Lech Lecha (Ide Adiante)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênesis, 12:1-17:27)

Sumário da Porção

A porção, Ide Adiante, começa com Abraão sendo ordenado ir para a terra de Canaã, a fome força-o a descer ao Egito, onde os servos do Faraó levam Sarai, sua esposa. Na casa do Faraó, Abraão apresenta-a como sua irmã, temendo pela sua vida. O Criador pune o Faraó com infecções e doenças, e ele é forçado a devolver Sarai a Abraão.

Quando Abraão regressa à terra de Canaã, uma luta irrompe entre os pastores do gado de Ló e os pastores do gado de Abraão, após a qual eles separam seus caminhos.

Uma guerra irrompe entre quatro Reis dentre os governantes da Babilônia, e cinco Reis da terra de Canaã. Ló é tomado como refém e Abraão parte para salvá-lo.

O Criador faz uma aliança com Abraão, “a aliança dos pedaços” (ou “aliança entre as partes”), a promessa da continuação de seus descendentes e a promessa que eles herdariam a terra.

Sarai não pode ter filhos, então ela oferece a Abraão sua criada, Hagar, e eles têm um filho chamado Ismael.

Abraão faz a aliança da circuncisão com o Criador e é ordenado que faça a circuncisão a si mesmo e a todos os machos de seu agregado. Seu nome muda de Abrão para Abraão, e o nome de sua esposa muda de Sarai para Sara.

No fim da porção, o Criador promete a Sara que ela terá um filho cujo nome será Isaac.

 

Comentário

Todas as histórias da porção que lemos acontecem realmente dentro de nós. Na percepção correta da realidade, este mundo não existe, nem a história, geografia ou a história da porção. Todas elas são ocorrências que tomam lugar dentro de nós.

A sabedoria da Cabala explica que a percepção da realidade é um assunto profundo que se relaciona à nossa mais interna psicologia, nossos sentidos e à nossa estrutura física.

A Torá descreve honestamente o modo como nos desenvolvemos. Todos e tudo aquilo que é descrito reflete nossas forças mentais. Abraão, por exemplo, é a tendência de se desenvolver para a espiritualidade, o desejo de se aproximar e descobrir o Criador.

A história de Abraão na Babilônia é na realidade a revelação da única força que existe e conduz o mundo, e o desejo de descobrir essa força. Aqueles de nós que descobrem quem gere nosso destino e porquê, ou que questionam, “Qual é o sentido da minha vida? ” Todos começam no mesmo ponto de partida como começou Abraão, e a força de Abraão está viva e trabalha dentro deles.

Abraão percebeu que ele tinha que avançar para o próximo estado. De fato, ele sentia a Natureza a empurrá-lo para a frente, lhe dizendo, “Ide adiante de tua terra e de teus familiares, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei”. Lá encontrarás o equilíbrio e serás capaz de te realizares a ti mesmo.

Maimônides e outros Cabalistas escreveram que foi assim que Abraão se mudou para a terra de Canaã com seu inteiro agregado, e milhares de pessoas que deixaram a Babilônia junto com ele, e que ele havia estabelecido como a “casa de Abraão”. Quando Abraão alcançou a terra de Canãa, ele havia chegado ao novo desejo, chamado “Canaã”.

A palavra, Éretz (terra), vem da palavra, Ratzon (desejo).

Abraão descobriu que este desejo não o elevava suficientemente; ele tinha fome e não sabia o que o sustentaria e o manteria neste ponto da terra de Canaã. Porque esta era uma terra de doação, e ele ainda não estava em um estado onde ele conseguisse concretizar doação, uma nova situação se formou, o obrigando a se tornar apegado à vontade de receber. Foi isto o que o fez descer ao Egito.

Um grande desejo apareceu neste ponto, onde a pessoa sente que mais passos com o ego intensificador são necessários, à medida que o ego alterna de um estado de “Babilônia não é suficiente”. À medida que o ego cresce, ele exige satisfação. Mas isto suscita o medo que se a pessoa trabalhar com o ego com a intenção de doar (“Abraão”), ela não seja suficiente para guardar a si mesma, e assim ela pode arruinar a intenção.

É por isto que as pessoas não estão dispostas a trabalhar com seus egos, a obstrução que cresce por dentro. O desejo por dentro conta a essa pessoa, “Esta é minha irmã, não minha esposa”. Uma pessoa fica pronta para se abster completamente do todo do desejo, chamado “Sara”, e permanecer somente com a intenção de doar, chamada “Abraão”.

Por causa de nossos egos crescentes, carecemos de uma sensação de preenchimento. Em vez disso, sentimo-nos cada vez mais deficientes e vazios. “Faraó” é o estado impresso dentro de nós que pergunta, “O que ganho eu com isso? “. Parece que o presente estado é pior que aquele em que estivemos anteriormente, que é o porquê do Faraó dizer a Abraão para levar o desejo de volta (“Sara”) porque ele queria permanecer na corporeidade como estava, enquanto esse desejo, Sara, se estende da espiritualidade.

Estas duas partes dentro de nós estão em uma luta constante. Elas alternam: primeiro, Abraão cresce e cai, e então Faraó cresce e cai. Isso assemelha-se a como caminhamos, pisando com o pé direito, então o pé esquerdo. Faz pouca diferença ao que chamamos a estas duas partes dentro de nós porque elas adquirem diferentes nomes em graus diferentes.

Quando Abraão e sua comitiva regressaram à terra de Canaã, um problema se ergueu entre os pastores do gado de Ló e os pastores do gado de Abraão. A palavra, Ló, significa “maldição”. A questão na realidade é, “Em que direção deve-se avançar, na direção da meta de receber, ou na direção da meta de doar”? Quando enfrentados com esta escolha, ficamos perplexos e não sabemos o que fazer. Esta é a luta sobre o lugar e os poços na história de Ló, descrevendo a escolha para distinguir entre as duas forças – recepção e doação.

Esta história ensina-nos que durante nosso desenvolvimento espiritual há muitos eventos onde devemos olhar para nossos egos e vermos como se intensifica dentro de nós.

E, todavia, embora não desejamos discordar com a direção do mal, devemos também nos abstermos de destruí-la. Em vez disso, devemos abster-nos dela, como Abraão se absteve de Ló, que mais tarde o salvou de Sodoma.

Estas são as mudanças que acontecem dentro de nós. Nós usamos nossos Kelim (vasos) maus, bem como os nossos bons, ou seja, nossas qualidades boas e nossas qualidades más, bem como todos os nossos pensamentos porque aprendemos deles.

Quando Abraão conclui a luta com os pastores do gado de Ló, ele trava guerra com os quatro reis que vivem no país. Novamente vemos que enquanto nos desenvolvemos, estamos em uma luta constante. Os reis são nossas grandes forças, nossos grandes desejos. Eles não nos permitem entrar na terra de Canaã e cercar Canaã. Desta forma, quando desejamos alcançar certo grau espiritual no qual começamos a sentir o Criador, a força comum da Natureza, e a eternidade e perfeição na Natureza, essas Malchuts, esses “reis”, encontram-se no nosso caminho, bloqueando-o.

Depois desta guerra, o Criador aparece a Abraão e diz para ele que ele faz uma aliança com ele. Ele promete que esta terra verdadeiramente pertencerá à qualidade de Abraão que cresce e se desenvolve por cima da qualidade de Faraó, das guerras, e por cima de Ló.

Agora essa qualidade é poderosa o suficiente para permitir que se entre na terra de Canaã. Esta é a qualidade que permite a pessoa alcançar o propósito da Criação, a revelação do Criador, e alcançar Dvekút (adesão) com o Criador.

Em prol de na realidade alcançar o próximo grau, o contato com o Criador, precisamos de uma força que “origine” o próximo grau. Somos nós que geramos os novos estados, mas a vontade de receber, que é “Sara”, ainda não consegue ser a força que dá à luz sob a qualidade de Abraão. A qualidade de Abraão é ainda fraca na sua intenção de doar, e não consegue nos libertar da vontade de receber. Contudo, ela consegue fazê-lo com a linha da direita, a força da direita, mas somente com essa parte dela chamada “Hagar”. O descendente desse é “Ismael”, uma força que pertence à direita de Biná, chamada a Klipá (casca/pele) da direita.

No fim, depois da aliança e as numerosas correções, Abraão chega a um estado onde ele também consegue trabalhar com Sara, a vontade de receber geral. É então que Sara dá à luz, daí a grande alegria refletida na porção.

 

Perguntas e Respostas

É dito a Abraão para ir da Babilônia para Canaã. O que significa se movimentar de um desejo para o próximo, a que se parece estar na terra de Canaã?

Nós estamos em um processo de mudanças constantes, exceto que não estamos conscientes dele. A Torá fala das mudanças pelas quais atravessamos conscientemente, depois de termos decidido que queremos realmente mudar nossos desejos. A vontade de receber tem sido nossa inteira substância, e alternamos de um desejo para o próximo, de lugar para lugar. Há uma máxima que diz, “Muda de lugar, muda de sorte”. Um “lugar” é o desejo que observamos no mundo, O desejo é todas as coisas; ele é a fonte da qual embarcamos para cada ação.

Cada nome ou palavra mencionados na Torá na realidade detona um desejo. Na sabedoria da Cabala, falamos de Aviut (densidade), Massach (tela), e Reshimô (reminiscências) que determinam o estado da Neshamá (alma). Aqui, também, estamos falando das mesmas mudanças que atravessamos, exceto que a terminologia é diferente.

“Ide Adiante” significa  que  devemos  sempre  sentir  que  no  princípio  do  caminho  está  Yessód (fundação), e devemos avançar precisamente alterando de estado para estado. Devemos levar a cabo estas instruções e alternar de estado para estado até que cheguemos ao fim da nossa correção. Deste modo, “ide adiante” é o ato que o Criador espera que nós executemos.

Isto significa que podemos avançar em frente somente se compreendermos que a mudança pode acontecer somente através da união. A inteira diferença entre graus espirituais é o nível de conexão que conseguimos alcançar, que nos permite conectar todos os elementos dentro de nós para alcançar nossa meta.

Nada é criado sem uma razão. Precisamos de todos os nossos poderes mentais, incluindo o Faraó, Ló, o gado de Abraão, o gado de Ló, os reis que estão na terra, Balaão, Balaque, Hamã, os ímpios, bem como os justos. No fim, a Torá ensina-nos como conectar todos os nossos poderes mentais e nos tornarmos um indivíduo inteiro.

Qual é o sentido da terra de Canaã em respeito a nossos desejos?

Canaã é a terra que existia antes da terra de Israel. Este é um dos graus, aquele antes da terra de Israel.

Esta uma pessoa já no caminho para a espiritualidade se o ponto no seu coração despertou?

Sim. Assim que o ponto desperta no coração de uma pessoa, ele ou ela não consegue permanecer na Babilônia. Tal pessoa deve abandonar a Babilônia e ascender para o grau da terra de Canaã. Progride-se juntamente com aqueles que se juntam—aqueles desejos com os quais podemos trabalhar—e sobe para outro grau, onde se pensa na direção da doação, é Chéssed (misericórdia), na direção que Abraão simboliza.

Do Zohar: Vá Adiante, para Corrigir a Ti Mesmo

Assim que o Criador viu seu despertar e seu desejo, ELE imediatamente se revelou a Si mesmo para ele e disse-lhe, “Ide adiante”, para te conheceres a ti mesmo e para te corrigires a ti mesmo. Isto é, que ele deve deixar de medir as forças superiores mas elevar MAN e prolongar um alto Zivug sobre a Massach que lhe apareceu, com a qual ele será recompensado ao prolongar Dá’at para si mesmo e se corrigir a si mesmo. Zohar para Todos, Lech Lechá (Ide em Diante), item 28

Alcançar um grau superior é feito pela Aviut (densidade) do novo desejo, e através da intenção sobre esse desejo. Se uma pessoa executa um Zivug de Haka’á (acasalamento por golpe), ele ou ela alcança a revelação da luz superior no grau em que o Zivug foi feito.

O que significa que o Criador “viu seu despertar”?

Uma pessoa recebe o despertar do plano geral da Criação. Cada um de nós tem um tempo no qual começamos a despertar. O “motor” geral de todas as almas gira como um contador e emite ordens para cada uma. Subitamente, você desperta, você tem um desejo e é conduzido. Você desperta para a espiritualidade uma ou duas ou três vezes na vida, e você tem que responder; você tem que assumir a iniciativa e começar a avançar por si mesmo.

O que acontece quando uma pessoa descobre que ela não consegue avançar mais?

Quando subitamente ela começa a sentir que não consegue avançar na espiritualidade, isso significa que está novamente caindo no desejo egoísta (“Faraó”). Você está descendo ao Egito novamente.

Isto, contudo, é o que deve acontecer. Você precisa intensificar seu ego para avançar, pois tudo isto é a sua matéria. Tudo é a substância da criação, a grande vontade de receber. Sem Faraó, você não será capaz de alcançar Monte Sinai.

Você precisa ter uma “montanha” de mal e ódio, que levou do Faraó. Todo o desejo que apareceu em você se tornou uma montanha ao redor da qual você sente seu ódio aos outros. Quando alcança este ponto, você diz para si mesmo, “Eu preciso ter a Torá; não tenho escolha; eu tenho que ter a força que me corrigirá, que é chamada ‘a luz que reforma’”.

O progresso é sempre feito em duas direções: de um lado está o crescente desejo egoísta; por outro lado está a intenção de doar.

O que é a Klipá da direita, e porque Abraão, a qualidade de Chéssed, gerou uma Klipá?

A qualidade de Abraão é só o princípio; ela não está inteiramente corrigida. Isto é, ela é o desejo inicial de uma pessoa, que está claro, carece de Aviut. Quando se conecta Aviut a si mesmo em prol de avançar, a direita e esquerda conectam-se através do escrutínio do desejo dele. Uma pessoa precisa examinar com que desejos ela pode trabalhar, e com que desejos ainda não pode. Os últimos serão corrigidos quando ela alcançar graus mais avançados.

Além do mais, ao gerar seu filho com seu desejo parcial, chamado Hagar, as condições mudam. Sarai torna-se Sara, e Abrão torna-se Abraão. Estes não são simplesmente nomes diferentes. Através destas correções, chegamos a um estado onde trabalhamos com um novo, desejo diferente conhecido como “Sara”, e uma nova, intenção diferente conhecida como “Abraão”, que juntas geram o princípio da nação.

É Isaac o princípio da nação?

Não só Isaac. Há três linhas ao todo: a linha esquerda, direita e a linha do meio, que é Israel. Adicionalmente, há duas Klipot (cascas/peles): Ismael na direita e Esaú na esquerda. Isso não significa que elas sejam completamente defeituosas, mas só que com o tempo elas, também, serão corrigidas.

A Klipá da direita, Ismael, ainda luta hoje contra todos, até mesmo hoje.

Assim permanecerá até ao fim da correção, até que todos nos misturemos juntos e nos unamos.

A circuncisão significa “cortar” no desejo?

Sim, mas circuncisão é mais que simplesmente cortar; ela é também as Klipot, que são desejos com os   quais    não    consegue    trabalhar.    Por    enquanto,    são Klipot até    que    eles    se tornem Kedushá (santidade). O problema está em você; você não consegue trabalhar com desejos tão intensos com a meta de doar, uma vez que se receber prazeres os receberá para si mesmo em vez de doar aos outros.

O que significa afazer uma aliança com o Criador?

Fazer uma aliança com o Criador significa que uma pessoa faz qualquer apelo que seja necessário. A aliança é uma reorganização especial, interior, que permite que a pessoa, juntamente com as suas forças, alcance um estado onde nunca cometerá erros, durante todos os graus futuros, desde que ela mantenha um certo princípio.

O Criador vai me ajudar por causa da aliança?

A aliança significa que o Criador ajuda. O Criador = Natureza. “Eu, o Senhor, não mudo” significa que de agora em diante você reconhece um certo princípio. Se você se segurar a isso, está garantido evitar quaisquer erros, quaisquer desvios e quaisquer pecados. Seu avanço espiritual é sempre na direção de um grau que ainda não conhece. Deste modo, deve se certificar que quando avançar, não falhe. A aliança é a força que o leva seguramente de um grau para o próximo.

Há duas alianças: a aliança dos pedaços e a aliança da circuncisão. Circuncisão tornou-se uma conduta Judaica no mundo corpóreo, e ela é um mandamento até este dia. Alguns dizem que é uma tradição cruel. Qual é a raiz espiritual da circuncisão?

A raiz reside na necessidade de se livrar da vontade de receber que não se consegue corrigir. É aquilo que fazemos a toda a hora, incluindo com Sara, Hagar e assim por diante. Por um lado, examinamos a vontade de receber, que está crescendo. Por outro lado, percebemos que devemos “cortar” algumas delas, semelhante ao fim do Partzuf (face). Precisamos decidir que não podemos lidar com esta parte por enquanto. Isto é também ao que se referem as Mitzvot (mandamentos) positivos e negativos (“fazer’ e ‘não fazer’). Porquê “fazer” e “não fazer”? Porque há uma vontade de receber que não podemos usar.

Deste modo, em cada situação, devemos distinguir entre o desejo que usamos e o desejo que não usamos. O “lugar” do exame é chamado a “Rosh (cabeça) do Partzuf”, e este é o principal escrutínio que devemos sempre fazer antes de cada decisão.

É o prepúcio o desejo que não podemos usar?

Sim, o prepúcio, a exposição, e a gota de sangue todos são as correções que envolvem a intensidade do desejo e sua natureza. Não conseguimos presentemente trabalhar a favor dos outros, tampouco ao nosso favor, uma vez que não estamos na espiritualidade e não os usamos. A decisão de nos abstermos de usá-los é chamada “circuncisão”.

É mencionado que Ló é tomado como refém. Quem o capturou e o que é o cativeiro?

Ele foi tomado como refém pelo desejo egoísta de Sodoma. Sodoma, em comparação com o estado em que nos encontramos, é um estado de grande retidão, e até nos atrevemos dizer, “regra Sodomita”.

O que significa que nós somos piores que a “regra Sodomita”?

Sim. A regra Sodomita é, “Deixa que o meu seja meu e o teu seja teu”. Eu não toco em ti, e tu não tocas em mim. Até se eu puder roubar alguma coisa de ti, eu não o faço. Ou até se eu te puder usar, eu vou evitá-lo. Eu não te vendo algo mau ou te manipulo através da publicidade. Abreviadamente, eu não te exploro.

“Regra Sodomita” não soa assim tão mal!

É claro. Se estivéssemos na regra Sodomita hoje, este seria um passo em frente para nós. É por uma boa razão que Ló foi incluído nela. Afinal, ele era próximo de Abraão; estas qualidades não são tão longínquas uma da outra. Abraão veio para o salvar porque a qualidade de Sodoma era necessária para suscitar qualquer coisa para a correção. Foi por isso que quando Abraão chegou a Sodoma, ele examinou os desejos que podiam ser salvos deles enquanto que o resto, que não podiam ser examinados, tiveram que atravessar a revolta de Sodoma.

Termos

Ide adiante

Ir adiante do seu desejo, independentemente de quão bom ele lhe possa parecer.

Você deve chegar a um novo estado, um novo grau. Cada vez “Ide adiante” indica que você deve estar constantemente em movimento, avançando para cima.

Canãa

Canãa é a terra de Israel antes dela ser inteiramente corrigida.

Fome

“Fome” significa que eu não consigo satisfazer minha vontade de receber se eu for um Egípcio, ou que eu não consigo satisfazer o meu desejo de doar se eu for um Judeu, procurando unificação com o Criador.

Irmã

Há vários nomes que usamos para nos referirmos à vontade de receber. Entre eles estão “irmã”, “esposa” e “servo”. A palavra, “irmã”, refere-se à vontade de receber que você consegue usar com o preenchimento de Chochmá (sabedoria), como está escrito, “Dizei para a sabedoria, ‘Vós sois minha irmã’” (Provérbios 7:4).

Criada e mulher

Uma “criada” é quando uma pessoa usa o desejo de doar em prol de doar. Uma “mulher” é quando a pessoa a preenche com receber em prol de doar, do qual já é possível gerar filhos.

Fertilidade, Nascimento

As duas palavras acima referem-se a quando você gera o seu próximo grau, o seu próximo estado.

Aliança

Uma aliança é quando você adquire a força de vontade, entendimento, sensação e apoio, quando você é assistido para mudar de um estado para estado sem falhar. Se há amor entre nós hoje, fazemos uma aliança para o sustentar amanhã, também. A aliança ajuda-nos quando realmente queremos que ele aconteça amanhã. Ela é uma força da Natureza que nos ajuda a manter nosso estado.

 

Sumário

A mensagem chave da porção é verdadeiramente, “ide adiante”. Avançamos de estado para estado somente através das mudanças nos nossos desejos. Cada momento examinamos e escrutinamos nossos desejos para decidir que desejos podemos usar, e que desejos não podemos, que desejos devemos “matar”, e que desejos devemos “cortar” de nós mesmos.

Eu examino sempre como posso avançar através do amor aos outros e em direção ao amor ao Criador. “Ide adiante” é o caminho que me guia, e é o único que eu posso percorrer.

Beresheet (No Princípio)

Do livro “Divulgando Uma Porção”

(Gênese, 1:1 – 6:8)

Sumário da Porção:

Beresheet (No Princípio) é a primeira porção na Torá (Pentateuco). Ela conta a história da criação do mundo em seis dias, e o resto no sétimo dia. Ela fala sobre a criação do homem, sua chegada ao Jardim do Éden, e a criação da mulher. Esta porção também narra as histórias do pecado da Árvore do Conhecimento, Caim e Abel, as gerações de Caim a Lameque, as dez gerações de Adão a Noé, a corrupção que engoliu suas gerações, e a esperança renovada emergiu com o nascimento de Noé.

 

Comentário

Beresheet contém mais histórias que qualquer outra porção na Torá. De muitas maneiras é também a mais profunda, pois ela discute a base do nosso ser, a criação da alma. A alma comum foi criada a partir da vontade de receber deleite e prazer, ou simplesmente, “a vontade de receber”. Essa vontade é o núcleo da alma, e é afetada por seis qualidades: Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach, Hod    e Yessód. Estas qualidades penetraram a substância — a vontade de receber — e a desenharam em sincronia com a força superior, o Criador. A razão porque o homem é chamado “Adam” é que a palavra vem de Adamah, do versículo, Adameh la Elyon (“Eu serei como o mais alto”, Isaías, 14:14). Isto se refere à similaridade de Adam ao Criador — a doação sublime, amor sublime — a força superior que o deu à luz.

Adam é a estrutura da alma que é igual em forma ao Criador, e ela está em Dvekút (adesão) com Ele no Jardim do Éden. Um jardim significa “desejo”, e o jardim é a parte da criatura, a substância de Adam — ele é a vontade de receber. Éden marca o grau de doação, o grau de Biná. Adam, que está no grau de Biná, está no Jardim do Éden.

Isto não pertence ao nosso mundo ou ao universo que conhecemos, mas em vez disso à alma comum que o Criador criou. Bem desde o início, a alma comum atravessou uma preparação especial, “o pecado”, porque no seu começo ela era parte da força superior. Isto significa que a alma não tinha autoridade própria, nada em seu nome, ou qualquer sensação de existência independente. Neste sentido, a alma era como um embrião no ventre de sua mãe — por um lado, ela existe, por outro lado, ela é parte de sua mãe e cada uma das suas ações é governada por essa entidade superior.

Tal é a estrutura da alma. Enquanto ela existe no Jardim do Éden, o próprio jardim não permite independência. “Independência” significa que uma pessoa está além do controle de outrem, em um estado de se preparar para assumir autocontrole. A estrutura da alma é a criatura, o ser criado.

A palavra, Nivrá (criatura), vem da palavra, Bar (fora). Em prol de permitir à estrutura da alma na realidade se tornar uma criatura, ela deve ser retirada e removida do Criador. Em outras palavras, ela deve se tornar oposta ao Criador, e esta oposição é obtida através do pecado.

 

Explicando o Pecado

A alma consiste de duas forças: Caim e Abel. Abel quer existir ao elevar o Hével (sopro/vapor), ou seja, a Luz Refletida, ou doação, a força doadora. Caim é o oposto, querendo atrair todos os prazeres, todas as luzes, para dentro, para a alma.

Caim — a qualidade que atrai prazer, a luz para si mesmo, e não pelo bem do Criador, atrai-a até que Abel, o desejo de doar, desaparece. Este ato é chamado “Caim matando Abel. “

O Kli (vaso) da alma que recebe luz não pelo bem do Criador se quebra em pedaços, pedacinhos de desejos egocêntricos. Cada tal desejo é uma alma individual que se torna envolta em um embrulho semelhante a uma Klipá (casca/pele). Durante o processo de formação destas almas quebradas, quedas e descidas adicionais ocorrem pelos graus espirituais. Elas trazem-nos para aonde nos encontramos neste mundo, cada um de nós sendo uma parte da alma comum e singular que foi criada.

É precisamente porque estamos desconexos uns dos outros pelos nossos egos — imersos na vontade de receber em vez de na vontade de doar — que temos uma oportunidade de corrigir. Porque já fomos corrigidos no passado, podemos começar hoje a corrigir a ruína e pecado que tomou lugar no passado. Embora não sejamos nós que tenhamos cometido o pecado, nossas almas estão preparadas no interior para nos permitir levar a cabo a correção.

Esta correção é chamada “arrependimento”, constituindo um retorno a precisamente o estado onde estávamos enquanto no Jardim do Éden. Devemos nos apressar e alcançar esse estado, contudo, porque o mundo inteiro já está avançando para a conexão, um processo essencial de união e a percepção de nós mesmos como uma única alma. E finalmente, quando estamos todos em doação e amor mútuo, teremos sucesso em retornar à estrutura, o estado que mantivemos antes do pecado. Ao assim fazer, obteremos o estado em que estávamos enquanto no Jardim do Éden, e nos elevaremos uma vez mais acima da realidade deste mundo.

Nossa presente realidade desaparecerá porque ela só existe enquanto estamos imersos na vontade de receber em prol de receber. Quando temos a intenção de doar, contudo, não podemos mais existir na nossa presente realidade. Em vez disso, nossa existência se torna completamente espiritual e nos conduz de volta ao estado em que antes estávamos antes da nossa criação.

 

Perguntas e Respostas

Qual é o sentido da Criação e o que a precedeu?

“Criação” refere-se à criação do homem e do mundo. A criação do mundo precede à criação do homem por cinco dias. As qualidades, Chéssed, Gvurá, Tiféret, Netzach e Hod, são os primeiros cinco dias, e a qualidade chamada Yessód, a coleção dos anteriores cinco, é o sexto dia, Yessód liga todos eles juntos e se torna a Yessód (fundação) para a criação do homem. A sabedoria da Cabala descreve muitas ações que precedem à criação do mundo, tais como “existência a partir da existência” e “existência a partir da ausência”. Estas são duas forças que criam todos os estados: as quatro fases de Luz Direta, os mundos, Adam Kadmon e Atzilut. Contudo, não relacionamos estas ações ao nosso mundo porque a criação do nosso mundo e do homem estão ligadas somente ao mundo de Atzilut.

Qual é o Significado de Beresheet (No Princípio/Gênese)?

Na Cabala, a palavra Beresheet (no princípio/Gênese) não indica o primeiro ato que tomou lugar na Criação. Beresheet indica que a Criação começou dos céus e da terra, ou seja, de duas qualidades opostas. Céus é a qualidade de doação, e terra é a qualidade de recepção. Todos outros estados das criaturas deriva dessas duas qualidades.

Porque a Torá conta a história do meio e não do princípio?

A Torá conta-nos somente a parte que é relevante para nossa correção. É inútil aprender o que não pertence à nossa correção porque não a sentimos nem compreendemos, nem temos esses níveis ou qualidades. A estrutura da Criação é vasta, todavia aprendemos somente uma fração dela — aquela que é necessária para que nos organizemos a nós mesmos para o tempo presente. É exatamente assim que expomos as crianças ao mundo, como um processo gradual, lhes mostrando mais e mais do mundo enquanto elas amadurecem para que possam perceber e usar seu conhecimento para seu benefício.

O que é alma?

A alma é a vontade de receber que já está corrigida em doação. Embora sua natureza, sua substância, seja a vontade de receber prazer, acima dessa substância está uma correção que o homem faz — trabalhar pelo bem dos outros.

Se há somente duas forças na Natureza, a vontade de receber e a vontade de doar, onde está todo o resto?

Certamente, há somente duas forças, e graus das mesmas duas forças, ou seja, maneiras e níveis de conexão entre elas. Os graus relacionam-se aos níveis inerte, vegetativo, animado e falante.

As duas forças no nosso mundo se manifestam como forças positivas e negativas. Nós as conhecemos como “elétrons” e “prótons”, e suas várias combinações formam as diferentes substâncias. Estas substâncias não se tornam sólidas, ou seja, “imóveis”; elas também se tornam plantas, ou “vegetativas”.

Plantas possuem uma estrutura de absorção, emissão, metabolismo, e assim por diante. O próximo nível o nível “animado”, demonstra uma estrutura que se percepciona a si mesma como existindo, movendo e crescendo.

Posteriormente se desenvolve o nível “falante”, a estrutura do ser humano, único na história da Criação. Todavia, no fim, tudo é composto, nos vários estados de desenvolvimento, de elétrons e prótons.

O que é uma mulher e o que é um homem?

A vontade de receber dentro da alma é chamada “uma mulher”, e a vontade de doar dentro da alma é chamada um “homem” (Gever), da palavra Hebraica, Hitgabrut (superar), porque ela supera a vontade de receber.

 

Qual é o sentido e propósito das histórias de Beresheet?

As histórias de Beresheet não devem ser tomadas literalmente, como contos de um homem e mulher que pecaram, histórias de serpentes e maçãs, e assim por diante. Na realidade, as histórias descrevem as qualidades da vontade de receber e a vontade de doar.

Todas as qualidades de doação e recepção sobre as quais lemos nesta porção da Torá são nossas fundações. Inicialmente, nossa alma é uma alma, um desejo preenchido até à borda com luz. Ela está em perfeita congruência com a luz, a vontade de doar, e está desta forma no grau de Jardim do Éden — o grau de Elokim (Deus).

Isto nada tem a ver com nosso mundo, nem com coisa alguma que vemos e sentimos aqui e agora. Todas as qualidades descritas na porção são forças da dimensão superior, da qual a alma declina em qualidade, todavia não tão baixo como o mundo corpóreo.

Todas as quedas da alma são preparações para nossa presente situação. Nós, juntamente com o universo, desenvolvemo-nos do estado no qual a alma quebrou e recebeu a vontade de receber, quando o ego começou a se desenvolver. Nós temos nos desenvolvido desse ponto em diante. Contudo, parece que nós temos nos desenvolvido somente em uma dimensão. Agora, de nossa geração em diante estamos começando a evoluir em uma maneira mais qualitativa, ascendendo no nosso desenvolvimento mental.

À medida que descobrimos a negatividade nas nossas vidas, estamos começando a sentir que a vida podia e devia ser melhor, que nosso desenvolvimento está nos conduzindo para um beco sem saída. Hoje quando estudamos a Torá, não a estudamos como um documento histórico, mas em vez disso visamos usá-la para nos ajudar a avançar para nossa designada meta. Isto é, temos de nos elevar uma vez mais ao nível, ao estado, e às qualidades que tivemos no Jardim do Éden. Esta é na realidade nossa meta.

Hoje, estamos experimentando muitas crises porque estas forças se divulgam a nós da depravação da nossa situação, e que devemos corrigir a nós mesmos e nos elevar. Esta porção da Torá, Beresheet, partilha luz nas nossas vidas, no mundo, e no processo irreversível que estamos atravessando.

Qual é a diferença entre o nosso tempo e o tempo de Noé?

No tempo de Noé, as pessoas não estavam conectadas como estão hoje. É verdade que sempre fomos egoístas, procurando ter sucesso e lucrarmos para nós mesmos. Contudo, no passado, a Natureza não nos pressionou como agora faz, e podíamos fazer o que quiséssemos.

A sabedoria da Cabala ensina-nos que temos avançado muito bem usando nossos egos para construir nossa sociedade. Contudo, agora alcançamos o fim da estrada, embora maioria de nós está por reconhecer. Os recursos do nosso planeta estão a diminuir, e nós estamos entrelaçados em uma rede que nos liga juntos contra nossa vontade. Reconhecemos que algo está impedindo nosso progresso e nos prevenir de fazer o que queremos. E quando não podemos continuar a nossa abordagem habitual para a vida, ficamos alarmados, e chamamos-lhe uma “crise”.

Hoje sentimos estas crises nos laços familiares, na nossa cultura, ciência e a economia. Temos o sentido de que não estamos mais em controle do mundo em que vivemos. Sempre corremos de acordo com os caprichos de nossos egos, mas agora não podemos. O mundo está nos cercando, nos forçando a nos tornarmos congruentes uns com os outros. Pouco a pouco, o estado que existia no Jardim do Éden está se manifestando, um estado no qual estamos ligados uns aos outros em garantia mútua. No Jardim do Éden estávamos conectados “como um homem com um coração”, como uma única família, uma única alma. Agora devemos alcançar esse estado, mas não estamos equipados para isso; estamos quebrados.

Como a história como aquela de Caim e Abel pode dar um exemplo?

A história de Caim e Abel não serve como exemplo de boas coisas. Desde o momento em que forças contraditórias apareceram em Adam, ele foi conduzido a pecar. Agora devemos regressar ao estado em que estávamos antes do seu pecado. Os estados que estamos experimentando hoje estão nos obrigam a fazê-lo. Não seremos capazes de escapar. A vida nos pressionará até que procuremos uma solução, e a solução será nos adaptarmos ao estado do infinito que existia quando todos estávamos conectados como um.

De O Zohar: O Mundo Foi Dividido em 45 Tipos de Cor e Luz

“Adam HaRishon seguiu a serpente abaixo, e desceu para conhecer tudo o que há abaixo. Isto é, ele desceu para estender a iluminação da esquerda do alto a tudo o que está abaixo, ao lugar de Malchut ausente, como a serpente, dado que a extensão da iluminação do Zivug (acasalamento) de cima para baixo é a proibição da árvore do conhecimento. Desta forma, porque ele veio para atrair de cima para baixo, ele foi prontamente anexo às Klipot (cascas/peles) “. Zohar para Todos, Beresheet, 2, item 287

É a serpente a causa de todos os problemas?

A serpente é certamente a causa de todos os nossos problemas. A serpente representa todo e cada nosso pensamento e desejo de usar os outros ao máximo. Ela está sempre em nós, quer estejamos conscientes disso ou não.

Não é nossa culpa que sejamos assim. Estamos em falta somente com uma coisa: sermos passivos. Sofremos não porque nascemos egoístas ou indelicados, mas porque somos preguiçosos em nos corrigirmos a nós mesmos. É como se fossemos crianças que receberam certas qualidades à nascença e não podem ser culpadas por isso. Contudo, se uma criança pode fazer alguma coisa acerca desses traços, mas o evita fazer, a atitude da sociedade para com ela muda.

O que podemos fazer hoje?

Podemos começar a aprender sobre o novo mundo em que vivemos, onde nada funciona como antes: isto inclui a economia, indústria, comércio, família e educação.

Os jovens de hoje não sabem o que estudar — ou se devem estudar de todo. Eles não conseguem sequer decidir se devem ter filhos!

As pessoas estão face a um meio ambiente pouco claro, onde as coisas parecem enevoadas e imprevisíveis. Devemos examinar e aprender da Natureza o que está nos acontecendo, mas maioria das pessoas prefere não ouvir falar disso. Essa relutância deriva do ego, a serpente.

Enfrentamos um problema enorme. As pessoas ainda não são sérias o suficiente para que compreendam que grandes problemas nos esperam se não mudarmos. Desta forma, devemos circular a informação sobre o novo mundo e tornar as pessoas conscientes em prol de fazer as coisas mais fáceis para elas, antes que sofram as consequências.

Além do mais, se avançarmos antes de enfrentarmos esses golpes, seremos como crianças inteligentes que compreendem que inversamente vão sofrer. Logo, precisamos estudar mais e nos melhorarmos a nós mesmos, ou seremos forçados a estudar e melhorar, independentemente de nossa escolha.

O desafio é para todos nós, à medida que esta rede continua se fechando sobre nós, e quanto mais apertada se torna, mais dificuldades vamos experimentar. Economistas serão incapazes de afetar a crise econômica mundial, somente se todos nós nos unirmos podemos trazer mudança ao mundo. Se conseguirmos fazer isto, o sistema monetário, desemprego, indústria, saúde, e o resto dos sistemas serão reorganizados e melhorados. Sem essa mentalidade, nenhum sistema avançará favoravelmente.

 

Termos

Beresheet

Beresheet (no princípio) significa que o Criador criou seis qualidades e o homem. Dentro do homem estão todas as qualidades pelas quais se tornar semelhante ao Criador. Na realidade, esta é a obra da Criação — construir a substância, a vontade de receber. Estas qualidades permeiam a vontade de receber para que a estrutura bem como a alma alcancem o estado do Criador.

O Shabat (Sabat)

Esta é a correção final do Homem, quando ele retorna ao Jardim do Éden. É um estado no qual nos reunimos em uma única alma.

O Jardim do Éden

No Jardim do Éden, estamos todos em doação mútua, em completa garantia mútua.

A Mulher

A “mulher” é a vontade de receber dentro de nós, que devemos conectar com o homem dentro de nós para que a vontade de receber tenha a intenção de doar. Estamos imersos na nossa vontade de receber, um desejo que é inicialmente egoísta e que se destina a se assemelhar ao Criador, a doar sobre Ele.

A Serpente

A “serpente” é a inclinação ao mal, o anjo da morte. A serpente se tornará um anjo sagrado quando toda a vontade de receber for corrigida. *

A Árvore do Conhecimento

A “Árvore do Conhecimento” é a maior luz. Ela foi inicialmente recebida em prol de receber, assim causando a quebra da alma. No futuro, vamos receber essa luz, mas com a intenção de doar.

 

Sumário

Estamos verdadeiramente em Beresheet, no princípio. A humanidade está finalmente começando a compreender onde estamos, como estudos de sociólogos e outros cientistas sociais indicam. Esperemos que em breve percebamos que simplesmente nos devemos unir, que esta é a única maneira de construir um novo mundo corrigido. Assim fazendo, ganharemos benefícios físicos bem como espirituais.

É por isso que o ano começa com Beresheet, “no princípio”, pois ele contém tanto o fim como o princípio. Dentro desta porção, codificada na palavra Beresheet, está o inteiro processo que devemos, e vamos experimentar.

* “A serpente é a inclinação ao mal; ela é o anjo da morte” (Beresheet, 440).

“O Criador provê Suas correções a todos até que até o anjo  da  morte  retorne  a  ser  muito  bom”  (Zohar  para Todos, Mishpatim (Ordenanças), 165).

Introdução

Do livro “Divulgando Uma Porção”

No mundo de hoje, a Torá (Pentateuco) é um método que ainda está por ser reconhecido pelo que verdadeiramente é. Nestas páginas encontrará as histórias da Torá enquanto se desdobram pelas porções semanais (Parashot). A interpretação única de Dr. Laitman das histórias se calca nas verdades reveladas em O Livro do Zohar, que contém os segredos da Torá. Estes segredos revelam um nível profundo e muito pessoal das histórias, fornecendo novas ferramentas para compreender nossas próprias vidas e as vidas daqueles que amamos.

Aqui, pela primeira vez, as histórias da Torá são interpretadas como o trabalho espiritual de cada pessoa. Dentro destas páginas você descobrirá que a Torá é mais que a saga da nação Israelita. Ela é o conto interior de você e eu, de todos nós, e de toda a humanidade. É aqui que as conexões entre nós como indivíduos e como sociedade podem ser vistas mais claramente.

A interpretação inovadora de Dr. Laitman conta com as fontes autênticas da Cabala e revela novos sentidos dentro de nós que nos ajudam a conectar uns aos outros a nos compreender uns aos outros, e verdadeiramente implementar a lei fundamental da Torá: “Ama teu próximo como a ti mesmo. ” Ao assim fazer, o livro é um instrumento que nos pode ajudar a estabelecer relacionamentos mais positivos e fortes entre nós baseados em preocupação mútua e uma ausência de malícia.

A Torá oferece-nos uma mensagem espiritual profunda, revela como podemos desenvolver nossas almas e alcançar o propósito da Criação.

A “sabedoria da verdade”, conhecida como “sabedoria do oculto”, ou a “sabedoria da Cabala”, contém dentro dela todos os segredos do mundo. Como tal, as histórias na Torá oferecem-nos novos níveis ricos em entendimento.

Através delas, vemos um processo gradual do nosso desenvolvimento interior pessoal simultaneamente com o processo coletivo de crescimento conhecido como Tikún Olam (correção do mundo). Hoje, Tikún Olam é precisamente o que precisamos enquanto enfrentamos múltiplas crises em níveis pessoais, sociais e globais.

Certamente, estas crises são um resultado do abandono do homem das leis da Natureza, enquanto a Torá apresenta um plano completo e preciso que nos mostra como podemos ajustar a nós mesmos a estas leis e prevenir ou aliviar crises. Enquanto sociedade global, temos de nos unir como um, com um coração, ou até como uma família, e assim nos tornarmos, a nós mesmos, compatíveis com as leis da Natureza. Esta mensagem na Torá é o que a torna tão importante para todos nós nestes tempos difíceis.

CABALA, CIÊNCIA E O SIGNIFICADO DA VIDA

Michael Laitman, PhD

Cabala, Ciência e Significado da Vida traça os marcos da evolução da ciência com a qual estamos familiarizados, como as teorias de Einstein e Newton mas vai além disso apresentando a ciência da Cabala como a base para a compreensão das partes ocultas da realidade que os cientistas estão descobrindo agora. Enquanto outras ciências pesquisam o mundo definível em torno de nós, a Cabala nos ensina como as mudanças espontâneas que ocorrem dentro de nós afeta a nossa realidade circundante. A sabedoria da Cabala nos permite monitorar as mudanças e controlá-las, e ao fazê-lo muda nosso mundo para melhor.

Obtenha a sua cópia em www.kabbalahbooks.info

 

Prefácio

Parte I: A Cabala Encontra a Física Quântica

Parte II: A Essência da Sabedoria da Cabala

Parte III: Percepção da Realidade 

Parte IV: Entendendo o Gene Espiritual

Apêndices

Destacados Eruditos Escrevem sobre a Cabala

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Johannes Reuchlin (1455-1522)

Reuchlin, humanista alemão, conselheiro político do Chanceler, estudioso clássico e especialista em línguas antigas e tradições (Latim, Grego e Hebraico), estava associado aos líderes da Academia Platônica (della Mirandola e outros).

Meu professor Pitágoras, que é o pai da filosofia, todavia não recebeu esse ensinamento dos Gregos, mas sim dos Judeus. Por isso ele deve ser chamado de Cabalista, […] e ele mesmo foi o primeiro a converter o nome Cabala, desconhecido dos Gregos, para o nome Grego filosofia.

A filosofia de Pitágoras emanou do mar infinito da Cabala.

Esta é a Cabala, que não nos deixa passar nossas vidas no chão, senão que eleva nosso intelecto à meta mais elevada do entendimento.

–Reuchlin, De Arte Cabbalistica

 

Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494)

Erudito italiano e filósofo platônico cujo De Hominis Dignitate Oratio (Discurso sobre a Dignidade do Homem), escrito em 1486, foi um trabalho característico da Renascença. Ele refletiu seu método sincretista de tirar os melhores elementos de outras filosofias e combiná-las em seu próprio trabalho. Além disso, della Mirandola pesquisou a Cabala, a Bíblia e o Corão após lê-los em suas línguas originais.

Esta verdadeira interpretação da lei (vera illius legis interpretatio), que foi revelada a Moisés numa tradição divina, é chamada de Cabala (dicta Cabala est), que para os Hebreus é o mesmo que para nós é recepção (receptio).

Ao todo (existem) duas ciências – também com um nome que as honraram: uma é chamada ars combinandi e é a medida do progresso nas ciências (…). A outra trata das forças das coisas superiors, que estão acima da lua, que é a parte mais elevada da magia naturalis. Os Hebreus também chamaram ambas de Cabala (…)

–Pico della Mirandola, Conclusões

 

Paulus Ricius (~1470-1541)

Ricius, médico e professor de filosofia na Universidade de Pavia, Áustria, serviu como médico e consultor para Maximilian I, Arquiduque da Áustria, Sacro Imperador Romano-Germânico, e à Ferdinando I – Rei da Boêmia e Hungria.

A capacidade de interpreter os segredos divino e humano por um tipo de lei Mosaica com sentido alegórico é chamada de Cabala.

O significado literal (de uma Escritura) submete-se às condições de tempo e espaço. O significado alegórico e cabalístico – permanece por séculos, sem limite de tempo e espaço.

–Paulus Ricius, Introductoria Theoramata Cabalae

 

Philippus Aureolus Paracelsus (1493-1541)

Médico e alquimista suíço-alemão, Paracelsus estabeleceu o papel da química na medicina. Ele é considerado um dos fundadores da medicina moderna.

Aprenda artem cabbalisticam, ela explica tudo!

— Paracelsus, Das Buch Paragranum

 

Christian Konrad Sprengel (1750–1816)

Botânico e professor alemão cujos estudos da reprodução em plantas o levou a uma teoria geral da fertilização que ainda é aceita nos dias de hoje.

Adão, o primeiro homem, era bem familiarizado com a Cabala. Ele conhecia as assinaturas de todas as coisas e, portanto, deu a todos os animais os nomes mais apropriados. Por isso, a língua hebraica também contém os melhores nomes para todos os animais, que indicam sua natureza.

–Kurt Sprengel, Versuch einer Pragmatischen Geschichte der Arzeikunde

 

Raymundus Lullus (1235-1315)

Lullus, filósofo e escritor espanhol, nasceu numa família abastada em Palma de Maiorca, era culto e tornou-se tutor do Rei Jaime II de Aragão. Ele escrevia em Árabe, Latim e Catalão. Escreveu tratados sobre alquimia e aotânica, Ars Magna e Llibre de meravelles.

A Criação, ou linguagem, é um tema adequado da ciência da Cabala. É por isso que está ficando claro que essa sabedoria governa o resto das ciências.

Ciências como a teologia, a filosofia e a matemática recebem seus princípios e raízes dela. Portanto, essas ciências (scientiae) estão subordinadas a essa sabedoria (sapientia); e os princípios e regras delas (das ciências) estão subordinados aos seus (da Cabala) princípios e regras; portanto, seu (das ciências) modo de argumentação é insuficiente sem ela (a Cabala).

–Raymundus Lullus, Raymundi Lulli Opera

 

Giordano Bruno (1548-1600)

Esse filósofo, astrônomo, matemático e ocultista italiano, estava à frente de seu tempo. Suas teorias anteciparam a ciência moderna. A mais notável delas foi sua teoria do universo infinito e da multiplicidade dos mundos, onde ele rejeitou a tradicional astronomia geocêntrica (centralizada na Terra) e, intuitivamente, ultrapassou a teoria heliocêntrica (centralizada no Sol) de Copérnico, que ainda mantinha um universo finito com uma esfera de estrelas fixas. Bruno talvez seja principalmente lembrado por ter sofrido uma morte trágica na fogueira. Vítima de sua própria crença, ele manteve suas idéias não-ortodoxas quando ambas as igrejas Católica Romana e Reformada estavam reafirmando rígidos princípios Aristotélicos e Escolásticos.

Primeiro, essa Cabala dá um nome inexprimível ao principio supremo; dele ela permite quatro princípios emanarem numa emanação de segundo grau, do qual cada um se ramifica novamente em doze (….) uma vez que existem inúmeros tipos e subespécies. De tal forma que eles designam com um nome especial, dependendo da sua linguagem, um Deus, um anjo, uma razão, um poder, que rege sobre cada espécie. Dessa forma, é finalmente revelado que toda divindade pode estar associada à Fonte original, bem como toda a luz que brilha de forma original e independente, e as imagens, que se quebram em vários espelhos diferentes, como em tantos objetos individuais que podem ser reconduzidos a um principio formal e ideal, a fonte dessas imagens.

–Giordano Bruno, Le Opere Italiane

 

Gottfried Wilhelm Leibnitz (1646-1716)

Leibnitz era um filósofo, matemático e conselheiro político alemão, importante tanto como metafísico quanto lógico, e famoso também por suas invenções independentes do cálculo integral e diferencial. Em 1661, ele entrou para a Universidade de Leipzig como estudante de Direito; lá ele encontrou as idéias de homens que revolucionaram a Ciência e a Filosofia, como Galileu, Francis Bacon, Thomas Hobbes e René Descartes. Em 1666, ele escreveu De Arte Combinatoria (Na Arte da Combinação), onde ele formulou um modelo que é o ancestral teórico dos computadores de hoje.

Como as pessoas não possuíam a chave certa do segredo, a sede de conhecimento levou à vaidades e superstições de todos os tipos, das quais, em última análise, desenvolveu-se certo tipo de Cabala Vulgar que está muito longe da verdadeira, bem com diversas teorias fantásticas sob o falso nome de magia; os livros estão repletos disso.

–Leibnitz, Hauptschriften zur Grundlegung der Philosophie

 

Friedrich von Schlegel (1772-1829)

Escritor, crítico e filósofo alemão, contemporâneo de Goethe, Schiller e Novalis. Pioneiro na linguística Indo-Europeia e filologia comparativa, Schlegel influenciou profundamente o começo do Romantismo Alemão. Ele é geralmente conhecido por ter sido a primeira pessoa a estabelecer o termo romantisch no contesto literário.

A verdadeira estética é a Cabala (extrato de Dezembro de 1802).

–Schlegel, Kritische F. Schlegel-Ausgabe, publisher: Ernst Behler 35 Bde., Paderborn

 

Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832)

Johann Wolfgan Von Goethe é amplamente reconhecido como o maior escritor da tradição alemã. O período Romântico na Alemanha (final do século XVIII e começo do século XIX) é conhecido como a Idade de Goethe, e Goethe incorpora as preocupações da geração definida pelos legados de Jean-Jacques Rousseau, Immanuel Kant e a Revolução Francesa. Sua importância vem não somente das suas conquistas literárias como poeta lírico, novelista e dramaturgo, mas também por sua significante contribuição como cientista (geologista, botânico, anatomista, físico, e historiador da ciência) e como crítico e teórico da literatura e arte. Nos últimos trinta anos de sua vida ele foi o maior ícone cultural da Alemanha, servindo como objeto de peregrinação de todos a partes da Europa e Estados Unidos.

O tratamento Cabalístico da Bíblia é uma hermenêutica, que sustenta de um jeito convincente e independente, a originalidade maravilhosa, a versatilidade, a totalidade, eu até diria a incomensurabilidade dos seus conteúdos.

–Goethe, Materialien zur Geschichte der Farbenlehre

 

Cabalistas Escrevem Sobre A Cabala

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Rabino Moshe Chaim Lutzato (O Ramchal) (1707-1747)

Todas as obrigações do homem são guiadas por uma premissa única e intrínseca, e a internalidade se veste dentro de todas as pessoas. É o que elas denominam “Natureza”, cujo cálculo numérico é o mesmo de “Elohim” (Deus). E esta é a verdade que o Criador ocultou dos filósofos.

— Ramchal, O Livro da Guerra de Moisés, Regra 15

 

Rabbi Eliahu — O Gaon de Vilna (1138-1204)

Nosso rabino, [O Gaon de Vilna] ocupou-se extensivamente no estudo das qualidades da natureza e nos estudos da Terra, a fim de atingir a sabedoria da Torá, para santificar o nome de Deus entre as nações, e aproximar a redenção. Desde a sua juventude, ele manifestou maravilhas em todos os sete ensinamentos. Ele também pediu e ordenou aos seus discípulos estudar o máximo possível dos sete ensinamentos terrenos, e isso também era para elevar a sabedoria de Israel, segundo a sabedoria da Torá, aos olhos das nações, como está escrito, “pois essa é a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos”.

– Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, p. 11

 

Sobre o estudo dos sete ensinamentos, o nosso rabino nos disse: “A revelação Messiânica vem em conjunto com a revelação da sabedoria da Torá, e surge através da revelação dos segredos da Torá e da abertura dos sete ensinamentos… Este é o significado do Zohar (VaYera, 117) de que no ano de 1840 os portões da sabedoria serão abertos de cima e as fontes de sabedoria de baixo, com o início da revelação Messiânica gradual”

–Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, 117

 

Ele costumava suspirar profundamente e dizer: “Por que diriam as nações: Onde está a sabedoria de Israel?”. Ele costumava sussurrar para nós o que aqueles que percebem a nossa Torá fazem pela glória do nome de Deus, como os antigos sábios de Israel tinham feito. Muitos deles glorificaram o nome de Deus através de seu amplo conhecimento na investigação dos segredos da natureza a partir das maravilhas do Criador. Muitos dentre os justos das nações do mundo também exaltaram a sabedoria dos sábios da Torá em Israel: os membros do Sinédrio, os Tanaaim, os Amoraim, etc, e nas gerações posteriores os nossos rabinos Rambam, Baal HaTosafot, e outros que muito fizeram para santificar o nome de Deus entre as nações, através do seu estudo na investigação terrena.

–Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, 118

 

Estudar os sete ensinamentos auxilia na obtenção da sabedoria da Torá em seus segredos, eleva a sabedoria de Israel e a santificação do nome de Deus aos olhos das nações, e aproxima a redenção.

–Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, 118

 

Para entender e atingir a sabedoria da Torá contida na luz superior de sabedoria, é necessário estudar os sete ensinamentos ocultos na parte inferior do mundo, o mundo da natureza.

–Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, 119

 

Estes são os sete ensinamentos: a) a sabedoria do cálculo, atributo e medida; b) a sabedoria da criação e congregação; c) a sabedoria da medicina e do crescimento; d) a sabedoria da gramática, razão e lei; e) a sabedoria de tocar música e santificar; f) a sabedoria da correção e integração; g) a sabedoria da ECW (entre a chuva e o vento), e as forças mentais. Nosso rabino conhecia bem todos esses ensinamentos.

–Rabbi Hillel Shklover em nome do Gaon de Vilna, A Voz da Pomba, 120

 

Rabbi Abraham Yitzhak HaCohen Kook (1865-1935)

A racionalidade evolui apenas porque para além do limiar de sua consciência, o oculto faz o seu trabalho científico e moral. A suposição predominante de que o oculto obscurece a ciência clara e a crítica precisa, é falsa. É exatamente através do oculto, com o poder de seu canto e a profundidade da sua razão, que a base sólida da ciência é erigida, inovadora e com a crítica precisa e pungente. Combinando estas duas opulências com sua grande riqueza (o oculto e a crítica) constrói-se a base sólida para a luz Divina superior que está acima de qualquer palavra e reconhecimento.

–Rabbi Kook, Orot (Luzes), p. 92

 

Quanto mais os segredos imanentes da Torá – seja da perspectiva da ciência, da perspectiva da emoção ou da perspectiva da imaginação – surgirem, se propagarem e se tornarem qualificados para um estudo regular e constante, mais alto a alma da pessoa e a alma do mundo se elevarão.

–Rabbi Kook, Orot (Luzes), p. 90

 

Os eventos do tempo, o crescimento das relações sociais e a expansão das ciências refinam muito o espírito humano.

–Rabbi Kook, Orot Emuna (Luzes da Fé), p. 67

 

O futuro do homem chegará de fato, no qual ele evoluirá a um estado espiritual tão sólido, que não só cada profissão não ocultará a outra, mas cada ciência e sentimento refletirão todo o mar científico e toda a profundidade emocional, como esta matéria realmente é na realidade.

 –Rabbi Kook, Orot Kodesh A (Luzes Sagradas A), p. 22

 

Há uma certa virtude sublime, pela qual quanto mais forte se torna o aparente conhecimento, maior é a força do saber oculto.

–Rabbi Kook, Orot Kodesh A (Luzes Sagradas A), p. 65

 

A pessoa deve sempre preencher sua medida intelectual da mente natural em todas as suas qualidades, de modo que o conteúdo de “uma alma sadia num corpo sadio” será mantido em sua medida espiritual.

–Rabbi Kook, Orot Kodesh A (Luzes Sagradas A), p. 66

 

Assim como o homem deve estar acostumado com a natureza material e suas forças, estuda suas formas e ações com as mesmas regras que governa o mundo, do qual ele faz parte, e que controla dentro si como controla fora, por isso, e mais ainda por isso, ele deveria (e deve) estar acostumado com as regras da natureza espiritual, que regem toda a realidade, da qual ele faz parte.

–Rabbi Kook, 1985, dos cadernos nos manuscritos, Tesouros do Raayah (Rav Kook), 4, p. 23

 

O grande valor do poder do desejo humano, o seu grau na realidade e sua crucialidade ainda estão para surgir através dos segredos da Torá. Esta revelação será a coroa de toda a ciência.

–Rabbi Kook, Orot Kodesh C (Luzes Sagradas C), p. 66

 

As ciências se encarregarão de levar todos os detalhes do potencial para o real, pelos quais as inclinações boas e honestas que governam o mundo aspiram, e eles são todas as necessidades de uma vida material e espiritual digna.

–Rabbi Kook, Orot Teshuva (Luzes do Arependimento), p. 50

 

Por volta do ano de 1923, o Professor Einstein visitou a Terra de Israel. Uma reunião foi organizada entre ele e o nosso rabino, o Raayah Kook. …O Rav identificou-se com a abrangência do método do professor e comentou que é visão comum em antigos tesouros judaicos que alguma revelação maravilhosa que surpreenda toda a humanidade se encontra em algum canto escondido da nossa literatura antiga, especialmente a oculta, cujos relâmpagos sobem à altura do mundo conceitual, transcendendo todos os graus de evolução histórica no mundo dos conceitos. O mesmo ocorreu com a revelação maravilhosa que surpreende o pensador com seu novo método relativo, cuja origem já está presente nos livros ocultos e de Cabala, e nos comentários escritos sobre eles.

… e esse Professor Einstein, através do poder de sua enorme mente, uniu esse grande mar e encontrou nele um caminho para as idéias e conceitos de onde se obtém todas as ciências. Naturalmente, o professor ouviu as palavras muito atentamente e com interesse. Ele comentou sobre o lado filosófico do comentário do Rav quanto à compreensão de seu método, que no final encontra-se na percepção técnica da construção do mundo inteiro.

–2002, Descrição  do  Rabbi Shmuel Shulman do  encontro  entre o Rav Kook e Albert EinsteinTesouros do Raayah (Rav Kook), 1, p. 87

 

 

Rabbi Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam) (1884-1954)

…Eles não têm nenhuma solução científica de como é possível um objeto espiritual ter qualquer tipo de contato com átomos físicos e levá-los a qualquer tipo de movimento. … Nós só precisamos da sabedoria da Cabala para avançar aqui de uma maneira científica, pois todos os ensinamentos dos mundos estão incluídos na sabedoria da Cabala.

–Baal HaSulam, A Liberdade

 

…A reencarnação ocorre em todos os objetos da realidade tangível, e cada objeto, à sua maneira, vive uma vida eterna. E embora nossos sentidos nos digam que tudo é transitório, é somente como lhe parece. Mas, na verdade, só existem encarnações aqui, já que cada item não descansa por um momento, mas encarna na roda da transformação da forma sem perder nada da sua essência no seu caminho, como os físicos têm demonstrado.

–Baal HaSulam, A Paz

 

…Você pode deduzir sobre a sabedoria da verdade, que contém todos os ensinamentos seculares dentro dela, que são suas sete filhas pequenas.

–Baal HaSulam, Introdução ao Livro A Árvore da Vida, item 4

 

Do mesmo modo que uma pessoa não pode sustentar o seu corpo sem algum conhecimento das disposições corporais da natureza… a alma não tem viabilidade no mundo vindouro, exceto através da aquisição de algum conhecimento das disposições da natureza dos sistemas dos mundos espirituais. …A pessoa reencarna até que lhe é concedida a conquista da sabedoria da verdade por completo.

–Baal HaSulam, Da Minha Carne Eu Verei Deus

 

A ciência é geralmente dividida em duas partes. Uma é chamada de “Conhecimento Material”; a outra é chamada de “Conhecimento Formativo”.

…Essa parte da ciência que se dedica à qualidade dos materiais da realidade em ambas as substâncias puras (sem sua forma) e nas substâncias e suas formas em conjunto, é chamada de “Conhecimento Formativo”. Esse conhecimento é fundamentado em bases empíricas, ou seja, em evidências e inferências tiradas de experiências práticas, e essas experiências práticas são tomadas como base sólida para deduções verdadeiras.

A segunda parte da ciência se dedica exclusivamente às formas abstraídas das substâncias, sem qualquer contato com as substâncias em si. …Portanto, qualquer aprendizagem científica deste tipo é necessariamente baseada apenas numa base teórica. Isto significa que ela não é tirada da experiência prática, mas somente de uma investigação teórica em negociação. Toda a sublime filosofia pertence a esta espécie. Portanto, muitos estudiosos contemporâneos a abandonaram, uma vez que estão descontentes com qualquer negociação construída sob base teórica. Eles pensam que é incerto para eles considerar apenas a base empírica para ter certeza.

Observe que a sabedoria da Cabala também é dividida em duas partes mencionadas anteriormente: o Conhecimento Material e o Conhecimento Formativo. No entanto, há grande mérito aqui sobre a ciência secular. Isto ocorre porque aqui, até mesmo parte do Conhecimento Formativo é totalmente construído sobre a crítica da razão prática, ou seja, em bases empíricas e práticas.

–Baal HaSulam, Matéria e Forma na Sabedoria da Cabala

 

A sabedoria da verdade, ou seja, a sabedoria da revelação Divina, em Seus caminhos até as criaturas, assim como com os ensinamentos seculares, deverá ser entregue de geração a geração, e cada geração acrescenta outro elo ao seu antecessor. Assim, a sabedoria evolui e, ao mesmo tempo, torna-se adaptada para uma maior expansão entre as massas.

–Baal HaSulam, A Sabedoria da Cabala e Sua Essência

 

Assim como o surgimento dos animais neste mundo e o comportamento de sobrevivência são uma sabedoria maravilhosa, o surgimento da abundância Divina no mundo, tanto a existência dos níveis e seus modos de operação, se unem para criar uma sabedoria maravilhosa, muito mais maravilhosa do que a ciência da física. Isso ocorre porque a ciência da física é apenas o conhecimento do comportamento de determinada espécie, encontrado num mundo particular e único de seu portador, e nenhum outro ensinamento está incluído nele.

O mesmo não ocorre na sabedoria da verdade, visto que ela é o conhecimento geral de todo inanimado, vegetal, animal e falante, presente em todos os mundos, em todos os seus eventos e comportamentos, como se estivessem integrados no pensamento do Criador, isto é, nos portadores propositais. Assim, todos os ensinamentos do mundo, desde o menor deles até o maior, são maravilhas contidas nele. Ele equaliza todos os ensinamentos: os mais diferentes e longínquos entre si, como o leste do oeste. Ele os iguala numa ordem que é a mesma para todos, ou seja, até que os comportamentos de cada ensinamento surja por seus próprios caminhos.

Por exemplo, a ciência da física é organizada precisamente de acordo com a ordem dos mundos e das Sefirot. Da mesma forma, a ciência da astronomia é organizada pela mesma ordem, e o mesmo ocorre com a música, etc. Assim, nós vemos que todos os ensinamentos são dispostos e seguem uma única conexão e relação: todos eles são semelhantes a ela como a criança se assemelha a quem a gerou. É por isso que eles estão subordinados uns aos outros, ou seja, que a sabedoria da verdade está associada a todos os ensinamentos, e todos os ensinamentos estão associados a ela. É também por isso que nós não encontramos um único Cabalista verdadeiro sem o conhecimento abrangente em todos os ensinamentos do mundo, visto que ele o adquiriu da própria sabedoria da verdade, pois eles estão contidos nele.

–Baal HaSulam, A Sabedoria da Cabala e Sua Essência

 

Glossário

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

 

Em toda a realidade não existe nada além do Criador e da criatura, a Luz e o vaso, Superior e inferior. Os textos Cabalísticos incorporam muitos nomes e denominações com a intenção de realçar os diferentes aspectos do relacionamento entre eles. Aqui estão os principais atributos que podemos atribuir a cada um deles:

Criador Criatura
Força Superior, Luz Superior, Superior, Luz, Criador, Deus, Divindade, O Criador, O Atributo de Doação, O Desejo de Doar, O Desejo de Agradar, A Natureza Superior, A Natureza do Altruísmo, A Natureza Espiritual, O Atributo de

Bina, O Doador, O Líder, O Emanador, Providência, Guia.

Kli (Vaso), Criatura, Inferior, A Alma, O Atributo de Recepção, O Desejo de Receber, A Natureza Inferior, A Natureza do Egoísmo, A Natureza Corporal, A Natureza

Física, O Atributo de Malchut, O Receptor.

 

Os Cabalistas distinguem vários incidentes, ações e maneiras, tanto da perspectiva do Superior quanto da perspectiva do inferior, atribuindo a cada um eles um nome especial. Eles fazem isso para ajudar aqueles que descobrem o Mundo Superior a encontrar o caminho dentro desse mundo. Este livro foi escrito para aqueles que ainda têm que atingir o Mundo Superior. Por essa razão, as diferenças entre as várias denominações não são enfatizadas.

Cada termo Cabalístico carrega muitas interpretações dependendo do contexto e da conexão com outros elementos da realidade. Assim, as definições no glossário têm a intenção de descrever os termos somente no contexto em que eles são apresentados neste livro.

Termo Definição
A fim de doar Um ato com a intenção de causar prazer adicional à outra pessoa ou ao Criador.
A fim de receber Um ato com a intenção de causar prazer adicional para si mesmo.
Adam (relativo a homem ou a humanidade em geral) O desejo de receber que obtém o atributo de doação e se iguala ao Criador, a Luz Superior. O nome Adam vem das palavras hebraicas Ada me la Elyon (“Eu serei semelhante ao Altíssimo” Isaias 14:14).
Adam ha Rishon A alma geral (ou sistema) que contém todas as almas particulares que descem e se vestem nos corpos das pessoas neste mundo.

 

Adesão O resultado da equivalência de forma da criatura com o Criador.
Alma O desejo de doar.
Altruísmo O desejo de receber corrigido com a intenção de satisfazer ao outro e não receber prazer para si mesmo; o desejo de doar aos outros.
Amor pelo Criador O desejo da criatura de dar prazer ao Criador através de todos os meios à sua disposição.
Amor pelo homem O desejo de satisfazer todas as necessidades do outro sem qualquer consideração por si mesmo.
Anseio Acréscimo ao desejo de receber. Ele desperta na criatura como resultado do seu esforço em obter o que quer.
Aproximar-se do Criador Obter maiores quantidades do Atributo de Doação.
Atributo do Criador O Atributo da Doação.
Atributo da Criatura O Atributo da Recepção.
Aviut (Espessura) A medida do desejo de receber na criatura.
Barreira O limite entre este mundo e o mundo espiritual.
Benevolente (Bom que faz o bem) A atitude do Criador em relação à criatura.
Cabalista A criatura que alcança a medida de equivalência de Forma com o Criador.
Carência A impressão do desejo de receber da satisfação antes de recebê-la.
Criação do mundo material A chegada do desejo de receber no último e mais inferior dos níveis em sua partida do Criador, da Forma de doação.
Criador O nível que a pessoa deve alcançar no final de todas as correções. A palavra hebraica Boreh (Criador) vem das palavras Bo Re’eh (venha

ver). Este é o nível que a pessoa deve vir e ver, isto é, alcançar por si mesma.

 

Criatura O desejo de receber que descobre sua conexão com o Criador.
Correção Mudar o desejo de receber no desejo de doar.
De Baixo para Cima A Força de Doação que prevalece (triunfa) na criatura.
De Cima para Baixo A criação do desejo de receber e a diminuição da Força de Doação na criatura.
Desejo de doar A) A natureza da Luz Superior. B) O desejo de receber que foi corrigido numa pessoa pela intenção de usá-lo para doar a outra pessoa ou ao Criador.
Desejo de satisfazer A intenção de agradar a um estranho, fora do desejo; o desejo de doar.
Desejo de desfrutar O desejo de receber deleite e prazer.
Desejo de receber Natureza do homem — o desejo de natural de satisfazer-se, criado pela Luz Superior.
Deus A Força de Doação geral que conduz todas as almas e as leva a se igualara a Ela. Ela projeta o Atributo da Divindade aos receptores.
Dez Sefirot A dez partes da criatura. As primeiras nove partes são as qualidades da Luz nele, e a décima parte é o desejo de receber nele.
Divindade, Luz Superior, Força Superior O Atributo de Doação que governa toda a realidade, contém todas as leis particulares no Mundo Superior,bem como em nosso mundo.
Divisão da alma de

Adam ha Rishon

A divisão da alma geral em almas particulares, ou seja, desejos individuais. Quando todos os desejos em Adam ha Rishon tinham uma intenção comum de doar ao Criador eles estavam unidos como um.

Quando a intenção nos desejos foi invertida para uma aspiração de autogratificação, cada desejo sentiu-se separado dos outros, e assim a alma geral dividiu-se.

Doar ao Criador Recepção de prazer do Criador com a intenção de dar contentamento a Ele.
Encarnações Estados que as almas experimentam, à medida que elas vestem corpos neste mundo.

 

Egoísmo O desejo de receber, a matéria de toda a criação, no qual não há bem nem mal, e que é conscientemente usado com a intenção de agradar a si mesmo (para receber). Esta intenção prejudica os outros de forma direta ou indireta.
Equivalência de Forma Adquirir o Atributo de Doação ao invés do atributo de recepção.
Essência A raiz e a base de todas as formas.
Espiritualidade O Atributo de Doação e tudo que é sentido nele.
Este mundo O menor desejo de receber. Ele não tem a intenção de satisfazer a Luz Superior ou de ser satisfeito por ela.
Eternidade A integração do desejo de receber no Atributo de Doação que dá ao desejo de receber a sensação da recepção ilimitada de Luz.
Evolução Espiritual A evolução da intenção de dar contentamento ao Criador, ou seja, a evolução do Atributo de Doar.
Evolução do desejo de receber Este termo não se refere ao desejo de receber em si, mas à intenção com a qual ele é usado. Todos os desejos, do menor ao maior, estão presentes dentro de nós. Estes desejos despertam em nós conforme nós alcançamos o propósito de doar ao Criador. Em outras palavras, a evolução está na intenção; é a intenção que nos permite usar desejos adicionais.
Fazer o bem às Suas criações O ato do Criador em relação à criatura.
Fim da Correção A última equivalência de forma da criatura com o Criador.
Força Superior, Luz Superior, Divindade O Atributo de Doar que conduz a realidade, contém todas as leis no Mundo Superior assim como em nosso mundo.
Forma Abstrata A Forma de doação sem a matéria que a veste.
Forma vestida na matéria A Forma de doação que o desejo de receber assume.
Formas (Padrão) Maneira de recepção ou doação.

 

Ibur, Katnut, Gadlut (Ibur, Yenika, Mochin) (lit. Concepção, Amamentação, Maturidade) Os três estados que a criatura experimenta do nascimento espiritual à correção completa.
Imagem do Criador A soma das intenções corrigidas no desejo de receber. Essas intenções são sentidas nos desejos como a imagem do Criador.
Incorporação (Incorporado) Ligação (conexão) dos atributos internos.
Intenção (Propósito) Usar o desejo de receber para beneficiar a si mesmo ou para beneficiar outra pessoa.
Kli (Vaso) O lugar para receber a satisfação.
Kli Espiritual O lugar que recebe a satisfação para doar ao outro; um meio para doar ao outro.
Lei Geral A Lei de Doação. Esta Lei engloba toda a realidade e obriga todas as suas partes a igualar sua forma a ela.
Luz A Força de Doação que age e preenche todas as almas.
Luz Interna A revelação da Luz Superior na criatura conforme sua equivalência de Forma com a Luz.
Luz que Corrige, Luz Circundante, Luz de Correção A Força que corrige a natureza egoísta e a eleva ao Atributo de Doação.
Natureza Inferior O desejo de receber.
Malchut de Ein Sof (Malchut do mundo de Ein Sof) O desejo geral de toda realidade, criado pela Luz Superior.
Masach (lit. Tela) A intenção de doar ao outro que excede o desejo de receber na criatura.
Matéria O desejo de receber.
Materialidade O desejo de satisfazer a si mesmo.

 

Mundo Material A realidade sentida através dos cinco sentidos físicos.
Mundo de Ein Sof O estado no qual a alma tem uma capacidade ilimitada de doar ao Criador.
Mundo Superior, Mundo Espiritual O estado que surge para a pessoa que alcança certa medida de equivalência de Forma com a Luz Superior.
Mundos Os estados que a pessoa experimenta no processo de igualar seus atributos com o atributo da Força Superior, o Atributo de Doação.
Nascimento espiritual Adquirir a primeira intenção de doar (Masach) sobre os atributos da criatura.
Natureza Superior O desejo de doar.
Níveis de Realização Fases na correção da intenção onde o Atributo de Doação é sentido.
Nosso Mundo A realidade que é sentida no desejo de receber.
Padrões (Formas) Maneiras de recepção ou doação.
Parsa O limite entre o Governo e Comando Superior, e as criaturas que ele conduz. O Parsa está localizado entre o mundo de Atsilut e os mundos de Beria, Yetzira e Assia.
Partzuf A estrutura feita de dez Sefirot da criatura que age em equivalência de Forma com a Luz Superior.
Pecado de Adam ha Rishon (Quebra) A formação do propósito de desfrutar a Luz dentro da própria criatura.
Pensamento da Criação O motivo da Criação, relacionado ao propósito da Criação, ou seja, a forma final da criatura.
Perfeição Estado quando a criatura está em equivalência de Forma com o Criador.
Pessoa (neste mundo) O desejo de receber está no estado de ocultação do Criador. Portanto, este desejo de receber não tem intenção de receber Dele ou de dar a Ele.
Ponto no Coração O despertar para conhecer a Força Superior.

 

Prazer O resultado de satisfazer o desejo de receber.
Processo da criação O processo sentido no desejo de receber que evolui em equivalência de Forma com o Criador.
Propósito da Criação Fazer o bem absoluto às Suas Criaturas, ou seja, para a criatura alcançar o estado do Criador.
Quebra (Pecado de

Adam ha Rishon)

A formação da intenção de desfrutar a Luz dentro da própria criatura.
Raiz da alma O local da alma no sistema de Adam ha Rishon.
Realização O último nível de entendimento; perceber cada elemento num estado.
Reconhecimento do mal Perceber a intenção de receber para si mesmo como sendo prejudicial ao progresso espiritual da criatura.
Reshimot (Reminiscências, Recordações) Os desejos antes deles serem percebidos pela intenção. São “células de informação” contém dados sobre estados e formas que a pessoa perceberá no futuro.
Restrição (Tzimtzum) A restrição do desejo de receber da recepção por prazer para si mesmo.
Revelação do Criador A revelação do Atributo de Doação no desejo de receber de acordo com a medida da Masach (Tela) que é colocada sobre o desejo de receber prazer.
Sabedoria da Cabala A revelação da relação entre a Luz e o Kli em qualquer nível da evolução do Kli, do princípio da criação da realidade ao fim da sua correção.
Satisfazer (Satisfação) A sensação de satisfação tanto no desejo de receber quanto no desejo de doar.
Sexto sentido A alma, a intenção de doar, a Masach (Tela). Todos esses termos referem-se ao Kli espiritual que recebe e sente a Força Superior conforme a sua equivalência de Forma com ela.
Sistema Superior O estado no qual o desejo de receber e a Luz nele estão em doação recíproca, como determinado no Pensamento da Criação.
Trabalho (Esforço,Empenho) Os esforços do desejo de receber em aproximar o prazer.

 

Vasos Internos, Vasos Externos A imagem da realidade é percebida e sentida nos vasos da criatura. Os vasos internos são vasos suficientemente corrigidos para evocar a sensação da realidade interna. Os vasos externos são vasos parcialmente corrigidos, evocando a descrição da realidade externa, remota, dependendo de sua medida de correção. Quanto mais o Kli está corrigido, mais próxima a realidade é sentida quando percebida através dele; e quanto menos o Kli é corrigido, mais longe a realidade é sentida quando percebida através dele.
Vestir (Revestido) Processo no qual um atributo assume a forma de outro atributo para realizar certa ação através dele.

Cabala: a Ciência Moderna

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

Diferente de qualquer outra ciência, a Cabala nos revela o Mundo Superior. É por isso que ela é, na maioria das vezes, referida como uma “sabedoria” em vez de uma “ciência”. A abordagem cientifica e empírica da sabedoria da Cabala baseia-se nos mesmos princípios de investigação que se aplicam a outros campos de investigação. A Cabala também considera o observador como um investigador e estuda a realidade como ela é sentida por um ser humano, a partir de uma perspectiva subjetiva. A singularidade da sabedoria da Cabala em comparação com qualquer outro campo de estudo humano é que o objeto de sua investigação é a parte superior da realidade.

A sabedoria da Cabala nos capacita a atingir as raízes da realidade, não apenas outro segmento do todo, mas a realidade em seus níveis mais elevados, jamais alcançados anteriormente. Alcançar a raiz da realidade dá aos investigadores o controle sobre os eventos antes deles se vestirem em nosso mundo, e a capacidade de interferir e mudá-los, para dirigir e orientá-los usando sua abordagem única.

Se nós determinarmos nossos desejos de tal maneira que toda a realidade nos pareça em direção à doação do Criador, se quisermos viver numa realidade onde os cinco sentidos se dedicam a  uma única meta, satisfazer ao Criador, nesse estado nós determinaremos nossa atitude em relação à realidade no reino e no nível do “sexto sentido”. Isso significa manter uma atitude altruísta em relação à realidade, que produz uma característica totalmente diferente em relação à realidade percebida através dos cinco sentidos. Nós não alcançaremos mais um mero grão da realidade, mas sim a sua raiz, ascendendo à sala de comando, o quartel general da realidade.

Ao fazer isso  nós poderemos nos elevar acima do nível da criatura e alcançar o grau do Criador, a Fonte de onde as Forças Superiores vêm e se revestem na matéria deste mundo. Se nós mudarmos nossa atitude em relação às forças enquanto elas ainda estiverem em suas raízes, nós sentiremos de forma totalmente diferente o modo como elas se vestem em nosso mundo. A sensação de vazio sucumbirá diante da sensação da Luz Superior.

A realidade avança incessantemente em direção à revelação do Criador às suas criaturas. Tudo depende da atitude da pessoa para com a realidade. Se a criatura progride em direção à meta por vontade própria, assemelhando-se ao Criador, ela experimentará a revelação do Criador como  um fluxo crescente de abundância. Por outro lado, se a revelação do Criador for revelada a contragosto, isto é, quando a criatura não se esforça para se assemelhar ao Criador, a revelação será percebida como uma ameaça e má, induzida pela disparidade de forma entre a pessoa egoísta e a generosidade superior, cuja natureza é a doação.

A revelação do Criador num estado de disparidade de forma traz escuridão à vida da pessoa. Essa escuridão é o “dorso” (parte posterior) da Luz Superior. A Luz Superior já nos preenche, mas atualmente nós somos incapazes de descobrir isso, e a aparência da escuridão serve como um sinal que nos convida a mudar nossa atitude em relação à realidade e descobrir a Luz Superior.

O sexto sentido não é adicionado aos cinco sentidos, mas sim, está acima deles, separadamente. Assim como o nosso desejo de receber percebe a realidade material com cinco modos de percepção, que são os nossos cinco sentidos, da mesma forma o nosso sexto sentido também é constituído por cinco modos de percepção da realidade superior. Com a ajuda do sexto sentido, outra realidade é sentida nos cinco sentidos, e essa é a transição da escuridão para a luz, do vazio, do medo e dos tormentos, para a abundancia, segurança, tranqüilidade, eternidade e perfeição.

A aquisição do sexto sentido expande nosso conhecimento através das impressões positivas da abundância. Quando nós adquirimos esse sentido, a Luz Superior surge como uma profusão que preenche os vasos, em vez da escuridão. Esse novo estado mudará o resultado da investigação na ciência. Físicos, químicos e biólogos receberão novos resultados em suas investigações, como se tivessem achado o outro lado da moeda. A humanidade deixará de investigar vasos aflitos desprovidos de Luz; em vez disso, ela prosperará e florescerá em direção à Luz do Criador com um desejo que é realmente livre.

Tal existência será uma existência da perspectiva da Luz, da perspectiva de um Kli corrigido, já que com a meta altruísta o Kli torna-se Luz e adquire a forma e os atributos da Luz. A humanidade desenvolverá a ciência através da utilização do sexto sentido: a intenção altruísta. Atrair a Luz igualando-se a Ela exporá a humanidade a uma existência diferente da Natureza, uma existência positiva e não negativa.

Todos os níveis de existência estão contidos dentro do homem; eles sobem e descem junto com ele. Se a pessoa torna-se um “verdadeiro” ser humano, semelhante ao Criador, toda a natureza (inanimada, vegetal e animal) recebe um sustento e uma satisfação diferente. Quando a humanidade se assemelhar ao Criador, este mundo será incorporado nos mundos de Beria, Ietsira, e Assia, e se elevará junto com eles a Ein Sof. Então, tudo na natureza se elevará e se ligará com o Criador.

No estado egoísta e corrompido, a pessoa não percebe que a imagem da realidade é vazia e carece da presença do Criador. O Criador surge como o provedor da realidade, junto com a aquisição do sexto sentido. Ele surge como aquele que está em cada detalhe da realidade e, como conseqüência, as sensações da pessoa nos cinco sentidos confirmam esse estado, como se eles fossem um presente do Criador. Nesse estado, o mundo surge como uma medida do contato da pessoa com o Criador, a medida de ligação entre ela e o Criador.

Quanto mais a pessoa sente o Criador como vestido na realidade, mais ela descobre que o  Criador está dentro dela e dirige seus sentidos em direção dessa sensação, e mais ela se perde. Tudo o que resta é um pequeno ponto onde a pessoa se encontra na qualidade de observador, assistindo a revelação do Criador de dentro e de fora. É por isso que os Cabalistas dizem que o Criador criou o Kli e também o preencheu com a imagem do mundo.

É precisamente através da sensação da “ausência do eu” que uma oportunidade se abre diante da pessoa para determinar a si mesma. É exatamente nesse ponto que ela pode determinar sua atitude independente em relação à realidade.

Ao discernir que o Kli não é seu, que a satisfação (preenchimento) do Kli não é atribuída a si mesma, a pessoa começa a discernir a própria capacidade de determinar sua atitude frente à realidade. Nesse ponto ela começa a cultivar o sexto sentido, acima dos cinco sentidos, o sentido no qual ela estabelece o próprio eu. Da perspectiva do Kli, a pessoa decide como sentir a satisfação no Kli, determinando sua identidade em relação a essa satisfação. É assim que ela cresce, e a evolução que irrompe nela é chamada de “sabedoria da Cabala”.

Portanto, nós vemos que a ciência que a humanidade está cultivando via os cincos sentidos é apenas uma fração da imagem abrangente da realidade. Muitas mudanças se revelarão na ciência e suas fronteiras de investigação se expandirão muito além do conhecimento e das descobertas atuais. A fração da realidade que a humanidade já descobriu foi descoberta de dentro dos vasos vazios, e não da riqueza que surge nos vasos corrigidos. O reconhecimento dos cientistas do impasse que eles chegaram é, na verdade, o reconhecimento dos vasos vazios. A humanidade descobriu tudo o que podia descobrir nesses vasos, enquanto a Luz continua ausente no Kli.

A ciência humana e todos os seus ramos são acúmulos de conhecimento a partir de uma posição de ausência de abundância. A ciência, como todas as outras obrigações humanas, demonstra a negatividade e a incapacidade de evoluir. Hoje, a ausência de abundância nos vasos está nos levando a um desespero ainda maior. Os seres humanos reconhecem que todos os prazeres mundanos (sexo, comida, família, riqueza, honra, poder e conhecimento) não oferecem satisfação e nos deixam vazios. Esse vazio é a força motriz por trás do desejo de revelar a  Ciência Superior: a sabedoria da Cabala.

Muitos cientistas e filósofos admitem que eles se relacionam com o mundo como a uma ameaça real. Do seu ponto de vista, a humanidade perdeu o controle e o entendimento para onde ela está indo. Faltam somente poucos anos para a humanidade continuar a se desenvolver antes dela chegar à beira de um abismo que eliminará cada aspecto da vida humana: ecologia, sociedade, economia, cultura, investigação e educação. Esses cientistas já entenderam que sem descobrir o Pensamento, a Essência que gera a matéria, a ciência será incapaz de progredir. Eles dão à humanidade apenas alguns anos para evoluir e dizem que a humanidade está atualmente encarando uma crise sem precedentes.

A humanidade já conheceu situações difíceis antes, mas elas sempre surgiram num único reino  da vida humana: religião, cultura, indústria ou ciência. Quando um reino caiu, outro se ergueu em seu lugar; novas ideologias substituíram as antigas, e o mundo seguiu adiante para novas  eras. Hoje, no entanto, todas as obrigações da humanidade alcançaram uma negação total.

A humanidade parece estar se voltando à religião, assim havia feito antes da ciência, da industrialização e da cultura tomarem seu lugar. Na verdade, desta vez é muito diferente. A explosão mundial de religiões e ensinamentos místicos de todos os tipos não é devido ao seu forte apelo às pessoas, mas à falta de escolha.

A humanidade está perdendo a esperança de que a ciência e a tecnologia irão melhorar sua situação e adoçar suas vidas amargas. A razão para a nova atração pela religião é testar de novo, aprender de novo, e pela última vez, que nenhuma cura ou alivio para a nossa situação atual serão encontrados nela.

As religiões desenvolvem teorias e filosofias que discutem que a ciência e a religião podem ser combinadas e assim melhorar nossas vidas. Mas essa noção também provará ser errônea. O interesse renovado na religião também é o ultimo. Isso levará ao reconhecimento da  incapacidade da religião em fornecer uma verdadeira resposta aos vasos vazios que surgirão.

Assim, todos os processos desencadeados hoje resumem milênios de evolução humana dentro dos vasos egoístas. Daqui para frente nós devemos cultivar novos vasos altruístas. Esses vasos nos mostrarão uma realidade totalmente diferente, de abundancia, perfeição, eternidade e Luz. Finalmente, a descoberta desta realidade por toda a humanidade é o verdadeiro propósito da Criação.

Leis da Natureza

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

 

Nós vivemos num mundo que conhecemos parcialmente. Existem muitas leis na Natureza, algumas das quais nós descobrimos facilmente, pois elas são evidentes a partir de nossa própria existência. A lei da gravidade, por exemplo, é evidente porque quando tentamos voar sem os instrumentos apropriados nós caímos de volta para a Terra.

Algumas leis se aplicam somente a Terra e algumas se aplicam ao espaço. Algumas dessas leis são percebidas através dos nossos sentidos e do nosso corpo, mas há outras leis, como a lei da radiação, cuja ação nós não podemos sentir. Nós só podemos perceber o fenômeno que elas produzem. Não podemos perceber, ouvir, ou ver ondas, mas reconhecemos os seus efeitos.

Existem outras leis cujos efeitos nós não conhecemos. Às vezes nós sentimos certos fenômenos, mas não podemos identificar claramente sua origem. De qualquer maneira, nossa experiência demonstra que se nós conhecêssemos todas as leis que afetam o mundo, nós poderíamos ser felizes e bem sucedidos.

Algumas regras nós aprendemos por experiência, algumas regras de comportamento as crianças pegam de seus pais, dos amigos, do ambiente e da sociedade em geral. As regras que nós aprendemos através da educação não são conhecidas de forma inatas por nós. Não está claro se é assim que elas realmente existem no mundo, mas nossos educadores nos convencem de várias formas que é assim, e que esse é um caminho digno de ser percorrido. Se as crianças pudessem ver por si mesmas que algo estivesse errado, elas não o fariam.

Se a pessoa não entende pessoalmente que é ruim ser cruel e mal com os outros, se ela não consegue ver que roubar é um fenômeno negativo, a sociedade demonstra isso através de punições atribuídas a tais ações.

Se nós tivéssemos consciência de que existe uma lei da realidade que determina que, se roubarmos, a natureza responderá com uma reação negativa, nós não faríamos isso para começar. Se nós soubéssemos que a penalidade por roubar fosse uma doença ou que algo terrível aconteceria conosco ou com nossos entes queridos, nós evitaríamos roubar. Portanto, quando a pessoa não percebe a lei e as conseqüências de suas ações, a sociedade ajuda a determinar as regras que a pessoa deve obedecer, junto com o sistema de castigo e recompensa.

Certamente, nós gostaríamos de saber como as regras naturais funcionam e, assim, nos comportar de forma apropriada, mas as regras referentes ao nosso relacionamento com a sociedade e com a Força Superior parecem estar ocultas. A Cabala declara que essas regras só podem ser seguidas quando forem alcançadas. Quando a humanidade revelar todo sistema e entender a conexão com a Força Superior, certamente nós seremos capazes de seguir a lei geral da realidade: a lei da doação. Mas, até lá, nós não podemos forçar ninguém a tal estado.

*

Na Cabala, o valor numérico da palavra “Deus” e “Natureza” é o mesmo (86). Afirmar sua igualdade enfatiza que toda natureza que nos rodeia, este mundo bem como os mundos superiores e espirituais, é tudo Deus. O sistema dessas forças é a manifestação do Criador diante de nós.

Nós conhecemos as leis do nível físico, e talvez conheceremos leis complementares em várias centenas de anos, mas esta não é a fonte do nosso problema. À medida que nós evoluímos, nos devemos vir a conhecer as leis espirituais, aquelas que pertencem ao nível humano dentro de nós.

Atualmente, não só não conhecemos essas leis, como não estamos nem perto de conhecê-las. Conseqüentemente, a humanidade entra ainda mais em apuros, geração após geração, e nossa situação desesperadora cresce ainda mais. Nenhuma das leis que nós descobriremos na física, química, biologia ou qualquer outro campo da ciência nos ajudará. Usar as descobertas científicas para beneficiar a humanidade não tornará nossa vida melhor, mais segura ou mais completa, já que nós não estamos cumprindo as leis espirituais.

O que nós ganhamos aprendendo a plantar mais, se o egoísmo humano nos impede de dividir o que plantamos em benefício de todos? Os seres humanos usam cada benefício das leis que descobrem contra si mesmos, pois eles não se corrigiram enquanto humanos. Nós sofremos porque não sabemos como conduzir o nível falante (humano) dentro de nós. Todos os problemas da humanidade derivam do simples fato de que nós não sabemos nos comportar corretamente.

As pessoas se matam uma a outra, elas estão frustradas, assustadas e desesperadas. Todos esses fenômenos são as doenças do nível falante dentro de nós. Nós não nos sentimos mal com nada que pertença aos níveis inanimado, vegetal e animal dentro de nós.

Nós temos comida, água e abrigo. Para as gerações passadas as condições de vida eram muito mais difíceis, mas as pessoas eram mais felizes. Nós não somos felizes, e isso vem do desequilíbrio entre os níveis falante dentro de nós e as forças da natureza. Esse estado não mudará o menos que nós mudemos, estudemos essas forças, e nos igualemos a elas.

Nós somos como um parafuso numa máquina que trabalha constantemente. Se nós não estamos na posição correta, se não estamos em sincronia com essa máquina, certamente sentiremos desconforto. O fato de não estarmos nos apressando para corrigir nossa posição com relação a essas forças pode, no final, se virar contra nós. Mil ou dois mil anos atrás a humanidade não era tão oposta à máquina da natureza. Mas hoje nós somos mais desenvolvidos, mais egoístas, mais cruéis e, portanto, estamos em maior contraste com as leis da natureza. O Baal HaSulam diz que essa é a razão pela qual nosso sofrimento se intensifica a cada geração.

…a natureza, como um hábil juiz, nos pune de acordo com o nosso desenvolvimento, pois nós podemos ver que à medida que a humanidade se desenvolve, as dores e os tormentos também aumentam… e além dos golpes que sofremos hoje, também devemos considerar a espada desembainhada para o futuro, e a conclusão certa deve ser tirada, de que a natureza certamente nos derrotará e seremos todos forçados a dar as mãos em seguir os mandamentos com todas as medidas necessárias.

–Baal HaSulam, A Paz

O sistema de leis age dentro de nós continuamente; ele não pergunta nossa opinião sobre o assunto. Se nós o conhecermos, nos entenderemos com ele e teremos uma vida feliz. Mas se nós não estudarmos, sentiremos um desconforto ainda maior, quanto mais continuarmos a evoluir, e ficaremos para trás em equilibrar-nos a esse sistema.

Para descobrir as leis espirituais, nós devemos começar a mudar a nós mesmos e agir de acordo com essas leis. É por isso que nos foi dada a sabedoria da Cabala. Assim, as ciências que conhecemos e desenvolvemos até agora se relacionam à natureza inanimada, aos níveis vegetal e animal, e a sabedoria da Cabala está surgindo em relação ao nível falante ou humano.

 

Revelado e Oculto

Do livro “Cabala, Ciência e o Sentido da Vida”

 

A diferença entre revelado e oculto nesse mundo e no mundo espiritual é somente em relação a nós. Tudo o que nós ainda não conhecemos – neste mundo, também – é chamado de “oculto”. Se o que é desconhecido torna-se conhecido, ele se torna revelado. Desse modo, a qualquer momento nós estamos tanto no revelado como no oculto. A diferença entre este mundo e o mundo espiritual está na maneira que adquirimos as formas e padrões da percepção da realidade.

O mundo espiritual é uma realidade onde os padrões para percebê-la não vêm naturalmente, de dentro de nós ou do ambiente. Como a realidade espiritual age de acordo com leis opostas à  nossa lei natural, onde nós existimos atualmente, o mundo espiritual exige que invertamos nossas atitudes. Porém, onde poderemos encontrar a energia “oposta” para construir “formas opostas”. Se nós somos naturalmente formados para construir formas egoístas, como poderemos construir internamente alguma forma altruísta e perceber a realidade altruísta?

Tal inversão precisa de um processo especial, chamado Segula (mérito). Segula refere-se a um processo indireto que atravessa o Sistema Superior e depois retorna ao indivíduo. Ao utilizar os estudos Cabalísticos, a pessoa se aproxima do pensamento altruísta Superior. Esse Pensamento não age no desejo de receber, ou no ego, mas sim no ponto altruísta: o ponto no coração.

A equivalência de natureza entre o ponto no coração e o Pensamento Superior cria uma conexão entre eles e eles possuem a mesma natureza. O Pensamento Superior age nesse ponto e o molda em vários padrões, que nós percebemos como parecendo existir fora de nos, no mundo espiritual.

Na verdade, essas Formas não existem fora de nós, mas dentro de nós. Assim como a ilusão de que tudo que vemos nesse mundo está fora de nós, o mesmo ocorre no mundo espiritual. Porém, quando nós adquirimos mais Formas espirituais, nós conseguimos entender e conhecer o Pensamento que desenvolve e constrói essas Formas dentro de nós.

Durante o processo de conhecimento do Pensamento, nós construímos Formas internas que se tornam cada vez mais semelhantes ao Pensamento Superior. Ao fazer isso, nós nos igualamos a esse Pensamento até que ele se torne o “Eu” daquela pessoa, após o qual ela se eleva ao nível onde esse Pensamento originou-se.

 

Mundo Invertido

A Força Superior cria uma imagem completa da realidade dentro de nós: nossa natureza, personalidade, saúde, desejos e pensamentos e até mesmo nossos amigos, o país e o mundo em que vivemos. Tudo isso é preparado pela Força Superior. Tudo que acontece dentro de nós e à nossa volta tem a intenção de nos levar a uma única resolução: unir-nos a essa força.

Mas, se é assim que as coisas são, nós deveríamos perguntar: “Como pode essa Forca Superior supostamente benevolente criar essa realidade dura e amarga que vemos a nossa frente?”. A esse respeito, os Cabalistas dizem: “Aquele que acusa os outros, acusa com suas próprias falhas”. A imagem do mundo é totalmente pessoal e afetada pelo nível de correção das qualidades da pessoa.

No artigo, Ocultação e Revelação da Face, o Baal HaSulam explica o significado da mudança de perspectiva da pessoa, mudando-se suas ferramentas de percepção. Nesse artigo, o Baal HaSulam discute que perceber um fenômeno sob a perspectiva da correção é oposto à percepção de um fenômeno sob a perspectiva da corrupção. Através dos vasos egoístas, parece que os egoístas triunfaram; através dos vasos altruístas, parece que eles estão sofrendo. Mas será que essas pessoas realmente mudam? Elas vão da riqueza à pobreza, da benção a angustia? Além do mais, será que a nossa correção pode mudar o estado daqueles que nós observamos?

Aquele que sente a realidade espiritual e observa a realidade corporal, percebe seus eventos e incidentes de maneira distinta da pessoa que não sente a espiritualidade. Essa pessoa percebe apenas como as ações egoístas realizadas em nosso mundo são irreais, nocivas e criam um afastamento entre a Força Superior e aqueles que praticam a ação.

Quanto mais prazeroso e gratificante um fenômeno parece ser (no vaso egoísta), mais longe ele está da natureza da Força Superior aos olhos daquele que sente a realidade espiritual. Nesse estado, a pessoa perceberá isso com mais aflição, já e que isso a distancia da Força Superior e da qualidade da doação.

 

Fenômenos Contraditórios

Parece difícil acreditar que os investigadores concordassem com a declaração de que “nós criamos a imagem do mundo diante de nossos olhos”. Isto porque tal declaração significaria que não há mais nada para investigar, e os investigadores são geralmente vistos como pessoas que desejam mudar o mundo. Mas é impossível mudar o mundo usando o método tradicional de investigação. Até agora, a Cabala proporciona aos investigadores as ferramentas que os capacitarão a investigar a si mesmos e, desse modo, mudar o mundo.

Em outras palavras, a Cabala ajudará o investigador honesto a alcançar o que ele quer desde o início: mudar o mundo. Porém, a mudança será interna, não externa. A sabedoria da Cabala habilitará a ciência e a percepção humana a se desenvolverem à próxima fase, além do tempo, espaço e movimento. Nesse estagio, todos os fenômenos que hoje parecem contraditórios aos investigadores, se fundirão.

Agora, nós também podemos entender como os nossos desejos se desenvolvem de forma gradual. Tendo se desenvolvido dos desejos por riqueza até os desejos por honra e poder, e finalmente ao desejo por conhecimento, agora chegou a hora do desejo pela espiritualidade, o desejo que induz a nossa exposição à sabedoria da Cabala.

Um cientista que estuda a sabedoria da Cabala se familiariza com a estrutura da Criação. Esse cientista ficará surpreso ao descobrir como a matéria está fortemente conectada às regras descobertas no mundo material. Posteriormente, essa congruência entre as leis espirituais e as leis materiais ajudará os investigadores a resolver problemas em todo campo da vida contemporânea.

Na ecologia, psicologia, ciência social e política, em todos os campos da ciência, nós nos deparamos com a ausência da “fórmula correta”. Antes, as coisas não costumavam ser tão complexas. No tempo de Newton, por exemplo, a descoberta de poucas fórmulas já era suficiente para explicar tudo. Mas hoje, nós subimos para um novo nível de investigação na matéria; nesse nível, falta-nos a fórmula que explica a conduta geral das coisas.

Se a ciência pretende envolver-se com os humanos e o mundo onde eles vivem, a Cabala declara que em todos os nossos campos de investigação, nós investigamos, na verdade, a nós mesmos, e não o mundo à nossa volta. Na física, química, psicologia, ecologia ou qualquer outra ciência, nós não investigamos o mundo exterior , mas sim nosso mundo interior, nossos vasos internos. A ciência moderna está descobrindo que a investigação tradicional já se esgotou. Tudo o que se necessita agora é ver que o mundo inteiro está realmente dentro de nós.

 

Uma Nova Ciência

A realidade que não podemos perceber hoje, a ignorância dos efeitos do pensamento, a incapacidade de se adaptar à sociedade e ao ambiente, é tudo conseqüência de uma premissa errada de que o mundo existe fora de nós. É por isso que não conseguimos formular regras claras e sustentáveis que forneçam um apoio seguro e confiável. Nós devemos entender que julgamos tudo desde dentro; se os investigadores concordassem, isso marcaria o começo de uma nova ciência.

A nova ciência facilitará o entendimento claro do mundo em que vivemos e fará uma conexão apropriada com a realidade. Para levar o método da correção à humanidade, nós devemos adotar o ponto de vista de que existimos dentro de nós. Evidentemente, mudar de atitude para com a percepção da realidade não é um problema fácil, especialmente com tantas mudanças fundamentais como as que enfrentamos hoje. No passado, quando novos métodos surgiam, eles sempre levavam tempo para serem aceitos.

O mais difícil de tudo é a transição para a nova percepção, pois de acordo com essa percepção, não há nada além do observador. Todas as percepções anteriores argumentavam que existe algo fora de nós com o qual nos conectamos, seja em pensamento ou em ação. É difícil de compreender o argumento de que o ser humano é a única criação do Criador, e que, além do observador, existe apenas a Luz Superior.

O entendimento de que tudo o que nós sentimos são fenômenos internos não é uma mudança psicológica. Pelo contrário, é uma mudança fundamental que nos obriga a investigar internamente. A pessoa não pode simplesmente concordar com a nova percepção, mas deve cultivar e melhorar suas qualidades internas para finalmente igualar suas formas com a Luz Superior do lado de fora. Quando as qualidades da pessoa mudam, e não são mais opostas às qualidades do Criador, a pessoa começa a descobrir o Criador. Nesse estado, a pessoa torna-se “transparente” com relação à Luz Superior, e a matéria humana (o desejo de receber) não age mais como uma divisória diante da Luz.

*

A Cabala explica que nossas ferramentas de percepção são formadas por cinco partes: três dessas partes são chamadas de “vasos internos” e as outras duas são chamadas de “vasos externos”. Com os vasos internos nós sentimos a nós mesmos, e com os vasos externos nós sentimos o mundo à nossa volta. Os vasos externos criam a sensação de uma realidade externa porque eles são vasos incompletos, insuficientemente desenvolvidos.

Quando a pessoa corrigir completamente o seu vaso (incluindo os vasos externos), o mundo externo também será sentido como interno. Assim, o mundo exterior desaparecerá e se tornará uma simples Luz que preenche toda a realidade. Visto que a pessoa corrigida se igualou à Luz Superior em todas as qualidades ao anular todas as diferenças entre elas, essa pessoa agora está numa percepção recíproca com a Luz Superior. Esse estado é chamado de Dvekut (adesão), o estado onde a pessoa está totalmente integrada na Luz Superior.

*

A diferença descoberta pelos físicos quânticos entre o comportamento da matéria como partícula e seu comportamento como onda equivale à diferença entre matéria (o desejo de receber) e Luz. Através da Cabala, a humanidade conhecerá a finalidade para a qual a matéria é obrigada a alcançar, ou seja, a equivalência da Forma entre a matéria e a Luz.

Quando esse momento chegar, não haverá diferença, a partir da nossa perspectiva, entre uma onda e uma partícula, ou entre a Luz e a matéria. Atualmente, nós somos incapazes de comparar duas coisas contraditórias e deixá-las sob o mesmo teto. Somente quando a pessoa determinar que a realidade está dentro e que não há nada fora, somente se ela se livrar da percepção do “eu” e “fora de mim”, é que esses opostos se tornarão um.