Capítulo 11: Um Novo Modus Operandi

Do livro “Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era Global”

Até aqui, olhamos de maneira abrangente a história e a estrutura do mundo, como explicadas pela Cabalá. Descrevemos como a Cabalá enxerga a realidade como uma entidade única, na qual os seres humanos representam o nível mais elevado de existência, uma vez que possuem o mais intenso e mais narcisista desejo de receber. É necessário, agora, comentar o que a humanidade pode fazer para mudar essa tendência negativa, tendo em vista que estamos, de forma irreversível, interdependentes e interconectados. E, muito embora esteja fora do escopo deste livro delinear uma estratégia de “fuga” para as crises presente e futura da humanidade, gostaríamos de indicar algumas soluções que poderiam ser adotadas em grande escala e, assim, resolver a maior parte de nossos problemas, caso sejam corretamente implementadas.

Muito embora a humanidade tenha pouca experiência em agir como um sistema  global, já que estamos acostumados a nos definir como indivíduos ou membros de segmentos da sociedade, da família ao estado-nação, a situação atual requer que nossa visão se alargue. A maioria dos líderes políticos e financeiros do mundo já reconhece essa necessidade.

Kofi Annan, ex-Secretário Geral das Nações Unidas, por exemplo, comentou essa questão em uma mensagem no Primeiro Dia Anual de Independência, em 21 de setembro de 2004: “Estamos vivendo uma nova era. No futuro (…) o mundo será transformado (…) pelas forças da globalização e pela crescente interdependência entre os povos do mundo (…) à medida que cresce nossa interdependência, teremos de passar a tomar decisões não mais com base em um único país, mas considerando outros vários, agindo em conjunto. A menos que seja bem administrado, esse processo acarretará um “déficit democrático”, uma vez que os tomadores de decisão estarão mais distantes e serão menos cobrados a responder às pessoas cujas vidas são atingidas. O desafio para todos nós, portanto, é administrar nossa interdependência de forma includente, angariando apoio das pessoas, e não as distanciando. Os cidadãos necessitam pensar e agir globalmente, para influenciar decisões globais.” 162

Mais recentemente, em setembro de 2008, o Primeiro Ministro britânico, Gordon Brown, comentou o tema da globalização e da responsabilidade global em várias declarações. “Cada geração crê que está vivendo mudanças que seus pais não poderiam ter imaginado ─, mas o colapso dos bancos, a crise de crédito, as oscilações do preço do petróleo, a velocidade da tecnologia e a ascensão da Ásia ─ ninguém agora pode duvidar de que estamos vivendo em um mundo diferente, em uma era global.”163

Mais tarde, Brown refletiu sobre a história da globalização: “E nós sabemos que os desafios que enfrentamos nessa nova era global não começaram na semana passada ou nos últimos meses, mas, na realidade, refletem mudanças mais profundas no mundo”.164

Brown está certo ao dizer que uma mudanca mais profunda está em curso. Quando o Estágio Quatro se estabelece, ele induz ao coletivismo  e à  globalidade –  note-se que globalidade é a condição em que o processo de globalização está completo, ao contrário de globalismo, que se compara com imperialismo e nacionalismo. O último estágio no desenvolvimento humano ─ tornar-se como o Criador ─ não pode ser alcançado em isolamento. É necessário que todos os fragmentos da alma de Adão se unam e, a partir de tal união, construir a qualidade da doação, que é o Criador. Todos nós somos partes do desejo que foi criado no Estágio Quatro, o desejo com a intenção de alcancar o propósito da criação ─ ser como o Criador. Devemos, portanto, reconectar o desejo despedaçado, a alma em pedaços, em um trabalho conjunto. Para isso, devemos nos unir, nos tornarmos conscientes da nossa unidade e começarmos a vivenciar a verdade de nossa interconexao de forma muito real, no lugar da nossa  atual percepcao, que é limitada.

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