nação independente  e distinta, e seu bem-estar estivesse em suas próprias mãos sem nenhuma dependência dos outros. Então eles foram capazes de aceitar o compromisso da Arvut mencionado acima, e então a Torá foi entregue a eles. E vemos que por causa disto, mesmo após a Torá ter sido entregue, se uns poucos Israelitas fossem infiéis e retornassem a impureza do amor egoísta sem consideração pelos outros, então o mesmo nível de necessidades que não foi cumprida por aqueles poucos que eles eram responsáveis, seria incômodo para cada membro dos Israelitas e ele precisaria atender a si mesmo.

E por causa destes poucos não terem misericórdia do restante, assim a Mitzvá de amar o próximo não pode ser mantida, pois estas pessoas infiéis fizeram com que aqueles que honraram a Torá continuassem em impureza do amor egoísta, e assim eles não puderam cumprir a Mitzvá de amar ao próximo como a si mesmos e completar o ciclo de amor por seus próximos sem a ajuda dos  poucos.

Agora, é claro para você que todos os Israelitas são responsáveis uns pelos outros, em termos de satisfazer e não satisfazer, já que em termos de satisfazer, isto   é, se todo mundo cumpre a Arvut ao ponto onde cada indivíduo fornece as necessidades do seu próximo, todos podem cumprir a Torá e Mitzvot completamente e dar prazer ao seu Fazedor (como mencionado no Item 13). E em termos de não satisfazer, isto é, se uma porção da nação recusar cumprir a Arvut, e prefere continuar profundamente no amor egoísta, estas pessoas fazem com que o resto da nação continue profundamente na impureza e inferioridade sem forma de escapar deste estado de impureza.

18) Este é o porquê o Tana (Rabi Shimon Bar Yochai) explicou o assunto da Arvut com uma analogia de duas pessoas em um barco: Uma começa a furar um buraco no barco debaixo de si mesma, e seu companheiro diz, “Por que você está furando?” A outra responde, “Por que se importa? Afinal, estou furando debaixo de mim, e não debaixo de você”. A primeira diz, “Tolo! Nós dois vamos nos afogar!” (Vayikra Raba, Capítulo 4).

Esta é a mesma situação, já que quando o infiel se afunda no amor egoísta, ao ser desta forma eles criam um muro de ferro que para os mantedores da Torá até começarem a cumprir a Torá e Mitzvot propriamente, isto é, ao grau de “Ame ao próximo como a ti mesmo”, que é a escada que o leva à Dvekút (adesão) ao Criador. Quão certas são as palavras da analogia, quando ele diz, “Tolo! Nós dois vamos nos afogar!”.

19) Rabi Elazar, filho do Rabi Shimon Bar Yochai, leva a questão da Arvut ainda mais; não é suficiente para si que todos os Israelitas sejam responsáveis um pelo outro; em sua opinião, o mundo todo é parte desta Arvut. No entanto isto não  é uma discordância, já que todos concordaram que para começar é suficiente para uma nação manter a Torá, que é o início do Tikun (correção) do mundo, já que seria impossível começar com todas as nações de uma vez. Os sábios disseram, “O Criador ofereceu a Torá para todas as nações do mundo e nenhuma delas aceitou”. Elas estavam todas afundando seus narizes na impureza do amor egoísta, algumas através do adultério, outras pelo roubo, ou homicídio, e assim por diante, ao ponto onde naqueles dias não adiantaria nem mesmo dizer a elas para abandonar seu amor egoísta.

Por este motivo, o Criador não encontrou qualquer nação capaz de receber   a Torá exceto os filhos de Abraão, Isaac e Jacó, cujos méritos dos seus patriarcas foram os pilares para eles ficarem em cima. Como os sábios dizem, os patriarcas guardaram toda a Torá mesmo antes de ser entregue, ou seja, que através da elevação de suas almas eles tiveram a habilidade de conceber os caminhos do Criador em termos da espiritualidade da Torá – a fonte da qual é a Dvekút ao Criador – sem primeiro usar a escada das ações mencionadas na Torá, que eles não tinham como cumprir (veja Item 16).

E sem nenhuma dúvida a pureza física e a elevação espiritual de seus patriarcas tinha uma forte influência em seus filhos e nos filhos de seus filhos, e seus méritos permaneceram com eles até a geração em que todo e cada membro da nação aceitou este trabalho elevado e todo e cada um disse com todo o coração, “Faremos  e ouviremos”. Pois este motivo não havia outra escolha e fomos escolhidos para ser   a “Nação Modelo” entre todas as nações. E vemos que apenas a nação Israelita aceitou a Arvut necessária, e não os membros de qualquer outra nação, pois eles não participaram nisto. Esta é simplesmente a realidade, assim como o Rabi Elazar poderia discordar com isto?

20) No entanto, o fim do Tikun (correção) do mundo acontecerá quando todas as pessoas do mundo estiverem a par do segredo do Seu trabalho. Como está escrito, “E o Senhor será Rei do mundo todo, naquele dia o Senhor será Um e Seu nome Um”, (Zechariá, 14:9) e diz especificamente “naquele dia” e não antes dele, e há outros tais versos, tais como: “Pois o mundo se encherá com o conhecimento do Senhor”. (Isaías 11:9). E “… e todas as nações concorrerão a Ele” (Isaías  2:2).

No entanto, o papel dos Israelitas em relação ao resto do mundo é como o papel dos santos patriarcas em relação à nação Israelita, isto é, assim como o mérito dos patriarcas foram pilares para nós e nos ajudaram a desenvolver e nos purificar  até que foram dignos de receber a Torá. Se os patriarcas não tivessem mantido a Torá antes de ter sido entregue, não teriam sido melhores que o restante das nações (veja Item 19).

Assim a nação Israelita é obrigada a se aplicar com a Torá e Mitzvot para seu bem para purificarem a si mesmos e ao mundo todo até que eles tenham avançado  o suficiente para aceitar o trabalho elevado de amar os outros, que é a escada ao Propósito da Criação, que é a Dvekút ao Criador, como  expliquei.

Já que cada Mitzvá que todo Israelita cumpre é pelo único propósito de dar prazer ao seu Fazedor e não para alguma recompensa ou amor egoísta, fazendo isto, aumentam o avanço de todos no mundo. Este processo não é feito de uma só vez.  Na verdade ele é feito como um processo evolutivo, passo a passo, adicionando-se  até que atinja a massa crítica que levará todos no mundo ao grau desejado de pureza. E isto é chamado na linguagem dos sábios, “O apontamento da escala para o lado  do mérito”. Isto é, há suficiente “massa” de pureza para apontar as escalas, assim como suficiente peso de um lado do par das escalas aponta a  escala.

21) E estas são as palavras do Rabi Elazar, citando Rabi Shimon, que disse que o mundo é julgado pela maioria, isto é, referindo-se ao papel da nação Israelita em levar o mundo ao grau particular de pureza até que todos sejam dignos de tomar o trabalho do Criador, não menos que os próprios Israelitas foram dignos quando receberam a Torá. Os sábios chamam isto: “Atingir uma maioria de mérito”, já que há aqueles que colocam o peso sob a escala do demérito através de seu impuro amor egoísta.

É claro que se a escala do mérito, que é o elevado entendimento do amor  aos outros, é maior e mais pesada que a escala do impuro demérito, então o impuro é assim preparado para estar pronto em concordar, e dizer, “Faremos e ouviremos” como os Israelitas fizeram. Isto não pode acontecer antes de “atingir uma maioria de mérito”, pois o amor egoísta é o poder decisivo que leva as pessoas a recusar aceitar Seu jugo.

E isto é o que eles queriam dizer com: “Feliz é a pessoa que cumpre uma Mitzvá, pois ela aponta a escala ao lado do mérito para si mesma e para o mundo todo” (Kidushin 40b). Isto é, cada parte individual dos Israelitas adiciona ao peso coletivo, como alguém que pesa as sementes de gergelim e continua adicionando-as uma por uma até que aponte a escala. É certo que quando cada pessoa fizer sua parte adicionará ao peso coletivo. Sem elas as escalas nunca seriam apontadas, e isto é o que eles queriam dizer com “as ações de cada Israelita aponta as escalas do mundo todo para o lado do mérito”. Pois quando as escalas do mundo todo são apontadas ao lado do mérito, cada indivíduo terá feito sua parte em apontar as escalas, e sem suas ações o peso teria sido insuficiente.

Assim vemos que o Rabi Elazar, filho do Rabi Shimon, não realmente discordou com as palavras dos sábios que disseram que “todos os Israelitas são responsáveis uns pelos outros”. Ele está se referindo ao Tikun (correção) do mundo inteiro no futuro, e os sábios estavam falando do presente, onde apenas os Israelitas aceitaram a Torá.

22) Rabi Elazar, filho do Rabi Shimon, apoia as suas palavras com a passagem: “… e um pecador causa a perda de muitos bens”, (Eclesiastes 9:18), como já explicamos acima no Item 20, que a euforia e impressão que o toca quando se aplica às Mitzvot em relação a humanidade e ao Criador é a mesma que se sente quando se aplica às Mitzvot em relação ao homem e seu próximo. A pessoa é obrigada a cumprir as Mitzvot Lishmá (em Nome Dela), sem nenhuma esperança de conseguir assim amor egoísta, isto é, sem nenhum direito ou esperança em retorno, que ao fazer este esforço receberá uma recompensa ou honra ou coisas parecidas. E aqui neste ponto elevado de amor a Deus e amor ao próximo torna-se um e o mesmo (veja Item 15).

E vemos que fazendo isso, ajuda todos os seres humanos no mundo a avançarem a escada do amor ao próximo. Já que seja grande ou pequena, no final esta ação ajudará a apontar as escalas ao lado do mérito, pois sua parte adiciona ao peso decisivo (veja Item 20 – em relação a analogia do peso de sementes de gergelim – leia isto atenciosamente).

E aquele que realiza uma transgressão, significa que é incapaz de superar e dominar seu amor-próprio impuro e rouba ou transgride de outras formas, aponta  as escalas ao lado do demérito para si mesmo e para o mundo todo. Já que através  da manifestação da impureza do amor egoísta, a natureza humana inferior torna-se mais forte e diminui a escala do mérito a um certo grau e é como alguém que remove uma semente de gergelim da escala que outra pessoa  adicionou.

Assim a escala do demérito sobe mais alto e o avançamento do mundo é revertido. Isto é o que se entende por: “… e um pecador causa a perda de muitos bens”. Já que não pode controlar seus desejos insignificantes, faz com que o avançamento espiritual do mundo seja revertido.

23) Estas coisas foram explicadas logo acima para tornar claro o que estabelecemos no Item 5, e é acordado e não há duas opiniões no assunto, que apesar da Torá tenha primeiro sido entregue à nação Israelita em particular, a questão do Propósito da Criação é incumbida a toda a humanidade junta, pretos, brancos, amarelos e parecidos, sem nenhuma distinção.

Devido à natureza humana que tende a gravitar ao nível mais baixo, como explicado acima, como resultado do amor egoísta que controla toda a humanidade sem impedimentos, não há forma e nem abertura para debater com eles e os convencer a prometer, mesmo bruscamente, a tomar sob si mesmos e deixar seu quadro estreito mental e ir para o vasto mundo do amor aos outros. Isto foi com a exceção da nação Israelita que teve o poder que veio a eles através da terrível aflição da escravidão por 400 anos ao reino impuro do  Egito.

Somos familiares com as palavras dos sábios que dizem, “Assim como o sal suaviza a carne, a aflição varre os pecados dos homens”, (Berachot 5a) ou seja, que purifica o corpo grandemente, e além disso, a pureza dos patriarcas foram os pilares para eles (veja Item 16), que é o motivo principal, como muitas passagens na Torá provam.

E através do poder destes dois assuntos preparatórios, eles foram preparados para isto, e este é o motivo pelo qual as Escrituras referem-se a eles no singular, com em: “E lá Israel acampou diante da montanha”. (Êxodo 19:2) Os sábios interpretaram isto como “um homem em um coração”.

Isto é porque todo indivíduo na nação livrou-se do amor egoísta, e toda sua intenção foi unicamente ser de ajuda para seu próximo, como provamos acima no Item 16, em relação ao significado da Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo”, – leia isto atenciosamente. Assim vemos que todos os indivíduos da nação se uniram juntos como um coração e um homem, pois apenas então estavam preparados para receber a Torá, como explicamos.

24) E por causa do imperativo acima mencionado, a Torá foi entregue especificamente à semente de Abraão, Isaac e Jacó, já que seria inconcebível que qualquer estrangeiro se unisse a eles. E assim a nação Israelita se tornou um tipo de condutor através do qual as centelhas da purificação fluam para toda a humanidade em todo o mundo.

E estas centelhas multiplicam diariamente, como alguém que adiciona seu tesouro até que esteja cheio ao grau desejado. Isto é dizer, até que eles avancem ao ponto onde eles compreendam o prazer e a paz mental inerente na semente de amar os outros. Pois então irão entender como apontar as escalas em direção ao lado do mérito e colocarem-se sobre Seu jugo, e então a escala do demérito será removida do mundo.

25) Agora tudo o que resta é completarmos o que explicamos no Item 16, que o motivo pelo qual a Torá não foi dada para os patriarcas é por causa da Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo”, que é o centro de toda a Torá da qual todas as outras Mitzvot procedem para clarificar e explicar ela. Este não pode ser cumprido por um indivíduo sem a concordância prévia de toda a nação.

E é por isto que foi adiado até o Êxodo do Egito, onde eles foram capazes de honrá-lo. E mesmo então eles foram primeiro questionados se cada um dos membros da nação aceitaria esta Mitzvá. Apenas após eles concordarem com isto a Torá foi entregue – leia isto cuidadosamente. No entanto, continua a ser explicado, pois onde encontramos na Torá que eles fizeram esta pergunta e que eles concordaram com ela antes de receberem a Torá?

26) Saiba que estas coisas são óbvias a qualquer pessoa instruída, como revelado no convite que Deus fez para Israel através de Moisés antes de receber a Torá, como está escrito em Êxodo 19:5:

“E agora, se vocês ouvirem a Minha Voz e guardarem a Minha Aliança e se forem Meu Modelo entre todas as nações, pois o mundo todo é Meu. E serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa; estas são as coisas que você dirá para os filhos de Israel. E Moisés veio e chamou os anciões da nação e colocou diante deles todas estas coisas que Deus os ordenou, e toda a nação respondeu junto e disse: ‘Tudo que Deus disse, faremos’, e Moisés levou de volta as palavras do povo para Deus”.

Pode parecer como se estar palavras fossem inapropriadas, já que logicamente, se uma pessoa oferece para a outra um trabalho e quer que ela concorde, deveria explicar que trabalho envolve e qual é o salário para isto, pois então o outro pode examinar e decidir se aceita ou  recusa.

E aqui nestas duas passagens aparentemente não encontramos uma explicação do que o trabalho envolve nem a recompensa para o trabalho, já que Ele diz, “… se vocês ouvirem a Minha Voz e guardarem a Minha Aliança …” sem explicar nem a voz nem a aliança que eles seriam obrigados a manter, e então diz, “e serão Meu Modelo entre as nações, pois o mundo todo é Meu”, que não indica se Ele está nos ordenando a fazer o esforço para ser a “Nação Modelo”11, ou se isto é uma promessa benéfica que o Criador nos está  fazendo.

Também precisamos entender a conexão com o fim desta passagem: “… pois o mundo todo é Meu”. As três traduções: Onkelos, Yonatan Ben Uziel e Yerushalmi, assim como todos os comentaristas – Rashi, o Ramban etc. todos tinham dificuldade em estabelecer o significado simples desta passagem. O Ibn Ezra em nome do Rabi Marinos diz que a palavra “porque” realmente significa “embora”, e ele explica que significa: “… e serão Minha Nação Modelo entre todas as nações embora o mundo todo é Meu”. E a opinião do Ibn Ezra concorda com isto – leia isto cuidadosamente. No entanto, os sábios discordaram com esta interpretação dizendo que “porque” pode significar quatro coisas: “ou”, “talvez”, “em vez” ou “por”. E o Rabi Marinos adiciona um quinto significado: “embora”. A passagem termina com: “… e serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa”. E também disto não é claro se isto é um preceito e uma obrigação fazer um esforço, ou se é uma promessa ou algo bom.

Também a frase “reino de sacerdotes” (Kohanim) não tem nenhuma interpretação e não há outra menção disto em qualquer outro lugar do  Tanakh.

Em particular precisamos determinar a diferença entre “reino de sacerdotes” e “nação santa”, já que o significado usual de “sacerdote” é aquele que é santo, assim um “reino de sacerdotes” precisa ser por definição uma “nação santa”, e se assim, a frase “nação santa” é desnecessária.

27) No entanto, de acordo com as coisas que foram explicadas no início deste artigo, estas passagens tornam-se claras, pois elas devem indicar um diálogo de oferta e concordância, isto é, Deus está de fato oferecendo aos Israelitas com estas palavras, o caminho e a essência do trabalho da Torá e Mitzvot, assim como a recompensa potencial.

Porque do trabalho da Torá e Mitzvot é expressado pela frase: “… e serão para mim um reino de sacerdotes …”, já que “reino de sacerdotes” significa que todos  eles, grandes e pequenos, serão como sacerdotes, isto é, como sacerdotes que não tem propriedade material ou herança da terra, já que “Deus é sua herança”. Assim toda a nação precisa aceitar a estrutura em que toda a terra, e tudo nela, é atribuído  e dedicado ao Criador. E nenhum indivíduo deve ocupar-se com ela exceto pelo propósito de cumprir as Mitzvot do Criador e prover às necessidades do seu próximo para que tenha tudo o que deseja, e que nenhum indivíduo precise se preocupar em satisfazer suas próprias necessidades.

Assim mesmo as atividades comuns e mundanas tais como colher e plantar  e assim por diante são consideradas sendo exatamente como o trabalho do sacerdote (Kohen) com os sacrifícios no Templo, pois assim como sacrificar ao Criador é uma Mitzvá positiva12, também amar ao próximo como a si mesmo é uma Mitzvá positiva. E, portanto, vemos que aquele que colhe seu campo para alimentar seu próximo é como aquele que sacrifica para o Criador. De fato, de acordo com esta explicação plausível, cumprir a Mitzvá de amar o próximo como a si mesmo é mais importante que oferecer um sacrifício, como provamos acima nas seções 14 e 15 – leia lá cuidadosamente.

Mas esta não é a conclusão final, já que toda a Torá e as Mitzvot foram apenas dados para purificar os Israelitas, para que eles purifiquem seus corpos (veja Item 12), através do que eles atingiram a verdadeira recompensa de Dvekút ao Criador, que é o Propósito da Criação (veja Item 6 – leia cuidadosamente). Esta recompensa  é expressa pela frase “povo santo”, porque através da Dvekút a Deus somos feitos santos, como está escrito: “Sejas santo porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Santo” (Levítico 19:2).

Você pode ver que a frase “reino de sacerdotes” expressa à forma do trabalho baseado em “Ame ao próximo como a ti mesmo”, isto é, um reino inteiramente composto de sacerdotes, dos quais o Criador é sua herança e eles não tem possessão de qualquer propriedade material pessoal. Não temos escolha se não concordar que esta é a única forma possível para entender a frase: “reino de sacerdotes”, já que não pode significar oferecer sacrifícios no altar. Mas isto não pode ser dito de toda a nação, já que quem seriam aqueles que trariam as  ofertas?

E em termos de receber os Dons Sacerdotais: quem seriam aqueles que as dariam? Também, em termos da santidade destes sacerdotes, já foi dito que eles são uma “nação santa”. Assim o verdadeiro significado disto precisa ser que o Criador é sua herança e eles não tem propriedade material pessoal, e “amar o  próximo” engloba toda a Torá. E a frase “nação santa” expressa toda a recompensa, que é a Dvekút ao Criador.

28) Agora podemos entender completamente as passagens precedentes que dizem: “… e agora, se vocês ouvirem a Minha Voz e guardarem a Minha Aliança …”, ou seja, que serão para Mim um Modelo (Segulá) e que através deles todas as centelhas da purificação corpórea passarão à todas as nações e pessoas do mundo, já que as outras nações não estão preparadas para isto, e Eu preciso uma nação para começar este processo agora, uma nação que se tornará Minha Nação Modelo para preparar todas as nações. Este é o porquê a passagem termina com: “porque todo o mundo é Meu”, isto é dizer, todas as nações do mundo pertencem a mim assim como você, e no fim eles farão adesão a Mim (veja Item 20).

Mas por agora, enquanto eles ainda não estão preparados para este papel, Eu preciso de uma Nação Modelo e se vocês concordarem com isto – se forem Minha Nação Modelo entre todas as nações – Eu os ordenarei a serem Meu “reino de sacerdotes”, que é a realização do amor fraternal como no “Ame ao próximo como   a ti mesmo”, que é o centro de toda a Torá e Mitzvot, resultando em “uma nação santa”, que é a forma derradeira da recompensa da Dvekút com o Criador, que inclui todas as recompensas que você possa possivelmente  oferecer.

Isto é o que os sábios estavam se referindo em suas explicações no fim de: “… estas são as palavras que você dirá aos filhos de Israel” (Deuteronômio 1:1). Diz especificamente, “… estas são as palavras …”, “não mais e nem menos”. Ainda que seja difícil imaginar que Moisés adicionaria ou omitiria algo das palavras do Criador para que o Criador tivesse que o alertar. Não há nada como isto em toda a Torá, ao contrário, as escrituras dizem de Moisés: “Ele é o mais leal em toda a Minha casa”. (Números 12:7)

29) Disto é bem entendido que descrevendo a forma derradeira do trabalho como expresso pela frase “reino de sacerdotes”, que é a definição derradeira de “Ame ao próximo como a ti mesmo”, Moisés poderia facilmente ter considerado adiar ou não revelar tudo de uma vez esta mensagem de tal trabalho abrangente elevado, por temor que os Filhos de Israel não queiram desistir de suas possessões materiais, riquezas e propriedades pelo Criador, como exigido pela frase “reino de sacerdotes”.

Isto é semelhante ao que o RAMBAM escreveu: “… é proibido revelar às mulheres e crianças o serviço simples que tem que ser, sem intenção de receber uma recompensa”. Ao invés deve-se esperar até que sejam maturas e sábias o suficiente para ter coragem de colocar isto em ação, como mencionamos acima. Portanto, o Criador antecipou isto e o alertou a não dizer nada menos, mas lhes falar a verdadeira natureza do trabalho em toda sua elevação completamente, como expressado pela frase “reino de sacerdotes”.

Isto é também verdade sobre a recompensa expressa pela frase “nação santa”. Moisés poderia ter considerado a euforia e o prazer elevados implícitos na Dvekút ao Criador, para preparar e os levar a fazer a ação suprema de abrir mão de todas as suas possessões mundanas, como os sacerdotes fazem. Por isto ele recebeu este alerta de Deus também antecipando isto e o alertando a não adicionar nada mais, e não explicar todos os aspectos da recompensa que está incluída pela frase “nação  santa”.

O motivo para isto é que se ele tivesse lhes falado da incrível grandeza da recompensa, eles teriam certamente feito o erro de tomar o trabalho de Deus para receber esta recompensa. Isto teria sido equivalente ao autosserviço e amor egoísta,   e seria corrompido o que iria contra todo o propósito, como explicado acima no Item 13 – leia lá cuidadosamente.

Assim vemos que a forma do trabalho expressada pela frase “reino de sacerdotes”, Moisés foi instruído a não dizer nada menos; e da conhecida recompensa expressa pela frase “nação santa”, ele foi instruído a não dizer nada mais.

11 Nota do tradutor: o texto Bíblico em Hebraico usa a palavra Segulá, que realmente significa remédio, ou poder, mas aqui no texto traduz como “Nação Modelo”.

12 Nota do tradutor: uma Mitzvá de realizar alguma ação.

MATAN TORÁ (A ENTREGA DA TORÁ)

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“Ame ao próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18) Rabi Akiva diz, “Este é um grande princípio na Torá” (Bereshit Raba, Cap. 24)

Esta afirmação dos nossos sábios exige explicação. A palavra princípio (heb. Klal) indica uma soma de detalhes que, quando colocados juntos, formam o princípio acima. Assim, quando o Rabi Akiva diz sobre a Mitzvá, “ame ao próximo como a ti mesmo”, que este é um grande princípio na Torá, nós devemos entender que o resto das 612 Mitzvot (preceitos) na Torá, com todas suas interpretações, não são nem mais e nem menos que a soma dos detalhes inseridos e contidos nesta única Mitzvá (singular para Mitzvot), “ame ao próximo como a ti  mesmo”.

Isto é muito intrigante, pois você pode dizer isto em relação às Mitzvot entre o homem e seu próximo, mas como é possível que esta única Mizvá contenha todas as Mitzvot entre homem e Deus, que são a essência e a vasta maioria da  Torá?

2) E se ainda pudermos nos esforçar para encontrar um modo de reconciliar estas palavras, chega-nos um segundo dito, ainda mais evidente, sobre um convertido que se apresentou a Hilel (Shabat 31a) e lhe disse: “Ensina-me toda a Torá enquanto eu fico num pé só”. E ele respondeu: “Não faça aos outros o que você não gostaria que eles fizessem a você” (a tradução de “ame ao próximo como a ti mesmo”), e todo o resto é comentário; vá e estude.

Esta é uma indicação clara que nenhuma das outras 612 Mitzvot da Torá é mais importante do que a Mitzvá, “ame ao teu próximo como a ti mesmo”, já que todo seu propósito é nos permitir observar a Mizvá de amar nosso amigo corretamente. Hilel diz especificamente que “…todo o resto é comentário; vá e estude”. Isto significa que todo o resto da Torá é um comentário desta única Mitzvá, e é impossível cumprir a Mitzvá de amar ao seu amigo perfeitamente sem  isto.

3) Mas antes de nos aprofundarmos no cerne da questão, devemos olhas para a estrutura desta Mitzvá “ame ao próximo como a ti mesmo” porque as palavras “como a ti mesmo” implicam que você precisa amar seu amigo no mesmo grau que você ama a você mesmo, e nada menos que isso. Em outras palavras, que eu devo estar sempre pronto para satisfazer as necessidades de cada um dos indivíduos da nação Israelita, não menos do eu estou sempre pronto para satisfazer minhas próprias necessidades.

Isto é completamente impossível, pois não existem muitas pessoas cujo trabalho diário seja suficiente para satisfazer suas próprias necessidades, então como eles podem esperar satisfazer as necessidades de uma nação inteira? Nós não podemos pensar que a Torá estava exagerando, pois a Torá nos diz: “…não adicione  e nem subtraia …,” (Deuteronômio 13:1) indicando que estas palavras das leis e regras da Torá são precisas e exatas.

4) E se isso ainda não for o suficiente para você, eu adicionarei que a simples explicação dessa Mitzvá de “amar o próximo” é ainda mais rigorosa, pois nós precisamos colocar as necessidades do nosso próximo à frente das nossas próprias. Isto é o que Tosafot escreveu em nome do Talmud de Jerusalém (Kidushin 20a) quanto ao verso “que ele esteja bem contigo” (Deuteronômio 15:16), que se refere ao servo Hebreu. E estas são suas palavras: “Se uma pessoa tem apenas um travesseiro, e dormir nele e não der ao seu servo, ele não está cumprindo: ‘que ele esteja bem contigo’, porque dorme no travesseiro e o servo dorme no chão. E se ele não dormir nele e também não der ao seu servo, este é um atributo Sodomita. Nós vemos que o mestre é obrigado a dar o travesseiro ao seu servo e então dormir no chão”, fim de suas palavras – leia-as cuidadosamente.

Da explicação acima nós podemos aprender e expandir no preceito de amar ao próximo porque aqui também o livro diz que a pessoa deve satisfazer as necessidades de seu amigo assim como satisfaz as suas próprias como no exemplo “que ele esteja bem contigo”, relativo ao servo Hebreu. A Halachá declara que se uma pessoa tem apenas uma cadeira enquanto que seu próximo não tem nenhuma cadeira, e ele não a der para ele, ele viola o preceito de “ame ao próximo como a ti mesmo”, porque ele não está satisfazendo as necessidades do amigo como satisfaz as suas próprias.

E se ele não se sentar na cadeira e nem a der ao seu amigo, isto é considerado um atributo tão mal quanto o dos Sodomitas, e ele é obrigado a dar a cadeira ao seu amigo para que ele sente nela enquanto ele senta no chão ou fique em pé. É claro que este princípio se aplica a todas as necessidades e carências de seus próximos. Agora considere, esta Mitzvá é de alguma forma praticável?

5) Primeiro nós precisamos entender por que a Torá foi dada especificamente à nação Israelita e não igualmente à todas as pessoas no mundo.  Isto é devido ao nacionalismo, Deus proíba? É claro que só um louco poderia pensar assim. E a verdade é que os sábios já lidaram com esta questão e isto é o que eles dizem (Avodá Zará, pg. 2b): “Deus ofereceu a Torá para todas as nações e línguas, e elas não  a aceitaram”.

Mas como nós vamos entender isto? Pois se é assim, por que nós somos chamados de “o povo escolhido de Deus”, conforme é dito “… o Senhor vosso Deus vos escolheste” (Deuteronômio 7:6) se nenhuma outra nação queria a Torá? E além disso, estas coisas são contraditórias em sua essência, pois é possível que o Criador chegou a estas nações (espiritualmente) selvagens daquele tempo com a Torá em   Sua mão e negociou com elas? Nem os seus profetas. Tal coisa nunca foi ouvida antes e é inconcebível e inaceitável.

6) No entanto, quando nós entendermos bem o suficiente a essência da Torá e das Mitzvot que nos foram dadas, assim como o que é esperado de sua realização no nível que os sábios nos instruíram, que é o propósito da grande Criação que contemplamos, então nós compreenderemos tudo. Pois é evidente que não se realiza uma ação sem um propósito, e não existem exceções a esta regra exceto no caso dos tolos ou crianças. Portanto, nós não podemos ter qualquer dúvida sobre o Criador, cuja exaltação está além do nosso entendimento, dizendo que Ele realizaria qualquer ação, grande ou pequena, sem um propósito.

E nossos sábios nos ensinaram que o mundo foi criado apenas para o propósito de observar a Torá e as Mitzvot, ou seja, assim como nossos antigos sábios de abençoada memória explicaram, que desde o momento da Criação,  a intenção do Criador era revelar a Criação de Sua Divindade. E o conhecimento de Sua Divindade é transmitido aos criados através da recompensa agradável  que Ele provê que cresce até que atinja  o  grau  desejado.

Ao receber esta beneficência os inferiores são elevados através  do verdadeiro reconhecimento disto, que é se tornar a  carruagem da Sua Santidade  e aderir a Ele até que eles atinjam  sua perfeição derradeira: “Nenhum olho  viu um Deus além de Ti” (Berachot 34b). Já que esta perfeição é tão grande e esplêndida, mesmo a Torá e os Profetas foram cuidadosos para não mencionar mesmo uma palavra disto. Como os sábios aludiram: “Todos os profetas profetizaram apenas sobre os dias do Messias, mas sobre o Mundo Vindouro: ‘Nenhum olho viu um Deus além de Ti’”. Isto é conhecido para aqueles que encontram o conhecimento, e este não é o lugar para expandir nisto.

Essa perfeição é expressa nas palavras da Torá, da Profecia, e nas palavras dos sábios por uma simples palavra, Dvekút (adesão). Esta palavra é tão comumente usada pelas pessoas que ela está próxima de perder seu significado. Mas se você pensar  sobre  esta  palavra  por  um  momento,  você  ficará  espantado  com  sua incrível elevação, pois se você imaginar o conceito de Divindade em comparação com a elevação do Criador, você será capaz de estimar a  magnitude  da  capacidade da Dvekút de um com o outro, e então você entenderá porque nós consideramos este conceito  como  o  propósito de  toda esta grande Criação.

Do que nós dissemos, ao aplicar as Mitzvot da Torá, é concluído que todo o propósito da Criação é que todas as criações inferiores evoluam e elevem ainda mais alto, até que sejam recompensadas com Dvekút com seu Criador.

7) No entanto, aqui os Sábios do Zohar pararam e perguntam: “Por que nós já não fomos criados desde o início nessa elevada dimensão de Dvekút com o Criador? Qual foi o Seu propósito em nos sobrecarregar com esta luta e esforço da Criação, e da Torá e suas Mitzvot? E eles responderam: “Aquele que come aquilo que não é seu, tem medo de olhar em sua face” (Talmud de Jerusalém, Orla, 1). Isto significa que aquele que come e desfruta do trabalho do seu amigo tem medo de olhar em sua face, porque ao fazê-lo torna-se cada vez mais humilhado até que perca toda a dignidade (lit. forma) humana. E já que não podem haver atalhos no que deriva de Sua perfeição, o Criados nos deu espaço no qual possamos ganhar por nós mesmos a desejada elevação através das nossas ações de aplicar a Torá e suas  Mitzvot.

E estes conceitos são extremamente profundos e eu já os expliquei no meu livro Panim Me’irot uMasbirot para a Árvore da Vida, Ramo Um, e no livro, O Estudo das Dez Sefirot, Reflexão Interna, Parte Um. Aqui eu vou explicar brevemente para torná-las compreensíveis para todos.

8) Isto pode ser comparado na forma de uma analogia com um homem rico que chamou um homem no mercado e o alimentou, deu-lhe o de beber, e deu-lhe prata e ouro e todas as coisas desejáveis, dia após dia. E cada dia ele dava mais do que no último, e assim por diante até que finalmente o homem rico o perguntou: “Diga-me, todos os teus desejos foram satisfeitos?” E ele respondeu, “Todos os meus desejos ainda não foram satisfeitos, pois quão maravilhoso e quão agradável seria se eu tivesse toda essa riqueza e luxúria vindo para mim através das minhas próprias ações, como vieram a ti, ao invés de estar recebendo através de tua caridade”. E o homem rico respondeu, “Neste caso, nunca nasceu uma pessoa que poderia satisfazer os seus desejos”.

E é natural que mesmo se, por um lado, prove grande prazer que aumenta conforme os presentes aumentam, e por outro lado é difícil para ele sofrer o constrangimento de receber estes benefícios que o homem rico aumenta vez após  vez, porque é uma Lei da Natureza que um recipiente sempre sentirá algum tipo de vergonha e impaciência quando receber um presente gratuito daquele que dá por caridade e piedade.

E disto derivamos uma segunda lei, que não há ninguém no mundo que possa completamente satisfazer os desejos do seu próximo, porque no fim, não pode dar ao outro o senso e o sentimento de autorrealização que é necessário para atingir a perfeição desejada.

E vemos que isto é verdade apenas para os criados, e não é aplicável à exaltada perfeição do Criador. Este é o motivo pelo qual Ele planejou as coisas para que possamos lutar e trabalhar através da Torá e das Mitzvot para atingir nossa própria exaltação, assim que todo o prazer e bondade que vem para nós por Ele, isto é, no conceito da Dvekút com Ele, é ganhado por nós através de nossas ações, e então sentimos a verdadeira possessão sem a qual não há senso de realização, como explicamos.

9) No entanto, é apropriado para nós examinar o significado e a origem desta lei natural: qual é a fonte e por que sentimos vergonha e impaciência quando recebemos caridade de alguém? Isto é o que aprendemos da lei conhecida pelos estudiosos da natureza: que a natureza de cada ramo é próxima e igual àquela da sua raiz, e todas as coisas em relação à raiz também se aplicam ao ramo, e o ramo as ama, deseja e deriva sua utilidade delas. E o oposto, há aquelas coisas que não se aplicam à raiz que o ramo também se afasta e não pode tolerar e é também danificado por elas. E esta lei se aplica a toda raiz e ramo sem exceção.

Isto nos dá uma abertura para entender a origem de todos os prazeres e tormentos do nosso mundo. Já que o Criador é a raiz de todas as criações que Ele criou, portanto todas as coisas que estão incluídas nEle e atraídas por Ele diretamente, são prazerosas a nós, já que nossa natureza é próxima a nossa exaltada raiz. Por outro lado, todas as coisas que não se aplicam a Ele e não são atraídas por nós diretamente, mas através da natureza da própria criação, vai contra nossa natureza e são difíceis para nós tolerarmos. Isto quer dizer, nós amamos o descanso   e odiamos o movimento, tanto que não fazemos nenhum movimento a menos que seja para atingir o descanso. Isto é porque nossa raiz não é uma de movimento, mas sim de descanso e movimento não se aplica a Ele. Portanto vai contra a nossa natureza e não gostamos disto.

Da mesma forma amamos a sabedoria, a bravura, a riqueza etc., porque todas estas são incluídas nEle que é nossa raiz. Este é o porquê odiamos seus opostos, como ignorância, fraqueza e pobreza, porque elas não podem ser encontradas na nossa  raiz, nos fazendo rejeitar, não gostar e odiá-las. Elas também nos fazem sofrer intoleravelmente.

10) Este é o motivo para nossos sentimentos defeituosos de vergonha e impaciência quando recebemos caridade dos outros. O Criador não tem aspecto de receber benefício dos outros em sua natureza. Pois de quem Ele receberia? E já que este conceito não se aplica à nossa raiz, que é o Criador, nós não gostamos disto, como Por outro lado, sentimos prazer, doçura e conforto quando nós compartilhamos com os outros, já que isto se aplica à nossa raiz que compartilha com todos.

11) Agora nossos olhos foram abertos para examinarmos o propósito da Criação, que é “Aderir-se a Ele”, com sua verdadeira natureza. Todo este conceito de elevação e Dvekút que é assegurado a nós através de nossa aplicação na Torá e suas Mitzvot não é mais e nem menos que o processo dos ramos tornando-se em afinidade com sua exaltada raiz, pelo qual tudo o que é agradável, eufórico e agradável vem naturalmente, como explicamos acima. Este prazer é nada mais que obtenção de uma Similaridade de Forma com seu Fazedor, assim quando nos transformamos para nos tornarmos iguais em cada detalhe com nossa raiz, sentimos o deleite.

Além disso, tudo que acontece conosco que não é encontrado em nossa raiz torna-se intolerável, repulsivo e doloroso, como este conceito deixou claro. Assim é natural que todas as nossas esperanças dependam de quão bem sucedidos estamos em atingir Similaridade de Forma com nossa raiz.

12) Este é o porquê nossos sábios perguntaram: “Por que Deus se importa se nós abatemos do pescoço ou de trás do pescoço? Afinal, as Mitzvot foram dadas apenas para purificar a humanidade”. (Bereshit Raba 44) E o significado deste processo de purificação é a purificação do corpo sombrio, que é o propósito de observar a Torá e Mitzvot.

“Um asno selvagem se tornará homem” (Jó 11:12), porque quando nasce está no nível máximo de imundície e inferioridade, isto é, há muito amor egoísta inerente nele, pelo qual todas as suas ações são centradas em si mesmo sem nenhum traço de pensamento de compartilhar com os outros.

Assim está na maior distância possível da sua Raiz. Está diametralmente oposto, porque a Raiz apenas compartilha com os outros sem um pensamento de receber, Deus proíba. O recém-nascido está em um estado total de receber para si mesmo sem um único pensamento de compartilhar com os outros, e portanto é considerado estando no ponto mais baixo da inferioridade e imundície no nosso mundo humano.

E quanto mais cresce, mais recebe medidas parciais de “compartilhar com os outros” de seu ambiente, que é dependente do desenvolvimento de valores do seu ambiente. Ele é então ensinado a cumprir a Torá e Mitzvot para seu próprio benefício – para uma recompensa neste mundo e no Mundo Vindouro. Isto é considerado Lo Lishmá (não em Nome Dela), já que é impossível fazer uma criança se acostumar em alguma outra forma.

E conforme cresce, lhe é mostrado como aplicar-se em Torá e Mitzvot Lishmá (em Nome Dela), ou seja, que os faz apenas para dar prazer ao seu Criador. Conforme o RAMBAM (Maimônides) disse, “Mulheres e crianças não devem ser ensinadas a aplicarem-se em Torá e Mitzvot Lishmá, pois elas não são capazes de carregar a carga do conceito. Apenas quando se maturam e adquirem sabedoria e entendimento isto deve ser ensinado a elas”. (Hilchot Teshuva, Leis do Arrependimento, Capítulo 10) E como os sábios disseram, “Ao aplicar A Torá Lo Lishmá, chega-se eventualmente a Lishmá” (Pesachim página 50b), ou seja, estudando a Torá e aplicando os preceitos na sua vida com a única intenção de dar prazer para seu Criador, e não para seu amor egoísta.

O Criador conhece os poderes inerentes que existem na Torá e Mitzvot Lishmá quando aplicados na vida, como os sábios nos dizem: “O Criador disse, ‘Eu criei a má inclinação e criei a Torá como remédio.’” (Kidushin 30b) Assim vemos que a pessoa continua a desenvolver e mover-se através dos níveis de elevação até que perca todas as centelhas de amor egoísta, e todas as Mitzvot em seu corpo são elevados e todos os movimentos que faz é apenas para beneficiar os outros. Então até mesmo as necessidades básicas que precisa receber são canalizadas para compartilhar com os outros. É por isto que nossos sábios disseram, “As Mitzvot foram dadas apenas para purificar as criaturas do nosso mundo”. (Midrash Raba, capítulo  44).

13) De fato, vemos que existem dois tipos de princípios da Torá: 1) Mitzvot entre o homem e o Criador; e 2) Mitzvot entre o homem e seu próximo. Ambos tem o mesmo propósito, que é trazer a criatura a seu propósito derradeiro de Dvekút com o Criador, como explicamos.

Além disso, mesmo a aplicação prática destes dois é a mesma, já que quando uma pessoa realiza um ato Lishmá, sem mistura de amor egoísta, isto é, sem derivar algum benefício pessoal, então sentirá nenhuma diferença independente se está agido por amor ao seu próximo ou seu amor pelo  Criador.

É uma Lei da Natureza que tudo percebido pelas criaturas como sendo externo a si mesmo parecerá vazio e como se não fosse parte deste reino, assim toda ação de amor aos outros que uma pessoa faz é motivado pelo sentimento da Luz Retornante a si ou tendo esperança de obter uma recompensa que é benéfica apenas para si mesmo. Portanto estas ações não podem ser verdadeiramente chamadas “amar outras pessoas” pois elas são definidas por suas consequências. Isto pode ser comparado à um salário que só é pago após a conclusão.

E em todo caso uma ação realizada por um salário não pode ser considerada amar os outros, sem um aspecto de centelhas da Luz Retornante para si e alguma esperança de recompensa que advirá, é completamente impossível de acordo com a Lei da Natureza. E em relação a tais coisas o Tikúney Zohar, Tikun 30:10 fala às nações do mundo dizendo: “Todo ato de bondade feito é feito por benefício  próprio”.

Ou seja, que todo ato de bondade que fazem para seus próximos ou em servir aos seus deuses não é por amor aos outros, mas por amor egoísta, e isto é porque seria contra a natureza humana, como explicamos.

Portanto, apenas aqueles que guardam a Torá e Mitzvot são capazes disto. Ao se acostumarem a guardar a Torá e as Mitzvot para trazer contentamento ao seu Fazedor, gradualmente separam a si mesmos do seio da natureza humana e adquirem uma segunda natureza, que é o acima mencionado amor aos  outros.

Este é o porquê os sábios do Zohar excluíram as nações do mundo completamente da característica de amar os outros e disseram que todo ato de bondade que fazem é apenas para seus próprios benefícios, já que não tem nada que ver com a aplicação da Torá e Mitzvot Lishmá. O propósito de todas as adorações de seus deuses é pelo bem de recompensa e redenção neste mundo e no próximo, e assim vemos que sua adoração aos deuses é procedente do amor egoísta. Em todo caso, eles nunca tomarão uma ação de valor que será fora do âmbito do seu próprio corpo; que levantem a si mesmos e sequer um fio de cabelo acima do chão da natureza humana.

14) Assim vemos com nossos próprio olhos que não há diferença entre estes dois tipos de preceitos da Torá, em termos de aplicarem-se à Torá e Mitzvot Lishmá, mesmo em termos da aplicação prática da Torá. É uma necessidade que, antes que seja recompensado, todas as ações em relação aos outros, seja em relação ao Criador ou em relação a outras pessoas, parecem ser vazias e imperceptíveis. No entanto, através de grande esforço pode elevar-se gradualmente e atingir uma segunda natureza, como mencionado acima, e então imediatamente atinge a meta final, que é a Dvekút com o Criador, como explicamos.

Já que isto é assim, a lógica dita que a parte da Torá em relação ao homem e seu próximo é mais capaz de trazer o homem à sua meta desejada. E já que o cumprimento das Mitzvot entre o homem e o Criador é predeterminada e específica, e não há feedback nisto, e acostuma-se a eles facilmente, qualquer coisa que é feita por hábito não é mais capaz de trazer algum benefício, como bem conhecido. Isto não é verdade nas Mitzvot em relação ao homem e seu próximo, que não são predeterminados ou específicos. Eles são muito exigentes que se transforme, e, portanto, sua capacidade é mais assegurada e é mais fácil e mais próximo de atingir   a meta através deles.

15) Agora podemos entender claramente as palavras de Hilel HaNasi para o convertido, onde ele declara que a essência da Torá é “Ame ao próximo como a ti mesmo e as outras seiscentas e doze Mitzvot são um comentário e preparação para este”, (veja acima no Item 2). Mesmo as Mitzvot em relação ao homem e o Criador são incluídas nesta Mitzvá, já que é a meta derradeira de toda a Torá e Mitzvot, como os sábios disseram: “A Torá e Mitzvot foram dadas apenas para purificar os Israelitas”, (veja acima no Item 12), que significa a purificação do corpo ao ponto onde adquire uma segunda natureza que é definida como amar os outros, isto é, a única Mitzvá de “Ame ao próximo como a ti mesmo”, que é a meta derradeira da Torá, depois da qual brevemente atinge a Dvekút com o Criador.

Não há necessidade de perguntar por que isto não é definido pelas palavras: “Ame o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a alma e com todo o  teu poder” (Deuteronômio 6:5), pois de acordo com o motivo explicado acima, não há diferença entre o amor do Criador e o amor aos outros.

Isto é porque aquele que ainda está sujeito à natureza humana, já que tudo externo a si mesmo não é real e não existe. E já que este converso perguntou o Hilel HaNasi para explicar a essência do que a Torá requere em uma forma que sua meta seria fácil para atingir e próximo de encontrá-la, dizendo, “Me ensine toda a Torá enquanto pulo de um pé só”, o Hilel definiu isto como o amor aos outros, já que esta meta é a mais próxima e rápida a ser revelada (veja acima no Item 14), pois é seguro e pode ser cumprida sem erro e é acompanhada com um mecanismo de feedback firme.

16) Nisto encontramos uma abertura para entender como a Torá demanda algo de nós que não possamos cumprir, (veja acima nas Seções 3 e 4 especificamente o conteúdo da Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo”). Leia isto atentamente e entenda!

Este é o motivo pelo qual a Torá não foi dada para nossos santos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, mas foi adiada até o Êxodo do Egito; apenas quando eles se tornaram uma nação completa de seiscentos mil homens acima da idade de vinte anos. Todo membro da nação foi perguntado se concordava com este trabalho elevado. E apenas quando cada uma das pessoas na nação concordou com todo seu coração e alma e disse “Faremos e ouviremos” (Êxodo 24:7), apenas então foi possível cumprir o princípio de toda a Torá, que é deixar o reino da impossibilidade e entrar no reino da possibilidade.

Pois então é absolutamente certo, se seiscentos mil homens tirarem sua atenção de suas próprias necessidades e concordar em adiá-las por outra atividade e devotarem-se na certificação que nenhum de seus amigos próximos careçam de algo, e fizeram assim com incrível amor, com todos seus corações e com todas suas almas  e completamente cumprissem a Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo”, então não há dúvida que nenhum homem da nação precisaria se preocupar com seu próprio sustento

Através disto, cada pessoa tornou-se absolutamente livre da preocupação de seu próprio sustento e podia facilmente guardar a Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo” de acordo com todas as condições explicadas nas Seções 3 e 4. Pois como alguém poderia se preocupar com seu próprio sustento quando seiscentos mil amigos amados e leais estavam constantemente se certificando que todas as suas necessidades  fossem satisfeitas?

Assim, depois que todos os membros da nação concordaram com isto, a Torá foi imediatamente entregue a eles, já que eram então capazes de cumpri-la. Antes de eles atingirem o tamanho de uma nação completa, falando do tempo dos patriarcas, quando eram poucos, não eram verdadeiramente capazes de cumprir a Torá propriamente, já que um pequeno número de pessoas não pode mesmo começar a se envolver nas Mitzvot em relação ao homem e seu próximo à extensão de “Ame ao teu próximo como a ti mesmo” como explicado nas Seções 3 e 4, é por isto que a Torá não foi entregue a eles.

17) Assim podemos entender um dos ditos mais assombrosos dos sábios: “Todos os Israelitas são responsáveis uns pelos outros” (Midrash Raba, Shir HaShirim 7:14) que parece totalmente injustificável. É possível se outra pessoa pecar, ou transgredir e se irritar com seu Criador, e eu nem mesmo a conheça nem tenha nada a ver com ela, que o Criador me fizesse pagar por sua transgressão? Há uma passagem na Torá que diz: “Pais não serão mortos pelos pecados de seus filhos. Cada pessoa deve ser mota por seu próprio pecado”, (Deuteronômio 24:16), assim como pode ser dito que eu sou responsável pelos pecados de um completo estranho, de quem você não conhece nem ele, nem seu paradeiro?

E como se isto não fosse suficiente, no Tratado Kiddushin, pg. 40b, é dito, “Rabi Elazar filho do Rabi Shimon disse, ‘Já que o mundo é julgado pela maioria, e o indivíduo é julgado pela maioria, aquele que cumpre uma Mitzvá faz com que ele mesmo e o mundo todo aponte a escala do mérito; e ai daquele que comete uma transgressão, pois ele faz com que ele mesmo e o mundo todo aponte para a escala do demérito, como está escrito: ‘Um pecador causa a perda de muitos bens’”.

Dizendo isto, Rabi Elazar filho do Rabi Shimon nos faz responsáveis pelo mundo todo, pois em sua opinião todas as pessoas no mundo são responsáveis umas pelas outras. Cada pessoa provoca ou o mérito ou o demérito para o mundo todo através de suas ações. E este é um grande enigma.

No entanto, de acordo com o que explicamos acima, suas palavras são precisas e simples, já que claramente provamos que todas as 613 Mitzvot na Torá revolvem ao redor desta única Mitzvá “Ame ao próximo como a ti mesmo”, e não pode ser cumprida a menos que toda a nação, cujos todos membros, estejam prontos para fazer isto.

ASSOCIAÇÃO DA MISERICÓRDIA COM O JULGAMENTO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A essência do trabalho é a escolha, isto é “então escolha a vida”, que é Dvekút (adesão), Lishmá (em Nome Dela). Então, a pessoa é recompensada com Dvekút com a Vida das Vidas.

Mas quando há Providência aberta, não há espaço para escolha. Por este motivo, o Superior elevou Malchut, que é Midat haDin (qualidade de julgamento) aos Eynaim (olhos). Isto criou uma ocultação, isto é tornou-se aparente ao inferior que há uma carência no Superior, que não há Gadlut (grandeza) no Superior. Nesse estado, as qualidades do Superior são colocadas com o inferior; isto é, elas são carentes.

Segue-se que estes Kelim (vasos) são iguais ao inferior: pois se não há sustento ao inferior, não há sustento às qualidades Superiores. Isto significa que não há sabor na Torá e Mitzvot; já que estão sem vida.

Nesse estado, há espaço para escolha, isto é o inferior deve dizer que toda esta ocultação que ele sente é porque o Superior se restringiu a Si mesmo em favor do inferior. Isto é chamado, “quando Israel está em exílio, a Divindade está com eles”. Então, qualquer sabor que prove, este diz que não é sua culpa por não provar  a vivacidade, mas que na sua visão não há verdadeiramente vida  no Superior.

Então, quando o inferior vê a grandeza do Superior, através dela, o inferior em si cresce. Mas no principio, o inferior é digno de receber apenas Katnut (pequenez). E quando Gadlut (grandeza) surge no Superior, há uma divisão entre a direita e esquerda, entre acreditar e conhecer.

Mas o Superior, também, é então diminuído pelo inferior, considerado coma Massach de Chirik. Em outras palavras, para que o inferior receba os graus do Superior, para receber conhecimento apenas pela medida de fé, e não além, isso é considerado que o inferior restringe a linha esquerda do Superior. Isto é, o inferior  é a causa. E então, o inferior pode existir porque este é compreendido tanto de conhecer quanto de acreditar. Isto é chamado “três linhas”, e é especificamente desta maneira que o inferior recebe a perfeição.

E se ele se torna fortalecido e diz que o sabor amargo que descobre nestes alimentos é apenas porque ele não tem os vasos adequados para receber a abundância, porque os seus vasos são de recepção e não de doação, e se arrepende que o Superior tenha de esconder a Si mesmo, que permite ao inferior a caluniar, isto é considerado MAN que o inferior eleva. Através dele, o Superior eleva o seu ACHAP, e ascensão significa que o Superior pode mostrar ao inferior o louvor e deleite nos vasos do ACHAP que o Superior pode revelar. Então, em respeito ao inferior, o Superior eleva o GE do inferior, pela visão do inferior do mérito do Superior. Resultando assim que o inferior se eleve juntamente com o ACHAP do Superior.