VaYakhél (E Moisés Reuniu) – Pekudei (Contas)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 35:1-38:20, 38:21-40:38)

 

Sumário da Porção

A porção, VaYakhél (E Moisés Reuniu), começa com o mandamento, “Em seis dias será o trabalho feito, mas o sétimo dia será para vós um dia sagrado” (Êxodo, 35:2). A porção também lida com o donativo das pessoas de ouro, prata, cobre e tecidos preciosos e assim por diante. Moisés determina que Bézalel e Aoliabe realizarão a obra sagrada pois eles são sábios de coração e coletarão o donativo que veio da nação inteira, incluindo das mulheres.

Bézalel e Aoliabe contam a Moisés que os donativos são tão volumosos que há um excesso e não há necessidade de mais. Moisés anuncia isto ao povo.

A porção elabora sobre a construção do tabernáculo pelos sábios de coração: as vestimentas, tábuas, trancas e a Menorá. A porção Pekudei (Contas), menciona os nomes das pessoas que participaram na construção do tabernáculo: Itamar, filho de Aarão o sacerdote; Bézalel, filho de Uri; e Aoliabe, filho de Aisamaque.

Quando a construção do tabernáculo é concluída, os filhos de Israel o trazem a Moisés, que se certifica que foi feito de acordo com o mandamento do Criador. O Criador diz a Moisés sobre que dia estabelecer o tabernáculo e por que ordem santificar cada um de seus elementos. Ele também ordena Moisés a untar Aarão e seus filhos como sacerdotes.

O fim da porção conta sobre a nuvem que cobre a tenda do encontro. Cada vez que a nuvem sobe acima do tabernáculo os filhos de Israel viajam. E cada vez que ela desce sobre o tabernáculo, eles acampam.

 

Comentário

Ambas as porções apresentam uma sequência de um tópico. A Torá começa com “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero. ” * A inclinação ao mal é nossa inteira natureza que se manifesta no nosso ódio de uns pelos outros. Primeiro devemos descobri-la; assim, a primeira revelação da inclinação ao mal toma lugar com Abraão na Torre da Babilônia. Subsequentemente, a descobrimos no trabalho forçado no Egito, então no pé do Monte Sinai, onde o ódio prevaleceu entre todos, como está escrito, “Ódio desceu para as nações do mundo”.** Este é o reconhecimento do mal.

Não é simples tarefa conhecer o mal. É mais do que descobrir que um é preguiçoso ou enganador, ladrão ou explorador. Em vez disso, o mal aparece somente quando queremos nos unir com os outros. Isso acontece somente entre aqueles que são atraídos para a conexão, para “Ama teu próximo como a ti mesmo. ” *** Quando tentamos, a Natureza resiste e não nos deixa conectar.

De acordo com a Torá, que é a força superior, se desejarmos verdadeiramente alcançar o amor pelos outros e através dele o amor pelo Criador (o amor abrangente) e queremos descobrir a força benevolente comum que prevalece no mundo, tudo o que precisamos é da Torá.

Hoje, pode parecer que o mundo é terrível porque o estamos a examinar através da nossa inclinação ao mal, através de nossas qualidades corruptas. Mas “Todos aqueles que jogam defeito, jogam no seu próprio defeito. ” **** À medida que nos corrigimos, nos tornamos justos e justificamos o Criador e Sua Criação. Então começamos a ver o mundo como bom. Baal HaSulam descreve-o no seu ensaio, “Ocultação e Revelação da Face do Criador”. ***

Quando começamos a nos conectar com os outros e a os amar, quando nos aproximamos do mundo global e integral – à medida que o descobrimos cada dia, daí a presente vinda à superfície da sabedoria da Cabala – começamos a sentir o mal. Então e somente então precisamos nós da Torá, a “luz que reforma”. *****

A Torá não se trata de estudar o texto. Em vez disso, ela trata-se de estudar em prol de receber a luz que corrige, de adquirir mais e mais amor pelo mundo. Assim, nos tornamos mais e mais semelhantes ao Criador, regressando à imagem do homem, chamado “Adão”. A parte que alcançamos e corrigimos sobre nossa inclinação ao mal, a parte que torna a inclinação ao malem uma boa inclinação, é chamada uma “alma”.

É por isso que levamos do Egito os principais Kelim (vasos), que são valiosos aos olhos da grande inclinação ao mal. É através destes que emergimos do período conhecido como “Egito” e reconhecemos a inclinação ao mal, construindo dela o bezerro de ouro. Quando tudo aparecer clara e intensamente, verdadeiramente precisamos da Torá.

Por esta razão, as primeiras tábuas eram desadequadas para a correção. Somente as segundas tábuas que Moisés trouxe a Israel no Dia do Perdão eram adequadas para a correção, assim que o povo havia reconhecido o mal dentro deles. Conhecemos o mal em nós e precisamos da Torá somente depois de vermos o bezerro de ouro dentro de nós. Assim, resistimos amar os outros, em vez disso querendo explorar o mundo inteiro.

A Torá explica as fases da construção do tabernáculo – precisamos escolher entre todos os maus desejos que temos para os outros que podemos corrigir de receber para dar, do ódio ao amor. Esta é a Torá inteira, as instruções de como fazer isto. Em vez de estarmos imersos na nossa inclinação ao mal, vendo somente a realidade estreita deste mundo, se corrigirmos nossos desejos até ligeiramente podemos abrir-nos para ver o mundo superior, aqui e agora.

À medida que nos desenvolvemos desta maneira, o mundo ao nosso redor se abre e aparece como o mundo de Assiá, Yetzirá, Briá, Atzilut e Adam HaRishon – o mundo de Ein Sof (infinito), no fim da correção. Primeiro, construímos uma pequena Neshamá (alma) comum a todos. Esta é a “tenda do encontro”, que inclui os níveis inanimado, vegetativo, animado e falante, isto é, nossa qualidade, o Yod-Hey-Vav-Hey, o completo HaVaYaH dentro de nós. Precisamos tomar de cada desejo e conectar tudo a um único desejo integral que é comum a todos, que conecte todos prontos para isso, construindo juntos um Kli (vaso) unido comum. É assim que todos avançarão.

Precisamos ter as qualidades de um sacerdote, como Bezalel ou Aarão e certas qualidades de Moisés, o primeiro dos sacerdotes, Levitas e Israel. A Torá explica como podemos usar a luz que atraímos em prol de compreender que desejos podemos corrigir agora e quais podemos corrigir mais tarde.

Como disse Moisés na anterior porção, somente metade dos desejos foram corrigidos usando o meio shekel, o shekel da santidade. A outra metade vem do alto. A metade é nossa carência e a outra metade é a luz que corrige e complementa. Com nossos esforços construímos tudo o que depende de nós, todas as qualidades da alma: sacerdotes, Levitas e Israel, usando prata, ouro e várias pedras preciosas.

Através da mente e coração que somente as qualidades de Bézalel têm – pois são uma réplica do Criador – sentimos que temos um exemplo através do qual construirmos nossas almas de acordo com o Criador que aparece diante de nós. É assim que construímos a alma. Nela, experimentamos o novo mundo, o Kli, nossos desejos corrigidos. Dentro desses desejos está a força de doação e amor chamada Boré (o Criador), das palavras Bó Re’eh (Venha e Veja). É assim que chegamos para ver, descobrindo o Criador.

Os primeiros passos alternam na aparição entre nuvem e fogo, enquanto o Criador ascende e desce. “Levantai-vos, Ó Senhor, dispersai Teus inimigo e que aqueles que Te odeiam fujam diante de VÓS” (Números, 10:35). Na nossa presente situação, no nosso mundo, não podemos falar destas coisas ou das partes que precisamos corrigir pois ainda não temos sensação de nossas almas. Não encontramos estes desejos em nós ou sabemos como examiná-los ou os conectar neste sistema extremamente complexo.

A Torá fala-nos disto na forma de uma história que é uma réplica do nosso mundo terreno: rochas, árvores, pessoas, roupas, tempo, movimento e lugar. Estas formas são descritas para que possamos discernir que partes da alma devemos corrigir.

Dentro da alma há forças que trabalham em prol de receber; estas devem ser transformadas para trabalharem em prol de doar. Ainda não conseguimos exprimir estas forças e dar-lhes um nome pois não as conhecemos, então a Torá conta-nos a história à sua própria maneira e os Cabalistas o transmitem na “linguagem das raízes e ramos”.

Os Cabalistas contam-nos sobre as forças que operam, sobre as partes da alma. O Livro do Zohar com o comentário Sulam (Escada) que Baal HaSulam escreveu o narra na linguagem da Cabala, para que possamos compreender que a Torá fala somente das partes de nossa alma e a correção do coração, que são nossos desejos. Desta maneira, podemos revelar a inteira Torá, descobrindo-a nos nossos corações como um sistema corrigido e descobrir a força superior, o Criador, dentro de tudo isso.

 

Perguntas e Respostas

O que significa reunir?

“Reunir”  refere-se  aos filhos de Israel que Moisés reúne em prol de declarar o dia de Shabat,       a conclusão da obra. A meta deve ser clara desde o início pois “o fim de uma ação está no pensamento preliminar”. * Se soubermos porque devemos alcançar adesão com o Criador, porque devemos nos tornar a nós mesmos semelhantes, o descobrindo e sendo como Ele, literalmente “face- a-face”, estando no grau de Moisés, devemos saber isto em avançado. Até na mais pequena ação, deve haver a mesma meta, a mesma linha clara desenhada, nos obrigando a avançar somente nesta direção. Quaisquer que sejam os problemas que surjam no caminho, ascensões, descidas e reviravoltas, todas elas serão lidadas para que possamos progredir.

É por isso que no deserto que Israel atravessam há constante reconhecimento do mal e isso é na realidade para o melhor. Desejos adicionais continuam a vir à superfície e devemos corrigi-los em prol de avançar para a terra de Israel – o desejo corrigido onde o Criador reside.

Porque temos de saber todos os detalhes pelos quais avançar, estas ascensões e descidas?

É assim que alcançamos o plano da Criação, seu propósito, a sensação e entendimento dele. Há uma diferença entre a vontade de receber que o Criador formou em existência a partir da ausência no princípio da Criação e a vontade de receber no fim da Criação. No fim da Criação, esse desejo tem uma mente. Ele permanece a mesma vontade de receber, mas com uma mente, compreensão, reconhecimento e sensação. Tudo vem da conexão entre a mente e coração.

Vamos experimentar necessariamente todos os elementos descritos nesta porção?

Não os vamos experimentar sem o planear, sem desejar participar, sem elevar MAN e pedir para corrigir. Somente aqueles entre nós que querem, sentem e estão conscientes de quanto odeiam mas querem amar, vão experimentar alguma todas as coisas. Deste modo, devemos corrigir algo do inanimado em nós, algo do vegetativo e assim descobrir a realidade na qual nos encontramos e disso revelar a outra realidade.

Gradualmente, nos tornamos uma estrutura que contém a mente e coração, toda a sabedoria no mundo. O todo da Natureza está dentro de nós e nós incluímos todos os mundos. Nada há fora de nós. O vaso mundo que descrevemos fora de nós não existe realmente; ele é somente retratado desta maneira nos nossos Kelim externos, que se devem todos tornar internos. Assim, nada há senão o homem e o Criador, que são como um único sistema.

De O Zohar: Quem Quer Que Seja de Coração Generoso, Que O Traga a Mim

“Tomai de entre vós um donativo”. Quando uma pessoa coloca sua vontade pela obra de seu Mestre, essa vontade primeiro se sobe ao coração – a persistência e a base do corpo inteiro. Posteriormente, essa boa vontade sobe sobre todos os órgãos do corpo, a vontade de todos os órgãos do corpo e a vontade do coração se juntam, puxando sobre elas a claridade da Divindade para morar com eles. E essa pessoa é a porção do Criador, como está escrito, “Tomai de entre vós um donativo”. “De entre vós” é a extensão, de assumirmos sobre nós mesmos esse donativo, a Divindade, para que a pessoa seja uma porção do Criador. Zohar para Todos, VaYakhel (E Moisés Reuniu), item 71

Inicialmente, há um desejo egoísta que corrigimos pelo donativo. O donativo é a parte da  vontade de receber com a qual podemos aumentar a qualidade de doação. O donativo eleva a parte da doação com a qual queremos dominar e avançar.

Com donativos que separamos do ego, nomeadamente partes que santificamos e invertemos em doação e amor, avançamos para o fim da correção. Nessa altura, não construímos um tabernáculo ou a avançar no tabernáculo em tempo, lugar e movimento. Em vez disso, estamos a alcançar o Monte Moriá e a construir o Templo.

Os Cabalistas alcançam a estrutura completa, a alma completa, chamada Beit HaMikdash (Casa de Santidade, Templo). Nele estão todas as partes: sacerdote, Levita, Israel e as nações do mundo. O grande Cabalista, Ramchal (Rabi Moshé Chaim Lozzato), escreveu um ensaio especial conhecido como “O Lugar de Moradia do Altíssimo”, no qual ele retratou em grande detalhe como se deve parecer o terceiro Templo. Ele não se referiu às rochas de Jerusalém, mas à estrutura da alma corrigida, que deve eventualmente estar no Shabat, como foi dito no princípio da porção. Chegamos ao Shabat aquando da conclusão dos seis dias, ou seis mil anos, quando todos os Kelim estão corrigidos e nada mais há para fazer ou com que trabalhar senão desfrutar, na felicidade e paz.

Quando os filhos de Israel trazem donativos, Moisés diz, “Isso é suficiente, haveis ido longe demais”. Soa estranho pois dizemos que não há limites para a doação.

Verdade, mas cada grau tem seu próprio escrutínio. A alma consiste de três partes: NHY, HGT, HBD ou Ibur (gestação), Yeniká (nutrição), e Môchin (consciência/maturidade), ou Néfesh, Ruach, Neshamá. Neshamá é chamada segundo a grande luz que pode estar nela.

Assim, ao grau que Israel dão um lote, no grau dos Letivas eles não dão tanto e no grau dos sacerdotes eles dão ainda menos. Isso depende do grau de uma pessoa e de quem realiza o escrutínio.

Isso também depende do grau ao qual elevamos nossos desejos. Se permanecemos nos desejos do grau de Israel, o que quer que tragamos é suficiente. Mas quando os desejos estão no nível de Levitas ou sacerdotes, não temos forças suficientes para estarmos em grau tão alto com todos nossos desejos, então eles são restringidos. Este é o sentido dos “graus na alma”.

Se o Criador nos dá e então diz, “Dai de volta”, porque deu Ele em primeiro lugar?

O Criador criou um mundo inteiro, o mundo de Ein Sof, então quebrou-o e deu-nos um mundo quebrado e um Adam quebrado (alma) para que o concertemos. Isso é semelhante a um puzzle ou peças de LEGO que montamos e aprendemos enquanto avançamos. Se dermos este jogo a uma criança sem o desmontarmos, a criança o desmontaria, pois, as crianças são conduzidas pelo impulso de separarem as coisas para as compreenderem. Por natureza, não podemos abordar uma coisa completa. Para a compreender, estudar, devemos quebrá-la ou fazê-la quebrar.

Como tudo isso se conecta aos donativos?

Nós pegamos nos nossos desejos quebrados e os elevamos tão alto quanto conseguimos para a correção e a correção vem do alto. O Criador nos deu tudo quebrado; precisamos somente de elevar essa corrupção (a reconhecer) e pedir para Ele participar na correção. A correção em si mesma vem sempre do alto através da luz que reforma, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero … pois a luz nela reforma. ”******

Nós estamos no meio. Nós não pertencemos à inclinação ao mal; ela não é nossa pois na verdade, o Criador a fez e nos deu. Também não pertencemos à luz que reforma. Nosso trabalho é somente conectar as duas: o desejo corrupto abaixo com a luz do alto. Tudo o que precisamos fazer é pedir, exigir e orar pela correção.

Como o fazemos adequadamente? Como nos devemos preparar para este trabalho para que a tragamos ao Criador da maneira certa?

Nosso desejo é separar cada desejo cujo tempo chegou. Primeiro o examinamos através da luz, então o definimos para a correção através da luz e pedimos a correção. Estas coisas podem acontecer somente pela luz que brilha, sem estudar a sabedoria da Cabala é impossível fazer coisa alguma, pois é isto o que nos traz a luz.

Recebemos a luz quando estudamos a Cabala?

Sim. Durante o estudo, começamos a ver como tudo encaixa no seu lugar. Se estudarmos adequadamente, leva algum tempo para na realidade o concretizar, mas podemos estudar a Bíblia, o Pentateuco, a Gemará e Mishná e todos eles serão uma fonte de luz para nós.

De O Zohar: Estas São as Contas do Tabernáculo

E como o desejo de todos de Israel estava em que eles se voluntariaram, assim era seu desejo nesse cálculo. Pelo seu desejo, eles prolongaram as Mochin do cálculo e então o trabalho inteiro foi feito pelo desejo. Assim, cálculo é necessário aqui no tabernáculo, dado que pelo cálculo é o trabalho feito. É por isso que está escrito, “Estas são as contas do tabernáculo”.

Esse é um cálculo que macula todos os cálculos no mundo – prolongamentos de GAR de Chochmá – que não são de Kedushá (santidade), pois eles persistem, mas destroem o lugar para o qual são atraídos. Todavia, este cálculo no tabernáculo, que é VAK de Chochmá, persiste mais que todos os outros e com ele o tabernáculo persiste e não por outro. Zohar para Todos, Pekudei (Contas), item 49

Há uma grande diferença entre VAK e GAR. GAR significa que nós mesmos atraímos; VAK significa rejeitamos, que tudo é feito em doação. As luzes todas passam através de nós; recebemos o inteiro Ein Sof em prol de o transmitir para todos. Mas não somos prejudicados quando trabalhamos somente para doar, assim nos fazendo semelhantes à fonte, o Criador. Ele passa através Dele até cada um e cada um a todos, a grande esfera chamada “a alma comum de Ein Sof” é feita.

 

Termos

Trabalho

“Trabalho” é a correção do sistema do tabernáculo. Nada há mais que isso. Há nove obras na obra do tabernáculo; o resto não são trabalho ou arte.

Nuvem

Uma “nuvem” indica ocultação. O Criador esconde-se a Si Mesmo, mas a divulgação é em ocultação, quando um vê que Ele está escondido. Há opostos aqui, que é o porquê de nos corrigir. A nuvem conduz-nos e até Moisés foi para a nuvem.

Donativo

Um “donativo” para o Criador significa que quanto mais aumentamos a importância do Criador aos nossos olhos, a importância da qualidade do amor e doação, mais avançamos.

Tabernáculo e Tenda do Encontro

A alma contém um meio ambiente, um Kli externo (vasos). Embora ela contenha grandes luzes, elas são luzes circundantes. Também, há Kelim internos (plural de Kli), que são o tabernáculo. Em semelhança ao nosso mundo, temos uma Shoresh, Neshamá e Guf (raiz, alma e corpo, respectivamente) dentro de nós, e Levush e Heichal (veste e salão, respectivamente) que são o resto do mundo. É assim que somos construídos, como percebemos o Kli onde estamos. Mas tudo está dentro de nós, até quando nos parece que tudo é externo.

O mesmo é verdadeiro para o tabernáculo. Ele é um tabernáculo interno, rodeado da tenda do encontro, um tribunal e muitos outros detalhes. Quando começamos a reparar nele e a estudá-lo, vemos que cada elemento é verdadeiramente uma forma única de obra.

De O Zohar: Belos Galhos, a Alegria da Terra Inteira

A beleza do mundo e a visão do mundo não são vistas no mundo até que o tabernáculo fosse construído e estabelecido e a arca entrasse no lugar sagrado. Desse tempo em diante, a visão de todas as coisas, da Divindade, foi vista no mundo e o mundo foi estabelecido. Os dignos entram no tabernáculo e na arca até que cheguem ao ponto médio que lá está, que é “Belos ramos, a aletria de toda ..”. Assim que lá chegaram, a arca começou e disse, “Este é Meu lugar de repouso para sempre; aqui morarei eu, pois eu o desejei”. Zohar para Todos, Pekudei (Contas), item 42

Quando chegamos a este momento excitante, não há nada mais sublime. Estamos em contato e Dvekút (adesão) com o Criador e descobrimos a meta para a qual durante tanto tempo trabalhámos. Doravante, só melhoramos o ponto de Dvekút até ao fim da correção.

Hoje o mundo está em uma crise. Ela é o princípio da inclinação para a conexão. Mais precisamente, é o princípio da revelação da sabedoria da Cabala. Está escrito, “E eles não mais ensinarão a cada homem seu próximo e a cada homem seu irmão, dizendo, ‘Conhecei o Senhor’, pois todos eles Me conhecerão, desde o menor deles ao maior entre eles” (Jeremias, 31:33).

Em outras palavras, todos saberão do Criador. Esta é a sabedoria pelo qual foi escrito, “todos eles Me conhecerão”, e “Minha casa será chamada ‘uma casa de oração para todas as nações’“ (Isaías, 56:7).

Em outras palavras, o tabernáculo, a tenda, o Terceiro Templo, todos os desejos, tudo o que existe no universo alcançará conexão e correção. Como está escrito sobre isso, “Eu os trarei à montanha de Minha santidade e Eu jubilarei neles na Minha casa de oração, seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitáveis no Meu altar, pois Minha casa será chamada uma casa de oração para todas as nações” (Isaías, 56:7).

* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin,

** Midrash Rabah, Shemot (Êxodo), Porção 2, Parágrafo 4.

*** Talmude de Jerusalém, Seder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, p 70a.

***** Os Escritos de Baal HaSulam, p 766.

****** Midrash Rabah, Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2.

******* Lechá Dodi, Elkabetz, cantado na Noite de Shabat

******** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b; Midrash Rabah, Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2.

Ki Tissá (Quando Tomas)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 30:11-34:35)

 

Sumário da Porção

A porção, Ki Tissá (Quando Tomais), começa com o pedido do Criador a cada um dos filhos de Israel doar meio shekel para a construção do tabernáculo. A porção menciona outros detalhes sobre o tabernáculo tais como o óleo de unção, a mesa e a Menorá e seus vasos. Bézalel, filho de Uri Ben Hur, é nomeado chefe artesão, com Ahaliav Ben Achisémech como seu assistente. O Criador também ordena aos filhos de Israel a observarem o Shabat.

Mais tarde, Moisés ascende ao Monte Sinai para receber as tábuas da aliança, mas se atrasa a regressar, para que os filhos de Israel procurem prova que o Criador existe. Eles exigem que Aarão construa um bezerro de ouro. Aarão concorda, leva seus vasos de ouro, os derrete e constrói o bezerro de ouro.

Quando Moisés regressa da montanha e o vê, ele quebra as tábuas. O Criador deseja destruir e arruinar o povo inteiro de Israel e Moisés roga por suas almas. Moisés fala “face-a-face” com o Criador e deseja se ocultar a si mesmo.

No fim do processo, o Criador concorda e faz uma aliança com o povo de Israel. O Criador também promete que eles entrarão na terra de Israel e repete o mandamento dos três festivais de Peregrinação (Shálosh Regalim) e a proibição da idolatria.

Moisés fica com o Criador no Monte Sinai quarenta dias e quarenta noites, escreve sobre as tábuas e desce da montanha. Está escrito, “E veio a passar-se quando Moisés desceu do Monte Sinai com as duas tábuas do testemunho na mão de Moisés … que Moisés não sabia que a pele de sua face havia descolorado enquanto falava com Ele” (Êxodo, 34:29). Assim foi tanto que ele teve de se esconder do povo novamente pois eles temiam falar com ele.

 

Comentário

Aqueles que não conhecem a linguagem da Cabala vão achar difícil compreender que o texto na realidade discute o desenvolvimento interno de uma pessoa. Ele diz respeito à nossa natureza, que é a vontade de receber, um desejo egoísta que requer correção. A Torá fala somente da correção do desejo, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”*, pois “a luz nela os reformaria. ” **

O propósito da correção é transformar nossa inclinação ao mal (egoísta), que se direciona somente para a autogratificação e exploração do mundo inteiro para si mesma e a transformar em amor pelos outros, como em “Ama teu próximo como a ti mesmo. ” ***

A Torá fala de um processo que não é simples, mas que todos nós experimentamos. A crise geral em que nos encontramos nos causará alcançar a luz, a correção, semelhante ao que iniciou o êxodo do Egito. Hoje todos nos encontramos  diante  do Monte Sinai com  enormes  egos, com todos  os Kelim (vasos) que levámos do Egito. Durante os milénios de desenvolvimento, a humanidade acumulou um ego massivo; agora não temos ideia do que fazer com ele, senão escapar dele.

Quando somos atraídos para o Monte Sinai, descobrimos uma montanha de ódio entre nós. Somente o ponto dentro de nós, chamado “Moisés”, nos puxa para a frente para a conexão com algo maior, um grau humano maior de similaridade com o Criador.

Somos ainda como bestas ****, operando inteiramente através de nossos egos, nossa natureza. Em vez disso, devemos ser como uma nação livre, no nosso país, li na sua vontade. “Tal é o caminho da Torá”. *****

Para fazermos isso, se desejarmos ascender ao grau humano e descobrirmos o Criador e os mundos ao nosso redor, devemos seguir a linha única conhecido como “meio shekel”, ou seja, nem para a direita nem para a esquerda, mas na junção das duas. A vontade de receber, também, participa, pois, ela é “ajuda feita contra nós” (Gênese, 2:18), e também contra ela precisamos da luz reformadora.

Nós temos duas linhas: na esquerda está a vontade de receber; na direita está a luz. Quanto mais as combinamos, mais corrigimos a vontade de receber para a semelhança com a luz – trabalhar em prol de doar. Está escrito, “E a noite brilhará como o dia; trevas como a luz” (Salmos, 139:12). É assim que avançamos. Esta é a primeira correção – não mais e não menos, mas, precisamente metade. Avançamos quando alcançamos essa correção, esse método de avanço.

Subsequentemente, o tabernáculo e seus vasos devem estar preparados incluindo o óleo e tudo aquilo que vem com isso. O papel foi dado somente a Bézalel. Bézalel dentro de nós é aquele que está Bétzel El (na sombra de Deus), debaixo da sombra do Criador. Betzalel mimetiza as qualidades do Criador, que apareceu para ele e é por isso que ele é chamado “sábio de coração”. Ele conhece a combinação certa entre o coração, o desejo e a sabedoria, nomeadamente o intelecto. Bezalel combina a direita com a esquerda adequadamente e tem sabedoria do coração. É por isso que ele é aquele que consegue estabelecer o tabernáculo.

O tabernáculo é a ordenação da alma que construímos dentro de nós a partir dos nossos 613 desejos. Ele é construído de acordo com as qualidades certas, nas quais todas as partes estão conectadas em sincronismo com o Criador. É assim que nos tornamos semelhantes a Ele.

Nossa inclinação ao mal tem 613 qualidades que devemos direcionar em prol de doar, em direção ao amor pelos outros. Somente aqueles que vêm a qualidade de Bézalel – copiar as qualidades do Criador para si mesmos e se tornarem como Sua sombra – o podem fazer.

Alcançamos isto ao nos conectarmos com a Shechiná (Divindade), Malchut de Atzilut, que começa a duplicar estas qualidades de Zeir Anpin de Atzilut. Zeir Anpin tem seis Sefirot: Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod e Yessód, onde Malchut vem por último e duplica. É por isso que nosso trabalho é duplicar estas seis qualidades de Zeir Anpin – chamado HaKadosh Baruch Hu (O Sagrado, Abençoado Seja Ele), ou Zeir Anpin de Atzilut – na aparição do Criador em todos os dias úteis.

A sabedoria da Cabala apresenta nossa meta – a revelação do Criador às criaturas neste mundo. Através de nossos sentidos, quando o Criador é revelado para nós, nos juntamos e cada vez mais nos anexamos a Ele.

Quando concluímos  duplicar as seis qualidades vem a sétima qualidade conclusiva,  o Shabat.    O Shabat conclui-se a si mesmo por sozinho do alto. É por isso que ele é considerado um “despertar do alto”. Uma luz especial vem e dispõe as seis qualidades na ordem certa e não há nada mais que precisemos fazer.

É por isso que a proibição contra trabalhar durante o Shabat é equivalente a intervir com alguma coisa que pertença à luz superior. Trabalhamos seis dias dispondo as linhas direita e esquerda, direcionando a vontade de receber e a luz, a mente e o coração. Finalmente, apresentamos nosso trabalho e então “O Senhor concluirá por mim” (Salmos, 138:8). É então que recebemos a conclusão do grau. Este é o processo que devemos atravessar até à correção da alma inteira, semana após semana, até que concluamos os seis mil anos.

Devemos também considerar que nossas almas consistem de desejos da inclinação ao mal que não podem ser avistados pelo exame comum. Estes desejos requerem exame especial que somente o bezerro de ouro pode fazer.

Embora  a  Torá  o  apresente  deste  modo,  o  bezerro  de  ouro  não  representa  uma  queda   ou declínio, nem culpa alguém. Qualquer pessoa que experimente este processo tem que atravessar todas as descidas e quedas, tal como aconteceu com Faraó no Egito e com os filhos de Israel no deserto depois dos eventos do Monte Sinai.

Até quando avançamos do Monte Sinai para os quarenta anos no deserto, vamos continuar a experimentar fases que parecem negativas. Cada vez desejos por corrigir vêm à superfície, “caímos” neles, então não temos escolha senão os descobrir e corrigir. Está escrito, “Não há um homem justo sobre a terra que faça o bem e não venha a pecar” (Eclesiastes, 7:20), ou “Uma pessoa não compreende palavras de Torá a menos que tenha nelas falhado”. *

Assim, primeiro devemos falhar, então examinar o fracasso e o corrigir. Somente então nos é garantido não o repetir. Estamos garantidos a sermos guardados pois esse desejo já foi corrigido para ter a direção de doar. É assim que progredimos para o amor pelos outros.

Quando descobrimos que apesar do trabalho que fizemos, não revelámos o Criador, isso é considerado que Moisés não regressou do Monte Sinai. Isto é, retrocedemos para a intenção de receber, o desejo egoísta chamado “o bezerro de ouro”.

Nossos desejos corrompidos são chamados “multidão misturada”. Eles perguntam, “Para onde foi Moisés”? Eles reivindicam que devemos avançar como o entendemos, seguindo nossa razão e intelecto, em vez de avançar acima da razão.

Quando regressamos a trabalhar dentro da razão, ficamos deleitados. Parece-nos que desta maneira compreendemos e sentimos todas as coisas. Podemos não estar a ascender a altos graus, mas pelo menos estamos em um mundo que se adequa a nossos egos. Esse é um estado muito apelativo. Podemos ver por nós próprios quão difícil é explicar as pessoas o que a Natureza nos está a obrigar a fazer agora, qual é o método da correção e como podemos subir ao próximo nível. O Criador, a Natureza, Elokim (que é Natureza em Guematria) pressiona-nos e deseja elevar-nos e nós estamos aparentemente a resistir-lhe com um bezerro de ouro, celebrando e desfrutando.

Quando o ponto no coração aparece, ele colide muito poderosamente com o desejo egoísta que irrompeu uma vez mais. Essa colisão é a quebra das tábuas.

A colisão entre o ponto no coração, através do qual desejamos subir e nos apegar ao superior, a um grau superior, descobrindo mundos, o infinito e estarmos em um reino de doação – e a revelação de que estamos na realidade no ponto de sermos um bezerro de ouro. Não conseguimos tolerar esse contraste. Isto causa todos os elementos que anteriormente estavam em Kedushá (santidade) a quebrarem.

Aqueles que pecaram com o bezerro foram sentenciados à morte. Subsequentemente, Moisés chamou, “Quem quer que seja pelo Senhor, venha até mim! ” (Êxodo, 32:26). Esta é a correção dos desejos que agora apareceram, que estão conectados ao bezerro de ouro e com os quais não podemos continuar.

Depois da correção de todos os outros desejos – os três discernimentos que Moisés matou – ele sobe ao Monte Sinai uma vez mais. Isto significa que esse ponto dentro de nós sobe uma vez mais e nós recebemos as tábuas da aliança uma vez mais. Descobrimos novamente a Divindade, o Criador e começamos a descer com as segundas tábuas.

Todavia, há uma grande diferença entre as primeiras tábuas e as segundas tábuas: Yom Kipur (Dia do Perdão). As primeiras tábuas e o bezerro de ouro tomaram lugar no 9 de Av (11º mês no calendário Hebraico). As primeiras tábuas foram dadas desde Shavuot até a 9 de Av. As segundas tábuas tomaram lugar desde 9 de Av até Yom Kipur. Quarenta dias mais quarenta noites são a estrutura temporal da correção da qual podemos continuar.

De O Zohar: Meio Shekel

“Meio Shekel, meio hin” significa meia medida. A Vav é o meio entre as duas Heys porque a Vav é a linha do meio, chamada “balanças”, que pesa as duas luzes, direita e esquerda, sendo as duas Heys, para que a esquerda não seja maior que a direita. É por isso que ele diminui a esquerda, para que ela não brilhe de cima para baixo  mas  somente  de  baixo  para  cima. Zohar  para  Todos,  Ki  Tissá (Quando Tomais), item 4

Nossa grande vontade de receber, o ego, está no lado esquerdo. A luz que podemos atrair se trabalharmos corretamente, de acordo com a sabedoria da Cabala, está na direita. Estas são as duas Yod, como na letra Alef, com a diagonal no meio como uma Parsá (partição) [א]. Devemos juntar  a  luz  do  alto,  a Yod superior,  com  a  vontade  de  receber  de  baixo,  nomeadamente   a Yod inferior (por vezes escrita como uma Dálet, que é Bechiná Dálet, a Malchut em nós, em vez  da Yod). A linha diagonal mantém o equilíbrio entre elas, assim criando a linha.

É por isso que Alef é a primeira letra no alfabeto. A porção, Ki Tissá (Quando Tomais), é o princípio da própria Torá pois ela se envolve na construção e preenchimento do tabernáculo. É por isso que devemos constantemente manter essa metade, para que a direita não seja mais que a esquerda ou o inverso. Se há um excesso de desejos de receber que não corrigimos na totalidade, não estamos no desejo de doar. Se levarmos da vontade de receber mais do que podemos corrigir, estamos em um estado de reconhecimento do mal. Tem de ser uma operação muito precisa.

Assim que restringimos todos os nossos desejos e evitamos usar o desejo em  prol de receber,   mas somente em prol de doar, podemos continuar a separar essas pequenas partes do nosso desejo dos leves aos pesados e juntarmos todas as correções à luz.

Esta é a letra, Vav, com os sinais de pontuação, Holam, Shuruk, Hirik, ou Kamatz, que é como        a Parsá. A luz deve estar acima dela pois todas as correções são em ascensão. No nosso mundo – nossa situação – nunca alcançaremos a revelação da Divindade. Podem haver vários fenômenos psicológicos, mas a revelação da Divindade pode  acontecer somente se nos elevarmos  acima      da Parsá.

Depois da restrição, assim que tenhamos a linha do meio, então nos juntamos a um grupo e tentamos sair de nós mesmos e avançar acima da razão, acima da Vav diagonal, de baixo para cima, então receberemos a revelação do mundo espiritual.

 

Perguntas e Respostas

Beresheet (Gênese) fala da criação do mundo. No deserto, as coisas levam imenso tempo para se revelarem, com numerosos detalhes no caminho, como descrevem as porções. O que simbolizam esses detalhes?

A Torá não nos pode contar sobre tudo o que atravessamos. Ela só explica os marcos no caminho. É semelhante a conduzir em uma estrada onde cada quilômetro ou vários quilômetros estão marcados por sinais.

Porque são mencionados no deserto as várias vestes e uma descrição do altar?

Esta é a correção de nossas almas. Recebemos um sistema de 613 desejos, cada um dos quais consiste de todos os outros e todos estão conectados. Esse sistema está completamente quebrado. É como se nos fosse dado um dispositivo electrónico ou mecânico que está completamente quebrado e não fazemos ideia de como o concertar. Olhamos para ele atônitos sem saber como o aproximar.

É assim que nos é ensinado como o fazer: “Olha para isto, concerta aquilo, então isto, mas primeiro aquilo”. Há tantos detalhes nas nossas almas e todas se devem tornar semelhantes ao Criador em termos da estrutura e modo funcionamento. Embora essa seja a substância oposta ao Criador, “existência a partir da ausência”, a alma deve chegar a se assemelhar à “existência a partir da existência”.

Não conseguimos compreender quão importante é o nosso mundo, com todas as suas complexidades e miríade de conexões – cada átomo e cada célula no universo. É por isso que há tantos detalhes na correção da alma. Quando percorremos este caminho, participamos nele e descobrimos nele, isso suscita imensa excitação e uma sensação de harmonia e preenchimento.

Como explica você que tudo existe e acontece simultaneamente – o ponto no coração está no Monte Sinai, a mais alta conexão, enquanto os outros desejos estão a construir um bezerro de ouro?

Esta é a desconexão interior, onde o Moisés em nós desaparece. Quando Moisés desaparece perdemos contato com o Criador, pois este é o único ponto que nos conecta com Ele. Assim que nos desconectamos nos encontramos imersos nos nossos desejos, caindo no bezerro de ouro. Estes são os Kelim (vasos) que levámos do Egito, Kelim que querem a luz de Chochmá (sabedoria), nomeadamente prazer somente para nós próprios.

Como é que o desejo obtém contato com a força superior e prontamente depois cai  na  conexão com o bezerro de ouro?

Não há atrasos. Ora há Kedushá (santidade) ou Klipá (casca/pele). Não há intermédios. Devemos nos habituar a constantemente estarmos em um dos dois estados.

As subidas e descidas de Moisés no Monte Sinai são as subidas e descidas das quais falamos?

Trata-se de revelações e ocultações em alternância. Isso é semelhante ao festival de Purim e a história de Ester, que é também revelação e ocultação. Não pode haver revelação se não for precedida de ocultação. Se Moisés não tivesse subido ao Monte Sinai, não teria havido o bezerro de ouro. Mas sem o bezerro de ouro não saberíamos o que corrigir. É assim que progredimos sempre, em duas “pernas”.

 

Termos

Meio Shekel

Meio Shekel” é a condição que definimos para nós mesmos sob nosso próprio escrutínio e correção, de modo a nunca chegar a um estado de atrair luzes para nós mesmos de cima para baixo, mas sempre receber luzes de baixo para cima, em rejeição. É assim que descobrimos Ein Sof (infinito).

O problema é que constantemente atraímos para  nós  mesmos,  podemos  somente  ver  a camada mais próxima de nós, conhecida como “este mundo”. Tudo o que se encontra por trás desta camada são mundos, Ein Sof, eternidade, inteireza, que estão escondidos e separados de nós. Se percebemos a realidade não ao atrairmos para nós mesmos, mas ao saímos de nós mesmos, subitamente descobriremos Ein Sof.

Somos nós que determinamos o meio shekel?

Sem o meio shekel, não podemos começar a trabalhar com a Torá. Cada um de nós deve dar o meio shekel. Devemos definirmos a nós mesmos de tal maneira que deste momento em diante, nosso instrumento para a revelação da Divindade seja o equilíbrio do meio shekel, somente dando e com tanta equivalência de forma quanto o possível.

O Bezerro de Ouro

O “bezerro de ouro” é todo o Zahav (ouro), ou seja, Zê Háv (dar isto). Ele é o todo da imensa vontade de receber que existe dentro de nós por todos os prazeres. Todos nossos desejos existem simultaneamente.

Povo Teimoso

Trabalhamos com a revelação dos nossos desejos egoístas e deste modo constantemente regressamos a eles. A parte de trás do pescoço é como Faraó, o lado posterior da Criação. Quando a grande vontade de receber aparece, ela na realidade ajuda-nos.

“Povo teimoso” não é necessariamente mau; temos enormes Kelim com os quais podemos atrair   a divindade. Uma pessoa com pequenos desejos não  pertence  a  Israel;  Israel  tem  de  ser  muito egoísta. As nações do mundo, contudo, têm pequenos Kelim e deste modo não conseguem obter a Divindade. O povo de Israel é chamado um “povo teimoso”, ou seja, que temos algo com o qual progredir, algo para corrigir e com o qual trabalhar.

Sumário

A coisa mais importante é continuar a avançar, segurarmos na meta e avançarmos para ela. Independentemente do que aconteça, seja o bezerro de ouro ou três mil mortos ou outras condições, tudo passa. E apesar de tudo, alcançaremos nossa meta.

* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin,

** Midrash Rábah, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 2.

*** Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Salmos 49:13.

***** Zohar para Todos, Pinehás, item 247.

****** Talmude Babilônico, Maséchet Gitin, p 43a.

Tetzavé (Ordem)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 27:20-30:10)

 

Sumário da Porção

Na porção, Tetzavé (Ordem), o Criador fornece a Moisés os detalhes adicionais a respeito do tabernáculo e ordena os filhos de Israel a levarem o óleo de oliveira para acender a vela interminável na tenda do encontro fora do véu, para que ele possa arder do anoitecer ao amanhecer.

O Criador instruiu Moisés para nomear Aarão e seus filhos, Nadáv, Avihu, Elazar e Itamar para serem seus sacerdotes. Ele elabora sobre o mandamento de preparar as vestes sagradas “pela honra e glória” (Êxodo, 28: 2): a couraça, franja, casaco e o resto das vestes do sacerdote.

Posteriormente vem uma explicação sobre a santificação de Aarão e seus filhos para seus papeis no tabernáculo. Isto inclui sua oferenda de um boi e dois carneiros no altar, de incenso a ser posicionado dentro do tabernáculo diante do véu e como  o incenso deve  ser  feito. Finalmente, Yom Kipur (Dia do Perdão) é mencionado, que deve tomar lugar uma vez por ano.

 

Comentário

A porção Tetzavé (Ordem), é muito pés-na-terra, curta e pragmática. A inteira substância da Criação é o desejo de receber. Esta é a base sólida da qual devemos começar. Devemos sentir a vontade de receber dentro de nós dividida em quatro níveis: inanimado, vegetativo, animado e falante. Todos nossos desejos estão divididos desta maneira e damos-lhe a forma da doação, nomeadamente os direcionando para dar. Todos os desejos devem estar direcionados para nossa conexão “como um homem com um coração” *, com amor pelos outros, como em “Ama teu próximo como a ti mesmo. “**

À extensão que corrigimos cada um de nossos desejos, formamos a imagem do homem, assim nos tornando similares ao Criador. Este é Adam HaRishon (o primeiro homem), que se quebrou e dividiu em uma miríade de almas. Nosso propósito é reunir essas almas nessa única alma. Alcançamos isso ao anular nossos egos e conectarmos todos nossos desejos. A conexão é nos níveis de inanimado, vegetativo, animado e falante. Nestes graus gradualmente reconectamos todas as coisas na nova realidade que a Torá descreveu.

Primeiro, o óleo para a lâmpada é um óleo especial que deve ser aceso de uma maneira especial. Subsequentemente, da luz emitida, podemos preparar as vestimentas do sacerdócio que vestem a vontade de receber.

A vontade de receber permanece a mesma, quer ela se esforce pelo benefício dos outros ou a si mesma. A diferença reside em como a usar, para seu próprio bem ou pelo bem dos outros. Isto é, queremos usá-la para beneficiar a nós mesmos, até se for prejudicial para os outros? Ou queremos beneficiar os outros? Estas são nossas duas opções, com miríade de variações.

Tudo isto se relaciona a “vestimentas” sobre o desejo. A Torá detalha como desenhar estas roupagens – como colocar as intenções certas sobre nossos desejos, ou seja, os graus Yod-Hey-Vav- Hey, ou   graus   de Aviut (densidade,    vontade    de    receber) Alef (um), Bet (dois), Guimel (três) e Dálet (quatro).

Os desejos corrigidos podem ser do inanimado (inerte), tais como a construção da tenda de encontro e a arca da aliança, ou do vegetativo, tais como lã ou linho, ou do animado, que são as próprias oferendas.

O “falante” são pessoas que estão unidas no seu grau e que usam as roupas que se adequam ao alto sacerdote, tais como a couraça, um cinto, uma mitra ou uma túnica. O alto sacerdote é aquele cuja direção é inteiramente para a doação, amor pelos outros, através do qual esta pessoa alcança o Criador. Há um sacerdote e um alto sacerdote. Isto é, há Katnút (infância) e Gadlút (maturidade) neste grau. Estas são as fases através das quais devemos progredir em prol de corrigir nossos desejos.

A soma do desejo que o Criador criou em cada um de nós é de 613 desejos, que são 613 desejos que devemos inverter da inclinação de receber para o desejo de doar sobre os outros. É assim que nos conectamos uns com os outros, reunindo todos estes desejos em um único mecanismo.

 

Perguntas e Respostas

Podemos mudar desejos através de nossas intenções?

Sim, podemos mudar desejos através de nossas intenções. Ao querermos dar uns aos outros, atamos nossos  desejos  como  um   único   corpo   em   um Kli (vaso)   conhecido   como Beit   HaMikdash (literalmente A  Casa  da  Santidade;  trad.  Templo). Bait (casa)  é  um Kli  de  Kedushá (santidade), doação, amor pelos outros, a direção de dar. Este é o Adam que construímos, nossa alma comum, Shechiná (Divindade), a Assembleia de Israel, Malchut de Atzilut e lá aparece o Criador.

Esta porção explica que nossos desejos estão divididos, também. Os escritos do ARI ensinam-nos que nossas almas consistem de Shóresh, Neshamá, Guf, Levush, Heichál (raiz, alma, corpo, veste, salão, respectivamente. Shóresh está dentro de nós. Neshamá é nossa parte mais interna. Guf são os desejos em si mesmos e Levush e Heichál são acréscimos.

A Torá conta-nos que a Levush (veste) consiste  de  cinco  tipos  de  vestimentas  do  alto  sacerdote. Heichál (salão) são as imediações – a tenda do encontro com todos seus detalhes. É claro, nada disto se relaciona a qualquer tenda física, pessoa, vasos ou a uma lâmpada. Em vez disso, o texto relaciona-se ao modo como desenvolvemos a vontade de receber para trabalhar em prol de doar, como o Criador doa sobre nós. Através destas correções de muitos graus e partes nos nossos desejos, alcançamos similaridade com o Criador e Dvekút (adesão) com Ele.

O fim da porção também menciona Yom Kipur (o Dia do Perdão). Todas as correções que realizamos durante o ano, as preparações, correções sobre as nações do mundo, sobre o povo de Israel e sobre os Levitas e sacerdotes, trazem-nos ao grau do alto sacerdote. Quando nos elevamos acima destes desejos e os trazemos juntos a um lugar de doação geral, chamado Beit HaMikdash, um lugar de união especial onde alcançamos unidade com o Criador – o ponto de Dvekút – isso é chamado “o trabalho do sacerdote no Santo dos Santos no dia da expiação”.

Aarão e seus filhos estão todos na espiritualidade, todavia sabemos que a espiritualidade não é transferida por herança. Muitos Cabalistas não tiveram filhos, ou tiveram filhos que não se tornaram Cabalistas. E ainda assim, vemos uma ordem muito clara de Aarão e seus filhos. Além do mais, alguns pesquisadores afirmam que é possível achar genes de sacerdotes até hoje. Qual é o sentido desta ordem?

Isto é verdade: eles podem ser achados tanto no mundo material como no mundo espiritual. Há muitas razões para isso, mas o que compreendemos é que um Kli (vaso) que está em doação, ou seja, um Partzuf espiritual, ou Neshamá (uma alma) que trabalha em doação em prol de doar – opera em doação ativa e gera um Partzuf mais avançado, chamado um “filho”.

É um “filho” o próximo grau do sacerdote?

Sim. É por isso que é impossível que um sagrado Partzuf surja de um Partzuf que não doe em prol de doar ou receba em prol de doar. No nosso mundo, podemos ou não prestar atenção a isto pois ao se projetar na corporeidade, torna-se simples costumes. Mas na espiritualidade, compreendemos de onde vem; um Partzuf que tem uma Massach (tela), Aviut (densidade) e Ór Chozêr (Luz Refletida) e trabalha em santidade não pode produzir um ato impuro. É por isso que o sacerdócio é herdado de pai para filho.

Porque não sabemos o que aconteceu aos filhos de Moisés, mas sabemos dos sacerdotes?

Moisés representa contato com o Criador, no qual todos estão incluídos, acima de tudo o sacerdócio. Os sacerdotes fornecem direção no trabalho do Criador, nas correções e Moisés é o ponto de contato. Esta não é uma direção, mas meramente um ponto de anexação, de Dvekút.

Em outras palavras, ele está em todos nós; não falamos de um Moisés físico.

Não, não há tal coisa como um Moisés físico; ele está dentro de todos nós. Quando nos conectamos entre nós, produzimos um Kli que produz uma sensação de conexão, união entre nós. Primeiro vem o amor pelas pessoas, como está escrito, “Ama teu próximo como a ti mesmo. ”* Posteriormente, o amor pelo Criador chega. O todo da humanidade deve alcançá-lo, o povo de Israel, bem como os não, Judeus que são atraídos a isso e podem alcançar verdadeira conexão com o Criador.

É por isso que Moisés não pertenceu aos sacerdotes, ou aos Levitas, ou a Israel; ele é um ponto acima de qualquer definição. Embora ele os inclua, ele ainda está acima deles. A correção do mundo é que todos nós nos unamos. Quanto mais nos unimos e nos tornamos semelhantes à luz superior, o Criador, mais Ele está conosco e dentro de nós.

Esta porção detalha vestimentas. Diz-se que somente os “sábios de coração” podem preparar estas vestimentas. Quem são os sábios de coração?

Os “sábios de coração” são aqueles cujos corações, ou seja, desejos, estão ordenados de acordo com Chochmá (sabedoria). Estes não são desejos vulgares, mas aqueles que foram ordenados pela luz de Chochmá. Desta forma, o começo da porção fala sobre a luz geral que reforma, que ilumina todos os Kelim (vasos). Somente com esta luz é possível levar a cabo as Mitzvot (mandamentos) descritos na porção, que é o porquê dela ser chamada Tetzavé (Ordem). A ordem do Criador vem somente para nos dar a luz que reforma. O Criador conta-nos como usá-la em prol de alcançar correções, tais como as vestimentas do alto sacerdote e a construção do tabernáculo.

É somente quando alcançamos uma certa fase de sabedoria do coração que podemos usar estas vestimentas?

O coração é o tabernáculo de todos os nossos desejos, mas somente se nós ordenarmos todos nossos desejos na ordem certa, usando a luz superior, a Menorá (lâmpada) que ilumina para essa pessoa, a luz que reforma. A “ordem certa” significa em prol de doar, de fácil ao difícil. Não é algo que precisemos de construir; isso constrói-se por si mesmo. O mandamento relaciona-se somente a nossa voluntariedade; devemos colocar-nos debaixo da luz com nosso Kli, então o Kli vai adquirir a forma da luz. Os sábios de coração não sabem como fazer tudo; eles só sabem como se prepararem para que a luz trabalhe sobre eles.

Porque é o envolvimento com as vestimentas possível somente deste ponto em diante?

“Vestimenta” é a intenção de doar.

Então quais são as intenções dos de sábio coração?

Os de sábio coração são aqueles que se preparam a si mesmos para a correção. Quando ela chega, ela traz-lhes estas vestimentas.

De O Zohar: E Vós Ordenareis

Quando lá escreve, “E vós”, significa incluir a Divindade na ordem e no discurso.  A  luz  superior, ZA e a luz do fundo, Nukva, estão incluídos juntos na palavra, “E vós”, dado que “vós” é o nome da Nukva e a Vav somada (“e”) é ZA, como está escrito, “E Vós os preservais a todos”, relacionando-se a ZA e Nukva. Zohar para Todos, Tetzavé (Ordem), itens1-2

Zeir Anpin é o Criador, a força superior, a luz que nos alcança. A nós que queremos nos conectar e construir a Nukva. Embora ela mesma não exista, esta parte foi deixada após a quebra. A alma foi quebrada e seus pedaços estão espalhados. Tanto quanto quisermos conectar, não conseguiremos. Contudo, temos a tendência para isso e em correspondência, a luz nos afeta e conecta. Se há uma inclinação adicional, então luz adicional nos influencia e conecta.

É por isso que nosso trabalho é chamado “dia-a-dia”, como em “Dia-a-dia derrama discurso” (Salmos, 19:3). É assim que chegamos ao fim do ano, o Dia do Perdão que nos conecta e nos conduz para todas as correções. E então que expiamos por nossas iniquidades.

Todavia, estas não são nossas iniquidades, mas desde o tempo da quebra de Adam HaRishon, antes de termos sido criados, dado que “a inclinação no coração do homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21). Quando examinamos estas questões e as quisermos superar e nos conectar acima de todas as diferenças e ódio para alcançar o amor, alcançamos o pé do Monte Sinai.

Porque é Yom Kipur (Dia do Perdão) considerado o dia mais sagrado?

Ele é o ponto de contato de todos os desejos que  preparámos para se  conectarem a todos  em  um único Kli, para estarem em Dvekút com o Criador. Isto é, ele é a implementação de nosso trabalho neste mundo.

Depois  devemos  alcançar  a  revelação  do  Criador,  unidade  e  amor  pelos  outros. Yom  Kipur simboliza-o.

Isso é um dia especifico do ano?

Não, um dia é um grau. Se uma pessoa realiza todas as correções, o grau que um alcança é chamado Yom Kipur. Isso poderia acontecer em qualquer um dos dias do ano pois não se trata de um dia, mas de um estado espiritual.

O que há de tão especial neste dia que somente a qualidade conhecida como o “alto sacerdote” faz a correção necessária no Santo dos Santos?

Quando somamos todas as correções nos níveis inanimado, vegetativo, animado e falante na sua forma final, alcançamos Dvekút (adesão). Tem de ser “mundo”, “ano”, “alma” e “lugar”. Isto é, ordenamos todos os desejos – inanimado, vegetativo e animado – “as vestes”, que são também a cobertura da tenda e todas nossas vestes do vegetativo. O “animado” são as oferendas de Yom Kipur. O “alto sacerdote” inclui o todo da humanidade, com todas as correções no nível humano, falante.

Se as juntarmos no dia especial chamado Yom Kipur (Dia do Perdão) isso traz-nos ao ponto       de Dvekút com o Criador. Este é o mais alto nível que conseguimos alcançar, o fim da correção e a ascensão a uma dimensão superior.

De O Zohar: Soprai o Chifre (Shofar) na Lua Nova

Assim, “Serve o Senhor com alegria”, dado que a alegria do homem atrai outra alegria, a superior. Similarmente, o mundo inferior, Malchut, quando ela é coroada, também ela prolonga do alto. É por isso que Israel se apressam a despertar um som no Shofar, que inclui fogo, vento e água, a linha do meio, que consiste das três linhas que se tornam uma e sobe para cima. Zohar para Todos, Tetzavé (Ordem), item 94

As três linhas descrevem o trabalho dos sacerdotes – Sacerdote, Levita e Israel – que descrevem nosso trabalho.  Eles  são  duas Klipot (casca/peles):  a Klipá (singular  de Klipot)  da  direita,  Ismael  e   a Klipá da esquerda, Esaú. Direita e esquerda são nosso trabalho e nossa vontade de receber, oposta à qual está o desejo de  doar e  a medida  à qual  conseguimos  somar estes  desejos  ao remover  as Klipot de Ismael e Esaú.

É assim que construímos a linha do meio, a linha de Dvekút, chamada Adam. Nesta linha, quanto mais conectamos todos estes desejos entre nós, mais alto ascendemos na nossa conexão. Estes incluem todas nossas intenções de alcançar similaridade com o Criador, doação e amor pelos outros e daí para o amor pelo Criador. Se alcançarmos união nessa linha, alcançámos o propósito da Criação.

Devemos compreender que as presentes mudanças que o mundo está a atravessar, a miríade de problemas, a crise global, são sinais que devemos começar a conectar, dado que somente ao nos conectarmos seremos capazes de resolver a crise.

Esta é a razão pela qual a sabedoria da Cabala está agora a surgir à superfície, para que a luz que reforma, a Menorá iluminada, possa brilhar sobre aqueles que se querem santificar a si mesmos e chegar ao Templo, para realizar sua tarefa no mundo. Hoje, estamos no meio da própria realização da porção, “Ordem”.

O Criador soa a uma força dominadora e opressiva, enquanto a criatura está em um estado de constante pecado e pedido por perdão. Este é um sistema algo complicado.

Pelo que deve um pedir perdão? Se está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”*****, então o Criador a criou. Porque devemos pedir perdão? Pelo contrário, devemos exigir, “Eu quero que TU corrijas aquilo que TU criaste em mim”. Isso é chamado “Meus filhos Me derrotaram. ”****** O Criador vai acolhe-lo. Interpretamos mal a Torá ao pensar que somos pecadores, enquanto o pecado não está em nós. Nosso único pecado está em não pedir correção. Aquilo que está em nós não veio de nós; não nos podemos culpar por aquilo com que nascemos.

Devemos dizer em respeito a todas nossas qualidades, personalidade e tudo aquilo que somos, “Ide ao artesão que me fez. ” ******* Nós não somos culpados. Nossa culpa, nossa mácula, está em não nos examinarmos e pedir correção, nos tornando semelhantes ao Criador – doando, amando os outros e benevolentes.

Quando não revelamos e não pedimos correção, é então que estamos em falta. Não cometemos a transgressão pela qual exigimos correção. Isto é simplesmente algo com o qual conectar com o Criador, para estar em constante diálogo com Ele. A inclinação ao mal é “ajuda feita contra nós”. Por um lado, ela remove-nos do Criador. Por outro lado, ela dá-nos uma razão “oficial” para nos conectarmos com Ele.

 

Termos

Vela Interminável

Uma pessoa que quer alcançar o ponto de contato com o Criador chamado “o trabalho do sacerdote no Templo”, primeiro deve zelar por sempre ter a luz que reforma, pois somente com ela é um santificado – acrescentando a direção de doar aos seus desejos, assim subindo mais perto do Criador.

Óleo de Oliveira

Na espiritualidade, “óleo de oliveira” é a luz que alcança Zeir Anpin, Malchut.

Sacerdote

Um “sacerdote” é o mais alto grau do homem. Ele vem da linha esquerda e da linha direita e alcança a pura e completa doação. Este grau inclui o grau de Biná, ZAT de Biná e o grau superior, GAR de Biná. É impossível ser um sacerdote sem também ter Levitas e Israel no interior. Isto é, um “sacerdote” é aquele que atende ao mundo inteiro, bem como a Israel e se une com todos.

É trabalho duro alcançar o grau de um sacerdote pois um deve atualizar os maiores e mais poderosos desejos.

Couraça

A “couraça” é um daqueles elementos de vestuário que pertence à parte interna da alma.

Sumário

A porção, Tetzavé, é nossa abordagem para o Criador. Se queremos nos corrigir, temos a possibilidade de fazê-lo enquanto dando aos nossos corpos materiais o que quer que precisem.    A coisa importante na vida é alcançar o mundo eterno e completo, como está escrito, “Verás o teu mundo na tua vida”*, aqui e agora. Tudo é expresso na conexão entre nós: do amor pelo homem ao amor pelo Criador. É assim que alcançamos o fim da correção. Podemos fazê-lo aqui e agora; isso depende inteiramente de nós.

* RASHI, Êxodo

** Talmude, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

*** Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

**** Talmude de Jerusalém, Maséchet Berachot, 27b.

***** Talmude Babilônico, Maséchet Nezikin, Bába Metzia, 59b.

****** Talmude Babilônico, Maséchet Taanit, p. 20b.

******* Masechet Berachot, 17a

Terumá (Donativo)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 25:1-27:19)

 

Sumário da Porção

A porção, Terumá (Donativo), lida principalmente com a construção do tabernáculo. O Criador instrui Moisés a dizer aos filhos de Israel, “E eles levarão por Mim um donativo de cada homem cujo coração o mova levareis Meu donativo” (Êxodo, 25:2). Os donativos do tabernáculo e seus instrumentos – a arca da aliança, a tampa da arca, a mesa de pães, a Menorá (lâmpada), as tábuas do tabernáculo, os casquilhos, o véu, o altar de cobre e os pendentes do tribunal. O Criador também conta a Moisés como construir o tabernáculo. A porção é chamada Terumá (donativo) por causa do mandamento de doar.

 

Comentário

Tudo o que temos é a construção do tabernáculo. É aqui que o Criador é revelado e é aqui que Ele reside. Devemos construí-lo através de um donativo e elevar a importância da qualidade de doação e  amor   pelos   outros   (em   Hebraico,   a   palavra Terumá (donativo)   também   diz   respeito   a Haramá (elevar), como em, “elevando a Hey”*). Quanto mais exaltamos a qualidade de doação e a usamos adequadamente, mais corrigimos nossos Kelim (vasos), nomeadamente nossos desejos, que presentemente usamos para nós mesmos, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal..”.**

A construção do tabernáculo explica o processo de nossa correção do mais fácil para o mais difícil, à medida que gradualmente construímos o tabernáculo dos nossos mais leves aos mais pesados, maiores e mais egoístas desejos.

Nosso donativo para o tabernáculo deve vir do coração, que contém todos os desejos. Somente aqueles que são conduzidos pelo impulso do coração são permitidos oferecer um donativo e deste “investimento” eles construirão seus Kelim. Os Kelim são as conexões entre nós que estabelecem o tabernáculo. No tabernáculo aparece a força superior, o Criador, de acordo com nossa equivalência de forma. Isto é, descobrimos o Criador à extensão de nossa semelhança com Ele.

O Criador é uma força oculta e não nascemos inerentemente com instrumentos para O descobrir pois não possuímos qualidades semelhantes às Suas. Por exemplo, escutamos sons porque nossos tambores auditivos reagem a certas frequências. Similarmente, podemos distinguir diferentes odores  pois  temos  neurónios olfativos que  os  detectam.  Estes   são nossos Kelim (em Hebraico, Kelim significa tanto “vasos” como “ferramentas”). Contudo, somos desprovidos de instrumentos para detectar a força superior, o Criador, a fonte da energia.

Porém, todas as coisas se movimentam e existem por esta força. Sua origem, contudo, está escondida de nós, tal como a direção de sua movimentação, seu “vetor”, meta e porque ela se movimenta e opera todas as coisas.

Este conhecimento é revelado no tabernáculo à medida que nos corrigimos de acordo com a influência da força superior, em equivalência de forma com ela. Equivalência significa que se Ele é bom e faz o bem, se Ele ama o mau tanto quanto ao bom***, nós também devemos alcançar o estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo. ” **** Construímos o tabernáculo de acordo com a correção gradual de nossos desejos do egoísmo para a doação e amor.

A Torá e o Talmude ensinam-nos que o tabernáculo, com todos seus detalhes, simboliza a correção da alma. Não se trata da construção de um belo edifício em Jerusalém, nem de ferramentas físicas. Em vez disso, trata-se do coração do homem e sua correção interna.

Pois está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”*****, pois “a luz nela reforma. “ ******* É por isso que está escrito que somente uma pessoa com um bom coração deve fazer donativo, pois com isso, um verdadeiramente deseja corrigir o seu coração.

O “donativo” é a remoção gradual dos desejos egoístas que podem ser corrigidos, avançando de um estado de separação e ódio pelos outros para a doação e amor pelos outros.

Esta porção aparentemente se relaciona a aqueles que se desejam santificar, se edificar a si mesmos de tal maneira que a fonte de energia, essa qualidade superior, apareça neles. Isto permite-os saber de onde a vida e toda a nossa energia vêm e porquê, bem como ajuda-los a determinar para onde se dirigem.

Devido a abrangente crise na qual nos encontramos, precisamos de informação sobre este processo, sem ela, não saberemos o que fazer. Aqueles que estudam a sabedoria da Cabala descobrem como podem proceder na vida.

No passado, se encontrássemos problemas, sabíamos como  os  superar.  O  mundo  ainda  não  se havia tornado redondo, global. Mas hoje, enquanto o mundo se tornou redondo, global, uma lei geral aparece, que podemos compreender somente se nós mesmos nos tornarmos redondos.

Isto é, agora nos é pedido saímos de nós mesmos, da nossa mentalidade pessoal, individualista, e começar a conectarmos com os outros. Correspondendo à força comum que aparece entre nós, nomeadamente o Criador – que aparece entre nós como o habitante do tabernáculo, descobriremos como resolver esta crise abrangente.

É isto o que torna esta porção tão pertinente. Assim que começarmos a seguir o requisito da Torá de construir o tabernáculo a partir de nossos corações, até se apenas ligeiramente, começaremos a compreender o que nos é requisitado em prol de restaurar o equilíbrio. Quando compreendermos a Lei do Equilíbrio, a lei geral da realidade, saberemos como solucionar a crise. Hoje, estamos espantados com o que devemos fazer conosco no futuro. É por isso que nos é mostrada destruição em escala que não consegue ser resolvida, até através da guerra e outros eventos trágicos.

Deste modo precisamos circular a sabedoria da Cabala para revelar a solução para todos os problemas. Esta é a única razão pela qual a Cabala está a aparecer aqui e agora, para que possamos usar os instrumentos que nos são dados adequadamente. Tudo o que precisamos é concertá-los um pouco e gradualmente compreendermos o Criador, o Revelar e avançar para a correção da crise, para uma vida feliz.

 

Perguntas e Respostas

Parece que quanto mais tentamos colocar ordem no mundo, mais desordem nós criamos.

Isto é verdade somente se agirmos com nossa própria razão em vez da razão do Criador.

Esta é a situação hoje; todos estão a tentar colocar as coisas na ordem porque ninguém quer desordem.

Verdade. A Natureza é atraída para o equilíbrio. Podemos ver que se um lugar está mais quente que o outro, eventualmente as temperaturas se equilibram. Similarmente, se há pressão de ar quente em um lugar e baixa pressão de ar noutro, o vento equilibrará a pressão. É assim que o todo da Natureza opera. O movimento da Natureza sempre aponta para o equilíbrio – desde átomos até às moléculas e até todas as partes da Natureza.

Há elementos na Natureza onde parece que não há necessidade de acrescentar energia. elétrons, por exemplo, rodam interminavelmente e em alta velocidade. E, todavia, deve haver energia que promove este movimento constante. Não fazemos ideia de onde os elétrons recebem sua energia, mas isso é somente porque a energia se encontra abaixo das fronteiras de nossos sentidos.

Em correspondência, sabemos quantas calorias devemos consumir em prol de funcionar, ou quanta energia temos que gastar para operar uma máquina. Testamos nossas fontes de energia, tais como o petróleo e gás e construímos centrais energéticas e barragens de água para usar esta energia. Na verdade, tudo está em desequilíbrio entre esses dois níveis, entre o menos e o mais e usando a tensão entre eles construímos várias coisas, tais como pilhas.

Hoje testemunhamos um esgotamento dos recursos energéticos; estamos “ficando sem combustível”.

Felizmente, receberemos a energia que precisamos do Criador. Ele nos desgasta de propósito para que possamos alternar para energia em um nível superior e aprendamos como a utilizar adequadamente.

O que é então, um tabernáculo contemporâneo? São as relações entre nós que devemos estabelecer desta maneira?

Sim, não temos escolha. Se estabelecermos as conexões adequadas entre nós, de amor, ou pelo menos de garantia mútua, nos tornaremos responsáveis uns pelos outros e compreenderemos que somos partes de um único sistema. Então descobriremos a verdadeira fonte energética e seu programa (software), e aprenderemos como usá-lo adequadamente.

Falamos sobre uma energia que traz equilíbrio aos movimentos entre o negativo e positivo. Como é que esta energia, à qual chamámos o “tabernáculo”, vai fazer o equilíbrio acontecer?

Nós não descobrimos a energia no tabernáculo em si mesma. Em vez disso, descobrimos sua origem, o Criador. Este é o poder que falta no mundo. Há bastante matéria no mundo; tudo o que falta é

o poder para a ativar, o poder da doação. Nestes dias vamos aprender quão incapazes somos de trabalhar com os poderes que temos. O problema é, não temos falta de energia negativa, mas precisamos de mais energia positiva.

Quando nos conectarmos “como um homem com um coração” (RASHI, Êxodo, 19b), de acordo com a explicação de Moisés a respeito da construção do tabernáculo, chegaremos ao lugar onde a qualidade do Criador aparece, nomeadamente a força superior. Esta é a fonte de energia à qual chamamos “luz”. Certamente, até o estudo da física considera a luz a mais alta forma de energia.

Quando estamos em equilíbrio, estamos certos de ter sucesso. Além do mais, o sucesso não é só nesta vida transitória, mas também na conexão com a força superior, pois fluímos na corrente da vida eterna de acordo com ela.

Depois do tabernáculo, receberemos o tipo certo de energia?

Vamos recebê-la no tabernáculo. O Criador é revelado no tabernáculo, que contém nossos desejos corrigidos e os desejos desconhecidos que tínhamos que eram anteriormente odiosos e rancorosos uns para os outros. A força superior aparece quando nos elevamos acima desses desejos.

De O Zohar: Fareis o Tabernáculo com Dez Cortinas

O estabelecimento do tabernáculo é de vários graus, pois está escrito sobre isso, “E o tabernáculo era um”, demonstrando que todos os órgãos do corpo do tabernáculo são de um único corpo. Isso é como uma pessoa que tem vários altos e baixos órgãos. Os internos estão dentro e os revelados estão fora. Contudo, todos são considerados um corpo e isso é considerado uma pessoa em uma conexão. Assim é o tabernáculo: todos os órgãos são como o citado e quando todos eles se unem como um, está escrito, “E o tabernáculo era um”. Zohar para Todos, Terumá (donativo), itens 664-665

É assim que descobrimos a força singular chamada “a força superior”, que devemos experimentar. Sem isto, gradualmente perdemos a vitalidade, como é evidente no que testemunhamos hoje.

Como será revelada a nova ordem de nos “sentirmos como um”?

Através da carência, precisamos compreender que somos incompetentes; não conseguimos ter sucesso. Ao procurar o elemento pelo qual podemos ter sucesso, descobriremos a futilidade de nossos esforços. Isto, acompanhado do desenvolvimento e circulação da sabedoria da Cabala através de garantia mútua, é quando compreenderemos que não temos alternativa senão nos conectarmos gradualmente a esse poder eterno, completo, omnipotente e omnisciente, que é a derradeira fonte de energia.

Ao todo, quando as pessoas dão um Terumá (donativo), elas querem ser honradas e recordadas e então o donativo adquire valor adicional. É esta a direção certa?

Não. Terumá relaciona-se à conexão de corações. Se uma pessoa tenta usar o donativo em prol de ganhar respeito, notoriedade ou valorização como uma grande pessoa, até se ninguém souber desta sua ambição, isso ainda é preenchimento egoísta. Esse indivíduo não se está a conectar com outros, mas em vez disso, os está a idolatrar.

Como pode isto mudar para que se torne verdadeiramente um donativo pelo Criador?

Desamparo faz-nos sentir diferentemente e ao disseminar a sabedoria da Cabala, estamos a somar grande poder a esta transformação. Pode parecer que não fazemos muito, mas nossas atividades estão a induzir muitas revelações do Criador no mundo. Por agora, tais revelações são em um nível em que as pessoas estão dirigidas para essa busca de direção, sentindo que as conexões entre elas as podem salvar. Estamos a ver os protestos no mundo em uma perspectiva positiva, bem como da (aparente) negativa. Através de tais rebeliões, podemos ver que nossa única esperança é nos conectarmos, que somente a conexão nos fornecerá a força da vida.

Quando isso acontecer, qual será o donativo?

O “donativo” é a conexão. Se valorizarmos o poder de doação, isso é chamado fazer “donativo”. Por um lado, o exaltamos, por outro, sentimos quão baixos e inferiores nós somos. O mundo é redondo, integral e podemos ser salvos somente através da união. Todavia, estamos conscientes que somos o oposto da união. Sabemos que precisamos da força superior para nos influenciar e conectar para que estejamos de acordo com a Natureza, com o mundo global.

De O Zohar: E Levarão Eles Um Donativo para Mim

Como sabemos que o Criador o deseja e coloca Sua abadia dentro dele? Quando vemos que a vontade do homem é buscar e se esforçar pelo Criador com seu coração, alma e vontade, saberemos de certeza que a Divindade ali está presente. Então precisamos comprar esse homem a preço inteiro, nos conectarmos com ele e aprendermos dele. Aprendemos sobre isso, “E comprai para ti um amigo”. Ele deve ser comprado peço preço inteiro para ser recompensado com a Divindade que está nele. É até aqui que precisamos buscar um homem justo e o comprar. Zohar para Todos, Terumá (donativo), item 39

As pessoas não compreendem o sentido do termo “donativo”, pensam que se trata de dinheiro. Contudo, donativo diz respeito a uma Massach (tela) da qual um projeta o eu, se sacrificando a si mesmo.

Está escrito, “Compra para ti mesmo um amigo. “******** Isto é, nós anulamos nossos egos e nos conectamos   com   o outro,   querendo   derrubar   esta   partição   entre   nós.   Nossos    corações inerentemente querem ser individualistas, egoístas e removidos dos outros, todavia devemos ser o exato oposto. Se queremos nos conectar com alguém, devemos ser mais humildes que esse alguém. Este é o sentido de conectar, nomeadamente o donativo. Não é assim que estamos habituados a pensar sobre isso; o “doador” é aquele que está disposto a doar a si mesmo, seu coração e todos os seus desejos e capacidades. Quando doamos, nos tornamos incluídos nos outros e assim nos conectamos.

 

Termos

Donativo

Um “donativo” é o que uma pessoa consegue colocar de parte, a parte do ego que um consegue sacrificar e corrigir para trabalhar em prol de doar. Cada vez, devemos colocar de parte mais e mais de nossos corações para a correção até que eles sejam inteiramente “corações de carne” em vez dos presentes “corações de pedra”.

Expiação

A alma coletiva foi quebrada; todos estamos quebrados. “Expiação” significa que devemos corrigir a intenção desses vasos quebrados, desejos quebrados – os 613 desejos quebrados que são nossa alma.

Devemos nos conectar com os outros e assim descobrir o Criador que aparece em nenhum de nós, mas em vez disso na união entre nós. Gradualmente, devemos construir o tabernáculo e nele alcançar a revelação do Criador. Está escrito que o Criador diz cada vez, “Fazei este ou aquele trabalho e Eu virei e aparecerei diante de vós lá e vos direi o que precisa ser feito”. O trabalho comum das pessoas é o que produz a revelação do Criador entre elas e o que clarifica o próximo passo.

A Arca da Aliança

É daqui que a força superior vem – o lugar de onde o Criador aparece.

Menorá (o candelabro sagrado)

Esta é a divulgação da força superior dentro dos nossos Kelim (vasos). A Menorá é a revelação do Criador, que aparece como as sete Sefirot de Zeir Anpin, em sete qualidades – cada uma representando a Menorá.

Casquilhos, Véu

Um “casquilho” um “véu” diz respeito ou à vontade de receber ou à Massach (tela) sobre ela, que a transforma de trabalhar em prol de receber para trabalhar em prol de doar. Há somente três elementos no todo da realidade: a substância, nomeadamente a vontade de receber; a qualidade de doação que pode estar sobre ela, ou seja a Massach; e a luz superior, o Criador. A luz superior aparece como a força que opera no operado, que somos nós à extensão que estamos abertos para aceitar essa força externa.

Cujo Coração O Move

O “coração” são todos os 613 desejos do homem, que são tudo o que temos. Nós queremos aproximar nossos corações, dos desejos que são mais fáceis de corrigir até aos mais difíceis, através de todos os 613 desejos e 125 graus, em três linhas, em Yod-Hey-Vav-Hey. É assim que nos tornamos corrigidos.

A correção não é feita por nós. Devemos tomar em consideração todos os outros que estão conosco na rede e é isto que devemos corrigir. Não corrigimos a nós mesmos, mas nossas conexões com os outros. O elemento decisivo revela-se somente de acordo com os outros. Isto é, a correção é de nossas conexões, não de nós mesmos.

De O Zohar: Um Dióspiro e uma Cadeira de Sedã

20) “Rei Salomão lhe fez uma cadeira de sedã das árvores do Líbano”. Uma cadeira de sedã é o palácio inferior, Malchut, como o palácio superior, Biná. O Criador lhe chamou “o Jardim do Éden”, e Ele o plantou pelo Seu deleite. Seu desejo é brincar nele com as almas dos justos onde todos eles se encontram e são inscritos dentro dele. Um dióspiro é o palácio superior, que está coberto e oculto, Biná. A cadeira de sedã, o palácio inferior, é Malchut, na qual não há apoio até que seja apoiada pelo palácio superior.

Zohar para Todos, Terumá (donativo), itens 20-21

Apoiar  é  a  qualidade  “redonda”  de BináGAR e ZAT  de  BináMalchut, que  é   nosso   inteiro Kli (vaso), nomeadamente todas as criações – se conecta à força superior, Biná, a qualidade de doação. Quanto mais Malchut se conecta a Biná, mais ela ascende até Biná juntamente com os outros desejos pela correção e mais uma conexão é feita entre a cadeira de sedã e o dióspiro.

O dióspiro em si mesmo é fechado. Este é o dióspiro superior, GAR de Atzilut. Ele é o inteiro pensamento da Criação, um estado que aparecerá somente no fim da correção. Contudo, através da ascensão de Malchut gradualmente pertencemos a ele e recebemos dele, embora ele apareça somente na cadeira de sedã, Malchut.

Porque o centro é a conexão entre nós, o tabernáculo que aparece entre nós, como nos corrigimos?

A inteira Torá fala somente de “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero porque a luz nela reforma. “ Porque reforma ela? Em prol de alcançar um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo”, a regra basilar que nos guia a toda a hora.

Esta porção especial detalha como nos corrigimos, nos ensinando sobre a anatomia de nossos corações, sobre nossos desejos, suas formas e o grau ao qual os podemos corrigir.

* Rabash, Os Escritos de Rabash, vol. 3, p 1806

** “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” (Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b).

*** Baal HaSulam, Os Escritos de Baal HaSulam, “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, item 90, p 789.

**** Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Maséchet Nedarim, Capítulo 9, p

***** Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b.

****** Midrash Rába, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 2.

******* Mishná, Maséchet Avot, Capítulo 1, item 6.

Mishpátim (Ordenanças)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 21:1-24:18)

 

Sumário da Porção

Na porção, Mishpátim (Ordenanças), o Criador dá a Moisés uma coleção de leis e julgamentos a respeito de vários tópicos: leis entre o homem e homem, escravos hebreus, criada hebraica, matar, roubar, emprestar dinheiro e outros. O Criador também dita leis a respeito do homem e Deus, carne e alimentos de ração, o Shabat, Shmitá (ano da omissão, se refrear de cultivar colheitas), etc.

Moisés transmite aos filhos de Israel a mensagem que o Criador os ajudará a entrar na terra de Israel os alerta sobre praticar idolatria. Moisés lê para eles do livro da aliança e o povo responde, “faremos e escutaremos” (Êxodo, 24:7). Moisés constrói um altar e oferece sacrifícios ao Criador e uma aliança é assinada entre o povo e o Criador. Moisés leva a cabo a ordem do Criador, ascende ao Monte Sinai para receber as tábuas da aliança, acompanhado de seu servo Josué e fica lá durante quarenta dias e quarenta noites.

 

Comentário

Na porção, Mishpátim (Ordenanças), Moisés ascende ao Monte Sinai, embora já tivesse recebido as leis e ordenanças e os filhos de Israel já mantivessem a Torá e leis a respeito das oferendas. Isto conta-nos que leis e ordenanças são uma única coisa, enquanto a Torá é outra.

A porção detalha todas as leis do mundo espiritual, tudo o que precisamos saber e fazer. Em prol de sermos capazes de as seguir, devemos receber a Torá. A Torá foi dada porque “Eu criei a inclinação ao mal, Eu criei para ela a Torá como tempero”. * Isto é, é mostrado a um a quem é ele comparável no grau de “homem”, em um estado de amar os outros e conexão entre todos, um estado de correção de todos os desejos egoístas.

É por isso que as leis vêm primeiro. Quando começamos a estudar a sabedoria da Cabala, compreendemos que primeiro nos corrigimos, nossa atitude para o grupo, para as pessoas e para o mundo. Há muitas correções internas da inclinação ao mal que devemos realizar. Quando compreendemos o que devemos fazer, o período de receber a Torá chega. Aprendemos a receber a luz que nos corrige durante nossos estudos.

É assim que gradualmente obtemos o Criador, a força superior que preenche o mundo superior. É por isso que se diz, “Faremos e escutaremos”. Primeiro devemos fazer e então – nos Kelim (vasos) corrigidos que construímos, descobriremos o Criador preenchendo esses Kelim.

A porção explica a estrutura da alma porque isso é tudo o que há. Embora estejamos a viver na alma agora, também, sentimos e compreendemos este mundo dentro da alma a um grau muito limitado, o grau inerte (inanimado). A porção conta-nos como abrir a alma, o Kli (vaso) e como corrigir e a expandir. Isto permite-nos transcender os limites deste mundo.

Quando corrigimos todos os níveis da alma, nomeadamente os desejos corruptos e descobrimos dentro deles a dimensão superior, o mundo superior. Assim, em acréscimo a nossa percepção deste mundo, também sentimos o mundo superior, como está escrito, “Vereis o vosso mundo na vossa vida”. ** A Torá foi nos dada de modo a nos abrirmos para a percepção do mundo espiritual, para que vivêssemos em ambos os mundos através de nossa presente percepção, através de nossos corpos.

Hoje, o mundo inteiro, a humanidade inteira, está em uma crise. É uma fase de transição de somente perceber este mundo para perceber o mundo espiritual, também.

Em conferências que discutem o futuro do mundo, cientistas afirmam que o todo da humanidade está a transitar para uma nova percepção. Deste modo vemos que estamos a alternar para novas leis e uma nova percepção da realidade.

A porção, Mishpátim, é hoje pertinente, também, pois estamos a descobrir que não conhecemos as leis que afetam nosso mundo, tornando difícil para nós lidar com ele. Quando começarmos a compreender o mundo, descobriremos que para lidar com ele precisamos da Torá para nossa instrução, pois “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero. “

Devemos reconhecer que não temos ainda o poder da luz que reforma, a Torá da luz, nomeadamente a sabedoria da Cabala, com a qual podemos corrigir a natureza humana. Com a natureza corrigida, veremos uma nova, realidade expandida.

Quando Moisés chega com Josué ao Monte Sinai, ele deixa-o em baixo e ascende. Ele permanece na montanha durante “Quarenta dias e quarenta noites” (Gênese, 7:4) em prol de receber o poder da Torá. Isto significa que ele subiu um grau.

O homem é um pequeno mundo. Deste modo, devemos chegar para ver que a realidade inteira está dentro de nós. Dentro de nós estão todas as leis, todas as ordenanças, o povo de Israel, todas as partes de nossa vontade de receber que devemos ordenar como a estrutura de nossas almas. Deixamos o que é considerado “Josué” em baixo, enquanto Moisés sobe para o topo da montanha. Quando dispusermos a imagem corretamente na fase de nosso progresso espiritual chamado “a porção, Mishpátim”, avançaremos para alcançar a meta da Criação. Nesse estado, sentiremos como aquele que sobe para a montanha e já se encontra em contato com o Criador.

 

Perguntas e Respostas

A porção detalha muitas regras a respeito dos escravos Hebreus, ingerir carne e comidas de ração, etc. Estas estão detalhadas em duas partes: entre o homem e homem e entre o homem e Deus. Por um lado, dizemos que tudo se trata das relações entre as pessoas. Por outro lado, dizemos que tudo se trata de se conectar ao Criador. Porque fazemos essa divisão?

Todas as regras foram destinadas à correção da alma, ou seja, de nossa vontade de receber. Tudo o que foi criado é a vontade de receber e cada um de nós está imerso nela. A vontade de receber está dividida em dez Sefirot: Kéter, Chochmá, Biná, Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut. Ela está também dividida em três linhas, em cinco Bechinot (Discernimentos) e em Aviut (densidade, níveis de desejo), Shóresh (raiz), Alef (um), Bet (dois), Guimel (três)    e Dálet (quatro). Ela contém tudo.

Nós vivemos dentro de nossa vontade de receber, chamada uma Neshamá (alma) e o Criador é a força geral de doação e amor, nós não conseguimos descobrir o Criador na nossa alma. Ele está escondido. Podemos descobri-Lo somente se corrigirmos nossa vontade de receber para que ela trabalhe em prol de doar, em amor pelos outros. Nesse processo aparece a força de doação e amor, chamada “o Criador”.

Então como a corrigimos e como aproximamos a correção?

O Mundo inteiro está enganado quando fazendo essa pergunta. Todos pensam que compreendem o que precisamos fazer na vida; é por isso que há tantas religiões e sistemas de crença. Mas nenhum, com a exceção dos verdadeiros Cabalistas tem qualquer noção clara.

De fato, nossa Torá é muito simples. Até está escrito, “Ela é uma coisa fácil”. *** Precisamos nos juntar a um grupo que se envolva somente no amor de amigos e que esta seja sua meta. Se formos como “um homem com um coração”, **** receberemos a Torá. Se não formos, aqui será nosso enterro, como está escrito, “Se receberes a Torá (lei), bom; se não, lá será vosso enterro”. ***** Isto é, tudo se relaciona à conexão.

Há duas fases no amor pela humanidade. Primeiro, há “Aquilo que odeias, não faças a teu amigo”.

****** Depois, há “Ama teu próximo como a ti mesmo … é uma grande regra na Torá. “******* Ambas as fases são levadas a cabo em um grupo, onde aprendemos todas as regras entre o homem e homem.

Quando compreendermos, como e tivermos dominado estas leis, e pudermos senti-las, vamos compreender como avançar do estado de “…e vós amareis o Senhor vosso Deus com todo vosso coração e com toda vossa alma e com a vossa força” (Deuteronômio, 6:5). Nesse estado adquirimos a  mente,  coração,  entendimento  e  inclinação  para  isso  quando   nos   envolvemos   no   amor pelos outros. É por isso que avançamos de amar as pessoas para amar o Criador.

Estas são regras a respeito do homem e homem e há regras a respeito do homem e Deus. Porque sentimos que é mais fácil observar os mandamentos entre o homem e Deus?

É mais fácil porque quando realizamos mandamentos entre o homem e Deus sentimos que podemos dizer o que nos apetece. É suficiente enfiar uma nota em uma fenda no Muro das Lamentações em Jerusalém para nos acalmarmos. É agradável; não recebemos resposta; ninguém nos diz se fazemos bem ou mal, ou se é suficiente ou não. Contudo, para os amigos, parentescos, vizinhos, a nação, estado e a humanidade, precisamos na realidade alcançar nossa meta: examinar se os amamos ou não.

“Amor” significa que pegamos nos desejos dos outros e os satisfazemos como pudermos, cuidando deles antes de cuidarmos dos nossos próprios desejos. Este é o sentido do amor. É servir os outros de todas as maneiras, em vez de nos servirmos a nós mesmos. Hoje isso parece impossível, então é mais fácil encobri-lo dizendo, “Não te preocupes, eu me dou bem com o Criador”. Contudo, isto leva-nos para muito longe da verdadeira Torá.

De O Zohar: Administrar Justiça pela Manhã

Porque   o   Criador   achou   adequado   dar   os   julgamentos   a   Israel,   ou   seja,    a  porção Mishpátim (Ordenanças), depois dos Dez Mandamentos?

A Torá foi dada a Israel do lado de Gvurá. Por esta razão, devem eles estabelecer paz entre eles através de julgamentos e ordenanças, para que a Torá seja mantida de todos seus lados. O mundo existe somente sobre Din, pois sem o Din ele não existiria. E por esta razão, o mundo foi criado em Din e existe. Zohar para Todos, Mishpátim (Ordenanças), item 517

O mundo vive pelo julgamento pois o Criador criou somente a vontade de receber, um desejo egoísta que se quer satisfazer a si mesmo e se sentir bem. Não há nada na realidade senão o desejo de doar, que é a força superior e o desejo de receber, que é a força da criatura. Tudo aquilo que existe é o equilíbrio entre estas duas forças. Podemos também ver como ele se revela na ordem dos mundos, em Yod-Hey-Vav-Hey, como ele está enraizado e pende abaixo até este mundo.

Este mundo, também, é construído sobre quatro princípios. Se eles não existissem, não seria possível sustentar o universo com todas suas estrelas, a terra e a vida sobre ela. Estes quatro princípios existem nos átomos e no relacionamento entre as partes do átomo.

A vontade de receber é a fundação. Quando começamos a trabalhar com essa fundação em prol de doar, permeamos a Criação. Nunca fizemos isto anteriormente pois só temos usado as leis que estão em nós de forma egoísta.

Até agora, temos seguido o caminho pavimentado para nós pela Natureza. Agora, pela primeira vez, assim que chegamos à sabedoria da Cabala começamos aparentemente a trabalhar contra nossa natureza. É por isso que este trabalho é chamado “Meus filhos Me derrotaram” ********, porque nós vamos aparentemente contra o Criador.

O Criador criou a inclinação ao mal e nós podemos torná-la a boa inclinação, assim abrindo para nós mesmos uma realidade completamente nova. Somente neste novo mundo sentimos apenas nossa natureza.

Como está escrito em O Zohar, as correções são através da correção de Gvurá, que é o porquê de nos tornarmos Gevarim, da palavra hebraica Hitgabrut (superar). Isto é, nos elevamos acima de nossos egos e entramos no mundo acima do ego, o outro mundo – o mundo da doação.

O Livro do Zohar é especial por causa da influência da luz sobre nossa correção. Nunca na história houve outro evento onde dez grandes Cabalistas  se  reunissem,  cada  um  correspondendo  a uma Sefirá na cabeça do sistema de governação. Eles se reuniram e escreveram em primeira mão o plano seminal para governar e guiar o todo da realidade. De fato, eles mesmos foram parte dessa fonte.

Deste modo, quando lendo o que eles escreveram, atraímos sobre nós a luz para que ela nos possa santificar e nos trazer ao nível de Biná, que é chamada “sagrada” ou “santificada”, ou seja doação, amor pelos outros. É então que recebemos nossa melhor arma contra nossos egos.

De O Zohar: O Avô

Muitas são as pessoas no mundo cujas mentes estão confusas e não veem verdadeiramente na Torá. Cada dia, a Torá evoca-as com amor por elas, todavia elas não desejam voltar suas cabeças para trás e escutá-la. Na Torá, uma coisa sai de seu lençol, aparece brevemente e prontamente se esconde. Quando ela aparece do lençol e prontamente se esconde, a Torá o faz somente para aqueles que a conhecem e que são conhecidos nela.

…. Assim é uma palavra de Torá: ela aparece somente para aquele que a ama. A Torá sabe que o sábio de coração circula o portão para sua casa cada dia. O que faz ela? Ela mostra sua face de dentro do palácio, dá-lhe uma pista e prontamente regressa para seu lugar e se esconde. Todos aqueles de lá não sabem nem olham, mas somente ele, cujas entranhas e coração e alma a seguem. É por isso que a Torá aparece e se cobre e vai para seu amado com amor, para despertar o amor com ele. Zohar para Todos, Mishpátim (Ordenanças), itens 97-99

Quando precisamos revelar, também precisamos ocultar. E todavia, é exatamente quando ocultamos que revelamos. Esta é a Torá, o Meguilá de Ester (a história de Ester). Ela torna-           se Megulé (revelada) especificamente em ocultação. Quanto mais ocultamos nossos egos, mais revelamos o lugar acima do ego onde o Criador aparece. Esta é a contrariedade que as pessoas não compreendem. Nossos sentidos não o conseguem perceber pois a técnica de ocultação e divulgação é construída a partir do oposto.

Qual é o sentido dos mandamentos que a porção discute?

Todos os mandamentos são leis que dizem respeito à alma. Carne e comida de ração correspondem à direita e esquerda e observar o Shabat diz respeito à proibição de tocar na última parte da vontade de receber, que por agora permanece não atendida pois não temos a força para o fazer. Somente quando completamos todas nossas correções e alcançarmos o sétimo milénio, depois dos seis mil anos – os seis dias de trabalho sobre nossas  correções, nossa vontade de receber, alcançaremos      o Shabat, nomeadamente repouso. No Shabat, evitamos tocar em desejos que dizem respeito à sétima parte.

A porção descreve a humanidade aparentemente saltando um grau; que salto é esse?

Quando Moisés e o povo de Israel se aproximam de Monte Sinai, a natureza na qual eles se encontram – que eles devem corrigir – aparece para eles. Hoje, esse estado de correção necessária está gradualmente a aparecer diante da humanidade e muitas conferências académicas e científicas pelo mundo estão a discutir a correção que a humanidade está a atravessar.

Vão aparecer novas leis diante da humanidade?

Sim, e as pessoas começarão a falar sobre isso. Elas o compreenderão e o sentirão. Estamos mudando a cada dia. Uma nova consciência, nova sensação e nova percepção chegará ao mundo, fazendo as pessoas mais sensíveis. Subitamente, conseguimos perceber que há outra dimensão fora de nós, que estamos a viver nos nossos egos, dentro de nossa vontade de receber e que é aqui que percebemos a realidade. Sentimos através de nossos desejos e caso eles mudem, percepcionaremos uma realidade diferente, como está escrito, “Eu vi um mundo invertido”. *********

O que significa ver um mundo invertido?

Todas as leis da Torá foram destinadas somente a explicar como descobrir leis que são opostas a nós, como avançar do amor pelo eu para o amor pelos outros. Este é o sentido de ser invertido.

 

Termos

Lei, ou Regra

Vivemos debaixo de leis. A Natureza inteira é uma lei. O Criador é uma lei; a criatura é uma lei; tudo é uma lei – a lei de equivalência de forma com a força superior. A força superior é a principal, a fundação e constantemente nos medimos e todas as outras leis em relação a ela.

As leis são instâncias particulares de uma única lei, a lei de equivalência de forma. O todo da Criação deve alcançar o equilíbrio, equivalência e similaridade com a força do Criador. Cada um de nós, no nosso grau, devemos alcançar a doação e amor.

Qual é a diferença entre lei e julgamento?

Devemos aceitar a lei da doação e amor como superior ao ego. Assim, o que controla o ego e o sustenta, o que lhe dá a forma de doação em vez da forma de recepção, é a força de Din (julgamento). O homem deve restringir o ego, o prender e construir acima dele um novo Kli (vaso).

Isto é natural, vindo da Natureza?

Não, aquilo que a Natureza nos deu é o ego, a vontade de receber. Em prol de o tornar em um desejo de doar precisamos ter o impacto da luz superior. Precisamos de uma força externa que venha e nos ajude, a luz que reforma, que reforma essa força negativa e a torna em uma boa força. Ela foi em tempos uma boa força; é por isso que ela é chamada “reformadora”, tornando-a de volta para o bem. Agora é essa nossa tarefa de tornar a força negativa em uma positiva. Este é nosso trabalho.

Idolatria

“Idolatria” é servir a força que constantemente só quer para si mesma. Este trabalho é estranho para aqueles entre nós que verdadeiramente desejam manter as ordens da Natureza, as ordens do Criador.

Um Escravo Hebreu e uma Criada Hebraica

Estas são as partes de nossa vontade de receber egoísta – que contém todas as coisas desde rei a escravo, incluindo mulheres,   crianças,   homens,   jovens   e    velhos.    O    mundo    inteiro está nela, incluindo os animais, o céu, a terra e as estrelas. Todas estas são partes de nossos desejos, que vemos desta maneira – como se eles estivessem fora de nós.

Matar, Roubar

“Matar” refere-se ao desejo egoísta. É por isso que há um mandamento que se alguém o vier matar, você o deve matar primeiro. “Roubar” refere-se a roubar do gentio. Isto é, se a vontade de receber é considerada “um gentio”, é um mandamento roubar dela, ou não haverá justificação. Quando lemos as palavras literais, é impossível compreender a Torá pois ela fala inteiramente do mundo espiritual, a correção da alma e a revelação do Criador nela.

De O Zohar: Olhando pelas Janelas

Por esta razão, o coração vê, o coração escuta, o coração entende, o coração sabe. “E no coração de todo o sábio de coração coloquei Eu sabedoria”. Assim, sabedoria, inteligência e conhecimento estão no coração, pois neles os céus, a terra e os abismos foram feitos e neles foi o tabernáculo feito. Zohar para Todos, Mishpátim (Ordenanças), item 424

Um tabernáculo é o ponto de encontro da Divindade com o Criador.

* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin,

** Maséchet Berachot, 17a.

*** Midrash Rába, Devarim, Porção 11, item 11.

**** RASHI, Êxodo, 19b.

***** Talmude Babilônico, Maséchet Avodá Zára, p 2b.

****** Maséchet Shabat, 31a.

******* Talmude de Jerusalém, Séder Nashim, Masechet Nedarim, Capítulo 9, p 30b.

******** Talmude Babilônico, Maséchet Nezikin, Baba Metziá, 59b

********* Talmude Babilônico, Maséchet Nezikin, Baba Bátra, 10b.

Yitrô (Jétro)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 18:1-20:22)

 

Sumário da Porção

A porção, Jétro, começa com Jétro, sacerdote de Midiã, saindo com Zipora e os dois filhos de Moisés para encontrar Moisés e o povo, que saíram do Egito. Jétro dá a Moisés algumas dicas organizacionais a respeito de como julgar a nação, explicando que ele os deve dividir em ministros de milhares, ministros de centenas, ministros de cinquentas e ministros de dezenas

Os filhos de Israel chegam ao Deserto Sinai no terceiro mês de seu êxodo do Egito, como está escrito, “E Israel lá acamparam, diante da montanha” (Êxodo, 19:2). Moisés sobe o Monte Sinai e o Criador diz-lhe, “E agora, certamente obedecerás a MINHA voz e manterás MINHA aliança, então sereis para MIM um Segulá (escolhidos/virtude/remédio) de todas as nações, pois toda a terra é MINHA. E sereis para MIM um reino de sacerdotes e uma sagrada nação. Estas são as palavras que falareis para os filhos de Israel” (Êxodo, 19:5-6).

Moisés informa os anciãos das palavras do Criador e eles dizem, “Tudo o que o Senhor falou nós faremos” (Êxodo 19:8). O Criador ordena o povo através de Moisés se santificarem a si mesmos durante dois dias e estarem prontos no terceiro dia, pois é então que o Criador aparecerá diante da inteira nação. No terceiro dia, os filhos de Israel se encontram no fundo da montanha, mas eles não querem encontrar o Criador face-a-face, então Moisés e Aarão sobem ao Monte Sinai, e Moisés traz para baixo os Dez Mandamentos.

Os filhos de Israel pedem a Moisés para falar para eles em vez do Criador porque eles têm medo de morrer. Moisés explica-lhes que não precisam de temer pois o Criador descerá para os testar. Ele colocará o medo Dele neles para que eles não pequem. O Criador instrui Moisés para dizer aos filhos de Israel que porque O viram a falar com eles, estão proibidos de fazer deuses de ouro e prata. Em vez disso devem construir um altar no solo e fazer um sacrifício nele.

 

Comentário

Jétro, sacerdote de Midiã, não é de Israel. Ele é da vontade de receber, uma Klipá (casca/pele) mitigada por Moisés. Jétro sobe e se conecta a Moisés através de sua Nukva (fêmea), sua filha Zipora, com quem Moisés tem dois filhos. Esta é a grande e quebrada vontade de receber que Moisés em nós gradualmente corrige.

Quando Moisés vem até Jétro depois de ter fugido, uma conexão é feita entre o ponto no coração, Moisés e o ego. Assim, uma correção é feita para que posteriormente seja mais fácil para nós fazermos correções em fases mais avançadas.

A correção ajuda-nos a começar a dividir-nos em dezenas, cinquentas, centenas e milhares, ou seja, construir a estrutura da alma. A Torá inteira lida com a construção de nossas almas e como podemos tornar nosso desejo egoísta em um desejo com a direção de doar. Quando o desejo adquire a direção de doar, ele é chamado uma “alma”.

A força da recepção é chamada o “eu”, “este mundo”. Todas as coisas que vemos e sentimos são a força de recepção. A força de doação é nossa saída da recepção. Quando trabalhamos em prol de doar, em “Ama teu próximo como a ti mesmo”, obtemos nossas almas. Nosso Moisés interno afasta- se da qualidade de recepção para a qualidade de doação, nos trazendo para fora de nós mesmos e nos permitindo ver o mundo superior e começar a sentir o Criador.

O Livro do Zohar falar sobre isso em grande detalhe na porção, Jétro, mas ainda não é fácil de perceber. Isto diz respeito às três linhas, a estrutura da alma, recepção, doação e a linha do meio, que é a combinação adequada entre elas. O Zohar descreve como dividir a alma – primeiro  em  dez Sefirot, de acordo com os Dez Mandamentos, então de acordo com as três linhas, que são trinta. Há também uma divisão em Rosh, Toch, Sof (cabeça, interior e fim [respectivamente]), e há muitas outras divisões interiores que incluem a Sefirá (singular de Sefirot) Dá’at.

Quando nos relacionamos a nós mesmos como saindo do Egito, nos examinando do exterior, examinamos como podemos usar nossos egos para nos avançarmos espiritualmente, para a direção de doar. Atravessamos situações difíceis, tais como a fuga do Egito e o rasgar do Mar Vermelho até que alcançamos Monte Sinai. É assim que nos construímos no caminho para a correção, através dos conselhos de Jétro, bem como através de ações.

Estar no pé do Monte Sinai requer preparação. Este é o “evento principal”, quando encontramos o Criador. Embora estejamos no escuro, não compreendamos porque precisamos avançar e seguir o ponto nos nossos corações, Moisés.

Em um sentido, Moisés ajuda-nos a sair do Egito quando escapamos no escuro. Contudo, nós não somos participantes conscientes neste processo. No pé do Monte Sinai é onde a força superior primeiro nos aparece. É então que começamos a compreender nossa própria essência e a essência da força superior, bem como a como nos relacionarmos a nossa situação e como precisamos avançar em frente.

Nesta porção, recebemos nossa primeira consciência. Com ela despertamos todos nossos desejos no nível humano. Estes são chamados “o povo”, ou a “nação”, e eles têm medo. Estes desejos ainda não se conseguem conectar ao Criador; eles não O conseguem escutar ou ver, então eles dizem para Moisés, “Fala tu”. Este é o estado no qual chegamos do exílio, Egito, nossos egos.

Começamos a escutar um pouco somente  ao  descermos  de Kéter (coroa),  que  é  o Criador.  Este processo se revela através de Chochmá e Biná quando Moisés e Aarão começam a trazer para baixo a grande luz que aparece na vontade de receber como leis, como os Dez Mandamentos. Isto começa com o primeiro mandamento, “Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos trouxe para fora da terra do Egito, fora da casa da escravidão” (Êxodo, 20:2), e termina com o mandamento final.

Os Dez Mandamentos incluem todas as 620 Mitzvot (mandamentos). Há 620 correções, que são 613 mais sete Mitzvot de nossos sábios, pelos quais temos de corrigir nossos desejos. Isto é, consistimos de 620 desejos que se dividem em 613+7 desejos.

As 613 Mitzvot estão divididas em 248 e 365, estas compõem a estrutura da alma. A alma em      si mesma consiste de dez partes, dez Sefirot e sua correção é chamada “Dez Mandamentos”, que são os Mitzvot (correções/mandamentos) principais que foram dados ao homem. Ascendemos de acordo com nossa posição, por como nos encontramos diante da luz que aparece diante de nós. Escutar é o grau de Biná e ver é o grau de Chochmá.

Atravessámos o processo inteiro e saímos do Egito, subindo acima do ego, estamos dispostos a receber o programa de doação, o programa de nos conectarmos ao todo da humanidade. Então estamos prontos para a revelação da Divindade na conexão entre todas as pessoas, como está escrito, “Ama teu próximo como a ti mesmo; Rabi Akiva diz, ‘É uma grande regra na Torá. ’” ** Esta regra é tanto a fundação e resultado de manter os Dez Mandamentos, com a meta de ser Kéter, alcançar o amor e através do amor aos outros alcançar o amor pelo Criador.

No nosso presente estado, parte da humanidade descobre que está no Egito, outra parte descobre que quer sair do Egito e uma parte descobre como sair e avançar para o Monte Sinai. Estamos começando a sentir que estamos no escuro, em um processo que não compreendemos. Cada dia nossa necessidade pela luz, pela revelação do Criador, está a crescer. Precisamos dela para trazer uma pequena iluminação para nossas vidas para que possamos compreender o que nos está acontecendo.

Precisamos consertar Jétro, a vontade de receber egoísta, como está escrito, “Se alguém vos disser, ‘há sabedoria nas nações, acreditai. ’” *** Se Moisés não se conectasse ao desejo chamado Jétro, ele não teria recebido dele o conhecimento e governação, que são necessários para a recepção da Torá.

Ao compartilhar o método da correção com as nações do mundo, o método da Arvut (garantia mútua) e a necessidade pela sabedoria da Cabala, estamos fazendo o trabalho que Moisés fez com Jétro. Por isso, seremos recompensados com nos encontrarmos no pé do Monte Sinai.

 

Perguntas e Respostas

Na porção, Jétro, o povo de Israel recebe os Dez Mandamentos. Esta pode ser a porção mais importante porque a Torá é correção. Então porque é esta porção nomenclada segundo um desejo “externo”, Jétro?

Jétro é o sacerdote de Midiã, uma Klipá que se encontra oposta. Ele é um dos servos de Faraó, semelhante a outras forças que se encontraram perto da vontade de receber e ajudaram Faraó a se conectar e suscitar tanto quanto possível do desejo de doar, Israel. O Zohar parece estar a escrever coisas más sobre ele, mas ele é uma ajuda feita contra nós. Afinal de contas, tudo está dentro de nós.

O que sai do Egito são Kelim (vasos), ou seja, desejos. Nos desejos que saem, não há ainda intenção de trabalhar com a vontade de receber. Moisés, a força de Biná, quer julgar a vontade de receber, que está separada dele. Embora se encontrando diante de Faraó, ele queria extrair a vontade de receber, embora não em prol de conectar ou de suscitar coisa alguma dela, mas para a julgar. Contudo, ele não teve sucesso.

Quando chegamos ao estado que existe entre Moisés e a nação que saiu do Egito, um sistema especial tem de ser construído de acordo com a vontade de receber, de acordo com a corporeidade. Este sistema também inclui a multidão misturada e todas as camadas que se opõem ao processo de doação e amor aos outros. Moisés não o consegue construir; ele só consegue dar do alto, aparentemente “derramando”, mas isso não é absorvido pelo povo. Como está escrito, Moisés fica cansado, e o povo, que não consegue encontrar a conexão certa, se encontra perto dele todo o dia.

Porque não conseguimos achar o relacionamento adequado entre nosso desejo para o alto, para o Criador e nossos egos -na família, no trabalho e na comunidade – precisamos de um sistema que nos forneça Jétro. A sabedoria tem de vir especificamente da vontade de receber, como está escrito, “Se alguém vos disser, ‘há sabedoria nas nações, acreditai.  ’” Embora ela não pertença ao grau   de Biná, ela estava anteriormente incluída nela quando Moisés passou quarenta anos com Jétro. Moisés cresceu até ao grau de Biná com Jétro. E agora Jétro aparentemente está a retribuir.

Jétro ordena Moisés e os desejos para que Moisés se possa libertar a si mesmo para o que interessa – receber a Torá?

Jétro retorna a Moisés o que recebeu dele quando Moisés estava com ele. Moisés veio até Jétro depois de fugir de Faraó. Ele cresceu enquanto com Jétro do grau de Malchut até ao grau de Biná, que é doação pura. Ele cresceu no lar de Jétro e “acima de” Jétro, através de sua conexão com Zipora e seus dois filhos da direita e da esquerda, com Moisés no meio. Tudo o que Moisés deu a Jétro e instou nele agora regressa para ele; Jétro, Zipora e os dois filhos. Houve uma mistura de Biná e Malchut e agora Malchut retribui a Biná.

Agora, Moisés pode construir o sistema inteiro de conectar Biná a Malchut e ele está pronto para receber a Torá. É por isso que o primeiro encontro com o Criador é chamado Jétro, dado que o sistema construído anteriormente nos permite alcançar o estado de estar no Monte Sinai.

Por um lado, os filhos de Israel tinham medo de se voltar para o Criador por medo de morrerem. Por outro lado, é sabido que o Criador recebe orações que venham especificamente do coração. Então de onde vem o medo? Porque tinham medo os filhos de Israel

Nossa vontade de receber não está ainda equipada com uma Massach (tela) que consiga suportar a luz, então a luz ainda parece trevas. Qual é o sentido do êxodo do Egito no escuro? De fato, não há escuro, mas  parece  escuro  para  nós  pois  ainda  não  estamos  corrigidos.  A  palavra  Aramaica, Orta (noite), e muito semelhante com a palavra Hebraica, Ór (luz). Isto é, em um tempo é de noite e noutro tempo é luz, dependendo de como o experimentamos.

De O Zohar: E Jétro Escutou

Todos eles agitaram e olharam para Jétro, que era sábio e o grande nomeado sobre todos os ídolos do mundo. Quando eles o viram se aproximar e servir o Criador, dizendo, “Agora eu sei que o Senhor é maior que todos os deuses”, todos eles se desviaram se suas obras e souberam que elas eram fúteis. Então a glória do sagrado Nome do Criador foi glorificada de todos os lados. Foi por isso que esta porção foi escrita na Torá e o começo da porção é com Jétro. Zohar para Todos, Jétro, item 42

Jétro é a primeira vontade de receber que se rende e aceita a soberania do Criador. É por isso que esta porção é chamada segundo ele. O Zohar também menciona Guematria, porque Jétro é chamado Jétro, porque Zipora é chamada Zipora e todos os outros eventos na porção.

Nesta porção escutamos que os filhos de Israel acamparam no pé do Monte Sinai. O que significa acampar lá?

Acampar é semelhante ao que acontece em Chanucá. Está claro que não conseguimos corrigir nossos egos nessa altura, mas somente recebermos conselho sobre um caminho, um programa, uma meta que pode ser implementada com o tempo de acordo com o nível de nosso entendimento do programa. Somente no fim do deserto e na entrada para a terra de Israel descobre o povo de Israel tudo aquilo que Moisés diz para eles nas suas palavras finais, antes de seu falecimento.

 

De O Zohar: Não Matarás; Não Cometerás adultério

Quando  essa imundice foi  removida  deles,  Israel  permaneceram   corpos   puros   sem qualquer imundice, e a alma dentro do corpo era como a claridade do firmamento para receber luz. Assim eram Israel, que viram e consideraram a glória de seu mestre. Isto assim não foi no mar porque  a imundice não  foi  removida  deles  nessa  altura,  enquanto  aqui  em Sinai,  quando    a imundice parou do corpo, até os fetos nos intestinos de suas mães viram e olharam para a glória de seu Mestre. Todos eles, todo e cada um, recebeu como se adequava a ele. Zohar para Todos, Jétro, itens 572-573

Ascensão espiritual pode ser o resultado de dois estados – um despertar do alto e um despertar de baixo. Em um despertar do alto, a luz brilha do alto e nos santifica, dando a força da doação através da qual começamos a olhar para a distância contra nossos egos. Assim, vemos que o mundo fora de nós, o mundo espiritual e conhecemos a força superior, o Criador. Um despertar de baixo, vem até nós através de prolongados esforços de nos conectarmos com os outros. Quando reunimos despertares de todos, alcançamos o mesmo despertar que pode ser recebido do alto.

Naturalmente, nosso próprio trabalho de baixo é mais desejável e valorizado porque se reunimos as forças de nossos amigos e cada um deles faz o mesmo, e cada um tem sua própria força, essa força torna-se permanentemente deles. Aqui, estamos aparentemente a acampar para que possamos receber conselho sobre o que fazer. Para escutar o conselho, devemos despertar. Isso é semelhante ao êxodo do Egito através de uma força externa do alto que nos puxa e empurra. Mas posteriormente devemos atualizar as forças que recebemos durante os quarenta anos no deserto.

Algo especial acontece no Monte Sinai – purificação – uma força especial que recebemos.

A luz que nos afeta é chamada “a luz que reforma”. Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” **** porque “a luz nela os reforma”. ***** Ela reforma a inclinação ao mal e a torna boa. Inicialmente todos estamos na inclinação ao mal, egoístas e tudo o que precisamos é da Torá, assumindo que ela é a verdadeira Torá, como está escrito, “Se alguém vos disser, ‘há sabedoria nas nações, acreditai; há Torá nas nações, não acreditai. “******

Uma “pessoa das nações” é um desejo de receber que quer receber para si mesmo. Israel é aquele que se esforça por alcançar a doação, amor pelos outros e do amor pelos outros alcançar o amor pelo Criador.

É por isso que aqueles que desejam são chamados “Israel”, e eles aprendem a sabedoria da Cabala porque ela traz a luz que reforma. É assim que nos tornamos santificados, adquirindo a força de doação e subindo através dela. Quanto maior a força de doação que possuímos, maior o amor pelos outros e mais agrados somos considerados.

 

Termos

Jétro

“Jétro” é a vontade de receber que pode ser santificada e juntada a Moisés e com ele fazer a conexão entre o sistema superior – Kéter, Chochmá e Biná GAR da alma e a vontade de receber, o povo abaixo, ZAT da alma. Jétro foi incluído em Moisés quando Moisés viveu com ele; ele é como a força de Malchut que é incluída em Biná. É por isso que Biná consegue se conectar com Malchut e trazer a ela o novo sistema.

Monte Sinai

Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei para ela a Torá como tempero” *******, porque “a luz nela os reforma”. ******** A inclinação ao mal é o Monte Sinai; ela é todo o ódio que aparece entre as nações do mundo e Israel. As nações do mundo são nossos desejos de receber, e Israel é nosso desejo de doar. Deste modo se uma diferença entre o desejo de receber e o desejo de doar aparece em nós, sentimos ódio e pode ser dito estar no pé do Monte Sinai.

Este ódio aparece quando queremos conectar, quando nos encontramos ao redor da montanha e devemos estabelecer a garantia mútua. É por isso que está escrito, “Ele disse para eles, ‘Se receberes a Torá, bom, e se não, lá será vossa sepultura. ’” ********* Isto é, se não se conectarem como um homem com um coração, aqui serão enterrados.

O ódio é para com a união. Se não nos queremos conectar, não descobriremos nosso ódio pelos outros, não chegaremos ao Monte Sinai e certamente não alcançaremos correções. Isto pode dizer- nos quão longe estamos do Monte Sinai.

Estar no pé do Monte Sinai é um grande grau que vem depois de termos trabalhado nossas vidas inteiras    no     Egito,     trabalhando     sobre     a     conexão     entre     as     pessoas.     E embora quiséssemos uma conexão  de  amor  pelos  outros,  não   o   conseguimos   fazer   até  que entendêssemos que isso era impossível. É então que o ponto que nos puxa para fora de nós mesmos aparece e compreendemos que é possível escapar e deste modo escapamos e nos elevamos acima de nossos egos.

Assim que emergimos do ego, nossa relação para com ele torna-se cada vez mais aparente para nós. O que aparece é a diferença entre o ego e a atração para fora do ego. A diferença é chamada “Monte Sinai”. Este é o estado onde Moisés em nós está no alto, tentando se apegar ao Criador no topo da montanha, enquanto que o inteiro ego ainda por corrigir está abaixo, tal como o povo não se conseguia conectar com o Criador. Contudo, este é já o começo da marcha para a correção.

Um Povo de Segulá (escolhido/virtuoso/remédio)

Segulá refere-se ao sinal de pontuação Segol. Segol são três pontos [ ֶ], representando as três linhas da força de dar e a esquerda – a força de receber. Através delas nos edificamos ao juntar a direita à esquerda. É costume cantar no Shabat, “Vinde em paz, anjos da paz, anjos do superior”. Tal como caminhamos sobre duas pernas e avançamos, construímos a linha do meio pela qual avançamos a partir das duas linhas, dois anjos.

“Sai em paz” significa que depois de termos construído a linha do meio em quatro estados – Yod- Hey-Vav-Hey – e termos alcançado o fim da correção. É então que dizemos, “Sai em paz”.

É assim que usamos todas as coisas que temos por dentro para fazer correções. Nos são dadas do alto  a  direita  e  a  esquerda  –  a  força  de  doação, Kedushá (santidade)  e  a  força   de   recepção, Klipá (casca/pele) e cabe-nos as combinarmos. Fazemos isso em prol de avançar ao constantemente melhorarmos a combinação entre elas, a fazendo mais benéfica. É por isso que a terceira linha é chamada a “linha do meio”. A força superior é as duas linhas, duas forças que nos ajudam a conectar adequadamente. Elas são chamadas Segulá (virtude/remédio). Vivemos somente através delas; se essa força não vem, não conseguimos fazer coisa alguma abaixo.

 

Sumário

Desta porção podemos aprender que a uma medida, nossa conexão entre o desejo de doar e a vontade de receber deve existir constantemente. A sabedoria da Cabala não nos diz para arruinarmos nossos egos, mas em vez disso os usar corretamente.  É  por  isso  que  ela  é  chamada Chochmat há Kabbaláh (a sabedoria de receber); ela é a sabedoria de como usar os vasos de recepção.

Não precisamos evitar usar os vasos de recepção, ou estar “acima” da vida mundana. Em vez disso precisamos descobrir que a inclinação ao mal nos separa da conexão com o resto do mundo, como foi dito a Moisés, “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 19:6). Isto é, o papel de Israel é se oferecerem a si mesmos ao serviço do resto do mundo.

* “Ama teu próximo como a ti mesmo. Rabi Akiva diz, ‘Ela é uma grande regra na Torá’” (Talmude de Jerusalém, Séder Náshim, Maséchet Nedárim, Capítulo 9, p 30b).

** Talmude de Jerusalém, Séder Náshim, Maséchet Nedárim, Capítulo 9, p 30b.

*** Midrash Rábah, Eichá, Parashá 2, Parágrafo 13.

**** Talmude Babilônico, Masechet Kidushin, 30b.

***** Midrash Rábah, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 2.

****** Midrash Rábah, Eichá, Parashá 2, Parágrafo 13

******* Talmude Babilônico, Maséchet Kidushin, 30b

******** Midrash Rábah, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 2

********* Talmude Babilônico, Maséchet Avodá Zára, 2b.

BeShalách (Quando Faraó Enviou)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 10:17-17:16)

 

Sumário da Porção

Na porção, BeShalách (Quando Faraó Enviou), Faraó envia os filhos de Israel do Egito depois das  dez  pragas  que  ele  e  os Egípcios sofreram.  O  Criador  não  conduz  os  filhos   de   Israel diretamente para a terra de Israel pois isso significa que terão de atravessar a terra dos Filistinos. O Criador não quer que os filhos de Israel temam a guerra e regressem ao Egito, então Ele envia-os pelo deserto.

Moisés leva os ossos de José. O Criador caminha diante do povo, iluminando o caminho para eles com um pilar de nuvem durante o dia e um pilar de fogo durante a noite.

Quando Faraó sabe que os filhos de Israel realmente escaparam do Egito, ele muda sua opinião e decide persegui-los. Ele reúne 600 carruagens escolhidas que perseguem os filhos de Israel todo o caminho até ao Mar Vermelho.

Os filhos de Israel encontram-se a si mesmos com o mar diante deles e Faraó atrás deles. É então que o primeiro milagre toma lugar: Moisés golpeia o mar com sua vara, o mar é separado em dois e os filhos de Israel passam pela terra seca. Quando os Egípcios tentam passar, a água se encerra sobre eles e todos eles se afogam. Em gratidão para o Criador pelo milagre, os filhos de Israel cantam a Canção do Mar (Êxodo, 15).

Moisés conduz os filhos de Israel pelo deserto na estrada para Shur. Quando o povo fica com sede eles chegam a Mará, um lugar onde a água é tão amarga que não a conseguem beber. Aqui outro milagre ocorre e a água se torna doce (fresca). Moisés e o povo continuam a avançar para Eilam, onde eles descobrem doze nascentes de água e setenta palmeiras. Eles lá repousam e então continuam para o deserto de Sim. O povo queixa-se que se esgotaram os mantimentos e o Criador realiza dois milagres: no primeiro, maná desce do céu. No segundo, codornizes voam sobre o acampamento de Israel para que tenham carne à noite.

Os filhos de Israel recebem o primeiro mandamento – de observar o Shabat. Lhes é dito que no Shabat, nenhum maná descerá do céu e que no sexto dia eles devem reunir mantimentos para dois dias. Os filhos de Israel continuam do deserto de Sim e chegam a Refidim. Uma vez mais não há água e o Criador realiza outro milagre: Moisés golpeia uma rocha e água jorra dela.

Na sua chegada ao Monte Sinai, Amaleque aparece e luta contra Israel. Quando Moisés levanta suas mãos, Israel vence; quando ele as baixa, Amaleque vence. Finalmente Israel derrota Amaleque e o Criador diz para Moisés escrever em um livro de recordação que a memória de Amaleque deve ser apagada de debaixo dos céus.

 

Comentário

O homem nasce com um desejo inerentemente egoísta de receber. Contudo, quando o ascendendo, nossa perspectiva muda e não mais pensamos em nós próprios. Desde o momento em que nascemos queremos usar o mundo inteiro para nosso próprio benefício. Isto é o Amaleque em nós. Amalek é um acrónimo para Al Menat LeKabel (em prol de receber). Nós tornamos a vontade de receber em uma qualidade espiritual que está direcionada para a doação através de um processo no qual cada um de nós trabalha sobre o eu, usando a luz que reforma. A luz que reforma* é uma força que desperta naqueles que estudam corretamente a Cabala em um grupo. Essa força desperta e sentimos mudanças a acontecerem constantemente no interior.

Estas são as mudanças que a Torá descreve nesta porção. Faraó realmente manda embora o povo de Israel. Isto é, nossos egos estão sob stress e sofrimento em um conflito entre as forças que operam sobre ele. Finalmente, ele “permite-nos” liberdade e joga-nos fora de nós mesmo.

De fato, estamos somente a observar o revelar da guerra do Criador contra Amaleque (Êxodo, 17:16), a guerra do Criador contra Faraó, e o inteiro processo (Êxodo, 10) de endurecer o coração de Faraó, “Ide ao Faraó”, e “Vinde ao Faraó”.

Quando os filhos de Israel escapam do Egito com todos os Kelim, ou seja, desejos, nos elevamos acima do ego, mas as intenções egoístas permanecem. No processo de desenvolvimento, gradualmente nos livramos a nós mesmos delas durante as numerosas mudanças que atravessamos quando saindo do governo de Faraó e entrando sob o governo da qualidade do Criador – o reino da qualidade de doação e amor aos outros.

Na transição do amor ao eu para o amor aos outros, atravessamos várias mudanças que nos fazem sentir como se Faraó ainda nos perseguisse e tentássemos escapar. Por vezes podemos correr e outras vezes não podemos. É por isso que a realidade exige um milagre, ou seja, a influência da força superior sobre nós.

A influência da força superior sobre nós manifesta-se na sensação de que nos encontramos diante do mar, com as 600 carruagens escolhidas de Faraó atrás, e não há nada que consigamos fazer. Cada vez chegamos a um ponto onde não há nada pela frente e todas as estradas parecem bloqueadas, um milagre ocorre. É assim que alternamos de grau para grau, de estado para estado.

A diferença entre os graus é que o próximo grau se abre sempre depois de termos concluído o anterior.  Cada  vez,  não sabíamos o  que  fazer  e  ficámos   desesperados.   Embora   estivéssemos habituados a isto, somos surpresos cada vez de novo.

Depois da divisão do Mar Vermelho chegamos ao deserto. Um “deserto” é um estado onde não conseguimos fazer coisa alguma. Nada temos com que nos alimentarmos e estamos em um estado de vazio, não sabendo o que fazer. Nesse estado, parece que a vida não é vida, nem no presente nem no futuro.

Na próxima fase, a água é amarga e deve ser adocicada usando a vara. Isto significa que elevamos o desejo de doar e degradamos o desejo de receber pelo bem de receber. Deste modo alcançamos o grau de Biná em vez de Malchut e nos elevamos acima do ego, novamente rompendo para o próximo grau. Chegamos a um lugar chamado Eilam, onde há doze fontes de água e comida de setenta palmeiras.

Isso acontece toda e cada vez. Nossa vontade de receber egoísta desperta sem nós sabermos o que fazer com ela porque não temos a força para lidar quando ela grita em terror. É então que a força superior nos salva. Assim, repetida e gradualmente, nosso êxodo tomar lugar.

No êxodo do Egito, corrigimos a vontade de receber passo-a-passo. Elevamo-nos acima dela continuamente para que possa até lugar com Amaleque. As mãos de Moisés, que se levantam e caem, simbolizam a força de ascensão de Biná e descida de MAN.

Quando entramos na espiritualidade, ainda nada temos com o qual nos reanimarmos exceto a comida dos céus. Antes disso, nos satisfazíamos a nós mesmos egoisticamente, tentando ganhar às

 

custas de todos tanto quanto possível. Mas agora, na nossa transição para o amor aos outros – preenchemo-nos a nos mesmos com doação. É por isso que é chamada “comida dos céus”, “o alimento dos céus”.

Isto ocorre quando estamos dispostos a sair para a “luz da aurora”, a estarmos na qualidade de doação que brilha sobre o ego, a vontade de receber na qual um agora se sente vazio. Quando estamos dispostos a permanecer na vontade de receber até sem preenchimento, mas somente na doação sobre os outros, é então que o maná vem, o preenchimento dos céus.

Quarenta anos no deserto é o período em que obtemos a qualidade  completa  de  doação.  Somos alimentados ao darmos aos outros, que é verdadeiramente dos céus, pois quem somos nós para dar? Temos nós alguma coisa para dar? Porque devemos preencher a nós mesmos ao dar?

Esta sensação, a intenção que adquirimos sobre a vontade de receber, a inclinação para os outros, a conexão com os outros, é o grau chamado “aquilo que odeias, não faças ao teu amigo”. ** Ao nos conectarmos aos outros como a nós mesmos, recebemos o preenchimento chamado MAN, Meyin Nukvin (Aramaico: Água Feminina), que eleva nossa vontade de receber até Biná, o grau de doação.

 

Perguntas e Respostas

Muitos milagres tomam lugar nesta porção, praticamente todos os quais dizem respeito a água: atravessar o Mar Vermelho, a água amarga, Moisés golpeando a pedra e a água jorrando dela. O que é um milagre e porque está ele tão estritamente conectado a água especificamente nesta porção?

Água é a qualidade de doação, Biná. Há a água da contenda (Méribá), água amarga, e doce (fresca), água potável. Há também “água fria para uma alma desmaiada” (Provérbios, 25:25), e há outros termos que dizem respeito à água.

Água é vida. Enquanto nos desenvolvemos no ventre de nossa mãe, estamos imersos em água. Certamente água é nossa vida inteira; evoluímos na água e então subimos à terra. Água é a qualidade de Biná; ela emite de si mesma tal como os oceanos geram a vida.

Isto acontece cada vez através de um milagre, pois nós não possuímos a qualidade de doação, Biná, amor aos outros, a conexão a favor do outro. Por esta razão, a recebemos do exterior naquilo que é considerado um milagre. Tudo o que fazemos é causar esse processo se revelar, e quando acontece, ele é como um milagre, como está escrito, “Eu trabalhei e achei”.*** Achar é na realidade o milagre e nosso caminho para a doação, tudo acontece através de milagres.

O Criador levou os filhos de Israel em uma “tournée” no deserto por medo de lutarem com os Filistinos, para que eles atravessassem Sinai. Porque Ele não os levou diretamente para Israel?

Os filhos de Israel caminharam no deserto durante quarenta anos, mas você pode na realidade atravessar o deserto em uma semana. Temos uma vontade tão grande de receber: guerras com os Filistinos, com Amaleque, pecados tais como o bezerro de ouro e o pecado dos espiões e muitos outros problemas só para chegar à entrada para a terra de Israel. Adicionalmente, há a guerra para conquistar a terra.

São necessárias muitas guerras para conquistar a vontade de receber e a transformar de um desejo egoísta, Egito, em um desejo pela terra de Israel. Éretz (terra) significa Ratzon (desejo). Devemos direcionar nosso desejo não para trabalhar em prol de receber, que é Amaleque, mas em prol de doar, que é Yashar El (direito a Deus), Yisrael (Israel). É um processo muito longo no qual milagres ocorrem constantemente.

 

Porque evitam os filhos de Israel lutar com os Filistinos?

Porque os filhos de Israel não são fortes o suficiente ainda. Eles têm de adquirir a força de doação que os permitirá lutar e confrontar os Filistinos. Ainda não há linha direita, a força da doação, então é impossível usar a linha do meio e avançar com ela. Quando temos somente a força de recepção, a linha esquerda, devemos saltar os Filistinos.

De O Zohar: E Israel Viram a Grande Mão

“E Israel viram a grande mão … e eles acreditaram no Senhor”. Mas eles não acreditavam no Criador até então? Afinal, está escrito, “E o povo acreditava; e quando escutaram”. Além do mais, eles viram todas as grandes ações que o Criador fez por eles no Egito. Contudo, “E eles acreditaram” significa que eles acreditaram no que ele disse, “E Moisés disse para o povo, ‘Não temeis! Ficai e vede a salvação do Senhor. ’” Zohar para Todos, BeShalách (Quando Faraó Enviou), item 203

Em cada fase avançamos por graus. Nosso caminho, tal como escreve O Zohar, é 600 carruagens escolhidas, seis dias e o sétimo dia, Shabat, que corresponde ao fim da correção, o sétimo milénio. A estrada do êxodo do Egito até ao fim de nossa correção atravessa 125 graus, com cada grau se dividindo em graus adicionais. Há milagres cada vez e cada vez nos tornamos mais aderidos à força superior.

Estamos no meio de duas forças: por um lado, há a vontade de receber, que é a natureza com a qual nascemos, como está escrito, “a inclinação do coração do homem é má desde sua juventude” (Gênese, 8:21). Por outro lado, há o desejo de doar ao qual devemos chegar. Nesta escada de nossa natureza, a vontade de receber está no fundo e o Criador, o desejo de doar, está no topo, conosco no meio, como se pendendo a meio do ar. À extensão que a força do Criador aparece diante de nós, podemos subir até que alcancemos Dvekút (adesão) com Ele.

É por isso que só precisamos revelar nossa necessidade pelo Criador. Está escrito, “E os filhos de Israel clamaram do trabalho” (Êxodo, 2:23). Todos os choros e contendas são divulgações de nossa carência a partir da sensação de que temos de receber ajuda do alto.

É assim que vivemos pela misericórdia do Criador. É assim também que a luz superior, a luz que reforma, chamada Torá, aparece e nos salva. Até hoje devemos compreender que se revelarmos a carência certa, a força que nos libertará de todos os problemas aparecerá e vamos atravessar o Mar Vermelho na terra seca.

Então o que tem a fé a ver com tudo isto? O que significa que eles viram o milagre e acreditaram?

Fé é a força de doação, de Biná. Através da força de doação, vemos o mundo que nos rodeia, o mundo de Ein Sof (infinito), o mundo espiritual, os graus e as forças. Contudo, ainda não temos a visão da doação da conexão com os outros. Quando nos conectamos com os outros desenvolvemos novos “óculos” através dos quais vemos o mundo inteiro como circular, somente com uma força operando nele.

A sabedoria da Cabala ensina-nos a como descobrir a força do Criador que opera no mundo, o método para revelar Sua Divindade a Suas criações neste mundo.

Parece que o Criador continuamente coloca o povo de Israel em apuros, tais como a água salgada, então liberta-os dela, tal como a tornando em água doce. O que representa este processo?

Precisamos perceber que podemos entender as coisas somente ao ver ambos os lados, trevas bem como  luz,  pois  “a  vantagem  da  luz  a  partir  das   trevas”   (Eclesiastes,  2:13).  É   por   isso que continuamos a descobrir que  o  ego  é  pior  que pensávamos e  procuramos  uma  saída  dele, compreendendo que a força superior deve estar envolvida.

Quando nos tornamos conscientes de que precisamos da força superior e clamamos, o Criador aparece. Cada vez, temos de chegar a tal estado – revelar nossa carência, a necessidade de Sua ajuda para que Ele possa aparecer. É assim que construímos nosso Kli (vaso) e é por isso que comemos a maná (MAN) no deserto. Nunca somos os donos ou senhorios; pedimos somente que o processo tome lugar.

É o mesmo hoje com o processo que atravessamos e processos ainda mais duros à nossa frente. Afinal, o propósito do processo é simplesmente nos trazer a um estado de descontrole, completo desamparo e desespero, que obriga a força superior a aparecer. Sem ela, não seremos capazes de avançar. Quando melhor compreendermos o processo, esta predileção melhor nos preparamos para ele, mais seremos capazes de atrair a força superior antes de estarmos em um estado desesperado. Foi por isso que a Torá foi dada, o interior da Torá, a sabedoria da Cabala, para que saibamos cada vez como prescrever a cura antes da doença.

Hoje é muito difícil fazer as pessoas entender que não têm controle. Estamos acostumados a pensar que através da ciência e tecnologia controlaremos a Natureza.

Assim foi até ao irromper da crise. Agora compreendemos que não temos controle de coisa alguma. Não controlamos o sistema de educação, nossas famílias, nós próprios, terrorismo, comércio, economia ou finanças e estes são sinais da crise abrangente, a quebra sistêmica na qual todos os sistemas estão a colapsar. Estamos a alcançar um estado onde precisaremos de uma revelação especial da força coletiva da Natureza.

Estamos feitos de tal maneira que cada um de nós puxa para o seu lado e a crescente crise prova que todos estamos atados juntos, dependentes uns dos outros e que somente em dependência mútua seremos capazes de resolver o problema. Contudo, dado que não conseguimos estabelecer uma conexão de Arvut (garantia mútua), precisaremos da ajuda da força superior. Levará muito tempo até que compreendamos que precisamos da força de unidade, que é o Criador fazer a paz entre nós, como está escrito, “Aquele que faz a paz nos Seus céus, Ele fará a paz sobre nós e sobre toda Israel” (da oração de Kadish).

O que representa o processo de atravessar o Mar Vermelho?

Quando Malchut entra em Biná, há água superior e água inferior. Em semelhança, no tempo da criação do mundo, havia a força superior que vem e deixa a vontade de receber entrar no mar, a água – assim conectando a vontade de receber com o desejo de doar. A vontade de receber é a força da terra. Israel, que conecta a força do solo, revela o solo dentro do mar, enquanto o mar em si mesmo é a força doadora, onde há Gvurot, um mar revolto.

Israel também revelam a força especial, Nachshon, que salta primeiro para a água. Esta é uma força dentro de nós disposta a avançar com completa dedicação, somente para alcançar a qualidade de doação, a conexão com Biná, aconteça o que acontecer. Quando saímos, fazemos o primeiro contato com o desejo de doar. A inteira fuga do Egito é uma fuga de nós próprios para todos os outros, para nos conectarmos com os outros.

De O Zohar: E Faraó Aproximou

Israel se aproximavam do mar e viram o mar diante deles se tornar mais revolto, suas ondas se endireitando para cima. Eles tiveram medo. Eles levantaram seus olhos e viram Faraó e seu exército, e fundas e flechas e estavam aterrorizados. “E os filhos de Israel clamaram”. Quem causou Israel a se aproximar de seu pai nos céus? Fora Faraó, como está escrito, “E Faraó aproximou”. Zohar para Todos, BeShalách (Quando Faraó Enviou), item 67

Cada vez, nossos egos despertam e não nos deixam avançar. De fato, o ego trabalha para nós porque Faraó (o ego) é o lado posterior do Criador, que criou a vontade de receber. Ele revela-se constantemente para nós até que vejamos que a vontade de receber, a serpente, está a condenar-nos à morte, para que tenhamos de escapar dela.

Hoje estamos em uma situação similar. Gradualmente estamos a aprender que nossos egos não nos deixam conectar e construir sistemas adequados, viver em famílias, nações e estados, ou construir o planeta e o mundo como circulares e conectados, dado que é isto que nos promoverá para a correção. É por isso que vivemos em um tempo especial, quando verdadeiramente determinaremos que a Arvut (garantia mútua) é a conexão entre nós.

Moisés foi instruído a escrever em um livro que a memória de Amaleque deveria ser apagada.  O que é um livro no sentido espiritual?

Um livro é uma divulgação. Ele é uma divulgação de que temos no livro da Torá, que descreve as obras do Criador em relação à criatura. Nós agimos através destas revelações, através das letras, que estão escritas em preto sobre o branco em prol de apagar a intenção de Amaleque – para fazer a vontade de receber em prol de receber se tornar um desejo de receber em prol de doar. Isto é chamado Ratzon (desejo), Éretz (terra), e “em prol de doar” é como o Criador, quando alcançamos Yashar El (direito a Deus), Yisrael (Israel).

Em outras palavras, Amaleque é o oposto da terra de Israel. Amaleque é um termo geral, muito como Hamã, serpente e Faraó, exceto que ele também partes mais pequenas e específicas. Aprendemos que cada vez, o povo de Israel as enfrenta. Cada um de nós é como o povo de Israel, feito de qualidades de doação que são colocadas debaixo da vontade de receber.

 

Termos

Filistinos

“Filistinos” são nossos desejos egoístas. Até depois da fuga do governo da vontade de receber, eles ainda estão conectados à doação. Isso é chamado “doar em prol de receber”. Quando damos, alcançamos os outros. Mas quando começamos a dar, vemos que podemos também ganhar com isso. Deste modo, devemos elevar-nos acima dos desejos de fora das fronteiras do Egito, também, embora a correção neles seja diferente daquela que tomou lugar no Egito.

Não conseguimos descobrir estes desejos enquanto no Egito pois fomos “enterrados” debaixo de nossos egos. Quando emergirmos do ego, veremos como ele puxou a todos nós durante os quarenta anos no deserto e até posteriormente, na terra de Israel, quando conquistámos a terra.

A Canção do Mar

A “Canção do Mar” são louvores. Ela é gratidão por atravessar a fronteira, nunca regressando ao Egito. Por vezes choramos pelo passado, como nesta porção, mas não há voltar atrás. Fazemos a saída final do Egito. Depois da fuga, começamos a sentir o mundo espiritual e não apenas a existência deste mundo e esta sensação induz uma explosão de alegria.

MAN

MAN é Mey Nukvin (Aramaico: água feminina). Ela é a vontade de receber querendo subir ao nível de Biná. Quando sentimos que podemos e devemos doar nestes desejos, pedimos que aconteça. Assim precisamos da ajuda da força superior para o fazer acontecer e então a força aparecerá do alto.

Quando começamos a usar esta força, ela preenche-nos com doação sobre os outros e isto é chamado “comer maná”. Mas neste mundo, nunca nos sentiremos deste modo pois neste mundo estamos preenchidos pela recepção, enquanto no mundo espiritual estamos preenchidos pela doação.

De O Zohar: A História de Hamã

O mais precioso de tudo é a comida que os amigos que se envolvem na Torá comem, comida que vem da alta Chochmá, própria Chochmá. Isto é porque a Torá sai da Chochmá superior e aqueles que se envolvem na Torá entram na essência das raízes, assim sua comida vem do alto e sagrado lugar.

Zohar para Todos, BeShalách (Quando Faraó Enviou), item 382

* Midrash Rába, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 

** Talmude Babilônico, Maséchet Shabat, 31a

*** Talmude Babilônico, Maséchet Meguilá, 6b.

Bô (Vinde)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 10:1-13:16)

 

Sumário da Porção

Na porção, (Vinde), o Criador – através de Moisés – diz ao um desafiador Faraó que ele deve deixar o povo de Israel partir. O Criador joga mais duas pragas sobre Faraó, Gafanhotos e Trevas, e Faraó diz para Moisés, “Ide para longe de mim! Cautela; não vejas minha face novamente pois no dia em que vires minha face morrerás” (Êxodo, 10:28). Moisés responde, “Estais certo; eu nunca mais verei tua face” (Êxodo, 10:29). Certamente, Moisés mantém sua palavra.

O Criador diz para Moisés que depois da praga final, Faraó deixará os filhos de Israel partirem. Os filhos de Israel preparam-se para a décima praga, a praga do primogênito e levam emprestado dos Egípcios vasos de ouro e prata, bem como vestes, preparando sua libertação.

O Criador salienta para Moisés as regras da oferenda de Pêssach que os filhos de Israel devem seguir: matar um cordeiro no crepúsculo, espalhar seu sangue nos umbrais (Mezuzot) e nas travessas  e  comer  o  cordeiro  nessa  mesma  noite  juntamente  com Matzot (pão  ázimo)       e Maror (rábano). Os filhos de Israel obedecem.

À meia-noite, quando um grande choro se levanta no Egito com o golpe da Praga do Primogênito, o Faraó incita os filhos de Israel a saírem do Egito com pressa. Os filhos de Israel partem, levando a multidão misturada juntamente com eles, e rebanhos e gado em grandes números.

 

Comentário

O êxodo do Egito descrito nesta porção é muito significativo e dramático. Cada momento das nossas vidas é uma recordação do êxodo do Egito. Este é o ponto no qual o humano em nós nasce, quando saímos de nossos egos, da vontade de receber.

Todos começamos egoístas, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”. * A inclinação ao mal cresce dentro de nós e faz-nos ser cada vez mais egoístas. No decorrer da história humana, nos desenvolvemos desta maneira até que chegamos a um estado onde sentimos que nossa natureza inteira é má e que devemos sair dela e assim procuramos uma solução. Este é um processo que se revela nos indivíduos e pela sociedade.

Quando o Faraó – nossa inclinação ao mal, cresce em nós, ela não nos deixa viver. O ponto no coração, Moisés em nós, escapa do ego em prol de ganhar força, então regressa em prol de combater com ela. Somente assim que compreendemos como este “jogo” se revela em nós regressamos então para lutar com o ego, muito como Moisés regressa ao Egito para lutar com Faraó.

Quando começamos a descobrir a força superior, até um pouco, descobrimos que tudo acontece do alto, que “ninguém há além Dele” (Deuteronômio, 4:35), e isso inclui Faraó, o Criador e Moisés entre eles. Nesta luta, nosso Moisés interno deve decidir quem governará, Faraó ou o Criador.

O Criador ensina a Moisés a enfrentar o ego, combater com ele e se elevar acima dele. Ele envia sempre Moisés a Faraó pois “Eu endureci seu coração” (Êxodo, 10:1). Se soubermos, durante a sabedoria da Cabala, como atrair a “luz que reforma” ** e passar pelas dez Sefirot de nossa inclinação ao mal, as dez pragas, o processo não será tão duro. Este processo é chamado “apressar”, em contraste com o caminho, “a seu tempo”, que está pavimentado de tormentos, guerras e outros eventos desagradáveis.

A sabedoria da Cabala emerge em prol de nos aliviar através do “apressar”. Os primeiros e experimentá-lo será o povo de Israel, seguidos pelo resto do mundo, como está escrito, “Todos eles Me conhecerão desde o menor deles ao maior entre eles” (Jeremias, 31:33), “Pois MINHA casa será chamada ‘uma casa de oração’ para todas as nações” (Isaías, 56, 7). É por isso que todos enfrentarão o êxodo do Egito e os primeiros a fazê-lo serão o povo de Israel pois é nossa tarefa sermos uma “luz para as nações” (Isaías, 42:6).

Nossos egos, Faraó, não nos deixarão unir e alcançar um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo; é uma grande regra na Torá”*** — pela qual nos devemos conectar em Arvut (garantia mútua). Quando lutamos contra nossos egos, somos conduzidos às três pragas finais e mais duras: os GAR do grau, as primeiras três: Gafanhotos, Trevas e a Praga do Primogênito.

Durante a última praga, quando sentirmos quão ímpia nossa inclinação ao mal é e como ela nos separa da vida, separamos a nós mesmos dela. É por isso que Faraó alerta Moisés que se ele o abordar uma vez mais ele será condenado à morte, dado que esta inclinação verdadeiramente nos condena à morte.

O Moisés em nós está pronto para esta praga pois ele sabe que através disso ele nascerá; ele sairá do Egito e subirá a um nível de conexão entre todos, e descobrirá dentro dele a qualidade de doação. Ele alcançará a sensação do mundo vindouro, a sensação da eternidade, perfeição e a força superior que reside nele.

Quando alcançamos a perfeição através deste complicado processo, fazemos um sacrifício. A palavra Hebraica para sacrifício é Korban, da palavra Karov (próximo). Quando oferecemos um sacrifício, nos aproximamos da qualidade de doação. A oferenda de Pêssach exprime nossos esforços de alcançar a boa inclinação, que está acima da qualidade de recepção, a inclinação ao mal. Nós “passamos sobre” o ego e aproximamo-nos do desejo de doar. Esse movimento é feito com o sangue de Pêssach, semelhante ao sangue do nascimento. Nós nascemos em sangue, como está escrito, “No vosso sangue, vivei” (Ezequiel 16:6).

Avançamos deste modo até que chegamos à noite do êxodo do Egito. Nesse estado “levamos emprestados vasos dos Egípcios”, levando deles desejos. Em vez da intenção de receber, temos somente a intenção de doar. Levamos o desejo de receber juntamente com o desejo de doar          e saímos do Egito com ambos. Tudo o que deixamos são as intenções de receber, que são o mal. Isto é, nós levamos a inclinação, mas deixamos o mal para trás.

Subsequentemente, acrescentamos à inclinação, o desejo de doar, assim o fazendo uma boa inclinação. Foi por isso que entrámos no Egito para começar – para trazer dos Egípcios o desejo de receber, com o qual todos nascemos inicialmente.

Posteriormente vem a Praga do Primogênito a todos os Egípcios em nós, a nossa inteira inclinação ao mal. Este é o golpe final, trazendo com ele a luz que reforma e entregando um golpe final à dominação da inclinação ao mal sobre nós. É então que nos elevamos acima dela e avançamos para a conexão com os outros.

Nessa conexão, começamos a sentir o êxodo do Egito, da inclinação ao mal, que interferia com nossas conexões e com estarmos na Assembleia de Israel, que nos aproxima. Somente ao nos conectarmos descobrimos o Criador, a luz superior, o mundo espiritual, nossa perfeição e eternidade.

Quando saímos do Egito, há uma refeição festiva da oferenda de Pêssach com o mal. Saímos com o pão, o pão do pobre, Matzot, e renascemos quando nos elevamos acima de nossos egos, acima da vontade de receber e para o desejo de doar. Doravante, estaremos prontos para nossa ascensão espiritual.

O primeiro grau que alcançamos aquando nosso êxodo do Egito é o nascimento espiritual. Esta é a transição mais difícil, na qual jogamos fora todos os hábitos e costumes pelos quais percebíamos a realidade, o mundo e nossos relacionamentos. Nesta transição, subimos acima de todos os elementos que nos edificam e através dos quais nos desenvolvemos no nosso mundo. Mudamos de lá para um mundo que opera inteiramente em doação, em Arvut, em conexão.

Quando atravessamos, começamos a experimentar a Natureza da maneira oposta, seguindo as leis de doação, em vez das de recepção. Começamos a agir diferentemente, seguindo diferentes regras, e a realidade parece diferente que era anteriormente. Continuamos a nos desenvolver com o mesmo Faraó que havíamos deixado para trás; levámos somente os vasos dele, como está escrito, “posteriormente sairão eles com grande substância” (Gênese, 15:14).

Quando estamos rodeados de uma sociedade, estudos e a luz que reforma, atraímos as forças que nos puxam para fora do Egito. Deste modo, em todas as situações muito difíceis não precisamos temer enfrentar nossos egos.

 

Perguntas e Respostas

Quando sentimos que saímos do Egito?

Isso acontece subitamente, no escuro. Nada sentimos antes de acontecer: estamos aturdidos, desorientados, tal como no nascimento. Saímos para uma nova vida que desconhecemos e levamos somente o que precisamos – os desejos que não têm intenções de receber, sem as más intenções, chamadas os “grandes vasos”, que levamos do Egito. Os filhos de Israel são aqueles que os levam, aqueles que querem ser Yashar El (direito a Deus), direito à doação, ao amor aos outros.

O êxodo do Egito acontece à meia noite. De acordo com a sabedoria da Cabala, é então que a construção dos Kelim (vasos) começa em direção à aurora. Nesse estado nos sentimos mal devido às trevas e desorientação e confusão. Não compreendemos o que nos está acontecendo. Mas um ponto em nós diz-nos, “Faça-o”, e estamos dispostos a fazê-lo, seguindo a preparação que não nos deixa permanecer nos nossos egos – que realmente nos condenam à morte. Então saímos e escapamos.

De O Zohar: Um Cordeiro por Casa

“Israel não saiu do Egito até que o governo de todos seus ministros tivesse sido quebrado no alto”. Isto é chamado “todas as dez Klipot (cascas/peles) “, as dez pragas pelas quais o Egito é quebrado. “E Israel partiram de seu domínio e chegaram ao domínio da superior santidade”, chamada “doação”, “amor aos outros”, no Criador, e atados a Ele … que, “ ‘Eu (os) trouxe da terra do Egito’; Eu os trouxe para fora da outra autoridade e os trouxe para Minha autoridade”. Zohar para Todos, Bo (Vinde), item 165

A ideia é mudar da intenção de receber para a intenção de doar, de um estado de pensarmos constantemente em nós mesmos – como lucrar, ter sucesso e explorar nosso mundo – para o estado oposto. É verdadeiramente uma revolução interna naquele que ainda não compreende que há outro modo de viver, em doação, amor, elevando-se acima do eu – embora haja desejos constantes de receber dentro de nós.

Durante os quarenta anos no deserto, os filhos de Israel experimentam eventos tais como o bezerro de ouro e a divisão do Mar Vermelho. Estes eventos não são mais simples que o êxodo do Egito, mas o êxodo é nossa separação de nossos egos.

Depois da saída há descidas e ascensões e nossa vontade de receber continua a mostrar mais e mais de si mesma. Os filhos de Israel não saem sozinhos. Junto com eles vem a multidão misturada: pessoas que são atraídas a eles, que também querem alcançar o mundo iluminado, mas sem corrigirem seus egos. Elas estão dispostas a manter Torá e Mitzvot, mas sem corrigir o ego.

Qual é a diferença entre o êxodo do Egito para aqueles com um ponto no coração e para aqueles sem o ponto?

Há uma grande diferença entre eles. Israel são chamados Li Rosh (“Eu tenho mente”) porque eles o fazem conscientemente, conscientes do que lhes está a acontecer. Nós realizamos estas ações sobre nós mesmos e as experimentamos com o Criador. Nós atraímos a luz que reforma, e isto é chamado “trabalhar sobre a Galgalta e Eynaim, como está escrito, “E vós sereis para MIM um reino de sacerdotes e uma sagrada nação” (Êxodo, 9:6), ou seja todos em doação.

Inversamente, aqueles que não precisam disso – porque carecem do tipo de conexão à Divindade, o ponto no coração – são chamados “as nações do mundo”. Eles não sentem que devem corrigir o mal neles, seus egos, ou que se devem elevar e estar em Dvekút (adesão) com o Criador.

Nós estamos a viver em um tempo muito especial. O mundo inteiro está em uma crise; todos têm que renascer, quer queiram quer não.

Verdade, mas o mundo está sendo empurrado por trás através de sofrimento. Eles não têm, e não terão, a atração da frente. O resto do mundo sente a necessidade de saírem de seus problemas, enquanto que nós, Israel, sentimos uma necessidade de nos atrairmos à doação, amor aos outros e através disso alcançar o amor ao Criador. Essa é uma diferença fundamental. Nós estamos avançando através da força positiva de doação, a força de atração, enquanto o resto do mundo está avançando através da força que os empurra. Isso é muito diferente, que é o porquê de eles não avançam por si mesmos.

Devemos conectar-nos a eles como Galgalta Eynaim para o ACHP, e passar a doação para eles através de nós. Devemos ser sua “luz para as nações”. Embora não compreendam o que estão fazendo, eles se conectarão a nós, como diz Isaías, “E os povos os levarão e os trarão ao seu lugar e a casa de Israel os possuirá como uma herança na terra do Senhor” (Isaías, 14:2). É assim que eles serão corrigidos.

O que foi  o  grande  choro  no  Egito  na  altura  da  Praga  do  Primogênito?  Foi  o  choro  dos Egípcios para o ego?

A Praga do Primogênito encontra-se oposta a Kéter; ela foi a conclusão de todas as pragas. Com cada praga, outra fatia da intenção de receber foi cortada da vontade de receber. A intenção de receber é uma Klipá que é selecionada e separada e a vontade de receber permanece nua e sem utilização.

Malchut, Yessód, Hod, Netzach, Tiféret, Gvurá, Chéssed, Bina, Chochmá, e Kéter correspondem às dez pragas. A praga correspondente a Kéter é a mais dura pois ela é como a Rosh (cabeça) em relação ao resto dos golpes, e também porque sua Aviut (densidade, vontade de receber) é a maior. De todos os graus do desejo – raiz, um, dois, três, quatro – Kéter é o mais forte desejo egoísta.

É assim que nos separamos do ego e aparentemente “matamos” Faraó. Precisamente deste modo começa o ego a compreender que realmente existimos em prol de doar e ele pede aos filhos de Israel para abençoarem isto.

Não é simples pois ainda não percebemos tudo isso. No final, “Não há outro além Dele”. Uma única força, o Criador, gere tudo. Faraó é um anjo que parece estar contra nós, mas também ele, está nas mãos do Criador; é assim que eles trabalham juntos. Presentemente, é assim que nossa correção toma lugar na direita e esquerda com que trabalhamos, mas posteriormente aprenderemos como trabalhar com ambas, nas três linhas. Vamos aprendê-lo em relação ao Massach de Chirik, nas grandes correções.

De O Zohar: E Veio a Passar-se à Meia-Noite

Até “Todos os primogénitos”. Um primogênito é considerado Chochmá e “Todos os primogénitos” indica que até os mais altos e baixos graus foram quebrados de seu domínio. Todos esses graus que governam pelo seu poder de Chochmá, que é a sabedoria do Egito, como está escrito, “Todos os primogénitos na terra do Egito”. Zohar para Todos, Bo (Vinde), item 118

Nossos egos sofrem cada golpe no mais alto nível. Nossa vontade de receber está em nós  e        em nenhum outro lugar, nem sequer no Egito. Tudo se revela no interior porque o homem é um pequeno mundo. Estamos a começar a sentir que o anjo da morte está destinado a se juntar a nós a doar, como está escrito que o anjo da morte será o anjo sagrado. É por isso que Faraó pede uma bênção, pois ele ainda não se consegue conectar sozinho. E, todavia, ele compreende que uma nova era começou.

O Egito de hoje também demonstra sinais disso. Há pirâmides que os filhos de Israel construíram e há pirâmides que os egípcios construíram e elas são construídas completamente diferente.

Em relação ao processo dentro de nós, parece que temos dupla personalidade. Temos dentro de nós o atormentado Faraó por um lado e Moisés se deleitando no êxodo por outro lado?

Sim, estas duas forças estão dentro de nós. Frequentemente as sentimos quando ascendemos ou descemos. Quando somos egoístas, ou quando não sabemos o que fazer com nossos egos, estamos no escuro. Inversamente, quando estamos inspirados, trabalhando em prol de doar, como o Criador, a luz brilha para nós. Um principiante é como Moisés que regressa de Jétro; ele já descobriu o Criador, então ele agora regressa com ambas as forças.

Experimentamos ambas as forças?

Em uma luta, experimentamos tanto a força de Faraó como a força de Moisés. Já sabemos como fazer a força de doação reinar sobre a força de recepção.

É por isso que se diz, “Vinde ao Faraó”?

Sim, e cada vez o Criador faz a vontade de receber mais pesada, mais dura. Ele cada vez mais abre a vontade de receber dentro de nós e devemos superada e avançar.

 

Termos

Gafanhoto

Em todas as pragas do Egito, uma pessoa sente quão benéficas são as pragas. A praga vem porque uma pessoa está imersa no ego, em uma situação especial e as pragas ajudam um a sair desse estado. A praga do gafanhoto corresponde a Biná.

Trevas

Em cada estado temos trevas. Todavia, em estados de escuridão, isso são nossas trevas pessoais das quais podemos escapar para outro estado. Aqui, o estado de trevas vem quando estamos confusos, não sabendo coisa alguma, como se disse na história de Purim quando as pessoas não sabiam se Hamã  ou  Marduqueu  estava  certo.  Em   um   estado   de   trevas,   precisamos   obter  a   luz  de Chassadim porque as trevas vêm da luz de Chochmá e saímos delas através da luz de Chassadim. Precisamos de Chassadim, compreendendo que precisamos da luz e porque estamos já prontos, o pilar de fogo ou a nuvem aparecem.

Praga do Primogênito

“A Praga do Primogênito” é o maior e final golpe. Ele é um golpe que está na raiz pois o primogênito é o homem. Esta é a vontade de receber maior no nível de Kéter, depois da qual nada mais há para fazer no Egito. É aqui que Faraó se rende.

Faraó é deixado sem exército, sem coisa alguma. Assim que os filhos de Israel deixam o Egito, Faraó envia atrás deles o que quer que tenha sobrado do seu exército. Mas posteriormente, a multidão misturada junta-se a Israel, também e Faraó é deixado sem nada.

O Choro do Egito

“O choro do Egito” é o choro de nossos egos questionando, “Como viverei eu se estou nu sem qualquer recepção para mim mesmo, sem qualquer entendimento de como existir no mundo? Não estou habituado a esta situação. Eu tenho que mudar para um novo paradigma, para um mundo oposto que seja todo dar, conexão, garantia mútua e amor. Não posso viver assim. Eu não sei como! “

Este é o grande grito de nossos Kelim egoístas. Ele é um estado que atravessamos, semelhante ao nascimento físico onde o bebê recém-nascido atravessa um tipo de trauma, também. Aprendemos do Zohar que sua raiz é a mordida da serpente no veado. Isto é, Malchut é a fonte e ela é aquela que dá à luz à alma. Este é um estado muito dramático e especial. Se atravessarmos esse estado juntos com união entre nós, como explica a Torá, vamos sentir-nos inspirados e alerta e sairemos dele com facilidade.

De O Zohar: Louvar o Êxodo do Egito

Todo o homem que conta a história do êxodo do Egito e se deleita nessa história jubilará com a Divindade (que é alegria de todos os lados) no mundo vindouro. Este é um homem que está deleitado com seu mestre e o Criador está deleitado com essa  Sua história. Zohar para Todos,      Bo (Vinde), item 179

Há dois opostos aqui. Uma pessoa dá à luz a si mesma por si mesma. Por um lado, arrependemo- nos da parte em nós que nos pressiona durante as dores de parto até que rompemos e nascemos no novo mundo. Por outro lado, estamos deleitados que essa parte de nós esteja conectada ao Criador. Isso é semelhante à nossa alegria no nascimento de uma criança.

  • Talmude Babilônico, Masechet Kidushin, 30b
  • Midrash Rába, Eichá, ”Introdução”, Parágrafo 2.

** Talmude de Jerusalém, Séder Náshim, Maséchet Nedárim, Capítulo 9, p 30b.

VaErá (E Eu Apareci)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 6:2-9:35)

 

Sumário da Porção

Na porção, VaErá (E Eu Apareci), o Criador aparece diante de Moisés e promete libertar os filhos de Israel do Egito para a terra de Canaã. Moisés volta-se para os filhos de Israel, mas eles não escutam “por impaciência e por árduo trabalho” (Êxodo 6:9).

O Criador instruiu Moisés a se voltar para Faraó e lhe pedir que os filhos de Israel saiam do Egito. Moisés teme que não tenha sucesso na sua missão e pede ao Criador um sinal. O Criador diz a Moisés que ele será como Deus para Faraó, enquanto Aarão será como o profeta que tratará de falar. O Criador endurecerá o coração de Faraó e faz chover bastantes sinais e símbolos sobre o Egito. O Criador dá a Moisés e a Aarão uma vara, e quando Moisés lança a vara para o chão, ela se torna uma serpente. Quando Moisés e Aarão vão para Faraó, Moisés tem oitenta anos de idade e Aarão tem oitenta e três. Há muitos magos e adivinhos à volta de Faraó. Quando Moisés e Aarão chegam, eles jogam a vara e ela torna-se uma serpente. Os magos de Faraó fazem o mesmo e suas varas também se tornam serpentes, mas a serpente de Moisés engole as serpentes dos magos.

Apesar dessa representação, Faraó permanece desafiador e as dez pragas do Egito começam. Esta porção menciona sete das pragas: sangue, rãs, piolhos, moscas, pestilência, sarna e saraiva. Depois de cada praga, Faraó volta atrás na sua palavra e recusa deixar os filhos de Israel partirem.

 

Comentário

Embora esta descrição seja gráfica, ela na realidade transmite o interior da Torá, a verdadeira lei que nos instruiu a como sair do Egito dentro de nós. A Torá não nos diz para abandonar um lugar físico em favor de outro, mas em vez disso como nos podemos libertar a nós mesmos de nossos egos.

A porção é para aqueles de nós que trabalham duro e descobrem que estamos no Egito. Ela também lida com nosso desejo de não estar no Egito – o ego, a essência do mal. Deste modo, devemos escapar de lá enquanto discutimos com nossos egos. Não podemos tolerar o ego nesta situação, temendo que ele nos possa enterrar ou matar, então nos elevamos acima dele e começamos a partir dele.

Há duas forças em nós. A primeira é o ego, que é Faraó e todo o Egito. A outra é um ponto “saliente” chamado “o ponto no coração”. Todos nossos desejos que estão no Egito e são alimentados por ele enquanto há uma “fome na terra de Canaã” (Gênese, 42:6) criam uma luta interior em nós. Esta é a guerra da qual procuramos escapar, nos elevarmos acima do ego com todos nossos desejos. De fato, somente Moisés, o ponto no coração, escapa e se eleva acima do ego, fugindo do Egito para Jétro e para tudo aquilo que há em Midiã.

Passados quarenta anos, durante os quais ficamos mais fortes em Midiã trabalhando para aumentar a força de Moisés, o Criador aparece para nós na sarça ardente. Através de nossa voz interior, escutamos e compreendemos que devemos regressar, lutar contra o ego e sair dele, ou não seremos capazes de alcançar a espiritualidade.

A espiritualidade é alcançada somente ao corrigirmos nossos desejos, ao corrigirmos nossas intenções de visarem receber – a forma egoísta – para visarem dar, amar os outros. Devemos alcançar a regra, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Esta é a grande regra da Torá. O ponto no coração, o Moisés em nós, sente que está na hora de fazer isto. A voz do Criador diz-nos para começarmos a trabalhar com nossos desejos egoístas ao enfrentarmos Faraó.

Neste estado, ficamos completamente atônitos. É muito difícil enfrentar nossa natureza básica e o mundo literalmente mostra-nos    que     é impossível o fazer.     Parece     que     para     onde quer que nos voltemos, estamos rodeados pelos nossos egos. Estes são os adivinhos de Faraó, seus sábios, começando a descobrir quão irrealista é o caminho espiritual de nos elevarmos acima de nossos egos e alcançar o amor aos outros. Certamente, onde encontramos amor aos outros no mundo? Alguém apoia isto?

A Israel em nós é uma força muito fraca e embora pareça que possamos fazer qualquer coisa através de nossa espiritualidade, podemos também fazê-lo – e até com mais “sucesso”, através das forças do ego.

Por  vezes  provamos  a  nós  mesmos  que  nos  elevamos  através  do  grupo  que  estamos           a construir, através do bom e certo meio ambiente no qual nos encontramos. Tal como Faraó concordou em deixar os filhos de Israel partirem, mas mudou de opinião e capturou-os, nós também atravessamos sobes e desces que nos previnem de sairmos de nossos egos.

Experimentamos sete golpes que nos purificam e corrigem. Estes são ZAT do grau, e as sete Sefirot do fundo – Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod, Yessód e Malchut, correspondendo às sete pragas do Egito: sangue, rãs, piolhos, moscas, pestilência, sarna e saraiva.

As últimas três pragas são como GAR do grau: as primeiras três pertencem  a Rosh (cabeça), não  ao Guf (corpo) do grau. Aqueles que atravessam são liberados.

No nosso trabalho interior, enfrentamos lutas duras entre o ego e o ponto no coração. Estas atraem- nos para a liberdade, doação e até ao que Baal HaSulam chama nos ensaios, Arvut (“Garantia Mútua”) e Matan Torá (“A Entrega da Torá”), “do amor ao homem ao amor a Deus”.) É assim que emergimos de nossa natureza para a natureza do Criador.

Há somente duas forças na existência: a força da doação e a força da recepção. Nós estamos imersos na força da recepção, que nos condena à morte, torna nossas vidas amargas e limitadas e encurta-as até que não façamos ideia do que nossas vidas eram suposto serem.

A espiritualidade fornece uma resposta a perguntas a respeito do sofrimento no nosso mundo. Nós chegamos à espiritualidade devido às questões: “Qual é o sentido da minha vida?” “Para que serve a vida?” Na espiritualidade, constantemente examinamos estas questões e através delas emergimos para o mundo eterno e iluminado. Fazemos isso apesar da garra do ego sobre nós que não nos solta e nos puxa “pelos nossos pés” de volta para dentro, não nos deixando escapar.

Os livros de Cabala discutem estas lutas prolongadamente. Este é nosso trabalho interior, a razão pela qual estudamos sua sabedoria. A luz que reforma que obtemos ajuda-nos através das pragas, de uma praga para a próxima, de baixo para cima, em direção a golpes até maiores. Quanto mais avançamos, mais duro o trabalho e mais duros os golpes.

Embora sintamos como a força do mal em nós nos destrói, nos mantendo no nível animal, não podemos nos livrar a nós mesmos dela. Finalmente, chegamos a um estado onde sabemos que a menos que fujamos agora, com a ajuda da força superior, vamos permanecer no ego porque não conseguimos escapar a nós mesmos. O Criador deliberadamente o dificulta para nós, como está escrito, “Vinde ao Faraó” (Êxodo 7:26) “pois Eu endureci seu coração” (Êxodo 10:1).

O Criador propositadamente endurece o  coração  de  Faraó,  nossos  egos,  o  coração  com  todos nossos desejos, para que precisássemos de Sua força, para que sentíssemos cada vez mais como precisamos Dele e como nos apegamos a Ele, para que Ele nos liberte do Egito.

Como foi acima dito, há somente duas forças na realidade: a força má, Faraó e a força positiva do Criador, e devemos escolher a qual delas nos apegamos. Através da guerra entre as forças, aprendemos que não temos alternativa senão alcançar Dvekút (adesão) através da força do Criador. É assim que saímos do Egito.

Bem desde o início, vemos que Moisés foi para o povo de Israel e lhes disse que o Criador havia aparecido diante dele, e foi por isso que ele sugeria que eles saíssem do Egito. Mas o povo recusou; eles não queriam escutar.

Sua recusa pode atingir-nos como estranha pois pareceria racional que o povo de Israel quisesse sair do Egito. Contudo, devemos recordar-nos que este é o povo de Israel no exílio, debaixo do governo de Faraó. Tivesse o povo de Israel estado em Canaã, as questões seriam muito diferentes.

Mas em Canaã houveram problemas, também. Houveram contendas e fome porque a vontade de receber crescia e não podia mais ser usada. Foi por isso que foi dito que havia lá “fome”. Deste modo, para usar o desejo, o povo de Israel teve de descer ao Egito, uma vez que somente ao acrescentar o ego poderiam eles sair do Egito com as qualidades de Israel neles, a Yashar El (direito a Deus).

Devemos sair do desejo egoísta que anteriormente tínhamos, e com o qual descobrimos  o  mundo espiritual. Nada temos senão nossa essência natural. Depois da ruína, a quebra, o pecado da Árvore do Conhecimento e os outros pecados, nossa natureza foi completamente arruinada. Ela foi completamente quebrada, muito como o mundo de hoje, que gradualmente descobre a crise em que nos encontramos. Este foi o começo do sistema egoísta que se encontra entre nós.

Os filhos de Israel tiveram de descer ao Egito para reanimar suas almas. Todavia, por agora eles são ainda como José, como os filhos de Israel. Eles viveram separados dos desejos egoístas até que começaram a se misturar com o ego. São especificamente aqueles que estudam a sabedoria da Cabala, que fazem aquilo que está escrito nos ensaios e seguem o conselho dos Cabalistas em prol de descobrir o mundo espiritual, que se sentem cada vez mais baixos, à medida que almejam ascender. Este estado é chamado “os filhos de Israel no Egito”.

Os filhos de Israel tiveram de estar no Egito durante quatrocentos anos, como foi dito a Abraão. Os quatrocentos anos são quatro graus desde a raiz  – um, dois,  três,  quatro,  ou Yod-Hey-Vav-  Hey. Também nós devemos estar no exílio em prol de revelar o Kli inteiro (vaso) e alcançar redenção com ele em um Kli corrigido. Em outras palavras, todas nossas almas se conectarão e descobrirão nessa conexão com a luz superior, o Criador. É assim que a alma se une com a força superior, com a luz; esta é a redenção completa.

Primeiro, devemos nos misturar com nossos quatro níveis de Aviut (vontade de receber, egoísmo). Passámos somente 210 anos no Egito, então há exílio adicionais depois do Egito, até à medida de quatrocentos anos estar cheia. Presentemente encontramo-nos na conclusão desse período.

Devemos descer ao Egito e absorver estes quatrocentos graus, que são como quatrocentos shekels de prata, o preço com o qual a Gruta de Machpelá foi vendida. Esta é uma medida especial de nossos egos, que Faraó simboliza de uma maneira quebrada na  alma  corrigida.  No  final,  trazemos estes Kelim (vasos) do Egito porque saímos com grande substância, os corrigimos e descobrimos neles a terra de Israel.

 

Perguntas e Respostas

Porque o Criador nos quer fora do Egito, por um lado, e então endurece o coração do Faraó, tornando mais difícil a saída dos filhos de Israel?

Quando as pessoas vêm estudar a Cabala, elas chegam com um grande desejo de aprender, então percebem quão difícil é e não têm sucesso. Elas começam a “adormecer”. Seus egos crescem, elas rendem-se para ele, e afundam-se nele. Elas não conseguem compreender que o que lhes aconteceu foi que elas entraram no Egito. Nós precisamos continuar a trabalhar, até quando nos afundamos no ego; não devemos permanecer nele.

Há também aqueles que se separam a si mesmos das correções e da sabedoria da Cabala por completo. Eles fluem com a vida e podem até adotar novos hábitos. Mas se eles não continuarem e avançar pela quebra, os golpes internos, até que sintam que têm de sair do Egito, como está escrito, “E os filhos de Israel suspiraram do trabalho” (Êxodo, 2:23), e gritarem para a força superior os puxar para fora, eles serão puxados para fora.

A sabedoria da Cabala lida com fatos, com leis naturais. Todavia são mostrados sinais aos filhos de Israel, tais como uma vara que se torna uma serpente. Isso simboliza algo sobrenatural?

Esse é um estado interno que frequentemente experimentamos. A vara se tornar na serpente representa incidentes onde a espiritualidade e perfeição aparecem diante nós. Sentimos que verdadeiramente compreendemos alguma coisa da qualidade de doação, que estamos prontos para nos conectar com os outros e que estamos com eles com mente e coração, “como um homem com um coração”. Então, pouco depois vem a descida, como uma nuvem negra desce sobre uma pessoa. Muito da mesma forma, a vara e a serpente alternam.

Pode ser dito que a atitude em relação à espiritualidade é chamada uma “vara” ou uma “serpente”?

Sim, e nós somos jogados entre elas.

Como os magos do Egito fazem o mesmo que Moisés com as suas varas?

Nossos egos criam coisas para nos mostrar quem tem razão. Na história de Ester, quando eles não sabiam quem tinha razão, tiveram de decidir acima da razão. O mesmo se aplica a nós. Nós não queremos deixar o Egito para nosso ganho, mas também não queremos permanecer no Egito para nosso ganho. Isto é, não vem do lado da recepção nem do lado da doação.

Cada um gostaria de se conectar à espiritualidade e alcançar o mundo espiritual e assim ter tudo. Contudo, nos é feito entender que tanto na recepção e doação não receberemos ganho pessoal nos nossos egos. Quando avançamos, como os magos do Egito, avançamos para a Klipá (casca/pele) para doar em prol de receber, para recebermos para nós mesmos o próximo mundo, também. Mas a doação significa que nos elevamos acima de qualquer recompensa que se pareça.

O que significa que a serpente de Moisés e Aarão engole as serpentes dos magos Egípcios?

Isso significa que no fim teremos de avançar em fé acima da razão. Isto é chamado uma “vara”, e com ela nossa importância da doação aumenta em vez de diminuir, nos fazendo descer aos vasos de recepção.

Todos nós experimentamos estes golpes, cada um de nós, até agora?

A Torá fala de tudo aquilo que acontece a aqueles que estudam a Cabala. A crise na qual o mundo hoje está nos preparando para que compreendamos que não temos alternativas; devemos avançar.

Com a exceção dos filhos de Israel, o mundo não avançará através dos passos que aprendemos na Torá. O mundo avança ao se juntar aos filhos de Israel, como está escrito, “E os povos os levarão, e os trarão ao seu lugar; e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor” (Isaías, 14:2). O mundo inteiro precisará de o apoiar.

O que fazemos para sair agora do Egito?

A Torá conta-nos que até que tenhamos sofrido todos os golpes, não gritaremos tão alto que o Criador nos salve. Quando isso acontecer, a força superior, a luz que reforma, nos influenciará tão fortemente que seremos capazes de nos separar do ego.

De O Zohar: Eu Trarei, Eu Libertarei, Eu Redimirei, Eu Tomarei

O Criador desejou primeiro lhes contar do mais belo – o êxodo do Egito. O mais belo de tudo é, “E Eu vos tomarei por Meu povo, e serei vosso Deus”. Mas Ele lhes disse isto depois. Na altura, não havia nada mais belo para eles senão saírem pois pensaram que nunca sairiam de sua escravidão, dado que viram que todos os prisioneiros entre eles estavam atados por laços mágicos dos quais nunca sairiam. Foi por isso que primeiro lhes foi dito o que lhes era mais favorável. Zohar para Todos, VaErá (E Eu Apareci), itens 52-3

É a obra do Criador. Não somos nós que fazemos o trabalho, e não é o trabalho que o Criador faz quando nos corrige. Em vez disso, é o trabalho que o Criador faz “nos bastidores”. Ele é “as traseiras do pescoço”. Isto é, endurecer o coração de Faraó é o trabalho que o Criador faz para que precisemos Dele.

É então que queremos sair do Egito?

É  então  que  queremos  sair  do Egito e  é  também  então  que  definimos   o  que  significa   sair corretamente. Se questionar uma pessoa vulgar, “Porque você está orando? “ “O que é redenção? “ “O que ou quem é o Messias? “ Você escutará muitas respostas. Todos temos nossos próprios Messias. Mas aqui, falamos de uma pessoa que precisa alcançar um estado de Messias. Isto traz um ao amor aos outros, um estado de “Ama teu próximo como a ti mesmo”, a regra que inclui todos nós, uma vez que todos nós devemos estar mutuamente contidos nela, em garantia mútua.

É por isso que a garantia mútua é tão importante para nós; ela é como o êxodo do Egito, como    a redenção. Enquanto não há garantia mútua, não haverá redenção. É por isso que todos precisam de trabalhar para o fazer acontecer e explicar a todos que quanto mais perto nos aproximamos deste ideal, maiores nossas chances de sair do Egito em breve.

 

Termos

Profeta

Um “profeta” é uma pessoa que fala com o Criador, a força superior. Ele é aquele que está em um nível de falar. “Falante” é uma divulgação, a emissão de Hével (fumo, nevoeiro) da boca. Hével da boca é a Ór Chozêr (Luz Refletida) emitida do Partzuf, da alma, como a luz de doação.

Também, há um profeta que vê, que está em um nível mais alto. Alguns profetas dizem, “Eu vi”, e alguns profetas dizem, “Eu escutei”. Este é um grau de um Cabalista que está em dois graus – um grau de falar ou um grau de ver.

Moisés

“Moisés” é a força superior em nós, que nos puxa em frente para a doação, para o amor aos outros, e assim para o amor ao Criador. Ele é uma força que não nos dá repouso. Esta força vem até nós do sopro da alma como uma centelha de luz dentro de nós. Se a centelha desperta em nós, isso é considerado que recebemos um convite. Isso nada garante, senão um convite que foi dado a na realidade começarmos o nosso trabalho sagrado.

“Sagrado” significa doação. “Subir a montanha da santidade” significa que subimos acima de nossos egos com nosso ponto de Moisés, e assim nos atualizamos a nós mesmos.

Aarão

“Aarão” é a força oposta a Moisés. As duas forças têm de trabalhar juntas. Depois delas há os sacerdotes, Levitas e Israel. Há Abraão, Isaac e Jacó. Nosso trabalho é sempre na linha do meio.

Quando vemos as duas forças, Aarão e Moisés, até antes do todo da linha do meio emergir. Estas duas forças trabalham juntas: Aarão organiza-nos e Moisés dá-nos direção.

Símbolo/Sinal

Um “símbolo” (ou um “sinal”) é uma iluminação de um grau mais alto. Ele é uma força adicional pela qual avançamos em cada grau. Ele é uma distinção em todos aqueles estados que ocorrem em nós de forma não natural, em um estado pouco familiar para nós em termos de poder e intenção no presente grau. Esse estado ocorre quando um grau aparece do alto e revela o símbolo. O grau superior pode vir da direita ou da esquerda.

A Klipá (casca/pele) está também na espiritualidade. Klipá e Kedushá (santidade) são duas linhas entre as quais construímos a nós mesmos. Pegamos um pouco da Klipá, a corrigimos usando a Kedushá e no meio alcançamos progresso na linha do meio, no caminho dourado. A mesma coisa acontece no próximo grau, e no próximo, até que subimos todos os 125 graus.

De O Zohar: Levai Tua Vara

Era claro para o Criador que esses magos fariam serpentes. Assim, qual é a importância de fazer serpentes diante de Faraó? É porque houve um começo de todas as punições, isto é a serpente primordial que falhou a Adão e Eva. A dominação de Faraó começa desde o princípio da serpente, do lado esquerdo. Então, quando eles viram a vara de Aarão se tornar uma serpente, todos os magos ficaram felizes pois assim foi o começo da sabedoria de suas serpentes. Zohar para Todos, VaErá (E Eu Apareci), itens 118

A serpente de Aarão consumiu as serpentes dos magos. Há uma diferença entre uma serpente, um crocodilo e uma baleia. Há muitas apelações para a mesma vontade de receber porque no caminho da correção, atravessamos diferentes estados que exprimimos diferentemente na nossa linguagem.

A “serpente” é a serpente primordial, a força do mal, a força da recepção que nos faz falhar. Precisamos compreender que todos esses fracassos não são realmente fracassos. Em vez disso, nos são mostrados nossos defeitos, nos é dada uma chance de pedir a luz que reforma para os corrigir.

Há opostos escondidos aqui: do alto, há sempre algo com o qual lidar, algo que nos é adequado e pelo qual podemos pedir ajuda. Este é um estado que podemos corrigir. É dada a uma pessoa um estado que a fará falhar.

Os magos e o tornar da serpente em uma vara e o inverso acontece para que aprendamos como caminhar entre as linhas, na linha do meio. Devemos aprender como virar o ego, nossa vontade de receber, que nos destrói e agarra pelos nossos pés até que não possamos tomar outro passo em frente, em um desejo de doar. Esta é uma luta interna, trabalho interior muito duro.

Isto acontece para que gritemos por ajuda. Sem pedir ajuda, nunca descobriremos o Criador. Enfrentamos uma barreira tentando descobrir o Criador; é como se disséssemos, “Não precisamos de Ti. Estamos bem”, porque estamos separados da sensação do Criador. É por isso que precisamos desta experiência; ela é feita como ajuda contra nós.

Não fosse a serpente, Eva, o lado esquerdo inteiro, e Faraó, cujo coração se endurece, não precisaria da luz que reforma. Como resultado, nunca avançaríamos para o Criador. Deste modo, a ajuda de Faraó é necessária, como se diz que Faraó trouxe os filhos de Israel mais perto de seu pai nos céus.

Shêmot (Êxodo)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Êxodo, 1:1-6:1)

 

Sumário da Porção

A porção, Shêmot (Êxodo), começa com o falecimento de José e todos os seus contemporâneos: “E um novo rei se levantou sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo, 1:8). Subsequentemente, Moisés nasceu no Egito e sua irmã o escondeu em uma arca. Ela colocou a arca no Nilo e seguiu-a. A irmã de Faraó desceu para se banhar no rio, encontrou a arca, e levou o bebê. A irmã de Moisés ofereceu-se a ajudar a encontrar uma ama Hebraica e levou a mãe de Moisés para cuidar do bebê.

Moisés cresceu e viveu no lar de Faraó  durante  quarenta  anos.  Um  dia,  ele  viu  um  homem Egípcio a bater em um Hebreu. Ele golpeou e  matou  o Egípcio e  enterrou-o  na  areia. Quando ele percebeu que um dos seus irmãos Hebreus o havia visto na ação, ele temeu ser relatado e fugiu para o deserto. No deserto, ele encontrou Jétro (Yitrô), sacerdote de Midiã. Moisés casou-se com sua filha. Quando ele viu a sarça ardente, lhe foi dito que ele deveria regressar para Faraó e para o povo de Israel, e lhes dizer que era tempo de sair do Egito.

A porção termina com os filhos de Israel se queixarem sobre sua situação infeliz. Moisés se voltou para o Criador, que disse para ele: “Agora, portanto, verás o que hei de fazer ao Faraó, pois é pela intervenção de minha mão poderosa que os fará partir, e por minha mão poderosa os expulsará do seu país! “ (Êxodo, 6:1).

 

Comentário

Estas histórias lidam com a alma do homem. A Torá conta-nos como nos corrigirmos de modo a desenvolver a alma dentro de nós, como a abrirmos para a luz superior, para a revelação do Criador e como sentir dentro dela o mundo espiritual superior.

O processo começa com um desejo especial, chamado “Abraão”, que desperta e se questiona sobre o sentido de nossas vidas, nos conduzindo a abrir nossas almas. Nosso desejo em desenvolvimento deve escapar à Babilônia, a soma de nosso grande ego.

Subsequentemente, esse desejo cria outro desejo, Isaac, que gera, todavia, outro desejo, Jacó. Estes três desejos formam a fundação da alma.

Jacó, que é um desejo especial, tem doze filhos. Ele é um desenvolvimento do terceiro desejo, que alcança equivalência com a força superior – o Criador – que é doação pura. O êxodo da Babilônia simboliza nosso desejo de alcançar esse mesmo nível de doação. Jacó é o primeiro a atualizar esse desejo através de seus filhos, particularmente através de José, que reúne todas as qualidades de doação da correção que Abraão, Isaac, Jacó e o resto dos filhos fizeram.

José é o único que consegue descer ao seu ego com todas as correções e começar a trabalhar com o ego, que é chamado “Egito”.

Todos da casa de Jacó descem ao Egito. Lá, eles completam suas correções e morrem. Passado um pouco, uma criança nasce na tribo de Levi. Ao contrário do resto das crianças Hebraicas que Faraó condenou à morte, esta sobrevive. Em termos espirituais, Faraó “engoliu” todos os desejos que foram corrigidos direcionados para doar.

Ele condena-os à morte, pelo ego tomar posse de todos os desejos. Assim, até se uma pessoa quiser avançar para a espiritualidade, o ego, a vida e o meio ambiente o tornariam impossível.

No período que precede ao nascimento do desejo chamado “Moisés”, não se conseguia avançar para a espiritualidade. Ele tinha que esperar até que o desejo Moisés aparecesse e crescesse, graças a sua mãe, que cuidava dele e a Bátia, a filha de Faraó, que o recebeu posteriormente.

Bátia é Bat Yáh (Filha do Criador); ela é uma parte da qualidade de Faraó dentro de nós, uma parte especial do nosso ego, a vontade de receber. Esta parte consegue conectar-se com o desejo de doar e crescer.

Moisés cresceu na casa de Faraó como neto, o filho da filha de Faraó, Bátia. Ele foi criado como um príncipe que foi educado em toda a sabedoria do Egito até que tivesse quarenta anos.

Quarenta anos de idade é a idade de Biná (entendimento). Esta não é uma indicação do número de anos, mas uma fase na qual o desejo não só cresce e atrai do lado de Faraó, o ego, mas começa a se corrigir a si mesmo, também. O desejo que alcança a idade-estado de quarenta descobre sua oposição a Faraó e usa-o para lhe escapar.

Nosso êxodo do Egito começa quando sentimos que não conseguimos tolerar mais a luta. Ele acontece quando há resistência, quando sentimos ambos Faraó e Moisés dentro de nós, e os Judeus em nós desejam a união, mas são incapazes de a alcançar porque eles são escravos de Faraó. É aqui que descobrimos os governantes de Faraó. Há uma luta interna entre os Judeus e os governantes de Faraó e o percebemos como insuportável. É aqui que começamos a resistir e devemos tomar ação e nos corrigirmos.

A força de Moisés no interior mata os homens de Faraó – os Egípcios – dentro de nós, e deste modo deve fugir de Faraó. De fato, quando Moisés mata os Egípcios dentro dele, a luta entre ele e seu ego só se intensifica, e ele tem de afastar para muito longe de seu ego. Este é o sentido da “fuga do Egito”.

Contudo, não se consegue escapar de todo pois o resto dos desejos, os filhos de Israel, estão ainda escravizados no Egito debaixo do ego, trabalhando em prol de receber. Só Moisés cresceu e escapou para Midiã, para Jétro, casou com a filha do sacerdote, Zipora, e permaneceu lá durante quarenta dias.

Enquanto no deserto, Moisés compreendeu que lá havia um ponto especial, a sarça ardente, que o podia levantar. Com Jétro, ele se conectou durante quarenta anos. Ele continuou a crescer lá e adquiriu toda a sabedoria de Jétro, que lhe deu um trampolim de volta ao Egito, para o começo de sua confrontação com Faraó.

O Criador disse para Moisés, “Vamos até ao Faraó pois ‘Eu endureci seu coração’”. Em outras palavras, nós sentimos as duas forças novamente, que fornecem o entendimento e a habilidade de lidar com o que é necessário, com o ego. Então, compreendemos que “nada há senão ELE” (Deuteronômio, 4:35), que nada há senão a força singular que, por um lado, brinca com o ego e endurece o coração do Faraó. Por outro lado, ela vai conosco e ajuda-nos a avançar acima dele. Assim, o Criador gradualmente nos traz em direção a sairmos de nossos egos inteiramente quando saímos do Egito.

Ao mesmo tempo, “os filhos de Israel suspiraram do trabalho” (Êxodo, 2:23), construindo Pitom e Ramsés, belas cidades correspondendo ao primeiro e segundo Templos, todavia foram para Faraó. O ego continuou a crescer, tal como os filhos de Israel, e todas estas qualidades de doação dentro de nossas forças de recepção perseguiram o Egito em nós, nossos egos.

Podemos ver a grande força que existe nestas qualidades somente quando avançamos. Enquanto estamos escravizados pelo Faraó, elas são cidades de pobreza, um estado no qual se deseja sair do ego e avançar para a espiritualidade, mas não tem saída pela qual escapar. “Cidades de pobreza” indicam que uma pessoa está em perigo* porque se ela permanecer no seu ego, ela nunca alcançará o mundo espiritual.

Durante seu tempo com Jétro, Moisés adquiriu os poderes para lidar com Faraó. Ele fez uma aliança e chegou ao Egito com seu filho, Gerson (Gershon). Aquando seu retorno ao Egito, ele começou a lidar com Faraó. Ele reuniu-se com seu irmão, Aarão, e juntos eles reuniram o resto dos anciãos de Israel.

Colocando-o diferentemente, nós evocamos todas as forças interiores com as quais acreditamos que pode nos elevar acima de nossos egos e nos corrigirmos. As forças, pensamentos e intenções com as quais podemos nos elevar acima de nossos egos, acima do Egito, são aquelas que estão em equivalência de forma com o Criador. É nesses desejos que a força superior é revelada e recebemos um vislumbre do mundo espiritual.

Nessa luta, podemos conectar-nos com o Aarão interior, o lado direito, e com Moisés, o lado esquerdo. Juntos, eles são Cohen (sacerdote) e Levi (Levita). Então, evocamos todas essas forças interiores e descobrimos evidência do Criador através de “milagres”, ou seja, forças que atuam sobre nossos desejos. Um pouco da força espiritual aparece em nós, podemos separar os desejos com os quais podemos construir o Kli (vaso) para revelar o Criador, a “alma”. Estes desejos destinam-se a exigir de Faraó, “Deixai Meu povo partir” (Êxodo, 5:1).

Nesse ponto, sentimos que estamos em uma encruzilhada e que temos resistência. Exigimos nos separarmos do ego e subir ao nível de Biná, fora do Egito. Nossa força não se manifesta toda de uma vez. O Faraó no interior diz, “Nem pensar”, e “Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz? “ (Êxodo, 5:2).

Dentro de nós está uma grande luta, nos prevenindo de nos separarmos a nós mesmos de nossa natureza. Isso resiste-nos ao nos puxar para nossa natureza, e tentamos, mas somos constantemente puxados para trás. É por isso que sofremos os golpes chamados as “Dez pragas do Egito”. Estes golpes empurram-nos para a frente.

Este é um processo duro. A luta assemelha-se a dores de parto. Certamente, o êxodo do Egito é chamado “nascimento” – o nascimento do homem espiritual. Neste estado, nós (o povo de Israel) sofremos de todos os desejos e intenções em nós. Ficamos muito frustrados e precisamos de muito apoio. É muito difícil atravessar estes estados sem o apoio do meio ambiente adequado, que serve como uma “parteira” no Egito.

Nesse estado precisamos dessas parteiras em prol de reunir a necessária força para nos trazer a necessitar da força superior, a sentir que sem a ajuda do Criador nunca nos elevaremos acima de nosso Egito.

Desta forma vemos que  há  um  “jogo”  significativo  aqui  entre  o  fortalecimento  de  Faraó  e  o fortalecimento de Israel. Mas somente quando chegamos a um estado de desamparo e confusão diz o Criador, “Vinde ao Faraó” (Êxodo 7:26) “pois Eu endureci seu coração” (Êxodo 10:1). Isto é, o Criador deseja salvar-nos precisamente através do endurecimento. Com isso, Ele mostra-nos Sua grandeza.

O dramático processo e condições difíceis que enfrentamos são pelo nosso próprio bem. Durante o estudo da sabedoria da Cabala, quando nos elevamos acima de nossos egos e descobrimos a espiritualidade, a força superior, atravessamos um processo complicado de autoexame e lutas internas entre desejos, forças e intenções. O experimentamos para que possamos sentir a força superior, o mundo espiritual, e onde ele está, porque não podemos quer vê-lo ou senti-lo com nossos sentidos.

Devemos coletar estas forças de apoio – Faraó, Jétro, Aarão, Israel no Egito, e todos os patriarcas, como forças que desejam que nos elevemos acima do ego e descubramos o mundo espiritual. Estas forças enfrentam Faraó, o ego e exigem se elevar acima dele, como está escrito, “Deixai Meu povo partir para que eles Me possam servir” (Êxodo, 7:16). Isso necessitava da ajuda que se recebe do alto, do Criador.

Este é o único modo que podemos adquirir o poder que o Criador nos envia, a força superior, a força da doação, o amor aos outros, através do qual nos elevamos acima do ego e saímos do Egito. Este é nosso nascimento espiritual, e somente então começamos nós a sentir o mundo espiritual. Doravante, seremos ressuscitados.

A porção abre diante de nós uma nova fase  no  nosso  desenvolvimento.  É  por  isso  que  o livro, Shêmot (Êxodo),  é  o   segundo   livro   na   Torá.   Há   cinco   livros   no   Pentateuco.  Estes correspondem aos cinco desejos egoístas que precisamos corrigir em cinco  graus:  os mundos Assiá, Yetzirá, Briá, Atzilut, e Adam Kadmon, até que alcancemos o fim da correção, redenção completa. Cada mundo contém cinco graus internos, que, por sua vez, contêm outros cinco graus em cada um. Assim, ao todo há 125 graus pelos quais ascendemos até à correção final e completa, nossa redenção completa.

Redenção começa depois da primeira fase preparatória, quando descobrimos o verdadeiro Faraó no interior, o verdadeiro ego. Porque enfrentamos duas forças conflituosas, Faraó e Moisés, precisamos de uma terceira força que decida entre elas. Essa força é o Criador, a força superior, que então aparece e nos ajuda.

 

Perguntas e Respostas

A porção descreve as preparações para um nascimento espiritual. É semelhante ao que hoje está a acontecer no mundo?

É claro. Todos estamos em um estado de examinar nossos egos, seu controle sobre nós e os estreitos limites que eles nos permitem. Estamos ainda por concretizar o reconhecimento de que o ego é mau, mas muitas pessoas hoje já começam a ver que estamos desamparados pois não sabemos como corrigir as crises que o ego criou.

É esta a sensação Egito ou ainda não?

Esta é já a sensação do Egito. Nós estamos debaixo de grande stress porque não determinamos se Faraó é nosso “bom avô”. Ele está sentado com Moisés no seu colo e dispensa as alegrias da vida (incluindo os Judeus que estão no Egito, desfrutando da abundância) ou há uma nova fase a surgir aqui?

Durante milhares de anos nós temos progredido através de nossos egos crescentes e desfrutamos disso. Pensamos que prosperaríamos indefinidamente. Mas subitamente, descobrimos que essa mesma força pela qual agradecemos pela nossa abundância se tornou uma força prejudicial. Este é Faraó alterando sua atitude para os Judeus no Egito, se tornando o mau governante, como está escrito, “Agora lá se levantou um novo rei sobre o Egito, que não conhecia José” (Êxodo, 1:8).

Durante os últimos cem anos, mas em particular desde a viragem do século, temos estado envolvidos neste autoexame e devemos terminá-la rapidamente. Contudo, tudo depende das pessoas que compartilham seu conhecimento da situação, pois ninguém sabe o que fazer.

Isso é semelhante ao que acontece em Purim, quando a cidade de Shushan está atónita e as pessoas não sabem quem está certo — Marduqueu (Mordechai) ou Hamã. Similarmente, a história no Egito se repete a si mesma com o Judeu que queria revelar como Moisés matou o Egípcio.

Desta forma, devemos explicar a todos o que está realmente a, a razão para todas as coisas más, as crises e como nos podemos elevar acima de todas elas. Foram somente nossos egos que nos trouxeram para este problema. Através do processo certo, como nos conta a Torá, devemos ver o ego como uma força má sobre a qual deve brilhar a luz que reforma. ** Em outras palavras, o Criador que agora aparece a Moisés e lhe diz, “Vinde ao Faraó pois Eu endureci seu coração”, ou seja, “Eu causei a crise para que tu Me encontrasses, pois somente Eu te posso ajudar a sair dela”.

Devemos passar esta mensagem a todos tão rápido quanto possível e demonstrar como podemos descobrir a força superior que nos recompensa com a abundância. Se nos relacionarmos às nossas crises da maneira certa, obteremos, enquanto nesta vida, o mundo espiritual, eternidade e perfeição.

O que é Moisés na espiritualidade, e o que são todas as fases que ele atravessou no nível espiritual?

Moisés é a força que nos puxa para fora do Egito (nossos egos), nos elevando acima deste mundo e para o espiritual. Isso é contrário ao que Bátia diz: “Eu o puxei da água” (Êxodo, 2:10). Moisés é a força que agora nos deve conduzir de lá até que entremos na terra de Israel.

Porque é a filha de Faraó chamada Bátia (a filha do Criador)? Não são eles opostos?

Faraó é o lado posterior do Criador. A força superior está a brincar conosco. Está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”, que é Faraó, “Eu criei para ela a Torá como tempero” (Masechet Kidushin, 30b), pois “A luz nela a reforma” (Eichá, “Introdução”, Parágrafo 2). Em outras palavras, Ele reforma Faraó, a inclinação ao mal.

No fim do processo, nós devemos tirar do Egito todos os Kelim (vasos), todos os desejos e esvaziar os Egípcios de todas as coisas, como está escrito sobre os filhos de Israel que eles saíram com “grande substância” (Gênese, 15:14). É assim que santificamos estes Kelim, estes grandes desejos – que até então trabalharam para nosso próprio bem. Agora os invertemos para trabalhar pelo bem dos outros e é precisamente nestes desejos que descobrimos nossa vida eterna.

Porque recusou Faraó deixar Israel partir do Egito?

Quando os Israelitas estão no Egito, eles dão grande substância ao Faraó. As forças de doação dentro da vontade de receber são muito úteis para Faraó e a vontade de receber sabe como negociar, como desenvolver indústria, ciência e assim por diante.

Parece que o Criador espera a aprovação de Faraó, porque depois de Faraó recusar, o Criador os retira com pressa.

Esta é nossa própria escolha. Nos encontramos entre o ego, a força da recepção e a força da doação. Somos nós quem reconhece o mal no Faraó e podemos ver este mal gradualmente perdendo sua força pelas nossas ações, podemos deixá-lo para trás.

 

Termos

Moisés

“Moisés” é a força dentro de nós que nos puxa deste mundo para o espiritual.

Sarça Ardente

A “sarça ardente” é Malchut que sobe até Biná e recebe a luz de Chochmá.

Faraó

“Faraó” é a totalidade de nosso ego. A palavra, Faraó, vem da palavra, Oref (traseiras do pescoço), que é o posterior de nossa vontade de receber. A vontade de receber é a substância da Criação. Essa substância pode se direcionar para seu benefício próprio, mas ela também se pode direcionar para o benefício dos outros, dependendo de como a usamos.

Por agora a recebemos, como está escrito, “Eu criei a inclinação ao mal”, como Faraó. Devemos torná-la a boa inclinação através do tempero da Torá, que é a luz superior que atraímos através de nossos estudos. É assim que mudamos do ódio aos outros para o amor aos outros.

Nilo

O Nilo é toda a sabedoria do Egito. Está escrito, “Há sabedoria nas nações, acredita” (Midrash Rába, Eichá, Porção 2). Israel é pequena, a menor de todas as nações. Ela não tem o poder da sabedoria (Chochmá), o grande desejo. Ela tem somente a força de doação, amor. O Nilo simboliza toda a sabedoria do Egito.

* A palavra Hebraica, Miskenot, significa tanto Misken (pobre) como Mesukan (perigoso).

** Midrash Rába, Eichá, ”Introdução, Parágrafo 2.