Rabi Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam) (1884-1954)

Rabi Yehuda Ashlag é mais conhecido como Baal HaSulam (Dono da Escada) pelo seu comentário Sulam (Escada) ao Livro do Zohar. Baal HaSulam passou sua vida inteira interpretando a sabedoria da Cabala, inovando e espalhando-a por Israel e pelo mundo no geral. Ele adaptou a Cabala Lurianica do Ari à nossa geração e fazendo isso permitiu a que qualquer um estudasse as raízes da realidade na qual vivemos e assim percepcionar o propósito derradeiro da vida.

Porque Baal HaSulam nasceu quando o mundo já estava pronto para saber sobre a Cabala, os seus escritos carregam uma natureza “multinacional” distinta. Ele previu processos tais como a queda do comunismo russo e a globalização muito antes de se tornarem evidentes ao resto de nós e os apresentou contextualizados com a correcção espiritual da humanidade.

Baal HaSulam nasceu em Varsóvia, na Polónia e estudo Cabala com Rabi Yehoshua de Porsov. Em 1921, ele imigrou com a sua família para Israel (então chamada Palestina) e estabeleceu-se na Cidade Velha de Jerusalém.

O rumor da sua chegada rapidamente se espalhou pela cidade e rápido ele ficou conhecido pelo seu conhecimento em Cabala. Gradualmente um grupo de estudantes se formou ao seu redor. Estes viriam a sua casa nas breves horas matinais para estudar a Cabala. Passado algum tempo, Baal Hasulam mudou-se da cidade velha de Jerusalém para outro bairro de Jerusalém, Givat Shaul, onde serviu como rabino do bairro durante vários anos.

 

AS SUAS OBRAS PRINCIPAIS

Os seus dois principais trabalhos, frutos de longos anos de empenho são O Estudo dos Dez Sefirot, baseado nos escritos do Ari e O Comentário Sulam (Escada) ao Livro do Zohar. A publicação das 16 partes do Estudo dos Dez Sefirot teve inicio em 1937. Em 1940 o seu livro Beit Shaar HaKavanot (A Portaria das Intenções) foi publicado, contendo comentários a selectos escritos do Ari. O Comentário Sulam no Livro do Zohar foi publicado em 18 volumes entre 1945-1953. Subsequentemente, Baal HaSulam escreveu três volumes adicionais nos quais ele interpretou O Novo Zohar. Esta ultima interpretação foi completada em 1955, depois da sua partida.
 Na introdução ao seu comentário sobre o O Livro do Zohar, ele explicou por que lhe chamou “A Escada.”  “Eu chamei à minha interpretação O Sulam, para mostrar que o propósito do meu comentário é como o propósito de qualquer escada. Se você tem um sótão cheio de abundância, precisa apenas de uma escada para lá trepar e toda a abundância do mundo está nas suas mãos.”

Baal HaSulam compoz uma série de introduções para preparar os estudantes a adequado estudo da Cabala e para explicar o método de estudo. Estes escritos incluem “O Prefácio ao Livro do Zohar,” “Introdução ao Livro do Zohar,” “Prefácio à Sabedoria da Cabala ,” “Prefácio ao Comentário Sulam,” “Um Prefácio Geral à Árvore da Vida,” e “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot.”

Em 1940, Baal HaSulam publicou um jornal a que chamou A Nação. Nos seus últimos anos, ele escreveu “Os Escritos da Ultima Geração,” no qual ele analisou diferentes tipos de governo e delineou um plano detalhado para a construção da sociedade corrigida para o futuro.

 

ESPALHAR A PALAVRA

Baal HaSulam não se ficou por colocar as suas ideias no papel. Em vez disso, ele trabalhou arduamente para as promover. Como parte dos seus esforços, ele encontrou-se com figuras proeminentes em Israel tais como David Ben Gurion, Chaim Nachman Bialik, Zalman Shazar e muitos outros.
David Ben Gurion escreveu nos seus diários que se tinha encontrado com Baal HaSulam variadas vezes e que estes encontros o surpreendiam porque “Eu queria falar-lhe de Cabala e ele, de socialismo.”

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“Certamente já chegamos a tal grau que o mundo inteiro é considerado um colectivo e uma sociedade. Significando, porque cada pessoa no mundo suga sua medula da vida e sua vivacidade de todas as pessoas do mundo, ela está coagida a servir e cuidar do bem-estar do mundo inteiro. … A possibilidade de realizar condutas boas, felizes e pacíficas num único estado é inconcebível quando isso assim não for em todos os países do mundo.”

–Baal HaSulam, “Paz no Mundo”

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Um excerto do jornal Haaretz, publicado a 16 de Dezembro, 2004: “Um dia em Jerusalém do principio dos anos 50, Shlomo Shoham, pais tarde premiado em Israel, autor e criminologista, partiu para investigar o Cabalista Rabino Yehuda Ashlag. ..Ashlag naquele tempo estava a tentar imprimir HaSulam (literalmente, A Escada), a sua tradução Hebraica e comentário aoLivro do Zohar… Sempre que conseguisse reunir um pouco de dinheiro, de pequenas doações, ele imprimiria partes do seuHaSulam.

‘Encontrei-o em frente a um edifício em ruínas, quase uma barraca, que albergava uma velha máquina de imprensa. Ele não se podia dar ao luxo de pagar a um tipógrafo e ele próprio estava a fazer a tipografia, letra a letra, em pé sobre a máquina de imprensa horas de cada vez, apesar de se encontrar nos seus sessenta e muitos. Ashlag era claramente um Tzadik(homem justo) – um homem humilde, com uma cara radiante. Mas era uma figura completamente marginal e terrivelmente pobre. Mais tarde ouvi que ele tinha passado tantas horas a topografar que o chumbo do processo de impressão tinha danificado a sua saúde.'”

Levou mais de meio século para que a sua grandeza fosse reconhecida, mas hoje as suas concretizações são bem conhecidas. Em recentes anos, o seu ensinamento atraiu uma grande dose de atenção e centenas de milhares de pessoas pelo mundo fora estudam os seus trabalhos, que foram traduzidos para muitos idiomas diferentes. Agora, qualquer pessoa que deseje verdadeiramente trepar para o mundo espiritual consegue facilmente fazê-lo.

Baal HaSulam foi um indivíduo complexo e fascinante, de mente aberta e bem educado. Ele estava muito envolvido nos acontecimentos globais bem como nos eventos que ocorriam em Israel, onde ele vivera. Suas visões são consideradas revolucionárias e de extensas consequências na sua audácia, até hoje

Baal HaSulam partiu em 1954, mas o seu caminho foi continuado pelo seu sucessor, o seu primeiro filho, Rabino Baruch Shalom Ashlag.

Isaac Luria (o Sagrado Ari) (1534-1572)

No espaço de mero ano e meio, Isaac Luria (o Sagrado Ari) revolucionou a Cabala e tornou-a acessível a todos. Desde o seu tempo, a sua “Cabala Lurianica” tornou-se a abordagem predominante ao estudo da Cabala
Rabi Isaac Luria (O Sagrado Ari) foi o maior Cabalista na Tsfat do século XVI, uma cidade a norte de Israel famosa pela sua população Cabalistica.
A vida do Ari esteve envolta em mistério e lendas. Uma tal lenda é a de que quando ele nasceu, foi dito a seu pai que o seu filho estava destinado à grandeza. A partida súbita aos trinta e oito, quando este estava no seu apogeu, permanece um mistério até hoje.

 

UM HOMEM DE MISTÉRIO E LENDA

O Ari nasceu em Jerusalém no ano de 1534. Aos oito anos, este perdeu seu pai e a sua família foi deixada desamparada. Levada pelo desespero, a sua mãe decidiu enviar o seu jovem Isaac para ir viver com o seu tio no Egipto, onde ele passou muitos anos até à sua chegada a Tsfat.
Enquanto jovem, o Ari confinaria-se ao seu quarto durante horas ou até dias nessa altura. Ele submergia-se no Livro do Zohar, o mais importante livro da Cabala, tentando compreender as suas subtilezas. Muitos contos descrevem como o Ari recebeu a “revelação de Elias” (uma revelação espiritual única), e de que este teria estudado o Zohar “dele.” Para o Ari, O Livro do Zohar representava o mundo inteiro.

Enquanto capital dos estudos cabalísticos do século XVI, Tsfat atraia muitos praticantes de longe e de perto. Adicionalmente, Tsfat está localizada não longe de Monte Meron, o lugar de enterro de Rabi Shimon Bar-Yochai e nas imediações da gruta de Rashbi, a Idra Rába.

No ano de 1570, um duro inverno atingiu o Egipto. Chuvas torrenciais criaram inundações tropicais massivas, vendavais separaram telhados das casas e o Nilo transbordou sobre suas margens, inundando aldeias inteiras num dilúvio de lama e água.

Uma das lendas conta que numa das noites mais tempestuosas deste terrível inverno, o Profeta Elias foi revelado ao Ari. Elias, como clama a lenda, disse ao Ari, “Teu fim está próximo. Parte, sai daqui; leva a tua família e vai para a cidade de Tsfat , onde és avidamente esperado. Lá, em Tsfat , irás encontrar teu discípulo, Chaim Vital. Irás transmitir-lhe tua sabedoria, unge-o para que te siga e ele irá tomar teu lugar.” Elias também revelou ao Ari: “Não vieste a este mundo que não para corrigir a alma de Rabi Chaim, pois ele é uma alma preciosa.”
Então, no ano de 1570, ao fim do inverno, o Ari foi para Tsfat , na terra de Israel. Ele tinha trinta e seis nesta altura e tinha dois anos de vida.

 

PREPARAÇÃO PARA A REVELAÇÃO

Os Cabalistas mantiveram a sabedoria da Cabala oculta por 1500 anos antes do Ari. Estes levantariam-se pela meia-noite, acenderiam uma vela e fechariam as janelas para que as suas vozes não pudessem ser ouvidas no exterior. Então estes abririam os livros de Cabala com reverência e mergulhariam neles, esforçando-se por compreender as suas ocultas verdades. Naqueles tempos, a Cabala era um estudo secreto, ensinado perante portas fechadas. Os Cabalistas eram relutantes em publicitar o seu trabalho pois temiam que fosse mal interpretado. “A geração,” eles diziam, “ainda não está pronta.”
A humanidade tem esperado por séculos pelo guia adequado para abrir as portas da sabedoria da Cabala ao público. Finalmente, com a chegada do Ari a Tsfat e a exposição subsequente do público ao Livro do Zohar, aparentando que esse era o tempo de apresentar os segredos da Cabala às massas.

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Curiosamente, no tempo do Ari e sem qualquer contacto directo, muitas pessoas, especialmente artistas e intelectuais, desenvolveram um agudo interesse na Cabala. Uma destas pessoas foi Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494), um académico italiano. Seu livro, Conclusões, contém a seguinte afirmação: “Esta verdadeira interpretação da lei … que fora revelada a Moisés na tradição divina é chamada Cabala… a qual significa para os hebreus o mesmo que para nós significa ‘receber'”

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É extremamente difícil conseguir exagerar a importância e estatura do Ari. Em meros dezoito meses, ele teria deixado um enorme marco na história do pensamento Cabalístico. Seus ensinamentos introduziram uma nova apresentação sistemática do conhecimento espiritual. Usando o método do Ari, qualquer um na era cientifica de hoje consegue alcançar aquilo que somente alguns poucos conseguiam no passado.

Entre os principais escritos que o Rabi Vital publicou foi o livro, Etz Chaim (A Árvore da Vida). Este livro apresenta os ensinamentos do Ari num estilo claro e simples. Com os anos, A Árvore da Vida tornou-se um dos textos essenciais na Cabala, equiparável somente ao Livro do Zohar.

O Ari partiu na idade dos 38 depois de adoecer de uma epidemia que surgiu no verão de 1572. O seu surgimento foi precursor de uma nova era, um estado humano e espiritual. Ele não estava apenas entre os maiores cabalistas, mas também entre os primeiros a receber “permissão do Alto” para revelar a sabedoria da Cabala às massas. A sua habilidade transformou a Cabala de um método para uns poucos escolhidos a um método para todos, tornou-o um gigante espiritual durante décadas. Hoje, muitas mais almas estão prontas para a elevação espiritual e estas precisam do seu método – a Cabala Lurianica.

Rabi Shimon Bar-Yochai (Rashbi)

Rabi Shimon Bar-Yochai (Rashbi) recebera, através do seu mentor, Rabi Akiva, 3000 anos de conhecimento espiritual acumulado — todo adquirido pelos Cabalistas anteriores a ele. Depois de ele o ter escrito, ele o escondeu, pois a humanidade ainda não estava pronta para isso. Hoje, segundo Cabalistas notáveis tais como Rabi Yehuda Ashlag e o Gaon de Vilnius (GRA), nós estamos certamente prontos para a revelação do Livro do Zohar.

Rashbi, autor do Livro do Zohar (O Livro do Esplendor) era um Tana — um grande sábio nos primeiros séculos da Era Comum. Ele também foi discípulo directo de Rabi Akiva. Numerosas lendas foram contadas sobre Rashbi, que foi mencionado repetidamente no Talmude e no Midrash, os textos hebraicos sagrados do seu tempo.

Rashbi nasceu e foi criado na Galileia. Ele viveu em Sidon (uma cidade no Líbano de hoje) e em Meron (no norte de Israel) e estabeleceu um seminário na Galileia Ocidental, não muito longe de Meron.

Até enquanto criança, ele era diferente das outras crianças da sua idade. Perguntas tais como, “Qual é o sentido da minha vida?” “Quem sou eu?” e “Como é feito o mundo?” o atormentavam, exigindo que ele descobrisse as respostas.

Nesses dias, a vida na Galileia era dura: os romanos que haviam morto seu professor, Rabi Akiva, ainda perseguiam judeus e continuamente inventavam novas leis para os punir. Entre estas leis havia uma que proibia os judeus de estudarem a Cabala.

Mas apesar da proibição dos romanos, Rashbi se submergiu nos estudos da Cabala e tentou entender suas complexidades. Ele sentia que por baixo das histórias bíblicas se encontrava um profundo e oculto significado que continha as respostas para as suas perguntas persistentes.

Gradualmente, Rashbi veio a perceber que ele tinha de achar um professor que já tivesse atravessado o caminho espiritual, ganho experiência e o pudesse guiar pela escada espiritual acima. Isto o promoveu a se juntar ao grupo de Rabi Akiva, uma decisão que seria um ponto de viragem na vida de Rashbi.

DE ESTUDANTE A FUGITIVO

Rashbi era um estudante ávido, devotado e ardente com o desejo de descobrir a Força Superior. . Ele estudara com Rabi Akiva durante treze anos e alcançou o mais alto grau na escada espiritual.

A revolta de Bar-Kokhba contra o governo romano na terra de Israel abruptamente terminou com os grandes dias do seminário de Rabi Akiva. Rashbi juntou-se à revolta a se tornou um dos seus líderes e depois dele saber como seu professor, Rabi Akiva, havia sido executado, sua resistência se tornou ainda mais feroz.

O Talmude diz que uma vez, quando Rashbi falou contra o governo romano, alguém o escutou e notificou as autoridades romanas. Os romanos julgaram Rashbi na sua ausência e o condenaram à morte. Mas para executar Rashbi, eles primeiro tinham de capturá-lo. O imperador romano enviou homens para o procurar, mas para sua desilusão, Rashbi parecia ter desaparecido completamente.

A GRUTA DE PEKI’IN

Segundo a tradição, Rashbi e seu filho fugiram para Peki’in, uma aldeia no norte de Israel, onde se esconderam numa gruta mergulharam nos segredos da sabedoria da Cabala, onde descobriram o inteiro sistema da criação.

 Passados treze anos na gruta, Rashbi escutou que o imperador romano havia morrido. Finalmente, ele podia dar um suspiro de alívio. Depois de deixar a gruta, Rashbi reuniu nove estudantes e foi com eles para outra pequena gruta, conhecida como A Idra Rába (A Grande Assembleia), não longe da aldeia de Meron. Com sua ajuda, ele escreveu O Livro do, o mais importante livro da Cabala.

O Cabalista Rabbi Yehuda Ashlag descreveu Rashbi e seus estudantes como as únicas pessoas que alcançaram a perfeição — os 125 degraus espirituais que completam a correcção da alma. Quando ele terminou o seu comentário sobre O Livro do Zohar, Ashlag deu uma refeição festiva para celebrar a sua conclusão. Nessa celebração, ele declarou que “…antes dos dias do Messias, era impossível ser recompensado com todos os 125 graus… excepto para Rashbi e seus contemporâneos, os autores do Livro do Zohar. Eles foram recompensados com todos os 125 graus na totalidade, embora tivessem vivido antes dos dias do Messias.”

Por isso está escrito com frequência no Livro do Zohar que não haverá uma geração tal como a de Rashbi até “à geração do Rei Messias,” (o tempo em que toda a humanidade é corrigida. Foi por isso que a composição de Rabi Shimon deixou tamanha marca no mundo, uma vez que os segredos espirituais nela se expandem a todos os 125 graus.

UM EM MILHÕES

Rashbi foi uma alma única, cuja tarefa foi ajudar toda a criatura a se conectar à Força Superior. Este tipo de alma desce ao nosso mundo e se veste nos maiores Cabalistas. Cada vez que uma alma assim aparece, ela promove a humanidade para um novo grau espiritual e deixa a sua marca nos livros de Cabala, que servem às gerações seguintes.

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“Esta composição, chamada O Livro do Zohar, é como a Arca de Noé: haviam muitas espécies, mas estas espécies e famílias não podiam existir senão entrando na arca. …Assim o justo entrará no segredo da Luz desta composição para persistir e é esta a virtude da composição, que imediatamente quando se envolve nela …ela o atrai como um íman atrai o ferro. E ele entrará nela para salvar sua alma e espírito e a sua correcção.”

–O Rav Kook, Ohr Yakar (Luz Preciosa)

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O Livro do Zohar é indubitavelmente uma das composições mais reconhecidas do mundo. Ele foi o tema de milhares de histórias e embora tenha sido escrito há quase dois mil anos atrás, o livro ainda está envolto em mistério. O fascínio à volta dele é tão grande que embora o livro seja completamente incompreensível para a nossa geração sem interpretação adequada, milhões de pessoas tentam diligentemente examinar os seus segredos.

Rabi Akiva

Rabi Akiva viveu no primeiro e segundo séculos EC; ele foi o sábio mais notável do seu tempo. Ele foi um pedagogo líder, o principal Cabalista do seu tempo e participou na escrita dos textos espirituais essenciais do seu tempo — o Mishná e a Halachá. Ao mesmo tempo, ele foi o líder espiritual da revolta de Bar-Kokhba e foi o homem que revelou ao mundo a lei do amor.

Até aos quarenta anos de idade, Rabi Akiva era um pastor iletrado que levava uma vida vulgar. Ele nunca sonhara que um dia tudo isto mudaria dramaticamente.

O PONTO DE VIRAGEM

Até esse ponto de viragem, Rabi Akiva trabalhava como pastor de Kalba Savua. Perto dos quarenta anos, ele começou a sentir um impulso incontrolável de conhecer o sentido da vida e descobrir as regras que a governam. Nesse tempo, ele estava envolvido romanticamente com Rachel, a filha de Kalba Savua, um dos mais ricos e respeitados homens de Jerusalém desse tempo. O pai da menina não estava feliz com a paixão da sua filha por um “simplório.” Mas tal como com as melhores histórias, o amor prevaleceu e os apaixonados casaram contra a vontade do pai dela.

Segundo o Talmude (um comentário sobre o Mishná), foi Rachel que encorajou Rabi Akiva a deixar sua casa e ir estudar Cabala dos maiores Cabalistas desse tempo. Seu coração lhe disse que esta era a única maneira do seu marido achar a resposta para as suas perguntas. Ela o fez jurar que ele não regressaria até ter alcançado as leis do Mundo Superior. E assim, com as bênçãos da sua esposa, o caminho espiritual de Rabi Akiva começou.

Rabi Akiva estudo sob três Cabalistas: Rabi Elazar, Rabi Yehoshua e Nachum, Homem do Gamzu. Ele subiu os degraus da escada espiritual degrau por degrau e lentamente superou seus professores, finalmente se tornando o Cabalista líder da sua geração.

Assim que ele aprendera tudo aquilo que pudera dos seus mentores, Rabi Akiva estabeleceu seu próprio seminário. A palavra da sua sabedoria se espalhou rapidamente e 24000 estudantes de todo o país vieram aprender com ele.

DESCOBRIR A LEI DO AMOR

Os métodos de ensinamento únicos de Rabi Akiva estabeleceram o amor fraterno entre seus estudantes. A realidade física obedece à mesma lei do amor, o Criador, que governa os reinos espirituais. Portanto, quando a pessoa opera segundo a lei do amor, ele ou ela está em equilíbrio com a Natureza e se sente tão inteira e eterna como a Natureza. Mas quando nós agimos por amor próprio em vez de amor fraterno, sofremos e nos sentimos infelizes.

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Felicidade ou infelicidade não vêm até nós de fora de nós mesmos; elas são um resultado directo da nossa semelhança com a Natureza (o Criador). O Criador não nos dá nada senão coisas boas pois Ele é uma força de amor. Mas se somos opostos a Ele, não as conseguimos receber. Esta é a causa de toda a dor e infortúnio do mundo.

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Rabi Akiva descobriu que a lei da Natureza, a lei do amor, é constante e imutável. Ele aprendeu que quando mudamos nossa atitude para os outros, subitamente sentimos o todo da realidade a mudar, também. Ele reconheceu que as relações egoístas são a causa de toda a forma de sofrimento no mundo.

O ego, ou como os Cabalistas lhe chamam, “amor próprio,” nos fecha dentro da realidade limitada que sentimos e não nos deixa entrar no reino eterno e espiritual da vida. O único modo de experimentarmos o eterno é mudando nossa atitude para os outros. Rabi Akiva resumiu os seus achados na sua mais famosa máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo; esta é uma grande regra na Torá (ensinamento).”

A REVOLTA DE BAR-KOKHBA

No ano 132 EC, sob a liderança de Simão Bar-Kokhba, o Reino da Judeia se revoltou contra os romanos. Parecia que teriam sucesso quando os romanos foram forçados a retirar. No desespero, os romanos chamaram ajuda e quando as novas tropas chegaram, o balanço do poder mudou. Os romanos destruíram tudo no seu caminho e conquistaram o Reino da Judeia. Dezenas de milhares de judeus foram mortos e aqueles que foram levados como cativos foram vendidos como escravos.

A aniquilação da revolta de Bar-Kokhba foi o começo de um dos mais significativos períodos da Cabala. A ruína física da Judeia foi uma manifestação do declínio espiritual do seu povo e o mais claro símbolo deste esvaecimento foi a construção da cidade pagã de  Élia Capitolina sobre as ruínas de Jerusalém.

Os Cabalistas que continuaram a ensinar apesar da ruína foram torturados até à morte e Rabi Akiva se viria a tornar uma dessas vítimas. Ele continuou a ensinar e a compartilhar a sabedoria da Cabala até que também ele, fosse capturado pelos romanos. Eles o enviaram para a Prisão de Cesareia, onde ele foi brutalmente executado pelo comissário romano.

DOIS GOLPES CONTRA A OBRA DE RABI AKIVA

Nos passados 5000 anos ou semelhante, a humanidade experimentou várias erupções de egoísmo. Cada erupção se manifestou através das pessoas quererem mais que queriam no passado e cada uma delas mudou o curso da história.

A primeira erupção ocorreu em Babel, no tempo de Abraão. A segunda foi durante o tempo de Moisés e a terceira durante o tempo de Rabi Akiva.  Como resultado desta última explosão de egoísmo, o amor fraterno entre os estudantes de Rabi Akiva foi subjugado pelo ódio infundado. Isto conduziu ao declínio espiritual dos seus estudantes, que não mais eram capazes de percepcionar o mundo espiritual, mas ficaram limitados à percepção somente deste mundo.

Depois dos estudantes terem caído no ódio infundado, eles sofreram outro golpe. Eles foram atingidos por uma praga, matando todos menos cinco dos 24000 estudantes de Rabi Akiva. Os cinco estudantes remanescentes sobreviveram porque haviam retido a sua sensação de amor fraterno. Um dos cinco sobreviventes da praga foi o homem que continuaria o ensinamento de Rabi Akiva e o colocaria na escrita. Seu nome era Rabi Shimon Bar-Yochai, que mais tarde escreveria O Livro do Zohar.

Professores Intemporais da Cabala

Durante as eras, muitos Cabalistas escreveram profundos e belos livros. Mas gostaríamos de nos focar em quatro Cabalistas muito especiais e seus livros. Estes homens escreveram seus livros especificamente para ajudar os principiantes a se familiarizarem com a Cabala. A excepção é Rabi Akiva, que não deixou um livro como contribuição. Em vez disso, ele nos presenteou com conceitos tão convincentes que ainda hoje nos continuam a influenciar.

Rabi Akiva é a inspiração e modelo exemplar de todos os Cabalistas desde o seu tempo — o primeiro e segundos séculos da EC. Depois de Rabi Akiva veio Rabi Shimon Bar-Yochai (Rashbi), que nos deu O Livro do Zohar. Depois, catorze séculos mais tarde veio Rabi Isaac Luria (O Sagrado Ari), cujo legado é A Árvore da Vida; e por último veio Rabi Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), cujo Estudo das Dez Sefiroté o livro sem o qual um estudante contemporâneo de Cabala não consegue alcançar a espiritualidade.

Estes grandes Cabalistas adaptaram seus textos às suas gerações. Assim, a linguagem varia para se ajustar aos níveis de percepção dos seus contemporâneos. Mas a mensagem é sempre a mesma — o lema de Rabi Akiva, “Ama teu amigo como a ti mesmo.” Esta mensagem nos guia de volta até à mensagem de Abraão que somente através da união e conexão vamos nós derrotar o egoísmo, alcançar o Criador e achar uma vida de felicidade espiritual e física.

Vamos agora explorar as histórias pessoais destes pilares da espiritualidade.

Parte II: O Mundo Foi Criado Para Mim. Capítulo 5: A Verdadeira Realidade

 

Éramos como aqueles que sonham

– Salmos, 126:1

 

O mais complicado, todavia fascinante tópico ligado a O Livro do Zohar e certamente à vida, é “a percepção da realidade.”

É sabido que à nossa volta há numerosas ondas que não percepcionamos. Contudo, há também um campo de informação superior chamado “a natureza superior” ou “o Criador.” Nós conseguimos entrar em contacto com esse campo e receber tudo dele, emoções, entendimento, informação, amor, sensação de vida eterna e a sensação de plenitude que existe nesse campo, que preenche tudo ao nosso redor.

O preciso propósito da sabedoria da Cabala é nos ensinar como desenvolver as nossas próprias ferramentas para que possamos percepcionar esse campo de informação superior. Isto pode ser feito somente se mudarmos por dentro; assim, quando mudamos, nós mesmos nos tornamos como esse campo, e portanto como o Criador.

Não há nada mais simples que isso. O campo está aqui, à nossa volta, todavia nós estamos bloqueados; não o estamos a receber.

Não há nada mais natural que entrar em contacto com o seu Fazedor… Na realidade, toda a criatura tem contacto com o seu Fazedor, como está escrito, “A terra inteira está cheia da Sua glória,” excepto que um não o sabe e não o sente. Na realidade, o que alcança contacto com Ele alcança somente a consciência. É como se um tivesse um tesouro no seu bolso e ele não soubesse. Junto com isso vem outro que lhe diz o que está no seu bolso e agora ele realmente se tornou rico.

Baal HaSulam, “Escritos da Última Geração,” Parte 2

Nós estamos inconscientes do Criador, da própria realidade, tal como uma pessoa está a sonhar, a experimentar todos os tipos de eventos, acreditando a si mesma estar desperta. É assim que nos estamos neste mundo.

Na sua “Introdução a O Livro do Zohar,” Baal HaSulam compara esta situação a uma minhoca que chocou num rabanete acreditando que o mundo inteiro era o rabanete em que ela nasceu. É assim que nós, a viver neste mundo, absortos do facto de que há um vasto mundo à nossa volta, iluminado, expansivo e belo. É aqui que os Cabalistas, os que já despertaram do sonho para a realidade, se encontram. De acordo com eles, o que agora sentimos é chamado “um mundo imaginário,” e somente quando nos elevarmos acima dele seremos capazes de verdadeiramente compreender que anteriormente, “Nós eramos como aqueles que sonham.”

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Experiência ao longo dos tempos e o avanço da ciência grandemente destilaram o espírito humano.

O Raiah Kook, Luzes da Fé, p 67

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O Livro do Zohar está a ser revelado para nos explicar a como percepcionar a realidade correctamente e não é de todo uma coincidência que a ciência também esteja a sinalizar que a realidade é de longe mais ampla e rica que conseguimos presentemente percepcionar. Os cientistas estão a dizer que há uma espécie de “energia negra,” que há todos os tipos de pontos brancos ou pretos no universo, que há outras dimensões que não conseguimos percepcionar nos nossos sentidos ou desenvolver ferramentas para percepcionar.

Também, quando examinamos outros animais, nós vemos que a sua percepção da realidade é diferente da nossa. Abelhas, moscas, ursos, sapos, cobras e até gatos e cães, que vivem perto de nós, percebem a realidade diferentemente. Um cão, por exemplo, percebe o mundo principalmente como retalhos de odor. A imagem do mundo da abelha é a soma das visões recebidas por cada uma das numerosas unidades que compõem os seus olhos.

Diferentes criaturas percebem a realidade diferentemente, mas no fim, todas elas estão a percepcionar a mesma realidade. Que realidade? É uma boa pergunta. E há outra boa pergunta: Se faltasse a uma pessoa um dos sentidos, perceberia essa pessoa menos da realidade?

E se a pessoa não sentisse falta de quaisquer sentidos, mas em vez disso tivesse outro, sentido adicional? Veria ele ou ela uma realidade mais ampla? Talvez a única pergunta seja, “Que sentido é esse?”

Com o mundo que agora percepcionamos, podemos dizer que precisamos de óculos ou um aparelho auditivo porque sabemos o que significa ver bem ou escutar bem. Contudo, se não soubessemos que sentido adicional nos faltáva, como o poderíamos adquirir? Tal como não sentimos que precisamos de um sexto dedo, não sentimos que precisamos de um sexto sentido. Como resultado, estamos a viver no nosso mundo sem uma necessidade de sentir a verdadeira realidade.

Examinemos-nos a nós mesmos de parte durante um momento. Nós existimos no mundo há várias décadas, todavia não fazemos ideia do que nos aconteceu ou o que acontecerá depois de desaparecermos. Na verdade, não fazemos ideia do que está a acontecer durante as nossas vidas. Por exemplo, sabemos de onde os nossos desejos vêm? De onde os nossos pensamentos vêm? Poderia ser dito que estamos a viver no escuro, excepto que enquanto estamos nele, temos uma falsa sensação de que compreendemos e controlamos as nossas vidas.

Nas gerações anteriores, as vidas das pessoas eram simples. Elas estavam preocupadas com comida, tentavam conduzir as suas vidas tão confortável quanto conseguiam, tinham filhos e deixavam-lhes as recompensas do seu trabalho. Os seus filhos continuavam a mesma rota, geração após geração. Quando vivemos deste modo, realmente não havia necessidade de saber o que estava a acontecer ao nosso redor. Mas hoje estamos a começar a fazer perguntas sobre a vida.

Estas perguntas movem-nos do interior até que não consigamos ficar calmos e continuar com o fluxo da vida como antes. Estamos a começar a sentir que sem saber porque estamos a viver, a vida simplesmente não faz sentido. É isto que nos requer descobrir a verdadeira realidade.

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Para fazer um passo em frente de uma maneira científica aqui, tudo o que precisamos é da sabedoria da Cabala, pois todos os ensinamentos no mundo estão incluídos na sabedoria da Cabala.

Baal HaSulam, “A Liberdade”

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Para melhor compreender as novidades que a Cabala apresenta em respeito à percepção da realidade, revejamos abreviadamente como a ciência abordou este tópico no decorrer dos anos.

A abordagem clássica, representada por Newton, disse que o mundo existe independentemente, independentemente do homem e que a forma do mundo é fixa. Então veio Einstein, que descobriu que a nossa percepção é relativa e depende dos nossos sentidos. Em consequência, não conseguimos dizer precisamente o que compreende o mundo fora de nós, pois tudo isso depende da percepção da realidade do observador.

A abordagem contemporânea À nossa percepção é baseada na física quântica e afirma que o observador afecta o mundo e assim afecta a imagem que um percebe. A imagem da realidade é uma espécie de “média” entre as qualidades do observador e as qualidades do objecto ou fenómeno a ser observado. Para melhor compreender a questão, olhemos para um exemplo familiar.  Um palestrante encontra-se num salão espaçoso e palestra para um público. Eles escutam as suas palavras através de ondas que vêm dos palestrantes para as suas orelhas e através delas até ao tambor auditivo.

Então as ondas atravessam um mecanismo electro-químico, seguindo-se o exame do cérebro para ver se há algo similar na memória e correspondentemente, ele descodifica este fenómeno electro-químico.

Assim, de acordo com a abordagem contemporânea científica, a imagem da realidade é retratada dentro de nós. Não podemos dizer qualquer coisa sobre o que existe fora de nós, dado que nuunca percepcionamos o que está fora de nós. A sabedoria da Cabala leva-nos um passo em diante. Há milhares de anos atrás, os Cabalistas descobriram que o mundo na realidade não tem qualquer imagem que se pareça!

No seu “Prefácio para O Livro do Zohar,” Baal HaSulam escreve, “Tomemos o nosso sentido de visão, por exemplo: nós vemos um vasto mundo perante nós, maravilhosamente preenchido. Mas na realidade, nós vemos tudo isso somente no nosso próprio interior. Por outras palavras, há uma espécie de máquina fotográfica no nosso endencéfalo, que retrata tudo o que nos parece e nada fora de nós.”

Baal HaSulam explica que no nosso cérebro, há “uma espécie de espelho polido que inverte tudo o que vemos aqui, para que o vejamos fora do nosso cérebro, à frente da nossa face.” [2]

Para ilustrar o problema, pense num ser humano como uma caixa fechada com cinco aberturas: olhos, orelhas, nariz, boca e mãos. Estes órgãos representam os cinco sentidos, visão, audição, olfacto, paladar e tacto, através dos quais nós percepcionamos que há aparentemente alguma coisa fora de nós.

Todos os tipos de estímulos entram através dessas cinco entradas na caixa, que são todos processados em relação à informação existente na memória da pessoa e em relação à vontade de um. O resultado é certa imagem da realidade, que é então projectada em “uma tela” nas parte traseira do cérebro.

Fomos deliberadamente feitos de uma maneira que os nossos sentidos criam para nós uma imagem ilusória que parece existir fora de nós. Isto permite-nos gradualmente estudar qual é a verdadeira imagem no exterior.

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Eu olhava para esse mundo eterno e o mundo encontrava-se somente nesses justos que reinam o desejo do seu coração.

Zohar para Todos, VaYera [O Senhor Apareceu], Item 239

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Se desejamos avançar do nosso presente estado, para expandir a nossa realidade e saber onde estamos verdadeiramente e para quê, precisamos somente de tender para o que está dentro de nós, a nossa vontade. Bem no fundohá a vontade e é ela que opera todas as nossas ferramentas de percepção, bem como as nossas mentes e os nossos pensamentos.

Por vezes, aparentemente não vemos o mundo. Fechamos-nos no interior e não prestamos atenção ao que está a acontecer ao nosso redor. Mas o que na realidade acontece é que o nosso desejo se torna desconexo, como se inconsciente. Por vezes, o nosso desejo é tão intenso que ele nos faz “devorar” o mundo inteiro. E às vezes, ele simplesmente se extingue como uma vela.

Porque é que as pessoas envelhecem? É porque elas não querem mais percepcionar o mundo. É difícil para elas e como resultado, os seus corpos deixam de funcionar. Na verdade, começamos a decair, a gradualmente morrer no meio das nossas vidas. E todavia, não é o corpo, mas é a nossa vontade que morre, perdendo a sua motivação para andar em frente.

As pessoas que começam a evoluir espiritualmente recebem energia e o desejo de avançar. Elas são como crianças, sempre cheias de desejos, despertando cada dia com vigor renovado.

O desejo é o que evoca necessidades em nós e o que nós vemos ou não vemos à nossa volta. Por exemplo, uma pessoa que se torna pai começa a reparar na presença de lojas de produtos para bebés em cada esquina. As lojas estavam lá antes, mas porque ele ou ela não tinham necessidade delas, sua existência passava despercebida.

A nossa vontade é egocêntrica e assim direcciona-nos para percepcionar somente o que é bom para nós ou o que é mau para nós, para que possamos ficar longe dele. Quanto mais o ego se desenvolve e com ele a mente, mais compreendemos, percepcionamos e controlamos. Correspondentemente, a nossa percepção da realidade expande-se.

Todavia, por muito expansiva, no fim a nossa percepção é muito limitada porque ela depende dos cinco sentidos que nos dão a sensação da vida física. O nosso corpo não é diferente que o de qualquer outro animal; assim, este tipo de percepção é definida como “percepção da realidade no nível animal.” Perceber a realidade mais ampla, a que não é limitada pelos nossos egos, é precisamente o assunto de O Livro do Zohar, a percepção da realidade no nível humano.

O que percepcionamos através da nossa vontade, nossa memória e os nossos cinco sentidos é chamado “este mundo.” Porque a nossa vontade e a nossa memória são somente nossas, pois somos limitados como células individuais. Para sentir a realidade inteira, o reino superior de informação, devemos conectar-nos aos desejos dos outros, aqueles que estão aparentemente fora de nós mas que são na realidade partes de nós. Por outras palavras, para percepcionar a verdadeira realidade devemos substituir a nossa vontade e mudar da vontade interior egoísta, para a exterior.

A regra, “Ama o teu amigo como a ti mesmo” não é uma lei moral que visa nos forçar a amar outras pessoas. Ela é em vez disso um meio pelo qual nos conectamos o todo da realidade a nós mesmos.

Normalmente, amamos algumas pessoas, somos indiferentes a outras e desgostamos de outras. Este tipo de abordagem deriva da sensação de que os outros estão fora de nós. Contudo, quando conseguimos juntar essas partes a nós, tornamos-nos inteiros e sentimos a verdadeira realidade.

Porque fomos criados desta maneira, separados da verdadeira realidade? É para que nós mesmos gradualmente conectemos todas estas partes a nós mesmos. Neste processo, estudamos leis e fenómenos que existem dentro da verdadeira realidade e assim nos tornamos iguais ao Criador.

Baal HaSulam descreve isto da seguinte maneira:

Tudo o que precisas é coleccionar todos esses orgãos dormentes que cairam da tua alma e os juntar num único corpo. Nesse corpo completo, o Criador instigará a Sua Divindade permanentemente, incesssantemente e a fonte do grande entendimento e regatos de luz serão como uma nascente interminável. Então, cada lugar sobre o qual lançares teus olhos será abençoado.

Baal HaSulam, Carta nº 4

A percepção correcta da realidade é de equivalente importância para nós. Ele não é meramente outro tópico teórico para discussões sofisticadas. O que vemos é somente uma projecção das nossas qualidades internas. O Baal Shem Tov falou imenso sobre o mundo ser o espelho da pessoa:

Aquele que vê qualquer defeito no seu amigo, é como se ele estivesse a olhar para o espelho. Se sua face de um está suja, é isto que ele vê no espelho. Se a sua face está limpa, este não vê defeitos no espelho. Como um é, assim ele o vê. Isto é “Ama o teu amigo como a ti mesmo.” [3]

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É uma regra inquebrável para todos os Cabalistas que, “Qualquer coisa que não alcancemos, não definimos por um nome e uma palavra.”

Baal HaSulam, “A Essência da Sabedoria da Cabala”

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A percepção da realidade é um tópico que claramente distingue a sabedoria da Cabala da filosofia, religião e ciência. A Cabala é um método de estudo prático que conduz uma pessoa passo-a-passo pelo seu desenvolvimento pessoal. Como qualquer outro método científico, a Cabala instruí o investigador a o que fazer, identifica que resultados podem ser esperados e explica as razões para eles. Ela não oferece descrições de estados teóricos ou que se pareça, estados que um não possa executar de facto e em completa consciência.

O “Prefácio a O Livro do Zohar” divide o reconhecimento da realidade em quatro níveis: matéria, forma em matéria, forma abstracta e essência. Também, ele define os limites dentro dos quais a percepção da realidade correcta é possível: em matéria e forma em matéria.

Forma abstracta e essência não conseguem  ser percepcionadas claramente ou de uma maneira que possam ser monitorizadas, assim O Zohar não lida com elas de todo. Inversamente, a filosofia não discute forma abstracta e a religião lida com a essência. Logo, a sabedoria da Cabala difere completamente da filosofia e religião no sentido em que lida somente com o que possa ser realistica e científicamente percepcionado.*

E então e a sabedoria da Cabala em comparação com a ciência? Há similaridades e há diferenças. A similaridade é que uma pessoa não imagina o que entra no desejo, mas estuda-o. A diferença é o tipo de desejo.

A ciência terrena, a ciência do mundo corpóreo, estuda o que entra no desejo interior egoísta. A sabedoria da Cabala estuda o que entra no desejo exterior.

Na Cabala, investigação começa somente depois de uma pessoa se ter unido com os outros desejos. A sabedoria da Cabala é chamada “a sabedoria da verdade” porque ela estuda a verdadeira realidade, não a imaginária, que depende e é limitada pela nossa vontade.

Na ciência corpórea, uma pessoa pode ser um indivíduo cruel e mau, todavia um grande cientista. Na Cabala, a investigação depende da extensão à qual nós mudamos. Quanto mais abandonamos o amor próprio para o amor aos outros, mais teremos sucesso em estudar o que se encontra fora de nós.

A nossa correcção pessoal e a realização da sabedoria são inseparáveis. Somente se um se corrigir a si mesmo percepciona o todo da realidade. Os 125 graus de realização espiritual são na realidade 125 graus da correcção da conexão entre o indivíduo que alcança e todos os outros.

Quer um seja uma pessoa que não sabe ler ou escrever, ou um cientista brilhante, um tolo completo ou um grande académico, isso é completamente irrelevante. Apenas quando um se corrige a si mesmo em relação aos outros se torna este na realidade sábio. Isto não significa que a Cabala não requira intelecto. Contudo, é um tipo diferente de intelecto, um que vem como resultado de corrigir o desejo.

Para percepcionar a verdadeira realidade, o mundo da verdade, devemos sair de nós mesmos e começar a conhecer o que realmente existe. Então descobriremos que a vida não depende do corpo de um, os seus sentidos, a sua vontade interior egoísta ou a sua memória. Em vez disso, vida depende somente da extensão à qual um está conectado a tudo o que existe no exterior, aos desejos dos outros.

Usando O Livro do Zohar, que nos fornece os poderes para realizar a lei da Natureza chamada “ama teu amigo como a ti mesmo,” nós transcendemos a realidade fictícia e avançamos para a percepção do mundo real. Embora o nosso corpo corpóreo possa morrer, isso não interromperá a nossa habilidade de viver no mundo real. A nossa vida espiritual continua porque estaremos já a viver numa grande vontade, uma superior e é lá onde o nosso verdadeiro eu se encontra.

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Através dos segredos da Torá, o valor do poder da vontade do homem está ainda por ser revelado no mundo e quão crucial é o seu nível na realidade. Esta revelação será a coroa de toda a ciência.

O Rav Raiah Kook, Luzes Sagradas, 3, p 80

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Notas


[1] Um dos Cabalistas que salientou as diferenças entre a sabedoria da Cabala e a religião foi Ramchal [Rav Mohse Chaim Luzzato]: “Há uma grande necessidade pela sabedoria da verdade. Primeiro, eu lhe contarei que devemos sabe-la porque somos ordenados, como está escrito, “E conhece e responde ao teu coração que o Senhor Ele é o Deus.” Logo, devemos conhecê-la ao conhecer, não meramente ao acreditar, mas por coisas com que o coração concorda, como está explicitamente escrito, “E responde ao teu coração.” ……Logo, há duas coisas que devemos conhecer: que o único Mestre é aquele que zela por e conduz tudo, seja acima ou abaixo e dois, que não há outro, ou seja conhecer a verdade da Sua singularidade. Essas duas coisas que devemos saber, diga-me você, onde as conheceremos? Que sabedoria as nos ensinará?

Não conseguimos compreendê-lo da Torá Lideral, pois em torno do que gira a Torá literal? Somente os mandamentos, como eles devem ser feitos e suas ordenações, ou a narração de contos que tomaram lugar, que são mencionados nela… e se você não extrair este conhecimento de todos esses, você deve manter este mandamento e deve encontrar uma maneira de o manter. Portanto, só se encontra nesta sabedoria da verdade” (Ramchal, Regras do Livro das Guerras de Moisés, “Primeira Regra”).

[2] Baal HaSulam, “Prefácio ao Livro do Zohar,” Item 34

[3] Apresentado em nome do Baal Shem Tov no livro Luz dos Olhos, começo da porção Chukot [ordenanças]

[4] Para mais sobre este tema, ver no “Prefácio ao Livro do Zohar” de Baal HaSulam

O Zohar—Não Sem a Realização

Tudo aquilo que O Zohar fala, até mesmo suas lendas, é sobre as 10 Sefirot – Keter, Hochma, Bina, Hesed, Gevura, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod, e Malchut – e suas interações. Para um Cabalista, as introduções e suas diversas combinações são suficientes para revelar todos os mundos espirituais.

O rabino Shimon Bar-Yochai (Rashbi), autor do O Zohar, teve um grande problema. Ele estava discutindo consigo mesmo sobre a forma de transmissão do conhecimento Cabalístico para as gerações futuras. Ele não queria expor as pessoas ao conteúdo do Livro do Zohar prematuramente. Ele tinha receio que isso serviria apenas para confundir e desviar as pessoas do caminho da verdade.

Para evitar confusões, ele confiou a escrita ao rabino Aba, que sabia como escrever de forma especial, de modo que somente os que fossem dignos compreenderiam. Devido à linguagem especial do O Zohar, somente aqueles que já se encontram na escada dos níveis espirituais entendem o que está escrito. O Zohar é apenas para aqueles que já atravessaram a barreira e adquiriram algum grau de espiritualidade. São eles que podem entender o livro, segundo o seu nível espiritual.

Atualmente, a maioria das almas é muito materialista e egoísta para entender O Zohar. Elas precisam de ferramentas que as levem primeiro à “zona” espiritual. É como uma nave espiritual, que necessita de um grande empurrão antes de poder continuar com seu próprio motor. Um ambiente favorável, um professor, e livros corretos dão o “impulso” para nossa compreensão espiritual.

Existem diferentes estilos de escrita no O Zohar. Ele foi escrito em diversas linguagens, dependendo da forma como eles queriam expressar estados espirituais específicos. Algumas vezes, as diversas linguagens criam confusão. Quando o livro fala sobre leis, as pessoas podem pensar que O Zohar esta pregando moral. Quando ele narra histórias, as pessoas podem vê-las como fábulas. Sem a realização espiritual, é difícil de entender do que realmente consiste O Zohar.

Uma parte do O Zohar está escrita na linguagem da Cabala, e outra parte está escrita na linguagem das lendas. Abaixo estão alguns exemplos de duas dessas lendas.

O CONDUTOR DE ASNOS

O Zohar contém uma bela história sobre um condutor de asnos, um homem que conduz os asnos de homens importantes, para que eles possam andar despreocupadamente e falar sobre seus negócios. Mas o condutor de asnos no O Zohar é uma força que ajuda a pessoa que já tem sua própria alma.

Na história, dois homens falam sobre questões espirituais, à medida que andam de um lugar para outro. Sempre que chegam a um dilema que não conseguem resolver, o condutor de asnos, “milagrosamente”, lhes dá a resposta. À medida que avançam (graças às respostas do condutor), eles descobrem que seu simples condutor de asnos é, na verdade, um anjo enviado do céu, que existe para esse propósito: ajudá-los a avançar. Quando avançam até o último nível, eles descobrem que o seu condutor já está lá, esperando-os.

A interpretação Cabalística: o asno é o nosso desejo de receber, o nosso egoísmo. Todos nós temos um condutor de asnos, esperando-nos para entrar no mundo espiritual, de modo que êle possa nos guiar. Porém, como na lenda, só descobriremos quem ele realmente é quando atingirmos o seu nível, no final da nossa correção.

A NOITE DA NOIVA

Antes do final da correção, existe um estado especial denominado “a noite da noiva”. A história no O Zohar fala sobre a preparação da noiva para a cerimônia de casamento. A noiva é o conjunto de todas as almas. É um Kli (vaso) que está pronto para de unir ao Criador.

Quando você atinge este estado, sente que seu Kli está preparado, sustentado e pronto para a união espiritual. O noivo é o Criador. Ele é chamado “noite” porque a Dvekut (união) não está ainda aparente, e a Luz ainda não brilha nos vasos. A noite significa que os vasos ainda sentem a escuridão, a falta de unidade.

Quando a noite se transforma em dia, a abundância do final da correção é prometida, mas O Zohar não nos diz exatamente porque ela é boa—apenas que é plena, Luz, e paz.

O Significado Oculto da Bíblia

A Bíblia (ou Tora) é sublime e espiritual, mas, francamente, ela pode ser uma história um pouco longa com suas listas de relacionamentos. Lemos sobre casamentos, divórcios, traições, e assassinatos. Uma pergunta justa poderia ser: o que há de tão espiritual nisso?

Para a Cabala, a Bíblia não conta histórias sobre pessoas. Pelo contrário, ela mostra as relações entre as forças espirituais.

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Centelhas Espirituais

Inicialmente, você deve saber que quando lidamos com temas espirituais que não têm qualquer preocupação com tempo, espaço, e movimento, e especialmente quando lidamos com a Divindade, não temos palavras para expressá-los e contemplá-los. … Por esse motivo, os sábios da Cabala optaram por uma linguagem especial, que podemos chamar “a linguagem dos ramos”.

—Baal HaSulam, O Estudo das Dez Sefirot

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A Bíblia mostra o processo de correção das almas através das forças superiores. Isso conduz as almas em seu caminho de ascensão, na medida em que elas aumentam sua capacidade de doação. Personagens como Adão, Noé, e Abraão não são vistos como aqueles que viveram em certo lugar e andaram (ou flutuaram) a esmo. Eles são considerados forças que operam sobre os desejos a serem corrigidos, dentro de cada um de nós. Por exemplo, a história do êxodo dos escravos hebreus do Egito não representa a sua liberdade da escravidão física, mas a aquisição da primeira Masach (tela), a travessia da barreira.

Algumas histórias podem parecer sem sentido ou santidade. Quando você as ler, lembre-se que não são eventos, mas sim histórias sobre forças. Elas não devem ser compreendidas ou justificadas em termos mundanos.

Por Trás do Monitor

A Linguagem dos Ramos é a expressão das forças superiores que operam em nosso mundo. Ela é expressa em objetos e em tudo o que acontece. De onde ela vem? É como um monitor de computador: se olhássemos atrás dele, não veríamos a imagem – veríamos os aparelhos eletrônicos que o constroem.

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Centelhas Espirituais

Não há uma folha de grama abaixo que não tenha uma marca Acima, que a golpeie e diga: “cresça”.

—Midrash Rabba

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Eis como algumas histórias na Bíblia são explicadas usando a Linguagem dos Ramos.

 

A HISTÓRIA DA MAÇÃ

Vamos falar sobre a história Bíblica da criação. O desejo de receber existente na alma comum (nós) é denominado “Eva”. O desejo de dar, de outorgar, é chamado “Adão”. O egoísmo – o desejo de receber com a intenção de receber – é denominado “a serpente”, e nós o chamamos de “ego”. O ego quer assumir todos os nossos desejos e nos empurrar para o egoísmo. Isto é considerado como a serpente vindo até Eva – o desejo de receber – e dizendo: “Quer saber? Você pode usar o seu desejo de receber de uma boa maneira”. Então, Eva foi até o Adão – o desejo de dar – e disse: “Quer saber? Nós temos a oportunidade de subir até os mundos mais elevados. Além disso, é isso que o Criador quer, e é por isso que Ele nos fez recebedores”.

E ela comeu. O desejo de receber, unido à serpente (egoísmo), comeu a maçã. Como eles gostaram, pensaram: “Porque não arrastar o Adão (as forças de doação) nisso?”. E foi isso que fizeram. Como resultado, todo o corpo de Adam ha Rishon (a alma comum), todos os seus desejos, foram corrompidos pela intenção da serpente em receber, no que se tornou o pecado original.

 

ABRAÃO—ENTRE O EGITO E ISRAEL

Abrão nasceu na Mesopotâmia (hoje Iraque), imigrou para Israel, e em seguida, devido à fome, desceu ao Egito. Esta viagem tem um significado espiritual, porque estes locais são graus ou forças. Eles realmente contam a história da correção do nosso desejo.

A Mesopotâmia é o ponto de partida, quando os desejos de Abrão são egoístas, como os seus e os meus. A terra de Israel, chamada “desejo de outorgar”, é o desejo de dar. O Egito é chamado Malchut, o desejo de receber, e consiste em desejos egoístas, com o Faraó sendo o ápice do egoísmo.

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Informações

Na Cabala, Israel não é um pedaço de terra. O seu nome vem de duas palavras: Yashar (diretamente a), El (Deus, Criador). Por isso, para um Cabalista, qualquer pessoa com um forte desejo de ser como o Criador é considerado uma parte de Israel.

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Av (pai) ha Am (a nação) – os enormes desejos de receber que surgiram dele. Para combinar com tais desejos, ele tinha um desejo de dar, o que assegurou que os desejos fossem finalmente corrigidos. Cada vez que Abraão aumentava seu desejo de dar, ele ia para Israel, e cada vez que aumentava seu desejo de receber, ia para o Egito. É também por este motivo que a migração para Israel é considerada uma subida, e a migração para o Egito é considerada uma decida.

O desejo de dar, sozinho, é ineficaz. Você só pode realmente dar ao Criador recebendo Dele. Então, Abraão perguntou: “Como eu saberei que alcançarei o mesmo nível de doação do Criador?”. Abraão não podia receber porque estava numa situação de doação. O Criador colocou a sua semente no Egito e disse que ele receberia a medida plena do desejo de receber. Abraão estava feliz. Após o exílio, quando o povo se misturar aos Egípcios e absorver seus desejos, o povo será corrigido e saberá como receber com o objetivo de dar. Este é o padrão de realização para todos, e que leva ao fim da correção.

A Bíblia diz que Abraão desceu ao Egito devido à fome. A fome era espiritual porque ele queria outorgar, mas não tinha nada para dar. Para Abraão, uma situação na qual ele não podia dar era chamada de fome, ausência de desejos de receber. À medida que uma pessoa adquire progressivamente um desejo maior de receber, isso é considerado como se ela experimentasse o exílio no Egito. Quando ela sai da experiência com grande quantidade de vasos de recepção, ela pode começar a corrigi-los para que eles trabalhem com o objetivo de outorgar.

 

O CABO-DE-GUERRA ENTRE MOISÉS E O FARAÓ

A próxima história-chave da Bíblia, sob a perspectiva Cabalista, é a história de Moisés. O Faraó escravizando os judeus tem um significado mais profundo que o registro histórico.

O Faraó sonhou que haveria sete anos de riqueza, seguido por sete anos de fome. A riqueza é quando você primeiro descobre um grande desejo pela espiritualidade e sente grande felicidade. Isto porque você acha que pode atingir a espiritualidade usando o seu ego. Você está pronto para ler e aprender, e a fazer todos os tipos de coisas. A fome acontece quando você vê que não pode atingir a espiritualidade, a menos que abra mão do seu ego e ganhe o atributo de dar. Mas você não pode dar, apesar de querer. Você está na corda bamba. Este é o Egito.

Para produzir a transformação, o seu “Faraó” cresce. O seu Faraó é o seu ego. Ele começa a lhe mostrar coisas más sobre o estado atual. Se isso for muito mau, você deseja escapar ou fugir para a espiritualidade. Você deseja ir, mesmo que não haja nada interessante ou atraente nela. Quando o seu ego mostra o qunto ele é mal, você desejará mudar.

O nome Moisés vem da palavra Moshech (atração). Este é o ponto que nos tira do Egito, como o Messias, que também se origina da mesma palavra. Moisés é o sentimento dentro da pessoa que se opõe ao ego e diz: “Eu realmente acredito que devemos fugir”. A grande força que impulsiona é o Faraó. A pequena força que puxa é Moisés. Essa atração é o início da sua espiritualidade, o ponto do coração.

 

A HISTÓRIA DE ESTER (O CLÁSSICO FINAL FELIZ)

Esta história descreve a correção final do desejo de receber, denominado Hamã. Mordecai (o desejo de dar) e Hamã compartilham um cavalo. Hamã cavalga primeiro, e depois deixa Mordecai cavalgar, enquanto acompanha a cavalo. Isso demonstra como o nosso desejo de receber finalmente se rende diante do nosso desejo de dar e entrega as rédeas.

Ester — da palavra hebraica Hester (ocultamento) — é o Reino dos Céus, que está oculto. Ela está oculta, juntamente com Assuero, o Criador, que, aparentemente, não é bom nem mau. A pessoa que passa por isso não sabe quem está certo, e se o Criador é bom ou mau.

Ester também é parenta de Mordechai, o desejo de dar. Mordechai, como Moisés num estágio espiritual diferente, é o ponto de Bina em nossa alma, que nos atrai rumo à Luz.

Quando surge o desejo de dar, às vezes ele não pode ser percebido. Por vezes, ele está oculto, como a Rainha Ester. Você pode não saber se a ação é realmente doadora. No entanto, se Mordechai está cavalgando, seu desejo de receber pode corrigir a si mesmo.

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Informações

O feriado mais alegre do calendário judaico é o Purim, quando é contada a história de Hamã e Mordechai. Este feriado representa o fim da correção, e pede que se beba até não podermos separar Hamã de Mordechai, o egoísmo do altruísmo. Isso porque, no final da correção, todos os desejos são corrigidos e trabalham a fim de dar ao Criador; assim, não importa com qual desejo trabalhamos, ele sempre será com a intenção de dar.
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Como Raízes e Ramos