VaEtchánan (E Eu Supliquei)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Deuteronômio, 3:23-7:11)

 

Sumário da Porção

A porção, VaEtchánan (E Eu Supliquei), repete aquilo que foi proibido a Moisés – de entrar na terra de Israel – e aquilo que Yeóshua foi para o suceder e conduzir o povo para a terra de Israel. A porção lida com o mandamento de manter a Torá e recordar a estadia no pé do Monte Sinai, bem como o conceito de arrependimento, que aqui aparece pela primeira vez. Aqui aparece o conhecido texto de Yisrael (Escutai Ó Israel).

Moisés faz outro discurso, onde ele repete os Dez Mandamentos. Ele também distingue três cidades de refúgio no lado oriental do Rio Jordão, alerta da idolatria na terra de Israel e instruiu como destruir as estátuas. Ele também recorda ao povo que foi o Criador que os conduziu para a terra de Israel, a boa terra que eles estão destinados a herdar.

 

Comentário

A porção, VaEtchánan (E Eu Supliquei), contém todas as condições para a povoação do povo de Israel na terra de Israel. O povo de Israel começou sua história com Abraão, que estabeleceu um grupo na Babilônia. Esse grupo se distinguiu do resto dos Babilônicos, que não desejavam se unir como “um homem com um coração”, ou seja estarem na qualidade de Chéssed (misericórdia), que é a qualidade de Abraão.

Esse grupo de pessoas concordou viver em Arvut (garantia mútua) e na realidade começou o processo de formação do povo de Israel. Depois do êxodo do Egito, o grupo assumiu sobre si mesmo o compromisso de ser como uma nação, apesar dos problemas e os egos das pessoas.

A formação de uma única nação foi condicionada sobre uma “passagem” bem-sucedida da provação no pé do Monte Sinai, uma montanha de Sinaá (ódio). No Monte Sinai, o povo assumiu a estipulação preparatória para subir sobre essa montanha – ser “como um homem com um coração”. Somente ao aderir a esta condição é possível receber a Torá, a força superior que pode unir todos. Essa condição é encontrada através do “ponto no coração” de cada pessoa, um ponto chamado “Moisés”, que atrai as pessoas em diante para o deserto e subsequentemente para a terra de Israel. Este é o ponto onde todos se devem unir.

A estipulação que manteve o povo junto foi Arvut (garantia mútua). Até hoje, para se ser uma nação deve encontrar a condição de cuidarmos uns dos outros no nível material, também. Este é o escrutínio que enfrentamos hoje em Israel – fazer com que todos zelem para que ninguém careça de sustento básico no nível material.

Quando nos juntamos, entramos na terra de Israel através da correção chamada “quarenta anos no deserto”. Este é um estado no qual todos se tornam uma nação e estão dispostos a viverem juntos de uma maneira global e integral, como hoje aparece no mundo e como a Natureza requer.

Hoje alguns têm muito mais do que precisam, enquanto outros dificilmente vão ao encontro de suas necessidades básicas. O único modo como podemos adquirir o que precisamos é ao sermos responsáveis uns pelos outros. Somente através da união seremos capazes de criar uma força especial que nos ajudará a superar as dificuldades e dividir adequadamente nossa produção e lucros, tal como em uma família.

“Como um homem com um coração” realmente significa “como uma família”. Em uma família nós dividimos o que temos com cada um baseando-nos nas nossas necessidades. Sentamos em uma mesa redonda e conversamos. Tomamos todo o argumento e problema em consideração, pesamos as prioridades de cada um e decidimos como dividir aquilo que ganhámos entre nós. Reforçamos os fracos e os apoiamos.

Se gerirmos o povo e o país desta maneira, descobriremos que a nação está conectada e que o Criador – a força de doação e amor – está entre nós. Sentiremos como resolver todos os problemas e nos elevarmos acima de todas as obstruções. Quando assumimos sobre nós o bem, imediatamente produzimos novos poderes entre nós e então, “Neste dia vos haveis tornado um povo” (Deuteronômio, 27:9).

A condição para a união entre nós permite-nos resolver todos os problemas, como está escrito perto do fim da porção, que aderir a essa condição nos conduz para sermos como um: “Escutai, Ó Israel, o Senhor vosso Deus, o Senhor é Um” (Deuteronômio, 6:4). Quando a força do amor está entre nós – a força da união, a necessidade de estarmos juntos, a Arvut (garantia mútua), sustentamos e nos ajudamos uns aos outros. Essa força conduz-nos, ao povo de Israel, para a terra de Israel – para o desejo, Yashar El (direito a Deus), direito à qualidade de amor e doação.

Somente se um produzir a força chamada Elokim (Deus), que é o amor geral, a Arvut, é que a força, “O Senhor vosso Deus”, que criamos, caminha à nossa frente quando entramos na terra de Israel. Essa força ajuda-nos a lidar com as dificuldades lá e a combater com as sete nações lá, que são mais fortes que nós.

De muitas maneiras, é semelhante à presente situação de Israel, estando cercada de nações que desejam destrui-la. É somente por essa força que “derrotamos” verdadeiramente todos. No fim, nos trazemos não só a nós à união e conexão, mas ao mundo inteiro. Nos tornamos “uma luz para as nações” ao demonstrar como podemos todos estar unidos no nosso mundo, que requer uma conexão global-integral entre todos. É tal como a Natureza, o Criador*, nos aparece como um e nos cerca de tal maneira que nos obriga a ser como ele, como um, em Dvekút (adesão) com ele.

Quando produzimos a força de amor entre nós pela conexão, nos tornamos semelhantes ao Criador – a força geral na Natureza. Nesse estado, estamos em harmonia com a Natureza e equilibramos a ecologia, tecnologia, economia e todo o reino da vida. Tudo cai no seu lugar somente pela força de união, embora possa não parecer desse modo e pode não estar claro o que a força de união tenha a ver com resolver qualquer um destes problemas.

Estamos ainda por compreender que somos parte da Natureza e que estamos nela. A rede em que nos encontramos é gerida integralmente, com todas suas partes interconectadas. Se nós, também, nos conectamos em sintonia com a Natureza, seremos recompensados com os frutos da terra de Israel, como os espiões os viram mas pensaram que não seriam capazes de os desfrutar pois os frutos

 

eram tão grandes e o povo que habitava a terra era tão poderoso. Aqui reside a solução: se nos unirmos, essa força marchará diante de nós e quebrará todos os inimigos.

Enquanto produzimos entre nós a força da Arvut, ela resolverá todas as coisas. O que quer que aconteça, através da força de união podemos todos estar debaixo do guarda-chuva da Arvut, o guarda-chuva do amor, através do qual o mundo será verdadeiramente corrigido.

 

Perguntas e Respostas

Seguindo Moisés, Yeóshua teve de conduzir a nação para a próxima fase, o próximo grau. Como conduzimos o povo enquanto mantendo todos unidos apesar dos desafios?

A Torá não nos conta sobre o que aconteceu depois da entrada na terra de Israel, ou como quebrar os ídolos, que são nossa inclinação ao mal. Quando idolatramos, colocamos diante de nós estátuas tais como o dinheiro, poder, respeito, inveja e ódio. Nada é dito sobre a construção do Templo e a conduta dentro dele.

Basicamente temos dois caminhos a fazer. Podemos tomar o caminho curto, bom, onde alcançamos nossa própria correção e a correção do mundo, ou tomamos o caminho difícil, se não mantivermos a condição da Arvut.

Agora estamos a atravessar tempos difíceis, por problemas …

Não precisamos considera-lo um problema, mas como uma oportunidade. As condições nas quais estamos são uma oportunidade e nelas devemos nos corrigir. Sem tempos difíceis, como superaremos a inclinação ao mal? Como a conheceremos?

Assumamos que todos estabelecemos Arvut, todos queremos cuidar uns dos outros e as pessoas vão nessa pois isso soluciona seus problemas. Qual é o próximo passo?

Nada há senão manter a Arvut.

Então e o amor que temos de alcançar?

Ele é Arvut. A primeira fase na Arvut é “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”, ou seja que no mínimo evitar prejudicar os outros. A próxima fase é “Ama teu próximo como a ti mesmo”, que é a regra geral da Torá. Nada mais há senão isso. Há duas condições que devemos seguir: evitar prejudicar os outros e então, acima disso, os tratar com amor.

Recentemente, temos visto muitas pessoas que abertamente admitem que do que precisam realmente é amor.

As pessoas precisam de entender o verdadeiro sentido da Arvut. Precisamos nos sentar juntos em uma mesa redonda e discutir as coisas, explicar as definições de cada palavra até que sintamos na realidade sobre o que estamos a falar.

Arvut significa que todos somos responsáveis uns pelos outros, em tudo na vida. Quando um tem os relacionamentos certos com outros, não há necessidade de pensar em si mesmo. Enquanto você pensa nos outros, os outros pensam em si.

 

É tal como em uma família. Em uma família, você não se importa consigo mesmo, mas em vez disso com a família inteira: seus filhos, seus pais, os doentes e os fracos. Dividimos o vencimento familiar e tudo o resto que temos de acordo com as necessidades de todos.

Como tomamos decisões em um formato de mesa redonda ao nível nacional?

Imagine como será quando precisarmos de fazer este tipo de decisão em um nível mundial! Precisamos aspirar ter todas as facções ao redor da mesa. Precisamos achar facções cujos representantes não vêm para a mesa, talvez porque são muito fracos ou tenham desesperado. Precisamos os ajudar a levantar suas perguntas.

Também, a mesa redonda deve ser uma operação contínua. Devemos dar um exemplo de uma nação que discute com amor, com todos sentados juntos ao redor da mesma mesa: esquerda, direita e o centro, até com inimigos e adversários. O ponto comum que nos conecta é que todos pertencemos a uma nação, como está escrito, “amor cobre todas as transgressões” (Provérbios, 10:12). A transgressão é o ódio que sentimos uns pelos outros. Em outras palavras, não tem problema que sejamos odiosos, mas há uma regra: todos devemos viver como uma família.

Fará isso o ódio se render?

Não, ele não se renderá. O princípio na sabedoria da Cabala é que “amor cobre todas as transgressões”. Em outras palavras, a transgressão do ódio permanece. Ela aponta para desacordos e para a diferença de qualidades que todos temos. Desacordos entre nós são bons pois acima deles construímos uma Massach (tela), um guarda-chuva que cobre essas transgressões.

Nos unimos apesar de nossas disputas porque o princípio do amor deve estar acima de tudo o resto. Esse princípio “usa” essas disputas como uma alavanca para nos elevar acima do Monte Sinai, acima da montanha de ódio. Todos nós nos sentamos ao redor da mesa e construímos acima de nós o conceito de “Moisés no Monte Sinai”, e Moisés puxa-nos para cima. Quando alcançamos a qualidade do amor que nos conecta, nos tornamos uma nação. Antes disso, não somos considerados uma nação.

Isto é verdade para o resto do mundo, também?

Primeiro, sobre nós aqui, em Israel: tivemos o gene espiritual desde o tempo em que fomos uma nação. Se implementarmos o princípio da Arvut e usarmos as diferenças entre nós para somar ao conceito da Arvut, verdadeiramente sentiremos que estamos na terra de Israel.

Se estivermos unidos, ninguém será capaz de nos prejudicar. Isso não será porque somos fortes, mas porque a força da Natureza estará em nós, em sintonia com a Natureza global, integral, tal como está escrito que o Criador caminha diante de nós e trava todas nossas guerras*, tal como Ele quebra o ódio do homem para os outros.

Não há dúvida que nossos vizinhos alegremente se juntarão a nós e então veremos que o ódio estava lá somente para nos unir. Nenhum outro país no mundo está em uma situação similar. Nossa união acalma nossos vizinhos pois há somente uma única força que opera na Natureza e seu propósito conduz-nos a todos para a união, conexão, harmonia e equilíbrio com a Natureza global.

Os Dez Mandamentos detalham como alcançar a Arvut, ou  eles  detalham  o  que encontramos assim que a alcançamos?

Os Dez Mandamentos são uma condição. O sistema de união entre nós consiste de dez partes, chamadas “Dez Sefirot”. Devemos interpretar cada uma delas. Precisamos colocar essas dez partes – nossas conexões com os outros – em ordem. Se colocarmos nossas relações para os outros em ordem, as dez distintas abordagens, colocaremos nossa inteira atitude para os outros em ordem.

Estas dez Sefirot aparecem assim que alcançamos a Arvut?

Trata-se também de como alcançamos a Arvut porque esta é a meta. Ao descobrir a Arvut, você descobre o seu próprio estado superior, onde você se elevou acima dos problemas. Subitamente descobre que a Natureza já produz tudo aquilo que necessita. Descobre as fontes de energia, vitalidade, saúde e amor que existem no mundo e as relações próximas que existem entre todas as partes da Natureza e que foram suprimidas.

Isto soa a um milagre.

Se falar para as pessoas que vivem na selva, elas frequentemente dizem que a Natureza irradia amor para elas. A união, o holismo nela irradia uma atitude de amor.

Entraremos em um novo reino da realidade através do nosso desejo de alcançar a Arvut?

Sim, descobriremos forças internas que presentemente se encontram escondidas de nós porque constantemente vemos os outros através de nossos egos. Quando começarmos a dar como a Natureza dá, começaremos a perceber um comprimento de onda completamente diferente, muito semelhante a um rádio.

Como começamos? Qual é o primeiro passo para a Arvut?

Temos de nos sentar na mesa redonda, escrutinar esses conceitos e ver como podemos alcançar a união. Arvut é a condição que nos fez uma nação no passado. Posteriormente, o perdemos         na ruína do Templo. Temos estado em exílio e agora precisamos nos criar novamente a nós mesmos como uma nação.

Uma nação é como uma família. Devemos ver-nos a nós mesmos como uma grande família. Precisamos nos relacionar a todos os problemas e descobriremos que é bom que eles agora apareçam. Os problemas dão-nos algo sobre que falar, uma necessidade de nos sentirmos uns aos outros. Nestes dias a principal necessidade das pessoas é conexão com os outros; elas até se manifestam e vão para protestos só para se sentirem conectadas.

De O Zohar: Vós Haveis Começado a Mostrar

“Vinde e vede, o Criador deu a todas as nações no mundo a ministros nomeados para governarem sobre elas”, ou seja, as diferentes forças da Natureza. “Mas Israel, o Criador os segura como Seu lote e Sua parte, para na realidade se unir com eles”. Vemos o que acontece conosco pela história. Somos um povo especial e não há modo de o evitar. “E Ele deu-lhes a sagrada Torá para se unirem no Seu nome. Deste modo, “Vós que vos apegais ao Senhor,’ e não a qualquer outro nomeado, tal como o resto das nações”. Zohar para Todos, VaEtchánan, item 17

O que é a sagrada Torá? Ela é “ama teu próximo como a ti mesmo, esta é uma grande regra na Torá”. Nada mais há senão o amor entre o homem e o homem; esta é a inteira Torá e nada mais há. Pensamos que estas são diferentes ações e meios, mas elas são costumes, ações superficiais cujo propósito é suster o povo enquanto não compreenderem o que lhes é requisitado, ou seja enquanto ainda estão em exílio. É somente quando chegamos à situação global que a Natureza exige de nós, que Elokim exige que nos unamos.

De que Natureza estamos a falar? O que é esta lei? O que você quer dizer com “Natureza”?

“Natureza” é a força comum que conduz o universo inteiro de acordo com um propósito e plano. Nós vemos que todas as partes da Natureza estão conectadas. Essa conexão inclui-nos, exceto que estamos separados do resto da Natureza. É por isso que primeiro nos devemos unir em uma maneira de “Ama teu próximo como a ti mesmo”, nos tornando globais, integrais, conectados como o resto da Natureza.

Quando alcançamos isso, começamos a sentir a força comum que opera e tem operado durante a evolução. Vamos nos unir com essa força e nos tornar conscientes do caminho que tomámos. Nesse estado, descobriremos as razões para tudo o que aconteceu no caminho, a razão e o sentido da vida e a meta para a qual somos atraídos.

 

Termos

Observar (Manter) a Torá

“Observar” é a manutenção constante de nossa atitude para os outros. A Torá significa “ama teu próximo como a ti mesmo”. É o amor que deve sempre estar diante dos nossos olhos.

Arrependimento

“Arrependimento” é retornar do ego, da atitude negativa para os outros e para uma boa atitude para os outros.

Os Dez Mandamentos

Devemos distinguir dez partes que são todas egoístas, cruéis, direcionadas para explorar os outros e que são então corrigidas de se direcionarem para receber para se direcionarem para doar.

Aniquilação da Idolatria

Os ídolos são o dinheiro, ouro, automóveis belos e o que quer que queiramos que não seja necessário para nosso sustento. Com eles, é como se roubássemos dos outros. Está escrito que  sem farinha, não há Torá. Isto é, um deve cuidar das suas necessidades e também cuidar das necessidades dos outros.

Shemá Yisrael (Escutai, Ó Israel)

Isto diz respeito à união, “Escutai, Ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é Um”. “O Senhor nosso Deus” significa puro amor e doação. Trata-se de um laço entre nós que consiste de amor e doação e que divulga para nós a força da Natureza com a qual estamos em Dvekút (adesão).

Recordar

Devemos constantemente nos recordar e recordar aos outros, sobre a garantia mútua (Arvut). Devemos todos nos recordar uns aos outros que estamos obrigados a nos tratar uns aos outros favoravelmente, acima das más relações entre nós. Precisamos amar os outros como amamos aos nossos filhos: por vezes podemos estar infelizes com as personalidades de nossos filhos, mas os amamos independentemente.

Temos de nos tornar como uma família?

Sim e devemos sempre o recordar.

Então a Arvut é o guarda-chuva que deve cobrir todas as fendas entre nós, todos os conflitos. De fato, não precisamos mudar nada de todo, só colocar a Arvut entre nós.

Precisamente e então alcançaremos a abundância. É isto o que nos espera.

 

* Em Guemátria (Numeração hebraica das letras), Hateva (A Natureza) é equivalente a Elokim (Deus).

** “O Senhor vosso DEUS que vai diante de vós, ELE lutará por vós” (Deuteronômio, 30:1).

Devarim (Estas São as Palavras)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Deuteronômio, 1:1-3:22)

 

Sumário da Porção

A porção, Devarim (Estas São as Palavras), começa com um longo discurso que Moisés faz diante do povo de Israel precisamente antes de sua morte. A porção contém uma revisão histórica de quarenta anos no deserto, que Moisés descreve ao povo de Israel. A porção também lida com nomear os presidentes das tribos e os juízes, o pecado dos espiões e sua punição, os relacionamentos entre Israel e Edom, Israel e Moabe e Israel e Amon, bem como as guerras com Siom e Ogue. Moisés apoia Yeóshua (Josué), filho de Nun, como o próximo líder do povo de Israel, que os conduzirá para a terra de Israel.

 

Comentário

Do cascatear dos graus espirituais e o que aprendemos sobre a percepção da realidade, sabemos que não há mundo fora de nós. Tudo aquilo que existe são estados espirituais que atravessamos, estados retratados dentro de nós. Tudo está dentro de nós, como foi dito, “O homem é um pequeno mundo”.

Avançamos de estado para estado. Cada estado emerge do seu predecessor e é incluído nele. Isso é chamado um Partzuf (face). Cada estado contém aquilo que existe no anterior, as Reshimô (recordações), impressões e memórias das quais ele nasceu e que agora deve implementar. Nenhuma coisa vem do nada; tudo depende daquilo que o precedeu.

Estas são as fases pelas quais ascendemos do grau do deserto para o grau da terra de Israel. O grau da terra de Israel contém todos os graus anteriores, desde Adam HaRishon (o primeiro homem, Adam), com o qual a Torá começa. É por isso que achamos que a Torá sempre repete estados descritos em livros anteriores e os prolonga para o próximo grau superiores.

Nós usamos o mesmo padrão nas nossas vidas diárias na escola, repetindo o mesmo material, mas cada vez em um nível mais alto. Isto é, estudamos as mesmas leis, mas em maior detalhe. Quando estudamos as leis de Newton no nível do liceu, voltamos a encontrar aquilo que já aprendemos várias vezes na escola. A diferença é que mais fórmulas são adicionadas. Este padrão se repete em várias áreas da vida.

Nesta porção, ascendemos a um grau muito alto. “A terra de Israel” é composta de todos os desejos do homem que são processados e corrigidos para terem a direção de doar, ou seja que são corrigidos completamente.

Tudo o que precisamos é corrigir aquilo que está em nós desde o estado no qual nascemos e do qual evoluímos. Precisamos transformar de visar usar nossos traços egoistamente para os usar pelo bem dos outros, como em “Ama teu próximo como a ti mesmo; essa é uma grande regra na Torá”. Na realidade, é a inteira Torá que nos explica como corrigir o coração, ou seja todos nossos desejos, que são chamados “coração”.

Hoje, não sabemos quem nós somos. Queremos descobrir o sentido de nossas vidas, a razão para a vida. Esta e questões semelhantes despertam especificamente na nossa geração e frequentemente conduzem à depressão e abuso de drogas e alcoolismo, pois não fazemos ideia do que fazermos com elas.

Há pouco  menos  de  um  século  atrás, pensávamos que  quanto  mais tivéssemos,  mais  seriamos felizes. Acreditávamos que o excesso de consumo era melhor que o consumo equilibrado até que nos encontramos em um estado de crise, especificamente porque recebemos demasiado e fizemos coisas desnecessárias só para nos satisfazermos. Agimos a partir das suposições, “quanto mais vendermos, mais felizes seremos”, e “quanto mais comprarmos, mais felizes seremos”. Criámos a monstruosa indústria publicitária para promover produtos redundantes e fazer-nos pensar que eles eram na realidade essenciais.

Nos últimos cem anos ou assim, a humanidade progrediu desta maneira até que chegámos a uma situação onde não só estamos infelizes, mas também nos tornamos cada vez mais pobres. Estamos a experimentar repetidas instâncias de escassez, vazio e desamparo.

E, todavia, temos de aprender todos isso em primeira mão. Essa é a primeira fase do nosso desenvolvimento, o “período de preparação”.

Da presente fase, avançaremos para a próxima na qual a espiritualidade se desenvolve. Vamos compreender que se continuarmos a viver como fizemos, vamos nos arruinar a nós mesmos completamente. Nos tornámos máquinas que consomem e descartam, mas no fim, o mundo será esgotado de matérias primas e não teremos nada com o qual nos sustentar.

Isto traz-nos às velhas questões: “Como vamos sobreviver? ” “Como podemos ter uma vida feliz e viver em uma sociedade que é equilibrada e igualitária? ” “Quais são os valores que devemos seguir em prol de ter uma boa vida na qual temos o que precisamos e merecemos? ”

No cerne do problema está uma parte da sociedade que recebe sem quaisquer restrições enquanto os outros sofrem. Para remendar isso, começamos com as questões que acabámos de mencionar enquanto entramos na próxima fase – a fase da correção, quando nos devemos corrigir. Essa fase começa no pé do Monte Sinai, quando percebemos que devemos estabelecer uma sociedade justa e igual, com felicidade espiritual para todos. Isto se espalhará através da união e garantia mútua. Se concordarmos com isso, assumiremos sobre nós o método da correção.

A sabedoria da Cabala é o método da correção. Ela explica como atravessamos as primeiras fases da nossa correção. A primeira fase depois do período de preparação é chamada “quarenta anos no deserto”. Nessa fase devemos ter um líder que compreende o que deve ser feito, que caminha em frente e a quem todos seguem para o deserto.

Um “deserto” é um lugar onde não sabemos como sobreviver ou nos sustentar – aos nossos filhos e mulheres, bem como ao gado – sem comida e água. Nós passamos pelo deserto, seja uma nação inteira ou um indivíduo, no qual há desejos e pensamentos que devemos corrigir gradualmente.

No deserto, corrigimos todos nossos desejos para estarem no grau de “desejar misericórdia”. Nesse grau, consumimos o que é necessário para viver e damos o resto à sociedade. “O resto” é tudo aquilo que podemos produzir ou fazer a favor dos outros. Dedicamos tudo à sociedade, pois esta é a correção de desejar misericórdia. Moisés, que está nessa correção, é a força que nos puxa do ego para a doação sobre os outros. Ele é aquele que nos leva através de várias correções individuais.

Dentro desse processo há uma divulgação dos desejos egoístas do homem, chamada “o pecado dos espiões”, “águas de contenda” e guerras com certas nações – Amon, Moabe e Edom – algumas das quais devem ser “chacinadas”. Estes são os desejos que devemos refrear de usar por enquanto pois eles são tão intensos que não os conseguimos corrigir, mas somente os conseguimos restringir.

Sob condições especiais, podemos corrigir alguns dos nossos desejos egoístas, tais como ”mulheres”. Podemos também corrigir desejos que não foram usados egoisticamente, mas ainda pertencem ao ego.

Por exemplo, os excessos são alguns desses desejos, alguns dos Kelim (vasos), as habilidades que podemos corrigir. É assim que avançamos pelo deserto, onde cada porção é uma fase enquanto passamos por paragens e acampamentos onde avançamos e nos corrigimos para uma fase de “desejar misericórdia”.

É por isso que os filhos de Israel, com todas suas tribos, contam quem está e quem não está a avançar pelo bem do público e garantir que cada pessoa tem aquilo que ele ou ela precisa para o sustento normal. Isto é chamado “divisão justa”. O resto, um dá ao público.

Não se trata de que devemos ter todos o mesmo. Em vez disso, é que cada um de nós deve ter aquilo que é adequado para nosso consumo relativo. Em outras palavras, dado que todos nascem diferentes e desiguais, o sentido da igualdade é interpretado diferentemente para cada pessoa.

 

Perguntas e Respostas

O discurso de Moisés prepara o povo para o próximo grau. O próximo grau não é aquele ao qual Moisés pertence, mas é o grau onde Yeóshua continua. Como pode Moisés preparar o povo para os desafios futuros na terra de Israel – com divisão justa e igualdade entre eles – quando conquistarem a terra, encontrando desejos que nunca usaram, mas com os quais agora devem lidar. Como pode Moisés os preparar para este grau?

Os filhos de Israel usaram os desejos que eles corrigiram e que eles agora vão corrigir em um nível mais profundo. No total, há 613 graus dentro de nós. Primeiro, os corrigimos somente no nível do deserto, ou seja, os usamos somente no grau de Biná, o grau de desejar misericórdia. Subsequentemente, no nível da “terra de Israel”, um transforma estes desejos naqueles com a meta de doar.

Estes são os mesmos desejos; não há outros. Dentro de nós há uma espécie de pacote de desejos, todos os quais são egoístas em respeito aos outros. Eles são chamados “a inclinação ao mal”. Corrigimos estes desejos em duas fases – a fase do “deserto” e a fase da “terra de Israel”. Contudo, trabalhamos sempre com os mesmos desejos.

Na fase do “deserto”, corrigimos o desejo usando a força especial superior – o Criador. Contudo,  o meio para fazer isso é Moisés, nossa conexão com a força superior. Dentro de nós há uma qualidade chamada “Moisés”. Ao usá-la e conectar-nos a ela, conectamo-nos à força superior. É por isso que Moisés é chamado um “líder”, aquele que nos pode ajudar a conectar à força superior. O líder   compreende   e   conhece    todos    os    processos    que    devemos    atravessar,    ou    não teríamos necessidade dele. Ele é a mais alta qualidade dentro de nós, reconhece o Criador e é semelhante a Ele. Com esta habilidade, o líder conecta-se à força superior.

Colocamo-nos em uma linha direta especial onde todos nossos desejos se conectam a Moisés e através de Moisés ao Criador. Por agora, é assim que descobrimos o Criador – parcialmente, de tempos a tempos. Ele “fala” para Moisés abertamente e através de sinais aos outros, tanto quanto esses desejos em uma pessoa conseguem descobrir o Criador.

Na próxima fase, quando entramos na terra de Israel, a qualidade de Moisés em nós já não nos acompanha. Precisa haver uma qualidade mais avançada para outras correções, uma qualidade chamada “Yeóshua”, filho de Nun. De fato, essa é ainda a qualidade de Moisés, mas com um papel mais elevado e mais responsabilidade. Embora Moisés aparentemente dê seu papel durante seus quarenta anos no deserto juntos, Yeóshua é na realidade Moisés tendo ascendido ao grau da terra de Israel.

O grau de Moisés morre no Monte Nevo, no outro lado do Rio Jordão. Os desejos são divididos dentro de nós na terra de Israel, Jordânia, além do Rio Jordão, Líbano, Síria e assim por diante.

Posteriormente, Moisés começa o próximo grau, chamado Yeóshua, filho de Nun. Todos começamos nossas correções no grau da terra de Israel. Isto é, todos os desejos no nível do deserto sobem até ao nível da terra de Israel, se tornando totalmente em favor dos outros.

Primeiro, aqueles que vivem em Israel hoje devem se tornar conscientes que ainda não estão na

“terra de Israel”. Pode ser dito que eles dificilmente alcançaram o deserto?

De acordo com a sabedoria da Cabala, nós estamos em exílio total, nem sequer no deserto.

Então, e liderança? Nós a temos?

Nós  não  temos  liderança  pois  não  queremos   um   líder.   Se quiséssemos liderança  espiritual, descobriríamos o líder internamente, bem como externamente.

Como haverá liderança se entramos em território inexplorado?

Certamente, os próprios líderes não fazem ideia do que fazer.

Onde está Moisés?

Se o quisermos, o teremos.

Isto requer trabalho interno?

Isso requer trabalho interno. Se quisermos nos corrigir, o descobriremos no exterior, também. De súbito, um novo líder aparecerá que não havíamos visto ou conhecido anteriormente. E saberemos que é verdadeiramente ele.

Os filhos de Israel também não desejaram aceitar a liderança de Moisés. Várias vezes durante o período  do  deserto,  eles  tentaram  derrubá-lo.   Em   cada   grau,   devemos escrutinar se   é  esta verdadeiramente a força ou não que estamos a seguir, dado que seu poder aumenta constantemente.

Não é uma nação ou gado para que o levemos conosco. Tudo é obtido através da educação do povo. Somente com a educação as pessoas começam a vê-lo claramente, que é o porquê de tudo deve ser feito pela educação. Todos os slogans que as pessoas escrevem devem primeiro ser explicados: “O que é igualdade”, “o que é justiça”? Certamente, o que é igualdade? Afinal, somos diferentes e temos necessidades diferentes.

Verdade, todos devem receber graus diferentes de tanto quantidade e qualidade. Não pode ser de qualquer outra maneira.

Mas alguém pode dizer, “Meu ego requer dez milhões de dólares por ano”.

É por isso que primeiro precisamos de um sistema de educação que nos ensine as leis da Natureza, as leis da Criação que aparecem diante de nós agora. Primeiro, todos devemos aprender sobre elas, abrir nossos olhos e ver o mundo em que vivemos. Talvez estejamos inconscientes do que o mundo se parece; talvez exijamos coisas que nos prejudicam, como os bebês fazem por vezes.

Aqueles que sofrem podem escutar, mas neste momento nem todos estão a sofrer.

Todos pensamos que estamos a sofrer e todos pensamos que merecemos mais. Deste modo, de acordo com a sabedoria da Cabala, devemos começar a equilibrar nossa sociedade e ao mesmo tempo começar a educar, ensinar e obrigar a todos a estudar as leis da Natureza. Enviamos nossos filhos a aproximadamente vinte anos de escola e universidade para os preparar para a vida. Agora somo todos como crianças da escola em respeito ao mundo que aparece diante de nós e todos devemos ir para a escola.

A sabedoria da Cabala explica o que enfrentamos. Ela é precisamente o porquê do que está a aparecer. Se não aprendermos, continuaremos no nosso caminho, tal como crianças obstinadas que não querem escutar seus pais e se colocam a si mesmas em risco.

Nós precisamos de uma fase preparatória. Neste momento, muitas pessoas estão nas ruas a gritar com dor. Primeiro, precisa lhes ser dado alguma coisa para as acalmar para que possam escutar.

Isso tem de ser em simultâneo, ou conduzirá a terrível destruição.

Você quer dizer que não se pode acomodar a simplesmente uma delas, mas as deve estabelecer a ambas?

Sim.

A ruína do Templo ocorreu devido ao ódio infundado. Como podemos evitar o ódio infundado hoje?

Este ódio é o resultado dos nossos egos elevados, o pecado dos espiões. Não queremos ir para a terra de Israel, e parece-nos que é difícil, proibido, não para nós, que é perigoso. Fazem-nos pensar que a Cabala nos pode tornar loucos, que é misticismo. Abreviadamente, estamos a repelir nossa própria correção de qualquer modo que conseguimos.

Os espiões dizem-nos, “Devemos corrigir-nos; devemos chegar a um estado em que todos somos amigos, irmãos, em garantia mútua e igualdade”. Mas de que igualdade estão eles a falar? Querem eles igualdade? Estes são senão slogans. Todos dizem, “Dê-me o que eu mereço”! Mas merecem eles aquilo que exigem?

Para as pessoas escutarem, deve haver um declínio terrível.

Verdade, mas podemos preveni-lo. Para fazer isso, precisamos tornar nossa situação real conhecida. Presentemente estamos em uma nova geração, em um lugar completamente diferentes. Nossa realidade é diferente. Ainda estamos por achar um nome adequado para ela, mas os laços sociais são diferentes e também são nossas conexões internacionais.

Quando as pessoas estão em sofrimento, elas começam a odiar aqueles que não são como elas. E todavia, agora testemunhamos um processo de fusão. Como podemos impedir-nos de nos desintegrar-nos devido ao ódio infundado?

Este é um processo de aglutinação, cujo propósito é quebrar, não de construir. Este é o maior problema – que todas estas forças agora se estão a unir em prol de quebrar. Deste modo, devemos explicar tanto quanto pudermos que há algo muito arriscado aqui, que devemos deliberar, que devemos dispor discussões de mesa redonda e conduzi-las em todo o lado e a toda a hora.

O que é a justiça social? Há tal coisa como justiça objetiva e absoluta?

Sim, há, quando cada um recebe somente o que é necessário para sobreviver de uma maneira razoável.

Quem o monitorizará?

De acordo com o orçamento geral, seria monitorizado tanto quanto o possível. Inicialmente, seria testado em percentagens, quanto cada um necessitaria no geral. Semelhante à Segurança Social, todos receberiam a mesma quantia, tal como os pobres e os ricos recebem a mesma mesada da Segurança Social.

Este é um cálculo econômico que no final deve ser equilibrado. A coisa importante é deixar o mundo e a nação saberem onde se encontram e porque são do modo que são. Agora, nos é requisitado entender o que é um estado (país), o que é esse sistema, como ele funciona e como determinar regras. Cada um de nós deve participar nesta divulgação, dando algo de nós mesmos.

Qual é a condição para o sucesso?

A condição para o sucesso é que nos sentemos e aprendamos sobre o novo mundo, tal como crianças são preparadas durante vinte anos antes de elas se tornarem cidadãos produtivos. Temos ainda de alcançar esse nível – sermos cidadãos do mundo integral no qual vivemos. Há novas leis que surgiram e nenhum líder ou governo sabe o que fazer com elas. Respostas podem chegar somente ao estudar as novas bases, que a sabedoria da Cabala nos revela.

 

Termos

O que significa que as nações devem ser destruídas, tais como Amon, Moabe e Edom, quais delas são desejos dentro de nós?

Destrui-las significa que temporariamente evitamos usa-las. Não podemos e nem devemos destruir estes desejos. Pelo contrário, devemos congelá-los dentro de nós até que os possamos corrigir e usá- los adequadamente.

O que é um discurso ou um diálogo? Parece que um desejo “fala” para o outro.

Ele é um escrutínio interno.

Discurso

O homem é seu próprio psicólogo.

Ele analisa-se a si mesmo?

Sim, nós analisamos que desejo usar e qual não usar e se o desejo deve ser usado de uma maneira ou de outra.

Mas assim que tenhamos feito um escrutínio, onde encontraremos a força para o levar a cabo?

Isto requer duas luzes – uma para o escrutínio e outra para a correção. É por isso que está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “A luz nela os reforma”. Isto é, somente através da luz um atravessa todas estas fases. Durante o estudo, a sabedoria da Cabala nos traz a luz interna com a qual vemos como são as coisas. Começamos a ver nosso próprio sistema interno e como participamos no sistema geral do mundo.

Líder

Um “líder” é a qualidade mais alta de um, onde após a examiná-la, avançamos.

Igualdade

Todos são distintamente iguais. Colocando-o diferentemente, precisamos tomar em consideração que não nascemos iguais nas nossas qualidades ou desejos. Deste modo, cada um de nós deve receber diferentemente.

Isso aplica-se tanto neste mundo como à espiritualidade?

Sim, mas para a espiritualidade, precisamos conhecer o estado interno das pessoas. Inversamente, não distribuiremos justamente. A sociedade de hoje não consegue resolver estes problemas até que aprendamos as leis da natureza. A sociedade deve vir a conhecer a interioridade do mundo, então eventualmente não teremos escolha senão estudar a sabedoria da Cabala.

Ódio infundado

Estas são forças de rejeição que descobrimos no interior, quando nos queremos aproximar das pessoas. Contudo, isto é adequado somente se um verdadeiramente se desejar unir com os outros. Descobrimos que estas forças existem sem esperar encontrá-las – elas são coisas que recebemos à nascença, deliberadamente, do alto.

Novo Mundo

Agora entrámos em um novo sistema circular, global, da Natureza que nos está a encerrar juntos em uma esfera. Somos interdependentes e não nos podemos separar ou gerir independentemente, seja dentro das facções da nação ou pelo mundo.

As fórmulas para isto encontram-se na sabedoria da Cabala. Se as estudarmos, seremos capazes de gerir o mundo lindamente.

De O Zohar: Então Cantou Moisés

“Caso digais, ‘Dado que estão atados no feixe da vida e se deleitam no prazer superior, porque os deve trazer abaixo o Criador para a terra?’ Quando todos esses espíritos e almas que estavam no mais alto grau nasceram e saíram para o mundo, o Criador os trouxe para baixo para a terra abaixo. É tanto quanto o mais agora, dado que o Criador deseja endireitar aquilo que está torto ao lhes mostrar os sinais e maravilhas que Ele fará por Israel”. Zohar para Todos, BeShalach (Quando Faraó Enviou), item 218

Másaei (Jornadas)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 33:1-36:13)

 

Sumário da Porção

A porção, Másaei (Jornadas), descreve as jornadas dos filhos de Israel, as paragens onde estacionaram no deserto e suas preparações finais para entrar na terra de Israel. A porção detalha vários mandamentos, tais como a obliteração da idolatria, cidades de refúgio, regras a respeito de matança involuntária, nomear presidentes para as tribos sob a liderança de Yeóshua (Josué), filho de Nun e Elazar o sacerdote, dedicar cidades ao povo da tribo de Levi e uma descrição das fronteiras da terra.

A porção termina com a continuação da história das filhas de Zelofeade, o medo da tribo de Ménashe que suas mulheres casassem com homens de outras tribos, assim fazendo com a tribo perdesse seus lotes. Em consequência, Moisés emite um mandato proibindo as filhas de Zelofeade de casarem com homens de outras tribos, bem como outras proibições que dizem respeito a casamentos de pessoas de diferentes tribos.

 

Comentário

A porção é uma preparação para entrar na terra de Israel. Nesta fase, começamos o trabalho interno, nos elevando a um grau onde nossa vontade de receber se conecta à força superior. Aqui descobrimos a força superior pois vivemos dentro desse desejo.

Está escrito que a terra de Israel é a terra onde o Criador está presente desde o princípio do ano até ao seu fim. Isto é, Ele está sempre na terra de Israel, em um desejo direcionado inteiramente à doação, Yashar El (direito a Deus). Descobrimos a força superior dentro desse desejo e estamos em Dvekút (adesão) com ela. Esta é a intenção da terra de Israel.

Disto, podemos aprender a que medida não estamos na terra espiritual de Israel, mas na corpórea. Os Cabalistas contam-nos que nos foi dada a oportunidade de regressar à terra corpórea (física) de Israel para que possamos subir à espiritual. Por este propósito, todos devemos estar juntos, unidos como em uma família, “como um homem com um coração”, como em “Todos de Israel são amigos” e como em, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Nos conectámos sob a estipulação de garantia mútua, pois somente se encontrarmos este critério entraremos na terra de Israel.

Todas as condições e leis que adoptámos até então – e tentámos manter enquanto lidando com problemas que surgiram dentro de nós como desejos desfavoráveis que devem ser corrigidos – foram corrigidas na porção anterior, Matot (Tribos). Em Matot, ordenámos os Kelim (vasos) como um sumário do que atravessámos durante nosso período no deserto, quando subimos ao estado de querer doar em prol de doar. Agora enfrentamos a entrada para a terra de Israel, a vontade de receber em prol de doar.

Por esta razão, diante de nós está um sumário das questões anteriores e um último exame das condições. Somos coordenados no nosso estado corrigido, um estado chamado “a terra de Israel”. Por um lado, devemos estar conectados a todas as tribos, e todos os outros, nossos irmãos. Devemos estar em um estado de “todos de Israel são amigos”, “como um homem com um coração”, procurando o favor de todos e devemos estar em equivalência entre nós.

Por outro lado, precisamos ver outros aspectos do povo: detectar as doze tribos e aderir à proibição contra a miscigenação. Essa proibição significa que devemos corresponder o desejo certo ao ato certo. Isto é chamado, “condizer uma mulher com um homem” para que eles estejam em congruência e possam alcançar os adequados, bons resultados e não sejam confundidos um pelo outro. Para obter alguma coisa, devemos trabalhar com os desejos com os quais nascemos e não confundir os outros com concretizações no nível terreno.

O mesmo é verdadeiro para as cidades de refúgio, a divisão da terra e as fronteiras da terra. A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo). Ao conhecermos o nosso próprio desejo e o desejo geral das pessoas, devemos todos, como células em um organismo, trabalhar como rodas dentadas de uma maneira uniforme para alcançar o estado de “o povo de Israel na terra de Israel”. Então, de acordo com o nível de congruência entre nós, a integração favorável e a conexão certa, sentiremos que a força superior está presente entre nós. Esse estado nos protegerá contra todo o apuro e praga, da menor à maior.

Se todos chegarmos, até se somente um pouco, a um estado que se assemelhe a esse desejo, um estado de doação mútua, amor mútuo, conexão mútua, como a verdadeira definição da terra de Israel, estamos garantidos de sermos recompensados com a força superior. Seremos recompensados com o “telhado” espiritual mais forte possível, debaixo do qual prosperaremos e afastaremos nossos inimigos.

 

Perguntas e Respostas

O povo de Israel regressou à terra de Israel há sessenta e quatro anos atrás, mas ainda procura um verdadeiro sentido para estar “na terra de Israel”. O que significa verdadeiramente estar em Israel?

O homem é composto da inteira vontade de receber (que é o coração) e o pensamento (que é a mente). Estes são os dois elementos principais que existem em nós, que distinguem os humanos dos animais, das bestas. O corpo do homem é um organismo que faz parte do reino animal, mas somos distinguidos desse reino pelos nossos desejos e pensamentos. Por essa razão, são somente nossos pensamentos e desejos que devemos corrigir.

Nossos desejos estão divididos em “desejos corpóreos” por comida, reprodução e família e “desejos sociais” por dinheiro, respeito e conhecimento. Podemos querer muitas coisas, mas todos nossos desejos basicamente se encaixam nessas sete vontades primárias. Queremos preencher todos nossos desejos, tanto no nível físico-corpóreo de comida, reprodução (sexo) e família e no nível social dinheiro, respeito, poder e conhecimento. Todos estes desejos existem em todos, mas em combinações diferentes em cada um de nós.

Há outros desejos que surgem nas nossas vidas do dia-a-dia dos quais estamos inconscientes, tais como os desejos entre as pessoas. Estes desejos são voltados para os outros, tais como aquele que dá de si mesmo aos outros, não procurando obter qualquer benefício para si mesmo. Estes desejos são os 613 desejos entre o homem e homem.

Quando nos conectamos aos outros sem a meta de explorar ou ganhar, mas verdadeiramente sair de nós mesmos pelo bem dos outros, descobrimos esses 613 desejos. Primeiro o descobrimos na sua forma egoísta, mas se os alternarmos para trabalhar pelo bem dos outros, esta é uma correção, a realização de um Mitzvá (boa ação/mandamento).

Nós realizamos os Mitzvot (plural de Mitzvá) através da luz que vem até nós quando estudamos a sabedoria da Cabala corretamente. Ela é chamada “a luz que reforma”. A sabedoria da Cabala é chamada “Torá”, “A Torá da luz”, “a interioridade da Torá”, ou “a verdadeira lei (Torá) ”, dado que ao estudá-la atraímos para nós a luz que corrige os desejos entre nós.

Corrigir os 613 desejos entre o homem e homem conduz um ao desejo corrigir que inclui os 613 desejos de amor, doação, amizade, união, conexão e garantia mútua. Este desejo é chamado “a terra de Israel”, onde todos os desejos são Yashar El (direito a Deus, ao Criador). Eles são Yashar El não somente devido a nossa abordagem para os outros, para os amigos, para o povo de Israel, mas porque este é um desejo de doar, o mesmo desejo do Criador, um desejo de fazer o bem a todos.

Assim, quando alcançamos a terra de Israel, o desejo direito aos outros, também vivemos na terra física de Israel. Isso, contudo, deve ser sob a condição que temos uma conexão recíproca, chamada “a terra espiritual de Israel”, um estado de “todos de Israel são amigos”.

É por isso que os Cabalistas tais como Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag) e o Rav Kook escreveram que hoje nos foi dada uma oportunidade para regressar à terra corpórea de Israel. Contudo, estamos ainda não a merecemos, para que possamos alcançar a correção – conexão – em um curto espaço de tempo que nos foi dado. Os Cabalistas explicam que se não contemplarmos isto e avançarmos nessa direção, não merecemos permanecer aqui e seremos exilados.

Porque há tão rígida divisão em doze tribos com uma proibição contra miscigenação?

“Conectar” significa casar. Os diferentes órgãos nos nossos corpos trabalham muito diferentemente uns dos outros. Não podes conectar os rins com os pulmões ou o fígado ao coração porque cada órgão trabalha dentro do seu próprio sistema. É como um motor no qual um pistão trabalha em uma direção e o outro trabalha na outra. Não podes simplesmente conectar estes opostos sem um ajuste adequado. Isso tem de seguir um plano geral.

É o resultado final um único sistema?

O resultado é um sistema: o povo de Israel na terra de Israel.

O que são as partes?

As partes são como pistões, como partes de um motor, avançando em direções opostas, mas de acordo com o mesmo vector.

Então uma pessoa individual é como um pistão?

O indivíduo é uma parte do todo. Cada parte deve atualizar seu desejo da maneira certa. Se todos nos realizarmos com as qualidades com que nascemos, alcançaremos o fim da nossa correção no nível pessoal, nossa concretização pessoal. Deste modo, não nos confundiremos uns aos outros.

É isto igualdade versus diferença?

Precisamente.

Como é que fazemos essa igualdade?

Inicialmente, não somos iguais; nós somos diferentes. Não há razão para o negar. Imagina uma pessoa que tem um talento único para algo, tal como a música e nós dizemos-lhe, “Não, tu tens de ser mecânico”. Podes forçar um músico a ser mecânico?

Como sabemos o nosso papel?

Nestes dias, ficamos “dispersos” em toda a direção. É por isso que nos é dito, “Não te cases, não olhes para  os  outros,  procura  por  ti  mesmo  onde  pertences”.  Se  nascermos  em  uma  tribo e possuímos certas qualidades na alma comum chamada “o povo de Israel”, devemos encontrar o nosso destino e atualizá-lo. É então que seremos felizes.

Com as crianças, é fácil ver como cada uma é especial. Todavia, isto conduz à competição.

Não pode haver competição de um é mecânico, outro é músico, um terceiro físico, um quarto é autor e um quinto é engenheiro. A única competição que é possível é em quanto cada um de nós contribui para a sociedade.

Assumamos que dois mecânicos nascem em uma tribo de mecânicos. Um deles é mais espero que o outro e consegue inventar máquinas especiais. O menor deve ser como um líder de equipa em uma grande fábrica que desenvolve motores, enquanto o menos astuto deve trabalhar em uma pequena garagem ou para o dono de uma garagem.

Porque é que a sociedade valoriza o mecânico menor de longe mais que o simples.

O problema é que nossa sociedade não é uniforme e não valoriza as pessoas de acordo com seus relativos esforços. Em uma família admiramos um bebê que faz a coisa mais tola como se fosse a maior das concretizações. Mas para um observador não envolvido, não seria algo do qual nos alegrarmos.

A questão é que se nos tratarmos uns aos outros com amor, sentiremos quando um contribui para a sociedade do fundo do coração, essa pessoa deve ser valorizada de longe mais que aquela que é simplesmente talentosa e para quem a contribuição não requer qualquer esforço.

Hoje, não temos consideração por aqueles que contribuem para a sociedade, mas idolatramos os ricos e famosos.

Este é o problema, não estamos a atualizar a meta para a qual recebemos a terra de Israel. É por isso que nossa situação é tão negra.

Este é o tipo de “idolatria” que a porção menciona?

Sim, é idolatria quando admiramos pessoas famosas e ícones sociais e assim por diante.

Como podemos alterar isso? Isso não faz parte do mecanismo humano?

O único modo de o alterar é através de educação, explicando-o às pessoas em uma base diária durante um período de tempo até que elas vejam a situação como ela é verdadeiramente e então mudarem. Hoje, o mundo está a pressionar-nos, não seremos capazes de prosseguir como nos apetecer. Não nos podemos isolar do mundo em declínio.

 

Para entrar na terra de Israel, idolatria deve ser abolida. É esta uma tarefa praticável?

Qualquer ação que não una a nação em igualdade e amor, ou que não coloque o conceito da união acima de todos os outros valores, conduz à idolatria.

Como podemos reconhecer as fronteiras do desejo chamado “a terra de Israel” antes de entrarmos nele?

Nosso desejo contém dentro dele o todo da realidade. Disso podemos discriminar todo o desejo que está na terra. Desse desejo que está na terra, podemos discriminar o desejo adicional chamado “a terra de Israel”, que é um país muito pequeno se olharmos para o mapa.

Quase não se vê.

Isto dá-nos uma ideia do que podemos corrigir. Primeiro, devemos corrigir este desejo. Assim que o corrijamos, podemos avançar para corrigir o desejo geral, o resto dos continentes e o mundo inteiro. Este é o sentido de se ser “uma luz para as nações”. O texto não o menciona, mas a entrada para a terra de Israel deve ser através de nós transcendermos o nosso desejo egoísta e estarmos prontos para começar a corrigir os nossos desejos para o amor pelos outros.

Como encontramos as fronteiras desta terra?

Quando trabalhamos sobre nossas conexões com os outros, começamos a ver com quais, dos nossos 613 desejos, nos podemos relacionar aos outros. Estas são as fronteiras. Dentro de nós há tantos mais desejos, chamados “desejos das nações do mundo”. Estes são muito poderosos, como o tamanho do mundo em comparação com o tamanho da terra de Israel, mas os corrigimos mais tarde.

Estas são fases. Qualquer um que se envolva na sabedoria da Cabala alcança ambos os tipos de desejos.

Na Torá, lemos sobre fronteiras de longe mais amplas que o ponto que vemos hoje no mapa. É isto algo que alguma vez alcançaremos?

Sem dúvida.

Fisicamente?

Vamos alcançá-lo fisicamente, mas elas não serão mais fronteiras.  Isto é, não  haverá fronteiras  ou que se pareça pois estaremos no estado de redenção completa.

Há fronteiras na espiritualidade, também?

Não, que é o porquê de todos nós, o mundo inteiro, vir a ser como “um homem com um coração”. Os filhos de Israel serão aqueles que começarão a correção, mas mais tarde, como “uma luz para as nações”, eles juntarão o mundo inteiro na correção, como está escrito, “Pois MINHA casa será chamada uma casa de oração para todas as nações” (Isaías 56:7). Aquilo que anteriormente era limitado se torna ilimitado.

Outra questão são as cidades de refúgio onde, se uma pessoa mata outra, o assassino pode fugir para uma cidade de refúgio e ser protegido lá.

Isto ocorre quando ainda não trabalhamos com todos nossos desejos. Se cometermos um erro ou falharmos em alguma coisa, isso não é porque não sejamos mais dignos de estar na terra de Israel, mas porque há vários escrutínios e problemas nisso, também. Claramente, entramos no desejo para que ele esteja direcionado para o amor fraterno, amor por todos. Isto era impossível no deserto, exceto através da lei, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. Quando entrando na terra de Israel, a lei, “Ama teu próximo como a ti mesmo” aplica-se, a lei do amor.

É possível cometer erros aqui?

É claro. Há novos desejos, novas correções e há a conquista da terra. Em todos estes desejos, precisamos enfrentar nossos desejos egoístas e explorar, derrotar, quebrar e expulsá-los verdadeiramente. Precisamos fazer todo o trabalho que o povo de Israel fez na terra de Israel na história. Aqui, contudo, isso diz respeito a uma história interna relacionada aos desejos dentro de nós e aqui podemos errar. Foi por isso que nos foi dada a Torá. Tal como Israel cometeu repetidamente erros no desejo e então se corrigiram a si mesmos, o mesmo se aplica à conquista da terra. Cometemos erros e então os corrigimos.

O que significa cometer erros se dizemos que não há outro além d’Ele?

Isso significa que devemos descobrir esses desejos.

Onde eu começo verdadeiramente corrigir?

Cada vez que temos sucesso, imediatamente caímos em um erro, uma transgressão.

Isso é porque atribuímos o sucesso a nós mesmos?

Não. O erro, a transgressão, nem sequer é nossa. Nós estamos a ser apresentados ao novo desejo corrupto onde nos vemos como pecaminosos, como o pecado dos espiões, o pecado da água, o pecado das serpentes e muitos outros pecados. O povo de Israel nunca parece escutar o que lhe é dito.

Contudo, isto acontece somente porque eles realmente têm sucesso. Mais e mais de seus desejos corruptos são apresentados para corrigir. Todos nós viemos da quebra, do Faraó. É por isso que o Faraó gradualmente aparece como cruel, quebrado e egoísta e precisamos o corrigir.

Deste modo, não precisamos atribuir nosso egoísmo a nós mesmos pois “aquele que é maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele”. Pelo contrário, tudo o que é revelado a nós na Torá é nossa própria alma quebrada, que nós corrigimos. E não somos sequer nós que o fazemos; isso foi feito antes de nós. O Criador conta-nos, “Eu criei a inclinação ao mal”, e “Eu endureci o coração de Faraó” (Êxodo 10:1).

A “obliteração” relaciona-se à idolatria?

Nosso trabalho é corrigir. É por isso que revelamos constantemente o mal e o corrigimos.

Mas ele parece interminável.

Ele não é interminável. Nós já estamos a viver na terra de Israel e estamos a construir nela uma casa de santidade. Já há luz de Chochmá sendo preenchida com a luz de Chassadim e ela preenche nossas almas, então estamos já a começar a descobrir o mundo eterno e perfeito.

É a terra de Israel um estado “sem erros”, um estado perfeito?

Ela é o estado perfeito. Hoje precisamos chegar a um estado onde a terra de Israel se espalha por todo o país e todo o continente. Ela é chamada “a terra da gazela” porque o desejo com a meta de doar, de amar os outros, deve eventualmente abranger o todo da realidade.

Nós temos o método que explica como o fazer e devemos explicá-lo ao resto da humanidade. O trabalho de disseminar a sabedoria da Cabala é chamado “o Shofar do Messias”. É nosso dever levá-lo a cabo porque inversamente a humanidade ainda alcançará a correção completa, mas depois de grande tormento, enquanto fazendo-o da nossa maneira significa que a humanidade consegue alcançar a correção rapidamente, usando a luz que reforma.

 

Termos

Paragens

“Paragens” são graus através dos quais avançamos para a correção. Há o período de preparação e os estados onde entramos na correção, no desejo de doar em prol de doar, um estado de “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. Devemos ser neutros, como se neutralizando nossos egos. Isto é chamado “obter  o  grau  de  Biná”,  ou  manter  as  Mitzvot  (mandamentos)  dos  248  órgãos.  Na espiritualidade, isso é chamado Galgalta ve Eynaim (crânio e olhos). Estes graus são chamados “os graus do deserto”.

Posteriormente, entramos nos graus chamados “terra de Israel”, Yashar El (direito a Deus), onde alcançamos “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Nesses graus, temos a correção dos desejos chamados “365”. Estes são 248 órgãos nos graus do deserto e 365 tendões nos graus da terra de Israel e em todos eles estão as partes da alma.

Idolatria

“Idolatria” é quando não queremos trabalhar em doação para os outros, mas somente para nós mesmos. Tratamo-nos como deuses e dobramos para nós mesmos.

As Fronteiras da Terra

As “fronteiras da terra” são as fronteiras pelas quais a nossa grande vontade de receber marca quão longe podemos alcançar, com que desejos podemos doar e que desejos devemos restringir e refrear de usar.

Cidade de Refúgio

“Cidades de Refúgio” são desejos que “congelamos”. Por vezes estamos imersos em tais pensamentos, desejos e predileções que não conseguimos trabalhar em corrigi-los. Deste modo colocamos esses desejos “em espera”. Este é um estado onde somos impotentes, desprovidos de uma Massach (tela) com a qual trabalhar em doação sobre os outros. Contudo, podemos estar em um “lugar” onde nos corrigimos e passado algum tempo saímos para o exterior e regressamos ao mundo.

A Terra Completa de Israel

“A terra completa de Israel” é perfeição. Ela é chamada Shalom (paz), da palavra Shlemut (inteireza/perfeição). Isso significa que tudo é corrigido para o amor pelos outros, como está escrito, “Ama teu próximo como a ti mesmo; é uma grande regra”…

Não há nada mais que isso. É por isso que a terra completa de Israel é um desejo que está inteiramente corrigido para ser Yashar El, para a conexão com os outros. A questão desta porção é descobrir a Divindade nela através da conexão, em Dvekút (adesão).

Matot (Tribos)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 30:2-32:42)

 

Sumário da Porção

Nesta porção, Moisés alerta os chefes (cabeças) das tribos sobre os mandamentos ligados a fazer e desfazer os votos. A porção também fala de Pinehás, que conduz Israel para uma guerra, com Midiã e emerge triunfante. Depois da guerra, o texto detalha a divisão dos excessos (alguns dos quais são dedicados ao Criador), bem como os mandamentos de tornar os Kelim Kosher ao molhar e os submergir em água a ferver.

No fim da porção, as tribos de Gad e Rúben pedem para permanecer no banco Oriental do Rio Jordão pois seu solo é bom para seus rebanhos de gado volumosos. Eles enfurecem Moisés pois ele pensa que procuram evitar a guerra pela conquista da terra. No fim, eles se comprometem em participar na guerra e Moisés concede seu desejo de um lote fora da terra de Israel.

 

Comentário

Os Cabalistas alcançam as forças e discernimentos do mundo espiritual. Estas são forças que operam e gerem nosso mundo, incluindo o inanimado, vegetativo, animal e humano, cada um dos quais tem uma força que o conduz. É por isso que é impossível pedir coisa alguma de pessoas que não são Cabalistas, pois elas não têm livre arbítrio, como está escrito, “Todos eles são como bestas (animais”. Quando lemos uma história na Torá que parece acontecer neste mundo, precisamos entender que suas raízes estão no mundo espiritual, na rede de forças que governa o mundo.

Hoje, já sentimos e compreendemos que nos aproximamos da rede de forças da natureza integral. Elas aproximam-se de nós e obrigam-nos a nos comportarmos em correspondência. Esta é a aparição da Divindade, que gradualmente se aproxima de nós.

Nós vemos que não conseguimos mais gerir o mundo, pois cada dia sentimos mais e mais claramente que nada no mundo depende de nós. Estamos a perder nossa habilidade de gerir o mundo pois não conseguimos agir mais na vida usando nossos egos.

Os Cabalistas descobriram a rede superior e contam-nos como ela se manifesta no nível superior. Eles o assim fizeram usando palavras e histórias deste mundo, nosso mundo, pois tudo aquilo que existe no superior desce ao inferior.

Durante os quarenta anos no deserto e até antes, Moisés escreveu seus cinco livros, o Pentateuco. Durante sua realização, Moisés escreveu parte do Pentateuco sobre os tempos que precederam o seu. Ele escreveu-o na linguagem dos ramos, nas conexões entre superior e inferior. Moisés escreveu sobre todas as coisas que tomam lugar no mundo superior e como as forças são geridas. Ele falou delas como resultados, como “marionetes” que se movimentam pelo nosso mundo e mudam.

É por isso que é inútil tentar lidar com este mundo; ele é absolutamente governado e não há nada nele que lhe pertença. Para saber tudo, precisamos subir ao grau superior, o lugar onde as decisões são tomadas, onde as forças operam e influenciam nosso mundo.

Nós não conseguimos mudar coisa alguma neste mundo e estamos bem conscientes disso. Todavia, há um modo pelo qual podemos mudar. Se isso acontecer, podemos estar em doação e amor de acordo com nossa aproximação para as forças na nossa natureza. Deste modo, podemos mudar nosso destino aqui neste mundo.

De fato, somente ao nos mudarmos a nós mesmos podemos nós alcançar “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “A luz nela os reforma”. Somente através da luz que atraímos do estudo da sabedoria da Cabala podemos nós nos mudar a nós mesmos e subir ao grau superior. Desse grau superior, podemos influenciar as decisões e os mecanismos que operam nosso mundo. Foi por isso que Moisés se voltou para os chefes das tribos e lhes explicou sobre desatar os votos, ir contra Midiã e mais.

Precisamos imaginar o Homem como um pequeno mundo e tudo aquilo que acontece no mundo como acontecendo no interior. Certamente, dentro de nós estão Moisés e a estrutura inteira chamada “o povo de Israel”, com seus sacerdotes, Levitas e Israel sendo as três linhas que compõem nossas almas. Há também as nações do mundo dentro de nós, os Midianitas, Faraó e tudo o resto que a Torá narra.

Quando descobrimos e detectamos dentro de nós todas essas forças e qualidades, reconhecemos a Torá como uma instrução. Em correspondência, nós agimos para mudar e nos adaptarmos de estar neste mundo para subir a um humano superior e espiritual, consciente do mundo espiritual no grau espiritual conhecido como Matot (tribos).

Este é um grau muito alto, trabalhando através de Chéssed, a mais alta Sefirá (singular de Sefirot) da estrutura da alma. Das dez Sefirot, Kéter, Chochmá e Biná são as Sefirot do topo. Elas estão acima de nossa realização e são aquelas que nos gerem. Nos aproximamos delas através de nossas qualidades internas, ao as ordenarmos adequadamente como Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut, que são as sete Sefirot remanescentes.

Nós corrigimos estas sete Sefirot repetidamente em cada grau e elas são chamadas “os sete dias da semana”. Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód correspondem aos dias da semana e Malchut corresponde ao Shabat. Ao as corrigirmos, avançamos pelas semanas em um círculo que eventualmente nos traz a Kéter, Chochmá e Biná, as três Sefirot do topo, ou seja o fim da correção.

Cada semana no ano tem sua porção da Torá ou porções. Estas são graus pelos quais gradualmente nos elevamos a nós mesmos ao grau do topo ao abrirmos nosso interior. Enquanto fazemos isso, encontramos as forças dentro de nós e agimos junto com elas.

A qualidade de Moisés em nós volta-se para os cabeças das tribos em nós, de acordo com a divisão da alma em doze tribos. Estas foram as tribos que ele ordenou corretamente enquanto trabalhando com o ego crescente, de um estado chamado “recepção da Torá” para um estado chamado “entrada para a terra de Israel”. O processo que atravessamos entre os estados é chamado “os quarenta anos no deserto”. O deserto representa nossa necessidade de separar os desejos dentro de nós e os corrigirmos da recepção para nós mesmos para a forma altruísta de doação, para a abordagem certa para os outros, que pode ser resumida na máxima, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. No grau de “tribos”, escrutinamos nossas qualidades e aprendemos como trabalhar com a vontade de receber.

Inicialmente, podemos escrutinar os votos. “Votos” são fases e condições pelas quais alcançamos um grau mais alto. Os votos indicam as limitações que assumimos sobre nós mesmos sem falharmos. Contudo, quando não conseguimos persistir com elas, podemos livrar-nos delas, muito como o desatar de votos antes de Yom Kipur (Dia da Expiação).

Há leis fundamentais na espiritualidade que dizem respeito ao Homem e ao escrutínio que toma lugar no interior, tais como a que medida podemos pedir correção para nós mesmos e trabalhar com a força que corrige. Depois destas preparações, tornamo-nos conscientes de nossa habilidade de trabalhar com nossos egos no nível de Midiã. Assim, trabalhamos com a força conhecida como Pinehás, que é a próxima fase da força de Moisés.

É então que verdadeiramente vamos para a guerra. Vamos contra nossos egos em prol de os conquistarmos e trabalharmos com a parte deles em prol de doar. Podemos ascender a um grau espiritual ao corrigir a inclinação ao malem uma boa inclinação. Não há outra substância senão nossa própria vontade de receber.

Primeiro, ela vem somente com a intenção de receber. Neste ponto, ela é chamada “a inclinação ao mal” porque ela se previne a si mesma de participar com os outros. Quando ela se torna a boa inclinação, ela se conecta a todos. Isto significa que tivemos sucesso na guerra e conquistámos o ego.

Assim que o tenhamos feito, damos os excessos às tribos, o sacerdote, o Levita, Israel, as mulheres e as crianças. Nós damos excessos de tudo o que podemos levar dos graus inanimado, vegetativo, animal e falante (humano). A Torá detalha aquilo que precisamos fazer com a parte masculina, que é o lado direito da Klipá (casca/pele) e o que precisamos fazer com a parte feminina, o lado esquerdo da Klipá.

 

Perguntas e Respostas

Em Yom Kipur, há um costume de desatar os votos. Porquê, então, há uma necessidade de votos em primeiro lugar?

Nós não conseguimos crescer sem um voto. Quando nos aproximamos de um grau superior, temos de nos anular diante do superior pois ainda não alcançámos esse grau e deste modo não conseguimos avaliá-lo com exatidão. Enquanto estudamos, constantemente corrigimos e nos “atualizamos” a nós mesmos.

Há também ações complementares, tais como a Segunda Pessach, onde se não nos preparámos para a correção conhecida como “Pessach”, onde “passamos sobre” o ego, chegamos a ela um mês mais tarde.

Isto soa a uma negociação. Fazemos votos para que possamos completar a obra mais tarde, então se fizermos alguma coisa, receberemos isto e aquilo.

Não, não há tal coisa. Não é assim que a espiritualidade funciona. Nós fazemos tudo honestamente até que descobrimos que é impossível continuar a avançar, ou que as condições mudaram. Estamos em um sistema de almas interligadas que nos apoiam quando caímos. Aprendemos sobre nosso ser em um sistema integral de Moisés, que não fez nada de errado senão golpear a rocha, todavia a nação inteira sofreu devido a isso.

Havia somente um Moisés, mas nós somos somente principiantes.

 

Não há nada que possamos dizer sobre este mundo. Aqui, nada somos mais que resultados do mundo espiritual. Se pudermos influenciar o mundo espiritual através do estudo da Cabala, mudaremos este mundo, também. Se não o fizermos, nada mudaremos.

De fato, podemos ter impacto no mundo espiritual somente ao aspirar ascender à espiritualidade e isto impactará o mundo favoravelmente. Se não tivermos habilidade ou desejo de alterar nossa situação espiritual, até se pudermos, nosso mundo ainda assim avançará, mas ele avançará em um caminho de sofrimento.

Como podemos mudar nosso mundo se ele é somente um mundo de resultados e nós estamos a ser operados sem qualquer livre arbítrio?

Assim que começamos a ascender para o mundo espiritual, começamos a mudar este mundo. Nada neste mundo muda exceto as forças que o influenciam do alto. Deste modo, nossa única escolha neste mundo é nos elevarmos acima dele.

Isto é feito ao nos conectarmos e nos unirmos com os outros?

Sim, através de união com os outros.

Vamos melhorar nossa situação financeira, também, ao estudar a Cabala?

Tudo mudará. Todos os resultados neste mundo dependem somente das conexões entre nós. Nada há verdadeiramente vantajoso de fazer senão assegurar nosso sustento e dedicar o resto do tempo à ascensão espiritual. Isto, em retorno, mudará tudo.

É a correção pessoal, ou ela afeta a todos?

A correção é tanto pessoal como geral, mas hoje ela é principalmente geral.

Porque é assim tão difícil de entender, embora soe tão simples?

Nós somos edificados de acordo com nossos egos individualistas. Nós vemos o mundo egoisticamente. E precisamente devido a isto, os sistemas de hoje da economia e educação se estão a tornar disfuncionais. Não podemos ter sucesso mais porque tudo está quebrado e disperso. Durante a história, nos habituámos a avançar ao usarmos nossos egos e tentar lucrar e nos beneficiar ao máximo. Mas hoje, estes sistemas egoístas lineares deixaram de funcionar. Avançamos para sistemas que são redondos, integrais e conectados.

O impacto recíproco é sentido imediatamente?

Sim, as pessoas se sentirão mais importantes, mais bem-sucedidas e até mais fortes que o governo. Os governos atuam egoisticamente como uma flecha linear. Inversamente, as conexões entre as pessoas são circulares. Hoje, nós estamos em um mecanismo global, em uma natureza que é integral e global. Como resultado, não podemos continuar a avançar egoística ou linearmente, como antes. Agora temos de aprender como ascender, como aumentar a direção de nos conectarmos “como um homem com um coração”, porque somente através da união podemos nós mudar a maneira como as coisas são.

De O Zohar: Matot (Tribos)

“‘E vós que vos apegais ao Senhor vosso Deus estais todos vivos e cada um de vós neste dia.’ Qual é a razão? É porque a alma de Israel vem do espírito do Deus vivo. ‘Pois o espírito diante de Mim envolverá.’ ‘Diante de Mim,’ significa diante da Divindade, de ZA, o Deus vivo”. Zohar para Todos, Matot (Tribos), item 5

 

O que é o excesso?

O “excesso” é um resultado do trabalho do homem com a inclinação ao mal. Nesta guerra, transformamos a inclinação ao malem uma boa inclinação, usando a luz que reforma. Como resultado, recebemos luz através dessa inclinação. A luz que nos preenche – a realização, essa sensação sublime – é uma grande posse. Este é o excesso.

A divisão do excesso se refere a como um divide a luz entre todas as suas partes, todos os seus desejos e qualidades. Ela nota como um opera esse mecanismo de divisão, quem recebe mais e quem recebe menos.

Esta porção parece discutir a raiz da conduta de fazer utensílios kosher.

A raiz da questão está nos nossos Kelim (vasos), a vontade de receber. É aqui que recebemos a luz. A luz pode aparecer nas nossas vidas sob a condição que eles não trabalham somente em prol de receber, mas também em prol de doar para que eles possam ser compartilhados com outros. Quando nos conectamos aos outros deste modo, a luz aparece em nós. Sucede-se que todas nossas correções são realmente qualificações de nossos Kelim, os tornando kosher.

Colocando-o diferentemente, precisamos qualificar nossa vontade de receber para que ela se direcione doar, para que ela esteja conectada aos outros. A água, que representa Chéssed, qualifica os Kelim. Se precisamos corrigir um Kli (singular de Kelim) de metal, o tornar kosher, isso requer uma correção mais profunda. Ele tem de ser passado pelo fogo, representando Gvurá. Um Kli de metal representa um desejo que foi usado egoisticamente, que deve ser corrigido e limpo mais poderosamente através do “branqueamento” (aquecer ao ponto em que o metal se torna branco), Mikvé Kelim (uma banheira usada para a imersão ritual de utensílios), e Hagaálá (mergulhar em água a ferver).

Corrigir nossos Kelim é tudo o que temos na sabedoria da Cabala. A correção dos Kelim toma lugar assim que os tenhamos adquirido e os tenhamos alternado da direção de receber para a direção de doar, tendo corrigido nossos desejos. Isto não se trata apenas de corrigir os Kelim no sentido de utensílios, ou pratos, mas de corrigir os Kelim quando fazemos as oferendas.

A oferenda é um Kli no nível animal. Nós “matamos” nossa vontade de receber, ou seja, o modo no qual a vontade de receber era usada anteriormente, egoisticamente. Nós a trazemos como uma oferenda (Korban), da palavra Hitkarvut (aproximação), para a doação, em favor dos outros. Somente então podemos nós doar amor sobre os outros, usando essa mesma vontade de receber que agora se torna sagrada.

Esta não é a única porção da Torá onde há guerras e contendas.

Nós estamos sempre em guerra, sempre lutando, até alcançarmos o fim da correção.

Se já tivermos alcançado um certo grau e desfrutarmos da luz nele, devemos abdicar dela?

Porque agora a queremos passar aos outros. Mas e se essa pessoa ainda não tem desejo para passar a luz aos outros. Querer passá-la é uma condição prévia para receber a luz.

Você quer dizer, em prol de receber a luz, você precisa querer abdicar dela?

É claro. Nós já a queremos receber pois ouvimos que ela é boa. Mas não a receberemos até que a desejemos compartilhar com os outros. Nosso mundo ordena que nos tornemos conectados pois nos aproximamos do fim do processo da correção.

Assim que um tenha experimentado a luz, o que o impediria de a querer a toda a hora?

Nós avançamos “em duas pernas”. A pessoa recebe Kelim, os corrige, os preenche de luz, os compartilha com todos e assim faz uma ação muito boa, um Mitzvá (boa ação/mandamento). Usar a vontade de receber em favor dos outros é chamado um Mitzvá. Assim que um Mitzvá é feito, outra parte do ego da pessoa que estava escondido no interior se levanta e aparece.

Eventualmente, o “Egito” inteiro de uma pessoa aparece e um agora está imerso em um ego que se espalha sobre o bem. Quando isso acontece, uma pessoa se torna ímpia e a luta começa de novo: o grau anterior desaparece no interior, se “afogando” no mal.

Quando Israel entram em  Canaã e a conquistam, há o lado  do leste  do  Rio Jordão. Gad        e Rúben quiseram esse lote. Porque é que Moisés contestou sua moradia no banco do leste do Jordão?

Nossa vontade de receber está nos três mundos, Briá, Yetzirá e Assiá. Há também o Templo, Jerusalém, Monte Moriá e o resto dos graus: a terra de Israel, ao redor da qual estão o Jordão, Líbano, Síria e Babilônia. Adicionalmente, há o resto das terras no mundo, mas elas não são consideradas espiritualmente significativas.

O banco do Leste do Jordão é a primeira fronteira fora da terra de Israel e deste modo ele não tem o mesmo nível de santidade como a terra de Israel em si mesma. É por isso que Moisés, a força que gere todas as correções dentro de nós, se opõe à presença dos filhos de Israel lá. Todos os filhos de Israel devem primeiro estar dentro da terra de Israel e apenas posteriormente há as conquistas de David, que incluem o Líbano, Síria e Babilônia, do Nilo ao Eufrates.

 

Termos

Tribo

Uma “tribo” é um grupo. Tal como o corpo tem sistemas tais como o sistema linfático, o sistema cardiovascular, o sistema nervoso, etc., uma tribo é um dos doze sistemas que compõem a alma. A alma divide-se em doze sistemas conhecidos como CHBD, CHGT, NHY. Em cada Yod-Hey-Vav-Hey há três linhas, que se somam em doze.

Votos

Nós não podemos avançar sem eles; eles são um tipo de consideração para o próximo grau. Embora não saibamos o que ele é, ainda avançamos para ele. Na espiritualidade, é considerado que fazemos um voto para nos corrigirmos e somente posteriormente verificarmos se isso é de todo possível.

Excesso

O “excesso” é a luz recebida nos Kelim corrigidos na espiritualidade, a luz de Chochmá (sabedoria) que se veste na luz de Chassadim (misericórdia).

Hagaalá dos Kelim (molhar utensílios em água a ferver)

Hagaalá é uma das formas de corrigir nossos Kelim espirituais. Nós temos Kelim nos níveis inanimado, vegetativo, animal e humano. Os desejos dividem-se em quatro graus de acordo com sua Aviut (densidade). Os Kelim que são semelhantes aos nossos Kelim são corrigidos através do que é chamado Hagaaalá.

Um Kli Kosher

Um “Kli Kosher” é um desejo de receber que adquiriu a intenção de doar. Inversamente, um desejo de receber que tem a intenção de receber é “não-kosher”.

Lado Oriental do Jordão

Esta é a parte que ainda pertence à terra de Israel, mas está em Tiféret do mundo de Briá. Está escrito sobre isso nos escritos do ARI e no Estudo das Dez Sefirot.

Cólera

Isto é o crescimento dos Gvurot em Malchut pois não conseguem receber por falta de Chasadim (misericórdia). No nosso mundo, uma pessoa fica zangada por falta da luz de Chasadim dentro do Kli.

De O Zohar: Matot (Tribos)

“‘Eu disse, ‘Que um mundo feito de misericórdia seja feito’’. Chéssed (misericórdia) é uma das Sefirot superiores do rei, uma Sefirá mais alta que as sete Sefirot do fundo. O Criador chamou-lhe à alma de Israel Chéssed sob a condição que Chéssed seja construída e a Chéssed não seja apagada do mundo”. Zohar para Todos, Matot (Tribos), item 6

Chéssed é a mais alta das sete Sefirot, Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut. É por isso que Chéssed é a Sefirá do topo da estrutura da alma. Ela é a responsável, atraindo e gerindo nosso processo inteiro da correção. Deste modo, Chéssed atua verdadeiramente como Chéssed (misericórdia).

Pinehás

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 25:10-30:1)

 

Sumário da Porção

No princípio da porção, o Criador agradece a Pinehás por impedir a praga e dá uma “aliança da paz” e uma “aliança de sacerdócio interminável” a ele e aos seus descendentes. Entretanto, os filhos de Israel se preparam para combater com os Midianitas.

Seguindo as instruções do Criador, Moshé (Moisés) divide a terra em lotes, depois de sondagens feitas ao povo pelas tribos e pelas famílias. Na conclusão das sondagens, as filhas de Zelofeade, da tribo de Menashê, se queixam a Moisés que seu pai morreu e enquanto mulheres elas não receberam seu lote. Moisés levou a questão ao Criador e o Criador estipula que para fazer justiça, às filhas de Zelofeade será dado um lote na terra, que será chamado segundo seu pai.

O Criador ordena a Moisés que suba a Montanha de Avarim para ver a terra de Israel, na qual Moisés não entrará e nomear Yeoshua (Josué), filho de Nun, como seu sucessor.

No fim da porção, há uma descrição detalhada das oferendas que precisaram de ser sacrificadas cada dia e em diferentes ocasiões durante o ano.

 

 

Comentário

De acordo com O Livro do Zohar, a porção, Pinehás, é profunda e evoca muitas questões. A história fala de pessoas tais como Pinehás, que são aparentemente maiores que Moisés. O Criador abençoa e louva-o, dizendo que ele é tão grande como Yeoshua, que ele substitui Moisés, que desce do palco central. Há também o problema dos direitos das mulheres, algumas das quais podem ser vistas como homens, recebendo um lote.

Como sabemos, a Torá não fala de eventos corpóreos ou de corpos físicos, mas de almas. As almas são o que é importante, a parte eterna em cada um de nós. É por isso que precisamos entender que o texto descreve o “humano dentro de nós”, que deve experimentar todas as porções da Torá no decorrer do nosso desenvolvimento espiritual.

Esta porção fala de um ponto muito especial que desperta em nós, um desejo especial chamado “Pinehás”. Somente este ponto, este desejo, alcança a “aliança da paz” – paz e inteireza com o Criador. O desejo conhecido como “Pinehás” une-se em Dvekút (adesão) com o Criador, em uma aliança de completa e eterna conexão que dura para sempre e não esvaece. Esta é a primeira das fases da correção e conexão que a alma atravessa. Nessa correção, ela torna-se anexa ao mais alto grau na sua correção e desenvolvimento.

A segunda fase vem depois de todos os sucessos dos filhos de Israel. Agora, todas as forças dentro de nós são chamadas “Israel”, Yashar El (direito a Deus), tendo recebido as anteriores correções. Começamos com uma vontade de receber egoísta que saiu do Egito na sua totalidade. Nessa fase, dificilmente escapámos aos nossos egos e queremos evitar usar essas qualidades. Nessa fase nada temos. É como se nos encontrássemos no deserto sem nada para comer.

“Comer” é uma realização da espiritualidade que preenche a alma até que ela seja completamente saciada com Divindade, com a revelação do Criador. “Retornai, Ó Israel, ao Senhor vosso Deus”, conscientemente, com entendimento, preenchimento e uma sensação da realização do Criador. Estas são as fases da correção da alma, desde a entrada no deserto durante as guerras, e até a esse ponto, Midiã.

Assim que temos posse em um grau elevado, uma parte da alma comum, então todos somos partes de uma única alma, “como um homem com um coração”. Todos estamos em garantia mútua, nessa aliança que concordámos pela primeira vez em que recebemos a Torá.

Os filhos de Israel constantemente fortalecem a aliança. Cada dia, passamos pelo “deserto” nas nossas vidas vazias, não sabendo o que fazer, imersos em lutas e correções. Cada transgressão e erro que os filhos de Israel cometem é porque a inclinação ao mal está a vir à superfície. Contudo, ela é uma descida em prol de ascender.

Nós descobrimos que estamos quebrados e não podemos doar, então clamamos e exigimos a luz que reforma. A luz, ou seja, o Criador, vem e corrige e guia-nos a como agir contra a vontade de receber. Isto é chamado “punir o ego”, para que o Homem em nós ascenda.

Este é o processo pelo qual passamos. Essa é uma fase de profundos discernimentos egoístas em nós que podemos corrigir. Estes discernimentos são chamados “Midiã”.

É assim que Moisés – que emergiu da casa de Faraó – cresce. Sua esposa vem da casa de Midiã pois Yitrô (Jétro) era o sacerdote de Midiã.

Moisés nutre Pinehás, que na realidade é Moisés em um grau mais alto e neste progresso ele é a complementação do grau.

Nessa fase, todas as forças, todos os elementos dentro de nós estão prontos para travar guerra sobre Midiã. Uma “guerra” é um despertar novamente de todos os desejos corrompidos em nós que pareciam ter se acalmado, mas que ainda estão para ser corrigidos. Esse é um tempo de calcular, de descobrir o número de Israel, quem está no acampamento, quem está fora do acampamento e esse é um tempo de contar as cabeças (chefes) das tribos.

Calcular significa alcançar um grau sobre o qual a luz de Chochmá (sabedoria) se veste na luz de Chassadim (misericórdia). Ver um cálculo (contabilizar) é a luz da visão, a luz de Chochmá. Nesse grau, podemos já contar o que está nele e o que não está. Esse não é um grau de VAK, o grau do deserto. Em vez disso, ele é já o GAR do grau.

Em um grau completo, há a luz de Chassadim e a luz de Chochmá. Podemos usar nossos desejos tanto em doação e na intenção de receber em prol de doar. Estes são atos de Gadlút (maturidade) do grau, com os quais corrigimos nossas almas em um nível muito elevado.

Esta é uma correção profunda de parte da vontade de receber, da carência nas nossas almas. É por isso que as mulheres vêm e dizem, “Nós precisamos da correção e não podemos recebê-la. Como o fazemos”? Esse é o ponto de carência em um homem, a profunda vontade de receber que é corrigida ao trabalhar em prol de doar. Esta é também a razão para a resposta de Moisés para as filhas de Zelofeade.

Por esta razão, quando os maiores desejos aparecem, os desejos chamados “desejos de uma mulher”, é possível os corrigir, como com aqueles de um homem. Com os homens, é uma intenção de doar em prol de doar, enquanto que com as mulheres, e uma intenção de receber em prol de doar – desejos maiores e correções mais profundas.

A porção, Pinehás, narra uma fase no avanço para o fim da correção. A porção detalha correções muito profundas na alma na parte corrigida da alma. Nossas almas são o desejo que o Criador criou. Elas parecem-nos quebradas, como nossos egos que precisam de ser corrigidos.

Devíamos estar felizes quando um pedaço do ego aparece pois está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”, que é a aparição, “Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “a luz nela reforma”. Isto é, depois da revelação da inclinação ao malem nós, assim que tenhamos aprendido que não fazemos ideia de como trabalhar com ela, descobrimos o tempero da Torá. Através da Torá podemos corrigir a inclinação ao mal.

O tempero é a luz oculta que é chamada Zohar (esplendor) ou Zihará Ilaá (Aramaico: claridade superior). Esta é a luz que corrige e reforma e este é o processo que devemos atravessar.

Posteriormente, a porção fala de Moisés subir o Monte Avarim e olhar para a terra de Israel de lá. Esta é a conclusão do grau de Moisés, que é o “fiel pastor”, inteiramente aderido a Biná, doação, a direção de doar em prol de doar. Esse estado não o permite entrar na vontade de receber chamada “a terra de Israel”, na qual a correção é trabalhar em prol de doar.

A palavra Hebraica, Éretz (terra), vem da palavra, Yisrael (Israel), vindo das palavras, Yashar El (direito a Deus), ou seja, diretamente para a doação. É por isso que essa fase foi dada a Yeoshua e não a Moisés.

O Criador disse para Moisés que seu lugar seria dado a Yeoshua, que Yeoshua é aquele que entrará na terra de Israel, enquanto Moisés permanecerá no exterior, no grau de Moisés. O próximo grau é a próxima fase, que Yeoshua, filho de Nun, deve corrigir. Yeoshua é um prolongamento do grau de Moisés, tal como Pinehás é um prolongamento da mesma alma.

A qualidade chamada “Moisés” em cada um de nós desenvolve-se para a qualidade chamada Pinehás, então avança para a próxima qualidade, Yeoshua. Moisés, o observador, traz a luz de Chochmá, a luz da visão. Ele traz esse grau a toda a Israel. Contudo, aquele que leva a cabo esta acção é a parte corrigida na alma – Yeoshua, filho de Nun.

A porção também fala das oferendas (sacrifícios). Quando descobrimos que nossa natureza é má, queremos livrar-nos dela e escapar dela. Estamos dispostos a sacrificar, queimar, matar, chacinar e e fazemos qualquer coisa para nos livrar-nos do mal no interior. Ao sacrificar, não chacinamos qualquer coisa dentro de nós, somente a besta no interior. Nós chacinamos o vegetativo e até o inanimado no interior, como está escrito, “Sobre todas vossas oferendas oferecereis vós sal” (Levítico, 2:13).

Nós “processamos” os desejos abaixo do grau humano – nos graus de inanimado, vegetativo e animal

– até ao grau humano dentro de nós. Transformamos desejos que eram com a meta de receber, desejos egoístas com a inclinação ao mal, naqueles que trabalharão com a meta de doar. Nós os “sacrificamos”. Em Hebraico, Makriv significa tanto “sacrificar” como “aproximar”. Logo, aproximamos os desejos da correção e através disso nos aproximamos do Criador e nos tornamos como Ele.

Isto é chamado a “obra dos sacrifícios”, “obra sagrada”, “obra dos sacerdotes”, os “Levitas” que existem dentro de nós. Israel é a parte que traz a oferendas. A parte de Israel dentro de nós traz a parte nos desejos nos níveis de inanimado, vegetativo e animal aos Levitas e aos sacerdotes. Deste modo, levamos todos os desejos no interior e os elevamos até à correção através da obra dos sacrifícios.

De O Zohar: Manter a Aliança

“Está escrito em Pinehás, ‘Eu lhe darei MINHA aliança da paz’, ou seja, paz do anjo da morte, que nunca o controla e naqueles juízos ele não é julgado. Caso digais que ele não morreu, ele morreu, mas  certamente  não  morreu  como  o  resto   das   pessoas.   Ele   viveu   mais   que   todos   seus contemporâneos pois ele se segurou a essa aliança superior. Quando ele faleceu do mundo, em sublime paixão e graciosa Dvekút (adesão), ele partiu do resto das pessoas no mundo”. Zohar para Todos, Pinehás, item 22

Cada vez corrigimos nossos desejos corruptos e os somamos à estrutura da alma dentro de nós. Os desejos corrompidos são chamados “desejos que compõem a alma, o “Kli (vaso) da alma”, o “corpo da alma”. Os desejos são corrigidos para trabalhar em prol de doar pelo bem dos outros e do amor pelos outros ao amor pelo Criador.

A alma tem um corpo: são os desejos fora de nós que trabalham pelo bem dos outros. Estes são desejos que atuam a partir da inclinação ao malem favor de nós mesmos, mas recebem a forma da boa inclinação, trabalhando em prol de doar e em amor, como está escrito, “Ama teu próximo como a ti mesmo”, esta é a grande regra da Torá. À medida que agimos dentro desses desejos, realizando ações de doação e verdadeira outorga, sentimos a “vestimenta do Criador”, a “roupagem da luz superior”.

Foi por isso que se disse que Pinehás não morreu como os outros. Em vez disso, ele é uma fase dentro de nós que somente cresce. É esse grau corrigido de realização da Divindade dentro do Kli corrigido com a luz que o preenche.

 

Perguntas e Respostas

A espiritualidade pode ser transmitida por herança?

Há uma lei inquebrável aqui: tudo é um homem. Não há muitas pessoas no mundo; há somente uma. Em outras palavras, a Torá está escrita para uma única pessoa que inclui o mundo inteiro no interior. Está escrito que “O homem é um pequeno mundo” (Midrash Tanchumá, Pekudei, item 3). Tudo está incluído dentro de nós; nós percebemos o todo da realidade externa dentro de nós.

Nós não fazemos ideia se existe alguma coisa fora de nós. Tudo o que sabemos é aquilo que sentimos no interior. Por exemplo, quando tocamos em alguma coisa, não conseguimos dizer se na realidade lhe tocamos, mas podemos senti-lo como sólido, líquido, quente ou frio.

Nós sentimos que existe e que lhe estamos a tocar. Mas no final, tudo o que sentimos é a nós mesmos. Nós vemo-nos existindo em certa realidade, mas essa realidade é retratada dentro de nós, na parte de trás de nossas mentes. As pessoas e os objetos ao nosso redor na realidade não estão lá; eles estão dentro de nós.

A realidade que percebemos está dividida em inanimado, vegetativo animal e humano. Nós somos aqueles que sentem todos eles deste modo, pois é assim que nossa vontade de receber está construída. Ela está dividida em quatro fases – 1, 2, 3 e 4 – onde ela percepciona sensações e impressões.

No que diz respeito à história dos Judeus, é como se a Torá descrevesse uma peça, mas estas são todas coisas que acontecem dentro de nós. Se queremos ler a Torá como ela é verdadeiramente, devemos atribuir tudo aquilo que está lá escrito a nós mesmos. Devemos ler cada palavra na Torá como uma explicação daquilo que existe dentro de nós: Pinehás, Yeoshua, Midiã, um Sacerdote, um Levita, Israel, as tribos e tudo o resto.

Um sacerdote, por exemplo, é um grau de uma pessoa. Ele chega quando a vontade de receber está inteiramente corrigida para trabalhar em prol de doar. É por isso que os sacerdotes não têm lotes.

Quando o grau de Moisés termina e o grau de Pinehás começa, Moisés sobe ao Monte Avarim e olha para a terra de Israel. Este é um certo grau chamado “ver”. Através dele, ele faz uma correção para a nação inteira. O que é a correção de ver?

Moisés realiza uma grande correção. Há uma correção em potencial e há uma correção na realidade, de fato. Uma “correção em potencial” é quando não há ainda Kelim (vasos) que sejam grandes o suficiente para se ajustarem à correção. Moisés é um grau no qual um não trabalha com vasos de recepção com a intenção de doar. Foi por isso que ele não entrou na terra de Israel – o desejo que deve estar transformado em Yashar El (direito a Deus), Israel.

Seu grau seguinte, Yeoshua, filho de Nun, o fará, pois este é um grau mais prático. Yeoshua é uma extensão, um grau que está anulado diante do grau de Moisés. Foi por isso que Yeoshua foi o assistente de Moisés, sempre o apoiando e sempre ao seu lado e ele foi escolhido para o suceder.

O relacionamento entre eles era tal que Yeoshua montaria secretárias no seminário de Moisés. Contudo, Moisés, também, fez grandes correções espirituais. Ele pertencia ao grau de Biná. Mas porque Biná está separada de Malchut, Yeoshua foi aquele que implementou as correções.

 

Termos

Aliança

Uma “aliança” é a conexão entre o Criador e a criatura. Quando as pessoas se opõem uma à outra, elas são consideradas distantes. Quanto mais semelhantes elas são, mais próximas se tornam. Quando são semelhantes de um só modo, é como se dois círculos se começassem a sobrepor. Eles são completamente iguais, eles estão em uma aliança, em unidade. Uma aliança é união. Ela é uma correspondência entre as qualidades da criatura e as qualidades do Criador e então essa pessoa é chamada Adam (homem) da palavra, Domé (semelhante).

Aliança interminável

Uma “aliança interminável” é aquela que o Criador teve com Pinehás. Ela é um grau no qual a qualidade que uma pessoa adquiriu nunca desaparece e nunca se torna corrompida.

Lote

Um “lote” é a vontade de receber que foi corrigida para trabalhar em prol de doar em um grau que não desaparece nem precisa ser readquirido.

Família, a Família de Zelofeade, a Família dos Gersonitas

A criatura é somente um único desejo que foi criado, chamado “uma alma”. Essa alma está dividida em muitas partes interconectadas, como células nos nossos corpos. Algumas células são semelhantes, próximas, ajudam-se e apoiam-se umas às outras, existindo em inteireza e trabalhando em reciprocidade, em uma conexão especial. Estas são chamadas “família”.

Estas “células” são partes da alma singular que trabalham entre si mesmas de uma maneira mútua especial que é ao mesmo tempo independente, como nossos filhos. Nós viemos de diferentes áreas e ninguém escolhe coisa alguma, mas as coisas acontecem correspondendo à hierarquia pela qual pendemos através dos mundos de cima para baixo.

Mudar

Este é o novo grau. Hoje podemos estar de uma maneira e amanhã somos diferentes. É como se nos mudássemos.

Líder

Cada grau é composto por dez Sefirot. Kéter é o líder, aquele que ilumina para todos os graus até Malchut, onde a execução na realidade ocorre. Kéter tem cabeças (chefes) de tribos, centenas, milhares e assim por diante e no fim, a execução é no povo.

Balaque

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 22:2-25:9)

 

Sumário da Porção

A porção, Balaque, começa com o povo de Israel conquistar a terra dos Amoritas. Balaque, rei de Moabe, entende que os filhos de Israel se aproximam dele e prepara a face da nação que saiu do Egito. Ele envia mensageiros a Balaão, filho de Beór, que ficou famoso pela sua grande sabedoria e poder de suas maldições – e pede-lhe que amaldiçoe o povo de Israel.

Balaão parte para a terra de Moabe, tendo aceitado a dura estipulação de dizer somente aquilo que o Criador permitir. No caminho sua égua para. Balaão bate-lhe, mas a égua não se move. Balaão não consegue ver o anjo que impede a égua. A égua abre sua boca e fala para ele e em vez de amaldiçoar Israel, Balaão abençoa-os.

Balaque fica furioso com Balaão. Como compensação, Balaão revela que Israel têm um ponto fraco: as filhas de Moabe. Balaque envia as filhas de Moabe e o povo de Israel fornica com elas tanto que até Zimri, filho de Salu, um dos presidentes da tribo de Simeão, leva uma mulher Midianita.

Esta situação deixa Pinehás, filho de Elazar, sem escolha. Ele leva uma lança e trespassa Zimri e a mulher até à morte, assim impedindo a praga que se espalhou na nação colhendo vinte e quatro mil vidas.

 

Comentário

Esta história não acontece no nível corpóreo. Não se trata de um processo que se revela entre duas nações, mas em vez disso um processo de correção interna que uma experiência. A própria história nos mostra como corrigir a inclinação ao mal. Não é um conto sobre crianças ou adultos, nem é uma história sobre nações, países, guerras, prostitutas ou éguas. Tudo o que descreve é a correção da inclinação ao mal. Essa é a única coisa que a Torá (Pentateuco) descreve desde o princípio, desde Adão, que começou a correção, até ao fim.

O texto fala daquele que atravessou este caminho como Adam HaRishon (Adão), como Abraão e como Moisés e que atravessou o processo inteiro do Egito e do deserto. Durante a gradual correção do desejo, um gradualmente se aproxima da terra de Israel até que ele seja enfrentado com a “conquista” da terra.

O “deserto” é um desejo que ainda não conseguimos usar corretamente e deste modo não conseguimos ver os frutos de nosso trabalho com ele. Estas correções precedem a aquelas conhecidas como a “terra de Israel”.

Os espiões descobriram que a terra de Israel era um desejo que, se inteiramente direcionado para o Criador, produzia um belo fruto (Israel significa Yashar El [direito a Deus]). Aqueles que se aproximam dessa correção inicialmente adquirem a terra dos Amoritas, então a terra de Moabe, que é um grau mais alto. O desejo egoísta do Homem, conhecido como “o rei de Moabe”, Balaque, começa aparentemente a se revoltar contra ele porque ele não quis as correções.

Todos os nossos desejos são inicialmente inclinações do mal, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal” É por isso que o desejo chamado Balaque procura um modo de resistir. Essa é resistência para aquele que tenta corrigir um desejo de cada vez, grau a grau, até que todos os desejos sejam Yashar El, direito ao Criador, direcionados para doar sobre o Criador.

O desejo chamado “Balaque” não consegue fazer coisa alguma sozinho. Um desejo é simplesmente isso – um desejo desprovido de qualquer força. O poder encontra-se na intenção que direciona o desejo e trabalha com ele. O desejo é chamado “Balaque” e a intenção é chamada “Balaão”. A intenção de trabalhar em doação em prol de receber é chamada uma “maldição”. Desta maneira, a inclinação ao mal opera na sua mais completa forma.

É por isso que Balaque convida Balaão e lhe diz, “Vinde, vamos trabalhar juntos”. Entretanto, um conflito irrompe entre a substância (égua) e o anjo (humano) que caminha direito para o Criador e se direcionando a si mesmo para o sucesso. Por outro lado, dentro do homem está o próximo grau, Moabe, a vontade de receber em Moabe, que é Balaque. Por outro lado, uma pessoa pretende controlar o desejo em prol de receber, que é Balaão, que é recompensado com o verdadeiro benefício egoísta disso.

A substância interna nesse grau, a égua, não pode avançar pois ela detecta a resistência, o anjo que se encontra diante dela não deixando a substância avançar, que é ajuda do alto. Contudo, o homem não o consegue detectar pois ele está no grau de Balaque e Balaão. Em outras palavras, não conseguimos avançar em intenção, mas a inclinação ao mal não nos pode falhar mais com a intenção pois o grau anterior, o Amorita, já foi corrigido e não há razão pela qual caiamos agora.

Nós estamos em uma posição na qual não cometemos erros nas nossas intenções ou desejos. O povo de Israel se encontrou diante do próximo grau, mas não conseguiu avançar mais. Por um lado, eles foram bloqueados por Balaão e Balaque. Por outro lado, não havia outro modo de avançar.

Depois da sua bênção, Balaão não deixou Israel avançar pois a bênção não tinha nada no qual se apoiar. A bênção deve “montar” sobre a vontade de receber do próximo grau de modo a que o avanço ocorra. “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”, porque “a luz nela o reforma”. É assim que avançamos com um desejo maior, um desejo que é corrigido em prol de doar e continuamos grau a grau.

É por isso que não há nada que possamos fazer no próximo grau. Nós avançamos ao falhar, mas esse falhanço não é devido a nossa intenção corrompida. Em vez disso, isso é devido à aumentada vontade de receber na linha esquerda.

É por isso que Balaão aconselha Balaque a fazer o povo falhar ao aumentar a inclinação ao mal, as “mulheres” neles. As carências começam o endurecimento dos corações dos filhos de Israel com um desejo que é mais egoísta, mais centrado em si mesmo. Este desejo chama-se uma “mulher fornicadora”. Uma mulher tem duas “direções”: ora justa ou uma prostituta, ou seja, em prol de doar ou em prol de receber. É por isso que é possível fazer uma pessoa tropeçar e cair porque na verdade, é impossível avançar sem falhar.

A Torá conta-nos sobre os graus que devemos experimentar. Todas as ações e nomes na Torá são sagrados. Quando beijamos uma palavra em um livro da Torá durante um serviço, não prestamos atenção à palavra que beijamos. Pode muito bem ser Balaque ou Balaão, todavia beijamos-a e fazemos a bênção da Torá.

As fases do progresso todas se direcionam para nossa correção. Contudo, há degraus no caminho chamados Balaão, Balaque, países, Midianitas, suas esposas e alcançamos um estado onde os corrigimos.

Quando matamos os desejos de receber com a intenção de receber, na realidade matamos a intenção. Juntamente com esses desejos, devemos matar a conexão entre Israel e Midiã, que é um grau de vinte e quatro mil, doze e doze, correspondendo às tribos, em Luz Direta e Luz Refletida. O “milhar” é a altura do alto grau das doze – doze no nível de Zeir Anpin. Quando se elevando ao alto grau de Arich Anpin, isso é chamado “um milhar”.

 

Perguntas e Respostas

Qual é a diferença entre uma bênção e uma maldição?

Uma “bênção” é um ato que uma pessoa pode fazer, um ato que vise doar. Uma “maldição”, contudo, é um ato em prol de receber. Devemos tomar nota que um ato em prol de receber é necessário pois sem ele, nunca descobriríamos a inclinação ao mal. Em cada grau, há um processo de divulgar o mal e o corrigir através da Torá. É assim que somos reformados e nos elevamos ao próximo grau, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como tempero”.

Assim que estamos no grau, o “ritual” da a esquerda – direita – meio se repete a si mesmo, ou seja, uma maldição onde se é corrigido e ascende. Correção é impossível sem maldições, sem a inclinação ao mal. Sem o Inferno, é impossível subir ao grau de Céus.

Quem é Pinehás, Filho de Elazar o Sacerdote, o poder da luz?

Pinehás, filho de Elazar, é o mais alto grau que aparece. A luz é o que faz a correção usando o Kli (vaso). Tudo acontece nos Kelim (plural de Kli). Até quando falamos de “luzes”, na realidade referimo-nos a uma impressão dos Kelim, uma impressão à qual chamamos “luz”.

Similarmente, não conseguimos sentir a eletricidade que corre por uma lâmpada, mas experimentamos sua manifestação. Em outras palavras, podemos somente sentir manifestações, não as forças em si mesmas. As forças devem se “exprimir a si mesmas” através de uma substância.

No nosso caso, Pinehás, filho de Elazar, era dos sacerdotes dos quais temos todas as correções.

Pode uma pessoa amaldiçoar outra pessoa, lançar um mau olhado sobre outra?

Se falamos do nosso mundo, independentemente desta porção da Torá, então, é claro. Todos nossos desejos têm um impacto, até os menores. As pessoas estão conectadas; nossos pensamentos estão conectados. Nós vivemos em uma rede global e integralmente conectada.

Nós podemos provar como fato de que há instâncias em que as pessoas pensam em alguma coisa em uma extremidade do mundo e as pessoas na outra extremidade pensam na mesma coisa ao mesmo tempo. Foi dito que este conceito também foi comprovado nos macacos. No livro, O Centésimo Macaco, é relatado um estudo de macacos em uma ilha perto do Japão em 1952. Os cientistas observaram que alguns dos macacos aprenderam a lavar batatas doces, um comportamento que se espalhou pelo bando.

Assim que se espalhou entre um número crítico de macacos – o chamado centésimo macaco – este comportamento espalhou-se instantaneamente para macacos em ilhas próximas.

De O Zohar: Não Temas, Meu Servo Jacó

“Esse ímpio, Balaque, era sábio em todos os graus do alto, em todos esses laços pelos quais realizar bruxaria e magia, em todos esses graus no alto pelos quais eles forçariam os graus inferiores.

…Balaque e Balaão disse para ele, ‘Durante todo esse tempo, nós bruxos, magos e adivinhos temos certos graus e certos anjos que são conhecidos aos bruxos e magos. Mas doravante, vós deveis olhar para outro lugar, mais alto.’“ Zohar para Todos, Zohar Chadásh, Balaque, itens 60-61

Uma pessoa sabe somente do seu próprio grau, que é o grau de Balaque. Aqui Balaque governa sobre o pedaço chamado “Moabe”. A vontade de receber em prol de receber que opera em uma pessoa de um grau para o próximo, com a meta de receber, ela é chamada “Moabe”.

Uma pessoa sabe da limitação, que há outro, lugar mais alto?

Sim, é por isso que precisamos atrair uma força maior e não deixar a correção acontecer.

Seremos capazes de ver Moabe enquanto avançamos nos nossos estudos e os escrutinamos por dentro?

Até sem ler a porção semanal da Torá, descobriríamos a Torá dentro de nós. A Torá sai da vontade de receber que é gradualmente corrigida.

Quando uma pessoa descobre a porção Balaque no interior, também se descobre a égua falante?

Ele ou ela falará tal como está escrito na Torá e ao mesmo tempo conhecerá os detalhes no seu verdadeiro sentido.

O que significa que a égua fala em uma pessoa?

Ela é a vontade de receber. A égua é a fêmea do burro. Isto é, a partir das dez Sefirot de Malchut, nove são o burro e a décima é a égua.

É especificamente a vontade de receber que sente o anjo?

Sim.

É a vontade de receber incapaz de ver? Ela é cega?

É especialmente a vontade de receber que realizará a ação, que sentirá – seja em prol de receber ou em prol de doar. É lá que todas as operações das forças tomam lugar. É por isso que todas as forças da correção ou corrupção se direcionam para ela.

É por isso que foi dito que o Messias virá montado em um burro branco?

Um “burro branco” significa que uma pessoa precisa tornar o burro branco. Somente então ela o sentirá.

O que significa o branquear?

Isso significa que uma pessoa “branqueia” completamente a substância, a tornando inteiramente em prol de doar, que é chamado “branco”.

Há um processo estranho a acontecer aqui. Balaão, é a vontade de receber em prol de receber, ou até a vontade de doar em prol de receber. Balaão atravessa um processo: no princípio ele quer amaldiçoar, mas então ele jura que somente agirá pela ordem do Criador e finalmente ele abençoa. Balaão actua com a intenção de doar.

Ele foi corrigido?

Não, ele não o consegue fazer no próximo grau. De fato, Balaão não realiza ações aqui; nem Balaque, ou o Criador. Somente Israel atua. Isto é, se nós queremos subir ao próximo grau, a bênção está diante de nós e podemos avançar, só que não temos a força.

Nós precisamos descobrir que não podemos avançar usando Balaão, Balaque, o Criador, a égua, ou qualquer outro factor até que nos encontremos atónitos, não sabendo como avançar no próximo grau, ou como adquirir este desejo chamado “Moabe”. Os filhos de Israel devem conquistar Moabe, algo precisa aparecer e só aparece ao conectar com as mulheres de Moabe.

Nós precisamos levar as fêmeas de lá, as carências desse grau. Quando pegando nessas carências, há bastante substância para avançar. Assim que nos conectamos a toda a substância, uma correção aparece que é conhecida como “a matança da intenção de receber”. Nós corrigimos a vontade de receber ao direcionar doar. Este ato é chamado “a conquista de Moabe”.

Há um elemento sexual aqui. Por um lado, o desejo sexual é muito natural, mas por outro lado, parece um mau exemplo pois eles levaram mulheres Midianitas.

Não lidamos com moral aqui ou com ética. No nosso mundo, a sexualidade é animalesca, ou seja, ela existe nos animais.

Mas nesta porção, a sexualidade é apresentada como uma obstrução, com o presidente trazendo uma mulher Midianita para a tenda.

Verdade, isso parece negativo. Contudo, todas as medidas aqui discutidas são passos necessários no caminho. Não podemos ter sucesso sem eles. Está escrito, “Não há um homem justo na terra que faça o bem e não peque”. Isto é, que devemos atravessar o pecado; nós não temos escolha, até se não o quisermos.

A ordem dos graus é tal que uma pessoa falha e então se levanta. Mas a queda não é da nossa própria vontade, embora ela seja como um constrói a ascensão.

Deste modo, Israel não procuraram se misturar com os Midianitas; eles simplesmente não tiveram escolha pois um se deve misturar com todas as fêmeas no próximo grau. Se “misturar” significa estar no grau da fêmea, Malchut do próximo grau, a mulher fornicadora, inteiramente imersa na sua intenção de receber, e subsequentemente a corrigir.

Quando subindo de um grau para o próximo, precisamos desesperar aparentemente, então pedir ajuda. Claramente, há uma força que se abra diante de nós e ajude, mas o esquecemos de um grau para o outro.

Porque nos esquecemos disso? Porque parece se tornar mais difícil? Afinal, se apanhámos a ideia uma vez, devia ser mais fácil. A questão é que a obtemos no pecado anterior que corrigimos. No presente  pecado,  nada  percebemos.   Tudo   o   que   tivemos   está   no   passado   e   é  como se tivéssemos esquecido tudo pois nos elevamos de baixo para cima. Não é que realmente nos tenhamos esquecido, mas os velhos caminhos simplesmente não funcionam no novo grau.

Na correção da “matança do Midianita”, o presidente da tribo de Simeão é morto, também. Porque é isto assim? Afinal, ele era parte de Israel e era suposto ser corrigido?

Ele pertence ao grau anterior.

Então ele não conseguiu lidar com o novo grau?

Ele não conseguiu lidar com ele pois ele se conectou a ela e ambos estão na intenção de receber. Ambos precisam de se corrigir. Não é somente a inclinação ao mal que é corrigida; é também a força que desce para a inclinação ao male se conecta com ela. Ambas sobem juntas.

Aquele que desce, desce inteiramente para a intenção de receber, até à Klipá (casca/pele) com todo o sucesso anterior. Posteriormente, a luz toma efeito e salva ambos. Isto é considerado que no caminho ela “mata” os pois eles visam receber.

 

Termos

Rei

A força que governa um grau é um “rei”.

Mensageiros

As forças pelas quais ações são realizadas em um certo grau, um certo estado de uma pessoa. O estado de uma pessoa é chamado um “grau”. Aquele que governa cada grau é chamado o “rei do grau”, que é vulgarmente a Sefirá (singular de Sefirot) a que chamamos Kéter (coroa). Os mensageiros são forças que atuam dentro desse grau. Ao todo, são as oito Sefirot de Chochmá a Yessód.

Maldição

A força egoísta que trabalha em prol de receber, que nos governa e pela qual atua como uma maldição.

Égua

A égua é nossa substância, a fêmea do burro. Ela é a própria vontade de receber que sente e distingue entre as forças dentro de nós.

Anjo

Um anjo é a força que atua em um grau e é direcionada pelo governante, a Kéter, o rei.

Estrada Bloqueada

Esse é o caminho pelo qual um vai corrigir a sua vontade de receber, com a intenção de alcançar o próximo grau, maior Dvekút (adesão), maior clareza de visão na espiritualidade, mas que ele não consegue alcançar. Isto é, desta maneira, é impossível avançar. Um descobre que para alcançar o próximo grau, uma nova substância é necessária.

Se Desviar do Caminho

“Desvio” acontece quando avançamos no caminho para a doação quando subitamente algo corre mal e descobrimos que nos desviámos do caminho. Contudo, esta descoberta é já uma correção em si mesma.

Como a descoberta do desvio é uma correção?

Ao  descobrir  o  desvio,  sabemos  como  continuar.  Nosso  esforço  para  a  meta  é  como      um míssil guiado.  O míssil deve  constantemente  detectar  seus  desvios  e  os  corrigir.  Se  ele  se movimentar em uma linha direta, ele não consegue acertar no seu alvo. É o mesmo conosco: não podemos mover-nos em uma linha direta para nossa meta. Em vez disso, devemos examinar constantemente nossos desvios, pois somente através deles avançamos para a meta.

Voto

Um “voto” é quando a vontade de receber, Malchut, se conecta a Kéter em um único eixo e está pronta para seguir a vontade de Kéter acima da razão.

De O Zohar: O Criador Brinca com os Justos no Jardim do Éden

“Assim que o Criador cheirou e brincou com eles e com todos os segredos da sabedoria, Ele aparece diante deles e eles veem a agradabilidade do Criador. Então todos eles jubilam em grande alegria até que sua claridade e luz se espalhem. Desse espalhar, sua claridade e luz de sua alegria dão frutos e rebentos no mundo, que são as almas e esses frutos vêm debaixo das asas da Divindade até ao tempo adequado”. Zohar para Todos, Zohar Chadásh, Balaque, item 6

Nós somos as almas quebradas nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá neste mundo. Nós devemos subir ao estado de Malchut de Atzilut, a essa Divindade – essa correção, ao conectarmos nossas almas em unidade, em garantia mútua. No caminho, nós conquistaremos o Deserto Sinai e a Terra de Israel.

 

Hukat (O Estatuto)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 19:1-22:1)

 

Sumário da Porção

A porção, Hukat (O Estatuto), lida com a continuação da jornada de Israel, com o Mitzvá (mandamento) da vaca vermelha (novilha), as leis da impureza dos mortos e o episódio conhecido como Mei Merivá (águas de Meribá [Hebr.: discutir]). Neste episódio, os filhos de Israel queixam- se da falta de água e o Criador ordena Moisés a falar para a rocha. Contudo, em vez de falar, ele golpeia a rocha. Moisés e Arão são punidos por este ato ao serem banidos de entrar na terra de Israel. O povo de Israel alcança a terra de Edom e o rei de Edom proíbe-os de passarem pelo seu território.

Arão morre e Elazar, seu filho, sucede-o como alto sacerdote. O povo de Israel continua a queixar- se das dificuldades no caminho e o Criador envia-lhes cobras para os morder. Moisés faz uma cobra de cobre e mostra-a ao seu povo e qualquer um que veja a cobra de cobre é curado.

O povo de Israel alcança a fronteira da terra de Moabe e canta “o cântico do poço”. O povo combate com Siom, Rei dos Amoritas e Ogue, Rei de Basã. Israel vence e conquista sua terra.

 

Comentário

Esta história detalha a principal correção nas correções das almas. Porque nossas almas são inicialmente o desejo de receber e de desfrutar, em prol de as corrigir, devemos inverter a intenção desse desejo para a doação. Devemos corrigir nossas almas para terem uma direção de doar, de amar os outros, pela qual nos assemelharemos ao Criador. Isto dotará Dvekút (adesão) com o Criador, o propósito da Criação, para todo e cada um da nação. É por isso que precisamos nos misturar e nos tornarmos integrados com a força de doação, chamada Biná e com a força de recepção chama de Malchut.

Conectar as duas forças – as duas Sefirot supracitadas – resulta em quatro opções: Malchut em Malchut, Malchut em Biná, Biná em Biná e Biná em Malchut. Quando Biná está dentro de Malchut, essa é a força má pois Malchut governa Biná e quando isso acontece, todas as forças do mal emergem.

Embora estas forças possam ocasionalmente parecer boas, elas aparecem somente para nos atrair e atiçar, nos conduzindo para o mal. Essa é uma Klipá (casca/pele) especial, astuta e retorcida, que está em Malchut. É assim que Malchut adquire Biná e a usa. É também o porquê de ter sido dito que o mal pode existir no mundo somente se ele inicialmente aparecer como bem.

Inicialmente, as únicas forças que existem no Homem são inanimado, vegetativo e animado, ou seja, Malchut no nível de inanimado, vegetativo e animado. Esta é uma vontade de receber direta. Aqueles que possuem o poder de Biná dentro da vontade de receber tornam-se muito espertos e muito retorcidos. Tais pessoas sabem como aparentar dar aos outros e os servir, embora na realidade estejam a tirar dos outros e a usá-los tanto quanto possível. É assim que as forças negativas operam quando a força de doação é “tomada em cativeiro” pela força de recepção.

Inversamente, quando elevamos Malchut a Biná e nos tornamos incluídos nela – quando  queremos permear Biná e estar lá como servos, como um embrião no ventre da sua mãe – Biná é chamada “Ima (mãe) superior”. Nessa altura, queremos nos desenvolver somente pela integração, ao sermos dominados pelo poder de doação sob a “proteção” do poder do Criador. Estas são boas forças, que gradualmente pegam em pedaços do desejo egoísta e os corrigem.

A porção, Hukat, começa com a vaca vermelha, que corrige alguns dos desejos e corrompe outros. É esse pêndulo entre Biná e Malchut que purifica o impuro e corrompe o puro. Esse tópico é escrutinado por toda a porção em diferentes níveis, tal como as cinzas da vaca, o poço e o fosso.

O fosso é seco, absorvendo todas as coisas, mas permanecendo completamente vazio. Por outro lado, um poço está cheio de água. Isto compara-se a Biná em Malchut e Malchut em Biná. Se o poço está vazio, ele é Malchut. Se há água no poço, esse é o tipo certo de integração. E quando Malchut ascende a Biná, a deficiência de Malchut sobe a Biná, aos céus e traz água dos céus, que é a chuva.

Posteriormente, a serpente é mencionada. A serpente não é simplesmente a vontade de receber; ela é uma pessoa em quem há integração de Biná, oposta à qual há a serpente de cobre.

Na história das águas da disputa (Meribá), há a rocha, o solo. Se estamos integrados em Malchut e falamos com ela no nível do deserto (o nível de Biná), suscitamos água dela. Inversamente, aqueles que golpeiam a rocha suscitam águas da disputa. Esta água é chamada ”águas de Gvurot”, que é dominada por Malchut. Furacões, dilúvios e tsunamis compartilham a mesma raiz que as forças dominadas por Malchut.

 

Perguntas e Respostas

Qual é o sentido da vaca vermelha?

A palavra, Adumá (“vermelha”) vem da palavra, Edom, ou seja, conectada à Adamá (terra). A vaca simboliza o poder de Biná, dando leite, que é um dos símbolos do festival de Shavuot no qual comemos lacticínios. Ela é um símbolo do poder de dar.

Contudo, quando conectada a Malchut, que é Edom, ela tem os poderes de se misturar com Malchut oposta ao poder de Biná. Quando a força de doação e a força de recepção – Biná e Malchut, estão juntas, tudo depende do indivíduo. Se desejamos ser corrigidos, alcançar a doação, combinar estas forças em uma combinação conhecida como “vaca vermelha” permite-nos suscitar a força da doação e nos tornarmos purificados.

Inversamente, se somos puros, a mistura de Biná e Malchut tem o efeito oposto. Nós precisamos entender que esta forma oposta é somente nossa descoberta que estamos em um bom grau. Isto é, nós descobrimos um desejo adicional com o qual não podemos trabalhar.

Qual é o sentido dos atos de purificação?

Estes são rituais, uma espécie de idolatria. Não é assim tão simples achar uma vaca vermelha, a queimar e então lidar com suas cinzas. A vaca vermelha não existe no nosso mundo, mas ainda procuramos.

Diz-se no passado, que realmente havia uma vaca vermelha no tempo do Templo, quando a nação inteira estava em um grau espiritual usando a sabedoria da Cabala. Está escrito, “Eles verificaram de Dan a Beer Sheva e nenhum ignorante (pessoa por corrigir) foi achada de Gevat a Antipris e nenhum menino ou menina, homem ou mulher foi encontrado que não fosse cuidadosamente versado nas leis da pureza e impureza (correções de acordo com a lei de Moisés) ”. *

Isto é, as leis de impureza e pureza (Tuma’á e Tahará, respectivamente) explicam precisamente o que significa trabalhar em prol de receber e o que significa trabalhar em prol de doar, com todos os desejos, todos os problemas e todas as comunicações com todos e com a Divindade.

No passado, a maioria das pessoas alcançavam realização completa com exceção de alguns poucos, como sabemos da história sobre as disputas que tomaram lugar tão longe no tempo como o Primeiro Templo. Aqueles que alcançaram um grau espiritual conheciam as leis de impureza e pureza: eles estavam no nível de conexão de Biná e Malchut, um nível conhecido como a “vaca vermelha (novilho) ”.

A Torá detalha uma ordem de correção e instruções de como corrigir a alma. Estas pessoas viviam por ela e corrigiram-se a si mesmas do estado do “Egito” para o estado de “recepção da Torá”, avançando pelo “deserto” e para a “terra de Israel”, nomes que representam graus espirituais.

Se Edom é Biná, porque o rei de Edom não deixou Israel passar?

A vaca vermelha é Biná. A terra de Edom é a conexão entre Biná e Malchut, como deve ser de acordo com os graus. O rei de Edom é um desejo que se senta dentro de nós. Embora o povo de Israel desejasse atravessar a terra de Edom, eles primeiro deveriam entrar pela Klipá (casca/pele) que está em Edom, o rei de Edom. Eles devem atravessar a mistura de Malchut e Biná no grau de Edom. Essa Klipá não os deixa passar. A passagem depende da correção – ora eles dão a volta a Edom, ou eles lutam e a atravessam.

É esse um desejo com o qual não conseguimos trabalhar?

Ele é o nosso próprio desejo. O Rei de Edom reside dentro de nós.

Moisés, o maior dos profetas, conduz a nação. Ele é a qualidade mais sublime do homem e parece que ele não faz aquilo que o Criador lhe mandou fazer.

De fato, não é que ele desobedeça ao Criador. Em vez disso, há a nação, ou seja, desejos individuais, há Moisés e há uma possibilidade de absorver “águas de Biná” ao elevar Malchut (a vontade de receber) para Biná. Dado o estado do povo nessa altura, Moisés não conseguiu reunir a força para atrair todos os seus desejos, que são chamados “povo” ou “nação”, para o nível de Biná. Assim, em vez de subir um grau e falar e agir lá, ele atua no grau de realizar ações. Esta foi sua transgressão.

Porque parece que ele foi punido?

Todas as punições na Torá são correções. Embora seja claro que um deva alcançar o nível de falante – um nível de conexão entre Malchut e Biná que é mais simples, curto e mais correto – nós não conseguimos achar outra maneira de correção, mas realizá-la de fato. Isso é similar a Moisés usar seu bastão.

Isso é como uma experiência, onde nos são dadas ferramentas para levar a cabo a tarefa, todavia devemos falhar?

Certamente nós temos de falhar. Embora pareça que somos punidos nas nossas correções, na verdade, não há punições.

Mas quando Moisés desejou entrar na terra de Israel, ele foi recusado.

É claro que ele foi recusado. A terra de Israel não é o grau de Moisés. Moisés é “o fiel pastor”, cujo mais alto grau é Biná. Deve haver uma melhoria aqui, que deve ser realizada pelos seus seguidores, aqueles que não são da geração do deserto, tais como Yeoshua.

De O Zohar: Eles Viajaram de Montanha para Montanha

“E Israel viajaram … e eles foram atrás da serpente inclinada que governava na terra de Edom”. Zohar para Todos, Zohar Chadásh, Hukat (O Estatuto), item 3

“Inclinada” significa que ela continuamente se torce e caminha à frente de uma pessoa, então é impossível discernir o que é bom e o que é mau nela.

Eles pareciam se ter “desviado” da montanha. Na verdade, eles não conseguiam subir a montanha devido aos pensamentos durante o caminho, as dúvidas na fé e na realização da doação mútua e unidade. E porque eles foram incapazes de alcançar, eles “deram a volta” a essa situação. Por um lado, não é o caminho certo. Por outro lado, se eles não tivessem circulado a montanha, não conseguem avançar acima dela. Por agora, este é o caminho – pelo endurecimento do coração. A correção é sempre feita sobre um desejo egoísta com o qual é muito difícil de lidar, mas após o qual um obtém abundância.

De O Zohar: Eles Viajaram de Montanha para Montanha

“Eles se queixavam de tudo – da Torá oral, da Torá escrita … pois não há pão, Torá oral, nem água, Torá escrita e as palavras da Torá oral eram triviais aos seus olhos”. Zohar para Todos, Zohar Chadásh,

Hukat (O Estatuto), item 3

“Triviais” significa que a Torá oral não era muito importante. Este era o problema, dado que a Torá oral chega até nós do alto, do grau de Zeir Anpin, enquanto a Torá escrita está em Malchut. Isto cria uma desconexão entre Zeir Anpin e Biná para a recepção, para receber a qualidade de doação. Também, está claro que eles não tinham a força e deste modo deram a volta ao Monte Horebe.

A respeito das serpentes, conhecemos a história da serpente e de Adão e a história de O Livro do Zohar sobre a serpente que morde o veado e se retira. Contudo, a porção diante de nós apresenta outro aspecto: uma serpente de cobre que cura qualquer um que a veja.

Nós curamos os defeitos em nós, nossos egos, de acordo com o modo como nos conectamos à serpente, pelo modo como olhamos para ela e retiramos dela a força que queremos. Esta é a vontade de receber que podemos extrair para nossos Kelim (vasos) e o desejo de doar para nossas intenções, pelo qual somos corrigidos.

Nosso avanço é de acordo com nossos egos, através de formas de serpentes – uma serpente inclinada ou uma serpente de cobre – que transformam todos esses desejos que presentemente se escondem dentro de nós e que são inicialmente cruéis e astutos, em prol de receber – da primeira serpente de Adão – em desejos com a direção de doar.

Agora, como então, não há nada pior que a cobra, o veneno, a força destrutiva. Devemos transformar o poder da serpente em uma força curativa, tal como no símbolo da medicina, porque curativo vem do mesmo lugar. É tudo uma questão de abordagem: se soubermos como usar essa força corretamente, ela é uma força curativa; se não soubermos como a usar corretamente, ela é uma poção da morte.

É a serpente um mensageiro do Criador?

A serpente é nossa vontade de receber que vem do Criador. A Torá, que é chamada “a poção da vida” e “a poção da morte”, também vem do Criador. Nos nossos desejos, intenções, todas as coisas e em detalhe, há o bem assim como o mal e nós podemos usá-los para o melhor ou para o pior.

Está escrito que todos amavam Arão até mais do que amavam Moisés. O que é a qualidade de Arão dentro de nós e o que significa que algo morre?

Os sacerdotes estão no grau da ação; eles são o poder dentro de nós que na realidade executa as correções. Moisés é a única força que se conecta ao superior, ao próximo grau, à Divindade, enquanto Arão prepara as ações e as leva a cabo. É por isso que o seu trabalho inteiro é o Templo.

Então e seu filho, que foi nomeado depois dele? É este trabalho hereditário?

Há dois graus, tal como no nosso mundo há um costume que o filho herda tudo do pai. Assim é na realeza, até na biologia, nos genes.

Parece que a história se repete a si mesma: há uma vontade de receber que precisa correção e precisa receber a luz e se transformar da recepção na doação. Por que então há todas estas subtis diferenças, como se cada porção fosse uma história diferente por completo?

Certamente, a única coisa que foi criada é a vontade de receber. Esse desejo é usado de forma egoísta e a Torá descreve seu processo de correção. A vontade de receber contém 613 “sub-desejos”, todos os quais devem ser alterados de serem usados de forma egoísta para serem usados de forma altruísta – pelo bem dos outros, pelo amor pelos outros. Isto é chamado “observar 613 Mitzvot (mandamentos) ”. A Torá inteira consiste de instruções pelas quais podemos receber luz nestes desejos corrigidos, uma luz chamada “Torá”, ou “a revelação da Divindade”.

Deste modo, estas não são subtis diferenças, mas graus consecutivos que aparecem um de cada vez de um modo de causa e consequência. Em cada fase, corrigimos todos os 613 desejos de “No princípio” até a “Aos olhos de toda Israel”, as palavras finais do Pentateuco. Somente então o concretizamos e nos tornamos na realidade Israel – Yashar El (direito a Deus).

 

Termos

Mákom (lugar)

Um “lugar” é um desejo. Cada desejo é um lugar no qual algo aparece, seja bom ou mau.

Pureza

Este é o poder da doação.

Impureza

Este é o poder da recepção.

Morte

“Morte” é a incapacidade de trabalhar em prol de doar.

Água

“Água” é uma força que reanima a vontade de receber e transforma sua intenção da recepção para a doação.

Uma Rocha

Uma “rocha” é uma vontade de receber que precisa ser corrigida para que possa ser usada em prol de doar, ou seja que um pode usar a água que sai dela no ato da doação. Há dois modos de ação para realizar um ato de doação: 1) golpear a rocha, que são águas de Méribá (disputa) ou águas de Gvurot, 2) falante, que são águas de Chassadim (misericórdia), águas de doação, a água da vida.

Uma Fronteira

Uma “fronteira” é um lugar onde um deve parar a sua ação de doação por falta de força para a direcionar em prol de doar. Ele é um ponto onde um se deve restringir a si mesmo e se refrear de usar mais o seu desejo.

Uma Serpente

A vontade de receber egoísta que destrói uma pessoa e a consome é a “serpente”. A serpente existe no núcleo da vontade de receber existente em cada pessoa.

Curativo

“Curativo” é uma correção. Se usarmos a mesma serpente corretamente, em favor das vidas das pessoas, ela torna-se uma boa força. Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “a luz nela o reforma”, ou seja reforma a serpente. Isto é, a inclinação ao mal torna-se uma boa inclinação.

Herança

“Herança” é aquilo que recebemos de um grau superior, do pai ou do avô. Na espiritualidade, também, há graus. Nós recebemos força de um grau superior, uma força que nos deixa ascender; isso é chamado “herança”.

Este é o Estatuto da Lei

“As criaturas foram criadas com a natureza de serem receptoras … Uma vez que é impossível ir contra a Natureza, Ele nos deu o conselho que através da Torá e Mitzvot seremos capazes de transformar a natureza dentro de nós”. ** É por isso que as leis da Torá são consideradas leis somente quando a inclinação ao mal questiona … e então um precisa assumir sobre si mesmo tudo como um estatuto, que é Chassadim, doação, onde tudo é somente acima da razão, que é chamado “fé”.

 

* Rav Baruch Ashlag, Os Escritos do Rabash, vol. 3, “Este É o Estatuto da Lei, nº 2” p 1825.

** Talmude Babilônico, Maséchet Sanhedrin, p 94b.

Corá

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números, 16:1-18:32)

 

Sumário da Porção

A porção começa com a história de Dotã e Abirão, e 250 dos presidentes da congregação que se revoltaram contra Moisés e Aarão com o que se parecia ser um justo argumento: Uma vez que a inteira nação é sagrada, Moisés e Aarão deviam ter o mesmo estatuto que o resto do povo. A resposta que receberam foi que embora todos fossem iguais, Moisés e Aarão são os únicos líderes que podem estar em contato com o Criador. Depois do motim, o solo engoliu os 250 presidentes da congregação, bem como Corá e sua companhia e o povo sofreu de uma praga até que Moisés pedisse ao Criador que o terminasse.

O fim da porção debate a questão da liderança na nação. O teste foi feito entre todas as varas (bastões) de todos os líderes e a única que floresceu foi a vara de Aarão, que sinalizou sua inequívoca liderança.

 

Comentário

Podemos interpretar a explicação da Torá (Pentateuco) em dois níveis – o nível deste mundo e o nível do mundo oculto, espiritual. No nível do nosso mundo, a história de Corá é muito relevante até hoje.

Durante milhares de anos, nosso mundo se tem desenvolvido através de nossos egos. Há 3800 anos atrás vivíamos naquela que é conhecida como Antiga Babilônia. Foi então que Abraão – a qualidade de Chéssed (misericórdia) – subiu, bem como os sacerdotes que o seguiram, que também são da qualidade de Biná, Chassadim.

Abraão descobriu que o mundo inteiro se deve desenvolver e alcançar um estado de unidade e conexão e sua revelação compartilhada com os Babilônicos. Embora muitos o tivessem seguido, eles eram só uma mão cheia em comparação com a maioria que rejeitou suas ideias. Abraão teve de fugir da Babilônia, perseguido por Nimrod, o rei da Babilônia.

Abraão estabeleceu um método para corrigir a natureza humana. Hoje chamamos a esse método, “a sabedoria da Cabala”, cujo propósito é elevar o homem das profundezas do egoísmo para o nível de doação e amor.

Esta ascensão é, de fato, a meta de nosso desenvolvimento – subirmos do nível deste mundo para o nível do mundo espiritual. A espiritualidade é doação e amor pelos outros através dos quais adquirimos eternidade e inteireza. Este é o sentido do texto nesta porção, bem como no Livro do Zohar, que fala sobre liberdade do Anjo da Morte.

De acordo com a sabedoria da Cabala, inicialmente todos na Babilônia estavam unidos como uma nação falando a mesma língua. Mas então a “praga” do ego irrompeu e as pessoas se começaram a odiar umas às outras, eventualmente se alienando a si mesmas umas das outras. Porque os Babilônicos não assumiram sobre si mesmos o método da correção de Abraão (mas em vez disso o de Nimrod), a humanidade se dispersou pelo globo.

A Cabala explica que desde o momento em que as pessoas escolheram entre os métodos, se tornou necessário  as  reunir.  Caso  nos tivéssemos corrigido  então,  teríamos  alcançado   a  unidade   na Babilônia e teríamos alcançado o propósito da Criação – ser “como um homem com um coração”. Teríamos concretizado a revelação da Divindade e teríamos concluído a correção. Mas uma vez que os Babilônicos escolheram um caminho diferente, somos agora obrigados a avançar com o processo da correção.

Descemos ao Egito e saímos dele, ascendendo na espiritualidade até ao grau do Primeiro Templo, seguido pelo Segundo Templo. Atravessámos destruições, exílios, redenções e hoje estamos no fim do último exílio – começando a subir para a última e completa redenção.

Hoje, estamos em uma situação muito semelhante a aquela que se formou na Babilônia. A diferença é que hoje não temos para onde nos dispersar, dado que já cobrimos o globo. Embora possam haver muitos “Nimrods” hoje, eles nada podem dizer pois já reconhecemos nossa negatividade. Já estamos conscientes que nossos egos estão a destruir a sociedade humana. A realidade mostra que a menos que nos unamos, vamos desaparecer da face da terra. A pior das hipóteses é que nos matemos uns aos outros, ou que o resto da Natureza nos extermine, uma vez que vivemos contrários à Natureza, que é Deus.

Em Guematria, HaTeva (Natureza) é Elokim (Deus). Devemos alcançar equilíbrio com a Natureza e isto é alcançado ao nos unirmos “como um homem com um coração”. União pertence não só ao pequeno número de pessoas que fugiram da Babilônia, se encontraram no pé do Monte Sinai, receberam a Torá e se tornaram uma Nação. Em vez disso, ela pertence a todos.

Os judeus devem se tornar “uma luz para as nações”, lhes explicando o método de Abraão pelo qual todos podemos nos unir, como está escrito na Torá, “Todos eles Me conhecerão, do menor deles ao maior entre eles”, e “Pois Minha casa será chamada uma casa de oração para todos os povos”, e também, “E todas as nações fluirão para Ele”.

Enfrentamos um enorme e crucial desafio: de finalmente alcançar o propósito da Criação. Teremos sucesso nisso somente através da união entre todas as pessoas.

Essa união pode tomar lugar depois de grandes dores, que a sabedoria da Cabala e os profetas profetizaram a respeito dos dias do Messias. Ou, podemos tomar o método da Cabala, que é destinado a atrair a luz que reforma.

Os Cabalistas avisam-nos que a menos que usemos a sabedoria da Cabala, uma terceira e até uma quarta guerra mundial vão irromper, que somente uma mão cheia sobreviverá e eles terão de implementar o propósito da Criação. Assim, não temos escolha senão fazê-lo. Podemos fazê-lo de uma maneira favorável, que é curta, agradável e fácil, através do Livro do Zohar, os escritos do ARI (Rav Isaac Luria) e os escritos de Baal HaSulam (Rav Yehuda Ashlag). Podemos usá-los para nos unir através da luz que nos afetará. A Cabala é chamada “o interior da Torá”, “a verdadeira Torá (ensinamento/instrução) ”, devido à luz nela. Por esta razão, hoje devemos explicar a todos a necessidade de divulgar e utilizar este método.

A história de Corá é um exemplo perfeito destas palavras. Corá veio da tribo de Levi. Dotã, Abirão e os 250 representantes da nação inteira,  todas  as  tribos,  aparentemente contestaram a  unidade. Eles rejeitaram a hierarquia, mas não havia outra escolha. Tinha que haver um líder, Moisés, conectando o Criador aos sacerdotes, seguido pelo seu irmão sacerdote, Aarão, a linha direita, a qualidade de misericórdia que eles haviam ensinado ao povo. Aqueles que atualizaram a obra inteira, além dos sacerdotes, foram os Levitas, seguidos pelo resto das tribos, que foram ordenadas de acordo com a estrutura da alma comum.

O Criador criou uma alma, um desejo. O povo de Israel está ordenado por essa estrutura e o resto da humanidade deve estar conectada ao seu redor. Quando o povo subitamente se levanta e diz, “Não! Nós queremos uma ordem diferente; não queremos estar tão estreitamente conectados”, isso vai contra o propósito da Criação, contra a própria união.

“Ama teu próximo como a ti mesmo” é a regra que induz a conexão entre nós. Ela é uma grande Klal (“regra”, mas também “coletivo”) da Torá. Ela é uma Klal que é também um Kli (vaso) comum que construímos e no qual a luz – o Criador – aparece. Nosso único meio de ser “como um homem com um coração”, em garantia mútua, é unidade, conexão, tal como quando recebemos a Torá. É assim que nós, as criaturas, alcançamos a revelação do Criador.

É por isso que não há nada pior do que aquilo que Corá fez. Isso é chamado “uma disputa não pelo bem do Criador”, que é diferente de outras disputas, tais como uma entre a casa de Shamai e a casa de Hilel. Essas foram “disputas pelo bem do Criador”, onde as questões foram discutidas e escrutinadas.

Há direita e há esquerda. Cada vez que adquirimos um pouco de espiritualidade, um ego maior – a linha esquerda – aparece em nós. Quando adquirimos mais espiritualidade – a linha direita, Aarão – Dinim (julgamentos\juízos) reaparecem. É assim que subimos, como se caminhando sobre duas pernas, subindo de um degrau para o próximo, como se em uma escada.^

As linhas direita e esquerda aparecem alternadamente, uma após a outra. A linha esquerda dá a substância e a linha direita corrige-a para ter a intenção de doar. Por um lado, há o desejo egoísta; por outro lado, há a linha direita que vem e corrige-o para estar em prol de doar sobre os outros.

É assim que avançamos e é por isso que a sabedoria da Cabala encoraja o aumento do desejo, daí seu nome, “a sabedoria da Cabala (recepção) ”. Ela ensina-nos a como receber todas as coisas – toda a luz – para alcançar a meta na sua totalidade. A Cabala é dirigida especificamente para as pessoas mais egoístas, mas que também sabem como corrigir seus egos.

Este é o método de Abraão, que difere de todos os outros métodos que se originaram na Babilônia. Abraão ensinou outras nações, também, tais como os filhos das concubinas que ele teve, que ele enviou para o oriente. Ele ensinou-lhes o método oposto, dado que se você não corrigir o ego usando a sabedoria da Cabala – ao atrair a luz que reforma – é melhor manter o ego sob guarda e não o deixar crescer.

Por esse propósito, ele lhes deu métodos, religiões e fés que encorajam a diminuição dos desejos e anseios e tratar os outros amavelmente, diminuindo a vontade de receber tanto quanto possível. Ele fez isso pois se não soubermos como corrigir um desejo, é melhor ter um ego pequeno em vez de um grande, assim causando menos dano a nós e aos outros.

Mas quando usamos a sabedoria da Cabala, usamos o maior ego. E quando ele cresce, somos até mais felizes pois “Aquele que é maior que seu amigo, sua inclinação é maior que ele”, exceto que essa inclinação é corrigida.

Foi por isso que Corá quis dividir, rasgar a conexão. O que ele queria realmente era quebrar essa escada. Ele queria que o povo de Israel não estivesse conectado, não estar sob essa hierarquia, de acordo com a adequada estrutura das tribos.

As tribos são Yod-Hey-Vav-Hey. Quando multiplicando as letras pelas três linhas incluídas em cada uma delas, você obtém as doze tribos. Corá queria quebrar essa estrutura, mas isso é impossível pois sem essa estrutura, não conseguimos alcançar nossa meta. É por isso que seu pecado é tão grave e isso é chamado “uma disputa não pelo bem do Criador”, não na direção do progresso.

O argumento de Corá e sua companhia parecia certo. Tudo o que pediam era igualdade. Eles não disseram que não se queriam unir, pelo menos não abertamente. Eles só questionaram porque Moisés e Aarão eram de estatuto superior e pediram provas de sua superioridade.

É impossível quebrar o processo de correção a meio do caminho. Você não mostra a um tolo um trabalho por terminar. Corá estava certo ao dizer todos alcançaremos a igualdade, “como um homem com um coração”, um desejo. Contudo, este é o fim do processo, que acontecerá no fim da correção, não no meio, na fase do deserto.

O deserto é uma fase intermédia que atravessamos em prol de alcançar a qualidade de Biná, a intenção de doar em prol de doar. Apenas posteriormente vem a entrada na terra de Israel, onde transformamos a vontade de receber em doação completa – uma intenção de receber em prol de doar. No deserto, estamos ainda somente a conquistar nosso próprio ego, não o deixando explodir em prol de receber para si mesmo e contra os outros. Este é um grau chamado Chafetz Chésed (desejar misericórdia).

Nestes graus, é impossível fazer aquilo que Corá diz. Por um lado, ele está certo, mas por outro lado, seu timing está errado. Haverá um tempo em que esse desejo será concretizado, mas não é agora. Os desejos e reivindicações do povo, sejam bons ou maus, se tornam totalmente satisfeitos somente no fim da correção.

A solução está na Maté (vara/bastão). Maté significa que sabemos para onde ir e como chegar lá. Nós recebemos um sinal que não podemos avançar no caminho pelo qual andamos, senão ao usar a luz da fé, seguindo a vara de Aarão e a vara de Moisés.

 

Perguntas e Respostas

Como é que apadrinhar eventualmente se torna positivo?

A Torá explica a nossa interioridade, nossas qualidades, nossos pensamentos, emoções e nossos desejos. As lutas que temos não só entre nós, mas também dentro de nós. Nós queremos avançar egoisticamente, mas sabemos que isso é errado e que temos de superá-lo e seguir um caminho de doação e amor pelos outros. Afinal, assim está escrito. Este é o propósito e a qualidade do Criador – doação e amor – e nós somos opostos da qualidade do Criador.

Estes cálculos funcionam sempre dentro de nós e jogam-nos de um lado para o outro. Cada um de nós tem um Faraó interno, um Corá interno, Hamã, Moisés e Aarão. Nós somos “pequenos mundos” feitos de todas as forças. À medida que avançamos pelo caminho espiritual, estas forças crescem e tornam-se contraditórias e encontramo-nos a combater poderosas batalhas internas.

É por isso que o povo está correto, quando visto de sua própria perspectiva subjetiva. Estas são as forças da Natureza, que o Criador criou e há uma boa razão para pensarmos de uma maneira ou da outra. Afinal, todas estas forças – das piores às melhores – existem na Natureza.

A questão é como uma pessoa as usa. Não devemos eliminar coisa alguma que exista dentro de nós. No fim, nós corrigimos até o Corá dentro de nós. Nós cortamos a besta no interior, a queimamos e derramamos o resto do seu sangue.

Por enquanto, realizamos tais ações físicas, não fazemos ideia de que ações internas representam elas. No máximo, só “congelamos” o desejo. Mas isso, também, é uma correção, para mais tarde ser usado.

Porque Corá o vê como apadrinhar?

Há sempre uma luta entre as forças dentro de nós. Nos colocamos em balanças e devemos nos certificar que uma força não se sobrepõe à outra, que a linha direita não seja muito mais baixa que a esquerda. Isto é chamado “caminhar na linha direita”. O mandamento é de estar sempre na direita,  embora  a  esquerda  cresça  correspondentemente   e   nos   equilibre   de   modo   a   que avancemos na direita.

Essa sensação de luta interna é uma sensação muito boa. Cada vez, sentimos quão imersos estamos nestas mudanças. É como uma roda, onde o topo avança para a frente e o fundo parece se mover para trás, todavia a roda está constantemente a avançar para a frente.

O que é a Correção de Ser “Engolido” pelo Solo?

“A terra” é a vontade de receber geral, a força que presentemente não conseguimos usar corretamente, com a direção de doar. Sua correção é semelhante a aquela que fazemos com um corpo morto – nós a enterramos.

Um desejo “falecido” é aquele que não podemos usar com a direção de doar e que apareceu em nós com a direção de receber. Essa direção de receber é Corá. O desejo em si mesmo não é bom nem mau; o que importa é a intenção – se usamos este desejo para nós mesmos ou pelo bem dos outros. A Torá instrui-nos a como examinarmos com exatidão nossas intenções, se para nós mesmos ou para os outros e devemos transformar a intenção de receber para nós mesmos para o benefício dos outros, para doar.

Nós podemos ora “enterrar” a intenção de receber no solo, ou queimá-la. Isto é, ora o solo a engole, ou ela é oferecida como um holocausto (Hebraico: Korban, da palavra Karov – próximo) em prol de nos aproximar. Quando corrigimos essa direção de recepção para doação, nos aproximamos do Criador, daí o nome, Korban.

Estas correções nada têm a ver com pessoas de carne e osso, ou tais eventos trágicos como ser-se engolido pelo solo, queimado, ou morrer em uma praga, embora estas coisas realmente ocorram no nosso mundo. Em vez disso, estas descrições relacionam-se às correções que ocorrem dentro de nós. É por isso que se diz que o homem é um “pequeno mundo”.

Nós precisamos verificar e achar Corá, Abirão, Dotã e os 250 presidentes dentro de nós, o que significa ser igual ou desigual e descobrir o propósito da Criação. É por isso que precisamos separar nossos desejos e intenções.

Também, devemos aprender sobre a vara de Aarão, a vara de Moisés e o que seu florescimento significa dentro de nós – que no caminho abrimos o vaso da recepção para a luz superior e assim avançamos.

De O Zohar: E Corá Tomou

“Corá foi por caminho de disputa, que é remover e repelir acima e abaixo. E aquele que deseja repelir a correção do mundo está perdido de todos os mundos. Uma disputa é remover e repelir a paz. E aquele que discorda com a paz discorda com Seu Sagrado Nome, uma vez que Seu Sagrado Nome se chama Paz”. Zohar para Todos, Corá, item 5

Shalom (paz) refere-se a Shlemut (inteireza), um estado que alcançamos quando as linhas esquerda e direita se complementam uma à outra. Nossa natureza e a natureza do Criador se igualam e alcançam conexão e Dvekút (adesão). Este é o resultado desejável que produz paz, então nunca seremos opostos, separados, ou distanciados, mas em vez disso tão conectados que será impossível nos separar.

Nós devemos alcançar Dvekút com a Divindade, quando Ele e nós nos tornamos um. Por muito irreal que possa parecer, essa é nossa meta e nós devemos avançar para ela. Quanto mais avançamos nós mesmos, mais nos pouparemos de sofrimento.

Porque está o caminho espiritual preenchido de tantas dúvidas?

A razão porque estamos constantemente cheios de questões e incertezas é que devemos crescer e nos desenvolver. Quando encontramos sérias dúvidas, podemos chegar a um estado onde pedimos que o chão se “abra e nos engula inteiros”. Pode parecer que nós somos os operadores, mas na realidade é o Criador quem opera. Nós só observamos os eventos a acontecer diante de nós, como se um filme tocasse dentro de nós.

Gradualmente, desenvolvemos uma visão interna que detecta qualidades tais como Moisés, Aarão, Corá, Dotã, Abirão, tribos, vara e a terra dentro de nós. Nós separamos estes elementos nas nossas qualidades e vemos a situação como uma imagem dentro de nós. Isto ilumina como avançamos enquanto examinando a rede de conexões entre os elementos.

Dentro dessa rede interna de qualidades – os 613 desejos egoístas que visam receber – direcionamos nossos desejos para que eles trabalhem em prol de doar. Isto é chamado “observar as 613 Mitzvot (mandamentos) ”. A luz que vem e corrige a intenção de receber para uma intenção de doar é chamada “realizar um Mitzva (correção/boa ação) ”.

Enquanto realizamos as Mitzvot, descobrimos nosso mundo interno e nesse mundo vemos como nos conectar aos outros. É assim que descobrimos nossas almas e aprendemos como as preencher. Estes são escrutínios, lutas e conexões que devemos atravessar e os preenchimentos que recebemos. É assim que descobrimos a obra do Criador. Esta é a verdadeira obra de Deus que realizamos.

Deste modo, chegamos a um estado onde compreendemos o propósito da Criação, a correção da Criação e como a levar a cabo. No fim, chegamos a um estado onde compreendemos todas as coisas. Isso é chamado “E todos eles Me conhecerão, do menor deles ao maior entre eles”. Obtemos um Kli (vaso) completo que é chamado “uma casa”, “Pois Minha casa será chamada uma casa de orações para todos os povos” (Isaías 56:7). Essa é a casa de todos os nossos desejos; todos eles lá estão e em todos eles sentimos na realidade a Divindade na nossa alma inteira.

 

Termos

Presidente

Um “presidente” é a qualidade que presentemente controla todas as outras qualidades.

Inveja de Contadores

Este é o desejo de contar quanto ganhámos, quanto recebemos, quanto damos e quanto avançámos na espiritualidade. Avançamos especificamente através de inveja; ela é uma boa inveja. Nossa inveja do meio ambiente promove-nos para sermos mais espirituais.

Corá

Corá” é a qualidade de receber que parece oposta (em contraste à) qualidade de Moisés. É através desta disputa que avançamos.

Praga

Uma “praga” é um modo de correção. A correção separa e põe nossas intenções de receber em ordem – ela corrige-as para estarem em prol de doar, seja no grau de Biná, ou no grau de Kéter.

Fogo dos Céus

“Fogo” é Gvurot que aparecem na linha esquerda, sem Chassadim. Podem haver Gvurot mitigados e bons Gvurot. Essa é uma força corretora que vem da esquerda.

Sagrado

Este é o grau de Biná, doação.

Expiação

A luz que vem e nos dá a força para expiar pelas nossas iniquidades, as transformando de recepção em doação. Todas nossas iniquidades, nosso ego, tudo o que estava em nós, agora se tornou doação.

Vara (bastão)

A “vara” é a linha do meio pela qual um alcança a meta. Se conectamos a ela adequadamente todas as qualidades, todos os discernimentos, ela floresce.

Florescer

“Florescer” é a linha do meio que nos mostra que estamos a ser preenchidos de luz.

O Que É ‘Paz, Paz, para Aquele Que Está Longe e Para Aquele Que Está Perto,’ no trabalho?

“O que é uma disputa? Ela é remoção e rejeição de cima e de baixo … remoção e rejeição da paz … a paz de cima – a linha do meio, que é chamada Torá, fazendo a paz entre a direita e esquerda – e de abaixo, de Moisés…. Uma disputa é onde quer que hajam dois opostos …. Uma disputa é necessária

… pois é impossível corrigir coisa alguma a menos que se conheça o defeito. Deste modo, quando conhecemos a disputa entre os desejos, podemos fazer a paz entre eles”.

Rav Baruch Ashlag, Os Escritos de Rabash, vol. 2, p 1361

Nós devemos respeitar as disputas, mas fazer delas construtivas, como está escrito, “Uma contradição de anciãos edifica” (Talmude Babilônico, Nedarim, 40a), e com isso alcançamos a meta.

 

Shlách Lechá (Enviai)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números 13:1-15:41)

Sumário da Porção 

A porção começa com Moisés enviar os doze chefes das tribos para espiarem na terra de Israel, a examinarem e se prepararem para entrar nela. Os espiões retornam e descrevem uma terra fluindo com leite e mel, mas ocupada por gigantes que tornarão impossível entrar, conquistar e governar a terra. Suas palavras espalham medo no povo, excepto para Yeoshua Ben Nun e Caleb Ben Yefuné. Isto enfurece o Criador e Ele quer destruir o povo inteiro. Moisés ora e pede misericórdia sobre o povo. Como resultado, somente os dez espiões que escarneceram a terra morrem na praga. Os outros dois, Yeoshua Ben Nun e Caleb Ben Yefuné, continuam a acompanhar o povo.

Mais tarde na porção, o povo de Israel erra uma vez mais e procura correr de volta para o Egito. No fim eles se arrependem e abortam sua decisão. Posteriormente, Israel cometem outro erro: eles tentam combater e conquistar a terra sem as instruções para assim fazerem e deste modo fracassam.

A porção termina com as instruções de vaguear outros quarenta anos no deserto até que a geração inteira de espiões faleça, excepto Yeoshua Ben Nun, que deve conduzir o povo para a terra de Israel.

 

Comentário

Nós temos de desenvolver nossa vontade de receber, dos nossos egos, para um estado no qual chegamos a ser “o povo de Israel”, quando todos somos Yashar El (direito a Deus), tendo a qualidade do Criador: doação e amor. Todos estaremos em doação e amor. Todos estaremos em “Ama teu próximo como a ti mesmo”,* em amor pelos outros, porque não temos escolha.

Não devemos avançar pela nossa própria razão, que alterna entre ditados de avanço e retirada. Em vez disso, devemos lutar enquanto examinando se fazemos o que está certo, e se o caminho é certo. A porção explica que não podemos saber o que fazer ou até onde começar. Esse é um problema pois estamos acostumados a trabalhar pelo modo, “Um juiz tem somente o que seus olhos vêem”.** Parece que devemos avançar ao seguir nossa essência, de acordo com nossos Kelim (vasos/instrumentos), usando nossas mentes e corações.

O Criador exige que nos desenvolvamos e façamos algo. Mas como podemos fazer algo se não sabemos distinguir o certo do errado, se não sabemos se avançamos em frente para a guerra ou corremos de volta para o Egito? Podemos ver que há gigantes na terra de Israel. E embora haja também frutos lá, não conseguimos dizer quem governa lá, que desejos existem e quão grandes são eles.

Assim, a porção, Shlách Lechá (Enviai) explica como avançar corretamente. Há uma exigência pela qual devemos verificar a estrada com nossa razão e ver como avançar no desenvolvimento espiritual.

A Torá fala do desenvolvimento espiritual, tal como devemos avançar de um estado de egoísmo para um de amor pelos outros, como em, “Ama teu próximo como a ti mesmo; essa é uma grande regra na Torá”.* É por isso que devemos avançar pelo que nossos olhos veem e examinar nossos egos, nossa má vontade, para que vejamos como odiamos os outros, os repelimos, pensamos somente em nós mesmos e aprendemos quão isolados somos dos outros, que não conseguimos sequer pensar neles.

Em vez disso, devemos retratar o que é o amor, se e quanto amamos os outros, quanto pensamos nos outros e nos unimos com eles (como exige a crise global que façamos nestes dias). Sentimos que enfrentamos esta grande tarefa, que é a razão da sabedoria da Cabala estar a aparecer, então pedimos ajuda para subir ao grau de conexão e unidade, de verdadeiro amor pelos outros, dado que sem ele não sobreviveremos neste mundo em desenvolvimento.

A hora chegou para nós começarmos a atualizar a Torá. É por isso que chegámos à terra de Israel e nos estabelecemos lá depois do exílio, depois de todas as preparações que experimentámos durante toda a história. Hoje, devemos ser como espiões, escrutinando o sentido de “ser-se espião” e o sentido de “Ama teu próximo como a ti mesmo” para ver se o fazemos ou não e o que devemos fazer em prol de o alcançar.

Quando consideramos nosso estado presente, em comparação com o estado ideal que devemos alcançar, vemos que é impossível. Este é o problema dos espiões, a quem foi dito que tinham de fazer outra coisa além de verificar que era impossível. Todavia, eles o querem tanto que sentimos que temos de alcançar o amor pelos outros pois esta é a vontade do Criador. É assim que nosso desenvolvimento inteiro deve ser.

Devemos alcançar um dos dois pontos de pressão: o primeiro é que não conseguimos alcançar o amor pelos outros e o segundo é que devemos alcançá-lo porque sem ele não temos vida. Temos de chegar a um grande grito com fé acima da razão e então a luz que reforma virá, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”** pois, “a luz nela reforma”.

*** a luz embutida na Torá – no estudo adequado dela, na interioridade da Torá, nomeadamente a sabedoria da Cabala – vem e corrige-nos.

Deste modo, não há necessidade de correr de volta para o Egito ou chorar que não o conseguimos fazer pois “Não nos cabe a nós completar a obra, nem estamos nós livres para nos afastarmos dela”.

* Em vez disso, tudo o que precisamos é agir, como está escrito, “o que quer que vossa mão ache a força para fazer pela vossa força, fazei isso” (Eclesiastes 9:10). E no minuto em que chegamos a um ponto de quebra completa, então “O Senhor lutará por vós” (Êxodo 14:14).

Deste modo, não precisamos ir para a guerra e pensarmos que venceremos pela nossa própria força. Quem somos nós, afinal? Por um lado, diante de nós está o massivo ego explosivo que nos impede, como gigantes vivendo na terra de Israel retratam”. ** Na verdade, eles são nossos próprios desejos nos enfrentando e nós não os podemos superar.

Por outro lado, devemos elevar-nos à fé, ao grande poder de exigência até que a luz venha e corrija estes desejos de hostis para desejos da terra de Israel.

Certamente, esse é um dilema que enfrentamos antes de entrarmos no grau para o qual nos devemos preparar.

Isso sucede-se toda a vez. A guerra interna é contra nossos desejos e qualidades pois “a inclinação do coração do homem é má desde sua juventude” (Gênese 8:21). Todos nós nascemos com um ego que se continua a desenvolver. Se avançamos para a ascensão espiritual, ela desenvolve-se ainda mais, como está escrito, “Aquele que é maior que seu amigo, sua inclinação é maior que ele”.*** É por isso que não conseguimos combater com o sempre crescente ego.

Contudo, se estamos no meio ambiente certo e nos anulamos a nós mesmos diante dele, considerando as pessoas ao nosso redor como as maiores da geração, começamos a absorver delas a importância da meta. Nossos amigos dão-nos a sensação que é possível, que podemos irromper de tal maneira que isso conduzirá a uma oração genuína, ao “portão das lágrimas”.
Por um lado, estamos conscientes que não podemos atravessar essa correção em nós; por outro lado, sabemos que a luz, o Criador, a pode fazer acontecer em nós, se ao menos pedirmos, se a meta for mais importante para nós que qualquer outra coisa. É por isso que nosso trabalho é em um grupo, no meio certo, pois essa é a única maneira em que podemos reunir a força para avançar no caminho certo.

 

Perguntas e Respostas

Leva tempo antes que um possa adoptar um novo meio ambiente.

Verdade, há muitas lutas internas e coisas para superar, mas nem sempre se parece a isso. Isto é, experimentamos diferentes situações. Algumas são boas, outras não são tão boas e algumas são assustadoras. Isso depende do ritmo de progresso e o tempo que dedicamos a isso.

O que são espiões? A quem enganamos?

Os espiões estão por dentro e quando queremos saber como avançar apesar de tudo, precisamos examinar a estrada à nossa frente. Depois de a examinarmos, não devemos continuar com os espiões, os favorecer ou os escutar, dado que examinamos a estrada somente com nossos cinco sentidos egoístas.

Em outras palavras, não devemos acreditar no que pensamos e sentimos?

É claro que não. Assumamos que estamos em um certo grau e precisamos subir a um mais alto. A diferença entre os graus é uma vida inteiramente diferente e mente e coração diferentes. Como podemos subir de grau para grau quando não sabemos a que se parece o próximo grau pois ele está em uma dimensão espiritual diferente? Nessa dimensão, as qualidades e pensamentos são diferentes, a percepção da realidade é diferente e também é a visão do mundo.

Quando compreendemos que subimos um grau?

Compreendemos esse grau somente quando o alcançamos. A questão é, “Como o alcançamos”? Os desejos e os frutos na terra de Israel são tão enormes; tudo é grande. Do ponto onde nos encontramos, não conseguimos ascender sozinhos pois somente a luz superior que criou o ego o pode corrigir. É por isso que está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”, pois “a luz nela reforma”. Isto é, somente através da luz somos nós reformados. E assim que sejamos corrigidos, subimos a um grau mais alto.

O que significa que dez espiões dizem uma coisa e dois deles dizem outra coisa qualquer? Isto é muito confuso.

Eles são qualidades dentro de nós. “O homem é um pequeno mundo”.* Todas as poções na Torá lidam com o desenvolvimento da alma do homem. Esta porção descreve os espiões, com dez pensando de uma maneira e dois pensando de outra. Contudo, esta é uma boa situação, quando a alma avança adequadamente; é por isso que dez estão contra e dois são a favor.

Como sabemos a quem devemos escutar?

Esse é um problema. Nós temos de cometer erros. Está escrito, “Uma pessoa não consegue entender as palavras da Torá a menos que tenha falhado nelas”,** e também, “Não há um homem justo na terra que não faça o bem e não peque” (Eclesiastes 7:20). Em cada passo, nós pecamos, caímos no mal e provamos nosso próprio mal. Nossa falta de progresso é causada somente por nós. Nós vemos como podemos tornar nossas próprias vidas amargas, como se nos afastando mais longe de nosso ponto inicial.

Este é na realidade um sinal de que estamos a avançar corretamente e devemos avançar. Isto é, devemos atravessar tudo o que está a acontecer na Torá, todos os erros, problemas e tudo o que vem na nossa direção.

Há alguma coisa que possamos fazer?

Não podemos evitar fazer. Devemos examinar nossa inclinação ao mal na totalidade e pedir ajuda cada vez que estejamos presos. Se não provarmos o amargo, não exigiremos a luz que virá e corrigirá nosso mal. Então a luz entra no mal, corrige-o e nós recebemos uma alma. O mal, juntamente com a luz que o corrigiu e o preencheu, são chamados uma “alma”. Esta é a única maneira de obter uma alma. Antes disso, não temos nenhuma.

É isso que significa “uma terra que flui com leite e mel”?

Sim. Éretz (terra) significa Ratzon (desejo), um desejo que é todo leite e mel. Isto é, ele é o grau de Biná, a luz de Chassadim, o desejo de doar, com a luz de Chochmá no interior, ou seja realização, proximidade ao Criador.

Os espiões apontam para as nações que vivem na terra; porque é isso importante?

Estes são desejos dentro de nós que precisamos corrigir nas três linhas. Precisamos os corrigir nas doze tribos — Yod-Hey-Vav-Hey nas três linhas, o tornando Yod-Hey-Vav-Hey vezes três.

A terra é também chamada “a terra de Canaã”. Moisés não os conduziu para a terra de Israel?

Antes de ela ser chamada “a terra de Israel”, ela era chamada “a terra de Canaã”. Antes de ela ser a terra de Canaã, ela era Egito e então um deserto. Ela é sempre o mesmo desejo; há somente uma terra, mas lhe são dados diferentes nomes cada vez de acordo com sua corrupção ou correção.

Canaã é um desejo que é escrutinado antes que se torne Israel?

Antes que um conquiste o desejo da maneira adequada, ele é chamado “a terra de Canaã”.

O que são frutos gigantes?

Os frutos são o que recebemos como resultado do nosso trabalho. Esse é o sabor da intenção de doar que realizamos e sentimos na vontade de receber. Estes são verdadeiramente enormes frutos, 620 vezes maiores. Provamos prazeres pois nos desenvolvemos e compreendemos o que a doação significa, a que se parece o Criador em um desejo corrigido.

Os filhos de Israel estão ainda na vontade de receber, todavia lhes é dito sobre frutos que existem no desejo de doar. Como podem eles perceber de que se trata isto ou saber se é bom?

Quando nos encontramos diante do próximo grau para o qual ascendemos, é possível ver esse grau “de longe”, em semelhança a Moisés, que viu a terra de Israel do Monte Nevo.

O que significa que provamos o bem, que é então tirado de nós para que possamos subir outro degrau?

Nós podemos receber estes frutos, os transportar nas nossas costas e possui-los, mas não os provarmos. Não há ainda Kli (vaso) no qual nos preenchermos com todas as realizações, prazeres e preenchimentos que existem no desejo de receber em prol de doar em uma alma corrigida.

Soa a uma grande promessa; alguém quereria fugir dela?

Ela requer correções substanciais e difíceis, que são impossíveis de fazer. A recompensa por as fazer é maravilhosa, mas isto requer lugar contra enormes desejos – todas as nações que moram na terra de Israel.

Mas não se trata de uma guerra que combatemos sozinhos; em vez disso, a luz fâ-lo. Não é fácil alcançá-lo, perceber que não corrigimos o desejo. Os filhos de Israel querem avançar, que é o erro. Alternativamente, eles querem fugir de volta para o Egito ou ir para a terra de Israel sozinhos, ambos os quais seriam erros, também.

Então o que se faz?

Clamamos e exigimos ajuda.

Onde encontra um a força para continuar não sendo capaz de combater ou fugir? É o grupo que dá a força?

Sim, nós ganhamos força da Arvut (garantia mútua). O Criador quebrou a alma singular que Ele criou em uma miríade de pedaços.

Ele nada mais criou. E Ele fez isto para que possamos sentir que nós somos independentes de nossas próprias partes e sejamos capazes de adquirir o resto das partes, assim nos tornando semelhantes a Ele. Cada um de nós adquire essa grande alma; cada um se torna tão grande como o Criador e está em Dvekút (adesão) com Ele.

Nosso inteiro propósito é continuar a adquirir partes de nossa alma, que nos parecem não ser nossas, mas pertencer aos outros. O meio para fazer isto é o grupo, como está escrito, “Ou a amizade ou a morte”.* Quando nos conectamos a um grupo, às pessoas que querem a mesma meta, criamos unidade entre nós, que eleva a importância da meta até que estejamos prontos para a exigir. Então a luz vem e reforma.

O Criador quis destruir o povo de Israel e Moisés orou por eles. Que tipo de solução é essa?

Ela é uma luta interior. Moisés é o ponto que nos puxa para a frente, o ponto de Biná. Ele é o fiel pastor. Constantemente avançamos com fé, com o poder da doação. O termo, “fé”, não se refere à fé cega, como normalmente o definimos, onde fazemos o que nos é dito para fazer. Em vez disso, fé é a qualidade de doação. É quando um está disposto a dar a todos, como está escrito, “Aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”,** e “Ama teu próximo como a ti mesmo”, ou seja dá tudo aquilo que tens. Esta é a meta que devemos alcançar.

Moises é esse ponto dentro de cada um de nós, o gene espiritual que nos puxa para essa qualidade. Ele desenvolve-se gradualmente em nós e através dele alcançamos a terra de Israel.

Porque morreram os espiões?

Não há vida e morte no sentido em que pensamos nisso. Sua morte significa que seu papel terminou pois eles não podiam avançar na sua presente forma. Estas são qualidades dentro de nós. É possível avançar com as qualidades conhecidas como Yeoshua e Caleb, mas não com o resto das qualidades. Yeoshua e Caleb são duas linhas, Guematria, qualidades.

De O Zohar: Os Espiões

Contudo, não vos revoltais contra o Criador. Não nos devemos revoltar contra a Torá pois a Torá não requer riqueza ou vasos de prata e ouro. E vós, não temais o povo da terra, pois se um quebrado corpo se envolver na Torá, ele achará curativo para tudo. Está escrito, “E saúde para toda sua carne”. Todos os escarnecedores sobre uma pessoa se tornam seus ajudantes e declaram, “Abram caminho para este ou aquele, o servo do Rei!” Em outras palavras, que ninguém o impeça de vir até ao Rei para O servir. Zohar para Todos, Shlách Lechá (Enviai), item 67

É impossível avançar para o próximo grau, a terra de Israel, até que a vejamos como um grande e sublime grau, o grau de Biná. Quando entrando no grau da terra de Israel quando o adquirimos, ele torna-se Kéter (coroa), ou seja, “o mundo de Ein Sof (infinito) ”. Quando vemos que frutos cresceram lá e quão incapazes somos de os obter, entramos no deserto.

Não podemos dar a volta ao deserto ou evitar caminhar por ele. Quarenta anos é a distância entre Malchut e Biná, a distância da ascensão para esse nível. Passados quarenta anos, estamos prontos para readquirir a qualidade de doação, de reentrar no ego e começar a corrigi-lo na intenção de receber em prol de doar, nomeadamente o grau da terra de Israel.

Depois do deserto, entramos na terra de Israel, onde guerras pela conquista da terra tomam lugar. Lá, tornaremos a vontade de receber no desejo de doar. Em todos os quarenta anos do deserto,  só tínhamos a intenção de doar em prol de doar. Isto é, nos corrigimos somente ao ponto de não magoar os outros. Mas assim que entramos na terra de Israel, fazemos o bem aos outros.

Porque o Criador não deixou o povo vencer? Afinal, eles despertaram com um certo desejo e aparentemente Ele preveniu-o deles.

O Criador não o preveniu; Ele só mostrou quão despreparados eles eram para entrar na terra de Israel. Contudo, ao verem que eram despreparados, eles entenderam que Kelim tinham de adquirir. Eles são quarenta anos no deserto, as grandes correções que temos de atravessar.

 

Termos

A Terra de Canaã

Nós estamos imersos em desejo. Tudo o que temos é um desejo que deve ser corrigido de magoar os outros para lhes fazer o bem. A “terra de Canaã” é esse desejo quando ainda está por corrigir, mas está prestes a ser corrigido.

Quarenta Dias

“Quarenta” é o grau de Biná. A diferença entre Malchut e Biná é chamada “quarenta”. Ela é a diferença entre a vontade de receber, o ego e o grau de fé, Biná, o nível de doação.

Fluindo com Leite e Mel

“Leite e mel” representam a abundância que recebemos no desejo corrigido.

Amaleque

“Amaleque” é a fundação de todo o mal. Ele é a intenção de receber em prol de receber, que existe dentro de nossa natureza.

Yeoshua Ben Nun

Nun é cinquenta, o quinquagésimo grau, cinquenta portões de Biná. Yeoshua, como Moisés, puxa. Yeoshua salva os filhos de Israel ao os trazer para estarem no quinquagésimo grau, os portões de Biná. Moisés completou o grau de quarenta pois ele faleceu na entrada da terra de Israel e Yeoshua o sucedeu.

Espiões, a Qualidade de Espiar

A    “qualidade   de    espiar”   são   nossos   desejos egoístas de   receber   que      constantemente procuram roubar para nós mesmos em vez de dar, doar e subir acima da recepção.

A Geração do Deserto

A “geração do deserto” são nossos próprios desejos, que todos devem morrer com suas intenções de receber. A intenção de receber deve morrer e somente os desejos com intenções de doar devem entrar na terra de Israel. É por isso que a inteira geração do deserto teve de morrer no deserto.

Praga

“Pragas” são as maiores e melhores correções que podemos experimentar. Subitamente, podemos corrigir muitos desejos e qualidades de uma vez, que são invertidas para terem a direção de doar. Com isso, nos sentimos mais próximos do Criador. É assim que gradualmente nos aproximamos de Israel.

Conquistar a Terra

“Conquistar a terra” segue-se a esta porção, quando os espiões foram espiar. A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo). Nós temos a vontade de receber egoísta que corrigimos no deserto para ter a intenção de doar e agora esse desejo se tornou doação. Em outras palavras, agora recebemos dos outros somente porque queremos doar, dar. Desta maneira, os outros desfrutam e nós desfrutamos, também; todos desfrutamos de dar uns aos outros. Ter este tipo de relacionamento com o Criador significa estar em Dvekút (adesão) com Ele, no mundo de Ein Sof (infinito). Mas até se for o mundo de Ein Sof, todos devemos O alcançar aqui neste mundo enquanto ainda estamos vivos.

Uvas, Vinho

“Vinho” e “vinha” são o grau de Chochmá. Essa é a mesma luz, realização e sensação do Criador que se veste na luz de doação, a luz de Chassadim.

De O Zohar: Letras Voadoras

Quando as letras voam, uma pessoa vê escrita no ar, feita de grandes letras, que são Biná, por enquanto. “No princípio Deus criou os céus e a terra”. Estas palavras são de Biná, grandes letras. Posteriormente, pequenas letras as atingiram, Malchut ascendeu e atingiu Biná, que a diminuiu. Esta é a Yod que entrou na luz, criando Avit (ar). Elas voam e o versículo, “E Deus disse, ‘Haja luz,’ e houve luz. E Deus viu a luz que ela era boa”, aparece delas.

Posteriormente, as pequenas letras atingem as grandes letras novamente, ou seja, que Malchut sobe a Biná novamente e a diminui. Então as palavras, “E Deus disse, ‘Haja um firmamento,’“ aparecem nelas, bem como a inteira obra da criação. As obras destas letras são grandes maravilhas e alegrias para os pobres. Felizes são as pessoas que aguardam tudo isso. Zohar para Todos, Shlách Lechá (Enviai), item 153

 

Sumário

O homem precisa fazer todo o esforço e somente então alcança ele a “terra de Israel”. Este é o propósito da Criação, verdadeiramente uma terra que flui com leite e mel.

 

* Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

** Talmude Babilônico, Maséchet Baba Batra, 131a; Masechet Sanhedrin, 6b.

*** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9 p 30b.

**** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

***** Midrash Rába, Eichá, Introdução, Paragrafo 2.

****** Mishná, Seder Nezikin, Maséchet Avot (Pirkei Avot), Capítulo 2, Mishná 16.

******* Deuteronómio 1:28.

******** Talmude Babilônico, Maséchet Sukkah, 52a.

********* Midrash Tanchuma, Pekudei, item 3.

********** Talmude Babilônico, Maséchet Gitin, 43a.

*********** Talmude Babilônico, Maséchet Taanit, 23a.

************ Maséchet Shabbat, 31a.

BeHa’alotchá (Quando Levantais as Velas) 

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Números 8:1-12:16)

 

Sumário da Porção

A porção, BeHa’alotchá (Quando Levantais as Velas), toma lugar um ano mais depois da recepção da Torá. O povo de Israel está a preparar-se para viajar e têm uma cerimónia especial pela inauguração do altar. A porção detalha as leis a respeito de fazer a oferenda da Segunda Pessach para aqueles que não puderam participar na primeira Pessach.

A porção fala do tabernáculo, sobre o qual havia constantemente uma nuvem. Isso é uma indicação para os filhos de Israel para quando se devem levantar e viajar e quando se devem acalmar. A porção também fala das duas trombetas de prata que foram usadas para reunir o povo em tempos de guerra, quando fazendo oferendas, em Shabats, festivais e ocasiões especiais.

Perto do fim da porção, vários eventos tomam lugar que apontam para o crescimento do ego. Os ímpios da nação queixam-se de Moisés e do Criador e um fogo consumidor é enviado aos ímpios na extremidade do acampamento. A turba, um grupo de prosélitos que se juntaram aos filhos de Israel durante sua saída do Egito, se queixa de sua condição e em retorno o Criador dá água a codornizes no acampamento. Qualquer um que salte sobre as codornizes é condenado à morte. Este é o lugar chamado “as sepulturas do anseio”.

O fim da porção fala sobre Miriã – a irmã de Moisés e Aarão – escarnecer Moisés. Ela diz para Aarão, “O Criador me apareceu, bem como a vós, então porque é Moisés o líder? Porque o escutais somente a ele”? Ela é punida por isso com lepra. Moisés pede ao Criador que a perdoe e Ele a ordena para o isolamento durante sete dias. A nação, que tem de viajar, espera sete dias até que ela regresse.

 

Comentário

Todos os eventos são estados espirituais dentro de nós. Precisamos nos corrigir e alcançar equivalência de forma com o Criador, como está escrito, “Retornai, Ó Israel, para o Senhor vosso Deus” (Oseias 14:2). O texto fala somente de correção. Não se trata de ter de atravessar o deserto e alcançar o rio Jordão, o atravessar e alcançar a terra de Israel. Em vez disso, trata-se de ascender, como em BeHaalotchá(Quando Levantais).

“Ascender” refere-se a edificar a alma. Cada um de nós constrói nossa própria alma e o faz gradualmente. A alma é chamada “uma porção de Deus do alto” (Jó 31:2). Um começa a obra espiritual, querendo se construir a si mesmo e alcançar doação e amor pelos outros, conexão com todos, porque é assim que nos tornamos semelhantes ao Criador, como está escrito, “Do amor pelo homem ao amor por Deus”*, de amar as pessoas a amar o Criador.

Nós alcançamos o amor em fases, embora o odiemos pois somos seu oposto completo. Há fases descritas em todas as porções. Inicialmente, a Torá fala somente de quando recebemos a centelha chamada o “ponto no coração”. Com essa centelha começamos a nos corrigir. A Torá descreve este processo até ao fim da correção, através do que é chamado “diante dos olhos de toda Israel” (Deuteronômio 34:12), até ao fim da Torá (Pentateuco).

Deste modo, quando começamos a trabalhar e nos corrigimos, imediatamente achamos todos os tipos de problemas dentro de nós. Está escrito na porção que um ano depois de todas as preparações, quando os filhos de Israel se começam a mover, problemas começam a surgir no acampamento. Pessoas começam a encontrar muitas obstruções tais como pensamentos e desejos que foram contra as ascensões espirituais.

As obstruções que apareceram eram na realidade revelações dos desejos e pensamentos, a mente e coração que precisavam de correção. É precisamente ao os corrigir que ascendemos. Assim, não precisamos ver estes como obstruções, mas como um meio para a ascensão, um trampolim. Podemos ver em nós mesmos e nos grupos em Israel e noutros lugares que problemas começam no momento em que tudo está organizado e todos estão prontos e ansiosos para começarem a corrigir as conexões. É então que o problema começa, mas isso é o caminho certo, o único caminho para ascender.

Os problemas que aparecem revelam diferentes desejos e camadas de desejo dentro de nós. Nosso desejo geral está dividido em muitas camadas, então não é surpresa que as “pessoas” subitamente apareçam, ou seja aqueles desejos dentro de nós. O todo de Israel é chamado “Adam”. Ele inclui todas as coisas, até as nações do mundo dentro de nós. Contudo, “Israel” são os desejos com os quais podemos avançar por enquanto, enquanto as nações do mundo são mantidas “congeladas” de modo a não lidarmos com elas.

Quando queremos avançar somente com desejos com os quais  possamos  subir  à  espiritualidade, descobrimos que até com estes, não é fácil. Há desejos que não se santificaram a si mesmos, que é o propósito da Segunda Pessach. Todos aqueles que não concretizaram isto durante o êxodo do Egito podem agora os corrigir, para que agora os santifiquemos. “Santificar” significa que trazemos os desejos à qualidade de doação, Kodesh (santidade, da mesma raiz da palavra, Kedushá), doação, ou amor pelos outros.

Devemos aprender a separar os desejos que estão prontos para serem corrigidos em nós daqueles que não estão prontos. O mesmo serve para os pensamentos, trabalhar na tenda de encontro e no tabernáculo. Estes são trabalhos de escrutínio e correção.

A obra dos sacrifícios, ou as Mitzvot (mandamentos) conecta-se às oferendas, isto é o mais importante pois isso envolve instruções sobre como separar cada desejo do resto deles, como os processar e entender, como saber o que são eles e quão possível ou impossível é avançar com cada desejo.

Nosso único modo para avançar é ao transformar nossos desejos egoístas em desejos de doação e amor. Há sempre problemas neste processo, tais como lepra ou pragas, como é descrito sobre Miriã ou aqueles que quiseram comer carne. Isso acontece que nosso desejo está dividido em inanimado, vegetativo, animal e falante. “Falante” refere-se aos diferentes tipos de pessoas que a Torá menciona: sacerdote, Levita e Israel. Todavia, descobrimos que há também estranhos, prosélitos, multidões misturadas e outros que aparentemente não pertencem a Israel, todavia se juntaram a ela.

A separação e escrutínio não são feitos imediatamente aquando do êxodo do Egito, mas mais tarde, quando acontece que nada mais há para corrigir. Precisamos separar a parte santificada do resto dos nossos desejos, que temporariamente “colocamos em espera”. Alguns destes desejos podem ser corrigidos e através deles é possível serem santificados e avançar. É possível doar com eles, ascender na escada. Mas com alguns desejos é impossível o fazer.

As partes que já podem estar em doação e receber em prol de doar já despertaram. A luz brilha nelas, como está escrito, “Quando levantais as velas” (Números 8:2). Há claros sinais nos escrutínios, que indicam quando tomar certas ações. Se estamos debaixo de uma nuvem, sentados, isso é preparação. Se a nuvem desperta, o peso e escrutínios despertam sobre nós e podemos começar a nos movimentar. A Torá inteira trata-se de como corrigir a vontade de receber, que partes nela e como as podemos escrutinar.

 

Perguntas e Respostas

O  que  é  a  Segunda   Pessach?   Os   desejos   que   não exteriorizamos subitamente   fazem um discernimento mais elevado de modo que eles, também, merecem ser exteriorizados?

Não é um discernimento mais elevado, mas um mais exato, mais delicado. Descobrimos que desejos com os quais pensávamos que podíamos deixar no Egito e continuar para a recepção da Torá e a terra de Israel não apoiam realmente a doação. Éretz (terra) significa Ratzon (desejo), e Yisrael (Israel) significa Yashar El (direito a Deus). Depois de tomarmos alguns passos em frente, descobrimos alguma “impureza” dentro de nós que anteriormente havíamos subestimado. Somente agora que avançámos podemos discernir desejos com os quais não podemos avançar, então os separamos e corrigimos.

Separamos e corrigimos nossos desejos em fases. É possível arruinar os desejos, os matar, separar, ou de algum modo os remendar, como com a obra das oferendas. Dividimos nossos desejos em inanimado, vegetativo, animado e falante e separamos os desejos no nível de falante em sacerdote, Levita e Israel. Também nos devemos recordar da multidão misturada, os prosélitos e as nações do mundo – os vários gentios que despertam dentro de nós.

Há desejos primários no nível inanimado pois a alma consiste de Shóresh (raiz), Neshamá (alma), Guf (corpo), Levush (vestimenta) e Heichal (casa/salão), ou Moach (medula), Atzamot (ossos), Gidin (tendões), Bássar (carne) e Or (pele), dependendo de como os dividimos. Quando nos referimos a Moach, Atzamot, Gidin, Bassar e Or, não conseguimos corrigir a Or. A correção da Or é fazer pergaminho dela, sobre o qual a Torá é escrita. A Or é dividida em duas – o exterior e Duchsustus (parte interna). É assim que ela alcança correção.

Antes disso, corrigimos um Kli (vaso) de Bássar no grau animal. Este é nosso principal trabalho no altar. Enquanto há sal, água e outros elementos no altar, o principal é a carne. Este é o único Kli pelo qual podemos corrigir nossa vontade de receber, que é o mais importante. A carne é vermelha; sua estrutura é a grande vontade de receber; assim, o trabalho das oferendas, tal como descreve a Torá, é principalmente no Kli (vaso) de Bássar (carne).

Antes disso, não sabemos ou pensamos que há necessidade de realizar estas correções. Compreendemos isso somente quando avançamos em casa fase, estacionamos nas paragens, preparamos todos os acampamentos, cada um com sua própria bandeira e cada um no seu lugar na divisão. Se pegarmos na população inteira de Israel dividida em acampamentos, tribos, de acordo com a localização e forma, ou avançamos ou permanecemos imóveis. Em vez de encontrar a tenda de encontro, todos os desejos se encontram ao redor da tenda. Os Levitas, os sacerdotes e o inteiro acampamento só descrevem a estrutura da alma.

Problemas maiores vêm à superfície cada vez no acampamento – sejam pensamentos e desejos externos que se querem juntar às fileiras, tribos durante o caminho que os atacam, ou pessoas no deserto que não se corrigiram a si mesmas dos seus desejos para um desejo que seja inteiramente Yashar El, que é a terra que está cheia de leite e mel. Isto é, há a luz de Chassadim e luz de Chochmá, enquanto no deserto tudo é seco; não há água, nem luz de Chassadim; logo tudo são somente escrutínios.

Há muitas descrições “físicas”, tais como a nuvem que anda em frente do acampamento e quando os filhos de Israel repousam, ela repousa, também.

Isto é ocultação: só vemos nossa medida de ocultação da revelação do Criador. Se a nuvem, ou seja, ocultação, parte de nós, nós avançamos. Se a ocultação desce sobre nós, baixamos nossas cabeças, nos sentamos e escrutinamos. Certamente, maioria dos quarenta anos do deserto foram passados sentando e escrutinando, somente para avançar um pouco em frente e parar novamente para o escrutínio.

Porque foi escrito que a nuvem anda diante do acampamento?

Seguimos a ocultação porque a queremos aceitar, dado que de acordo com a ocultação descobrimos o processo pelo qual avançamos.

O que é a ocultação em relação a nós?

“Ocultação” é quando a recebemos da vontade de receber, quando queremos estar nela, como está escrito, “sabedoria está com os humildes” (Provérbios 11:2), ou Safra Tzniuta (Livro da Humildade, parte de O Zohar), ou seja, divulgações. Safra significa livro (em Aramaico) e um livro é divulgação, um Meguilá (pergaminho), da palavra Gilui (divulgação). Quando nos escondemos, concordando receber ocultação do Criador, é então que avançamos.

Verdade, isso contradiz o senso comum, dado que significa “caminhar em doação”? É então que não queremos qualquer divulgação e a rejeitamos aparentemente. Avançamos com Ór Chozêr (Luz Refletida) pois estamos nos quarenta anos no deserto.

O que isso nos dá?

É assim que Malchut sobe a Biná. Adquirimos as qualidades de Biná de doação no nosso Kli de Malchut. Com as qualidades de doação, caminhamos com nossos olhos fechados pois seguimos a ocultação, a nuvem, até que alcançamos a entrada para a terra de Israel. Aquando entrando na terra de Israel, a luz de Chochmá começa a aparecer através da luz de Biná, que é adquirida durante os quarenta anos no deserto. É então que começamos a ver.

A terra de Israel é uma terra onde o Criador está presente, um desejo preenchido pelo Criador, quando já O descobrimos. Mas antes disso, quando Malchut sobe somente a Biná, adquirimos a ocultação e consentimento para trabalhar somente em doação sem coisa alguma em retorno.

De onde vem a força para caminhar em tamanha ocultação?

A força é dada do alto. Ela é a força da luz recebida quando recebendo a qualidade de doação. O problema inteiro é que a espiritualidade não é como a corporeidade, onde todas as coisas estão nas nossas mãos, nos nossos vasos de recepção e é assim que avançamos. Não é difícil avançar deste modo, dado que permanecemos no ego.

Na espiritualidade, nós não avançamos egoisticamente. Em vez disso, temos de receber força adicional do alto, um desejo adicional chamado “uma nova terra”, “um novo céu”. Tudo é novo.

“Através do deserto” significa que não conseguimos achar quaisquer respostas na nossa vontade de receber e não conseguimos achar qualquer preenchimento nela.

Então o que nos motiva? Porque avançamos?

A motivação vem de começar a sentir que seguimos a força superior. É bom senti-la, mas somente se estivermos dispostos a seguir a nuvem, a ocultação, com nossos olhos fechados.

O que significa caminhar “com nossos olhos fechados”?

“Caminhar com nossos olhos fechados” significa que não recebemos qualquer justificação para avançar em doação, nem nas nossas mentes nem nos nossos corações. Nossas mãos, nomeadamente nossos Kelim (vasos) corpóreos e egoístas, estão onde sentimos no coração e entendemos na mente. Aqui não sentimos ou entendemos coisa alguma. Tudo o que queremos é a chance de avançar acima destes Kelim mundanos e subir a outra dimensão mais alta. Existimos lá em Kelim completamente diferentes daqueles em que entendemos e sentimos.

Como sabemos sequer que estamos a fazer qualquer progresso lá?

A nuvem, a ocultação, mostra-nos o caminho, mas somente à extensão que estejamos dispostos a fazer sacrifícios constantes. Isto é, sacrificamos partes da carne dos vários desejos. Se sacrificarmos e não nos quisermos envolver neles e também estivermos dispostos a os deixar sem rima ou razão, nos aproximamos. Korban (sacrifício/oferenda) vem da palavra, Karov (perto/próximo). Deste modo, nos aproximamos da qualidade do Criador, à doação pura, Biná.

Qual é o sentido do que acontece a Miriã a profetiza? Ela faz uma justa reivindicação a respeito da liderança de Moisés. Se uma pessoa quer conduzir, então por que somente Moisés?

A qualidade de Moisés de Biná é perfeita, completa, GAR de Biná. Não assim é com qualquer outro desejo.

Como fala o Criador para Moisés e como falou Moisés para Ele?

Esta é a revelação. Na espiritualidade, não temos  visão, audição, paladar, olfacto ou tacto. Em  vez disso, nos é convidado “Provai e vede que o Senhor é bom” (Salmos 34:9). Não provamos na boca, mas nos Kelim que aparecem.

Uma pessoa prova além dos cinco sentidos físicos?

Chochmá, Biná, Zeir Anpin e Malchut, Yod-Hey-Vav-Hey. Chochmá é visão, Biná é audição. Alguns profetas disseram, “Eu vi”, e alguns disseram, “Eu escutei”. O Criador falou para Moisés, no grau de Biná, GAR de Biná, pura Biná e fiel. Ele era fiel, ou seja, no grau de fé. Ele escutou, ou seja, que ele estava principalmente no grau de escutar, que é o grau de Biná. Foi assim que o Criador lhe apareceu.

Miriã não sabia disto? Qual foi a punição que ela obteve? Sabemos que não há punições, então foi que depois da lepra ela entendeu?

Todas as punições são correções. Quando Miriã fica enferma e se senta durante sete dias fora do acampamento, o acampamento inteiro espera que ela regresse e somente então avançam eles no deserto. “Enquanto eles caminhavam” fala de correções. A Nukva (fêmea) é uma carência que se encontra oposta a Moisés. Ela não fala no grau de GAR de Biná, como fala Moisés, mas do grau de VAK de Biná. Isto é, o grau inteiro está conectado a essa audição. O Criador para todos, mas Moisés também sabe porque ele está na parte de Biná onde a luz de Chochmá (sabedoria) se veste, em GAR de Biná.

Aarão e Miriã não estão em GAR de Biná?

Não; é por isso que Moisés é considerado o confiado do Criador, como está escrito, “Ele é fiel em toda Minha casa” (Números 12:7).

Miriã é uma mulher e quase em todo o lugar na Torá são os homens que lideram.

Não propriamente. As mulheres existem em cada fase e em cada ação, mas elas não são mencionadas. Por exemplo, Abraão gerou Isaac, mas também teve filhas.

Onde se escreve Et na Torá, isso refere-se a uma fêmea?

Sim, é claro. A mulher é a parte principal da Torá; ela transporta a carência que o homem corrige. A razão pela qual falamos mais sobre homens que mulheres é porque a parte masculina é a Massach (tela) que traz Ór Chozêr (Luz Refletida) que divulga o Zivug de Haka’á (acoplamento) sobre a carência  da  mulher.  Nesta  porção,  está  bastante  claro  que  sem  a  Profetiza  Miriã,  não    nos poderíamos aproximar. Em outras palavras, ela está no grau de Biná, o grau de revelar o Criador.

 

Termos

Menorá (Lâmpada)

A “Menorá” simboliza a alma. Ela simboliza a alma. Ela simboliza as sete Sefirot da alma que precisamos saber como acender, de que modo e por que ordem.

Korban (Sacrifício/Oferenda)

Um Korban é a vontade de receber que corrigimos e através dele nos tornamos mais Karov (próximo/perto) do Criador.

Segunda Pessach

A “Segunda Pessach” relaciona-se a desejos que achamos ora desnecessários ou impossíveis de santificar. Estes são desejos que não reconhecemos. Contudo, eles podem ser corrigidos mais tarde, em uma fase mais avançada no processo.

Impureza

“Impureza” é uma força que trabalha em prol de receber, a força egoísta que aparece em nós.

Nuvem

Uma “nuvem” é ocultação que vem ora do Criador, que se esconde a Si Mesmo de nós, ou de nós, que nos escondemos a nós mesmos Dele. O último é chamado “nuvens de glória”.

Um Guia

Um “guia” é a qualidade pura de doação que queremos seguir e nos apegar, assim alcançando nossa meta.

Trombetas de Prata

As duas forças que descobrimos e pelas quais avançamos, são chamadas “trombetas de prata”. Estas forças puxam-nos para a frente da direita e da esquerda.

Prata

“Prata” é o grau de Biná; ouro é o grau de Chochmá.

Prosélito

Um “prosélito” é um desejo de receber que se converteu e está disposto a ser corrigido e se juntar a Israel.

Turba

A “Turba” é um tipo de desejo de receber que precisamos descobrir e o encontramos “infectado”

com uma intenção de receber.

Codorniz

“Codornizes” são desejos finos, um tipo de desejo no grau animal do qual podemos fazer uma oferenda.

Lepra

“Lepra” é uma doença no desejo do Homem, na intenção de receber, que aparece no último e pior grau da pele.

Boca a Boca

Um Zivug (acoplamento) “boca a boca” significa espírito com espírito, quando duas almas, ou o Criador e uma alma, estão nessa espécie de conexão.

Punição

Uma “punição” é uma correção. A punição é dada quando nos sentimos incapazes de usar o desejo em prol de doar. Ela não é uma incapacidade de receber. Em vez disso, a punição é a incapacidade de doar. Contudo, a punição conduz um à correção pois já sabemos o que corrigir com esse desejo e alcançámos um Mitzvá (mandamento/correção). Um Mitzvá é uma ação de doação, uma ação de amor.

Miriã

“Miriã” é um tipo da vontade de receber em nós que se encontra oposta a Moisés. Moisés, também, descobriu essa parte em si mesmo. Em outras palavras, o grau em nós que é chamado “Moisés” descobriu um certo toque pela Nukva (fêmea), Miriã, que ainda precisava de correção. Moisés também sobe cada vez juntamente com o povo; ele é um discernimento na alma, assim, com cada discernimento, o discernimento do grau de Moisés é também corrigido.

Com cada termo e cada fase, nossa vontade de receber cresce e incha e nós a corrigimos com a intenção de doar, de servir os outros e ao Criador.

 

O Criador dentro de nós é o que nos pune?

Tudo está dentro de nós. O homem é um pequeno mundo que precisa alcançar a correção completa.

De O Zohar: E as Águas Se Tornaram Doces

Nesses segredos que serão revelados através de vós, “As águas se tornaram doces”. Como o sal   que adoça a carne, elas serão adoçadas pelos segredos que serão revelados através de vós. Todas essas questões e a disputa da água amarga na Torá oral regressarão a ser doces águas na Torá. E vossas agonias serão doces para vós através desses segredos que serão revelados por vós. E todos vossos apuros retornarão para vós como sonhos fugidios. Um sonho (em Hebraico) tem as letras da palavra “sal”, invertidas. Como o sal adoça a carne, também a agonia fica doce. Zohar para Todos, BeHaalotchá (Quando Montais as Velas), item 86

 

Sumário

A porção, BeHaalotchá (Quando Montais as Velas), lida com o acender das velas, com ver todo o desejo do Homem. O homem divide-se em muitas partes e precisamos vê-las como a Menorá é o símbolo da alma. Nós precisamos acender todas as suas sete qualidades, brilhando com a luz superior, com doação sobre os outros, com amor.

* Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O Amor por Deus e o Amor pelo Homem”, p 482.