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A Unidade Oculta Que Prevalece

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

A Cabalá não é certamente a única ciência que investiga as forças ocultas da Natureza que operam em nosso mundo nos bastidores. De acordo com a Enciclopédia Britânica, “a teoria da mecânica de Newton, conhecida como mecânica clássica, representou com precisão os efeitos das forças em todas as condições conhecidas em seu tempo. (…) A teoria já foi modificada e ampliada pelas teorias da mecânica quântica e da  relatividade.” Em outras palavras, fazendo uma generalização grosseira, a ciência do século XX já não estava satisfeita com a teoria de Newton, por ser insuficiente para explicar todos os fenômenos observados na Natureza.

Na segunda metade do século XX, os cientistas perceberam que as novas teorias também ficaram aquém de explicar todos os fenômenos da Natureza. Isso  provocou uma busca por uma Grande Teoria Unificada (GUT). “O sonho dos teóricos [da física]”, segundo a Enciclopédia Britânica, “é encontrar uma teoria totalmente unificada, a teoria do tudo, ou TOE.”ii

No que parece um paralelo com a busca do TOE, muitos proeminentes físicos teóricos começaram a postular que, no nível mais fundamental, nós e todas as partes da realidade somos realmente um. O pioneiro físico teórico Werner Heisenberg disse: “Há um erro fundamental em separar as partes do todo, o erro de atomizar o que não deve ser atomizado. Unidade e complementaridade constituem a realidade.”iii

Contemporâneo de Heisenberg, seu companheiro e cofundador da física quântica, Erwin Schrödinger afirmou em seu ensaio “A Visão Mística”: “A pluralidade que percebemos  é apenas uma aparência, não é real.” Até mesmo o grande Albert Einstein, em carta datada de 1950, declarou: “Um ser humano é parte do todo chamado por nós de universo. (…) Experimentamos a nós mesmos,  nossos pensamentos e sentimentos como algo separado do resto, uma espécie de ilusão de ótica da consciência.”iv

Para provar, no entanto, que todas as partes da realidade são manifestações de um todo único, ou desenvolvendo o TOE que se aplica a todas as partes da realidade, seria necessário um paradigma que funcionasse em todos os níveis da vida física, mental e intelectual. E aqui os físicos estão fora de sua alçada. Mesmo os físicos teóricos mais inovadores não conseguem explicar todos os fenômenos observados da Natureza.

Em particular, uma explicação completa do fenômeno chamado “consciência” ilude cientistas de todos os campos. A consciência, porém, não está somente presente, mas, invariavelmente, afeta os resultados de experimentos científicos. A esse respeito, Dr. Johnston Laurance, ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Infantil  e Desenvolvimento Humano, publicou a seguinte declaração em um ensaio online, intitulado “Ciência Objetiva: Um Oxímoro Inerente”: “Todas  as  observações científicas, mesmo em seu nível mais fundamental, são afetadas pela consciência do observador. Assim, a declaração ‘ver para crer’ faz mais sentido do que aparenta. Numerosos estudos têm mostrado que a consciência exerce uma influência significativa

em muitas questões diferentes, que vão desde o crescimento de bactérias até a evolução de pacientes cardíacos.”v

Nesse ensaio, Dr. Laurance citou vários outros cientistas e pensadores que  compartilham essa visão, como o neurologista Jean Martin Charcot, do século XIX, considerado o pai da neurologia moderna: “Em última análise, vemos apenas o que nós estamos prontos para ver, o que temos sido ensinados a ver. Eliminamos e ignoramos tudo o que não faz parte de nossos preconceitos.”

Nesse sentido, se a observação científica afeta, distorce ou elimina completamente o fenômeno a ser observado, como a ciência pode ser considerada cem por cento  precisa?

Além disso, algum fenômeno pode ser plenamente compreendido se pelo menos um fator chave de influência, a consciência, não é sujeito de estudo e observação?

É aí que a filosofia entra para complementar a ciência e preencher as lacunas da incerteza. Muitos grandes pensadores fizeram isso ao expressar o  conceito  de “unicidade da realidade”. Zenão de Cício, o grande filósofo grego do século IV a.C., declarou: “Todas as coisas são partes de um único sistema, que é chamado Natureza.”vi

Da mesma forma, o filósofo e matemático alemão WG Leibniz expressou-se assim, em Escritos Filosóficos de Leibniz: “A realidade não pode ser encontrada exceto em uma única fonte, por causa da interligação de todas as coisas entre si.”vii

Certamente seria muito bom poder acreditar nessa imagem perfeita de unidade e interligação entre todas as coisas. Apesar da grande eloquência dos filósofos, um autêntico pesquisador da verdade dificilmente aceitaria uma ideia apenas porque “soa” bonita ou verdadeira. No final, o único teste verdadeiramente válido para uma teoria ou um conceito é a experiência pessoal de cada um.

Afinal, o que parece válido e verdadeiro para um pode parecer  completamente falso  para outro. Se você projeta um raio de luz através de um prisma, ele irá separar a luz em todas as cores do arco-íris. Se, no entanto, a pessoa para quem você está mostrando isso é monocromática, não farão diferença os nomes que você dá aos tons de cinza que ela verá. Para essa pessoa, todos eles serão cinzas. Da mesma forma, tão certos como os físicos e filósofos podem estar em suas observações sobre a unicidade e indivisibilidade da realidade, para aceitar essa unidade como um fato, as pessoas devem experimentar por si próprias.

Enquanto experimentar a unidade da realidade pode parecer mística para muitos, as citações acima provam que muitos proponentes dessa visão são reverenciados cientistas, alguns até ganhadores do Prêmio Nobel. Na verdade, a necessidade de uma visão mais completa e uniforme da realidade não surgiu com o advento da física quântica, nem mesmo com Einstein. Em 1879, o químico e físico inglês William Crookes declarou: “Nós temos realmente tocado a fronteira onde a matéria e a força parecem se fundir (…) Atrevo-me a pensar que os maiores problemas científicos do futuro serão encontrar a solução  nessa  região  fronteiriça,  e  mesmo  além;  aqui  me  parece  residirem  as mais recentes realidades, sutis, longe do alcance, maravilhosas.”viii

Na verdade, a partir de minhas pesquisas na ciência em geral e na Cabalá em particular, descobri que a intuição de Crookes foi por água abaixo, porque, como expliquei anteriormente, a Cabalá observa o objetivo final em primeiro lugar e só então explica a estrutura. E porque a realidade é o veículo com o qual atingimos esse objetivo, a Cabalá é inerentemente uma Grande Teoria Unificada, uma Teoria do Tudo, que tanto nos permite compreender o escopo completo da realidade, como de fato experimentar sua unidade.

O Precursor da Babilônia

Antes de nos aprofundarmos nos princípios desta Grande (e de fato) Unificada Teoria chamada Cabalá, devemos primeiramente entender como ela se originou e dar o devido crédito a seu “progenitor”. Vamos, por um momento, fazer uma viagem de volta no

tempo para a Mesopotâmia antiga, o berço da civilização. Há cerca de quatro mil anos atrás, situada em uma faixa de terra vasta e fértil entre os rios Tigre e Eufrates no que hoje é o Iraque, uma cidade-estado chamada Babel foi palco de uma civilização florescente. Movimentada com vida e ação, ela era o centro do comércio de todo o mundo antigo.

Babel, o coração da civilização dinâmica que hoje chamamos de “antiga Babilônia”, era um caldeirão e o cenário ideal para sistemas de crenças e ensinamentos diversos. Seu povo praticava a adoração de ídolos de muitos tipos e, entre as pessoas mais reverenciadas em Babel, havia um sacerdote chamado Abraão, que era uma autoridade local na prática da adoração de ídolos, como era seu pai, Terah.

Abraão, no entanto, possuía uma qualidade muito especial: ele era invulgarmente perspicaz e, como todos os grandes cientistas, zelava pela verdade. O grande estudioso do século XII, Maimônides (também conhecido como Rambam),  descreveu  em seu livro A mão poderosa a determinação de Abraão e seus esforços para descobrir verdades da vida: “Desde que este homem vigoroso foi desmamado, ele começou a se perguntar. (…) Ele começou a refletir sobre o dia e a  noite e ele se perguntou como era possível  que essa roda sempre rodasse sem condutor. Quem a faz rodar, já que não pode rodar sozinha? E ele não tinha nem professor, nem um tutor. Em vez disso, ele estava recluso em Ur dos Caldeus entre adoradores de ídolos analfabetos, com sua mãe e seu pai e todo o povo adorando estrelas, e ele adorando junto a eles.”ix

Em sua busca, Abraão soube o que existe além da fronteira que Crookes descreveu tantos séculos mais tarde. Ele encontrou a unidade, a unidade da realidade que Heisenberg, Schrödinger, Einstein, Leibniz e outros sentiram intuitivamente. Nas palavras de Maimônides, “Ele [Abraão] alcançou o caminho da verdade e entendeu a linha de  justiça com sua própria e  correta sabedoria. E ele sabia que  lá  há um só Deus que conduz (…) e que Ele criou tudo, e que em tudo o que existe, não há outro Deus senão Ele.”x

Para interpretar esses trechos corretamente, é importante notar que, quando os  Cabalistas falam de Deus, o termo não possui o mesmo significado religioso de um ser todo-poderoso que se deve adorar, satisfazer e apaziguar e que, em recompensa, dá aos crentes saúde, riqueza, vida longa ou tudo isso. Em vez disso, os Cabalistas identificam Deus com a Natureza, toda a Natureza. As declarações mais inequívocas sobre o significado do termo “Deus” foram feitas por Baal HaSulam, cujos escritos explicam que Deus é sinônimo de Natureza.

Por exemplo, em seu ensaio “A Paz”, ele escreve (em um trecho ligeiramente editado): “Para evitar ter de usar as duas línguas a partir de agora, Natureza e um Supervisor, entre os quais, como já demonstrado, não há diferença (…) é melhor para nós (…) aceitarmos as palavras dos Cabalistas que HaTeva (A Natureza) é o mesmo (…) que Elokim (Deus). Então, eu vou ser capaz de chamar as leis de Deus ‘mandamentos da

Natureza’, e vice-versa, porque são uma e a mesma coisa, e não precisamos discutir o assunto mais.”xi

“Aos 40 anos de idade”, escreve Maimônides, “Abraão veio a conhecer o seu Criador”,  a única lei da Natureza, que cria todas as coisas. Abraão, porém, não guardou isso para  si mesmo: “ele começou a dar respostas ao povo de Ur dos Caldeus e a conversar com eles e a dizer-lhes que o caminho em que eles estavam andando não era o caminho da verdade.” Como Galileu, depois dele, e muitos outros grandes precursores ao longo da história, Abraão foi confrontado pelo que estava estabelecido, que, em seu caso, era Nimrod, o rei de Babel.

Midrash Rabbah, um antigo texto escrito por sábios hebreus na século V d.C., apresenta uma vívida descrição de um confronto de Abraão com Nimrod, bem como uma  divertida passagem acerca do elevado fervor de Abraão. “Terah [pai de Abraão] era um adorador de ídolos [que também ganhava a vida construindo e vendendo as estátuas na loja da família]. Uma vez ele foi para um determinado lugar e disse a Abraão para se sentar ali com ele. Um homem entrou e quis comprar uma estátua. Ele [Abraão] lhe perguntou: ‘Quantos anos você tem?’ E o homem respondeu: ‘cinquenta ou sessenta’. Abraão lhe disse: ‘Ai daquele que tem sessenta anos e adora uma estátua com apenas  dias de vida.’ O homem ficou envergonhado e saiu.”

“Em outra ocasião, uma mulher chegou com uma tigela de semolina. Ela lhe disse: ‘Eis aqui o sacrifício perante as estátuas.’ Abraão levantou, pegou um martelo,  quebrou  todas as estátuas e colocou o martelo nas mãos da maior delas. Quando seu pai chegou, lhe perguntou: ‘Quem fez isso com elas?’ Ele [Abraão] respondeu: ‘Uma mulher veio com uma tigela de semolina e me disse para sacrificar perante elas. Eu sacrifiquei, e  uma delas disse: ‘Vou comer primeiro’, e a outra disse: ‘Vou comer primeiro.’ A maior se ergueu, pegou o martelo e quebrou as outras.’ Seu pai disse: ‘Você está me enganando? O que elas sabem?’ E Abraão respondeu: ‘Será que seus ouvidos ouvem aquilo que a sua boca está dizendo?’

Nesse momento, Terah sentiu que não podia mais disciplinar seu filho impertinente.  “Ele [Terah] levou [Abraão] e entregou-o a Nimrod [que não era apenas rei de Babel, mas também proficiente nas práticas e crenças locais]. Ele [Nimrod] lhe disse: ‘Adore o fogo.’ Abraão respondeu: ‘Eu deveria adorar a água, que extingue o fogo?’ Nimrod respondeu: ‘Cultue a água!’ Ele lhe disse: ‘Então eu deveria adorar a nuvem, que transporta a água?’ Ele lhe disse: ‘Cultue a nuvem!’ Ele [Abraão] lhe disse: ‘Nesse caso, eu deveria adorar o vento, que dispersa as nuvens?’ Ele lhe disse: ‘Adore o vento.’ Ele [Abraão] lhe disse: ‘E se nós adorarmos o homem, que se submete ao vento?’ Ele [Nimrod] lhe disse: ‘Você fala demais, eu adoro só o fogo. Eu vou jogá-lo nele e deixar que o Deus que você adora venha salvá-lo!’

Haran [ irmão de Abraão] estava lá. Ele disse: ‘Em qualquer caso, se Abraão vencer, eu vou dizer que concordo com Abraão, e se Nimrod tiver a vitória, vou dizer que  concordo com Nimrod.’ Desde que Abraão desceu ao forno e foi salvo, perguntaram a ele [Haran]: ‘Com quem você está?’ Ele lhes disse: ‘Eu estou com Abraão.’ Eles o levaram e o  jogaram no  fogo, e ele  morreu na  presença de  seu pai.  Assim foi dito: ‘E morreu Harã, na presença de seu pai, Terah’”.xii

Assim, Abraão resistiu com sucesso a Nimrod, mas foi expulso da Babilônia e partiu para a terra de Haran (pronuncia-se  Charan,  para distinguir de  Haran,  filho  de Terah).

Abraão, o precursor de Babilônia, porém, não impediu a circulação de sua descoberta só porque foi exilado da Babilônia. Descrições elaboradas de Maimônides nos dizem: “Ele começou a falar para o mundo inteiro, para alertá-los de que há um só Deus para o mundo inteiro (…) Ele contava para todos, vagando de cidade em cidade e de reino em reino, até que chegou à terra de Canaã (…)

E uma vez que elas [as pessoas nos lugares em que ele vagava ] se reuniam em torno dele e lhe perguntavam sobre suas palavras, ele ensinou a todos (…) até que ele as  trouxe de volta ao caminho da verdade. Por fim, dezenas de milhares reunidos em torno dele, e eles são as pessoas da casa de Abraão. Ele plantou esse princípio em seus corações, escreveu livros sobre isso e ensinou ao seu filho, Isaac. E Isaac sentou-se e ensinou e advertiu e informou Jacob e nomeou-o professor para se sentar e ensinar (…)  E Jacó, o Patriarca, ensinou a todos os seus filhos e separou Levi e nomeou-o como cabeça e mandou-o sentar-se e aprender o caminho de Deus (…)”xiii

Para garantir que a verdade fosse levada através das gerações, Abraão “ordenou a seus filhos para não cessarem de fazer nomeação após nomeação, dentre os filhos de Levi, de modo que o conhecimento não fosse esquecido. Isso continuou e se expandiu nos filhos de Jacó e naqueles que os acompanhavam.”xiv

O resultado surpreendente desses esforços foi o nascimento de uma nação que sabia as mais básicas leis da vida, a Teoria de Tudo: “E uma nação que conhece o Criador foi feita no mundo”xv

De fato, Israel não é apenas o nome de um povo. Em hebraico, a palavra Israel (Ysrael) consiste de duas palavras: Yashar (reto, direto) e El (Deus). Israel designa a mentalidade de querer descobrir a lei da vida, o Criador. Em outras palavras, Israel não é uma atribuição genética, é sim o nome ou a direção do desejo que levou Abraão a suas descobertas. Geneticamente, os israelitas eram em sua maioria babilônios, bem como membros de outras nações que se juntaram ao grupo de Abraão. Isso era óbvio para os antigos israelitas. Como Maimônides escreveu, eles tinham os seus professores,  os Levis, e foram ensinados a seguir as leis essenciais da vida.

Hoje, no entanto, não estamos cientes do fato de que “Israel” refere-se ao desejo de conhecer a lei básica da vida, o Criador, e não a uma linhagem genética. Quase 2000 anos de ocultação da verdade, desde a ruína do Segundo Templo, praticamente eliminaram a verdade de que a Cabalá, a ciência que ensina a Natureza (de Deus), ou seja, a unidade, é para todas as pessoas no mundo, assim como Abraão direcionou esse conhecimento para todo o povo em Babel e mais tarde “começou a falar para o mundo inteiro”, como descrito por Maimônides.

Através dos anos, apenas Cabalistas mantiveram essa verdade viva. Cabalistas como Elimelech de Lizhensk,xvi Shlomo Ephraim Luntschitz,xvii Chaim ibn Attar,xviii Baruch Ashlagxix e muitos outros escreveram em palavras claras: Ysrael significa Yashar El (Israel significa direto para Deus).

Além disso, a necessidade de descobrir essa força, que descreveremos nos capítulos seguintes, é tão  pertinente hoje como  sempre. Nada mudou  na Natureza desde a época de Abraão, e a lei de unidade e unicidade ainda é a única força que cria, rege e sustenta  a vida.

Na verdade, a nossa necessidade de saber é, hoje, mais pertinente do que nunca, porque, no tempo de Abraão, a humanidade teve inúmeras estradas pelas quais se dispersou e terra de sobra para habitar. Hoje, no entanto, temos uma comunidade global,  e cada  crise ocorre em uma escala global. Os erros que cometemos cobram seu preço em todo  o mundo. A descoberta de Abraão nos ajuda a adicionar força de vida aos  nossos cálculos e planos, o que a torna fundamental, a informação que salva vidas.

A força que Abraão descobriu e descreveu a seus alunos é a própria força que levou Napoleão a conquistar mais do que ele poderia governar e que ainda está conduzindo a China a se globalizar ao invés de se isolar. Essa força, no entanto, também está por trás das vozes que saúdam o protecionismo e a separação. Em um mundo global, o protecionismo pode significar o fim da nossa civilização. Nossa única esperança é unir- nos, porque a unidade é a direção da força que impulsiona toda a vida. Nosso desafio, portanto, é aprender a nos unir. É possível e plausível, mas, em um momento de crise, será necessário reconhecer a força de vida, gerar um esforço mútuo de cooperação e colaboração e viver pelos ditames dessa  lei.

Capítulo 1: A Busca do Homem pela Unidade

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

Quando a pior crise financeira desde a Grande Depressão eclodiu em agosto de 2008, muitos políticos e financistas em posições-chave enfatizaram a necessidade de unidade   e cooperação. Eles expressaram a necessidade de conter o quadro egocêntrico da mente dominando Wall Street e expressaram um medo de tendências separatistas e protecionistas. Manchetes como a de The Economic Times, “Líderes  Mundiais  Procuram a Unidade para o Combate à Crise Financeira”, prevaleceram em jornais de todo o mundo, sinalizando uma disposição geral para a união e cooperação diante da incerteza econômica.

À primeira vista, esse espírito é compreensível, senão necessário. Afinal, financistas do mundo sabiam que suas instituições estavam ligadas entre si tão firmemente que, se  uma falhasse, as outras falhariam também, e os políticos foram advertidos de que, se  não salvassem os bancos em seus países, suas próprias economias entrariam  em colapso, precipitando um efeito dominó que faria  a economia global despencar.

Frente a uma crise, no entanto, é natural fazer o oposto da união: fechar-se e proteger o que é seu. Essa parece ser uma rota mais segura do que unir forças com “estrangeiros”, especialmente quando os estrangeiros podem ser considerados culpados ou, pelo menos, colaboradores na ocorrência dessa situação.

Assim, os Estados Unidos ─ país geralmente considerado como principal perpetrador do surto e da rápida escalada da crise financeira ─ não sofrem de isolamento, porque a interconexão da economia mundial obriga economias como a da China a  comprar dólares e, dessa forma, prover o sustento da economia americana.

Para os políticos, parece mais natural colocar seus países em primeiro lugar, como revelam as tarifas British Corn Laws, do século XIX, e o ato Buy American, do Presidente Hoover, de 1933. Como o delicado equilíbrio entre cooperação e interesses próprios ocila para frente e para trás, investigamos a destruição causada pela crise financeira e descobrimos que a maioria das vozes clama por união e denuncia o protecionismo e a separação. Por que isso acontece?

Se considerarmos essa questão por um aspecto puramente econômico ou psicológico, não chegaremos a uma resposta conclusiva. Quando a analisamos a partir da perspectiva da ciência da Cabala, vemos, no entanto, que as forças envolvidas nas relações internacionais, e na verdade em qualquer relação, são forças de integração, não de isolamento. Elas são muito mais poderosas do que qualquer processo racional ou irracional na tomada de decisão e determinam os nossos movimentos “nos bastidores”.

Em nível internacional, essas forças determinam comércio globalizado, política,  tratados, conflitos e ecologia. Em nível nacional, determinam tendências em educação, política social, mídia e economia local. Em nível pessoal, elas determinam nossas relações com nossas famílias e, no nível mais profundo da existência, determinam a evolução ─ a nossa e a de todos os outros elementos da Natureza.

Quando compreendermos essas forças, entenderemos por que Napoleão, por exemplo, mordeu mais do que podia mastigar quando tentou conquistar a Rússia,  por que Hitler fez o mesmo  (e no  mesmo  país), e por que Bernard Madoff não parou até ser detido. A síndrome da “ponte longe demais” é uma armadilha tipicamente humana a que os maiores líderes do mundo e os futuros líderes não conseguem resistir. De fato, as forças que nos levam a nos comportar como o fazemos são tão parte de nós e de nosso mundo que não reconhecê-las é um risco que não devemos correr.

Para compreender as forças e os elementos que criam a realidade e alteram seu curso, é preciso primeiramente conhecer suas origens e seus destinos finais. Caso contrário, tentar compreender a realidade é como tentar compreender o funcionamento interno do motor de um carro, a conexão com a embreagem, a maneira como a embreagem muda a velocidade das rodas, e assim por diante, sem explicar que um carro é uma máquina construída para transportar pessoas com segurança, conforto e rapidamente de um lugar A para um lugar B. Sem explicar o propósito do carro, de que adianta discutir sua estrutura?

Como a ciência, a Cabalá investiga o funcionamento interno da realidade. Diferentemente da ciência, porém, que observa os fenômenos e oferece teorias quanto a seu objetivo final, a Cabalá vê primeiro o objetivo e, a partir daí, explica a estrutura.  Esse objetivo, como explica a Cabalá, é que cada pessoa no mundo descubra a força única e fundamental que cria e governa toda a vida. Em outras palavras, o objetivo da Cabalá é que cada pessoa descubra a força criativa da vida, a obtenha e colha todos os benefícios que essa descoberta implica.

O Cabalista do século XX, Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (Dono da Escada) por seu Sulam (Escada), comentário sobre O Livro do Zohar, descreveu a Cabalá e o propósito da vida da seguinte maneira: “Esta sabedoria é nada mais, nada menos do que uma sequência de raízes, que pendem por meio de causa e consequência, por regras fixas e determinadas, entrelaçadas com um objetivo único e elevado, descrito como ‘a revelação do Criador para as criaturas neste mundo’”.

Nossas vidas são o veículo para alcançarmos esse propósito. Por isso os Cabalistas respeitam os fenômenos do nosso mundo físico, histórico e social como fases  em direção a um objetivo final, e é dessa perspectiva que este livro irá discutir a história da humanidade e seu estado atual.

Introdução

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

No momento em que estas palavras são escritas, o mundo ainda está se recuperando da mais longa recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo perderam seus empregos, suas economias, suas casas, mas, o mais importante,                suas                esperanças para o                      futuro. Nossa saúde, ao que parece, não é mais saudável do que a nossa riqueza. A medicina moderna, orgulho e alegria da civilização ocidental, está às voltas com o reaparecimento de doenças que se acreditavam extintas. De acordo com um relatório publicado pelo Conselho de Saúde Global, “Doenças que se acreditava estarem sob controle têm novamente voltado como grandes ameaças globais. O surgimento de cepas resistentes  de bactérias, vírus e outros parasitas coloca novos desafios para o controle das doenças infecciosas. Coinfecção com múltiplas doenças cria obstáculos para prevenção e tratamento                                                  de                      infecções.” A Terra, também, não é tão hospitaleira como antes. Livros como os de James  Lovelock, A Vingança de Gaia, Ervin Laszlo, O Ponto do Caos, e filmes como o de Al Gore, Uma verdade inconveniente, são apenas três exemplos de uma cavalgada de relatórios    alarmantes    sobre    a     deterioração     do     clima     da     Terra     .   Como o aquecimento global derrete as calotas polares, o nível do mar sobe. Isso já causou mudanças dramáticas e trágicos acontecimentos. Um relatório da Stephan Faris na revista Scientific American lista alguns dos locais já afetados  pela  mudança climática. Em Darfur, os confrontos entre tribos nômades e sedentárias que estourou devido a uma seca de décadas se transformou em uma rebelião contra o descaso do governo sudanês. Posteriormente, a crise se espalhou para o Chade e a República Centro-Africana.

Também nesse relatório, a nação insular Kiribati, do Pacífico, declarou suas terras inabitáveis e pediu ajuda para evacuar sua população. Em março de 2009, Peter  Popham, escritor de The Independent, forneceu outro ângulo para a situação do  clima: “O aquecimento global está dissolvendo as geleiras alpinas tão rapidamente que a Itália e a Suíça decidiram que devem novamente desenhar suas fronteiras nacionais para ter em conta a nova realidade.”.

Um resultado mais trágico da mudança climática é a fome, causada por secas prolongadas em algumas áreas e inundações constantes em outras. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, cerca de um bilhão (1.000.000.000) de pessoas em todo o mundo está constantemente com fome. Pior ainda, mais de nove milhões (9.000.000) de pessoas morrem anualmente de fome e de causas relacionadas, mais da metade são crianças. Isso significa que hoje, na era mais avançada tecnologicamente da história da humanidade, uma criança morre a cada seis segundos devido à falta de comida e água.

Em nossas casas, os problemas são muitos também. O New York Times anunciou que,  de acordo com um censo divulgado pelo American Community Survey, as taxas de divórcio aumentaram a tal ponto que hoje há mais casais não casados nos Estados Unidos do que casados. É a primeira vez na história que as famílias monoparentais são a norma,           as           de           mãe           e           pai           são           a           exceção. Muitos cientistas, políticos, ONGs e organizações ligadas à ONU alertam que a humanidade  está enfrentando  um risco  de catástrofes  sem precedentes em uma escala global. Qualquer coisa, desde a mutante gripe aviária até uma guerra nuclear ou um terremoto, poderia acabar com milhões e bilhões seriam levados à miséria.

Crises, no entanto, têm ocorrido ao longo da história. Nossa época não é a primeira em que a humanidade tem estado em risco. A pandemia da Peste Negra do século XIV e as duas Guerras Mundiais facilmente superam o perigo que a nossa situação atual apresenta. O que distingue a atual crise das anteriores, porém, é a tensão que caracteriza o estado atual da humanidade. Nossa sociedade tem ido ao extremo em duas direções que parecem entrar em conflito: a globalização e a interdependência de um lado, e o aumento da alienação e o narcisismo pessoal, social e político de outro. E isso é uma receita para um desastre como o mundo jamais viu, seja no setor financeiro  ou para  além dele.

Hoje a globalização nos diz respeito muito mais que a interdependência financeira. Tornamo-nos globalmente interligados em todos os domínios da vida: os computadores  e TVs que usamos para nos entreter vêm (principalmente, mas não exclusivamente) da China, de Taiwan e da Coreia. Os carros que dirigimos são montadas (mais uma vez, principalmente) no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, mas suas peças são  feitas em muitos outros países. As roupas que vestimos muitas vezes chegam da Índia e da China, enquanto a comida em nossos refrigeradores vem de todo o mundo.

Além do mais, em todo o mundo as pessoas assistem a filmes de Hollywood e  aprendem inglês aos milhões. De fato, dos cerca de 1,4 bilhões de falantes de inglês a nível mundial, apenas 450 milhões são falantes nativos, e só a China produz mais de 20 milhões de novos falantes de inglês a cada ano, relata o Asia Times em uma reportagem do dia15 de setembro de 2006, intitulada “Inglês nativo está perdendo seu poder”.

Em 8 de março de 2009 o economista da Wachovia Corp, Mark Vitner, fez uma descrição bastante palpável da situação globalizada do mundo, quando descreveu a interconexão dos mercados de crédito na MSNBC: “É como tentar desembaralhar ovos mexidos. Isso não pode ser feito facilmente. Eu não sei se isso pode ser feito de alguma maneira.”i

O problema com a globalização, no entanto, não é apenas que nos torna interligados, também nos torna interdependentes, e em vez de usarmos essas interconexões para prosperar, nos engajamos em um constante cabo de guerra. O que aconteceria com os países ricos em petróleo se o mundo de repente mudasse para as energias eólica e solar? O que aconteceria se a China parasse de comprar dólares dos Estados Unidos? O que aconteceria com China, Japão, Índia, Coreia se os americanos não tivessem dólares para comprar os bens produzidos na Ásia? E se os turistas ocidentais deixassem de viajar, o que seria das centenas de milhões de pessoas em todo o mundo que sustentam suas famílias graças ao hedonísmo ocidental ?

O jornalista Fareed Zakaria eloquentemente descreveu esse emaranhado em um artigo  da Newsweek, intitulado “Saindo das carteiras: o mundo precisa dos norte-americanos gastando”: “Se os deuses da economia me dissessem que eu poderia ter a resposta a uma pergunta sobre o destino da economia global (…) gostaria de perguntar ‘Quando o consumidor americano começará a gastar novamente?'” Na verdade, nós nos tornamos uma aldeia global, totalmente dependentes uns dos outros para o nosso sustento.

A interdependência, no entanto, é apenas uma parte do quadro complicado de hoje. Embora estejamos crescendo cada vez mais globalizados, estamos também nos tornando cada vez mais centrados em nós mesmos ou, como os psicólogos Jean M. Twenge e Keith Campbell descrevem, “cada vez mais narcisistas”. Em seu livro perspicaz, A epidemia do narcisismo: vivendo na Era do Direito, Twenge e Campbell falam sobre ao que eles se referem como “o aumento incessante do narcisismo em nossa cultura” e os problemas que ele causa. Eles explicam que “Os Estados Unidos estão atualmente sofrendo de uma epidemia de narcisismo. (…) traços de personalidade narcisista aumentaram tão rápido quanto a obesidade.” Pior ainda, “O aumento do narcisismo está se acelerando, com pontuações crescendo mais rápido na década de 2000 do que em décadas anteriores. Em 2006, 1 em cada 4 estudantes universitários concordou com a maioria dos itens em uma medida padrão de traços narcísicos. Hoje, como o cantor  Little Jackie coloca, muitas pessoas sentem que “sim senhor, todo o mundo deve girar em torno de mim.'” No dicionário Webster, o narcisismo é definido como “egoísmo” e isso, claramente falando, significa que nos tornamos insuportavelmente egoístas.

Assim, nosso problema é duplo: por um lado, somos interdependentes; por outro lado, estamos nos tornando cada vez mais narcisistas e alienados. Estamos tentando levar  duas formas de vida que simplesmente não se encontram: a interdependência e a alienação. Talvez seja por isso que passemos incontáveis horas conversando com “amigos virtuais” em redes sociais online, mas sejamos muitas vezes frios e insensíveis com nossos parentes em casa. Se fôssemos simplesmente interdependentes, gostaríamos de nos unir, apoiar uns aos outros e ser felizes. Alternativamente, se fôssemos simplesmente egoístas, separar-nos-íamos e viveríamos por nós mesmos. Mas se nós somos interdependentes e egoístas, nenhuma das duas formas funciona!

E esta é, em essência, a raiz da crise: a nossa interdependência exige de nós que trabalhemos juntos, mas o nosso egoísmo nos leva a enganar e explorar uns aos outros. Como resultado, os sistemas de cooperação que trabalhamos tão duro para construir se quebram, levando a contínuas crises.

Assim, o objetivo deste livro é duplo: 1) lançar luz sobre a causa da nossa interdependência, por um lado, e nosso egocentrismo, por outro, e 2) descrever brevemente um modus operandi viável para combinar essas características aparentemente conflitantes em nosso benefício. Para abordar o primeiro objetivo, vou explicar o que eu aprendi na Cabalá sobre a estrutura da Natureza e, particularmente, sobre a natureza humana. Para abordar o segundo objetivo, vou combinar as ideias do grande Cabalista do século 20, Yehuda Ashlag, assim como as de outros grandes Cabalistas, com sugestões de cientistas contemporâneos e estudiosos de outras disciplinas.

Na Sabedoria da Cabalá, descobri o que eu acredito ser uma solução viável para os problemas globais atuais e me sinto grato por me ter sido dada a oportunidade de apresentá-la. É minha esperança e, posso dizer, convicção de que, a partir dos conceitos que a Cabalá oferece, possamos salvar a nós mesmos, bem como a Grande Bola Azul na qual vivemos.

 

Prefácio

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

Acho que todas as crianças passam por um período de fazer as “grandes” perguntas. As minhas foram: “De onde nós viemos?”, “Para onde nós vamos quando já não estamos aqui?” e, especialmente, “Qual é o propósito da vida?”. Talvez devido ao fato de que meus pais fossem médicos, eu me sentia naturalmente inclinado a buscar as respostas na ciência. E talvez porque eu estivesse procurando na ciência, as respostas que encontrei tinham natureza mais abrangente e geral.

Minha opção científica foi a Biocibernética médica, para ser exato. Isso se tornaria minha ferramenta de pesquisa. Na época, a Cibernética era um campo de novas e inovadoras pesquisas, permitindo aos cientistas explorar sistemas  complexos  e encontrar os mecanismos para controlá-los. Eu estava particularmente interessado no corpo humano e seus sistemas de controle. Com a Cibernética, eu tinha tentado desvendar o segredo da existência humana: o corpo e a alma que (assim eu acreditava) o habitava.

Minhas esperanças, porém, foram frustradas. Sim, a ciência me ensinou muito sobre a vida, ou melhor, sobre como uma nova vida começa e como é sustentada. Não me ensinou, no entanto, nada sobre as questões mais fundamentais do significado que conduziu    minha     pesquisa:     o     que     é     a     vida     e     para     que     serve?    O desejo de decifrar o significado da vida me manteve interessado, sondando cada fragmento de dados que eu pude encontrar. Eu continuei minha busca na ciência, na filosofia e até mesmo na religião, até ganhei uma infinidade de novos conhecimentos e compreensão da vida. Assim como na minha experiência inicial com a cibernética, nada disso, porém, parecia resolver questões mais profundas de significado e propósito.

 

E então um dia, de repente, cheguei à conclusão da minha longa busca, quando inesperadamente me deparei com o que, eu descobri mais tarde, seria uma ciência chamada “Cabalá”. Em retrospecto, nenhuma parte da minha pesquisa foi redundante ou lamentável. Ciência, filosofia e religião foram todas “paradas” necessárias no meu caminho para a Cabalá, embora eu nunca tivesse parado em qualquer uma delas. Cada uma contribuiu para a minha compreensão acerca do sentido da vida e do propósito da existência humana; cada uma agora tem o seu lugar de direito na totalidade, e eu poderia acrescentar, como resultado de uma salutar visão de mundo que a Cabalá me ajudou a estabelecer.

Além disso, eu descobri uma conexão entre a finalidade da existência humana e as múltiplas crises globais que o mundo enfrenta agora. A partir da Cabalá, eu reconhecia a inevitabilidade dessas crises, a sua resolução inevitável em paz e prosperidade e a escolha livre que temos de fazer para resolvê-las ─ colaborando e cooperando, mas principalmente nos tornando conscientes de nossa unidade e interdependência. Mais importante que tudo isso, eu descobri que antigos conceitos cabalísticos sobre as relações humanas fornecem uma plataforma sobre a qual é possível construir sociedades viáveis                   que              promovam           tais         relações           amigáveis. O conceito de que as atuais ameaças globais são predeterminadas não é meu. Nem é

 

minha a ideia de que as crises são um trampolim para uma realidade que ultrapassa nossos sonhos mais loucos. Ambas as noções têm existido por milênios, mas só agora começaram a vir à tona, porque é a primeira vez que certa condição necessária dupla foi atendida: as pessoas estão desesperadas o suficiente para buscar uma solução e há uma explicação bastante clara de que a solução está disponível. Quanto ao meu papel no desenrolar desses conceitos é o de servir como apresentador e facilitador. Por mais que eu acredite na validade dessas ideias, de modo algum, no entanto, posso  reclamar direitos de propriedade sobre elas. São soluções e ideias que eu aprendi com meus professores ao longo dos anos.

Como eu espero mostrar nos próximos capítulos, a ciência contemporânea e o pensamento moderno agora tornam possível satisfazer essas condições e desvendar o paradigma antigo explicado na ciência da Cabalá. Graças à física quântica, que se atreveu a desafiar o paradigma newtoniano da realidade, podemos achar dignos de consideração conceitos como a “unidade da realidade”. E graças à filosofia, que devotamente cultivou a ideia do pensamento livre, podemos agora compartilhar ideias e aprender                    uns                       com  os        outros. Assim, embora os conceitos que estou prestes a introduzir sejam inteiramente cabalísticos, vou mostrar que muitos deles têm paralelo com a ciência moderna.  A minha esperança é de que, no espírito do pluralismo, eles sejam recebidos com mente e coração abertos. E se os pontos de vista aqui apresentados invocarem contemplação em apenas um leitor, serei totalmente recompensado.

Michael Laitman

Nota do Editor

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

O livro Interesse próprio versus altruísmo na Era Global, que visa explicar a evolução da existência, originalmente parecia um objetivo irreal. Parecia ser especialmente desafiador o ângulo que o livro iria tomar, em função da comunidade científica, bem como da cabalística. Com a ajuda de muitos amigos de todo o mundo, porém, concluímos a tarefa com êxito.

Eu sinto que é meu dever agradecer a cada um que contribuiu no projeto e peço desculpas se alguém foi omitido inadvertidamente. Na minha opinião, este livro é a criação de um grupo, ao invés de trabalho de alguns indivíduos proficientes, e é aí que reside o seu mérito.

Abaixo está a lista (em ordem alfabética) das pessoas que contribuíram com seu tempo, esforço  e  muitas   vezes   dinheiro   para   a   realização   deste   livro   global:   Pesquisa e Revisão (ambos): Anastasia Cherniavski, Annabelle Fogerty, Asaf Ohayon, Asta Rafaeli, Avraham Cohen, Beth Shillington, Christiane Reinstrom, Crystlle Medansky, Daniel Lange, Eli Gabay, Geoffrey Best, James Torrance, Jonathan Libesman, Julie Schroeder, Kimberlene Ludwig, Loredana Losito, Markos Zografos, Marlene Bricker, Michael R. Kellogg, Michal Karpolov, Pete Matassa, Peter LaTona, Sandra Armstrong, Shari L. Kellogg, Veronica Mengana, Yehudith Sabal, and Zhanna Allen.

Editores: Alicia Goldman, Brad Hall, Charles Bowman, Dan Berkovitch, Eric Belfer, Gilbert Marquez, James Torrance, Keren Applebaum, Noga Burnot, Rachel Branson, Riggan Shilstone, and Tom Dorben.

Produção: Leah Goldberg

Administração: Avihu Sofer, Alex Rain (imagens).

Gostaria de expressar minha profunda gratidão a Profª Valeria Khachaturian, Profº Itzhak Orion, Dr. Yael Sanilevich, Dr. Eli Vinokur e Mr. Ronen Avigdor pela revisão das informações científica, histórica e financeira contidas neste livro.

E, finalmente, a Baruch Khovov, designer que se reportava a Claire Gerus, editora cujo trabalho sempre foi símbolo de qualidade para mim, e, logicamente, a Uri Laitman, nosso editor, cuja dedicação e diligência são inspiração para todos os que trabalham com ele.

Atenciosamente, Chaim