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TEMPO DE ASCENÇÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Quando nos sentimos em estado de ascensão, com o espírito elevado e sem desejo para qualquer outra coisa que não seja a espiritualidade, é bom mergulharmos nos segredos da Torá para alcançarmos sua internalidade. Mesmo se vermos, que apesar dos esforços para entender alguma coisa, ainda não sabemos coisa alguma, mesmo assim vale a pena mergulhar nos segredos da Torá, mesmo que seja cem vezes no mesmo assunto, e não nos desesperarmos, ou seja, dizer que não adianta, já que não entendemos nada.

Isto ocorre por duas razões:

A) Quando estudamos algum assunto e desejamos ansiosamente entendê-lo, este desejo é chamado de “oração”. Pois a oração é uma falta que sentimos, ou seja, a pessoa anseia pelo que não possui e o Criador irá preencher este desejo.

A oração é medida de acordo com o desejo, visto que a coisa que mais precisamos, temos dela o maior desejo. De acordo com a medida dessa necessidade, assim é a medida do desejo.

Há uma regra que afirma que onde nos esforçamos mais, o esforço aumenta o desejo e queremos receber o preenchimento de nossa deficiência.  Também, a falta é chamada a “oração”, ou o “trabalho no coração”, pois o “Criador deseja os corações”.

Acontece que a pessoa então pode fazer uma oração verdadeira. porque quando estudamos as palavras da Torá, o coração deve estar livre de todos os outros desejos e dar força à mente para que ela possa pensar e examinar. Se não há desejo no coração, a mente não pode examinar, como está escrito: “Uma pessoa só aprende o que o coração deseja”.

Para que nossa oração seja aceita, tem que ser uma oração completa. Assim, quando a examinamos completamente, evocamos uma oração completa, e então ela pode ser atendida, pois o Criador a ouve. No entanto, existe uma condição: a oração deve ser plena e não ter outras coisas misturadas no meio dela.

B) A segunda razão é que, esse momento, uma vez que estamos separados da corporalidade e estamos mais próximos do atributo da doação, é a hora mais adequada para nos conectarmos com a internalidade da Torá, que surge àqueles que tenham equivalência com o Criador. Isso é porque a Torá, o Criador, e Israel, são um. No entanto, quando estamos num estado de auto-recepção, pertencemos à externalidade, e não à

LISHMÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Para uma pessoa alcançar Lishmá (em Seu nome), é preciso um despertamento do Alto, porque é uma iluminação do Alto e não é para ser entendido pela mente humana. Pois a pessoa que prova, sabe. Está escrito sobre isso, “Provai e vede como o Senhor é bom”.

Devido a isso, ao assumirmos o fardo do Reino dos Céus, precisamos que isso seja em absoluta plenitude, isto é, apenas doar e não receber de forma alguma.  E se uma pessoa vê que os órgãos não concordam com esta visão, ela não tem outro conselho a não ser orar—de derramar o seu coração para o Criador, para ajudar a fazer o seu corpo consentir a se escravizar a si mesma ao Criador.

E não se deve dizer que se Lishmá é uma dádiva do Alto, então de que nos serve o nosso fortalecimento no nosso trabalho, e todos os remédios e correções que executamos de forma a alcançar Lishmá, se isso depende do Criador? Os nossos sábios disseram a esse respeito, “Tu não és livre para te livrares dele”. Em vez disso, devemos oferecer o despertamento de baixo, e isto é considerado “oração”. Porém, não pode haver uma verdadeira oração se não sabemos antecipadamente que é impossível alcançar Lishmá sem oração.

Desta forma, as ações e recursos que executamos de forma a alcançar Lishmá criam os vasos corrigidos no nosso interior, para querer receber Lishmá. E depois de todas as ações e recursos, então podemos fazer uma oração honesta, visto que já vimos que todas as nossas ações não nos trouxeram qualquer beneficio. Apenas então podemos fazer uma oração honesta do fundo do nosso coração, e assim o Criador escuta a nossa prece e nos concede a dádiva de  Lishmá.

Devemos saber que ao alcançarmos Lishmá, levamos a má inclinação para a morte. Isto é porque a má inclinação é chamada “receber para nosso beneficio próprio”.   E   ao   alcançar   o   alvo   de   doar,   cancelamos   a   auto-gratificação.

 

E morte significa que não mais usamos os nossos vasos de recepção para nós mesmos. E visto que revogamos o papel da má inclinação, ela é considerada morta.

Se considerarmos o que recebemos pelo nosso trabalho debaixo do sol, iremos descobrir que não é assim tão difícil nos subjugar ao Criador, por duas razões:

  1. Devemos nos esforçar neste mundo em qualquer caso, caso queiramos ou não.
  2. Mesmo durante o trabalho, se trabalhamos Lishmá, recebemos prazer do trabalho em

Isso está de acordo com o provérbio do Sayer de Dubna sobre o verso, “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel”. Significa que a pesoa que trabalha para o Criador não faz esforço algum. Pelo contrário, tem prazer e elação.

Mas quem não trabalha para o Criador, mas para outros objetivos, não se pode queixar ao Ele por não lhe dar vivacidade no trabalho, visto que está trabalhando para outro objetivo. Podemos nos queixar apenas para quem trabalhamos, e exigirmos que nos sejam dados vitalidade e prazer durante o nosso trabalho. Diz-se sobre tal pessoa: “Qualquer um que confia neles, será como eles que os fizeram”.

Não fique surpreso que quando assumimos o fardo do Reino dos Céus, quando queremos trabalhar em prol de doar ao nosso Criador, que ainda não sentimos qualquer vitalidade de todo, e que esta vitalidade nos compeliria a assumir o fardo do Reino dos Céus. Em vez disso, devemos aceitar o fardo do Reino dos Céus coercivamente, sentindo que não é para nosso beneficio. Isto é, o corpo não concorda com este trabalho, porque o Criador não nos rega com vitalidade e prazer.

A razão para isso é que é uma grande correção. Se não fosse por isso, o desejo de receber concordaria com este trabalho, e um nunca seria capaz de alcançar Lishmá. Em vez disso, trabalharíamos sempre para nosso próprio beneficio, para satisfazer os nossos desejos. Isso é parecido com o que as pessoas costumam dizer, que quando  se corre atrás de um ladrão para pegá-lo, o ladrão, também, corre e grita, “Pega ladrão”. Logo, é impossível dizer quem é o verdadeiro ladrão, pegá-lo e restituir o produto do roubo.

Mas quando o ladrão, isto é o desejo de receber, não acha o trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus saboroso, visto que o corpo se acostuma a si mesmo a trabalhar contra sua própria natureza, temos o meio pelo qual chegarmos ao trabalho apenas de forma a trazer contentamento ao nosso Criador, uma vez que nossa única intenção deve ser apenas pelo Criador, como está escrito, “Então te irás deleitar a ti mesmo no Senhor.” Anteriormente, quando trabalhávamos pelo Criador, não obtínhamos prazer desse trabalho. Em vez disso, o nosso trabalho era feito por coerção.

Mas agora que nos acostumamos a trabalhar em prol de doar, somos recompensados ao nos deleitarmos no Criador, e o trabalho em si mesmo nos concede prazer e vitalidade. E isto é considerado que o prazer, também, é especificamente pelo Criador.

A ESSÊNCIA DO TRABALHO DE UMA PESSOA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A essência do trabalho deve ser como se chega a sentir sabor em doar contentamento ao seu Criador, já que tudo que se faz para si mesmo o afasta do Senhor, devido à Diferença de Forma. No entanto, se praticarmos um ato para o benefício do Criador, mesmo o menor ato, ele ainda é considerado um Mitzvá (mandamento/boa ação).

Assim, o principal esforço deve consistir em adquirir uma força que sinta gosto em doar, através da redução da força que o faz sentir gosto na auto-recepção. Nesse estado, se adquire lentamente o sabor de doar.

A DIFERENÇA ENTRE SOMBRA DE KEDUSHÁ E SOMBRA DE SITRA ACHRÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito (Cânticos dos Cânticos, 2), “Até que sopre a brisa do dia e fujam as sombras”. Devemos entender o que são sombras no trabalho e o que são “duas sombras” O que acontece é que quando um indivíduo não sente Sua Providência, que o Criador lidera o mundo sendo o “Bom que faz o bem”, se considera como uma sombra que esconde o sol.

Em outras palavras, como as sombras corporais que escondem o sol não o mudam de maneira alguma, e este brilha em seu máximo esplendor, assim aquele que não sente a existência de Sua Providência não produz mudança alguma Acima, como está escrito, “Eu, o Senhor não mudo”.

Ao contrário, todas as mudanças estão nos receptores. Devemos observar dois discernimentos nesta sombra, neste  ocultamento:

  1. Quando uma pessoa ainda tem a habilidade de superar a escuridão e os ocultamentos que ela sente, justifica o Criador, e ora ao Criador, para que Ele abra seus olhos para ver que todos os ocultamentos que ela sente vêm do Criador, que é o Criador quem faz tudo isso para que a pessoa possa encontrar sua prece e ter um profundo desejo de unir-se a Ele. Isto é, porque é somente através do sofrimento que a pessoa recebe dEle, desejando libertar-se das dificuldades e fugir dos tormentos, então ela faz tudo o que pode. Por isso, ao receber os ocultamentos e as aflições, ela tem a certeza que encontrará a cura conhecida, que é fazer muitas preces ao Criador para ajudá-la e liberá-la do estado em que se encontra. Neste estado, a pessoa ainda acredita em Sua Providência.
  2. Quando a pessoa chega a um estado onde não pode mais prevalecer e diz que todo sofrimento e dores que sente acontecem porque o Criador enviou para que tenha um motivo para subir de nível, ela entra num estado de heresia. Isto acontece porque ela não pode crer em Sua Providência, e naturalmente não pode orar.x

Segue-se que existem dois tipos de sombras. E este é o significado de, “e as sombras fogem,” ou seja, que as sombras fugirão do  mundo.

A sombra da Klipá (Casca) é chamada “Outro deus é estéril e não produz fruto”. No entanto, a sombra de Kedushá (Santidade) é chamada “Sob esta sombra eu me sentei em deleite e, seu fruto foi doce ao meu paladar”. Em outras palavras, ela diz que todos os ocultamentos e aflições que sente acontecem porque o Criador lhe enviou estas situações para que pudesse ter espaço para trabalhar acima da razão.

E quando a pessoa tem força para dizer aquilo, ou seja, que é o Criador que lhe causa tudo aquilo, isto lhe é para benefício. Quer dizer que através disto ela  pode iniciar o trabalho com a finalidade de doar e não para se beneficiar. Naquele momento ela percebe, quer dizer, acredita que o Criador gosta especificamente deste trabalho, que é construído inteiramente acima da razão.

Assim, a pessoa não ora ao Criador para que as sombras fujam do mundo. Preferivelmente, ela diz, “Vejo que o Criador quer que eu O sirva desta maneira, inteiramente acima da razão”. Por isso, em tudo que faz, ela diz, “Certamente, o Criador gosta desse trabalho, então porque devo me importar se eu trabalho num estado de ocultamento da Sua face? Afinal, a pessoa quer trabalhar com a finalidade de doar, para que o Criador desfrute. Portanto, não se sente rebaixada nesse trabalho, quer dizer uma sensação de que está em estado de ocultamento da Face, que o Criador não desfruta de seu trabalho. Pelo contrário, ela concorda com a liderança do Criador, e concorda de todo o coração, que Ele quer que ela sinta Sua existência durante o trabalho. Isto acontece porque ela não considera  o que pode lhe dar prazer, mas considera o que agrada o Criador. Por isso, essa sombra lhe traz vida.

Isto é chamado, “Sob sua sombra me deleitei”, ou seja, ela deseja ardentemente tal estado onde possa fazer alguns avanços acima da razão. Assim, se ela não se empenhar num estado de ocultamento, onde ainda há espaço para orar para que o Criador Se aproxime, e se é negligente nisso, então lhe é enviado um segundo ocultamento no qual ela não pode nem mesmo orar. Isto é por causa do pecado—de não se empenhar com toda sua vontade em orar ao Criador. Por essa razão, a pessoa chega a um tal estado de  rebaixamento.

No entanto, após ela chegar a este estado, obtém piedade do Alto, e novamente lhe é concedido do Alto um novo despertar. E o mesmo ciclo inicia-se mais uma vez até que finalmente ela se fortaleça em oração, e o Criador ouça sua prece, e a aproxime, e a reforme.

HÁBITO SE TORNA SEGUNDA NATUREZA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

A pessoa ao se habituar com alguma coisa, esta se torna uma segunda natureza para ela. Assim, não há nada no mundo que não possamos sentir sua existência. Isso significa que embora não tenhamos sensação alguma de tal coisa, ao nos acostumarmos a ela, ainda podemos senti-la.

Devemos saber que existe uma diferença entre o Criador e as criaturas com relação às sensações. Para as criaturas, existe aquele que sente e aquilo que é sentido, aquele que alcança e aquilo que é alcançado. Ou seja, temos aquele que sente, que está conectado a alguma realidade.

Entretanto, uma realidade sem aquele que sente constitui apenas o Criador Ele mesmo. NEle, “não existe qualquer pensamento ou percepção que seja”. Esse não é o fato com uma pessoa: toda sua existência se passa apenas através da sensação da realidade, e até mesmo a validade da realidade é avaliada unicamente  com respeito àquele que sente a realidade.

Em outras palavras, o que aquele que sente experimenta é o que ele considera como verdadeiro. Se a pessoa experimenta um gosto amargo na realidade, ou seja, ela se sente mal no estado em que se encontra, e sofre por causa daquele estado, tal pessoa é considerada má no trabalho. Isso acontece porque ela condena o Criador, visto que o Criador é chamado “o bom que faz o bem” porque Ele doa apenas bondade ao mundo. Entretanto, com relação ao sentimento daquela pessoa, ela sente que  recebeu  o oposto do Criador, ou seja, o estado em que ela está é ruim.

Portanto, devemos compreender o que está escrito (Berachot p 61), “O mundo não foi criado apenas para os completamente justos ou os completamente maus”. Isso significa o seguinte: ou a pessoa experimenta e sente um gosto bom no mundo, e assim ela justifica o Criador e diz que o Criador doa apenas bondade para o mundo, ou, se a pessoa sente e experimenta um gosto amargo  no mundo, então ela é má, visto que ela condena o Criador.

Acontece que tudo é medido de acordo com a sensação própria da pessoa. No entanto, todas essas sensações não têm qualquer relação com o Criador, como está escrito no Poema da Unificação: “Como ela, sempre serás, nem escassez nem excesso em ti haverá”. Por conseguinte, todos os mundos e todas as mudanças existem apenas em relação aos receptores, de acordo com o indivíduo que alcança.

APOIO NA TORÁ

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Quando estamos estudando a Torá e queremos que todas as nossas ações sejam destinadas a doar, precisamos tentar sempre obter o suporte na Torá. Considera-se como suporte os atos de alimentar, que são o amor, o temor, o júbilo e o frescor. E devemos extrair tudo isso da Torá. Em outras palavras, a Torá deve nos dar esses resultados.

Não obstante, quando estudamos a Torá e não obtemos esses resultados, não se considera Torá. Isso é porque a Torá se refere à Luz velada na Torá, como nossos sábios dizem, “Eu criei a má inclinação, mas Eu criei a Torá como seu antídoto”. Isso se refere à Luz na Torá, visto que a Luz presente nela reforma tal má inclinação.

Precisamos igualmente saber que a Torá está dividida em dois discernimentos: 1-Torá, 2-Mitzvá. Na verdade, é impossível compreender estes dois discernimentos antes de ser recompensado com o trilhar o caminho do Criador, por meio de “A intimidade do Senhor é para os que o temem”. Isto é assim pois quando estamos no estado de preparação para entrar no Palácio do Senhor, é impossível compreender o Caminho da Verdade.

No entanto, é possível dar um exemplo, que até uma pessoa no período de preparação pode de alguma forma compreender. Está escrito (Sutah 21), “Rabi Yosef disse, ‘Um Mitzvá protege e salva enquanto praticado, etc. A Torá protege e salva tanto quando praticada e quando não praticada.’”

“Quando praticada” significa quando temos alguma Luz. Podemos usar esta Luz que obtivemos apenas enquanto a Luz ainda se encontrar em nós, pois agora estamos em alegria, dado que a Luz brilha para nós. Isto é discernido como um Mitzvá, isto é que não fomos recompensados com a Torá, mas despertamos uma  vida de Kedushá (santidade) a partir da Luz.

Isto não é assim com a Torá: quando alcançamos certo caminho no trabalho, podemos usar o caminho que alcançamos mesmo quando não o praticando, isto é, quando não estamos empenhados nele, ou seja, mesmo quando ainda não temos a Luz. Isto é assim pois apenas a luminescência nos abandonou, ao passo que podemos usar o caminho que tivermos alcançado no trabalho mesmo quando a luminescência tiver nos abandonado.

Ainda, devemos também saber que quando praticado, um Mitzvá é maior que a Torá quando não praticada. “Quando praticada” significa que agora  recebemos a Luz, que é chamada “praticada”, quando recebemos a Luz nela.

Consequentemente, enquanto temos a Luz, um Mitzvá é mais importante que a Torá quando não temos Luz, quando não há motivação da Torá. Por um lado, a Torá é importante pois podemos usar o caminho que adquirimos na Torá. Contudo, é sem a vitalidade, chamada “Luz”. E no momento de nos empenhar num Mitzvá, recebemos a vitalidade, chamada “Luz”. Neste respeito, um Mitzvá é mais importante que a Torá.

Então, quando não temos nutrição, somos considerados “maus”. Isto é porque agora não podemos dizer que o Criador governa o mundo numa conduta de “Bom que Faz o Bem”. É considerado que somos maus, pois condenamos nosso Criador, visto que agora sentimos que não temos vitalidade, e não temos nada com que nos alegrarmos para que possamos dizer que agora estamos gratos pelo Criador, por derramar sobre nós deleite e prazer.

Não podemos dizer que acreditamos que o Criador governa a Sua Providência com os outros benevolentemente, dado que compreendemos o caminho da Torá como uma sensação nos órgãos. Se não sentimos deleite e prazer, o que nos serve que outra pessoa esteja experimentando sensações de deleite e  prazer?

Se tivéssemos verdadeiramente acreditado que a Providência é revelada como benevolência ao nosso amigo, tal fé nos deveria ter trazido deleite e prazer por acreditar que o Criador governa o mundo numa orientação de deleite e prazer. E se isto não nos trás motivação e alegria, qual é o beneficio em dizer que o Criador verdadeiramente cuida do nosso amigo com uma orientação de  benevolência?

O mais importante é o que sentimos no nosso próprio corpo—seja bom ou mau. Desfrutamos do prazer do nosso amigo apenas se desfrutarmos do beneficio  do nosso amigo. Em outras palavras, aprendemos apenas pela sensação do corpo, independentemente das razões. O que é mais importante é apenas se nos sentimos bem.

Nesse estado, dizemos que o Criador é “bom e faz o bem.” Se nos sentimos mal, não podemos dizer que o Criador se comporta para conosco na forma do bom que faz o bem. Então, precisamente se desfrutamos da felicidade do nosso amigo, e recebemos ânimo e alegria disso, então podemos dizer que o Criador é um bom governante. Se não temos alegria, nos sentimos mal. Então, como podemos dizer que o Criador é benevolente?

Desta forma, tudo segue o estado em que nos encontramos. Se não temos qualquer motivação ou alegria, estamos num estado de não ter amor pelo Criador, nenhuma habilidade para justificar o seu Senhor, e nenhuma alegria, como seria adequado para quem serve um grande e importante rei.

E devemos saber que a Luz Superior está num estado de completo repouso.  E qualquer expansão dos Nomes Sagrados ocorre através dos inferiores. Em outras palavras, todos os nomes que a Luz Superior tem, vêm da realização dos inferiores. Isto significa que a Luz Superior recebe seu nome de acordo com as realizações deles. Colocando-o de modo diferente, damos os nomes à Luz de acordo com a maneira como a alcançamos, de acordo com a nossa sensação.

Se não sentimos que o Criador nos dá tudo, que nome podemos dar ao Criador se não recebemos uma coisa dEle? Em vez disso, quando acreditamos no Criador, todo e cada estado que sentimos, dizemos que vem do Criador. E de acordo com o nosso sentimento, damos nome ao Criador.

Então, se nos sentimos bem no estado em que nos encontramos, dizemos que o Criador é chamado “Benevolente”, dado que isso é o que sentimos—que recebemos bondade dEle. Nesse estado, somos chamados Tzadik (Justos), dado que nós Matzdik (justificamos) nosso Criador.

E se nos sentimos mal no estado em que nos encontramos, não podemos dizer que o Criador nos envia o bem. Portanto, nesse estado, somos chamados Rashá (Maus), visto que nós Marshia (Condenamos) nosso  Criador.

Contudo, não há tal coisa como estado intermediário, quando dizemos que nos sentimos tanto bem e mal no nosso estado. Em vez disso, estamos ou felizes ou infelizes.

Os nossos sábios escreveram (Berachot 61), “O mundo não foi criado…mas para os completos cruéis, ou para os completos justos.” Isto é assim pois não há tal coisa como se sentir bem e mal  simultaneamente.

Quando os nossos sábios dizem que não há estado intermediário, significa que com as criaturas, que têm um discernimento de tempo, você pode dizer “intermediário” sobre dois tempos, um depois do outro, pois aprendemos que há a questão de ascensões e descidas. Há dois tempos: por vezes somos cruéis, e outras somos justos. Mas num único momento, se sentir bom e mau simultaneamente, isto não existe.

Segue-se que quando disseram que a Torá é mais importante que um Mitzvá, é precisamente num momento em que não nos empenhamos nela, quando não temos qualquer vitalidade. Então a Torá é mais importante que um Mitzvá, que não tem qualquer vitalidade.

Isto é assim pois não podemos receber coisa alguma de um Mitzvá, que não tem qualquer vitalidade. Mas com a Torá, ainda tem um caminho no trabalho do qual tínhamos recebido enquanto praticávamos a Torá. Embora a vitalidade tenha saído, o caminho ainda permanece em nós, e podemos usá-lo. E há um tempo em que um Mitzvá é mais importante que a Torá: quando há vitalidade no Mitzvá e nenhuma vitalidade na Torá.

Então, quando não praticada, quando não temos qualquer vitalidade ou alegria no trabalho, não temos outro conselho a não ser a oração.   Todavia, durante a oração, devemos saber que somos maus pois não sentimos o deleite e prazer que existem no mundo, embora calculemos que possamos acreditar que o Criador nos dá apenas bondade.

Ainda assim, nem todos os nossos pensamentos são verdadeiros no caminho do trabalho. No trabalho, se o pensamento leva a ação, isto é, uma sensação nos órgãos, para que os órgãos sintam que o Criador é benevolente, os órgãos devem receber vitalidade e alegria de tal sensação. E se não temos qualquer vitalidade, de que nos servem todos os cálculos se agora os órgãos não amam o Criador pois Ele lhes concede abundância?

Então, devemos saber que se não temos qualquer vitalidade ou alegria no trabalho, é um sinal de que somos cruéis, pois estamos infelizes. Todos os cálculos são falsos se eles não levarem a uma ação, uma sensação nos órgãos que ama o Criador porque ele outorga deleite e prazer para as criaturas.

LISHMÁ É UM DESPERTAR DE CIMA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Não está em nossas mãos compreender como somos recompensados com Lishmá (em Nome Dela). Isso ocorre porque a mente humana não é capaz de apreender como tal coisa é possível no mundo. Isto deve-se ao fato de que temos acesso a tal compreensão apenas se nos ocuparmos com a Torá e com as Mitzvot, alcançando assim algo de fato. A existência de auto-gratificação se faz necessária, pois, caso contrário, não somos capazes de realizarmos coisa  alguma.

Em vez disso, Lishmá é uma iluminação que vem do Alto, e unicamente alguém que a tenha experimentado pode saber e compreender. Está escrito sobre isso, “Provai e vede como o Senhor é bom”.

Portanto, devemos compreender porque precisamos buscar conselho e orientação sobre como alcançarmos Lishmá. Afinal, nenhum conselho irá nos ajudar, e se Deus não nos conceder a outra natureza, chamada “o Desejo de Doar” nenhum esforço nos será de ajuda no alcance de Lishmá.

A resposta é, como nossos sábios disseram (Avot, 2:21), “Não cabe a você completar o trabalho, e você não está livre para deixar de fazê-lo”. Isso significa que devemos ativar o despertar de baixo, visto que isso é discernido como uma oração.

Uma oração é considerada uma deficiência, e sem uma deficiência não há realização. Dessa forma, quando temos uma necessidade por Lishmá, a realização  vem do Alto, e a resposta à oração vem do Alto, a saber, recebemos a realização para nossa necessidade. Verifica-se portanto que nosso trabalho se faz necessário para o recebimento de Lishmá a partir do Criador unicamente na forma de uma deficiência e de um Kli (Vaso). Contudo, jamais podemos obter a realização sozinhos; inversamente, trata-se de uma dádiva vinda do  Senhor.

No entanto, a oração deve ser plena, originada no fundo do coração. Isso significa que sabemos com toda certeza que não existe ninguém no mundo que possa nos ajudar, exceto o próprio Criador.

Porém, como sabemos que não existe ninguém que possa nos ajudar, exceto o próprio Criador? Podemos adquirir essa conscientização precisamente, se tivermos empregado todas as nossas forças disponíveis para alcançarmos Lishmá, e tal tentativa tiver sido em vão. Por conseguinte, devemos envidar todos os esforços possíveis para sermos recompensados com “para o Criador”. Então, podemos orar do fundo do nosso coração, e assim o Senhor ouvirá nossa  prece.

Não obstante, devemos saber que quando nos esforçamos para alcançar Lishmá, devemos nos comprometer a trabalhar exclusivamente para doar, de forma plena, a saber, apenas doar e não receber coisa alguma. Só então, começamos a ver que nossos órgãos físicos não concordam com essa  ideia.

A partir dai, podemos chegar à clara conscientização de que não dispomos de nenhum outro conselho, exceto colocar nossa queixa diante do Senhor para que Ele nos ajude, de forma que o corpo possa concordar em se render a Ele incondicionalmente, posto que vemos que não somos capazes de persuadir nossos corpos a se anularem de forma completa. Acontece que precisamente quando vemos que não existe razão para esperarmos que nossos corpos, por si mesmos, irão concordar em trabalhar para o Criador, nossa oração pode brotar do fundo do coração, e então essa súplica será aceita.

Devemos saber que ao alcançarmos Lishmá, levamos a má inclinação para a morte. A má inclinação é o desejo de receber, e a obtenção do desejo de doar impede que o desejo de receber seja capaz de fazer alguma coisa. Isso é considerado colocá-  lo em estado de morte, pois ele fica desprovido de sua função; e não tem nada mais  a fazer, pois não o usamos mais. E quando a má inclinação é destituída de sua função, considera-se que a colocamos no estado de  morte.

E quando contemplamos, “Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho… debaixo do sol”, perceberemos que não é tão difícil nos escravizarmos em Seu Nome, por duas razões:

  1. Em todo caso, voluntária ou involuntariamente, devemos fazer esforços neste mundo, e que obtemos de todos os esforços que tivermos feito?
  2. Todavia, se trabalharmos Lishmá, receberemos prazer durante o trabalho também.

Isso está de acordo com o provérbio do Sayer de Dubna sobre o verso, “Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel”. Ele disse que isso é como um homem rico que saiu do trem com uma mala pequena.  Ele a colocou no lugar onde todos os negociantes colocavam suas bagagens para que os carregadores as levassem para o hotel onde os negociantes ficavam. O carregador pensara que o negociante certamente levaria uma mala pequena ele próprio, já que não seria necessário um carregador para isso, então o carregador levou um grande pacote para o hotel.

O negociante quis pagar um pequeno valor ao carregador, como sempre o fez, para aquela pequena mala. Porém, o carregador não quis recebê-lo, e disse, “Coloquei uma grande mala no depósito do hotel; mal pude carregá-la, e isso me deixou exausto, e você quer me pagar tão pouco por  isso?”

A lição é que quando uma pessoa vem e diz que se esforçou muito para manter a Torá e as Mitzvot, o Senhor lhe responde, “Contudo tu não me invocaste   a mim, ó Jacó”. Em outras palavras, não foi minha bagagem que você carregou, mas  a bagagem de outra pessoa. Se você está afirmando que se esforçou muito com a Torá e as Mitzvot, deve ter tido um outro senhor para o qual trabalhou, então a pessoa deve ir até ele para receber seu pagamento.

Isto é o que significa, “mas te cansaste de mim, ó Israel”. Em outras palavras, aquele que trabalha para o Criador não tem trabalho, pelo contrário, tem prazer e estado de espírito elevado.

Entretanto, aquele que trabalha por outro propósito não pode chegar ao Criador com reclamações de que Ele não lhe dá vitalidade no trabalho, já que a pessoa não trabalha para o Criador, para o Senhor lhe pagar pelo trabalho. Ao invés disso, a pessoa deve reclamar às pessoas para as quais trabalhou para que estas lhe administrem prazer e vitalidade.

E como há muitos propósitos em Lo Lishma (Não em Nome Dela), a pessoa deve exigir do objetivo pelo qual trabalhou, que lhe dê a recompensa, a saber, prazer e vitalidade. É dito sobre elas, “Aqueles que as fazem sejam iguais a elas; de fato, que cada um confia nelas”.

No entanto, de acordo com isso, é desconcertante. Afinal de contas, vemos que, mesmo quando uma pessoa toma para si o fardo do Reino dos Céus, sem qualquer outra intenção, ela ainda não sente alguma motivação, para dizer que esta motivação obriga-a a tomar sobre si o fardo do Reino dos Céus. E a razão é que tomar sobre si este fardo é somente por causa da fé acima da  razão.

Em outras palavras, a pessoa o faz por coerção, sem desejo de fazê-lo. Assim, podemos perguntar, “Por que sentimos fadiga nesse trabalho, como o corpo constantemente buscando um momento em que possa se livrar dele, visto que não sentimos qualquer motivação no trabalho?” E quando trabalhamos em silêncio, e temos como único objetivo trabalhar a fim de doar, por que o Criador não nos concede sabor e vitalidade no trabalho?

A resposta é que devemos saber que isso é uma grande correção. Se tal não tivesse acontecido, se a Luz e a motivação tivessem iluminado logo que tivéssemos começado a assumir o fardo do Reino dos Céus, teríamos imediata motivação no trabalho. Em outras palavras, o desejo de receber teria cedido a esse trabalho também.

E por que teria anuído? Certamente, porque tal desejo quer satisfazer seu apetite, a saber, trabalhar para seu próprio benefício. Caso tal tivesse ocorrido, jamais teria sido possível alcançar Lishmá, visto que seríamos obrigados a trabalhar pelo nosso próprio benefício, pois sentiríamos maior prazer no trabalho de Deus do que nos desejos corpóreos. Consequentemente, teríamos que permanecer em Lo Lishma, visto assim que teríamos tido satisfação no trabalho. Onde não há satisfação, não podemos fazer coisa alguma, pois sem lucro, não podemos trabalhar. Verifica-se portanto que se recebêssemos satisfação neste trabalho de Lo Lishma, teríamos que permanecer naquele estado.

Isso é parecido com o que as pessoas costumam dizer, que quando se corre atrás de um ladrão para pegá-lo, o ladrão, também, corre e grita, “Pega ladrão”. Logo, é impossível dizer quem é o verdadeiro ladrão, pegá-lo e restituir o produto do roubo.

No entanto, quando o ladrão, ou seja, o desejo de receber, não sente qualquer gosto e motivação no trabalho de aceitar o fardo do Reino dos Céus, se neste caso a pessoa trabalha com fé acima da razão, coercivamente, e o corpo se torna habituado a esse trabalho contra a vontade do desejo de receber, então a pessoa tem os meios pelos quais chegar a um trabalho que vai ter como propósito levar contentamento ao Criador.

Sucede dessa forma porque a exigência principal para uma pessoa é alcançar Dvekút (Adesão) com o Criador através do trabalho dela, o que é discernido como Similaridade de Forma, onde todas as intenções da pessoa são direcionadas ao doar.

É como está expresso no verso, “então você terá no Senhor a sua alegria”. O significado de “Então” é “antes”, que no começo do nosso trabalho, não havia prazer. Inversamente, nosso trabalho é coercitivo.

Contudo, mais tarde, quando tivermos nos acostumado a trabalhar a fim de doar, e não atentarmos para nós mesmos—se estivermos sentindo prazer no trabalho—mas acreditamos que estamos dando contentamento ao nosso Criador através do nosso trabalho. E devemos acreditar que o Senhor aceita o trabalho dos mais desprovidos, sem levar em consideração como e quanto é a forma do trabalho deles. Em tudo, o Criador examina apenas a intenção, e se isso traz contentamento para Ele. Então somos agraciados com o “você terá no Senhor a sua alegria”.

Até mesmo durante o trabalho de Deus, sentiremos deleite e prazer, visto que agora realizamos realmente trabalho para o Criador, pois que os esforços que empreendemos durante o trabalho coercitivo nos qualificam e nos habilitam para o verdadeiro trabalho para o Criador. Então, você descobre que o prazer que recebemos se relaciona ao Criador também, a saber, especificamente para o Criador.

A RAZÃO DO PESO NO TRABALHO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Precisamos conhecer a razão para a existência do peso sentido quando queremos trabalhar para anular o nosso “ego” diante do Criador, e não nos importamos com nosso próprio interesse. Chegamos a um estado como se o munto inteiro estivesse inerte, e sozinhos estivéssemos agora aparentemente ausentes do mundo, e deixássemos nossa família e amigos em prol da  anulação diante do Criador.

Existe apenas uma razão para isso, chamada “falta de fé”. Isso implica que não vemos diante de quem estamos nos anulando, significando que não sentimos a existência do Criador, e isso nos causa tal peso.

Entretanto, quando começamos a sentir a existência do Criador, nossa alma imediatamente anseia para ser anulada e conectada à raiz, para ser contida nela como uma vela numa tocha, sem qualquer preocupação ou razão. Contudo, isso nos ocorre de forma natural, como uma vela é anulada diante de uma  tocha.

Assim, segue que a essência do nosso trabalho é unicamente alcançar aquela sensação da existência do Criador, sentir a existência do Criador, que “a terra inteira está cheia da sua glória”. Nisso consistirá todo o nosso trabalho, ou seja, todo o vigor que depositamos no trabalho será unicamente a fim de alcançarmos tal meta, e não qualquer outra coisa.

Não devemos nos deixar desviar com vista a adquirir qualquer outra coisa. Inversamente, existe apenas algo de que carecemos, a saber, fé no Criador. Não devemos pensar em coisa alguma, ou seja, a única recompensa desejada para nosso trabalho deve ser a concessão de fé no Criador.

Sabemos que não há diferença alguma entre uma pequena iluminação e uma grande iluminação, a qual adquiramos. Isso ocorre porque não há mudanças na Luz. Ao invés disso, todas as mudanças ocorrem nos vasos que recebem a abundância, como está escrito, “eu, o Senhor, não mudo”. Por conseguinte, se pudermos magnificar nossos vasos, até aquele ponto magnificaremos  a luminescência.

Porém, a pergunta é, “Com o que podemos magnificar nossos vasos?” A resposta é, “Na medida em que louvemos e demos graças ao Criador por Ele nos ter aproximado dEle, assim podemos senti-lO um pouco e considerarmos a importância do fato, ou seja, que fomos recompensados com alguma conexão com o Criador”.

Quanto mais valor atribuirmos à importância que tal conexão tem para nós mesmos, crescerá, de forma proporcional, em nós mesmos, a medida da luminescência. Devemos saber que jamais saberemos a verdadeira medida da importância da conexão entre o homem e o Criador, porque não podemos avaliar seu verdadeiro valor. Em vez disso, quanto mais apreciarmos tal conexão, perceberemos seu mérito e importância. Existe uma força nisso, pois assim podemos ser recompensados em ter essa iluminação de forma  permanente.

DIVINDADE NO EXÍLIO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito que “não há ninguém além do Criador”, o que significa que não há nenhum poder no mundo capaz de fazer alguma coisa contra Sua Vontade. E se o homem vê que há coisas neste mundo, que negam o domínio do Alto, é porque Ele quer assim.

E considera-se uma correção, chamada “a esquerda rejeita e a direita acrescenta”, significando que aquilo que o lado esquerdo rejeita é considerado uma correção. Isso significa que há coisas no mundo, que por princípio estão destinadas  a desviar a pessoa do caminho correto, e mantê-la  distanciada da santidade.

O benefício dessas rejeições é que através delas a pessoa recebe a real necessidade e um completo desejo pela ajuda de Deus, pois vê que de outra forma está perdida. Não apenas ela não progride em seu trabalho, como vê ainda que regride, e que lhe falta a força para sequer observar a Torá e as Mitzvot, mesmo em  Lo Lishmá (que não seja em Seu nome). Porque somente se superar genuinamente todos os obstáculos, acima da razão, ela pode observar a Torá e as Mitzvot. Mas nem sempre ela tem a força para ir acima da razão, porque se ocorresse o contrário, Deus proíba, ela seria forçada a se desviar do caminho do Criador, mesmo de Lo Lishmá (não em Seu nome).

A pessoa sempre sentiu que o fragmento é maior que o total, o que significa que há mais descidas que ascensões. Ela não vê uma finalidade para esses apuros, e sempre se sente excluída da santidade, porque vê que é difícil para ela observar até mesmo uma insignificância, se não agir acima da razão, mas nem sempre ela é capaz de agir assim. E qual será o fim de tudo isso?

Então essa pessoa entende que ninguém pode ajudá-la, a não ser o próprio Deus. Isso faz com que ela dirija um pedido sincero ao Criador para que abra seus olhos e coração, e a aproxime da eterna adesão a Deus. Ela compreende, então, que todas as rejeições que ela experimentou vieram do Criador.

Isso significa que as rejeições que ela experimentou não aconteceram por sua culpa, ou por que não era capaz de prosseguir, mas sim porque essas rejeições são para aqueles que verdadeiramente querem se aproximar de Deus. E para que essa pessoa não se satisfaça com apenas um pouco, mais precisamente, para que não permaneça como uma criança sem conhecimento, ela recebe ajuda do Alto, de modo a que não seja capaz de dizer que “graças a Deus, eu tenho Torá e Mitzvot e pratico boas ações, e portanto, o que mais eu poderia pedir?”

Só se essa pessoa tiver um verdadeiro desejo, ela receberá ajuda do Alto. E lhe são mostradas constantemente as suas faltas no estado presente, isto é, são-lhe enviados pensamentos e opiniões que trabalham contra seus esforços. Isto é para  que ela veja que ela não está unificada a Deus. E quanto mais ela supera, mais percebe o quão longe da santidade ela se encontra, por comparação aos outros, que se sentem unificados a Deus.

Mas essa pessoa, por outro lado, sempre tem suas queixas e exigências, e não consegue justificar o comportamento do Criador, nem o modo como Ele age com relação a ela. E isso vai lhe provocando dor, porque ela não se sente unificada ao Senhor, até que chegue a sentir que não tem participação nenhuma na santidade.

A pessoa sempre deve tentar se aproximar do Criador, isto é: tentar fazer com que todos os seus pensamentos se refiram a Ele. Isso quer dizer que mesmo que ela esteja no pior estado, do qual não possa haver uma grande queda, ela não deve abandonar Seu domínio, isto é, não deve pensar que há outra autoridade que o afaste de entrar na santidade, e que tenha o poder de beneficiar ou ferir.

Portanto a pessoa não deve pensar que é o poder da Sitra Achra (Outro Lado), que não lhe permite praticar boas ações e seguir os caminhos de Deus, mas sim, que tudo isso é determinado pelo Criador.

Como dizia o Baal Shem Tov, aquele que afirmar que há outro poder no mundo, isto é, Klipót (cascas), está num estado em que “serve a outros deuses”, ainda que não pense, necessariamente, em cometer o pecado da heresia; mas se ele pensa que há outra autoridade e força, que não o Criador, desse modo ele está cometendo um pecado.

Além disso, aquele que diz que o homem tem sua própria autoridade, ou seja, aquele que diz que ontem ele mesmo não quis seguir os caminhos de Deus, esse também se considera como tendo cometido o pecado de heresia. Isso significa que ele não acredita que somente o Criador conduz o  mundo.

Quando a pessoa comete um pecado, certamente deve se lamentar por isto e se arrepender por tê-lo cometido, mas aqui também nós devemos colocar a dor e a lástima na ordem correta: aquilo a que ela atribuir a causa do pecado, é nesse ponto que ela deve se arrepender.

A pessoa então deve se arrepender e dizer: “eu cometi esse pecado porque o Criador me lançou abaixo da santidade, em um lugar imundo, no lavatório, onde está a imundície”. Isso é o mesmo que dizer que o Criador lhe deu um desejo e um apetite por se divertir e respirar o ar de um lugar malcheiroso. (E também se pode dizer, como está nos livros, que às vezes o homem encarna no corpo de um porco, e então ele recebe um desejo e o apetite por manter-se com coisas que ele já teria decidido que eram lixos, mas agora ele novamente quer se reavivar com elas).

E também, quando a pessoa sente que está em um estado de ascensão, e sente algum prazer no trabalho, ela não deve dizer: “agora eu estou em um estado em que compreendo que é valioso servir a Deus”. Melhor seria que soubesse que agora o Senhor a notou, e por isso a atraiu para Si, o que é a razão pela qual ela sente prazer no trabalho. Ela deve tomar o cuidado de nunca abandonar o domínio da santidade, nem dizer que há outra força operando, além do Criador. (Mas isso significa que a questão de encontrar favor aos olhos do Senhor, ou o oposto, não depende do homem, mas sim, que tudo depende de Deus. E o homem com sua mente superficial, não consegue compreender por que o Senhor agora gosta dele e após, não gostará).

igualmente quando a pessoa lamenta que o Criador não a traz para perto,  ela também deveria ter cuidado para não se queixar por ter sido distanciada do Criador, pois fazendo assim ela se torna um recipiente para seu próprio benefício, e aquele que recebe é separado do Criador. Melhor seria que ela lamentasse o exílio da Shechiná (Presença Divina), isto é, por infligir tristeza à Presença  divina.

A pessoa deveria tomar como exemplo a ocasião em que algum pequeno órgão está dolorido. A dor é sentida principalmente no coração e na mente, que são a generalidade do homem. E certamente a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da completa estatura da pessoa, onde a maior parte da dor é sentida.

Igualmente é a dor que a pessoa sente quando ela é distanciada do Senhor,  já que o homem é apenas um órgão da Santa Shechiná, pois a Santa Shechiná é a alma de Israel em geral. Assim a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da dor em geral. Isso significa que a Shechiná lamenta que haja partes dela mesma que estejam distanciadas, e que ela não pode ajudar.

(E esse pode ser o significado das palavras: “quando o homem lamenta, a Shechiná diz: isto está mais leve que a minha cabeça”). E se o homem não relaciona   a ele mesmo a tristeza de estar distanciado de Deus, ele é salvo de cair na armadilha do desejo de receber para si mesmo, que é a separação  da santidade.

O mesmo se aplica quando alguém se sente um tanto mais próximo da santidade. Quando ele está feliz de ter merecido favor aos olhos do Senhor, ele precisa dizer que o centro de sua alegria é que agora há alegria na Santa Shechiná, por ter conseguido trazer seu próprio órgão para mais perto, e não rejeitá-lo.

E o homem se alegra por ter sido dotado com a capacidade de agradar à Shechiná. Do mesmo modo, a alegria que um indivíduo sente, é apenas uma parte da alegria que o total sente. E através desses cálculos ele perde seu individualismo, e evita cair na armadilha do Outro Lado, que é o desejo de receber para si mesmo.

Todavia, o desejo de receber é necessário, pois é isso o que constitui uma pessoa, e nada existe numa pessoa além do desejo de receber que lhe é atribuído pelo Criador. De qualquer forma, o desejo de receber prazer deve ser corrigido para adquirir a forma de doação.

Isso quer dizer que o prazer e a alegria, sentidos pelo desejo de receber, devem ter a intenção de transmitir prazer ao Alto, em razão do prazer que acontece abaixo. Pois esse foi o propósito da criação, de beneficiar Suas criações. E isso é chamado à alegria da Shechiná acima.

Por essa razão, o homem deve buscar conselho sobre como ele pode causar prazer acima. E certamente, se ele recebe prazer, o prazer será sentido acima. Assim, ele deve ansiar por estar sempre no palácio do Rei, e por ter a capacidade de lidar com os tesouros do Rei. E isso certamente causará prazer acima. Conclui-se que seu inteiro anseio deve ser em prol do Criador.

Cabala Para o Estudante

Rav Yehuda Ashlag, Rav Baruch Ashlag

Os maiores Cabalistas contemporâneos, Rav Yehuda Ashlag, e seu filho e sucessor, Rav Baruch Ashlag, dão respostas válidas para a questão mais fundamental da vida: Qual é o sentido da minha vida? Com base nas suas interpretações de O Livro do Zohar, e A Árvore da Vida, agora podemos aprender e nos beneficiarmos da sabedoria da Cabalá em uma base diária.

Além de textos autênticos desses grandes Cabalistas, este livro oferece ilustrações que retratam fielmente a evolução dos Mundos Superiores como os Cabalistas os experimentam, bem como vários ensaios úteis para melhorar a nossa compreensão dos textos.

No livro Cabalá para o Estudante, Rav Michael Laitman, PhD, assistente pessoal do Rav Baruch Ashlag e estudante privilegiado, compilou todos os textos necessários para um estudante de Cabalá para alcançar os mundos espirituais. Em suas aulas diárias, Rav Laitman baseia seus ensinamentos nesses textos inspiradores, ajudando os novatos e veteranos entenderem melhor o caminho espiritual que realizamos em nossa jornada fascinante para os reinos mais superiores.

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Índice de Conteúdos

TEMPO PARA ATINGIR A ESPIRITUALIDADE

ATINGINDO A ESPIRITUALIDADE

SOCIEDADE COMO UMA CONDIÇÃO PARA ATINGIR A ESPIRITUALIDADE

ESTÁGIOS DE ATINGIMENTO

A EVOLUÇĂO DOS MUNDOS