Posts

O TRABALHO É O MAIS IMPORTANTE

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Meu querido filho, Baruch Shalom,

Eu recebi tua carta e felicito-te pela Semichá (ordenação rabínica) que obtiveste. Esta foi à primeira parede que bloqueava teu caminho de avançar. Eu espero que deste dia em frente venhas a ser bem sucedido e avance de força em força, até que entres no Palácio do Rei.

Eu gostaria que obtivesses outra Semichá, mas deste dia em frente, apresse-te para passar a maior parte do tempo preparando teu corpo para reunir força e coragem “como um boi para o fardo e um burro para a carga” de forma a não perder mesmo um único momento.

E caso perguntes, “Onde está esta preparação?” Eu te direi que no passado, era necessário obter todos os sete ensinamentos seculares e atravessar terríveis autotormentos antes de alcançar o Criador. Contudo, não muitos foram recompensados com o favorecimento do Criador. Mas dado que fomos recompensados com os ensinamentos do Ari e o trabalho do Baal Shem Tov, está verdadeiramente ao alcance de todos, e nenhuma preparação adicional é requerida.

Caso teus pés trilhem sobre esses dois, e com a misericórdia de Deus sobre mim, eu fui favorecido por Ele, e eu os recebi com ambas minhas mãos, e minha mente é tão próxima a ti como um pai é próximo ao seu filho. Eu certamente as passarei a ti quando fores digno de receber boca a  boca.

Mas o mais importante é o trabalho, desejar labutar no Seu trabalho. Isto é porque o trabalho comum não conta nada, mas apenas os pedaços que estão além  do comum, que são chamados “trabalho”. É como uma pessoa que precisa de um quilo de pão para saciação – toda a sua refeição não é considerada uma refeição saciatória, exceto o último pedaço do quilo. Esse pedaço, por toda a sua pequenez, faz a refeição saciatória. Similarmente, por cada trabalho, o Criador retira apenas o excesso além do comum, e estes se tornarão as Otiyot (letras) e os Kelim (vasos) para   a recepção da Luz da Sua face.

O SENHOR É TUA SOMBRA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

O Baal Shem Tov deu um claro sinal para saber quanto o Criador está brincando consigo – ao examinar o seu coração e ver o quanto a pessoa está brincando com o Criador. Assim são todos os assuntos, por meio de “o Senhor é tua sombra”.

Então, o que ainda sente alguma diferença entre “conhecer” e “acariciar” ainda precisa unir o coração. Isto é assim, pois da perspectiva do Criador, eles são um e o mesmo, e o Criador habita verdadeiramente no coração de todos de Israel. Isto é assim da Sua perspectiva. Então, de que precisamos? Apenas de conhecê-lo. A consciência muda e a consciência completa, e este é significado de “o Senhor é tua sombra”.

UMA ALEGORIA SOBRE O FILHO DO HOMEM RICO NO PORÃO

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Pelo visto devemos ser precisos com a palavra Teshuvá (arrependimento/retorno); que deveria ter sido chamada “completude” – que tudo é predeterminado e cada alma já se encontra na sua mais alta Luz, beneficio e  eternidade.

Foi apenas pelo Nahama de Kissufa (pão da vergonha) que a alma surgiu no segredo das restrições, até que vestisse o corpo obscuro, e apenas através do próprio mérito ela retorna à sua raiz anterior à restrição. E sua recompensa é por meio de todo o terrível caminho que atravessou, que a real recompensa é a verdadeira Dvekút. Isto significa que se livrou do pão da vergonha, dado que seu vaso de recepção foi invertido em vaso de doação e sua forma é igual ao seu  Criador.

Agora você compreende que se a descida é pelo propósito de ascensão ela é considerada como ascensão e não como descida. E certamente, a descida em si é a ascensão, dado que as próprias letras da oração estão cheias de abundância, enquanto que com uma curta oração a recompensa fica aquém pois lhe faltarão letras. Também, nossos sábios disseram, “Se Israel não tivesse pecado, eles apenas teriam recebido os cinco livros de Moisés e o livro de Josué”.

Ao que isto se parece? É como um homem rico que tinha um filho jovem. Um dia, o homem teve que viajar para longe por muitos anos. O homem rico temia que seu filho dispersasse suas posses imprudentemente; então, ele orquestrou um plano e trocou as suas posses por gemas e joias e ouro. Ele também construiu um porão, fundo no chão, e trancou todo o seu ouro e joias lá, juntamente com seu filho.

Então ele chamou seus servos leais e ordenou-lhes a cuidar de seu filho e não o deixar sair do celeiro até que ele tivesse vinte anos de idade. Todo o dia, lhe levavam lá abaixo a sua comida e bebida, mas sob nenhuma condição levariam abaixo fogo e velas. E deveriam também inspecionar as paredes por rachas, para que nenhuma luz do sol penetrasse. E para a sua saúde, eles o tiravam do porão durante uma hora por dia, e andavam pelas ruas com ele, mas cuidadosamente observando, para que ele não escapasse. E quando ele fizesse os vinte, eles o dariam velas e abririam uma janela e o deixariam sair.

Naturalmente, a dor do filho era imensurável, especialmente quando ele andava no exterior e via todos os jovens comendo e bebendo e rejubilando nas ruas, sem guardas e sem um tempo limitado, enquanto que ele estava aprisionado com apenas alguns momentos de luz. E se ele tentasse correr, ele seria espancado sem misericórdia. E ele ficava mais magoado e deprimido quando ele ouvia que o seu próprio pai tinha lhe trazido toda esta dor sobre ele, pois eles eram servos de seu pai, executando a ordem de seu pai. Claramente, ele pensava que o seu pai fosse o homem mais cruel de todos os tempos, pois quem alguma vez ouviu tal coisa?

No dia do seu vigésimo aniversário, os servos penduraram uma vela, como seu pai tinha ordenado. O rapaz pegou na vela e começou a examinar o que o rodeava. E o que ele viu? Sacos cheios de ouro e toda a generosidade da realeza.

Apenas então ele compreendeu seu pai – que era verdadeiramente misericordioso – e tudo o que ele tinha feito, ele o fez para seu próprio bem. E ele imediatamente percebeu que os guardas o deixariam sair da adega e ser livre. E assim ele fez; ele saiu do porão, e não haviam guardas, ou servos cruéis, e ele foi o maior de todos os homens ricos da terra.

Na verdade, aqui não há nenhuma inovação, pois se torna aparente que ele era de grande riqueza para começar, todos os seus dias, e ele apenas sentia que era pobre e indigente, e completamente miserável. E agora, num único momento, tinha- lhe sido dada imensa riqueza e elevou-se do mais profundo fosso ao mais elevado cume.

Mas quem pode compreender esta alegoria? Aquele que compreende que os “pecados” são o profundo porão e o guarda cuidadoso ao qual não irá escapar. Então, evidentemente, o porão e o olhar atento são os “méritos” e a misericórdia de seu pai sobre seu filho. Sem eles, seria impossível para ele se tornar tão rico como seu pai.

Mas os “pecados” são “verdadeiros pecados”, não “erros”, e não deve ser forçado. Ao invés, antes que volte à sua riqueza, a emoção supramencionada governa no sentido mais amplo. Mas após retornar à sua riqueza, ele vê que todas estas eram as misericórdias do pai, e não crueldade.

Devemos compreender que toda a ligação de amor entre o pai e seu único filho depende do reconhecimento do filho da misericórdia do pai por ele, no que  diz respeito ao porão, a escuridão e o olhar atento. Isto é porque o filho descobre grandes esforços e sabedoria profunda nestas misericórdias do  pai.

O Sagrado Zohar também fala sobre isso, dizendo que o que é recompensado com arrependimento, a Sagrada Divindade aparece como uma mãe de bom coração que não via a sua criança há muitos dias. E eles fizeram grandes esforços para se verem um ao outro, e como resultado, sofreram grande  perigo.

No fim, a tão esperada liberdade tinha vindo até eles, e mereceram se encontrar. E então a mãe caiu sobre ele e beijou e o confortou, falando suavemente com ele todo dia e toda a noite. Ela contou-lhe do anseio e dos perigos durante o  seu percurso, e como estava com ela desde sempre, e a Divindade não se mexeu, mas sofreu com ele em todos os lugares, apenas ele não podia  vê-la.

Estas são as palavras do Zohar: Ela diz-lhe, “Aqui nós dormimos; aqui fomos assaltados por bandidos, e fomos salvos, e aqui nos escondemos num buraco fundo”. E que tolo não compreenderia a multidão do amor, agrado, e deleite que jorra destas histórias confortantes?

Na verdade, antes de eles terem se encontrado face a face, parecia como tormentas que são mais duras que a morte. Mas com uma נגע  Néga (doença/dor), a  ע Ayin (a última letra na palavra Hebraica) está no fim da palavra. Contudo, quando falando palavras confortantes, a ע Ayin está no princípio da palavra, que é certamente ענג  Oneg (prazer).

Mas estes são dois pontos que brilham apenas assim que existam no mesmo mundo. E imagine um pai e filho que esperavam ansiosamente um pelo outro por dias e anos. No final eles encontram-se, mas o filho estava surdo e mudo, e eles não podiam brincar um com o outro. Assim, a essência do amor está nos prazeres reais.

 

A PESSOA ESTÁ ONDE PENSA

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Guarde seus pés de sofrer o abanão dum homem prematuramente, dado que “a pessoa está onde pensa”. Então, quem está certo que não lhe faltará nada, pode concentrar os seus esforços nas palavras da Torá, pois “abençoados se apegam a abençoados”.

Mas com a ausência de confiança, ele terá de labutar, e qualquer labuta é da Sitra Achra, “e o amaldiçoado não se apega ao abençoado”, dado que ele não será capaz de devotar todos os seus esforços às palavras da Torá. Mas se deseja vaguear mar além, este não deve considerar estas palavras, mas voltar à sua rotina o mais rápido possível, como se por compulsão diabólica, para que não disperse suas centelhas em tempos e locais em que ainda não estão  adequadamente unificadas.

E saiba que nenhuma falha é atribuída aos inferiores exceto num tempo e lugar que são permitidos, como é agora. Querendo dizer que se defraudar, arrepender, ou desesperar no presente momento, ele joga fora todos os tempos e todos os lugares no mundo. Este é o significado de “A ira do momento, quanto seu valor? Um momento”.

Então, não pode haver correção a uma pessoa a menos que alinhe todos os momentos presentes e futuros e os dedique ao Seu Grande Nome. E o que rejeita o presente momento, pois é duro revelar a sua tolice a todos – que todos os mundos e todos os tempos não são para ele, pois a luz da sua face não está revestida nos tempos transitórios, embora o trabalho do homem seja necessariamente alterado por eles. Por esta razão, a crença e a confiança acima da razão foram preparadas para nós por mérito de nossos sagrados patriarcas, que o homem os utiliza nos tempos difíceis sem esforço.

TRILHANDO O CAMINHO DA VERDADE

Deixe-me te escrever a respeito do pilar médio no trabalho de Deus, para que seja sempre um alvo para ti entre direita e esquerda. Isto é porque há aquele que caminha que é pior que o que se senta imóvel. É o que se desvia da estrada, pois o caminho da verdade é uma linha muito tênue que se caminha até que chegue ao palácio do Rei.

E qualquer um que comece a caminhar no princípio da linha precisa de grande cuidado para não se desviar para a direita ou para a esquerda da linha, mesmo a grossura de um fio de cabelo, mesmo que continue completamente à direita, é certo que ele não chegará ao palácio do Rei, pois não está sobre a verdadeira linha,   e esta é uma verdadeira alegoria.

Deixe-me te explicar o significado do pilar médio, que é o significado de “A Torá, o Criador, e Israel, são um”. O propósito da alma, quando ela vem até ao corpo, é de ser recompensada com retornar à sua raiz e se aderir a Ele, enquanto ainda revestida no corpo, como está escrito, “amar o Senhor teu Deus, e andar em todos os Seus caminhos, e manter os Seus mandamentos, e se aderir a Ele”. Você verá que a questão termina em “se aderir a Ele”, como foi antes de se revestir no corpo.

Contudo, grande preparação é necessária – que é andar em todos os Seus caminhos. Todavia, quem conhece os caminhos do Criador? Certamente, este é o significado de “Torá, que tem 613 caminhos”. Aquele que caminha por eles finalmente será purificado até que seu corpo não seja mais uma partição de ferro entre ele e seu Criador, como está escrito, “E eu removerei o coração de pedra de dentro de tua carne”. Então ele aderirá ao seu Criador tal como foi antes do revestimento da alma no corpo.

Acontece que existem três discernimentos:

  1. Israel é o que se esforça a si mesmo para voltar à sua
  2. O Criador, que é a raiz pela qual se
  3. Os 613 caminhos da Torá, pelos quais a pessoa purifica sua alma e São a especiaria, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como especiaria”.

Porém, estes três são na verdade um e o mesmo. No fim, qualquer servo do Criador os alcança como um, único e unificado discernimento. Eles apenas parecem estar divididos em três devido a nossa incompletude no trabalho de Deus.

Deixe-me clarificá-lo a você um pouco: você verá a sua ponta, mas não a sua totalidade, exceto quando Ele te der. É sabido que a alma é uma parte de Deus Acima. Antes que ela venha para um corpo, ela está anexada como um ramo à raiz. Veja no início de A Árvore da Vida, que o Criador criou os mundos porque Ele desejou manifestar os Seus Nomes Sagrados, “Misericordioso” e “Gracioso”, e se não houvessem criaturas, não haveria ninguém para quem ter  misericórdia.

Todavia, tanto quanto a caneta permite, como eles disseram, “Toda a Torá é apenas os nomes do Criador”. O significado da realização é que “o que não alcançamos, não definimos por um nome”. Está escrito nos livros que todos estes nomes são a recompensa das almas, compelidas a vir para dentro do corpo, e sua estatura de acordo com a sua realização.

Há uma regra: O sustento de qualquer coisa espiritual é de acordo com o mérito de conhecê-lo. Um animal corpóreo sente-se a si mesmo porque ele consiste de mente e matéria.

Este é o significado das palavras, “o Criador concede a todo e cada justo Shay (310 em Guematria) mundos”. Interpretação: a alma consiste de dois justos: Justos Superiores e Justos Inferiores, assim como o corpo é dividido do Tabúr (umbigo) para cima e do Tabúr para baixo. Então ela adquire a Torá escrita e a Torá oral, que são duas vezes Shay, sendo TaRaCh (620 em Guematria). Estas são as 613 Mitzvot da Torá e as sete Mitzvot de Rabanan (dos nossos grandes  Rabinos).

Assim, uma sensação espiritual é certo discernimento, e a estatura espiritual  é medida pela quantidade de conhecimento, como está escrito, “A pessoa é louvada de acordo com a sua mente”. Contudo, o  animal sabe; ele não sente.

Entenda a recompensa das almas: Antes que uma alma venha para um corpo, é apenas um pequeno ponto, embora anexado à raiz como um ramo a uma árvore. Este ponto é chamado “a raiz da alma e seu mundo”. Se ele não tivesse entrado neste mundo num corpo, ele teria apenas o seu próprio mundo, isto é a sua própria parcela da raiz.

Porém, quanto mais ele é recompensado com andar nos caminhos do Criador, que são os 613 caminhos da Torá que retornam para serem os próprios Nomes do Criador, mais a sua estatura cresce, de acordo com o nível dos nomes que ele alcançou.

 

Então, podemos ver que o significado dos 620 nomes, sendo as 613 Mitzvot da Torá e as 7 Mitzvot de Rabanan, são na verdade as cinco propriedades da alma, ou seja, NARANCHAY. Isto é porque os recipientes das NARANCHAY são das 620 Mitzvot acima, e as Luzes de NARANCHAY são a própria Luz da Torá em toda e cada Mitzvá. Segue-se que a Torá e a alma são um.

Está escrito na Árvore da Vida, “Os mundos foram criados apenas para revelar os nomes do Criador”. Então, vemos que desde que a alma desceu para vestir esta substância imunda, ela não podia mais se apegar à sua raiz, ao seu próprio mundo, como antes de ela vir a este mundo. Ao invés, ela deve aumentar a sua estatura 620 vezes mais do que tinha anteriormente na raiz. Este é o significado de toda a perfeição, todas as NARANCHAY até Yechidá. É por isso que Yechidá é chamada Kéter, implicando o número 620.9

Porém, o Criador é a Luz de Ein Sóf, revestida na Luz da Torá, encontrada nas 620 Mitzvot acima, como os sábios disseram, “toda a Torá é os nomes do Criador”. Isto significa que o Criador é o todo, e os 620 nomes são partes e itens. Estes itens são de acordo com os degraus e níveis da alma, que não recebe a sua Luz de uma vez, mas gradualmente, uma de cada vez.

De tudo o mencionado, descobrimos que a alma está destinada a alcançar todos os 620 Nomes Sagrados, sua estatura inteira, que é 620 mais do que tinha antes de vir. Sua estatura aparece nas 620 Mitzvot em que a Luz da Torá está revestida, e o Criador está na Luz coletiva da Torá. Então podemos ver que “a Torá, o Criador, e Israel” são realmente um.

Voltemos à questão de que, antes da completude no trabalho de Deus, a Torá, o Criador e Israel aparecem como três discernimentos. Por vezes, a pessoa deseja completar a sua alma e retorná-la à sua raiz, que é considerada “Israel”. E por vezes deseja compreender os caminhos do Criador e os segredos da Torá, “pois se não conhece os mandamentos do Superior, como O servirá?” Isto é considerado “Torá”.

E por vezes deseja alcançar o Criador, se aderir a Ele com completo conhecimento, e essencialmente se arrepende apenas disso, e não se agoniza sobre alcançar os segredos da Torá, e também não se agoniza sobre retornar a sua alma à sua origem, como era antes do seu revestimento num  corpo.

Consequentemente, o que caminha sobre a verdadeira linha da preparação para o trabalho de Deus deve sempre testar a si mesmo: Anseia ele os três discernimentos mencionados igualmente? Pois o fim da ação equaliza com o seu princípio. Se ele anseia um discernimento mais que o segundo ou o terceiro, então se desvia do caminho da verdade.

Assim, é melhor você se assegurar na meta de ansiar pelo mandamento do Superior, pois “o que não conhece os caminhos do Superior e os mandamentos do Superior, que são os segredos da Torá, como O servirá?” Entre todos os três, isto é o que garante mais a linha do meio.

Este é o significado de, “Abre para mim uma abertura de arrependimento, assim como uma ponta de agulha, e eu te abrirei os portões onde carroças e carruagens entram”. Interpretação: a abertura de uma ponta de agulha não é para entrada e saída, mas para inserir o fio para costurar e para  trabalhar.

Similarmente, você deve ansiar apenas o mandamento do Superior, para trabalhar. E então eu abrirei para ti uma porta como uma entrada para um salão. Este é o significado do Nome Explicito no verso, “mas na própria ação10 como eu vivo e toda a terra será preenchida com a glória do  Senhor”.

9 Nota do tradutor: Em Hebraico, Kéter contém as mesmas letras que TaRaCh.

10 Nota do tradutor: a palavra “ação” é soletrada como “salão” em Hebraico.

SE EU NÃO FOR POR MIM, QUEM SERÁ?

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Eu já disse em nome do Baal Shem Tov que antes de fazer uma Mitzvá, não se deve considerar a Providência Privada. Ao invés, deve dizer, “Seu eu não for por mim, quem será?” Mas após o fato, deve reconsiderar e acreditar que não é “por meu poder e pela força da minha mão” que eu fiz esta Mitzvá, mas apenas pelo poder do Criador, que planejou isto para mim com antecedência, e assim eu fui compelido a fazer.

Esta é também a ordem em questões terrenas, pois espiritualidade e corporalidade são iguais. Então, antes de sair para trabalhar e fazer os seus ganhos diários deve remover os seus pensamentos da Providência Privada e dizer, “Se eu não for por mim, quem será?”, e fazer tudo o que é feito na corporalidade para ganhar a sua vida como eles o fazem.

Mas à noite, quando retornar para casa com os seus ganhos, nunca deve pensar que o seu próprio engenho lhe obteve este ganho. Em vez, mesmo que tivesse ficado deitado no sótão o dia inteiro, ele ainda assim ganharia a sua vida, dado que foi isto que o Criador tinha planejado para ele com antecedência, e é assim que deve ser.

E embora pareça contraditório e inaceitável à mente superficial deve ainda assim acreditar nisso, pois isto foi o que o Criador escreveu dele na Sua lei dos livros e dos autores.

Este é o sentido da unificação de HaVaYaH-Elokim. HaVaYaH é a Providência Privada, em que o Criador faz tudo, e Ele não precisa da ajuda dos moradores de casas de barro. Elokim (Deus), em Guematria, é “a natureza”. E o que se comporta de acordo com a natureza que Ele imprimiu nos sistemas do céu e terra corpóreos, e mantém as suas leis como o resto dos corpóreos, e ao mesmo tempo acredita no nome HaVaYaH, isto é Providência Privada, une-os, e eles tornam-se como um na sua mão. Então, ele rende muito contentamento ao seu Criador e trás Luz a todos os mundos.

Este é o significado dos três discernimentos: Mitzvá (boa ação/mandamento), transgressão e permissão.

  • Mitzvá é o lugar da
  • Transgressão é o lugar da Sitra
  • Permissão é quando não é nem Mitzvá nem transgressão. Este é o campo de batalha sobre o qual a santidade e a Sitra Achra

Quando faz o que é permitido, e não o une com a autoridade de Kedushá (santidade), todo o local cai no domínio da Sitra Achra. E quando prevalece, e executa quantas unificações é capaz, onde permitidas, este trás permissão de volta ao domínio da Kedushá.

Então eu expliquei o que os nossos sábios disseram, “Ao curandeiro foi dada permissão para curar”. Isto significa que embora a cura esteja indubitavelmente nas mãos do Criador, e o artifício humano não O move do Seu lugar, ainda, a Santa Torá afirma, “e o fará ser completamente curado” deixando-o saber que esta é permissão, o campo de batalha entre Mitzvá e  transgressão.

Então, nós mesmos devemos conquistar esta “permissão” e colocá-la sob Kedushá. E como é conquistada? Quando visita um médico especialista, e o médico lhe dá um remédio completamente testado que foi utilizado milhares de vezes. E depois é curado deve acreditar que sem o médico, o Criador ainda assim o curaria, pois o seu tempo de vida foi predeterminado. E ao invés de cantar os louvores do médico humano, agradece e louva o Criador, e então conquista a permissão e coloca- a no domínio de Kedushá.

Isto é similar em outras questões de “permissão”. Então, este expande os limites de Kedushá e aumenta a Kedushá ao máximo. E de repente, ele encontra-se completamente de pé no Sagrado Palácio, dado que os limites de Kedushá se expandiram tanto que alcançaram o seu próprio  lugar.

Eu já lhe expliquei tudo isso para você várias vezes, pois esta questão é um obstáculo para algumas pessoas, que não tem clara percepção da Providência Privada. “Um escravo está confortável sem responsabilidade”, e em vez de trabalho, ele deseja o mais seguro, e deseja ainda mais revogar as perguntas da sua fé e adquirir incontestável comprovação de que está acima da natureza. É por isso que são castigados e seu sangue está nas suas próprias cabeças, dado que depois do pecado  de Adam HaRishon, o Criador planejou uma correção para este pecado na forma da unificação de HaVaYaH-Elokim, como expliquei.

 

E este é o significado de “com o suor de tua face comerás teu pão”. É da natureza humana que quando consegue através de grandes esforços, acha muito difícil dizer que foi dádiva do Criador. Então, tem espaço para trabalhar, para trabalhar com completa fé na Providência Privada, e para decidir que obteria tudo isso mesmo sem o seu trabalho. Então corrige  esta transgressão.

SENTAR E NÃO FAZER NADA É MELHOR

Do livro “Cabala Para o Estudante”

…Não posso mais me restringir com tudo o que há entre nós, então tentarei a advertência verdadeira e aberta, pois eu preciso conhecer o verdadeiro valor de uma palavra de verdade na nossa terra. Este tem sido o meu caminho – de meticulosamente mergulhar em todas as ações da Criação, de saber o seu valor, precisamente se ele é bom ou mau.

Meus pais me deixaram com apenas esta fronteira, e eu já descobri tesouros nestas imagens momentâneas e inativas, pois há uma razão pela qual esta porção foi colocada perante meus olhos. Estas letras encantadoras para frasear toda a sabedoria e todo o conhecimento, que foram criadas apenas por combinações de sabedoria.

Primeiro, julgaremos o atributo da indolência neste mundo. Em geral, não é um atributo totalmente mau e desprezível. A prova disso é que os nossos sábios já disseram, “Sentar e não fazer nada é melhor”. E embora o senso comum e certos textos neguem esta regra, para ser mais exato em relação a isso, eu irei mostrar que “ambas são as palavras do Deus vivo”, e tudo será  determinado.

É certamente claro que não há ações no mundo exceto Suas ações. E todos os outros tipos de ações, além das Suas, mesmo nas almas, se elas dizem respeito ao seu próprio eu, seria melhor que não tivessem sido criadas. Isto é porque isso vira as coisas de cabeça para baixo, dado que ainda não mudou de receber para doar. Esta   é uma lei inquebrável, “e se tivesse estado lá, não teria sido  redimido”.

Então, não precisamos discutir um operador ou uma operação cujo executor está na forma de receber, pois isso é completa vaidade, e não há dúvida que seria melhor estar sentado e não fazer nada, uma vez que com tal ação, ou prejudica a si mesmo ou aos outros. Ela não pode render qualquer benefício, como dissemos acima.

Eu não me preocupo se alguns dos seus 248 órgãos se sentem desconfortáveis com este governo, e até abertamente protestem contra minhas palavras, pois esta é a natureza de toda a palavra de verdade: não requisita o consentimento de qualquer mulher nascida, grande ou pequena. E quem quer que seja recompensado com o conhecimento da Torá se torna mais insistente.

PARDES

Do livro “Cabala Para o Estudante”

“Quatro entraram no PARDES”7 etc. Antes do mundo ser criado, havia Ele é Um e Seu Nome Um, porque as almas não eram consideradas almas, dado que todo o assunto do nome refere-se a quando a pessoa volta a sua face para longe dEle, Ele invoca-o para voltar a sua face de volta.

E dado que antes da Criação, as almas eram completamente anexadas a Ele,  e Ele colocou sobre elas coroas e grinaldas, glória, majestade, e esplendor, mesmo o que elas não evocaram, dado que Ele sabe seus desejos por Ele mesmo, e concede-  os. Então, é certamente irrelevante afirmar um nome, que se relaciona a um despertar de baixo de certo lado. Assim, ela é considerada Luz Simples, dado que tudo está em absoluta simplicidade, e esta Luz foi compreendida por toda a pessoa simples, mesmo aos que nunca viram qualquer sabedoria.

É por isso que os sábios e sagazes lhe chamaram Peshat (literal), dado que o Peshat é a raiz de tudo. Autores e livros não o discutem, pois é um, simples, e famoso conceito. E embora nos mundos inferiores, duas divisões sejam detectadas na Reshimô desta Luz Simples, é devido à divisão de seus próprios corações, por meio de “e eu sou um homem tranquilo”8. Contudo, no supramencionado lugar, não existem mudanças em qualquer descrição que você possa  fazer.

É como um rei que levou o seu querido filho e o colocou no seu grandioso  e maravilhoso arvoredo. E quando o filho abriu seus olhos, ele não olhou para o local onde estava, já que devido à grande luz no arvoredo, seus olhos desviaram-se, assim como o leste está longe do oeste. E ele lançou o seu olhar apenas para os edifícios e palácios ao longe para o oeste, e ele caminhou por dias e meses, vagueando e imaginando a glória e grandiosidade que ele estava a ver ao oeste, perante seus olhos.

Passados alguns meses, seu espírito repousou e seu desejo foi preenchido, e ele foi saciado de olhar para o oeste. Ele reconsiderou e pensou, “O Que pode ser descoberto ao longo do caminho que atravessei?” Ele voltou sua face para o leste, o lado pelo qual ele tinha entrado, e ele ficou assustado. Toda a grandiosidade e beleza estavam mesmo atrás dele. Ele não se conseguia compreender a si mesmo, como tinha ele falhado ao reparar nisso até então, e se ter agarrado apenas à Luz que estava brilhando ao oeste. Daí em diante ele ficou anexado apenas à Luz que brilha ao leste, e ele vagueava para o leste até que voltasse exatamente ao portal de  entrada.

Agora considere e diga-me a diferença entre os dias de entrada e os dias de saída, uma vez que tudo o que ele tinha visto nos últimos meses, ele viu nos dias iniciais, também. Mas no principio, ele não estava inspirado, uma vez que seus olhos e coração estavam tomados pela Luz que brilha ao oeste. E depois de ele ser saciado, ele voltou a sua face ao leste e reparou na Luz que brilha para o leste. Mas como tinha mudado?

Mas estando perto da entrada, não há espaço para revelar a segunda forma,  a qual os sábios chamam Remez (intimação), como em “O que os teus olhos insinuam?” É como um rei que sugere a seu querido filho e o assusta com o piscar de seu olho. E embora o filho não compreenda nada, e não veja o medo interno que está escondido nesta sugestão, ainda assim, devido à sua aderência devota a seu pai, ele salta prontamente dali para outro lado.

Este é o significado da segunda forma sendo chamada Remez, dado que as duas formas, Peshat e Remez, são registadas nos inferiores como uma raiz, tais como os meticulosos escrevem, que não há uma palavra que não tenha uma raiz de duas letras, chamada a “fonte da palavra”. Isto é assim pois nenhum significado pode ser deduzido de uma única letra; então, o acrónimo para Peshat e Remez é PR (pronunciado Par), que é a raiz de Par Ben Bakar (jovem touro) neste mundo. E Pria  e Revia (multiplicação) vêm dessa raiz, também.

De seguida surge a terceira forma, à qual os sábios chamam Drush (interpretações). Então, não havia Drishá (demanda) de nada, como em “Ele é Um e Seu Nome Um”. Mas nesta forma, há subtração, adição, interpretação (estudo), e encontrei, como em “Eu trabalhei e encontrei”, como você evidentemente sabe. É por isso que este lugar é atribuído aos inferiores, uma vez que há um despertar de cima lá, ao contrário do despertar da face do leste para Cima, que foi por meio de, “Antes que chamem, Responderei”. Em vez disso, houve um poderoso chamado, e até esforço e anseio, e este é o significado de “os  túmulos de luxuria”.

Posteriormente começa a quarta forma, à qual os sábios chamaram Sod (segredo). Na verdade esta é similar à Remez, mas em Remez não havia percepção; era algo como uma sombra seguindo uma pessoa, e de tal maneira que a terceira forma, Drush, já a revestiu.

Contudo, aqui é como um sussurro, como uma mulher grávida… você sussurra em seu ouvido que hoje é Yom Kippur (Dia do Perdão), para que o feto não fosse sacudido e caísse. Como podemos dizer, “Além disso, é a ocultação da face, e não a face!” Pois este é o significado das palavras, “O conselho do Senhor está com os que O temem; e Seu pacto, fazê-los conhecer”. É por isso que ele fez vários círculos até que uma língua sussurrante lhe dissesse isto: “Ele deu Téref (alimento) aos que O temem”, e não Trefá (comida não kósher), como aquele soldado zombou.

Você compreendeu esta resposta por si mesmo, e me escreveu em sua carta, embora timidamente, que está solteiro, e assim,  naturalmente educado.

Já que este verso chegou até tuas mãos, eu o clarificarei para você, pois esta é também a pergunta do poeta, “O conselho do Senhor está com os que O temem”.   E porque disse isso? É como questionar os nossos sábios, onde descobrimos que o texto gasta (oito) doze letras, para falar com uma linguagem clara, como está escrito, “e os animais que não são limpos” etc.

Mas sua resposta não é suficiente para o poeta, pois Ele poderia ter dado abundância às almas, com uma linguagem clara, como Labão disse a Jacó, “Para onde escapaste secretamente, e me despistaste; e não me disseste, que eu possa ter enviado para longe com alegria e com canções; com adufe e com harpa”. A resposta a isso é, “e Seu pacto, fazê-los conhecer”.

Este é o significado do corte, da remoção, e da gota de sangue, isto é os treze pactos individuais. Tivesse o segredo não sido nesta forma, mas noutra língua, quatro correções das treze correções de Dikná estariam faltando, e apenas as nove correções de Dikná em ZA permaneceriam. Então, ZA não revestiria AA, como é sabido aos que conhecem o segredo de Deus. Este é o significado de “e Seu pacto, fazê-los conhecer”, e este é o significado de “o mérito ancestral terminou, mas o pacto ancestral não terminou”.

Voltemos ao nosso assunto, que é PR (pronunciado Par), PRD (pronunciado Pered), e PRDS (pronunciado Pardes). Esta é sua ordem e combinação de Cima para baixo. Agora compreenderá estes quatro sábios que entraram no Pardes, isto é a quarta forma, chamada Sod (segredo), uma vez que o inferior contem os Superiores que o precederam. Então, todas as quatro formas estão incluídas na quarta forma, e elas estão para a direita, esquerda, frente e trás.

As primeiras duas formas são a direita e esquerda, isto é PR (este é o significado das suas palavras no degrau do Monte do Templo: “Todos os sábios de Israel são inúteis a meus olhos”). Estes são Ben Azai e Ben Zuma, pois estas almas se alimentaram das duas formas, PR. E as últimas duas formas são a Panim (face) e Achor (costas), que é Rabi Akiva, que entrou em paz e saiu em paz. Eles afirmaram corretamente, “isso indica que por cada cardo, montanhas de leis podem ser aprendidas”.

Achor é Elisha Ben Avoiá, que se extraviou (se tornou herege). Nossos sábios disseram sobre isso, “Não crie um cão mau dentro  de  sua  casa”,  pois  se  extraviará. Tudo isso foi dito sobre eles – “espreitaram e morreram”, “espreitaram e se feriram”, “se extraviaram” – diz-se isso dessa geração quando se reuniram proximamente juntos, mas estavam todos completamente corrigidos, um por um, como é sabido dos que sabem o segredo da  reencarnação.

Todavia, depois ele viu a língua de Hutzpit, o tradutor, ele disse, “Voltem, Oh crianças rebeldes”, exceto pelo outro, e Rabi Meir, discípulo de Rabi Akiva, tomou seu lugar. É verdade que a Gemará, também, o acha difícil: como é que Rabi Meir aprendeu a Torá de outro? E eles disseram, “Ele tinha descoberto uma romã, comeu seu conteúdo, e atirou sua casca (outro)”. E alguns dizem que ele corrigiu a Klipá (casca), também, como que, elevando fumo sobre seu túmulo.

Agora você pode compreender as palavras de Elisha Ben Avoiá: “O que ensina uma criança, a que se parece? Como tinta, escrita num papel novo”, esta é a alma de Rabi Akiva. “E o que ensina um ancião, a que se parece? Como tinta, escrita em papel usado”, ele disse de si mesmo. Este é o sentido do seu aviso a Rabi Meir, “Assim distante da zona de Shabat”, pois ele compreendeu e estimou os passos de seu cavalo, uma vez que ele nunca tinha saído de seu  cavalo.

Este é o significado de “os transgressores de Israel, o fogo do inferno não os governa, e eles estão tão cheios de Mitzvot (boas ações) como uma romã”. Ele diz que é ainda mais com um altar de ouro, que é meramente tão denso quanto uma moeda de ouro. Permaneceu durante alguns anos, e a luz não o governou etc., “os vaidosos entre ti são tão cheios de Mitzvot como uma romã, ainda mais”, como ele diz, que a Klipá, também, está corrigida.

Saiba que o grande Rabi Eliézer, e Rabi Yehoshua, também, são das almas  de PR, como são Ben Azai e Ben Zuma. Mas Ben Azai e Ben Zuma estavam na geração de Rabi Akiva, e foram seus estudantes, entre os 24000. Mas Rabi Eliézer e Rabi Yehoshua foram seus professores.

É por isto que se diz que em vez de Rabi Eliézer, eles estavam purificando as purificações (Peshat) que eles tinham feito sobre o forno de Achnai, já que eles o cortaram em fatias (dezoito fatias) e colocaram areia entre cada duas fatias. Em outras palavras, a terceira forma, a areia, junta-se à primeira fatia, que é a segunda forma,  e a segunda fatia, que é a quarta forma. E naturalmente, a irmã e a consciência são conjugadas como uma. E Rabi Tarfon e Rabi Yehoshua como um são discípulos do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva é aparentemente incluído neles. Isto é porque um segundo bom dia, com respeito ao primeiro bom dia, é como um dia de semana aos olhos dos nossos sábios, uma vez que Drush, em comparação com o Remez, é como uma vela ao meio dia.

Mas os sábios da sua geração violaram todas essas purificações e as queimaram, e o grande Rabi Eliézer provou com o aqueduto cuja água subiu que Rabi Yehoshua era um grande sábio, e as paredes do Templo o provam. E eles começaram a cair perante a glória do Rabi Eliézer, e eles não caíram antes perante a glória de Rabi Yehoshua. Esta é a prova completa que não há dúvida que ele é puro.

Mas os sábios tomaram Rabi Yehoshua por si mesmo, e não quiseram governar como com Rabi Eliézer, seu professor, até que uma voz desceu que Rabi Yehosha era verdadeiramente seu discípulo. Mas Rabi Yehoshua não se ligou ao seu lugar, e disse que você não presta atenção a uma voz: “Não está nos céus” etc. Então, os sábios o abençoaram pois Luz de Ózen (orelha) foi cancelada deles, uma vez que eles não obedeciam às regras do grande Rabi Eliézer. E Rabi Akiva, seu discípulo favorito, disse-lhe que seus 24000 discípulos tinham morrido durante a contagem, e o mundo estava enfermo, um terço nas azeitonas etc.

Elisha Ben Avoiá e Rabi Tarfon vieram da mesma raiz. Mas Elisha Ben Avoiá é o Achoráim (costas) em si, e Rabi Tarfon é a Panim de Achoráim (face das costas). A que se parece? Numa casa residem amargas azeitonas que não prestam para nada; e noutra casa está o feixe do lagar, que não presta para nada. Então um homem vem   e liga os dois. Ele coloca o feixe sobre as azeitonas e produz uma riqueza de óleo.

Segue-se que o bom óleo que aparece é a Panim, e o feixe é o Achoráim. E as ferramentas simples de madeira são removidas após terem completado seu trabalho.

Entenda que este costume está na expansão das raízes aos ramos nos mundos inferiores a estas. Mas na sua raiz, eles aparecem ambos de uma vez, como uma pessoa que subitamente entra no lagar e vê o feixe, e sob ele, uma grande pilha de azeitonas com óleo fluindo abundantemente delas. Isto é assim pois na raiz, tudo é visto de uma vez. É por isso que um é chamado “outro” e o outro é chamado “Tarfon”. Um é “um feixe” e o outro é “óleo”, que imediatamente flui através dele.

Este é também o significado de se extraviar. Depois do desejo ter surgido, que é a alma do Rabi Tarfon, a alma do “outro” permaneceu como “maus modos” na sua casa. Este é o significado da combinação da letra Sod (segredo): Samech é a cabeça da palavra Sod em si, a alma do “outro”, Dálet é a cabeça da palavra Drush, a alma do Rabi Akiva, pois elas agem, e Vav no meio é Rabi Tarfon.

7 Nota do tradutor: Em Hebraico, Pardes significa arvoredo, mas na Cabalá, esta palavra é um acrônimo para Peshat (a Torá literal), Remez (intimação), Drush (interpretação) e Sod (segredo).

8 Nota do tradutor: Em Hebraico, Chalak significa tanto “suave” como “parte”.

ELEVANDO O ESCRAVO ATRAVÉS DOS MINISTROS

Do livro “Cabala Para o Estudante”

Está escrito, “pois um mais alto que o mais alto observava, e há mais altos que eles”. Como uma resposta feroz é requisitada, eu irei responder-lhe que todos acreditam em Providência Privada, mas não aderem a ela de forma  alguma.

A razão é que um pensamento estranho e abominável não pode ser atribuído ao Criador, que é a epítome do “Bom que faz o bem”. Contudo, apenas aos Seus verdadeiros servos se abre o conhecimento da Providência Privada—que Ele causou todas as razões que a precederam, o bom assim como o mau. Então eles são coesivos com a Providência Privada, pois todos os que estão ligados ao puro, são puros.

Visto que o Guardião está unido com os que guarda, não há divisão aparente entre o bem e o mal. Todos eles são amados e todos eles são limpos, pois todos eles são transportadores dos vasos do Criador, prontos a glorificar a revelação da Sua singularidade. É conhecido pelo sentir, e nessa medida eles têm conhecimento no fim de que todas as ações e pensamentos, ambos bons e maus, são os transportadores dos vasos do Criador. Ele preparou-os, de Sua boca eles vieram, e isto será conhecido a todos no fim da correção.

Contudo, esse ínterim é um longo e ameaçador exílio. O maior problema é que quando vemos certa ação faltosa, caímos do nosso nível, nos apegamos à famosa mentira, e nos esquecemos que somos como um machado na mão do lenhador. Em vez disso, consideramos a nós mesmos como o dono dessa ação, e esquecemos a razão de todas as consequências de quem tudo vem, e que não há outro Operador no mundo a não ser Ele.

Esta é a lição. Embora saibamos disso inicialmente, ainda assim, num tempo de necessidade, não controlamos essa consciência, de unir tudo com a causa, que o sentencia a uma escala de mérito.  Esta é toda a resposta à  sua carta.

Eu já lhe contei face a face uma verdadeira alegoria sobre estes dois conceitos, em que um elucida o outro. Contudo, a força de ocultamento prevalece e controla nesse ínterim.

Há uma alegoria sobre um rei que se afeiçoou ao seu servo até que ele o quisesse elevar acima de todos os ministros, pois ele tinha reconhecido verdadeiro e inabalável amor no seu coração.

Contudo, não faz parte dos procedimentos da realeza elevar alguém ao mais alto nível de uma vez, sem uma razão aparente. Em vez disso, os procedimentos da realeza são de revelar as razões a todos com grande  sabedoria.

O que fez ele?  Ele nomeou o servo como guarda no portão da cidade, e disse a um ministro, que era um brincalhão esperto, para fingir se rebelar contra a realeza, e declarar guerra para conquistar a casa enquanto o guarda estava desprevenido.

O ministro fez como o rei tinha comandado, e com grande sabedoria e engenho fingiu lutar contra a casa do rei. O servo no portão arriscou a sua vida e salvou o rei, lutando corajosa e devotadamente contra o ministro, até que o seu grande amor pelo rei ficou evidente para todos.

Então o ministro retirou as suas roupas e houve uma gargalhada, pois ele tinha lutado tão feroz e corajosamente, e agora se apercebia que havia apenas ficção no caso, e não a realidade. Eles riram-se ainda mais quando o ministro disse a profundidade das imaginações da sua crueldade e do medo que ele tinha vislumbrado. E cada item naquela terrível guerra se tornou uma rodada de riso e grande alegria.

Porém, ele era ainda um servo; ele não era erudito. E como poderia ser elevado acima de todos os ministros e servos do rei?

Então o rei pensou, e disse àquele ministro que ele deveria disfarçar a si mesmo como ladrão e assassino, e declarar feroz guerra contra ele. O rei sabia que na segunda guerra ele descobriria uma maravilhosa sabedoria, e mereceria permanecer à frente de todos os ministros.

Então, ele nomeou o servo encarregado da tesouraria do reino, e aquele ministro agora vestido como um assassino impiedoso veio para saquear os tesouros do rei.

O pobre nomeado lutou destemida e devotadamente, até que a taça estivesse cheia. Então o ministro tirou as suas roupas e houve grande alegria e riso no palácio do rei, ainda maior do que anteriormente.

Os detalhes dos truques do ministro despertaram grande riso, dado que agora o ministro devia ser mais esperto que antes pois agora era evidentemente conhecido que não havia ninguém cruel nos domínios do rei, e que todos os cruéis eram apenas brincalhões.     Desta  forma,  o  ministro  usou  grande engenho para adquirir as vestes de malvado.

Todavia, nesse ínterim, o servo herdou sabedoria do  posterior conhecimento, e amor do conhecimento prévio, e então foi ele erguido para a eternidade.

Na verdade, todas as guerras naquele exílio são uma visão maravilhosa, e todos sabem no seu amável interior que tudo é uma espécie de humor e alegria que trazem apenas o bem. Ainda assim, não há tática para atenuar o peso da guerra e a ameaça.

Eu lhe falei sobre isso longamente face a face, e agora você tem o conhecimento de uma extremidade dessa alegoria, e com a ajuda do Criador irá compreendê-la na sua outra extremidade , também.

E a coisa que você mais me quer ouvir falar é uma à qual não posso responder nada.  Eu lhe dei uma alegoria sobre isso face a face, também, pois “o reino da terra  é um reino do firmamento”, e a verdadeira orientação é dada aos ministros.

Contudo, tudo é feito de acordo com o conselho do rei e com sua assinatura. O próprio rei não faz mais que assinar o plano que os ministros concebem. Se ele descobre uma falha no plano, não a corrige, mas coloca outro ministro no seu lugar, e o primeiro se demite do posto.

Assim é o homem, um mundo pequeno, se comportando de acordo com as letras impressas nele, dado que os reis governam as setenta nações que existem nele. Este é o significado do que está escrito em Sêfer Yetzirá (Livro da Criação): “Ele coroou certa letra”. Cada letra é um ministro para o seu tempo, fazendo avaliações, e o Rei do mundo as assina. Quando a letra erra em certo plano, ela imediatamente se demite do posto, e Ele coroa outra letra no seu  lugar.

E este é o significado de, “Cada geração e seus juízes”. No fim da correção, essa letra chamada Messias irá governar, completar e amarrar todas as gerações a uma coroa de glória na mão de Deus.

Agora você consegue compreender como eu posso interferir com o seu negócio de estado, e cada um deve descobrir o que lhe foi atribuído a descobrir, e isso irá se tornar claro ao longo das encarnações.

VÓS, QUE AMAIS AO SENHOR, ODIAI O MAL

Do livro “Cabala Para o Estudante”

No versículo, “Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal. Ele preserva as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios”, ele interpreta que não é suficiente amar o Criador e querer ser premiado com a adesão com Ele. Também é preciso odiar o mal.

A questão do ódio é expressa por odiar o mal, chamado “o desejo de receber”. É possível ver que não há artifício para livrar-se do mal, e ao mesmo tempo, não se quer aceitar a situação. E a pessoa sente as perdas que o mal lhe causa, e também vê a verdade, que não é possível anular o mal por si mesmo, pois trata-se de uma força natural vinda do Criador, que imprimiu o desejo de receber no homem.

Neste estado, o versículo nos diz o que é possível fazer, ou seja, odiar o mal. E desse modo o Criador o preservará desse mal, como está escrito, “Ele preserva as almas dos seus santos”. O que é preservar?  “Ele os livra das mãos dos ímpios”.  Nesse estado, a pessoa já é bem sucedida, pois ela tem algum contato com o Criador, mesmo que seja a mais tênue conexão.

Na verdade, a questão do mal subsiste e serve como Achoraim (outro lado) do Partzuf. Mas isso é assim somente por meio da própria correção: pelo sincero ódio  ao mal, ele se corrige na forma de Achoraim. O ódio vem porque quando se quer obter adesão com o Criador, então há uma conduta entre os amigos: se duas pessoas chegam a compreender que cada um odeia aquilo que o seu amigo odeia, e ama aquilo e aquele que seu amigo ama, então eles chegam a um vínculo perpétuo, como uma aposta que nunca perderão.

Por isso, como o Criador ama doar, os mais inferiores devem também adaptar-se a desejar somente doar. O Criador também odeia ser um receptor, pois Ele é completamente pleno e não necessita de coisa alguma. Então o homem, também, precisa odiar a recepção para si mesmo.

Resulta do que foi dito, que é preciso odiar amargamente o desejo de receber, pois todas as ruínas do mundo vêm somente por causa do desejo de receber. E por meio desse ódio, a pessoa corrige-se e submete-se à Kedushá  (Santidade).